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Humanos,
Cidadania e
Segurança
PROFESSORAS
Me. Brenda Ohana Rocha Hundzinski
Esp. Beatriz Gasparin Moreira
FICHA CATALOGRÁFICA
http://lattes.cnpq.br/9493650097029515
Esp. Beatriz Gasparin Moreira
Olá, aluno(a)! Tudo bem com você? Meu nome é Beatriz
Gasparin Moreira, sou formada em Direito pela Universi-
dade Estadual de Maringá (UEM), Especialista em Direito
Material do Trabalho e Direito Processual do Trabalho, pelo
Centro Universitário UniDomBosco, e em Direito Proces-
sual Civil pelo Instituto Damásio de Direito. Atualmente,
sou advogada em Maringá, no Paraná, nas áreas de Direito
de Família, Direito Civil e Direito do Consumidor, e atuo
como Professora Mediadora na Unicesumar, no Curso
Superior de Tecnologia em Gestão de Segurança Privada.
Para que você conheça mais de mim, vou contar um
pouquinho da minha história. Eu nasci em uma cidade bem
pequena no interior do Paraná, de, aproximadamente, uns
dois mil habitantes, chamada Ivatuba, e, quando tinha 16
anos, eu e minha família mudamos para a cidade de Ma-
ringá, em busca de mais estrutura e meios para os estudos.
Ingressei no curso de Direito aos 19 anos e me formei aos
24. Desde então, busco me aperfeiçoar nesse ramo de tra-
balho, afinal de contas, nunca devemos parar de estudar.
Nas minhas horas vagas, gosto de assistir a uma boa
série, ou filme. Também, gosto de viajar e conhecer novos
lugares, novas culturas, novas experiências gastronômi-
cas e novas pessoas. Um delicioso churrasco, aos fins de
semana, sempre vai bem também.
Aceitei o grande desafio de escrever este livro pois
sou grande entusiasta e estudante da área dos direitos
humanos e espero que eu consiga fazer você se interessar
por esse tema de tamanha importância nos dias de hoje.
Acredito que o conhecimento e o estudo são as armas
mais fortes que podemos ter, e que ninguém nunca po-
derá tirar de nós. Portanto, usufruam, ao máximo, desse
material que foi feito com tanto carinho para vocês!
http://lattes.cnpq.br/0740510682590788
DIREITOS HUMANOS, CIDADANIA E SEGURANÇA
Olá, estudante. Seja bem-vindo (a) à disciplina Direitos Humanos, Cidadania e Seguran-
ça! Disciplina que volta a resgatar os aspectos históricos dos direitos humanos, a fim
de apresentar as noções gerais da trajetória desses direitos e a influência que tiveram
para a formação do atual ordenamento jurídico e para a estruturação social. Na disci-
plina, também, será apresentado um breve estudo dos fundamentos e dos aspectos
jurídicos para a construção dos direitos fundamentais do homem, com a exibição de
conceitos relevantes para as suas formação e vida profissionais. É necessário mostrar
como eles regem as relações humanas nos âmbitos interno e externo.
Apresentados os temas primordiais a serem estudados nesta disciplina, convém
questionar: qual é a relevância desses assuntos para a formação e para a atuação
profissional dos agentes de segurança pública? Como a compreensão dessas temáti-
cas poderá influir no desenvolvimento dos atos de prevenção da ordem pública e de
persecução criminal?
Embora a disciplina não aborde, de forma direta, os atos desenvolvidos pelos agen-
tes de segurança pública nas práticas corriqueiras, como ocorre com o Direito Penal, o
Direito Administrativo, dentre outros ramos do Direito, ela abordará temas que subsi-
diam as ações dos agentes estatais, e norteará ações para a defesa dos preceitos consti-
tucionais e internacionais do homem, evitando quaisquer atos truculentos e ilegítimos.
Assim, voltada a compreensão dos direitos humanos, da cidadania e da segurança, a
disciplina se torna muito importante para as suas formações acadêmica, profissional e
pessoal, uma vez que apresenta aspectos primordiais de estruturação do ordenamento
jurídico, fatores e fundamentos que influem na consolidação das leis e dos preceitos
essenciais a uma vida digna.
Para demonstrar a relevância dos direitos humanos, da cidadania e da segurança,
imagine como seriam as relações humanas sem nenhuma normatização para regulá-las
– se cada indivíduo da coletividade, conforme o livre arbítrio, pudesse praticar qualquer
ação sem a observância de limites ou regras? Como a ausência de normatização básica
de defesa do ser humano influiria nas ações estatais?
O estabelecimento de regras é essencial para a consolidação de uma sociedade
justa e igualitária, que imponha limites às condutas humanas, com escopo de evitar
ações truculentas, inquisitórias e arbitrárias, pautadas, apenas, no interesse abusivo
de uma parte, sem respeito mínimo a outrem. Sem a existência dos direitos humanos,
da cidadania e da segurança, a convivência não seria possível, pois viveríamos em con-
flitos intensos e violentos, que impediriam a formação de uma sociedade de direitos.
Compreender a relevância dos direitos humanos, da cidadania e da segurança é essen-
cial para o entendimento de como são fundamentadas as normatizações que visam regular
as relações humanas e as ações estatais, e como são estabelecidos os preceitos básicos do
homem para o mínimo existencial concretizador da dignidade da pessoa humana.
Para tanto, a disciplina utilizará, como diretriz de instrução, o presente livro, o qual
foi estruturado, didaticamente, em cinco unidades, a fim de facilitar o desenvolvimento
do processo de ensino-aprendizagem e proporcionar uma formação de qualidade, ca-
paz de viabilizar o progresso da sua criticidade no que tange a aspectos sociais, legais,
processuais, dentre outros.
Com o objetivo delimitado, é mister destacar os assuntos abordados em cada uni-
dade. Desse modo, a Unidade 1 do livro didático da disciplina é direcionada à análise
dos aspectos sociojurídicos de direitos humanos, da história e do desenvolvimento
destes, e da consolidação dos Direitos dos Refugiados e do Direito Humanitário, a
serem exibidas as relevâncias do reconhecimento e da positivação de direitos para a
formação de uma sociedade justa e harmônica.
A Unidade 2, a fim de contribuir para a compreensão dos direitos humanos, discorre
sobre a titularidade dessas prerrogativas, influência nas relações jurídicas subjetivas e
características. Ademais, nesta unidade, são exibidos os aspectos gerais de proteção inter-
nacional dos direitos humanos, nos âmbitos regional, nacional e universal, com a solidifi-
cação da relevância destes para a efetivação e o respeito à dignidade da pessoa humana.
Dando seguimentos aos estudos, a Unidade 3 apresenta os fundamentos dos
direitos humanos a partir de várias manifestações, como direitos sociais e econô-
micos, coletivos, da personalidade, dentre outros. Neste momento, é realizada uma
análise histórica da formação dos direitos positivados e dos preceitos fundamentais
do homem, para mostrar como esse processo foi essencial à formação do atual or-
denamento jurídico pátrio.
A Unidade 4 mostra, de forma pontuada, os direitos e garantias presentes na Cons-
tituição Federal de 1988, no que tange aos aspectos individuais e coletivos, e apresenta
os aspectos gerais dos direitos sociais. Ademais, as organizações do Estado, dos po-
deres e da ordem social, também, são analisadas, de forma a ser demonstrado como
foram estruturadas as ordens social, jurídica e política do Brasil. É preciso contextualizar
esses estudos com a realidade social em que vivemos.
A Unidade 5 do livro se destina à análise específica da cidadania, e apresenta as
formas de estruturação e os fundamentos históricos dela. Em seguida, é abordada a
influência que o capitalismo teve para a formação da cidadania, além da participação
do neoliberalismo para a efetivação dela. Após esse momento, já definido o conceito
de cidadania, serão analisados o pluralismo, a tolerância, a formação da consciência
ética e as instituições de Direito no Brasil, temas de extrema relevância para a concre-
tização da cidadania.
Caro (a) estudante, feitas essas ponderações, é importante destacar que, por meio
desta disciplina, você compreenderá os aspectos históricos que foram relevantes para
a formação do ordenamento jurídico vigente, além dos preceitos e direitos essenciais
ao homem, os quais são relevantes para uma sociedade justa.
Embora pareçam temas desconexos e distantes da realidade social, os assuntos
abordados nesta disciplina são de extrema importância, pois a compreensão e o domí-
nio dos temas permitirão o respeito e a aplicação do ordenamento jurídico e de todo
o fundamento e preceitos.
Assim, os assuntos abordados ao longo deste livro didático são de grande relevân-
cia para as suas formações acadêmica, profissional e pessoal, pois, por meio desses
conhecimentos, você será capaz de exercer a sua cidadania e os seus direitos, além
de respeitar os direitos de outrem, atuando, sempre, de forma proba, lícita, legítima e
fundamentada, a fim de evitar quaisquer violações às leis e aos princípios e preceitos
fundamentais. Dessa forma, convido-o a adentrar na leitura deste livro, e bons estudos!
RECURSOS DE
IMERSÃO
REALIDADE AUMENTADA PENSANDO JUNTOS
Sempre que encontrar esse ícone, Ao longo do livro, você será convida-
esteja conectado à internet e inicie do(a) a refletir, questionar e trans-
o aplicativo Unicesumar Experien- formar. Aproveite este momento.
ce. Aproxime seu dispositivo móvel
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex- EXPLORANDO IDEIAS
plore as ferramentas do App para
saber das possibilidades de intera- Com este elemento, você terá a
ção de cada objeto. oportunidade de explorar termos
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
RODA DE CONVERSA
1
13 2
41
PROTEÇÃO
INTRODUÇÃO AOS INTERNACIONAL DOS
ESTUDOS DOS DIREITOS HUMANOS NOS
DIREITOS HUMANOS ÂMBITOS NACIONAL,
REGIONAL, UNIVERSAL E
TITULARIDADE
3
73 4 103
A CONSTITUIÇÃO
DIREITOS HUMANOS
FEDERATIVA DO BRASIL
NAS RELAÇÕES
DE 1988: DIREITOS
JURÍDICAS
FUNDAMENTAIS,
ORGANIZAÇÃO DO
ESTADO, DOS PODERES E
DA ORDEM SOCIAL.
5
137
CIDADANIA COMO
FATOR BASILAR
DO ESTADO
DEMOCRÁTICO DE
DIREITO
1
Introdução aos
Estudos dos
Direitos Humanos
Esp. Beatriz Gasparin Moreira
Caro(a) aluno(a), você já ouviu falar dos direitos humanos? Quando e o porquê
eles surgiram, e no que eles refletem atualmente, no nosso cotidiano? Você sabia
que várias coisas que fazemos, hoje em dia, e que consideramos normais, somente,
são possíveis porque, lá atrás, ocorreram diversas guerras e lutas? Você, também,
sabia que o fato de você ter direito à moradia, saúde de qualidade, um trabalho
que proporcione uma vida digna e um salário, incluindo educação, apenas, é
possível em razão da conquista histórica dos direitos humanos?
E você, querida aluna, já parou para pensar que você, somente, está lendo este
material, neste momento, e tendo a oportunidade de estudar e escolher uma pro-
fissão, em posição de igualdade de direitos com os homens, sem sofrer nenhum
tipo de discriminação e retaliação, devido ao gênero, porque, ao longo do tempo,
as mulheres conquistaram o espaço delas (e, ainda, vêm conquistando), por meio
de intensas lutas e debates que tiveram, por consequência, normas de proteção
fundamentadas nos direitos humanos?
Pois bem, caro(a) aluno(a), como pode perceber, os direitos humanos estão, intrin-
secamente, ligados ao nosso dia a dia, e é de suma importância compreendermos esses
direitos para que possamos entender a nossa história e a sociedade na qual vivemos.
Estudar os direitos humanos e todo o contexto histórico deles nos faz com-
preender a nossa própria história. O direito de ser reconhecido como ser humano,
sujeito dotado de direitos, independentemente de nacionalidade, raça, gênero e
religião, em qualquer lugar do mundo, somente, é possível graças a intensas lutas
no decorrer do tempo. Você aprenderá que os direitos humanos são direitos que
vieram para proteger as pessoas das arbitrariedades dos Estados, e entenderá que,
em razão das atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial, a proteção
dos direitos humanos começou a ser de interesse da comunidade internacional.
Nesse sentido, a preocupação com esses direitos, portanto, deixou de ser, apenas,
interna, pois transcendeu os limites de um Estado.
Em contrapartida, é importante saber que os direitos humanos estão em cons-
tante evolução, ao passo que eles se adaptam, conforme a realidade da socieda-
de. Direitos que, hoje, consideramos básicos e fundamentais, como os à vida, ao
trabalho, à propriedade e à educação, apenas, existem porque pessoas, há anos,
precisaram lutar por eles.
Caro (a) aluno (a), depois de introduzir um pouco os preceitos de direitos
humanos e o que eles representam, chegou a hora de entendermos, na prática,
ainda mais, a aplicação deles.
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UNIDADE 1
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Caro (a) aluno (a), você, certamente, já ouviu falar, alguma vez, na sua vida, dos
direitos humanos. Entretanto, você sabe, realmente, qual é o conceito dele?
Do que se trata? Para que serve? Quando surgiu? A grande maioria das pessoas
possui uma noção do que seriam os direitos humanos, mas não os compreende
devido à complexidade e à extensão.
Os direitos humanos, segundo André de Carvalho Ramos,
“
consistem em um conjunto de direitos considerado indispensável
para uma vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignidade.
Os direitos humanos são os direitos essenciais e indispensáveis à
vida digna. Não há um rol predeterminado desse conjunto mínimo
de direitos essenciais a uma vida digna. As necessidades humanas
variam e, de acordo com o contexto histórico de uma época, novas
demandas sociais são traduzidas juridicamente, e inseridas na lista
dos direitos humanos (RAMOS, 2014, p. 24).
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UNIDADE 1
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EXPLORANDO IDEIAS
Para gravar:
Direitos humanos: Servem para definir os direitos estabelecidos pelo Direito Internacio-
nal em tratados e demais normas internacionais que tratam da matéria.
Direitos do homem: Referem-se aos direitos naturais, aqueles inatos ao homem, que
não dependem de previsão na ordem jurídica positiva, e que decorrem da razão divina,
ou da razão humana (estão relacionados com o jusnaturalismo).
Direitos fundamentais: São reconhecidos e positivados pelo Direito Constitucional de
um Estado específico.
Direito natural: É uma expressão que denota o reconhecimento de direitos inerentes à
pessoa humana. Conceito ultrapassado ante a constatação da historicidade desses direitos.
Direitos individuais: É uma terminologia utilizada, apenas, para tratar dos direitos de pri-
meira dimensão (termo, também, conhecido por alguns doutrinadores, como geração, ou
família, utilizado para dividir as fases dos direitos humanos), mas não dos vários outros,
que não se amoldam nesse termo.
Fonte: RAMOS, 2014, p. 47-48.
“
Assim, a dignidade humana consiste na qualidade intrínseca e dis-
tintiva de cada ser humano, que o protege contra todo tratamento
degradante e discriminação odiosa, e assegura condições mate-
riais mínimas de sobrevivência. Consiste em um atributo que todo
indivíduo possui, inerente à condição humana, não importando
qualquer outra condição referente à nacionalidade, opção política,
orientação sexual, credo etc. (RAMOS, 2014, p. 69).
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UNIDADE 1
mensurável e insubstituível. Portanto, caro (a) aluno (a), quando você vê pessoas
em situações degradantes, como moradores de rua, pacientes em filas de hospitais
públicos, o drama de pessoas sofrendo violências verbais ou físicas por intolerân-
cias religiosas, culturais, sociais etc., pode ter certeza de que um direito humano
e fundamental está sendo violado.
É importante que vocês conheçam, também, algumas das características dos di-
reitos humanos, para que possam compreendê-los com toda a complexidade.
Vamos a elas:
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UNIDADE 1
Você já parou para pensar que ninguém pode entrar na sua casa sem o seu
consentimento, inclusive, o Estado, por meio dos agentes públicos, salvo nos casos
previstos em lei? Caso um policial bata na sua porta, sem um mandado judicial,
ele não pode entrar na sua casa sem o seu consentimento. Isso é um exemplo de
limitação da atuação estatal.
O fato de você poder andar livremente, dentro do território nacional, além de
realizar um curso de graduação, também, são exemplos de limitação da atuação
estatal. Primeiramente, porque o Estado não pode privar você de se locomover,
salvo nos casos de cumprimento de uma pena privativa de liberdade, e não pode
intervir na escolha que você pode fazer em relação a uma profissão, se atendidas
as qualificações profissionais que a lei estabelece, conforme preconiza o art. 5º,
inciso XIII, da Constituição Federal.
NOVAS DESCOBERTAS
Caro (a) aluno (a), podemos encontrar a grande maioria dos direitos
de primeira dimensão, previstos no nosso ordenamento jurídico, no
art. 5º, da Constituição Federal. Diante disso, proponho uma ativida-
de: acesse a Constituição, disponibilizada no QRcode, e, depois, vá até
o art. 5º e realize a leitura dele. Dessa forma, você compreenderá um
pouco mais de quais são os direitos dessa dimensão.
Os direitos de segunda dimensão, por sua vez, fazem-se presentes a partir da con-
cepção do Estado Social, pois abriga os direitos sociais e traz a ideia de igualdade
(VIANA, 2020). Compreende, essa dimensão, os direitos sociais, econômi-
cos e culturais.
Os direitos englobados na segunda dimensão são frutos das lutas sociais com-
preendidas no início do século XX, e, altamente, influenciadas por doutrinas
socialistas. Na época em que vigorava a Revolução Industrial, a desigualdade
social era demasiadamente grande e as condições de trabalho eram precárias.
Prova disso se dava pelas jornadas exaustivas, pela diferença salarial entre homens
e mulheres, pelos ambientes insalubres etc.
Esses direitos possuem, como marcos, o Estado Social, a Constituição Mexi-
cana de 1917, a Constituição de Weimar de 1919, e a OIT (Organização Interna-
cional do Trabalho), que reconheceu os direitos dos trabalhadores.
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UNICESUMAR
De maneira oposta aos direitos de primeira dimensão, que buscam uma abs-
tenção estatal nas vidas das pessoas, os direitos de segunda dimensão reivindicam
um papel ativo do Estado, a fim de diminuir as desigualdades e estabelecer uma
vida e um trabalho dignos para todas as pessoas.
Ramos (2014, p. 52) leciona o seguinte a respeito dos direitos de segunda
dimensão, ou direitos sociais:
“
Os direitos sociais são, também, titularizados pelo indivíduo e opo-
níveis ao Estado. São reconhecidos os direitos à saúde, educação,
previdência social, habitação, dentre outros, que demandam pres-
tações positivas do Estado para atendimento e são denominados
direitos de igualdade por garantir, justamente, às camadas mais
miseráveis da sociedade, a concretização das liberdades abstratas,
reconhecidas nas primeiras declarações de direitos.
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UNIDADE 1
OLHAR CONCEITUAL
2ª DIMENSÃO 3ª DIMENSÃO
Direitos: Igualdade, Direitos:
econômicos, sociais e Desenvolvimento, meio
1ª DIMENSÃO culturais. ambiente, comunicação,
Direitos: liberdade, Contexto Histórico: patrimônio comum, etc.
civis e políticos. Revolução Industrial, Contexto Histórico:
Contexto histórico: Constituição Mexicana e Pós Segunda Guerra
Revoluções Liberais. Constituição de Weimar. Mundial.
Ano: Meados do Ano: Final do século XIX Ano: Segunda metade
século XVIII. e início do século XX. do século XX.
4ª DIMENSÃO
Direitos: Democracia, 5ª DIMENSÃO
à informação, ao Direitos: à paz
pluralismo etc. Contexto Histórico:
Contexto Histórico: Pós-guerra fria.
Globalização. Ano: Século XXI.
Ano: Final do século XX
e início do século XXI.
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UNICESUMAR
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UNIDADE 1
A Lei das Doze Tábuas, editada em 450 a.C., 89 anos depois do Cilindro
de Ciro, foi a grande contribuição dos romanos para os direitos humanos. Ela
foi responsável pela concretização do princípio da legalidade. O direito
romano, também, contribuiu para a consagração de vários outros direitos,
como os de liberdade, propriedade, personalidade jurídica e igualdade
entre as pessoas.
Apesar da contribuição da antiguidade para a construção dos direitos do
homem, apenas, na Idade Média e na Idade Moderna, começaram a surgir do-
cumentos com artigos mais específicos e relacionados a esses direitos.
Na Idade Média, o poder dos governantes era quase ilimitado, tendo em vista
que era fundamentado pela vontade divina. No entanto, mesmo nessa época,
surgiram os primeiros movimentos de reivindicação, liderados pela aristocracia
em face aos governantes, de maneira especial, com a Declaração das Cortes de
Leão, a Magna Carta inglesa de 1215 (RAMOS, 2014).
A Declaração de Leão consagrou a luta dos senhores feudais contra
a centralização do poder. Já a Magna Carta consistia em disposições que
protegiam os barões ingleses contra os abusos do monarca João Sem-Terra.
Ela não era um instrumento universal, uma vez que só privilegiava a nobreza,
no entanto, foi a maior contribuição de afirmação de limitação do poder político
daquela época (RAMOS, 2014).
Apesar de tudo isso parecer pouco, na Idade Média, os direitos civis eram,
praticamente, inexistentes. Todo o poder era concentrado nas mãos da Igreja e
dos senhores feudais. Portanto, esses dois documentos significaram muita coisa
para a afirmação dos direitos humanos na época.
Com a crise da Idade Média, ocorreu o surgimento dos Estados Na-
cionais Absolutistas, com a centralização do poder na figura do rei. No século
XVII, o Estado Absolutista foi questionado, em especial, na Inglaterra. A busca
pela limitação do poder, já incipiente na Magna Carta, foi consagrada na Petition
of Right, de 1628 (RAMOS, 2014).
Outro documento importante da Idade Moderna foi a Declaração de Direitos
(Bill of Rights), na Inglaterra, em 1689, a partir da qual o poder autocrático dos
reis ingleses foi reduzido de forma definitiva. Foi por meio dessa Declaração que
se consolidou a vitória do parlamentarismo inglês sobre o monarquismo,
o que limitou o poder do soberano e assegurou vários direitos, como a liberdade
de eleição dos membros do parlamento.
26
UNICESUMAR
“
dentre os pontos, estabelece-se “que é ilegal o pretendido poder de
suspender leis, ou a execução de leis, pela autoridade real, sem o
consentimento do Parlamento”; “que devem ser livres as eleições dos
membros do Parlamento”; e que “a liberdade de expressão e debates,
ou procedimentos no Parlamento, não devem ser impedidos ou
questionados por qualquer tribunal ou local fora do Parlamento
(RAMOS, 2014, p. 34).
“
A Declaração de Independência dos Estados Unidos, de 4 de julho
de 1776 (escrita, em grande parte, por Thomas Jefferson), estipulou,
já no início, que “todos os homens são criados iguais, sendo conferi-
dos, a eles, pelo Criador, certos direitos inalienáveis, dentre os quais
se contam a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Para garantir
esses direitos, são instituídos governos entre os homens, derivados
os justos poderes de consentimento dos governados.
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UNIDADE 1
quências negativas que podem ser percebidas até os dias atuais, com práticas
intolerantes, como o racismo.
A Revolução Francesa, também, foi um grande referencial para a proteção dos
direitos do homem, e marcou o início da Idade Contemporânea, em 1789. Gerou a
aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão no mesmo ano.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão consagrava os valores
de liberdade, igualdade e fraternidade, e proclamava que “os homens nascem e
permanecem livres e iguais em direitos”. Mesmo que os artigos tivessem, como
referência, todos os povos, e atraíssem a opinião mundial para os direitos do
homem, a Declaração não possuía caráter normativo internacional. Portanto, ela
era, apenas, válida para o povo francês.
Em 1864, surgiu a Convenção de Genebra, que inaugurou o direito hu-
manitário internacional. Essa Convenção visava proteger os soldados doentes e
feridos e as populações civis que estavam dentro de um conflito bélico. A Convenção
de Genebra foi a primeira a introduzir os direitos humanos na esfera internacional.
No final do século XIX e início do século XX, período marcado pelas
Revoluções Industriais, as condições laborativas dos trabalhadores, nas
fábricas, eram precárias. Homens, mulheres e crianças trabalhavam jornadas
exaustivas e em péssimas condições. Não havia o mínimo de salubridade no
trabalho, nem leis que visavam protegê-los.
Nesse mesmo contexto, de muita desigualdade entre patrões e proletários, em
1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicaram o Manifesto do Partido Comu-
nista, no qual defendiam novas formas de organização social e visavam atingir o
comunismo e a igualdade de classes.
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UNIDADE 1
“
A Declaração Universal promoveu um grande passo em prol da ins-
trumentalização do sistema universal de direitos humanos. Serviu
como base fundamental para a formação de valores e princípios que
influenciaram, mais tarde, os três sistemas (europeu, americano e
africano). Ela inovou ao proclamar diretrizes gerais que orbitam em
torno da dignidade da pessoa humana e ao universalizar a prote-
ção aos direitos humanos, que devem ser reconhecidos como seres
humanos, sem distinção.
Importante destacar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada
como uma resolução, sendo composta por um preâmbulo e 30 artigos que estabele-
cem vários direitos, como os à vida, liberdade, segurança, de que ninguém será sub-
metido à escravidão, à tortura, de que todos são iguais perante a lei e sem distinção etc.
Depois da metade do século XX e da criação da referida Declaração, foram
criados sistemas de proteção que reuniram inúmeros tratados, convenções e
acordos entre os países, sempre, com o mesmo objetivo: ampliar a proteção dos
direitos humanos. Entretanto, veremos esses sistemas de proteção, com mais de-
talhes, em outras unidades, combinado?!
Portanto, concluímos que os direitos humanos, nem sempre, existiram, mas
foram uma construção realizada durante toda a nossa história. Ainda, percebe-
mos que o objetivo primordial, sempre, foi garantir a proteção do ser humano em
razão da dignidade dele. Precisamos compreender que somos sujeitos dotados
de direitos pelo simples fato de existirmos.
Apesar de muitos direitos, ainda, serem violados atualmente, como o à igual-
dade, independentemente de gênero, classe econômica, origem e raça, a proteção
existe, e quem viola um direito de outra pessoa deve ser responsabilizado. Tudo
isso devido à evolução e à construção dessa proteção ao longo do tempo.
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UNICESUMAR
Querido (a) aluno (a), é preciso compreender que a proteção dos direitos humanos,
no Plano Internacional, recai em três eixos principais: Direito Internacional dos
Direitos Humanos (DIDH) – tema que veremos posteriormente –, Direito Inter-
nacional Humanitário (DIH) e Direito Internacional dos Refugiados (DIR). Apesar
dessa separação, todos têm um único objetivo comum: a proteção do ser humano.
Começamos, portanto, a falar, neste momento, do direito humanitário. Você
sabe do que se trata, querido (a) aluno (a)? Já ouviu falar, em algum momento,
desse ramo do Direito? O direito humanitário é conhecido como um direito
que protege o ser humano que se encontra em situações de guerra ou con-
flitos armados. Ele busca proteger o ser humano que se encontra em situações
hostis e remediar os meios de guerra. Ainda, possui princípios, regras e procedi-
mentos próprios (VIANA, 2020).
Para Ana Aguiar Viana:
“
O direito humanitário é considerado uma maneira de limitar as so-
beranias dos Estados modernos. Isso porque, caso exista um conflito
armado em um determinado país, este tem que respeitar determi-
nadas normas que visam proteger vítimas civis e militares que estão
fora do combate (VIANA, 2020, p. 17).
31
UNIDADE 1
tratavam, não apenas, desses feridos e enfermos, mas, também, dos profissionais
de saúde e religião.
A segunda Convenção teve, como propósito, dar suporte a feridos, enfermos
e náufragos das forças armadas do mar. Buscou seguir a estrutura da primeira
convenção, com 63 artigos, e passou a ter aplicabilidade às questões marítimas.
A terceira Convenção substituiu a Convenção dos prisioneiros de guerra,
de 1929, com 163 artigos, e ampliou a categoria desses prisioneiros. Portanto, a
aplicabilidade específica dela era direcionada aos prisioneiros de guerra. Segundo
essa Convenção, deveriam ser liberados e repatriados logo após as hostilidades
praticadas em guerra. Foram definidas, ainda, com preciosidade, condições de lo-
cais e cativeiros no que tange ao trabalho realizado por eles em guerra, incluindo
disposições de recursos, dinheiro, socorro e processo judicial.
A quarta Convenção possuía 159 artigos e determinava proteger os civis dos
territórios ocupados. Até então, as convenções anteriores não se preocupavam
com os civis, apenas, com os combatentes. No entanto, o cenário da Segunda
Guerra Mundial fez com que essa situação se alterasse. Ademais, essa Conven-
ção expôs as obrigações da potência ocupante no que se refere a civis e entregou
orientações para o socorro humanitário.
32
UNICESUMAR
33
UNIDADE 1
Caro (a) aluno (a), acredito que você já tenha visto nos jor-
nais, na televisão, ou escutado falar de pessoas saindo dos
próprios países para não morrerem ou sofrerem algum tipo
de ataque, pois bem, refugiado é aquela pessoa que migra
do próprio país forçadamente, em virtude de um fun-
dado temor de perseguição, em razão de cinco motivos:
raça, nacionalidade, religião, pertencimento a um gru-
po social ou opinião política.
Antes do século XX, não existia nenhuma norma inter-
nacional de proteção aos refugiados. Somente, após o esta-
belecimento das Ligas das Nações, em 1919, que os debates a
respeito da responsabilização de países e da proteção dessas
pessoas se iniciaram.
De acordo com Pereira (2019, p. 30):
“
O conselho da Sociedade da Liga das Nações
autorizou a criação de um Alto Comissaria-
do para os Refugiados, inicialmente, com a
intenção voltada para os refugiados russos.
Com o passar do tempo, esse Alto Comis-
sariado para os Refugiados admitiu uma
maior abrangência de atuação do órgão, não
apenas, limitando a atuação para pessoas de
nacionalidade russa, mas abarcando outras
etnias que, também, precisavam de refúgio.
34
UNICESUMAR
EXPLORANDO IDEIAS
Agora que sabemos quem são as pessoas refugiadas e o porquê elas se encontram nessa
situação, pergunto a você: você sabe diferenciá-las dos apátridas?
“Os apátridas são pessoas consideradas sem pátria, ou seja, aquelas que não detêm vín-
culo jurídico político com nenhum país. Devido a isso, inúmeras são as dificuldades encon-
tradas na vida civil, como de acesso à saúde pública, à educação, a direitos relacionados
à propriedade, impossibilidade de deslocamento dentro do Estado, ou entre Estados etc.
Existem, ainda, dois tipos de apátridas, os de fato e os de direito. Os de fato são as pes-
soas que não se encontram vinculadas aos critérios de atribuição de nacionalidade de
nenhum país. Por outro lado, os de direito são as que continuam não possuindo a na-
cionalidade reconhecida por nenhum país, mas é garantido, a elas, o status de apátridas,
atribuídos direitos garantidos a qualquer estrangeiro”.
Fonte: PEREIRA, 2019.
35
UNIDADE 1
“
Art. 2º - Obrigações gerais
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UNICESUMAR
37
UNIDADE 1
É difícil pensar em uma sociedade sem que seja sustentada pelos direitos
humanos. Os valores que eles trazem, fundamentados para a dignidade da pessoa
humana, são aspectos que toda pessoa almeja na vida.
Os direitos humanos, como vimos, são os responsáveis por nos proporcionar
direitos básicos, como a liberdade, a igualdade e a fraternidade, e nos protegem
de toda a opressão que possa existir pelo simples fato de sermos seres humanos.
Também, estudamos que esses direitos não surgiram de uma hora para a ou-
tra, e que, ainda, estão em processo de evolução. Há muito para ser melhorado e
acrescentado. Conforme observado, durante muito tempo, a sociedade viveu sob
um regime de centralização de poder, a partir do qual os direitos civis e políticos
eram, praticamente, inexistentes.
As pessoas não eram tratadas como iguais, pois a luta pela igualdade, somente,
iniciou-se no contexto das revoluções liberais, no século XIX, momento carac-
terizado pela primeira dimensão. Eram eram discriminadas por vários motivos,
sejam econômicos, raciais, religiosos, dentre outros.
Com o passar do tempo e a cada momento histórico, fez-se necessária a luta
por mais direitos e garantias, como no início do século XX, com o surgimento das
fábricas, o que proporcionou a luta pelos direitos da segunda dimensão e, posterior-
mente, após o fim da Segunda Guerra Mundial, pelos direitos de terceira dimensão.
Obviamente, sabemos que, atualmente, muitos desses direitos são desrespei-
tados, uma vez que, ainda, existem desigualdade, preconceito, pobreza, situações
degradantes vividas por muitas pessoas etc. Contudo, os direitos humanos, pelo
menos, no papel, existem, e cabe, a nós, cobrarmos, do poder público, que eles
sejam respeitados.
Precisamos nos atentar a respeito dos nossos direitos, buscar, junto ao Poder
Público, que eles sejam respeitados de forma integral, conforme assegura a nossa
Constituição Federal e os diversos tratados e convenções internacionais.
Agora que você aprendeu as noções iniciais dos direitos humanos, tenho
certeza de que você consegue percebê-los no seu cotidiano. Entender toda a evo-
lução deles durante a história e as fases nos faz compreender o porquê de muitas
coisas. Lembram-se do exercício proposto no início do capítulo? Você consegue
pensar em alguma situação de atuação dos direitos humanos nas vidas de vocês
ou na de alguém próximo? O caso da Maria da Penha, por exemplo, é um exemplo
claro de como os direitos humanos atuam na vida da mulher e como ocorreu
essa evolução durante a história.
38
UNICESUMAR
39
Para fixar o conteúdo, vamos colocar em prática o aprendido desta unidade? Con-
vido você a completar o mapa mental a seguir com as palavras, ou frases-chave
estudadas nesta unidade.
Fundamento:
Direitos Humanitários
Direitos Direitos dos Refugiados
Direitos Fundamentais Humanos
Direitos do Homem
Direitos protegidos na ordem
interna de um país Características Universalidade
Dimensões
1ª Dimensão 3ª Dimensão
2ª Dimensão
Direitos: civis; políticos;
liberdade
Descrição da Imagem: Representação de um mapa mental que resume os principais conceitos e caracte-
rísticas referentes aos direitos humanos. No centro da imagem, está escrito “Direitos Humanos”, a partir
do que saem sete subdivisões: “Fundamento”, “Direito dos Refugiados”, “Direitos do Homem”, “Direitos
Humanitários”, “Direitos Fundamentais”, “Características” e “Dimensões”. A seção “Direitos Fundamentais” se
subdivide em outra seção, na qual está descrito o conceito. As seções “Direitos Humanitários”, “Direitos dos
Refugiados” e “Direitos do Homem” se subdividem em uma seção cada uma, as quais possuem um espaço
vazio para o preenchimento do aluno. A seção “Fundamento” possui um espaço para o preenchimento do
aluno. A seção “Característica” se subdivide em outras seis seções. Na primeira, está escrito “Universalidade”,
e as demais são espaços vazios para o preenchimento do aluno. A seção “Dimensões” se subdivide em “1ª
dimensão”, “2ª dimensão” e “3ª dimensão”. A seção “1ª dimensão’’ se subdivide em outra seção, na qual está
escrito “Direitos: civis, políticos, liberdade”. Por fim, as seções “2ª dimensão” e “3ª dimensão” se subdividem
em uma seção cada uma, com espaços vazios para o preenchimento do aluno.
2
Proteção
Internacional dos
Direitos Humanos nos
Âmbitos Nacional,
Regional, Universal e
Titularidade
Esp. Beatriz Gasparin Moreira
42
UNIDADE 2
Interamericana dos Direitos Humanos para a solução da questão. Por fim, relate
a sua opinião a respeito de tais medidas e exponha se você acha que foram sufi-
cientes e adequadas. Bom trabalho!
Agora que você leu o Relatório n. 43/06, da OEA, e entendeu um pouco de
como a proteção internacional dos direitos humanos podem incidir sobre as
normas internas de um país, tenho certeza de que você consegue visualizar a
importância de existirem mecanismos internacionais para fiscalizar e monitorar
a aplicação desses direitos na sociedade.
Nesse momento, eu quero que você reflita como seria se não existissem as
normas internacionais de proteção dos direitos humanos. Será que seria possível
os Estados, por si só, adotarem medidas eficazes para proibir a violação desses
direitos no âmbito interno? E no caso de um Estado se manter inerte perante
alguma violação, quem poderia ser capaz de obrigá-lo a tornar efetivas as normas
de proteção dos direitos humanos?
A partir dessas reflexões, eu quero que você, querido (a) aluno (a), escreva,
no seu Diário de Bordo, as impressões iniciais que você teve das normas inter-
nacionais de proteção dos direitos humanos e da importância delas, incluindo as
respostas para os questionamentos que fiz, anteriormente, a você.
43
UNIDADE 2
Prezado (a) aluno (a), para que você entenda a proteção internacional dos direitos
humanos, precisamos compreender o contexto histórico no qual ela surgiu.
Como você já deve saber, os debates acerca da dignidade da pessoa humana
começaram a ser levantados, de maneira mais assídua, após a Segunda Guerra
Mundial, em razão das atrocidades cometidas durante a guerra.
Começou a ser questionada a eficácia das normas e dos procedimentos
internos dos Estados em relação à proteção dos direitos humanos. Diante disso,
os Estados concordaram em reconhecer um sistema internacional de proteção
aos direitos humanos, que ultrapassou a órbita interna, capaz de garantir a
segurança global.
Somente, após o surgimento da Organização das Nações Unidas (ONU),
apareceu o sistema internacional de proteção dos direitos humanos, e, por con-
sequência, o estabelecimento de órgãos e instâncias voltados para essa proteção.
A proteção internacional dos direitos humanos coloca objetivos a serem pre-
vistos nas relações internacionais, ao promover salvaguarda a uma multiplicida-
de de direitos como forma de combater as injustiças e minimizar o sofrimento
humano ao redor do mundo. Podemos dizer que a internacionalização dos
direitos humanos nada mais é que a expansão, para além das fronteiras
nacionais, dos direitos fundamentais da pessoa humana.
De acordo com Garbin (2021, p. 15):
“
A proteção internacional dos direitos humanos determina, aos Esta-
dos, a observância de um rol extensivo de direitos, aplicáveis a todos
os indivíduos e grupos em um território, independentemente dos
vínculos formais entre os Estados ou da amplitude da proteção de
direitos humanos prevista no plano interno. Além disso, também,
reconhece a possibilidade de os indivíduos reclamarem de direitos,
diretamente, na esfera internacional.
44
UNIDADE 2
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
PRINCÍPIO CARACTERÍSTICA
Querido (a) aluno (a), é importante saber, também, que a nossa Constituição Fe-
deral elencou, no art. 4º, os princípios que norteiam as relações internacionais
das quais o Brasil participa. De acordo com Piovesan (2013, s. p.):
“
Nos termos do art. 4º do Texto, fica determinado que o Brasil se
rege, nas relações internacionais, pelos seguintes princípios: inde-
pendência nacional (inciso I), prevalência dos direitos humanos
(inciso II), autodeterminação dos povos (inciso III), não interven-
ção (inciso IV), igualdade entre os Estados (inciso V), defesa da paz
(inciso VI), solução pacífica dos conflitos (inciso VII), repúdio ao
terrorismo e ao racismo (inciso VIII), cooperação entre os povos
para o progresso da humanidade (inciso IX) e concessão de asilo
político (inciso X).
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
“
A Organização das Nações Unidas, fundada pela Carta das Nações
Unidas, em 1945, no cenário pós-guerra, é a entidade que estru-
tura, coordena e produz os documentos internacionais, a fim de
proporcionar uma noção de sistema global de promoção da paz e
da segurança em âmbito internacional.
Mais tarde, em 1948, foi criada a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH),
que promoveu um grande passo em prol da instrumentalização do sistema universal
dos direitos humanos, e serviu de base fundamental para a formação de princípios e
valores que serviram, mais tarde, para influenciar os sistemas interamericano, europeu
e africano de proteção aos direitos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos
inovou ao proclamar diretrizes gerais que orbitam em torno da dignidade, e ao
universalizar a proteção dos direitos humanos (SAITO, 2020).
Em razão da DUDH não ser um Tratado, surgiram discussões a respeito de a
natureza jurídica dela ser, ou não, de caráter vinculante. Uma primeira corrente
afirma que, apesar de não ser um Tratado, mas uma Resolução, ela possui caráter
vinculante, tendo em vista que é uma interpretação literal dos direitos humanos,
previstos na Carta Internacional dos Direitos Humanos, e esta, por sua vez, tem
esse caráter vinculante. Para a segunda corrente, a DUDH possui caráter vincu-
lante por tratar do costume internacional dos direitos humanos. Por fim, uma
última corrente afirma que a DUDH não possui caráter vinculante, e se constitui,
apenas, como soft law (lei branda/quase um direito) da matéria, por ter sido
constituída por meio de Resolução, não de Tratado (RAMOS, 2014).
Após vinte anos da aprovação da DUDH, foram aprovados dois Pactos Inter-
nacionais de Direitos Humanos: O Pacto dos Direitos Civis e Políticos e o dos
Direitos Sociais, Econômicos e Culturais. Inicialmente, a ideia era a de criação
de, apenas, um documento que abrangesse esses direitos, mas, em razão do
conflito que pairava, na época, entre as potências ocidentais e comunistas, re-
solveu-se que fossem criados ambos os pactos, para atender e agradar os dois
lados. O Pacto dos Direitos Civis e Políticos foi pensado em prol das potências
ocidentais, enquanto o Pacto dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais foi
tido a favor das comunistas. Ademais, alegou-se, na época, que, como a natu-
reza dos direitos era diversa e a aplicabilidade ocorreria de maneira distinta,
uma vez que o primeiro pacto teria aplicação imediata, enquanto, o segundo,
programática, seria melhor a criação de dois pactos ao invés de, apenas, um.
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
“
O PIDESC reconheceu que os direitos sociais, em sentido amplo,
são de realização progressiva, e devem, os Estados, dispor do má-
ximo dos recursos disponíveis para a efetivação, o que não exclui
a obrigatoriedade de promoção e, após, a proibição do retrocesso
social. Assim, os direitos previstos no PIDESC são (i) obrigatórios
e, (ii) após a implementação, estão protegidos pela proibição do re-
trocesso (RAMOS, 2014, p. 146)
“
Para os fins da presente Convenção, o termo “tortura” designa qual-
quer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais,
são infligidos, intencionalmente, a uma pessoa, a fim de obter, dela
ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-
-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja
suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir essa pessoa ou ou-
tras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de
51
UNIDADE 2
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UNIDADE 2
“
Apesar de a Ásia e o Oriente Médio não contarem com sistemas regio-
nais de direitos humanos propriamente ditos, seria precipitado con-
siderar esses espaços como vácuos de direitos humanos no mundo.
Existem desenvolvimentos incipientes nessas regiões que não podem
ser desconsiderados, dada a própria característica de construção lenta
e progressiva dos direitos humanos no plano internacional.
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
humanos e a pouca adesão deles ao sistema. Hoje, apesar de a África ser composta
por 54 Estados-membros, pouco mais da metade participa do sistema africano.
Por fim, o sistema interamericano corresponde ao sistema desenvolvido
para a organização da proteção dos direitos humanos no âmbito dos Estados
da América. O objetivo desse sistema é adaptar essa proteção à realidade das
Américas. Os principais documentos normativos, que correspondem à De-
claração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e à Carta da Orga-
nização dos Estados Americanos, foram criados em 1948, na 9ª Conferência
Internacional Americana, em Bogotá.
A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, criada antes da
Declaração Universal dos Direitos do Homem, estabelece a noção de universa-
lidade dos direitos humanos, tendo em vista que expressa os direitos essenciais
ao homem em razão da condição inerente dele de ser humano, e não por outras
questões relacionadas à nacionalidade, à origem, à raça etc. (RAMOS, 2014).
A Carta da Organização dos Estados da América buscou internaciona-
lizar os direitos humanos, uma vez que influenciou os países americanos a reco-
nhecerem a legitimidade do sistema interamericano sobre os territórios. Além
disso, ela é responsável pela organização, pelos princípios e pelos objetivos da
OEA, além de, segundo Saito (2020, p. 27), “ter o propósito de atingir paz e justi-
ça, a fim de promover solidariedade e colaboração entre os países e integridade
territorial e independência”.
O sistema interamericano se estrutura por dois órgãos principais: a Comis-
são e a Corte Interamericana dos Direitos Humanos. A Comissão Interame-
ricana dos Direitos Humanos foi criada por meio da Resolução VIII, de 1959, e é
composta por sete comissários, que são indicados pelos Estados da OEA e eleitos
pela Assembleia da Organização para um mandato de quatro (4) anos.
A Comissão Interamericana tem, como atividade, o monitoramento da apli-
cação dos direitos humanos nos Estados, e participa do processo contencioso
da Corte Interamericana dos Direitos Humanos, uma vez que é o canal para o
recebimento de denúncias e comunicações de violação dos direitos humanos. Por
outro lado, a Corte Interamericana dos Direitos Humanos exerce uma função
protetiva, ou jurisdicional, ou seja, pode responsabilizar os Estados que não cum-
pram os direitos previstos nos documentos normativos da OEA, além de uma
função consultiva sobre os instrumentos normativos que compõem o sistema
interamericano (GARBIN, 2021).
55
UNIDADE 2
“
Podemos citar, ainda, outros documentos que fazem parte do siste-
ma interamericano, como: Convenção Interamericana para Preve-
nir e Punir o Crime de Tortura; Protocolo Adicional à Convenção
Americana de Direitos Humanos Relativos à Pena de Morte; Con-
venção Interamericana para Prevenir, Erradicar a Violência Contra
a Mulher; Convenção Interamericana Sobre o Desaparecimento
Forçado de Pessoas; Convenção Interamericana Sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação sobre Pessoas Portadoras de
Deficiências (RAMOS, 2014, p. 237).
Por fim, é importante que você, também, saiba, querido (a) aluno (a), que, apesar
de o sistema interamericano ser o único que abarca todo o continente americano,
existem outros sistemas sub-regionais que visam ampliar a proteção dos direitos
humanos, como o Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos, criado
no âmbito do Mercosul (GARBIN, 2021).
56
UNIDADE 2
OLHAR CONCEITUAL
Declaração Universal dos
Direitos Humanos
Descrição da Imagem: Representação de um mapa mental com os principais documentos de cada sis-
tema internacional dos direitos humanos. No lado esquerdo, está escrito a frase “sistemas internacionais
dos direitos humanos’’, da qual saem duas subdivisões: “Sistema Universal” e “Sistema Regional”. A seção
“Sistema Universal” se subdivide em “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, “Pacto Internacional
dos Direitos Civil e Político” e “Pacto Internacional de Direitos Sociais, Econômicos e Culturais”. A seção
“Sistema Regional” se subdivide em “Sistema Africano”, “Sistema Europeu” e “Sistema Interamericano”. A
seção “Sistema Africano” se subdivide em “Carta Africana de Direitos Humanos e de Direitos dos Povos”.
A seção “Sistema Europeu” se subdivide em “Convenção Europeia dos Direitos Humanos”, “Carta Social
Europeia” e “Convenção Europeia para a Prevenção à Tortura”. A seção “Sistema Interamericano” se sub-
divide em “Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem”, “Carta da Organização dos Estados
Americanos” e “Pacto de San José da Costa Rica”.
Em 1998, outro marco de grande relevância, para a proteção dos direitos hu-
manos, no âmbito internacional, aconteceu com a criação do Tribunal Penal
Internacional (TPI), durante a Conferência Intergovernamental de Roma, cujo
instrumento de criação ficou conhecido como “Estatuto de Roma”. No art.
126, afirma-se que o instrumento, somente, entraria em vigor após o depósito do
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
Querido (a) aluno (a), após percorrermos todo esse cenário de proteção dos di-
reitos humanos no plano internacional, vamos compreender como essas notas
se aplicam no nosso país e ordenamento jurídico.
Após o intenso período de ditadura militar que foi compreendido entre os
anos de 1964 a 1985, o Brasil passou por uma fase de redemocratização que se
consolidou com a instituição da Constituição Federal de 1988. A Constituição
Federal inaugurou, no nosso sistema jurídico, um extenso rol normativo de di-
reitos humanos, incluindo direitos de diversas espécies, como civis, políticos,
econômicos e sociais (BRASIL, 1988). De acordo com Ramos (2014, p. 349), “de
forma inédita, na história constitucional brasileira, a abertura da Constituição, aos
direitos, foi baseada, também, nos Tratados Internacionais celebrados pelo Brasil”.
O rol previsto no art. 5º, da CF/88, não é exaustivo, tendo em vista que, no
parágrafo 2º, consta que os direitos e as garantias previstos internamente não
excluem os decorrentes de regimes, princípios e Tratados dos quais o Brasil seja
59
UNIDADE 2
parte. Ademais, no art. 4º, inciso II, da Carta Magna, está disposto que o Brasil
deve cumprir, nas relações internacionais, o princípio de prevalência dos direitos
humanos (BRASIL, 1988).
Nesse cenário favorável, em meio ao direito internacional, que o Brasil ratificou
diversos instrumentos internacionais de proteção aos direitos humanos, tendo re-
conhecido, por exemplo, em 1998, a jurisdição da Corte Interamericana de Direitos
Humanos (Corte IDH), e, em 2002, a jurisdição do Tribunal Penal Internacional.
Para a implementação de um Tratado internacional no ordenamento jurídico
brasileiro, o processo não é tão simples assim. É necessário um ato complexo, de
junção de vontades, entre os Poderes Executivo e Legislativo. Esse processo se
inicia pela assinatura, de competência do Poder Executivo, que se trata de um
aceite provisório pelo Estado. Depois de assinado, o Poder Executivo o envia ao
Congresso para análise e aprovação. Após aprovado pelo Congresso, volta para
a manifestação do Poder Executivo para que este ratifique o Tratado, que é o ato
formal de adoção dele pelo Estado brasileiro. O termo ratificação pode, ainda,
significar, de acordo com Martins (2020, p. 19):
“
Ato do órgão estatal próprio: É um soberano, um presidente, um
conselho federal que exprime a vontade de um Estado se obrigar
por meio de um Tratado.
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UNIDADE 2
OLHAR CONCEITUAL
Significa ser um aceite pro- Momento em que o Poder Ato formal de adoção do Ato realizado por meio de
visório ao afirmar que o Legislativo vota pela apro- Tratado pelo Estado brasi- Decreto Presidencial, que,
Estado deve analisar o texto vação, ou não, da incorpo- leiro. A partir deste momen- após publicado, faz o Trata-
e submetê-lo ao Poder Le- ração do Tratado no orde- to, o Brasil se torna vincula- do se tornar obrigatório,
gislativo. namento jurídico. Se o Tra- do internacionalmente. também, no âmbito inter-
tado versar sobre os direitos no.
humanos, poderá ser incor-
porado de duas maneiras:
Se aprovado por maioria
simples, terá status de
norma supralegal, o que
significa dizer que essa
norma estará acima das leis,
mas abaixo da Constituição
em relação à hierarquia.
Caso seja aprovada seguin-
do o trâmite de aprovação
de uma Emenda Constitu-
cional, que é a aprovação
em dois turnos, com
quórum de 3/5 em cada
uma das Casas Legislativas,
terá, também, status de
Emenda Constitucional. Se
versar sobre qualquer outro
assunto, diverso de direitos
humanos, terá status de lei
ordinária.
61
UNIDADE 2
seja, passa a ter hierarquia de norma constitucional. Caso contrário, possui status
de norma supralegal, inferior à norma constitucional, mas superior à lei ordinária.
Após a incorporação, algumas situações podem ocorrer: i) o tratado pode
coincidir com o direito interno; ii) o tratado pode complementar o direito inter-
no; iii) ou o tratado pode contrariar o direito interno. Nos dois primeiros casos,
não há maiores problemas, tendo em vista que não há incompatibilidade com o
texto constitucional. O maior problema se encontra quando o Tratado contraria
alguma disposição interna. Nesse caso, deve ser aplicada a norma mais favorável
ao indivíduo, também, conhecido como princípio pro homine, o qual veremos,
mais detalhadamente, adiante.
PENSANDO JUNTOS
Querido (a) aluno (a), depois de conhecer os principais sistemas e Convenções interna-
cionais de proteção dos direitos humanos e a incorporação deles ao nosso sistema jurí-
dico, você saberia responder, com propriedade, quem é (são) o (s) titular (es) dos direitos
humanos? Toda essa proteção, da qual tratamos até agora, caberia, exclusivamente, aos
seres humanos?
62
UNIDADE 2
“
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se, aos brasileiros e aos estrangeiros resi-
dentes no país, a inviolabilidade dos direitos à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes (BRA-
SIL, 1988, grifo da autora).
63
UNIDADE 2
Por fim, como regra, o Estado se encontra como sujeito passivo da relação
jurídico-subjetiva, uma vez que cabem, a ele, as obrigações e responsabilidades para
o cumprimento dos direitos humanos, ou seja, é dele que a pessoa titular (sujeito
ativo) do direito pode exigir o cumprimento e o respeito. No entanto, há outros
direitos previstos na própria Constituição Federal que colocam pessoas diferentes
nessa posição, como no art. 205, no qual a família se encontra no polo passivo do
direito à educação, e no art. 225, no qual a coletividade se encontra no polo passivo
em relação ao meio ambiente equilibrado (BRASIL, 1988; RAMOS, 2014).
Caro (a) aluno (a), é necessário ponderar que, apesar de os direitos humanos
serem essenciais, eles não são absolutos, e, por isso, em algumas situações, podem
sofrer limitação. Essa limitação pode acontecer sempre que algum direito funda-
mental possa ferir o direito de outro indivíduo. É preciso reconhecer, portanto, que
o mundo dos direitos humanos é regado de conflito entre direitos, uma vez que os
de um indivíduo convivem com os de outros, assim, marca presença a imposição de
limites e preferências. Um exemplo que classifico é a colisão que envolve o direito
à vida e os direitos reprodutivos da mulher (aborto) (RAMOS, 2014).
De acordo com Ramos (2014), a solução para a colisão se explica por meio de
duas teorias, a interna e a externa. A teoria interna visa à finalidade do conteúdo
da norma, e se divide em expressa e imanente. A teoria interna expressa traz o
limite no próprio conteúdo da norma, como o direito à liberdade de expressão, pre-
visto no art. 5º, inciso IV, da CF/88. Vejamos: “Art. 5º [...] IV - é livre a manifestação
do pensamento, sendo vedado o anonimato” (BRASIL, 1988, grifo da autora).
Na teoria interna imanente, cabe, ao intérprete da norma, encontrar o limi-
te. Como exemplo dessa teoria, Ramos (2014) cita a pessoa que grita “FOGO” em
uma sala de cinema, motivo pelo qual faz as pessoas saírem correndo e algumas
são pisoteadas. Obviamente, o direito à liberdade de expressão não confere, a ela,
o direito de causar pânico nas pessoas que estavam próximas.
A teoria interna nega qualquer tipo de colisão, tendo em vista que afirma que
não há conflito entre os direitos. No primeiro caso, a própria norma traz o limite,
e, no segundo, porque não ocorreu a colisão do direito de liberdade de expressão
da pessoa que gritou em uma sala de cinema fechada com o direito à integridade
física das pessoas pisoteadas, cabe, ao intérprete, chegar a essa conclusão.
A maior fragilidade da teoria estaria na limitação dada pelo intérprete ao
analisar a situação fática, uma vez que pode incorrer em arbitrariedades e não
compreender, corretamente, o caso em análise.
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
Caro (a) aluno (a), os direitos humanos precisam ser respeitados nas relações
de particulares com o Estado (eficácia vertical, considerada a posição de
desigualdade nas relações) e entre particulares (eficácia horizontal, tida a
posição de igualdade nas relações). André Carvalho de Ramos classificou os
direitos humanos com base na relação que existe entre os particulares contra o
Estado e os particulares contra os particulares, em direitos de defesa, a prestações
e a procedimentos e instituições. Vamos analisar cada um deles:
66
UNIDADE 2
EXPLORANDO IDEIAS
No final do século XIX, foi desenvolvida, por Georg Jellinek, uma teoria muito impor-
tante para explicar a relação do indivíduo em face do Estado sob a ótica dos direitos
humanos. Vejamos como ela foi pensada:
• estado de submissão (status subjectionis ou status passivo): posição de subordi-
nação do indivíduo em face do Estado. Por exemplo: pagamento de impostos.
• status negativo (status libertatis): conjunto de limitações à ação do Estado vol-
tadas para o respeito dos direitos do indivíduo. Por exemplo: possibilidade de o
indivíduo possuir uma propriedade sem interferência.
• status positivo (status civitatis): conjunto de pretensões do indivíduo para invocar
a atuação do Estado em prol de direitos. Por exemplo: possibilidade de o indivíduo
requerer, junto ao Estado, assistência à saúde, habitação e trabalho.
• status ativo (status activus): conjunto de prerrogativas e faculdades que o indi-
víduo possui para participar da formação da vontade do Estado, o que reflete no
exercício de direitos políticos e no direito de aceder a cargos em órgãos públicos.
Por exemplo: capacidade de votar (RAMOS, 2014, p. 65).
Portanto, caro (a) aluno (a), os direitos humanos não são absolutos, e devem
ser analisados no caso concreto quando existe alguma colisão com outro di-
reito fundamental, seja do mesmo titular ou de titulares diferentes. A doutrina
explica algumas teorias para que esse choque seja resolvido da maneira mais
proporcional possível, e se vale da utilização de princípios. Ademais, os direitos
humanos estão presentes nas relações não só entre particulares, mas, também,
de particulares contra o Estado, tendo em vista que, com relação aos direitos de
primeira geração, em regra, a atuação do Estado é a de não intervenção, e, aos de
segunda geração, é de prestação.
Estamos chegando ao fim de mais uma unidade, e o resultado foi o de mais
um passo dado no aprendizado dos direitos humanos. Você conseguiu aprender
que a atuação deles vai muito além da órbita interna de um país, uma vez que, ao
tratarmos dos direitos humanos, estamos nos referindo aos direitos de todo o ser
humano, em qualquer lugar do mundo, onde quer que ele esteja. Portanto, não
é um direito, apenas, do brasileiro, do francês ou do argentino, mas de todos os
seres humanos que estão no mundo, em razão da dignidade, que é inerente a eles.
Aprendemos que foi necessário ampliar a proteção dos direitos humanos para
o plano internacional, a fim de ser extrapolada a órbita interna de um país, com
o objetivo de evitar injustiças e omissões. Foram criados Tratados e Convenções
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UNIDADE 2
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UNIDADE 2
69
Agora é sua vez! Vamos testar se você compreendeu a disciplina estudada nesta
unidade? Caso você erre alguma alternativa, recomendo voltar a leitura na parte que
explica o conteúdo que você errou.
a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) II e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas
e) I, II, III e IV.
70
2. Leia o texto a seguir:
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
71
3. Conforme a importância dos direitos humanos, foram se destacando no plano in-
ternacional, e deixaram de ser um tema a ser debatido, apenas, no âmbito interno
de um Estado, com pauta na comunidade internacional. Diante disso, foram criados
sistemas de proteção, de âmbitos global e regional. Assim, considerando o estudo
do assunto, assinale a alternativa que contém, apenas, instrumentos normativos que
fazem parte do Sistema Interamericano dos Direitos Humanos:
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3
Direitos Humanos
Nas Relações
Jurídicas
Me. Brenda Ohana Rocha Hundzinski
Olá, aluno(a). Uma nova unidade inicia e, neste momento, iremos estu-
dar as noções e os fundamentos históricos e normativos dos Direitos
Sociais, dos Direitos Econômicos e do Direito da Personalidade, assim
como iremos abordar os aspectos gerais sobre as várias manifesta-
ções e acepções do Direito de Liberdade e Igualdade. Os assuntos a
serem estudados estão estritamente interligados com os Direitos Hu-
manos e com os preceitos constitucionais, tornando a aprendizagem
essencial à sua formação acadêmica, profissional e pessoal. Sendo
assim, convido você a continuar com a leitura do livro.
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PENSANDO JUNTOS
Caro(a) aluno(a), o texto apresenta os termos: rol exemplificativo e rol taxativo. Você sa-
beria a diferença entre ambos? Quais implicações destes conceitos para os direitos fun-
damentais?
Pois bem, o rol taxativo apresenta uma lista de conceitos não determinada e fixa,
viabilizando sua expansão conforme os princípios constitucionais, enquanto o
rol exemplificativo apresenta conceitos determinados e limitados, impedindo a
sua expansão de forma doutrinária e jurisprudencial.
Os Direitos Humanos, desta forma, pertencem ao ramo do direito internacional
público, visto que são Direitos Fundamentais e prerrogativas estabelecidas e positiva-
das no plano internacional, por meio de declarações, tratados, convênios entre outros,
com objetivo de concretizar direitos essenciais para a dignidade da pessoa humana,
evitando tratamentos humilhantes e deteriorantes, sendo, portanto, um conjunto de
direitos do homem protegidos na ordem internacional (MARTINS, 2022).
Nota-se, dessa forma, que os Direitos Humanos são garantias delimitadas no
ordenamento jurídico com a finalidade de permitir a convivência digna, livre
e igual para todas as pessoas, efetivando a dignidade da pessoa humana, po-
dendo se manifestar das mais diversas formas. Estando, muitas vezes, atrelados
aos direitos fundamentais adotados pelos Estados, os Direitos Humanos estão
positivados de forma expressa e não taxativa no ordenamento jurídico nacional
e internacional, de forma a guiar as relações jurídicas subjetivas.
Embora atuem diretamente nas relações jurídicas subjetivas, não são todos
os direitos fundamentais dos homens que podem ser atrelados a concepção de
direito subjetivo, visto que estes últimos “conferem ao indivíduo a possibilidade
de transformar a norma geral e abstrata contida em um determinado ordena-
mento jurídico em algo que possua como próprio” (MARTINS, 2022, p. 163). Isso
é a plena possibilidade de fruição e gozo de um direito estabelecido na legislação
pátria, independentemente de quaisquer circunstâncias a atuações estatais.
De fato, os direitos subjetivos estão relacionados com a própria essência do ho-
mem, assim como os direitos humanos, se diferenciando destes, conforme salienta
Amaral (2008), em razão da possibilidade que uma pessoa tem “para realizar seus
interesses nos limites da lei, constituindo-se juntamente com o respectivo titular, o
sujeito do direito, em elemento fundamental do ordenamento jurídico” (2008, p. 338).
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Não podemos afirmar que todos os Direitos humanos são direitos subjetivos,
uma vez estes podem se manifestar por meio de duas dimensões: dimensão sub-
jetiva e dimensão objetiva, sendo que a primeira se volta a concepção de que os
direitos do homem positivados na ordem jurídica internacional são proposições
jurídicas que visam proteger o ser humano como indivíduo dotado de direitos.
Enquanto a segunda está direcionada à proteção dos direitos humanos voltados
para os Estados e o seu dever de atuar e criar mecanismos que promovam os
direitos humanos na sociedade (BRANCO; MENDES, 2017).
Sinteticamente, a dimensão subjetiva reflete a prerrogativa que um indivíduo
tem para invocar uma norma jurídica a fim de exigir do Estado a execução de
uma ação, obrigação de fazer ou não fazer, ao passo que a dimensão objetiva está
direcionada a ideia de que os Direitos Humanos norteiam a aplicação e interpre-
tação de todo o ordenamento jurídico (MARTINS, 2021).
Assim, atrelar e limitar os Direitos Humanos apenas como direitos sub-
jetivos seria inadequado, observado que os primeiros podem ser inexequí-
veis, tanto por questões financeiras e orçamentárias do Estado, quanto por
outras circunstâncias fáticas que impedem sua efetivação na realidade social.
Em contrapartida, o segundo “pressupõe que as prestações materiais já hajam
sido precisadas e delimitadas - tarefa própria de órgão político, e não judicial”
(MENDES; BRANCO, 2017, p. 149).
Feito essas explanações, nota-se que os direitos subjetivos decorrem do mes-
mo fundamento dos direitos humanos, porém, estão relacionados à concepção
do pensamento individualista e sua fruição e gozo na realidade, ao contrário dos
direitos humanos que são coletivos e abrangentes positivados na ordem jurídica.
Em síntese os direitos humanos têm um caráter universal, sendo direcionados
a todos os seres humanos, os quais são titulares desses direitos apenas por ser
caracterizado como ser humano, podendo utilizar da prerrogativa em âmbito
jurídico nacional ou internacional, como sustenta Mazzuoli (2016, p. 34): “[...]
podem ser vindicados indistintamente por todos os cidadãos do planeta e em
quaisquer condições, bastando ocorrer a violação de um direito seu reconhecido
em norma internacional aceita pelo Estado em cuja jurisdição se encontre”. No
mesmo diapasão, Ramos ensina que “os direitos humanos, por definição, são di-
reitos de todos os indivíduos, não importando origem, religião, grupo social ou
político, orientação sexual e qualquer outro fator” (2017, p. 612).
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Magna, outorgada pelo rei inglês João I, no ano de 1.215, a qual limitou a atuação
estatal, viabilizando o surgimento de direitos fundamentais (MARTINS, 2021).
Dando seguimento aos aspectos históricos dos direitos humanos, neste pe-
ríodo histórico surgiu normas estatais de direitos humanos na Inglaterra, tais
como Petition of Right (Petição de Direito), de 1.628 e do Bill of Rights de 1.689,
ambos voltados para a limitação de poder do governante e para o estabelecimento
direitos e garantias fundamentais básicas, tornando-se manifestações históricas
dos direitos humanos (MARTINS, 2022).
Com este avanço, no século XVIII na Europa, um movimento político-social
com concepção liberal, iniciado pela burguesia durante o Iluminismo, que am-
bicionava se opor ao poder arbitrário e absoluto do soberano, com a finalidade
de limitá-lo, reconhecendo o povo como real detentor do poder e declarando
liberdades e direitos individuais (TAVARES, 2012). Este novo movimento deu
ensejo a documentos formais direcionados à construção de uma nova ordem
constitucional com limitação e separação de poderes e com reconhecimento de
direitos individuais (CANOTILHO, 1993).
A positivação de direitos decorre da necessidade que os seres humanos pos-
suem em delimitar por escritos os direitos e deveres instituídos em uma ordem
constitucional, visto que “nenhum homem tem uma autoridade natural sobre
seu semelhante e já que a força não produz nenhum direito, restam apenas as
convenções como base de toda autoridade legítima entre os homens” (ROU-
SSEAU, 2007, p. 27), permitindo a organização social e a convivência, em tese,
harmoniosa, igualitária e justa.
No ano de 1776, foi promulgada a Declaração de Independência dos
Estados Unidos da América, a qual estabeleceu igualdade entre os homens,
conferindo a estes direitos inalienáveis, tornando-se o primeiro documen-
to histórico escrito que declara a igualdade entre todos os seres humanos.
Ocorre que, apesar de delimitar e reconhecer a igualdade, sendo um marco
para o início dos movimentos de independência dos povos, este documento
manteve a escravidão.
Com a positivação de direitos, os direitos humanos foram formalizados e,
historicamente, os documentos de maior relevância, que impulsionaram o de-
senvolvimento e aperfeiçoamento dos Direitos Humanos, propagando as ideias
das prerrogativas essenciais do homem, foram a Constituição dos Estados Unidos
da América, datada de 1787 e a Constituição da França, datada de 1791.
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EXPLORANDO IDEIAS
A Segunda Grande Guerra Mundial foi um conflito, envolvendo Inglaterra, França, Estados
Unidos versus Alemanha, Itália e Japão, que iniciou no dia 1º de setembro de 1939, com
a invasão alemã na Polônia e terminou em 8 de maio de 1945, quando a Alemanha se
rendeu, reconhecendo a derrota. Embora tenha ocorrido a rendição alemã, o Japão per-
durou os conflitos até 02 de setembro de 1945, gerando milhares de mortes e destruição
de grandes proporções.
Esta Guerra ocorreu pela ânsia expansionista da Alemanha, pela disputa por territórios,
pela vontade de revanche alemã diante da derrota na Primeira Guerra Mundial, dentre
outros fatores. Importante destacar que o Brasil participou da Segunda Guerra Mundial,
ao declarar guerra ao Eixo, em 22 de agosto de 1942, e encaminhar várias tropas de com-
batente à Europa.
Fonte: Silva, 2021.
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Como consequência o Estado, até então inerte e passivo, passa a agir de forma
ativa na consumação de direitos constitucionais, visando a construção de uma
sociedade justa e igualitária, constituindo um Estado de Bem-estar social, em que
há a concretização de direitos e da igualdade jurídico-formal, evitando abusos
estatais e exclusões sociais.
Assim, observa-se que a Declaração de Direitos Humanos delimitou de for-
ma expressa a limitação de poder e a definição de direitos individuais, sociais,
coletivos e econômicos devendo o Estado agir ativamente para a promoção dos
direitos essenciais aos homens, realizando ações objetivas (LENZA, 2010).
Nesse sentido, de acordo com Martins, “o Estado deveria abandonar sua pos-
tura passiva, eminentemente liberal, e assumir um papel positivo, ativo, a fim de
que a igualdade jurídico-formal apregoada nos textos constitucionais fosse, de
fato, concretizada” (2022, p. 24).
Desse modo, com o avançar dos Direitos Humanos, o Estado deve almejar a
efetivação das prerrogativas essenciais ao homem na realidade social, tornando:
“
[...] as relações sociais e econômicas mais equilibradas, mediando os
conflitos coletivos e neutralizando as diferenças de classe ao prote-
ger os mais fracos, seja convertendo-os em portadores de determi-
nados direitos perante os Poderes Públicos (MARTINS, 2022, p. 41).
Para tanto, o Ente Público deve não apenas estabelecer novos direitos humanos
com intuito de construir uma sociedade justa e igualitária, mas deve desenvol-
ver ações efetivas para constituir um Estado de Bem-estar social, em que haja a
concretização de direitos e da igualdade jurídico-formal.
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EXPLORANDO IDEIAS
Caro(a) aluno(a), cumpre destacar que os direitos coletivos é gênero cujas espécies são os
direitos coletivos strictu sensu, direitos difusos e direitos individuais homogêneos. Os pri-
meiros estão direcionados a um grupo determinado e certo de pessoas, visto que sua ti-
tularidade é atribuída a uma figura subjetiva pública ou privada concreta ou determinável,
tendo como objeto um direito indivisível. Diferentemente, os Direitos Difusos são direitos
metaindividuais e indivisíveis, cuja titularidade não é certa, inexistindo vínculo jurídico ou
fático muito preciso, isto é, as pessoas não são determinadas, tampouco determináveis,
sendo usufruídos por um número indeterminado de pessoas. Em contrapartida, os Direitos
Individuais homogêneos são direitos divisíveis com titulares determinados, isto é, são pes-
soas que possuem os mesmos direitos diante de uma circunstância igual (TAVARES, 2012).
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“
Os direitos individuais caracterizam-se, em geral, pela inclusão
no rol dos direitos humanos de primeira dimensão. Os direitos
coletivos são os direitos humanos de terceira dimensão. Direitos
coletivos, em sentido amplo, designam os interesses de grupos de
pessoas indeterminadas. Os direitos sociais, juntamente com os di-
reitos econômicos e culturais, compõem os direitos humanos de
segunda dimensão. São as liberdades positivas, que objetivam a tu-
tela dos hipossuficientes, única forma de implementar efetivamente
a igualdade social, fundamento do Estado brasileiro (inc. IV do art.
1º, 2012, p. 560).
Observa-se desta forma que, os direitos coletivos dos povos, também denomina-
do de direitos fundamentais ou direitos humanos de terceira geração ou dimensão,
como já afirmado, estão direcionados a uma coletividade determinada, a um grupo
de pessoas específicas que possuem um vínculo, sendo “direitos individuais exercidos
coletivamente, como o direito de reunião e de associação” (TAVARES, 2012, p. 529).
Previsto constitucionalmente de forma não taxativa, os direitos coletivos de-
correm de movimentos sociais voltados para a efetivação de um Estado Demo-
crático de Direitos, estando interligados a “tutela constitucional do consumidor,
mandado de segurança coletivo, ação popular para a defesa do patrimônio públi-
co” (MARTINS, 2021, p. 753), isto é, relacionam-se diretamente com o exercício
de direito de um grupo.
Embora estejam intimamente relacionados à efetivação de direitos dos indi-
víduos, os Direitos coletivos não pode ser confundidos com os Direitos Sociais,
pois estes são direitos de segunda dimensão, voltados para a concretização de um
Estado Social de Direito, uma vez que “disciplinam situações subjetivas pessoais
ou grupais de caráter concreto” (SILVA, 2007, p. 183). Realizada essa breve distin-
ção entre direitos, é imprescindível expor que os Direitos sociais, com objetivo de
efetivar prerrogativas na realidade e concretizar um estado de bem-estar social,
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“
[...] foi a primeira a prever sistematicamente direitos sociais, entre
eles a inviolabilidade do direito à assistência, os direitos à assistência
judiciária gratuita, direito ao trabalho e à assistência dos indigentes,
além de afirmar a existência digna como objeto de ordem econômi-
ca (MARTINS, 2022, p. 144).
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“
Desta maneira, por serem origens, finalidades e razões muito dis-
tintas, tentar aplicar a noção de direito subjetivo aos direitos sociais,
parece bastante inadequada. [...] de fato, seria ingenuidade admitir
que todos os direitos sociais são direitos públicos subjetivos, ple-
namente exequíveis, tanto porque a efetividade dos direitos sociais
muitas vezes está condicionada pela disponibilidade financeira do
Estado ou por outras contingências fáticas ou econômicas (MAR-
TINS, 2022, p. 163).
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“
Cada Estado Parte do presente Pacto compromete-se a adotar me-
didas, tanto por esforço próprio como pela assistência e cooperação
internacionais, principalmente nos planos econômico e técnico, até
o máximo de seus recursos disponíveis, que visem a assegurar, pro-
gressivamente, por todos os meios apropriados, o pleno exercício
dos direitos reconhecidos no presente Pacto, incluindo, em particu-
lar, a adoção de medidas legislativas (BRASIL, 1992, s/p).
Com esse breve trecho do ato normativo, percebe-se que a Assembleia Geral
das Nações Unidas, elaboradora do texto do pacto internacional, não objetiva
a retirada da autonomia dos Estado. Ao contrário, ela visa garantir a soberania
dos Estado e o estabelecimento de normas programáticas para a concretização
de direitos na realidade social.
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Caro(a) Estudante, você deve ter percebido que o escopo primordial das legis-
lações que tratam sobre os direitos humanos, em suas várias manifestações, ob-
jetivam a concretização de preceitos básicos, como a igualdade, a liberdade e os
direitos de personalidade.
Nessa perspectiva, passaremos ao estudo do Direito de Igualdade, visto ser
este essencial para a concretização de uma sociedade justa. Por tanto, a Igualdade
pode ser entendida como “qualidade ou estado de igual” (FERREIRA, 2001, p.
401), ou seja, é a equiparação dos indivíduos, reconhecendo que todos são sujeitos
de direitos e garantias constitucionais inerentes ao homem.
No ordenamento jurídico brasileiro, a igualdade está prevista no Art. 5º
da Constituição Federal, o qual delimita que “todos são iguais perante a lei,
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“
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberda-
des proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma,
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“
Art. 10 Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua
causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal inde-
pendente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou
das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela
seja aduzida (BRASIL, 1992, s.p.).
“
A Liberdade é um valor que muito dificilmente se conseguirá defi-
nir com precisão, sendo que sua experiência e sua vivência é que, de
modo efetivo, farão com que se tenha “noção” de seu conteúdo. [...] a
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“
liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que não prejudique
a outrem; assim sendo, o exercício dos direitos naturais de cada
homem não tem outros limites senão os que assegurem aos demais
membros da sociedade o gozo desses direitos. Tais limites não po-
dem ser determinados senão pela lei (BRASIL, 1992, s.p.).
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todos são livres perante a lei, podendo fazer tudo o que a lei não proíbe, desde
que não viole direitos fundamentais individuais e coletivos.
Nessa perspectiva, o Direito à Liberdade poderá se manifestar por meio do
direito de locomoção, o qual foi arrolado no rol constitucional de direitos funda-
mentais, consistindo na prerrogativa que o indivíduo tem de ir, vir e permanecer
no território nacional, não podendo ninguém ser privado da sua liberdade, salvo
quando for decretado Estado de Defesa e Estado de Sítio, ou em hipóteses de
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente (LENZA, 2010).
Embora haja a possibilidade de restrição constitucional a Direitos Funda-
mentais, é notório que esta não pode ocorrer de forma arbitrária e ilegítima,
devendo todos os atos de minimização de um direito ser respaldados na legis-
lação, a fim de permitir uma atuação de forma efetiva e legítima. Assim, quando
os direitos de locomoção de pessoas física forem violados ou estiver sob ameaça
de serem violados, por uma ação abusiva ou ilegítima, o ordenamento jurídico
prevê a possibilidade da utilização de um Instituto jurídico para coibir a ação
ilegítima de cerceamento de liberdade de locomoção, qual seja: Habeas Corpus
(FERNANDES, 2020).
O Habeas Corpus é uma ação constitucional que objetiva a proteção do direito de
locomoção, a fim de evitar lesões ou ameaça de lesões à liberdade de ir, vir e permane-
cer. A condição básica para a impetração deste remédio constitucional é a existência
de violência ou coação moral que ameace o direito de locomoção (MARTINS, 2021).
O Habeas Corpus poderá ser preventivo, denominado de salvo conduto, ou
repressivo. O Habeas Corpus preventivo será utilizado quando o titular de direi-
tos fundamentais se sentir ameaçado de sofrer violência ou coação em seu direito
de ir, vir e permanecer, em razão de ilegalidade ou abuso de poder, sendo que a
violação ao direito ainda não foi concretizada. Em contrapartida, quando a vio-
lação ao Direito de Locomoção já estiver consubstanciada deverá ser impetrado
o Habeas Corpus repressivo, o qual objetiva acabar com a violência ou coação
moral e restabelecer a prerrogativa de ir, vir e permanecer (LENZA, 2010).
Embora seja muito usado na área criminal, o Habeas Corpus não é um recur-
so processual, mas uma ação constitucional autônoma que tutela a liberdade de
locomoção não podendo ser utilizada para pleitear indenizações, solicitar certi-
dões ou restituições de bens apreendidos ou discutir confisco criminal de bens,
tampouco pode ser usada para questionamentos quanto a guarda e visitação de
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- Não pode a ação penal ser iniciada com base apenas em denúncias anô-
nimas, podendo esta apenas gerar ações de investigação para colheita e
estabelecimento de novas provas.
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UNIDADE 3
revistas etc., sendo que ofensas havidas em redes sociais não serão passíveis de
viabilizar o direito de resposta, cabendo apenas responsabilização cível e penal. O
prazo para ser requerido o direito de resposta será de 60 (sessenta) dias, a contar
da publicação da manifestação, independentemente de a pessoa que teve seu
direito violado saber ou não deste fato (MARTINS, 2021).
Feitas estas explanações, passaremos à análise da Liberdade de consciência
e crença, a qual possui dois aspectos: o primeiro refere-se ao direito a professar
qualquer religião e o segundo refere-se ao direito de não professar nenhuma
religião. Estes aspectos decorrem da laicidade do Estado brasileiro, o qual não
delimita uma religião como oficial, assim como não proíbe nenhuma manifes-
tação religiosa.
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pensamentos dos mais variados assuntos e temas, desde que não viole direitos
individuais e coletivos de outrem, sem autorização do governo ou de qualquer
órgão que poderia limitar esta manifestação.
Embora seja ampla, a Liberdade artística, científica e de comunicação não é
absoluta, pois como decidiu o Supremo Tribunal Federal, no Habeas Corpus nº
82424, um livro pode configurar um crime de racismo, quando for ofensivo e
apresentar conceitos violadores de direitos individuais e coletivos.
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“
[...] subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a
sua integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto,
corpo alheio vivo ou morto, partes separadas do corpo vivo ou mor-
to); a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria
científica, artística e literária) e sua integridade moral (honra, reca-
to, intimidade, segredo pessoal, doméstico e profissional, imagem,
identidade pessoal, familiar e social) (LENZA, 2010, p. 888).
“
[...] os direitos da personalidade consistem no conjunto de carac-
teres próprio da pessoa, a personalidade não é um direito, de modo
que seria errôneo afirmar que o humano tem direito à personali-
dade. A personalidade é que apoia os direitos e deveres que dela
irradiam, é o objetivo de direito, é o primeiro bem da pessoa, que
lhe pertence como primeira utilidade, para que ela possa ser o que
é, para sobreviver e se adaptar às condições do ambiente em que
se encontra, servindo-lhe de critério para aferir, adquirir e ordenar
outros bens (DINIZ, 2003, p. 119).
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Assim, além dos aspectos históricos sobre direitos humanos, foram abordadas
as noções gerais sobre alguns tipos de direitos do homem em espécie, os quais
são essenciais para a consolidação da dignidade da pessoa humana e de uma
sociedade justa e harmônica.
No decorrer da unidade, desta forma, ficou evidenciado que os direitos são
dados históricos decorrentes das ações humanas e que se modificam conforme os
anseios sociais e necessidades públicas, permitindo maior adaptabilidade na reali-
dade social e normatização dos preceitos essenciais para a efetivação da dignidade
da pessoa. Por serem historicamente construídos, os direitos humanos refletem os
objetivos, a cultura, valores e aspectos básicos da sociedade, regulando de forma
objetiva as relações e limitando a atuação estatal, permitindo paridade e liberdade.
A liberdade e a igualdade são direitos básicos dos homens e são essenciais
para a concretização de uma sociedade justa, não podendo ser ignorados na
prática profissional, assim como os demais direitos e princípios estabelecidos no
ordenamento jurídico pátrio.
Evidencia-se, desta forma, que os direitos positivos na ordem jurídica se inter-
-relacionam, formando um conglomerado de prerrogativas direcionadas a con-
sumação de uma vida digna e estruturação harmônica e igualitária da sociedade.
Ocorre que, infelizmente, embora sejam claras as delimitações de garantias para
a consolidação do Estado Democrático de Direito, as violações e a relativização
inadequadas dos direitos humanos ainda estão presentes no bojo da sociedade,
infringindo os preceitos basilares formadores da sociedade.
São exemplos, do desrespeito dos direitos humanos e prerrogativas relevantes
para a dignidade da pessoa humana, a omissão estatal em viabilizar educação de
qualidade e o uso indevido da força policial, desobedecendo a normatização e os
preceitos constitucionais e internacionais para a efetivação de direitos humanos.
Assim, embora pareçam longe da realidade profissional dos agentes de segu-
rança pública, as temáticas estudadas permitem a atuação lícita e proporcional,
evitando ações irregulares que violem direitos. Da mesma forma, permitem o
pleito de sanção, protocolado em órgãos internacionais, ao Estado gerador da vio-
lação, tais como ocorreram em desfavor do Estado brasileiro. Isto se observa pelas
várias denúncias sobre violações a direitos humanos que foram protocoladas em
órgãos internacionais de defesa aos direitos do homem, para requerer a punição
do Ente Público e a reestruturação da organização das instituições de segurança
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1. A igualdade é um direito previsto na Constituição Federal que defende que todos são
iguais perante a lei, detendo os mesmos direitos, prerrogativas e deveres. Contudo,
embora seja essencial para a efetivação de direitos e da dignidade da pessoa humana,
a igualdade que equipara todos de forma igual, sem analisar suas individualidades,
não é capaz de viabilizar a fruição e o gozo de direitos. Por tal motivo, foi desenvolvida
uma nova conceitualização de igualdade, a qual objetiva o tratamento desigual aos
indivíduos que estão em situação de desigualdade, ou seja, permitindo que todos
usufruam dos mesmos direitos e prerrogativas independentes de suas condições.
a) Igualdade Formal.
b) Igualdade Prática.
c) Igualdade Material.
d) Igualdade para todos.
e) Igualdade Eficaz.
I - Lei Maria da Penha, que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a
mulher.
II - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
III - Lei de Cotas Sociais e Raciais para o ingresso em Universidades Públicas
Com base no apresentado, assinale a alternativa que apresenta apenas afirmativas
corretas no que se refere às manifestações da igualdade material:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.
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3. Os direitos sociais visam a prestação material com a finalidade de diminuir as desi-
gualdades sociais, possibilitando que o maior número possível de indivíduos possa
usufruir e gozar das prerrogativas normativas. Nesse sentido, podem ser conside-
rados direitos sociais:
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4
A Constituição
Federativa do Brasil
de 1988: Direitos
Fundamentais,
Organização do
Estado, dos Poderes e
da Ordem Social.
Esp. Beatriz Gasparin Moreira
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UNIDADE 4
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UNIDADE 4
“
Há as garantias fundamentais gerais ou genéricas, que acompanham
a redação dos direitos, proibindo abusos e outras formas de vulne-
ração, como, por exemplo, a proibição da censura que assegura a
liberdade de expressão. Há ainda as garantias específicas, que con-
sistem em instrumentos processuais que tutelam os direitos e liber-
dades fundamentais, como o habeas corpus, mandado de segurança,
mandado de injunção, habeas data, ação popular e ação civil pública.
Essas garantias também são chamadas de garantias fundamentais
instrumentais (RAMOS, 2014, p. 456).
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UNIDADE 4
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UNIDADE 4
político. Já no seu parágrafo único está disposto que todo o poder emana do povo,
que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição, o que reforça a sua reaproximação à democracia.
A soberania consiste na participação popular nas decisões afetas às
questões políticas, mediante referendo, plebiscito e iniciativa popular para pro-
posta de lei, e é exercida pelo sufrágio universal, voto direto e secreto, tudo isso em
consonância com o artigo 14 da Constituição Federal. Para Ramos (2014, p. 348),
a soberania ainda possui duas esferas, a interna e a externa: “Na esfera externa, a
soberania consiste no poder político independente na esfera internacional. Na
sua esfera interna, a soberania consiste no poder político titularizado pelo povo,
redundando na soberania popular”.
A cidadania está ligada à nacionalidade e a capacidade do povo na for-
mação de vontade do poder estatal. Ela pode ser exercida de diversas maneiras,
vejamos no fragmento do art. 98, II:
“
A cidadania da Constituição de 1988 possui diversas facetas, a sa-
ber: 1) cidadania-eleição, que permite ao cidadão-eleitor votar e ser
votado; 2) a cidadania-fiscalização, que permite ao cidadão propor
a ação popular (art. 5º, LXXIII), noticiar irregularidades ou ilega-
lidades perante o Tribunal de Contas da União (art. 74, § 2º), ou
ainda ser eleito conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (art.
103-B, XIII) e do Conselho Nacional do Ministério Público (art.
130-A,VI); 3) a cidadania-propositiva, que permite ao cidadão dar
início a projetos de lei (art. 61, § 2º); 4) cidadania-mediação social,
que permite ao cidadão ser eleito Juiz de Paz (RAMOS, 2014, p. 348).
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UNIDADE 4
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de dis-
criminação. O art. 4º, por sua vez, expõe os princípios relacionados às relações
internacionais em que o Brasil faça parte.
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UNIDADE 4
Segundo Ramos (2014, p. 59), no que se refere ao regime jurídico dos direitos
individuais, o autor afirma que “o regime jurídico dos direitos individuais é robus-
to: são de aplicação imediata (art. 5º, § 1º) e ainda componentes do núcleo pétreo
da Constituição (art. 60, § 4º, IV), tornando-os elementos centrais na identidade
constitucional imutável do Brasil”.
Em relação aos Direitos Coletivos, trata-se dos direitos em que são titu-
lares um agrupamento de pessoas. De acordo com Ramos (2014), eles podem
ser divididos em direitos coletivos difusos, direitos coletivos em sentido estrito e
direitos coletivos individuais homogêneos. Os direitos coletivos difusos se refe-
rem à direitos transindividuais em que são titulares um grupo indeterminado de
pessoas, ao passo que os direitos coletivos em sentido estrito, também são direitos
transindividuais, só que os seus titulares são pessoas determinadas.
No que toca os direitos coletivos individuais homogêneos, eles possuem li-
gação por meio de uma relação jurídica, ou seja, são direitos pertencentes a um
grupo de pessoas, e esse grupo de pessoas são ligados entre si por meio de uma
relação jurídica, ou por meio da ligação que possuem com a parte contrária.
Eles não possuem natureza indivisível, mas possuem a sua origem comum. Há
ainda os direitos individuais de expressão coletiva, que são direitos formados
por a junção de vontade de um grupo de pessoas, como por exemplo, o direito
de liberdade à associação.
Querido(a) aluno(a), o Título II, Capítulo I, da Constituição Federal, denomi-
na-se “Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos”, portanto, podemos extrair
que a CF/1988 não apenas trouxe direitos aos indivíduos ou grupos, mas também
impôs obrigações. Esses deveres impõem que os indivíduos, grupo de indivíduos
e o próprio Estado realize obrigações para que determinado direito fundamental
alheio não seja violado. Ramos (2014) divide esses deveres em duas categorias, a
primeira, chamada concepção de dever em sentido amplo, refere-se ao dever
de proteção do Estado, que não pode deixar que ocorram violações de terceiros
em face determinado direito fundamental de alguém. Essa concepção também
atinge os particulares, no sentido do dever de não violar direito essencial alheio.
Já em relação à segunda concepção, chamada concepção em sentido estri-
to, refere-se ao dever que determinados agentes públicos e particulares possuem
de realizar condutas de cunho obrigatório e indispensável para que determinados
direitos fundamentais sejam respeitados. André Carvalho de Ramos, cita alguns
desses deveres, que estão previstos na CF/1988, vejamos:
110
UNIDADE 4
“
Cabe citar, em relação aos agentes públicos, o dever de respeitar a in-
tegridade física e moral do preso (art. 5º, XLIX); o dever de comunicar
a prisão e o local onde se encontre o detido imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada (art. 5º,
LXII); o dever de informar aos presos de seus direitos, entre os quais o
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e
de advogado (art. 5º, LXIII); o dever de informar ao preso a identifica-
ção dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial
(art. 5º, LXIV), o dever de relaxar imediatamente a prisão ilegal (art. 5º,
LXV), o dever de não prender nenhum indivíduo quando a lei admitir
a liberdade. Quanto aos particulares, há deveres específicos, como o
de prestar o serviço militar ou civil alternativo (art. 143), bem como
o dever de votar (art. 14, § 1º, I), entre outros. (RAMOS, 2014, p.64)
“
Acepção positiva: está associada ao direito à existência digna, que
assegura o acesso a bens e utilidades indispensáveis para isso. Ela
não se limita ao mínimo existencial, pois garante também preten-
sões de caráter material e jurídico, de modo que os poderes públicos
devem adotar medidas positivas de proteção da vida, de amparo
material e de emissão de normas protetivas;
111
UNIDADE 4
112
UNIDADE 4
violação ao direito à vida. Tal conduta não será considerada crime, pois se trata
de uma excludente de ilicitude (SENA, 2021).
Enquanto o Estado de Necessidade consiste quando alguém, para salvar seu
próprio bem, ou de terceiros, acaba ofendendo bem de outra pessoa. Ainda que
tal conduta lese a vida ou integridade física de outrem, não será considerada
crime tendo em vista também se tratar de excludente de ilicitude (SENA, 2021).
Portanto, ainda que o direito à vida seja essencial e, por muitos, considerado
o direito mais importante consagrado no ordenamento pátrio brasileiro, ele não
é absoluto, e de acordo com o caso concreto, pode abranger exceções.
113
UNIDADE 4
com Ramos (2014, p. 466) “essa igualdade efetiva ou material busca ir além do
reconhecimento da igualdade perante a lei: busca ainda a erradicação da pobreza
e de outros fatores de inferiorização que impedem a plena realização das poten-
cialidades do indivíduo.”
Portanto, atualmente, encontramos duas concepções de igualdade: a igualdade
formal e a igualdade material. A igualdade formal representa o tratamento
igual dos indivíduos perante a lei, ou seja, o poder público precisa tratar todos
em igualdade, sem distinção. Enquanto a igualdade material representa o tra-
tamento igual na medida das igualdades, ou seja, tratamento igual para os
iguais e tratamento desigual para aqueles em situação de desigualdade.
Portanto, a igualdade material impõe a obrigação de tratamento diferencia-
do para as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade ou desigual. Por
exemplo, a igualdade não estaria prevista se o tratamento de uma pessoa com
deficiência para a concorrência de vagas a um concurso público se desse da mes-
ma maneira que uma pessoa que não possui deficiência. Dessa forma, o art. 37,
VIII, CF/1988, atendeu essa igualdade com a reserva de vagas para as pessoas
com deficiência. Ainda, ao impor impostos sobre grandes fortunas, previstos no
artigo 153, VII, da CF/1988, também impõe o tratamento igual para àqueles que
estejam em uma extrema vantagem social (RAMOS, 2014).
EXPLORANDO IDEIAS
114
UNIDADE 4
“
Esse dever de inclusão leva a tratamentos desiguais aos desiguais.
A própria Constituição lista hipóteses de tratamento diferenciado
para que se obtenha a igualdade material, como, por exemplo: reser-
va de vagas às pessoas com deficiência nos concursos públicos (art.
37, VIII da CF/1988); i) no tratamento previdenciário privilegiado
às mulheres (art. 40, § 1º, III, e art. 201, § 7º, I); ii) na isenção das
mulheres e eclesiásticos do serviço militar obrigatório em tempo de
paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir (art.
143, § 2º); iii) na garantia de um salário mínimo de benefício mensal
à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei (art. 203, V); iv) na previsão de que
a lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta signifi-
cação para os diferentes segmentos étnicos nacionais (art. 215, § 2º).
115
UNIDADE 4
virtude da lei, liberdade de pensamento (inciso IV), o qual dispõe que é livre a
manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato, liberdade de crença
consciência religiosa (inciso VI), liberdade de locomoção (inciso XV), liberdade
de reunião (inciso XVI) e liberdade de associação (incisos XVII a XXI).
Realizarei agora alguns apontamentos importantes referentes aos direitos de
liberdade. Em relação à liberdade de ação, de acordo com o princípio da legalidade,
podemos extrair que ele se desdobra em duas vertentes: uma para os particulares
e outra para os agentes públicos. Para os particulares, estes são livres para fazerem
tudo o que a lei não proíbe, enquanto os agentes públicos somente podem fazer o
que a lei definiu para fazerem, com o objetivo de evitar arbitrariedades.
O inciso que aponta sobre a liberdade de manifestação do pensamento, impõe
também uma limitação a esse direito, no momento que expressa que é vedado
o anonimato. Essa vedação garante a possibilidade de indenização para aquele
que se sentiu ofendido com a manifestação de outra pessoa. Ademais, o Supre-
mo Tribunal Federal, em julgado recente, entendeu pela constitucionalidade da
marcha da maconha, em razão do princípio da liberdade de manifestação. Na
época, foi questionado se essa marcha seria legal, uma vez que alguns entendiam
que ela fazia apologia ao crime, no entanto, a Suprema Corte não entendeu nesse
sentido. É também em razão da liberdade de manifestação de pensamento que
o Supremo Tribunal Federal decidiu, no Recurso Extraordinário 511901, sobre
a inconstitucionalidade da exigência do diploma de jornalismo para o exercício
da profissão de jornalista.
A liberdade de locomoção, também prevista na Declaração Universal dos
Direitos do Humanos, afirma que ninguém poderá ser privado de locomoção no
território nacional em tempos de paz. Cabe ressaltar que as únicas hipóteses de o
indivíduo ter restringido o seu direito à locomoção em tempo de paz, seria por
meio de decretação de prisão por decisão fundamentada e escrita de autoridade
judiciária competente, bem como por prisão em flagrante.
O direito à propriedade, previsto no inciso XVII e caput do art. 5º, confere
ao proprietário o direito de usar, gozar, dispor e reavê-la de quem injustamente a
detenha, conforme art. 1.228 do Código Civil, no entanto, assim como qualquer
outro direito fundamental, o mesmo não é absoluto. O direito à propriedade
pode sofrer limitação quando, por exemplo, o proprietário não cumprir a fun-
ção social da propriedade ou no caso por interesse público. Essas restrições
podem se dar por meio da desapropriação, limitação administrativa, ocupação
116
UNIDADE 4
117
UNIDADE 4
Querido(a) aluno(a), seguindo a ordem dos direitos humanos que está prevista
na Constituição Federal de 1988, depois de entendermos um pouco o que são os
direitos e deveres individuais coletivos, previstos no art. 5º, e que trata de manei-
ra geral dos direitos de primeira dimensão, partiremos agora para o estudo dos
direitos sociais, que estão previstos no art. 6º, Capítulo II, denominado “Direitos
Sociais”. O art. 6º da Constituição, assim dispõe:
“
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos de-
samparados, na forma desta Constituição (BRASIL, 1988).
118
UNIDADE 4
Irredutibilidade do salário.
Hora extra.
119
UNIDADE 4
Licença maternidade.
Licença paternidade.
Aposentadoria.
Proibição de diferença de salário por razões de sexo, idade, cor ou estado civil.
Querido(a) aluno(a), esses direitos dispostos acima são os direitos sociais indi-
viduais. A partir do artigo 8º, nós encontramos os direitos sociais coletivos dos
trabalhadores, como o direito à associação sindical ou profissional, direito à greve
e direito à representação. Vejamos:
“
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o
seguinte:
120
UNIDADE 4
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas or-
ganizações sindicais;
121
UNIDADE 4
122
UNIDADE 4
123
UNIDADE 4
EXPLORANDO IDEIAS
124
UNIDADE 4
Portanto, podemos extrair desse artigo que os territórios não são entes federativos,
e que a organização do Brasil se dá de forma descentralizada, cujo poderes são
distribuídos à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, todos autônomos.
No parágrafo primeiro do referido artigo, está disposto que Brasília é a capital do
Brasil. O artigo 19 estabelece algumas vedações aos entes federados, quais sejam:
estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcio-
namento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou
aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; recusar fé
125
UNIDADE 4
“
A primeira vedação decorre da laicidade do Estado Brasileiro, ou
seja, não possuímos religião oficial no Brasil em razão da situação
de separação entre Estado e Igreja. A segunda vedação decorre da
presunção de veracidade dos documentos públicos. E, por último,
contemplando o princípio da isonomia, o qual será tratado em mo-
mento oportuno, fica vedado estabelecer distinções entre brasileiros
ou preferências entre si.
Nos artigos seguintes (20 ao 33) estão dispostos os bens de cada ente federado,
bem como suas competências. Diante disso, convido você, caro(a) aluno(a), a
fazer a leitura dos mesmos e compreender um pouco sobre as competências
específicas de cada ente.
126
UNIDADE 4
127
UNIDADE 4
cada Senador serão eleitos 2 suplentes e a sua competência privativa está prevista
no art. 52 da CF/1988.
No âmbito estadual, o Poder Legislativo é representado pela Assembleia
Legislativa apenas, devido a isso, entende-se que vigora o unicameralismo. O
número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da repre-
sentação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e
seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
Por exemplo, se na câmara dos deputados temos 24 representantes do Estado do
Paraná, isso significa que na sua assembleia legislativa, teremos 72 deputados
estaduais. Por fim, o Poder Legislativo municipal também é unicameral, formado
pela câmara dos vereadores. Os representantes são eleitos para um mandato de
4 anos, também pelo sistema proporcional.
As atribuições do Congresso Nacional estão previstas no art. 48 e 49 da Cons-
tituição Federal. As competências previstas no art. 48 são realizadas por meio de
lei, tendo em vista que depende de sanção presidencial, e as competências previs-
tas no art. 49, uma vez que não dependem de sanção presidencial, é realizada por
meio de decreto legislativo. Essas competências previstas na Constituição Federal,
por regra da simetria, são utilizadas, no âmbito legislativo estadual e municipal,
respectivamente nas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas.
O artigo 53 e seguintes da Constituição Federal trata das prerrogativas e as
vedações parlamentares. De acordo RACK (2012, p.138) “as prerrogativas a eles
concedidas justificam-se pela necessidade de os parlamentares serem livres de pres-
sões e imunes a perseguições políticas ou ideológicas em razão de suas opiniões”.
O Poder Executivo, por sua vez, é comandado no Brasil pelo Presidente
da República, uma vez que a CF/1988 adota o sistema presidencialista, no qual,
a figura do Chefe de Estado e Chefe de Governo estão abrangidos na figura do
Presidente, no entanto, também existe o sistema parlamentarista, como já fala-
mos, no qual a figura do Chefe de Estado pode ser atribuída ao Presidente da
República ou ao Monarca, enquanto a figura do Chefe de Governo é atribuída
ao Primeiro Ministro.
Portanto, a chefia do Executivo no âmbito federal é exercida pelo Presiden-
te da República com auxílio dos ministros de estado, no âmbito estadual, por
simetria, é exercido pelos Governadores com auxílio dos secretários estaduais
e no âmbito municipal é exercido pelos Prefeitos auxiliados pelos secretários
municipais. A escolha dos nomes para esses cargos acontece pela via eleitoral, que
128
UNIDADE 4
129
UNIDADE 4
não especializadas e sua corte superior é o Superior Tribunal de Justiça, que possui
a função de julgar todos os litígios onde haja ofensa à lei federal (HACK, 2012).
A Justiça federal possui competência para julgar as ações que versam sobre
os assuntos que estão dispostos no artigo 109 da CF/1988, e a Justiça Estadual
possui competência residual, ou seja, todos os assuntos que não são tratados pela
Justiça Federal vão para a Justiça Estadual. As demais justiças são especializadas
em função da matéria, temos: a Justiça do Trabalho que tem função de julgar as
questões atreladas às relações do trabalho, e a sua segunda instância é atribuída
aos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e a seu tribunal superior é o Tribunal
Superior do Trabalho (TST).
A Justiça Eleitoral tem como competência julgar as causas relacionadas a
questões relativas às eleições. A segunda instância fica a cargo dos Tribunais Re-
gionais Eleitorais (TRE) e sua corte superior é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para completar as justiças especializadas, temos a Justiça Militar, que julga as
causas relacionadas com as questões militares. A sua segunda instância é atribuí-
da é exercida pelos tribunais regionais e sua corte superior é Superior Tribunal
Militar (STM), (HACK, 2012).
130
UNIDADE 4
OLHAR CONCEITUAL
PODER LEGISLATIVO
Função Típica: Criação e
modificação de leis que inovam o
ordenamento jurídico brasileiro,
e fiscalização e controle
dos atos do Poder
Executivo.
PODER EXECUTIVO
Função Típica: Administrar o
Estado, ou seja, ele é o responsável,
principalmente, a contratar, fazer
compras, gerir o orçamento público,
bem como qualquer outra
atividade relacionada à
administração de
coisa pública. PODERES
PODER JUDICIÁRIO
Função Típica: função de dirimir
os litígios que lhe são apresentados
pela aplicação da lei ao caso
concreto.
131
UNIDADE 4
132
UNIDADE 4
133
1. Leia o texto a seguir:
O direito à vida engloba diferentes facetas, que vão desde o direito de nascer, de
permanecer vivo e de defender a própria vida e, com discussões cada vez mais agu-
das em virtude do avanço da medicina, sobre o ato de obstar o nascimento do feto,
decidir sobre embriões congelados e ainda optar sobre a própria morte.
RAMOS, André Carvalho de. Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2014,
p. 458.
134
3. Leia o texto a seguir:
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II, III, IV, apenas.
e) I, II, III, e IV.
135
5
Cidadania Como
Fator Basilar
do Estado
Democrático de
Direito
Me. Brenda Ohana Rocha Hundzinski
138
UNICESUMAR
139
UNIDADE 5
“
[...] a palavra cidadania possui duas acepções distintas: uma acepção
mais estrita e uma mais ampla. Na acepção mais estrita, a cidadania
é a possibilidade de interferência nas decisões políticas do Estado,
140
UNICESUMAR
“
condições propícias à participação política dos indivíduos na con-
dução dos negócios do Estado, fazendo valer seus direitos, contro-
lando os atos dos órgãos públicos [...] assegurando e oferecendo
condições materiais para a integração irrestrita do indivíduo na
sociedade política organizada.
141
UNIDADE 5
142
UNICESUMAR
“
[...] deve ser entendida como algo mais que um simples conjunto
de direitos. Cidadania é também a sensação de pertencer a certa
comunidade, de compartilhar de valores comuns, de uma história
comum e de experiências comuns.
143
UNIDADE 5
meio dele houve “a restrição dos poderes do rei. O rei não possuía mais poderes
ilimitados. E essa limitação dos poderes não provém apenas de normas superiores
com fundamento nos costumes ou na religião, mas dos próprios direitos inerentes
aos indivíduos” (LOPES, 2010, p.70).
Em suma, a revolução concretizada na Inglaterra deu origem ao Estado
de Direito, impedindo o estabelecimento de um poder absoluto e ilimitado. Com
novos preceitos, a nova ordem jurídica delimitada no Estado inglês influenciou
a eclosão da Revolução Francesa.
A Revolução Francesa, alicerçada na liberdade, igualdade e fraternidade,
ensejou a elaboração da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
de 1789, positivando direitos essenciais do homem para uma vida digna e re-
conhecendo a real igualdade entre os indivíduos, independentemente de suas
características culturais, pessoais, religiosas, étnicas, dentre outras. Com isso, a
conceitualização de cidadania é ampliada para além das concepções anteriores,
que a limitava ao direito de participação política (COSTA e IANNI, 2018).
Com o estabelecimento de uma nova ordem jurídica, reconhecendo e con-
solidando direitos, os quais foram essenciais para a formação da cidadania como
conhecemos atualmente, assim como permitindo o surgimento de um novo sis-
tema econômico pautado no capital econômico.
O novo sistema econômico, denominado de capitalismo, é pautado na “pro-
priedade privada dos meios de produção, na organização da produção visando
o lucro e empregando o trabalho assalariado, e no funcionamento do sistema de
preços” (FERREIRA, 2001, p. 137).
PENSANDO JUNTOS
144
UNICESUMAR
“
[...] com o surgimento da produção mecanizada, organizada como
grande indústria, e com a generalização do trabalho assalariado e a
reprodução de uma classe operária. Assim, a Revolução Industrial
representa a constituição/generalização de relações capitalistas de
produção, o que é fundamental para o pleno domínio do capital
sobre as condições de sua valorização.
Dessa maneira, com intuito de concretizar princípios básicos para uma vida digna
foram estabelecidas e reconhecidas as primeiras garantias do homem, as quais esta-
vam voltadas à efetivação de Direitos Civis, visto que sem estes a própria implanta-
ção e manutenção do capitalismo teriam sido impossibilitadas, já que sem liberdade
e autonomia individuais os homens não conseguiriam participar ativamente da
145
UNIDADE 5
“
[...] a relação entre cidadania e desigualdade de classe teria sido
totalmente funcional, pois o livre funcionamento do mercado fa-
ria com que os homens se distribuíssem em posições extremas e
desiguais: capitalistas e empregados. [...], porém, a implantação de
direitos políticos e de direitos sociais iria contribuir para a diminui-
ção das desigualdades de classe.
“
São direitos civis os direitos que concretizam a liberdade individual,
como os direitos de ir e vir, o de livre pensamento e fé, o de celebrar
contratos, de reunião e associação, o “sagrado” direito à propriedade,
146
UNICESUMAR
“
Ocorre, entretanto, que, no decorrer da análise, essa possibilidade
de variação é parcialmente desmentida. Mais precisamente, [...] es-
pecificidade dos direitos civis com relação aos direitos políticos e
aos direitos sociais: aqueles direitos não só não estariam em conflito
com as desigualdades sociais próprias à sociedade capitalista como
inclusive seriam absolutamente necessários à reprodução, no tempo
histórico, da relação social desigual típica do capitalismo: a relação
econômica entre capitalista e trabalhador assalariado.
147
UNIDADE 5
NOVAS DESCOBERTAS
O liberalismo é um sistema jurídico, político e econômico que surgiu como forma de re-
pressão ao sistema antigo, buscando a efetivação das liberdades individuais e mínima
atuação do Estado.
O liberalismo possui várias correntes ideológicas, as quais foram importantes para a for-
mação da sociedade, do direito e da cidadania. O tema é complexo e de grande amplitude,
indico que a leitura da tese de Doutorado O Pensamento Radical de Thomas Paine (1793-
1797): Artífice e Obra da Revolução Francesa, do Dr. Daniel Gomes de Carvalho, publicado
pela Universidade de São Paulo - USP - e disponível no seguinte DOI: <10.11606/T.8.2018.
tde-12062018-135137>
WEB: O pensamento radical de Thomas Paine (1793-1797): artífice e obra da Revolução
F... (usp.br)
148
UNICESUMAR
NOVAS DESCOBERTAS
149
UNIDADE 5
150
UNICESUMAR
“
um direito fundamental à diferença em todos os âmbitos e expres-
sões da convivência humana — tanto nas escolhas de natureza po-
lítica quanto nas de caráter religioso, econômico, social e cultural,
entre outras —, um valor fundamental, pelo pluralismo, a não discri-
minação, a tolerância, a justiça (MENDES; BRANCO, 2017, p. 178).
Como se vislumbra, o pluralismo, assim como a cidadania, não pode estar ligado
apenas aos aspectos políticos de uma sociedade, visto que são termos amplos que
englobam a multiplicidade de fatores sociais que interferem na vida da coletivi-
dade e na construção de um Estado Democrático de Direito.
151
UNIDADE 5
152
UNICESUMAR
“
ser vítima de preconceitos, de ódio ou de perseguição pelo simples
fato de ser diferente, como tem acontecido no curso da História,
[...] não podendo os traços característicos de cada indivíduo ser
vistos como estigmas, mas, antes, como expressão da sua metafísica
singularidade (MENDES; BRANCO, 2017, p. 179).
153
UNIDADE 5
Caro(a) aluno(a), é evidente que o ordenamento jurídico pátrio pugne pela igual-
dade material, viabilizando o tratamento desigual das pessoas, na medida das suas
desigualdades, com intuito de garantir direitos fundamentais.
Entretanto, vivemos uma sociedade marcada pela violência e por atos de
intolerância, os quais se manifestam contra:
“
[...] aquele que é diferente. Nesse sentido, na realidade brasileira, são
vítimas da intolerância grupos diversos tais como, o índio, o negro
e o nordestino. É dentro desse contexto que ocorre a intolerância e
fundamentalismos diversos, trazendo permanentes desafios à prá-
tica democrática (OLIVEIRA e COELHO, 2016, p. 05).
A tolerância, dessa forma, não pode se limitar ao respeito dos desiguais apenas como
uma forma de como aceitação da diversidade, mas devemos compreendê-la como a
efetivação e busca pela concretização e afirmação de direitos fundamentais do homem.
Analisando nesta perspectiva, observa-se que a cidadania está intimamente
ligada com o pluralismo e a tolerância, visto que ela é o pleno exercício de direitos
e prerrogativas estabelecidas no ordenamento jurídico para a concretização da
dignidade da pessoa humana, sendo que o pluralismo permite a efetivação de
liberdades individuais, enquanto que a tolerância é o respeito às diferenças e a
busca pela promoção dos direitos essenciais do homem dos grupos delimitados
como diferentes, de forma a permitir que estes usufruam das garantias positivas
na ordem jurídica.
“
É possível, [assim] construir uma nova concepção de cidadania, ten-
do em vista o pluralismo como reconhecimento da multiplicidade
de vozes, a aceitação do outro, não consistindo apenas na tolerância
de diferenças e sim, a celebração dessas, dando ensejo ao modelo
agonístico de democracia (OLIVEIRA; COELHO, 2016, p. 10).
154
UNICESUMAR
“
[...] a igualdade dos seres humanos que se transforma em ética de
acesso às oportunidades materiais e afetivas de que uma comuni-
dade dispõe, [...] a qual não é baseada na vontade nobre de uma
minoria iluminada, mas, sim, nas instituições que existem na co-
munidade (SARACENO, 2011, p. 99).
155
UNIDADE 5
“
O direito à educação não se reduz ao direito do indivíduo de cursar
o ensino fundamental para alcançar melhores oportunidades de
emprego e contribuir para o desenvolvimento econômico da nação.
Deve ter como escopo o oferecimento de condições para o desen-
volvimento pleno de inúmeras capacidades individuais, jamais se
limitando às exigências do mercado de trabalho, pois o ser humano
é fonte inesgotável de crescimento e expansão no plano intelectual,
físico, espiritual, moral, criativo e social (DUARTE, 2006, p. 272).
156
UNICESUMAR
157
UNIDADE 5
nas sociedades, onde o bem-estar deve estar em primeiro lugar; assim, podemos
afirmar que a necessidade ética se originou com o homem em sociedade.
O comportamento ético varia conforme o ambiente, a situação e a cultura,
mas está presente em nossas vidas o tempo todo, tanto nas relações pessoais,
quanto nas profissionais; daí a importância de estudar a ética dentro do contexto
organizacional (MACORE, 2016, p. 07).
Ademais, a educação ética e voltada para a cidadania, pautada em valores éti-
cos, permite o desenvolvimento da consciência moral, do senso moral e de outros
fatores que permitem a ampliação da participação do cidadão, sua emancipação
crítica, tornando-o independente de forma a agir de forma íntegra e consciente
nos assuntos sociais e políticos da sociedade.
158
UNICESUMAR
159
UNIDADE 5
160
UNICESUMAR
161
UNIDADE 5
162
1. “Uma cidadania plena, que combine liberdade, participação e igualdade para todos, é
um ideal desenvolvido no Ocidente e talvez inatingível […] foi ela que permitiu às pes-
soas tomarem conhecimento de seus direitos e se organizarem para lutar por eles”
(CARVALHO. 2002, p. 11). Assim, com o estabelecimento de direitos e de uma cultura
de pertencimento a um Estado, eclode pensamentos revolucionários que objetivam
a efetivação destes na realidade social, consumando as primeiras manifestações por
conquista de direitos. O primeiro movimento histórico foi:
a) Revolução Grega
b) Revolução Inglesa
c) Revolução Francesa
d) Revolução do Proletariado
e) Revolução Industrial
2. Com base no texto normativo da Constituição da República, todo ser humano pos-
sui liberdade de locomoção, de pensamento, de escolhas, de opiniões, de escolher
onde trabalhar, o que estudar, como viver, qual religião deseja seguir e se deseja
seguir uma. O rol de liberdades e direitos estabelecidos na Constituição Federal é
extenso e não taxativo, podendo surgir novos direitos e garantias essenciais para
uma vida digna. O pluralismo deve ser visto como a heterogeneidade presente em
toda sociedade, englobando a multiplicidade de fatores sociais que interferem na
vida da coletividade e na construção de um Estado Democrático de Direito. Diante
do exposto, analise as seguintes afirmativas:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e II, apenas
e) I, II e III, apenas.
163
3. A cidadania, desta forma, é basilar ao Estado Democrático de Direito, sendo seu ali-
cerce e fundamento. Ocorre que embora seja essencial à formação de uma sociedade
justa, a conceitualização de cidadania é complexa, podendo ela ser conceitualizada de
forma ampla e de forma restritiva. Assim, diferencie, em forma de texto dissertativo
de até cinco linhas, ambos conceitos.
4. A visão moderna da cidadania delimita que ela é composta por direitos civis, direitos
sociais e direitos políticos. Assim, apresente, em forma de texto dissertativo de quatro
a oito linhas, o conceito de cada um dos termos.
164
UNIDADE 1
BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência do-
méstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal,
da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres
e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher;
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providên-
cias. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm.
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UNIDADE 2
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UNIDADE 3
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168
UNIDADE 1
Direito dos refugiados: Protege as pessoas que migram do próprio país, forçadamente,
em virtude de um fundado temor de perseguição, em razão de cinco motivos: raça,
nacionalidade, religião, pertencimento a um grupo social ou opinião política.
UNIDADE 2
II. Correta.
III. Correta.
169
I. Correta.
II. As condições justas ao trabalho são direitos previstos no Pacto Econômico Sobre
os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Ademais, a proibição à escravidão é
um direito previsto no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.
IV. Os direitos à moradia, saúde, vestimenta e vida cultural são direitos previstos no
Pacto Econômico Sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e os à vida,
liberdade, igualdade e segurança marcam presença no Pacto Internacional Sobre
Direitos Civis e Políticos.
c. Correta.
UNIDADE 3
170
2. Alternativa correta: e).
As três leis apresentadas visam tratar de forma desigual os grupos desiguais, historica-
mente desfavorecidos, com intuito de equipará-los aos demais indivíduos, permitindo
o exercício de direitos.
4. Resposta Esperada: O Habeas Corpus é uma ação constitucional que objetiva a pro-
teção do direito de locomoção, a fim de evitar lesões ou ameaça de lesões à liber-
dade de ir, vir e permanecer. A condição básica para a impetração deste remédio
constitucional é a existência de violência ou coação moral que ameace o direito de
locomoção (MARTINS, 2021).
UNIDADE 4
1. A divisão dos poderes no Brasil acontece pela distribuição entre os poderes legislativo,
judiciário e executivo.
O Poder Legislativo tem como função típica legislar e fiscalizar é encontrado no âm-
bito federal, estadual e municipal. No âmbito federal, ele é exercido pelo Congresso
Nacional, este por sua vez é composto por duas casas: Senado Federal e Câmara dos
Deputados. No âmbito estadual o Poder Legislativo é representado pela Assembleia
Legislativa no âmbito municipal é exercido pela câmara dos vereadores. O Poder
Executivo, por sua vez, possui função típica de administrar e, no âmbito federal, é
comandado no Brasil pelo Presidente da República com auxílio dos ministros de
estado, no âmbito estadual, por simetria, é exercido pelos governadores com auxílio
dos secretários estaduais e no âmbito municipal é exercido pelos prefeitos auxiliados
pelos secretários municipais. O Poder Judiciário é o poder que possui a função típica
171
de dirimir os litígios que lhe são apresentados pela aplicação da lei ao caso concreto.
O Supremo Tribunal Federal (STF) é a cúpula do poder judiciário e suas justiças são
divididas em comuns e especialistas. A comum é composta pela Justiça Federal e
Estadual, e as especializadas são a Justiça Eleitoral, do Trabalho e a Militar.
3. Alternativa correta: b)
Assertiva I - correta
Assertiva II - correta
UNIDADE 5
172
c. Incorreta. Movimento de grandes proporções na luta por direitos, porém ocorreu
após a Revolução Inglesa e pautada nela.
I - Afirmativa correta.
II - Afirmativa correta.
3. O conceito mais restritivo delimita que a cidadania é apenas o direito de ser cidadão,
ou seja, o direito político destinado apenas à participação das deliberações políticas do
Estado. Diferentemente, o conceito amplo expande o termo cidadania para o exercício
de Direitos Humanos e aplicabilidade de preceitos fundamentais na realidade social,
não se limitando a direitos políticos.
4. Os Direitos civis são direcionados para o exercício das liberdades individuais. Os di-
reitos políticos se referem à possibilidade de os indivíduos participarem ativamente
das decisões e deliberações políticas da sociedade. Os direitos sociais objetivam a
efetivação mínima de direitos para uma vida digna.
173