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Há 2 versões do texto e uma delas foi descoberta a pouco tempo. Benjamin morre em
1940, foi associado a escola de teoria crítica, mas nunca foi do núcleo duro da escola de
Frankfurt. Fi exilado da Alemanha (pois era um filósofo e escritor judeu) e foi para a França.
No final dos anos XX Benjamin começa a ler Marx e esse é o primeiro elemento de sua virada
materialista. O texto de Benjamin adota uma linguagem marxista, pois usa categorias
marxistas. Essa mudança no vocabulário não afastou Benjamin das questões que já se ocupava
anteriormente. O texto também é ligado a certas literaturas e ao algum tipo de esoterismo.
“Origem do Drama Barroco Alemão” é um trabalho de crítica da arte onde Benjamin traz vários
conceitos da estética para relacionar o barroco com a arte moderna. O principal conceito
trabalhado nesse período é o de “alegoria”. Apesar de estar escrevendo sobre o barroco alemão,
Benjamin já pretendia partir os estudo sobre a arte moderna. Benjamin lança seu olhar para o
“não acabamento” das obras barrocas, relacionando com violência política e violência de
estado. Poucos compreenderam o que Benjamin quis dizer, assim foi barrado na universidade
alemã. Por conseguinte, desiste da carreira acadêmica e busca ser um intelectual público (que
não está inserido no meio acadêmico). A partir disso seus objetos de estudos mudam e passa
se ocupar com artistas e obras contemporâneas de seu tempo, por exemplo Brecht, que foi
importante nessa virada de Benjamin.
Benjamin começa a escrever textos sobre o que está acontecendo com a arte em seu tempo.
Quais as condições em que a arte se encontrava? Depois do fracasso na carreira acadêmica
internacional ele se volta às manifestações artísticas de sua época. Daí em diante se dedicou a
entender o sentido/conceito de “modernidade”, enquanto realizava um projeto como bolsista.
Apesar disso, sua vida é um fracasso exemplar, pois passou a trabalhar em “Obra das
Passagens”, em que mostra o marco arquitetônico que exemplificava a noção de cidade
moderna. Benjamin faz isso usando a imagem de Paris para compreender o que é a
modernidade. Benjamin é considerado um autor antissistema, pois sua maneira de fazer
filosofia era constelacional (se dá pela junção de diversos elementos fragmentados numa única
forma). Perde a noção de totalidade e a vida se torna fragmentada. Este é um posicionamento
filosófico em relação à história da filosofia.
Benjamin passava o dia na Biblioteca Nacional de Paris (onde extrai todo seu acervo de
conhecimento). Demorou para ir embora de Paris, pois todos os livros que lia estava nessa
biblioteca. Trabalhou nas passagens até o fim da vida. Deixou a Alemanha em 1923, quando
já era um grande escritor, e na França perde esse espaço e passa a ser um mero imigrante,
perdendo sua nacionalidade pela tomada dos nazistas. Mesmo sobrevivendo de bolsa, escrevia
de maneira autônoma e sem medo das consequências textos que objetivavam expor e mudar
politicamente o mundo, pois sabia francês (a língua culta da época) e escrevia em alemão.
A experiência da 1ª guerra mundial vai mudar tudo. Foi um choque grande para essa geração
de intelectuais burgueses (civilizados) que nasceram no final do XIX e em famílias ricas
(bairros nobres de Berlim). Em poucos anos a realidade mudou completamente. A modernidade
já estava em germe no XIX. OAERT foi escrito em Paris e contém certo otimismo sobre o
conceito de técnica a partir do cinema. Guarda um formato de manifesto de vanguarda e não
tanto filosófico, com a intenção de ocupar o debate público. Nesse ponto de vista histórico há
a interpretação de uma discussão política no texto. Não é o caso dizer que todo cinema seja
progressista, mas que determinadas formas de fazer cinema (p.e., o cinema experimental)
propõem que as pessoas possam estabelecer uma nova relação com a técnica. Portanto, temos
de pensar nas novas relações entre homem, técnica e natureza, assim como na relação entre
técnica e progresso, visto que técnica diz respeito à relação entre homem e natureza. Uma das
polaridades do texto é: com a polarização da política surge também a proposta de polarização
da arte. Na visão de Benjamin, o fascismo vai estetizar a política (estetizar, pois Hitler usava
categorias estéticas em defesa de seu propósito político), pois Hitler tinha um projeto político-
estético, isto é, havia uma direção para a arte em seu projeto. Hitler começa uma campanha
contra a arte moderna (de vanguarda) que será banida na Alemanha (perseguição dos artistas
modernos) e confiscadas de judeus. A maior parte das coleções de arte moderna eram dos
judeus; obras caras que eram vendidas para financiar a guerra. O comissário/marketeiro de
Hitler organizou um evento no qual pegaram todas essas obras e fizeram uma exposição para
difamar a arte moderna (inclusive como uma espécie de doença mental de quem as produzia).
Após a difamação, ocorria a exposição dos artistas alemães. Isso tudo, pois Hitler sabia que a
arte poderia ser utilizada para passar valores adiante. Esse é contexto de escrita de OAERT. A
arte moderna já era perseguida na Alemanha e União Soviética (artistas morreram ou tiveram
de fugir). A Rússia, antes da revolução, foi uma incubadora de arte. Assim, o contexto que
marca o texto de Benjamin é 1) a perseguição da arte de vanguarda na Alemanha e 2) o
banimento da arte de vanguarda na União Soviética.
Benjamin quer salvar uma forma de fazer arte que já estava sendo banida, ou seja, uma forma
de fazer cinema ligada aos anos 1920 que já não estava mais acontecendo (devido a segunda
guerra). O cineasta preferido de Benjamin era o Chaplin, por isso é algo mais distante do
cinema norte americano. Benjamin está mais perto do cinema mudo ligado a questão da
imagem (cinema como montagem, uma colagem de imagens em sequência) e não algo
literário. Benjamin acredita que a potencialidade do cinema está ligada à imagem e à
montagem. O texto parece ser um último manifesto em defesa da arte de vanguarda. Para
Benjamin, o racismo e o antissemitismo não surgem espontaneamente na Alemanha, mas está
ligado à noção de reprodutibilidade técnica. O autor desconfia dos acontecimentos relacionados
à guerra, tais como os assassinatos em massa por meio da técnica (tal como as câmaras de gás).
O que acontece com a arte quando ocorre uma mudança técnica? O público do cinema
(massas populares) não era o mesmo público de arte (da arte como era considerada até então).
O público da arte muda, pois, por meio das novas técnicas como a fotografia e o cinema, as
massas adquiriam acesso a elas. Para Adorno isso era uma regressão. A interpretação de
Benjamin era influenciada pelo apreço por Brecht. Na versão francesa as palavras “fascismo”
e “comunismo” sumiram, indicando censura. Benjamin quer propor uma politização da arte
tendo o cinema como pano de fundo. Nessa defesa faz uma construção teórica para destrinchar
a relação entre arte e política (ponto de debate do marxismo). Qual era a relação entre arte e
política? O que é a função política da arte? Por exemplo: arte de esquerda relacionada ao
comunismo/socialismo. Para Benjamin, o efeito político da arte não está relacionado ao
tema da arte, mas sim ao modo de produção, desconsiderando o conteúdo artístico, ou
seja, está ligado a forma da arte (e esta tem de ser revolucionária). Isso significa que
Benjamin está mais preocupado com a forma experimental da obra de arte e não na arte como
propagando (tal como fizeram os nazistas). Benjamin, que não aderiu a nenhum partido
político, defende outra relação entre arte e política, assim, a relação pensada por Benjamin não
foi determinada pela ideologia de um partido específico, apesar de seu irmão mais velho ser
comunista e ter morrido no campo de concentração. Atualmente basta uma obra de arte
defender uma causa justa para que ela seja vista como contendo um efeito político.
Decadência da aura
Aura está ligado com o diagnóstico de Hegel, que dizia que os sujeitos não mais se
prostram diante das obras de arte como na antiguidade, tornando-se matéria de ciência e
reflexão. Hegel percebeu que a arte era uma manifestação do espírito e que este era um
momento de crise para a arte. Uma espécie de decadência ou desencantamento da arte. Para
Benjamin, a função ritualística, mágica e de revelação mesmo na época da estética
moderna ainda possuía resquícios de elementos religiosos e místicos. Uma marca da
relação entre homem e arte na antiguidade. Com a reprodução técnica, a arte como
mágica chega ao fim. Para Benjamin, tratar a arte como um culto ao belo seria um retrocesso
(considerando que os nazistas se apropriaram de tais termos, como originalidade, gênio entre
outros). Foi preciso se livrar do vocabulário tradicional e criar outro vocabulário para discorrer
sobre arte. Tudo isso se encaixa na decadência da aura. A reprodução técnica contribui (tem
efeito) para essa decadência da aura. Por exemplo, numa fotografia, além de exigir um
procedimento mais rápido do que a pintura de um quadro, há também menor interferência
humana (deixando algumas categorias estéticas de lado, tal como a questão do gênio). A
fotografia muda a relação com a arte do passado, enfraquecendo o sentido de originalidade e
cópia, além de possibilitar um amplo acesso por ser facilmente reprodutível. A reprodução da
fotografia substitui a originalidade da obra de arte, pela reprodução em massa. A partir dessa
nova concepção, as classes sociais específicas, que antes tinham acesso privilegiado à
contemplação de determinadas artes tradicionais, deixam de ser a única parcela da sociedade a
consumir arte, que passa a ser acessível também para as massas por meio da fotografia e do
cinema. A obra de arte original agora tem menos importância. Em resumo, a
reprodutibilidade técnica cria uma nova concepção para a arte, rompendo com as
categorias estéticas tradicionais.
Quais os conceitos necessários para falar sobre essas novas formas de arte, a fotografia
e o cinema? Podemos pensar que no sistema capitalista, ainda há o fetichismo em relação a
obra original, mas a distinção entre originalidade e cópia deixa de fazer sentido.
2) A reprodutibilidade técnica cria uma nova forma de arte com papel emancipatório.
Valor de culto x valor de exposição
Decadência da aura
O principal receptor para a nova obra de arte eram as massas que se aproximava da
fotografia e do cinema, ao passo que a individualidade da arte moderna era perdida. Para
Benjamin a revolução não surge das massas, mas da ideia de coletivo. A revolução é
massificada, mas só ocorre quando essa massa se torna coletiva, isto é, quando a massa se
reconhece como sujeito de ação. Benjamin via o cinema como uma continuidade das fábricas.
A fábrica domina e explora, ao passo que o cinema seria uma forma de revanche para os
trabalhadores (podemos ver isso nos filmes de Chaplin, onde o ator aparece sempre fora das
fábricas ou como um trabalhador que não se adapta às máquinas). O impulso para uma massa
se tornar coletivo se dá mediante a tomada de consciência de que são trabalhadores
explorados. Daí a importância do cinema como uma recepção coletiva.
A reprodutibilidade técnica da obra de arte emancipa, pela primeira vez na história, sua
velha existência parasitária, no que diz respeito ao valor de culto (ritualístico), e passa a ter
uma importância política.
Benjamin contrapõe a arte como bela aparência e retoma a arte como jogo. Assim, a
arte vem a ser mais um fazer experimental, tal como se desdobra a influência do cinema no
mundo. O cinema capta fragmentos do real e os remonta em nova totalidade livre das relações
sociais. Nesse sentido, o cinema é mais uma experimentação do real e menos um meio de fuga
da realidade. Esse jogo com o real é o que atribui esse caráter experimental na obra de arte,
sendo assim, perde-se o seu caráter de duradouro, pois o que passa a importar é o processo de
experimentação da obra de arte. Portanto, o cinema permite olhar para o real a partir de outros
pontos de vista e o fato de que o cinema seja essa experimentação (de um novo real construído
a partir de fragmentos do real) é que nos permite ver a realidade de novas maneiras. Para
Benjamin, a bela aparência é petrificada, uma obra acabada e imodificável (carrega a beleza
pela eternidade). Já o cinema, diferentemente, é inacabado, possui aberturas para a
modificação, o que não seria possível com a Monalisa, por exemplo. Olhando para um filme,
nota-se que poderia ser diferente (e uma nova produção pode acrescentar novos elementos ou
retirar elementos que já estavam presentes). Logo, se o cinema pode ser visto como uma
distração em relação aos ambientes fabris, ele também pode ser um lugar de reflexão sobre
real, por exemplo, as condições sociais e políticas do proletariado, um dos motivos de Benjamin
considerar essa inovação como uma obra de arte. Ou seja, a partir do momento que o cinema
provém um distanciamento do real e não apenas um espelhamento do real é que surge a
conscientização do próprio cinema como obra de arte.
[Fernanda]
Benjamin vai propor novas categorias estéticas para a arte que são diferentes da arte
moderna tradicional (tal como o belo e o gênio). Pois, as categorias da arte tradicional estavam
sendo utilizada pelos nazistas como legitimação artificial de um regime totalitário. Do ponto
de vista do materialismo vulgar, passamos a proliferar imagens por causa da invenção da
fotografia; em Benjamin não há essa relação causal. Benjamin, enxerga a situação da arte por
várias perspectivas, delineando uma mudança na percepção.
O conceito de aura não tem uma definição propriamente conceitual, pois é tratado em
termos de imagem do pensamento (e não de conceito). A reprodução da obra de arte, gerando
cópias, quebra com o aqui e agora da arte. Diferentemente de uma obra moderna tradicional,
que possui existência única e está em um lugar único. A fotografia é fugaz e não há nela um
processo histórico de criação (o que torna sua existência única). A reprodutibilidade técnica
rompe com a unicidade, a autenticidade e o aqui e agora da obra de arte moderna tradicional.
Uma pintura como a Mona Lisa mantém sua autenticidade independente das cópias que fazem
dela, o mesmo não ocorre com a fotografia. Mesmo assim, Benjamin vai valorizar a
fotografia como uma produção artística e não como um procedimento meramente
técnico-científico. Na fotografia é possível fazer coisas além da pintura, como ampliar a
imagem e ser editada. Uma fotografia da Mona Lisa não muda a constituição como obra de
arte, mas desvaloriza o seu aqui e agora, pois as pessoas poderiam ver a obra de arte sem
precisar ir até o local onde se encontra a obra original.
Benjamin não acredita em processo técnico ou político. Para o autor, o que confere
autoridade para algo é suas relações históricas e a reprodutibilidade técnica abala isso. Se algo
tem tradição, significa que foi transmitida histórica e culturalmente. A tese central de
Para Benjamin não há uma dicotomia, mas uma polarização entre a obra de arte
tradicional e a reprodutibilidade técnica. Para o autor, existem proporções dadas pelas
condições de determinada época e cultura. A obra de arte perde o valor de culto (ritualístico)
e ganha valor de exposição (um valor popular), deixando de ter uma concepção aurática e
passando a ter uma concepção política. Conforme o valor ritualístico é perdido mais o valor de
exposição cresce. Para Benjamin, a função social da arte na época da reprodutibilidade técnica
é uma espécie de jogo conjunto entre homem e natureza (principalmente com o cinema), e essa
época seria o ápice dessa relação. Apesar de Benjamin ser contra a teoria do progresso, ele
está buscando um caminho para encontrar os potenciais construtivos a não apenas
destrutivos dessa nova maneira de produção da arte.
[Taisa - Cinema]
O que seria a nova relação entre arte e política? Essa nova relação deve ser pensada
para lidar com as mudanças do período, tal como a emancipação da arte. As categorias
tradicionais na estética não são mais válidas. Para Benjamin, o cinema é um tipo de obra de
arte onde a mediação da técnica é fundamental (evidenciando a relação entre homem e técnica).
Se na fábrica os homens são alienados pela técnica (pelas máquinas), a noite os cinemas
(também produto da técnica), lhes proporciona uma espécie de revanche. Força de trabalho
alienada durante o dia e revanche (um momento de lazer, mas não apenas) a noite.
O texto pode ser interpretado como uma espécie de análise coletiva (ideia de sujeito
coletivo). Benjamin acredita que a ideia de sujeito deve ser banida. O autor vai tentar pensar
sobre o inconsciente a partir de Jung. O cinema se relaciona com a política e reconfiguração
da própria percepção (das suas condições enquanto operário) por meio da máquina (não há
uma recusa da técnica).
Para Benjamin, uma das funções políticas é reorganizar o coletivo (ligado à vanguarda).
Por isso o autor aposta nesse lado experimental do cinema.