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Pedro de Andrade
Antonio do Nascimento Junior,
Filipe Joshua dos Santos Milla, Kauany Zantut
Meu nariz”²
1
Trecho do Manifesto Antropófago, publicado em 1928 por Oswald de Andrade
² Tropicália, música de Caetano Veloso, lançada em 1968.
Conforme dito pelo próprio Joaquim Pedro de Andrade “Macunaíma mostra que
o balão inchado e colorido do tropicalismo estava furado mesmo e tinha que se esvaziar,
do mesmo jeito que Macunaíma, personagem, festeja muito, mas acaba sendo comido
pelo Brasil”. Sob essa perspectiva, é possível comparar o personagem a uma
representação da Tropicália, visto que ele – ainda que um pícaro, malandro – continua
sendo ingênuo, cedendo às suas vontades e, assim, sucumbindo perante Uiara.
Em retorno aos simbolismos das ideias antropofágicas, é possível estabelecer um
paralelo entre as ideias modernistas e as vestimentas dos personagens, como apontado
por Randal Johnson, a presença de suas roupas e objetos ocidentalizados em meio a uma
tribo supostamente isolada, como a de Macunaíma, sugere a devoração de seus donos
originais. Junto à isso, há a presença do personagem Venceslau Pietro Pietra – gigante
Piaimã comedor de gente – e sua família, que em dado momento da história tenta
devorar Macunaíma, que acaba escapando. Ao fim do filme, tentando recuperar a pedra
Muiraquitã, Macunaíma é convidado a um jantar na casa do gigante, onde encontra uma
piscina cheia de cadáveres, da qual escapa por pouco, logo após enganando Venceslau e
o empurrando para a piscina.
Em suma, apesar de Joaquim Pedro de Andrade ser contrário à “onda
tropicalista”, como chama em uma entrevista Affonso Beato, podemos perceber as
ideias do movimento presentes em seu longa-metragem. Não obstante, também
podemos correlacionar diversas partes do filme com o movimento modernista e, mais
especificamente, com o movimento antropofágico de Oswald de Andrade, assim
tornando o filme Macunaíma uma síntese de tais movimentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS