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Resumo: O objetivo do presente artigo é apresentar uma breve compreensão acerca do pensamento
e da obra de Lima Vaz, como singela e merecida homenagem aos cem anos de seu nascimento. Tal
empreitada oportuniza uma rápida reflexão sobre o ser humano, no ambiente da modernidade e da
crise que a caracteriza. Partindo da análise de sua Antropologia Filosófica e das Raízes da
modernidade, podemos captar o homem como corpo-próprio, psiquismo e espírito, que se situa no
mundo e estabelece aí relações capazes de o levarem à auto-realização, através não só da
intersubjetividade, mas da transcendência, como categoria humana fundamental.
Abstract: The goal of this article is to present a brief understanding of the thought and work of Lima
Vaz, as a simple and deserved tribute to the 100th anniversary of his birth. Such an undertaking
provides an opportunity for a quick reflection on the human being, in the environment of modernity and
the crisis that characterizes it. Starting from the analysis of his Philosophical Anthropology and the
Roots of Modernity, we can capture man as his body itself, psyche and spirit, which is situated in the
world and establishes relationships capable of leading him to self-realization, not only through
intersubjectivity, but of transcendence, as a fundamental human category.
Assim, como bem explana Rubens Godoy Sampaio (2001, p. 11), a obra
vaziana incide sobre cinco eixos principais, quais sejam: o mundo, o sujeito, a
história, a cultura e a transcendência, sendo que todos os eixos temáticos
convergem a este último, fundamento de todos os demais.
Basta uma breve visita a Raízes da modernidade e veremos que Vaz situa
toda a circunstância do mundo moderno à crise experiência da no século XIII. Trata-
se, em última instância, da crise da metafísica, instalada num momento em que o
homem depositou toda sua crença no conhecimento objetivo da ciência, como se
esta fosse capaz de responder aos anseios e necessidades mais profundos do ser
humano (cf. VAZ, 1997, p. 174).
Vaz demonstra que pela transcendência, categoria essencial ao ser humano,
ele transgride sua condição de ser finito e situado e se lança em direção ao
Absoluto. Essa experiência não é acessória ao humano, mas faz parte do próprio
ontos, como ser racional, que se ultrapassa, numa atitude transgressora em relação
à opacidade do mundo, para instaurar o sentido último de sua existência.
A modernidade, tal como Lima Vaz a concebe, corresponde às
transformações provocadas/sofridas pela razão nos últimos séculos, que levaram,
inexoravelmente, ao processo de secularização. Contudo, Vaz consegue perceber
que nem mesmo este processo de dessacralização moderna e de supervalorização
da razão permitiu que o homem perdesse sua referência ao Sagrado. Deus,
Absoluto, ou qualquer nome que se atribua ao Sagrado, é parte constitutiva,
ontológica do ser do homem. É condição para autorrealização da pessoa.
Estrutura e relação
Lima Vaz é um filósofo que se caracteriza por pensar o próprio tempo. E o faz
tendo como referencial teórico, toda a tradição filosófica ocidental. Ao perguntar-se
quem é o homem?, Vaz apreende a primeira realidade, que é a sua dimensão
corpórea. O corpo biológico que, colocando-se em situação, ultrapassa a mera
animalidade, em direção ao realizativo. É o que denomina de corpo-próprio. Além
dessa dimensão, o homem é, também, psiquismo, dimensão que não nega o corpo.
Antes, suprassume a dimensão corporal e, finalmente, a categoria espírito, que
abarca as dimensões anteriores.
3
Para Lima Vaz, a pessoa humana se constitui como ser de estrutura e ser
de relação. Enquanto ser de estrutura, é ser-em-si. Enquanto ser de
relação, é ser-para. A unidade, expressa em toda afirmação “eu sou”,
apresenta-se como síntese dialética do ser-em-si e do ser- para. Em
consequência, a pessoa se constitui como unidade de opostos. Ela só é ela
mesma na sua abertura constitutiva ao mundo, aos outros e ao
transcendente1.
Corpo-próprio
3
Cf. MERLEAU-PONTY, 1994, p. 216ss.
4
Embora seja recorrente entre os estudiosos da fenomenologia a tradução literal de vecú (do francês) por
vivido, entendo que a pretensão de autores como Jürgen Habermas e Maurice Merleau-Ponty, dentre outros,
esteja estreitamente ligada à ideia de vivo, tendo em vista que não se trata de passado, mas de uma presença
contínua. Vide o termo alemão utilizado por E. Husserl: Lebens.
5
Espírito e transcendência
5
Lima Vaz opõe-se, claramente, à perspectiva sartreana, para quem o outro é representação do
próprio inferno. Na ótica vaziana, o outro encarna toda possibilidade do eu se afirmar como sujeito.
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Situação e finitude
Experiência da transcendência
A categoria do espírito
Relação de transcendência
Considerações finais
REFERÊNCIAS
LIBÂNIO, João Batista. A religião no início do milênio. São Paulo: Loyola, 2002.
_________. Escritos de filosofia III: Filosofia e Cultura. São Paulo: Loyola, 1997.