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OLHARES INTERDISCIPLINARES
VOL. 3
Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus
Natasha Nickolly Alhadef Sampaio Mateus
Jesse Lindoso Rodrigues
(Orgs.)
TUTÓIA-MA, 2021
EDITOR-CHEFE
Geison Araujo Silva
CONSELHO EDITORIAL
Bárbara Olímpia Ramos de Melo (UESPI)
Diógenes Cândido de Lima (UESB)
Jailson Almeida Conceição (UESPI)
José Roberto Alves Barbosa (UFERSA)
Joseane dos Santos do Espirito Santo (UFAL)
Julio Neves Pereira (UFBA)
Juscelino Nascimento (UFPI)
Lauro Gomes (UPF)
Letícia Carolina Pereira do Nascimento (UFPI)
Lucélia de Sousa Almeida (UFMA)
Maria Luisa Ortiz Alvarez (UnB)
Marcel Álvaro de Amorim (UFRJ)
Meire Oliveira Silva (UNIOESTE)
Rosangela Nunes de Lima (IFAL)
Rosivaldo Gomes (UNIFAP/UFMS)
Silvio Nunes da Silva Júnior (UFAL)
Socorro Cláudia Tavares de Sousa (UFPB)
2021 - Editora diálogos
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D286
Debates sobre educação no Brasil [livro eletrônico] : olhares inter-disciplinares
vol. 3/ Organizadores Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus, Natasha Nickolly
Alhadef Sampaio Mateus, Jesse Lindoso Rodrigues. – Tutóia, MA: Diálogos,
2021. –
Formato: PDF
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Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-65-89932-00-0
https://doi.org/10.52788/9786589932-00-0
Editora Diálogos
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www.editoradialogos.com
SUMÁRIO
Apresentação ................................................................................................. 8
Os organizadores
Introdução
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20 de dezembro de 1996, rege os princípios gerais da educação, e desde sua
promulgação essa lei sofre inúmeras atualizações, que acontecem de acordo com
as demandas exigidas pela sociedade vigente. Nessa Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) de 1996, no Artigo 26, assegura que os currículos do ensino fundamental
e médio devem ter uma “base nacional comum, a ser complementada, em cada
sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida
pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da
clientela” (BRASIL, 1996). Nisto inferimos, que os estudos locais e regionais são
embasados pela Lei que rege a educação brasileira.
De acordo com os PCNs, para se constituir cidadãos conscientes e críticos
da realidade em que estão inseridos, é preciso fazer seleções pedagógicas pelas
quais o estudante conheça as problemáticas e “os anseios individuais, de classes
e de grupos - local, regional, nacional e internacional - que projetam a cidadania
como prática e ideal”; distingam “as diferenças do significado de cidadania para
vários povos; e conhecer conceituações históricas delineadas por estudiosos do
tema em diferentes épocas” (BRASIL, 2000, pp. 36-37). Nisso compreende-se,
que os estudos históricos locais e regionais contribuem na construção de um
cidadão crítico e consciente.
Assim, este trabalho tem por objetivo discutir os desdobramentos da
implementação do Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), no ensino de
história do Maranhão. Para isso, apresenta-se um breve histórico do Ensino de
História do Maranhão, em seguida, discute-se como o ENEM tem impactado
o Ensino de História Regional. O referencial teórico pautou-se em trabalhos
de autores(as) como Bittencourt (2015). A metodologia é bibliográfica, pois
utilizou-se obras dos seguintes autores(as) Cabral (1987), Martins (2014),
Gomes (2017), Silva (2017), Mateus (2018); e documental, porque, recorreu-
se a legislação nacional que rege a educação brasileira, como a atual LDB e os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a fim de demonstrar bases legais na
condução do ensino de História abordando a temática local e regional.
1 Se levarmos em consideração os apontamentos de Barbosa de Godóis que, nesse período, percebe a ausência de um
material de didático, quando surge a disciplina de História do Maranhão, atestemos isso em suas palavras escritas em 1904:
“A falta de um livro que facilitasse o estudo dos alunos de Instrução Cívica da Escola Normal fez-nos ir escrevendo, em 1899,
o resumo de preleções que teriam de ser feitas nas lições próximas, achando-se dessa maneira, no fim do ano letivo, composto
um volume dessa disciplina, de acordo com o programa oficial daquele instituto [...] Era a primeira vez que se lecionava essa
matéria com certo desenvolvimento, naquela escola, constituindo o objeto de uma sala de aula especial, e também o primeiro
ano em ocupávamos um lugar no professorado maranhense [...] em 1902, se nos oferecia idêntica situação, aos termos de
iniciar na mesma escola o curso de História do Maranhão, que, pela reforma do instituto, teria de formar a matéria de uma
outra aula, separada da de História do Brasil” (GODÓIS, 2008, p. 19).
(1984); Maria Regina Nina Rodrigues, Estado Nacional e Ensino Fundamental (Maranhão 1930 – 1945) (1991); Maria do
Socorro Coelho Cabral, Política e educação no Maranhão: 1834 – 1889 (1984) e O Ensino de História do Maranhão elaborado
(1987), Lilian Leda Saldanha, A Instrução Pública maranhense na primeira década republicana (1992); Diomar das Graças
Motta, As Mulheres professoras na política educacional no Maranhão (2003); César Augusto Castro, Infância e trabalho no
Maranhão provincial: uma história da Casa dos Educandos Artífices (1841-1889) (2007); Odaléia Alves da Costa, Produção
de uma disciplina escolar e os escritos em torno dela: os Estudos Sociais do Maranhão (2008) e O Livro do Povo na expansão do
ensino primário no Maranhão (1861-1881) (2013); Ana Carolina Neres Castro Licar A questão de livros da Escola – Modelo
Benedito Leite: cultura material escolar e poder disciplinar no Maranhão (1900-1911) (2010); Diulinda Pavão Costa O Cenário
Educacional na Princesa da Baixada (1920-1960) (2012); Dayse Marinho Martins, Currículo e Historicidade: A disciplina
História do Maranhão no sistema público estadual de ensino (1902 – 2013) (2013).
3 Sobre isso, ver: MATEUS (2018).
5 A questão de número 27 da edição de 2012 cita o Maranhão no que concerne às mulheres quebradeiras de coco-babaçu
junto com os estados do Piauí, Pará e Tocantins.
6 Por causa de alguns cadernos de provas terem sido impressos de forma errada, os candidatos prejudicados se submeteram
a uma nova prova.
7 Devido às ocupações nos prédios públicos contra a PEC que limita o aumento aos gastos públicos e a proposta de reforma
do Ensino Médio, a prova não pode ser aplicada em 405 locais, assim os candidatos que fariam o teste nesses locais realizaram
o exame em uma data.
[...] essa temática não faz parte do currículo da série que trabalham endossam
o planejamento e o registro de conteúdo no diário eletrônico. A ausência desse
conteúdo no currículo torna- se um problema por que não é prioridade, não
é contemplado pelo ENEM, e os documentos oficiais que regem a educação
trabalham em formato de sugestão, sendo assim por mais que haja interesse dos
docentes, esbarram no cumprimento de outras demandas. O ensino de história
local exige do professor base teórica e recursos pedagógicos que auxiliem na
sua prática por isso perguntamos sobre as dificuldades para desenvolver essa
abordagem, e compreendemos o desconforto dos docentes ao elencarem alguns
entraves como a necessidade de um material didático comum para os discentes,
turmas cheias que comprometem uma atividade de campo, mas sobretudo,
a quantidade excessiva de conteúdo que já são exigidos na carga horária da
disciplina (SILVA, 2017, p. 34).
Considerações finais
Referências
Introdução
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Tendo definido os parâmetros da pesquisa, o trabalho foi organizado por
intermédio de leituras bibliográficas e utilização de questionário estruturado
fechado, segundo (MORESI, 2003), e posteriormente aplicados aos sujeitos desta
pesquisa. A metodologia aplicada foi qualitativa e quantitativa, participaram
todos os alunos matriculados nos 8ª ano A, B, C, e D do Ensino Fundamental
II, os docentes das áreas de humanas de uma escola municipal, e o coordenador
pedagógico. Para embasar essa pesquisa buscou-se nos postulados a base do
pensamento bakhtiniano inserindo-se numa perspectiva enunciativo-discursiva
da linguagem.
Há muito repousava a preocupação do ensino da leitura nas escolas e,
para a tessitura dessa pesquisa, cabe dizer que o envolvimento da pesquisadora
iniciou-se com as indagações e inquietações como docente3. Elas começaram a
ser (re)significadas no grupo de pesquisa, de linha bahktiniana, na UNITAU4,
quando a visão de professora de Língua Portuguesa, atuando em sala de leitura5,
se ampliou.
Com esse grupo de pesquisa, houve a motivação em aprofundar
teoricamente o ensino de leitura com fundamento teórico discursivo - que
concebe o sujeito constituído de linguagem, e propõe leitores situados, que se
engajam, e se posicionam em relação ao que leem com criticidade, a fim de se
tornarem letrados no mundo globalizado.
Essas experiências foram sementes do despertar para o questionamento
do ensino da leitura numa perspectiva mais ampla e, dessa experiência pessoal,
foi proposto um trabalho interdisciplinar na escola, lócus da pesquisa, com
o gênero discursivo charge, seguindo orientação dos PCNs. Nesse sentido,
a interdisciplinaridade deve partir da necessidade sentida pelas escolas, dos
professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que
desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez
vários. Explicação, compreensão, intervenção são processos que requerem um
conhecimento que vai além da descrição da realidade e mobiliza competências
cognitivas para deduzir, fazer inferências ou previsões a partir do fato observado
(BRASIL, 2000, p.76). Em parte, porque a fragmentação curricular prejudica
6 O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE se constitui no principal provedor de dados e informações
do país, que atendem às necessidades dos mais diversos segmentos da sociedade civil, bem como dos órgãos das esferas
governamentais federal, estadual e municipal.
Discussão e Resultados
12 Os números de participantes do questionário pós-intervenção difere dos primeiro, pois seis alunos foram transferidos, ou
seja, a pesquisa iniciou-se com 109 alunos e somente 103 responderam a ultima etapa. Os três docentes participantes da
primeira etapa do questionário saíram da unidade escola antes do término da pesquisa.
Referencias
ABREU, M. (Org.). Leitura, história e história da leitura. Campinas, São Paulo: Mercado de
Letras: Associação de Leitura do Brasil. São Paulo: Fapesp, 1999.
BAKHTIN, M. (VOLOCHINOV). Marxismo e filosofia da linguagem. Problemas
fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 11.ed. Trad. Michel Lahud e
Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2009.
______. Estética da criação verbal. 4.ed. Trad. P. Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio: bases legais. Brasília: MEC, 2000.
DIEHLL, A. TATIM, D. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São
Paulo. Pearson Prentice Hall, 2004.
FREIRE. P. A importância do ato de ler. Cortez Editora. São Paulo: 2005.
______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo. Paz e
Terra, 1996.
Introdução
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de ensino, as escolas institucionalizadas, as quais por várias vezes provocam
evasão diante da hostilidade e preconceito dirigidos a quem desvia da norma
heteronormativa impregnada na sociedade.
O ensino de Química é oportuno não só porque por esta ser um
componente importantíssimo da nossa cultura. Acima de tudo, a natureza da
atividade científica a torna uma ferramenta com características únicas para o
desenvolvimento de habilidades essenciais a qualquer cidadão, assim como
a matemática e a física. Em sua maioria, os alunos sentem muita dificuldade
em questões voltadas às fórmulas matemáticas e cálculos, podendo, assim,
causar complicações em alguns conteúdos que serão trazidos pelo professor
quando trabalha introdução à química, que tem como essência a junção dos
conhecimentos abordados pelas disciplinas de química e física, além de exigir do
aluno um conhecimento de interpretação textual para que possa resolver questões.
Como resultado da investigação, foi possível observar que os estudantes ainda
sentem dificuldades nas disciplinas exatas, referentes a uma maior compreensão
em cálculos, fórmulas, principalmente, à leitura e, desta feita, com conteúdos
com referência à disciplina de matemática, que é um contexto de base escolar
de muitos alunos.
Com esse público em específico, a situação se torna ainda mais grave, pelo
fato de muitas mulheres trans já estarem longe da escola há mais tempo e não
lembrarem de muitos conteúdos trabalhados na escola.
Podemos inferir que alguns educadores se julgam não preparados para este
tipo de didática, de trabalhar com o diferente, por não serem bem formados
nas Instituições de Ensino Superior (IES). Com isso, deparamo-os com a
concepção de Gauthier et al. (1998, p. 20) para um dos grandes desafios à
profissionalização, no que diz respeito a dois erros: o primeiro estaria relacionado
ao fato de se conceber o ensino como um ofício sem saberes, em que “certas
ideias preconcebidas apontam para o enorme erro de manter o ensino numa
espécie de cegueira conceitual”. Para o ato de ensinar, nessa perspectiva, bastaria
conhecer o conteúdo, ter talento, ter bom senso, seguir a própria intuição, ter
experiência ou ter cultura.
O segundo erro envolveria a ideia do ensino como um corpo de saberes
sem ofício, o que levaria à formalização do ensino, mas de um modo em que
haveria uma redução de sua complexidade e, assim, ele não mais encontraria
correspondente na realidade. Esses saberes provocam o esvaziamento do
contexto concreto de exercício do ensino. A ideia de um ofício feito de saberes
Resultados e discussão
Considerações finais
48
O preconceito e a discriminação rompem com a possibilidade
do mérito individual, visto que mesmo sob um prisma individualista de
construção do conhecimento as possibilidades de alcance do mérito são
negadas, haja vista que muitos estudantes precisam de seus sustentos, precisam
como nossas meninas dos seus trabalhos e no sábado ainda precisam está em um
ambiente de aprendizado para que possam onseguir sua vaga na universidade ou
até mesmo conseguir seu diploma de ensino médio.
É diante disso que se considera de extrema importância
a discussão da transexualidade atrelada às reivindicações por mais
oportunidades na educação, novos espaços de acesso ao ensino superior, mais
oportunidades para as classes negligenciadas, às mulheres trans que precisam
ser reconhecidas pela sua luta e tentativas de adentrar nesse sistema seletivo.
A aquisição de conhecimentos em química é apenas um pequeno passo para
estas estudantes, que necessitam superar ainda os mais diversos obstáculos nesse
longo e árduo caminho de reconhecimento e reafirmação, de modo que se
tornem capazes de ocupar os diversos espaços nas universidades, no mercado de
trabalho, na sociedade, enfim superando as diversas formas de exclusão por elas
vivenciadas. Ademais, com o entendimento da transexualidade como
identidade de gênero, é imprescindível a discussão desse tema quando se
pretende discutir os entrelaçamentos entre educação. É isso que o movimento
rua quer trazer à tona, que os voluntários que trabalham suas disciplinas a cada
sábado almejam proporcionar.
É nesse sentido que, neste estudo, buscou-se apresentar brevemente
algumas contribuições em relação à dificuldade do ensino de ciências não
só para o Educar é transformar, mas todos os estudantes de modo geral. Para
concluir algumas ideias, é necessário, aqui, destacar que a negociação com
a lógica capitalista de educação é não muito mais que uma tentativa de
sobrevivência para o grupo de transexuais e travestis. E, por esse motivo, a
aprovação nos processos seletivos se constitui em um momento de comemoração
e euforia pela realização de uma travesti ou uma transexual conseguir romper
com as desigualdades sociais, preconceitos e exploração nesse sistema opressor e
conquistar o seu espaço.
Introdução
1 Este trabalho contou com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG),
Universidade Federal de Ouro Preto
2 Os trabalhos de Testanier (1967), Prairat (2003) e Silva (2007) nos dão indícios de uma mudança nas formas de
manifestação da indisciplina nas escolas.
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décadas (SZENCZUK, 2004; ZECHI, 2008, LEDO, 2009; AQUINO, 2016).
Alguns autores chegam mesmo a afirmar que o fenômeno da indisciplina tem se
tornado uma variável central para se compreender as desigualdades educacionais
“ao lado de variáveis sociológicas clássicas como a origem social, o sexo e a raça”
dos estudantes (SILVA; MATOS, 2017, p. 384). Silva e Matos (2017) laçam
vários argumentos nesse sentido, cabendo destacar dois: 1) A forte presença do
fenômeno nas escolas brasileiras vem sendo confirmada em diversas edições de
avaliações em larga escala, por exemplo, a Pesquisa Internacional sobre Ensino e
Aprendizagem (TALIS), o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes
(PISA), o Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (PROEB)
e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB). 2) A associação frequente
entre o clima disciplinar em sala de aula e o desempenho escolar dos estudantes
nessas avaliações em larga escala.
Outro aspecto relevante diz respeito às explicações que vêm sendo dadas
para o fenômeno no campo acadêmico. De um modo geral, as pesquisas sobre
indisciplina têm evidenciado que o fenômeno é complexo e multifacetado,
abarcando diferentes e diversos fatores: sociais, familiares, escolares e
pedagógicos. Por isso, Silva (2007), por exemplo, nos convida a evitar as
explicações deterministas ou simplistas, chamando a nossa atenção para o fato
de que os comportamentos de indisciplina ocorridos em sala de aula encontram
suas condições de possibilidade no cruzamento de diferentes fatores: sociais,
familiares e escolares. Assim, alerta para o fato de que, em que pese a existência
de diversos fatores sociais na explicação da indisciplina, o fenômeno tende a ser
fortemente afetado por condicionantes propriamente escolares. Daí que diferentes
autores vêm buscando compreender aquilo que nomeiam como os “fatores
pedagógicos da indisciplina” (RUTTER, 1979; KOUNIN, 1977; ESTRELA,
1986; AMADO, 1998). Dentre esses fatores, vêm ganhando destaque aqueles
que se relacionam mais especificamente à atuação dos professores em sala de
aula: características pedagógicas, relação com os estudantes, modos de exercício
da autoridade docente, entre outros.
Diante desse contexto, buscamos nesse artigo realizar uma discussão a
partir de autores do campo de pesquisa da indisciplina escolar (HARGREEVES
et al., 1975; RUTTER et al., 1979; LAWRANCE et al., 1985, 1986; DOYLE,
1986; ESTRELA, 1986; AMADO, 1998; SILVA, 2007), que se propuseram
em suas investigações inventariar e classificar os diversos comportamentos de
indisciplina, da complexidade do conceito de indisciplina, a partir da sua relação
com o conceito de disciplina e com as regras escolas, assim como, buscamos
distinguir o fenômeno da indisciplina de violência escolar. Num segundo
momento, apresentamos os trabalhos mais relevantes sobre a temática das
Indisciplina escolar
Como seria interessante saber, não apenas sob a forma de impressões empíricas, mas
através de observações metódicas, de que modo funciona este sistema nas diferentes
escolas de uma localidade, nas diferentes regiões, nos diferentes momentos do ano, nos
diferentes momentos do dia; quais são os delitos escolares mais frequentes; como varia
sua proporção no conjunto do território; ou segundo as regiões, como depende da idade
da criança, do seu estado familiar, etc.
(DURKHEIM, 2001, p. 78).
3 Com isso não se quer dizer que a disciplina escolar cumpre apenas a função de meio educativo, ao funcionar como
mecanismo garantidor do funcionamento escolar. Ela é também um fim educativo uma vez que se encontra associada à
função socializadora da escola. Assim a disciplina escolar como fim educativo tem papel importante na socialização dos
estudantes, preparando-os para viver em sociedade, que lhes exigirão valores e atitudes indispensáveis ao exercício da
cidadania, “tais como cumprimento de obrigações, o senso de responsabilidade, o gosto pelo trabalho, o zelo pelo patrimônio
público, o respeito às pessoas, às autoridades, às leis e às diferenças culturais”. (SILVA, p. 4, 2010).
4 Essa visão é também frequentemente detectada nos trabalhos empíricos que recolhem os depoimentos de professores sobre
as causas da indisciplina. (SILVA, 2007).
Considerações finais
Introdução
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docentes e demais profissionais da educação fiquem atentos ao que acontece no
ambiente escolar. Moura, Cruz e Quevedo (2011), Diorio e Oliveira (2011) e
Gomes e Rezende (2011) evidenciaram que a maioria dos agressores é menino
e as agressões mais frequentes são as verbais. Ao relacionarem gênero e bullying,
Kuhn, Lyra e Tosi (2011) reforçam que meninos estão mais relacionados com o
bullying direto e meninas com o bullying indireto. O primeiro é caracterizado,
sobretudo, por agressões físicas, e o segundo envolve agressões mais sutis,
manifestando-se geralmente de forma verbal. Sendo assim, o bullying pode
estar presente nas relações de modo explícito ou de modo mais sutil, podendo
ser associado a brincadeiras típicas da idade. Nesse sentido, é importante que
os profissionais da educação saibam identificar para intervir adequadamente
(FRANCISCO & LIBÓRIO, 2009; SILVA, 2010).
Destacamos a importância da ciência e da construção do conhecimento para
o combate do fenômeno bullying na escola, por isso pesquisas de mapeamento
são significativas, procurando superar o desafio de conhecer o já construído e
produzido para depois buscar o que ainda não foi feito. Enfatizamos algumas
pesquisas realizadas com intuito de realizar mapeamentos da produção acadêmica.
Franco e Cicillini (2016) mapearam a temática do universo trans e a
educação entre 2008 a 2014 em anais de eventos, artigos em periódicos, capítulos
de livros, teses e dissertações. Os pesquisadores identificaram que é preciso de
mais estudos sobre a temática.
Outro trabalho, mapeou a produção científica sobre a área socioambiental
em periódicos científicos da educação ambiental entre 2010 a 2014. O
pesquisador evidenciou que existe uma produção pequena sobre o tema e as que
existem, estão centralizadas em regiões específicas do país (HENRIQUE, 2018).
Aproximando com o tema dessa pesquisa, temos o trabalho de Manegotto,
Pasini e Levandowski (2013), que realizaram uma revisão de artigos científicos
sobre o bullying escolar. As pesquisadoras encontraram 37 trabalhos, entre
2009 e 2011 e elas identificaram que o fenômeno vem ganhando cada vez mais
destaque nas áreas da psicopedagogia, direito e educação física, mas ainda poucos
trabalhos ressaltando a importância do psicólogo no combate ao bullying.
Nesse sentido, esta pesquisa teve como objetivo realizar um mapeamento
da produção do Instituto Federal do Mato Grosso – IFMT.
1 https://eventos.ifmt.edu.br/publicacoes/
2 https://eventos.ifmt.edu.br/media/upload/files/ANAIS-DO-IV-WORKIF.pdf
3 https://eventos.ifmt.edu.br/publicacoes/1/WORKIF/
4 https://eventos.ifmt.edu.br/publicacoes/7/WORKIF2019/
5 https://eventos.ifmt.edu.br/publicacoes/2/CEPEX/
6 https://eventos.ifmt.edu.br/publicacoes/3/XJornada/
7 https://eventos.ifmt.edu.br/publicacoes/5/JENPEX/
8 https://eventos.ifmt.edu.br/eventos/10/3JENPEXCACERES/
9 https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/listaTrabalhoConclusao.jsf
10 Trabalhos no contexto escolar de cursos técnicos de nível médio (integrado, concomitante, pós médio etc.), cursos técnicos
modulares ou sequenciais, cursos de tecnologia em nível de graduação, ou outras modalidades de educação profissional e
tecnológica que ocorrem em instituições de ensino.
11 Trabalhos que não tratam com especificidade qualquer contexto educacional, escolar ou não escolar, ou seja, trabalhos que
lidam com o fenômeno educativo sem fazer referência específica a qualquer espaço ou nível educacional.
Referências
Introducão
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Marchesi (2004) nos diz que a educação não é uma tarefa que a escola
possa realizar sozinha sem a cooperação de outras instituições e, a nosso ver,
a família é a instituição que mais perto se encontra da escola. Sendo assim,
se levarmos em consideração que Família e Escola buscam atingir os mesmos
objetivos, devem elas comungar os mesmos ideais para que possam vir a superar
dificuldades e conflitos que diariamente angustiam os profissionais da escola e
também os próprios alunos e suas famílias. Nesse caminho, entendemos que
Percurso metodológico
[...] tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças
para o mundo; no entanto, a família tem suas particularidades que a diferenciam
da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa mesma instituição. A escola
tem sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto ela necessita
da família para concretizar o seu projeto educativo (PAROLIM, 2003, p. 99).
Cabe à família criar um elo com a escola para que possa estar mais presente
na vida de seu filho, garantindo, portanto, envolvimento e comprometimento.
É no seio familiar que a criança tem seu ponto de apoio, onde amplia suas
experiências como pessoa, onde aprende as primeiras palavras e limites para
viver em sociedade, tanta escola quanto a família visam trazer cultura, regras,
conhecimento para que os educandos tenham um bom desenvolvimento, para
se tornarem bons cidadãos. Neste sentido,
Para obtenção dos dados foi aplicado um questionário aos alunos da escola
“Construção do saber”12. A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas: na primeira
foram feitas cinco perguntas objetivas sobre a frequência com que os pais olham
o caderno dos filhos, se eles gostam e acham importante que a família participa
de alguma forma da vida escolar, se tem algum castigo por não alcançarem a
nota, se tem alguma recompensa quando alcançam a nota. Na segunda etapa foi
aplicada uma pergunta discursiva: Qual é a importância da família para o seu
desempenho escolar?
O objetivo do questionário foi entender como é a relação da família
com a escola e como funciona na prática para mostrar a realidade nas escolas.
Antes da aplicação dos questionários aos discentes, foi orientado a eles que não
seriam identificados e que respondessem as perguntas do questionário falando
[...] raramente os pais estão preparados para educar bem os filhos, ou raramente
se dispõe de tempo para isso, daí se segue como consequência que deve haver
pessoas que façam isso como profissão e desse modo sirva a toda a comunidade
(SOBRINHO, 2009, p. 3).
Aumenta meu desempenho, presto mais atenção nas aulas. Tenho boas
notas. Tenho mais interesse no aprendizado, pois minha família esta
ajudando e tenho uma educação de qualidade’”.
A minha família ajuda muito no meu desempenho escolar, porque me
ajudam muito nas tarefas e em tudo que eu precisar, para ser um bom
aluno e inteligente’’.
A importância da minha família na escola é que sem a minha família
eu não consigo alcançar minhas notas e acho que todos os pais devem
participar da vida do filho na escola’’.
Quando meu pai vem aqui na escola, quando ele briga, me chama a
atenção, eu melhoro, eu começo a me esforçar. Eu gosto muito quando
meu pai vem aqui na escola e se preocupa com meu desempenho escolar.
Quando eu tiro notas boas na escola, a minha mãe conversa e fala para
prestar mais atenção nas aulas, e pedir ajuda nas atividades quando tiver
dificuldade.
É muito importante a participação da família, pois sem ela eu não teria
esse desempenho.
O gráfico acima mostra a atitude dos pais em relação quando os alunos não
atingem a nota. Para a maioria dos pais, segundo os alunos responderam, uma
boa conversa é a principal atitude. É importante ressaltar que a família cobra
um bom desempenho dos alunos, mas muitas vezes não ajuda, seja por falta de
tempo ou outras questões.
É importante dizer que grande parte dos pais não vai até a escola para
conversar com professores ou pedagogos sobre seus filhos, como estão na sala
de aula e quais são os problemas que têm enfrentado. Este tipo de atitude
dos pais é preocupante, já que os pais presentes na escola ajudam em muito o
desenvolvimento escolar, além de prevenir problemas de disciplina e evasão da
escola.
Considerações finais
Diante de tudo que foi exposto nas laudas anteriores, pode-se chegar à
conclusão de que é extremamente importante a participação da família para o
processo de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos na escola. Neste estudo
deu-se ênfase aos educandos inseridos nos anos finais do ensino fundamental e,
para atingir os objetivos traçados, foi desenvolvido um estudo exploratório em
que foi aplicado um questionário a vinte e seis alunos de uma turma do 6º ano.
Como principal resultado desse estudo, é importante ressaltar que a participação
dos pais na escola e a vigília destes em relação aos cadernos e notas dos filhos
impulsionam estes a terem melhores rendimentos na escola.
A participação dos pais na rotina escolar dos filhos é de suma importância,
já que aspira a devida formação dos educandos, tornando-os críticos e motivados
pelo aprendizado, proporcionando progresso no rendimento escolar, conforme
ficou evidenciado por meio das entrevistas estruturadas desenvolvidas com os
discentes.
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Introdução
https://doi.org/10.52788/9786589932000.1-7 99
O alcance histórico da Educação do Campo pode ser medido pela
implementação de seus programas e políticas públicas em escala nacional
que, apesar das contradições, possibilitam articular e desenvolver diferentes
experiência educativas que estavam sendo realizadas isoladamente por todo o
país. Todavia, o que assegura a originalidade deste movimento é o seu vínculo
com as lutas sociais dos trabalhadores camponeses.
13 Criado pelo Decreto nº 7.352 e instituído por meio da Portaria nº 86, de 1º de fevereiro de 2013, foi lançado pela
presidente Dilma Rousseff, em março de 2012, tendo como propósito, oferecer apoio financeiro e técnico para viabilização
de políticas públicas no campo. Este documento definiu a abrangência dos termos populações do campo (agricultores
familiares, extrativistas, pescadores, ribeirinhos, caiçaras…) e os limites da escola do campo (aquelas situadas em área rural,
conforme definição pelo IBGE ou em área urbana desde que predominantemente destinadas a populações do campo).
14 Para os efeitos deste Decreto, entende-se por: escola do campo: aquela situada em área rural, conforme definida pela
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, ou aquela situada em área urbana, desde que atenda
predominantemente a populações do campo.
Considerações finais
Referências
1 Segundo Thomas Humphrey Marshall (1967), os direitos seguem a seguinte classificação: civis, políticos e sociais. Os
direitos civis correspondem ao exercício da liberdade individual, tal como o direito de ir e vir e o direito de livre pensamento,
por exemplo. Os direitos políticos encontram-se relacionados, segundo o autor, à noção de participação no poder político,
tal como o poder de escolher os seus governantes e votar e ser votado. Já os chamados direitos sociais equivalem àqueles que
relacionam-se ao acesso de todos os sujeitos ao bem-estar disponível na sociedade.
https://doi.org/10.52788/9786589932000.1-8 112
acesso pleno a este direito são cada vez mais essenciais, principalmente de uma
perspectiva jurídica da educação. Isto posto, ressaltamos que o objetivo deste
artigo consiste justamente em fazer uma breve análise acerca da concepção
de direito educacional, suas principais noções e critérios de aplicabilidade
no cenário da educação pública no Brasil, relacionando-a, para tanto, com a
legislação educacional vigente e suas possibilidades de conexões com a ampliação
da cidadania.
A noção de direito à educação na carta constitucional, acima mencionada,
é mais detalhada no artigo 208, ainda que o texto abaixo reproduzido refira-se
mais especificamente à obrigação do Estado em relação ao ensino.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia
de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete)
anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela
não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva universalização do ensino
médio gratuito; III - atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - educação infantil,
em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; V - acesso aos
níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo
a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
condições do educando; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas
da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (BRASIL, 1988).
2 De acordo com La Bradbury (2013, p. 21), a primeira Constituição do Brasil foi a do ano de 1824, durante o período
imperial. No tocante à educação, dois pontos são relevantes: o primeiro, que “a instrução primária é gratuita a todos os
cidadãos” e o segundo que preconizava a existência de “colégios e universidades para o ensino de Ciências, Letras e Artes”.
3 A Constituição Federal de 1988 foi elaborada em um contexto pós ditadura civil militar no Brasil, e consolidou-se
enquanto um importante instrumento jurídico de exercício de cidadania, na medida em que resultou de amplos processos
de lutas por direitos e reivindicações que mobilizaram a sociedade civil organizada. (FISCHMANN, 2009, p. 159)
4 A Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, aprovou o primeiro PNE (2001-2011). Atualmente, vigora a Lei 13.005/2014,
PNE do decênio 2014-2024.
5 De acordo com Duarte (2004, p. 113) a noção de direito público subjetivo assegura ao indivíduo a possibilidade de
transformar uma norma geral e abstrata contida em um determinado ordenamento jurídico em algo que ele possua como
seu, individualmente. A maneira de fazer com que isso se materialize é acionando as normas jurídicas (direito objetivo) e
transformando-as em um direito seu (direito subjetivo). “O interessante é notar que o direito público subjetivo configura-se
como um instrumento jurídico de controle da atuação do poder estatal, pois permite ao seu titular constranger judicialmente
o Estado a executar o que deve”.
6 Sobre o tema, ver: UNIVERSITÁRIA. Revista Gestão. Afinal, o que é Direito Educacional? 2006. Disponível em: http://
gestaouniversitaria.com.br/artigos/afinal-o-que-e-direito-educacional. Acesso em: 25 Mar. 2021. Ver ainda: ROSA, Gregory
Rolim; SAKATA, Kelly da Silva. O direito educacional na formação do pedagogo. UEPG, 2016.
7 De acordo com Queiroz et al (2017, p. 92-93), deste evento surge um documento que pode ser considerado o ponto de
partida “para divulgação e crescimento do direito educacional aqui no Brasil”, todavia, o referido documento teve seu avanço
reprimido e cerceado pela Ditadura Militar então em curso, e seus pontos e prerrogativas só foram considerados de modo
mais efetivo anos depois, por ocasião da promulgação da Constituição Federal de 1988.
8 O educador e jurista Renato Alberto Teodoro Di Dio, já havia publicado alguns importantes trabalhos sobre o tema. As
principais obras foram: O Direito Educacional no Brasil e nos Estados Unidos (1981) e Contribuição à Sistematização do Direito
Educacional (1982) texto em que defendeu de forma mais enfática a autonomia do direito educacional como um movo ramo
do Direito.
Referências
Introdução
1 Líder do quilombo do Urubu, importante mocambo localizado em Salvador por volta de 1826.
2 Resultado de uma pesquisa de mestrado defendida na UFRB no Programa de História da África, da Diáspora e dos Povos
Indígenas.
https://doi.org/10.52788/9786589932000.1-9 123
as transformações sociais e possibilitar as novas tecnologias da informação e
da educação, para viabilizar a produção do conhecimento e a promover uma
aprendizagem significativa para os educandos.
O foco do trabalho é a produção de um material didático sobre Zeferina para
subsidiar os docentes e as docentes na Educação básica, de modo a trabalharem
com a temática em suas salas de aulas sobre a perspectiva de valorização do
processo historiográfico de lutas e das resistências negras no território baiano.
Por outro lado, sabe-se que, o principal recurso utilizado ainda é o livro didático,
apesar da inserção das novas tecnologias, das mídias sociais e da educação a
distância, torna-se primordial ingressar na discussão e debates a realização de
manuais didáticos para os alunos/alunas em uma sociedade contemporânea, de
informações fragmentadas, compactadas, resumidas e sem um aporte teórico
fundamentado, mas como muitos “fake News” e a realidade distorcida pela a
eurocentrização do conhecimento.
Diante dessas inquietudes, qual a importância de elaborar um material
didático? A função na / para a sala de aula? Seu objetivo no trabalho docente
e na contextualização discente? O material é a única ferramenta ou recurso
pedagógico possível? Com esses e outros parâmetros de questionamento,
percebe-se a necessidade da produção de novos materiais, visto que os livros
didáticos não contemplam muitas narrativas, as quais ficam invisibilizadas,
esquecidas e apagadas da História e dos conteúdos curriculares obrigatórios,
como é o caso de Zeferina e outros protagonistas negros retratados nos manuais
por escravizados, vulneráveis, inferiores as outras raças e identidades étnicas e,
tratando-a como mero dado quantitativo ou de forma estereotipada.
Em vista disso, a autora Ana Célia Silva (2005) evidencia a presença de
estereótipos nos materiais pedagógicos, especificamente nos livros didáticos,
podendo promover a exclusão, a autorrejeição e a baixa autoestima dos sujeitos.
Assim, sugere atividades ou materiais em que os professores possam utilizar para
desconstruir esses estigmas. Comungando com a autora, Marco Antônio Silva
(2012) ressalta sobre a primazia assumida pelo livro didático, dentre os recursos
didáticos utilizados na grande maioria das salas de aula do Ensino Básico, pois
a grande maioria dos professores brasileiros os transformou no principal ou, até
mesmo, no único instrumento para auxiliar o trabalho em suas aulas.
Paralelamente, de acordo com Gomes (2017), sinaliza-se que os livros
didáticos ocupam um lugar de destaque porque são utilizados por muitos
professores, servindo de norteadores para os docentes e como relevantes
Como parte deste “alerta”, Raquel cita Arlindo Machado (1993): “os recursos
interativos de que dispõem grande parte das atuais máquinas ópticas e acústicas
difundidas a um nível de massa dão um caráter lúdico à utilização e o resultado é que
qualquer asneira pode se tornar interessante e prender a atenção, desde que a resposta
aos movimentos do operador apareça numa tela sob forma de figuras flamejantes
multicoloridas”. A partir destas observações é possível apontar a necessidade
de um estudo mais aprofundado de três aspectos fundamentais à produção de
material didático para utilização em ambiente virtual, centrado nos conceitos
de comunicabilidade e interatividade, estrutura, navegabilidade e discurso, em
direção à formulação de um referencial teórico que fundamente a construção do
paradigma. Com relação à estrutura trata-se de procurar conhecer os aspectos
macro – diversos modos de organização e encadeamento de blocos de informação
– e micro – identificação dos aspectos lúdicos, analítico-sintético e indutivo do
material didático (SILVA, 2003, p.141).
3 A documentação pesquisada no Arquivo Público da Bahia, Maço 2845, trata sobre a devassa no quilombo do Urubu, com depoimentos
de moradores locais e soldados que participaram da expedição contra o mocambo.
[...]no alcance dos pretos só prenderam a preta Zeferina a qual tinha na mão
um arco e flecha, e bastante forcejou para seguir os pretos que se dispersaram,
e acharam três pretos mortos e uma negra, alguns sacos de farinha e bolacha e
perguntado se sabia afim para que os ditos pretos (fim da página ilegível);
[…] ajuda ou conselho respondeu que unicamente sabia por ter ouvido dizer a
preta Zeferina que aqueles pretos estavam ali reunidos à espera de outros que na
noite do dia seguinte haviam de partir da cidade para depois de juntos vim para
este mato sem senhores, mas não disse, sendo costume e assinou o seu juramento
com uma cruz com o dito Ministro. Escrivão José Herculano Pereira Lisboa da
Cunha;
Paulino de Santana;
José Ferreira Bastos pardo solteiro morador da rua da Agonia Soldado da Guarda
da Polícia de idade vinte e seis anos jurou aos Santos Evangelhos.6
Considerações finais
Referências
Introdução
https://doi.org/10.52788/9786589932000.1-10 138
história de integração mais harmônica da sociedade brasileira. Nesse contexto,
expressões do movimento negro como a Frente Negra Brasileira (1931-1937) e
o Teatro Experimental Negro, surgido nos idos de 1944 e finalizado, assim como
a FNB, por um golpe, davam fôlego novo à luta antirracista (Munanga, 2005).
Seguindo a trilha de outros jornais da “imprensa negra”, ainda que com um tom
mais combativo, A Voz da Raça criticava a ausência, nos currículos escolares, da
história da África e da maneira estereotipada e negativa na qual os negros eram
tratados. Na história do Brasil, dava-se a entender que o papel dos negros tivera
sido marginal, e era preciso reagir a esse quadro (Siss; Barreto, 2014):
O Teatro Experimental Negro, por sua vez, tinha por objetivo reverter
o quadro herdado e imposto pela sociedade colonial e escravocrata acerca da
cultura africana e do negro e replicado pela sociedade de classes capitalistas, isto
é, permeado de racismo, de ideias preconcebidas e legitimadoras do privilégio
branco e da subordinação negra. No caso do teatro, Abdias Nascimento
sublinhou como o seu nascimento se deu alicerçado em fundamentos da
intolerância religiosa que buscavam extirpar suas crenças e cultura, como no
Auto da Pregação Universal, de padre José de Anchieta. No caso dos africanos, a
opressão vinha pela tentativa de que internalizassem a tradição católica durante
períodos festivos nos quais praticavam com danças e batucadas, utilizavam
roupas típicas em dias de Natal, , donde saíram reelaborações como as Congadas
e os Bumba-meu-Boi.
Nas peças teatrais era comum a presença de mulatos, que, com pasta no
rosto, podiam fazem papéis de pessoas brancas. No entanto, uma vez que os palcos
ganharam prestígios os negros e mulatos foram de lá escurraçados, restando-
lhes apenas a presença ao fim dos espetáculos para recolher as sujeiras deixadas
pelos brancos. Os enredos perpassavam o cotidiano das classes dominantes,
deixando invisíveis mais de metade da população do país. Quando muito um
papel grotesco, exótico ou subalterno, sem espaço para expressar qualquer grau
de humanidade ou importância artística (NASCIMENTO, 2019, p. 149-155).
Conclusão
Referências
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Introdução
https://doi.org/10.52788/9786589932000.1-11 149
operandi que dissimula uma implementação mais eficaz dos direitos tutelados,
sendo, em verdade, contrárias à inclusão escolar.
Assim, o presente ensaio objetiva analisar o panorama da educação escolar
brasileira no que diz respeito à inclusão de PCD, TGD e altas habilidades ou
superdotação, a partir da ótica do princípio da igualdade material, propondo
alternativas que contribuam com a evolução da sociedade brasileira, tendo em
vista seu caráter multifacetado.
Para tanto, a metodologia aplicada será a de pesquisa bibliográfica e
legislativa, de caráter descritivo. Inicialmente, explicar-se-á o princípio jurídico da
igualdade material e a forma como seu conceito relaciona-se com a problemática
da inclusão, ilustrando-se, em seguida, os conceitos de cada uma das condições a
serem tratadas. Ademais, esclarecer-se-á as fases nas quais se divide o processo de
desdobramento do sistema educacional até atingir o estágio referente à inclusão,
deslindando-se seu o contexto até os dias atuais. Por fim, propor-se-ão medidas
a serem adotadas, com vistas a aprimorar e executar as políticas inclusivas.
Enredo histórico-normativo
1 Refere-se ao nível de educação escolar, implicando a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio.
A inclusão escolar deve ser defendida, ainda que exija um percurso mais
complexo e oneroso (PRIETO, 2006). Nessa toada, urge a necessidade de
desenvolver estratégias que possam aperfeiçoar o panorama educacional especial,
utilizando-se mecanismos para implementar o modelo inclusivo que, há muitos
anos, só existe no plano teórico. Para tanto, propõem-se algumas medidas.
Em primeiro lugar, há que se falar que o modelo de educação inclusiva
não diz respeito apenas ao acesso à educação pública, sendo aplicável de igual
modo às instituições privadas, sem que, para isso, seja cobrado qualquer ônus
financeiro, conforme previsto pelo art. 28, §1º e o caput art. 30 da LBI (Lei
13.146/2015). A discussão acerca dessa obrigatoriedade foi, inclusive, objeto da
ADI nº 5357, a qual julgou constitucional o estabelecido pela LBI.
Outrossim, tem-se a problemática do nível de preparo dos professores.
Apesar de, em sua maioria, possuírem graduação em Pedagogia e licenciaturas,
isso não significa que estejam aptos a trabalhar com PCD, TGD e altas
habilidades ou superdotação, ante sua conjuntura específica. Dessa maneira,
seria interessante que todos os profissionais da educação recebessem capacitação
obrigatória, promovida pelo Estado, a fim de desenvolverem habilidades para
lidar com esses alunos. Além disso, é válida a promoção periódica de seminários
e cursos para todos os trabalhadores do setor da educação, com o objetivo de
atualizar e impulsionar a comunidade educadora.
Outro grande impasse tem sido a dificuldade de determinar qual o tipo de
deficiência, TGD ou alta habilidade ou superdotação o aluno se enquadra. Em
muitos casos, não há sequer um diagnóstico e, quando existe, o aluno costuma ter
apenas um laudo simplista e sem especificações. Essa dificuldade de determinar
o nível e a categoria da condição obsta o planejamento pedagógico específico em
relação ao aluno, além de dificultar a produção de dados precisos acerca dessa
realidade. Desse modo, o ideal seria haver uma estrutura médica vinculada ao
setor da educação, para, em conjunto com os profissionais educadores, traçar
um diagnóstico e estabelecer as medidas mais adequadas para cada caso.
Considerações Finais
Referências
Introdução
https://doi.org/10.52788/9786589932000.1-12 164
narrativas masculinas onde em muitos momentos as desigualdades sociais são
reproduzidas e “os efeitos do racismo e do sexismo são tão brutais que acabam
por impulsionar reações capazes de recobrir todas as perdas já postas na relação
de dominação vigorante em um sistema patriarcal”(CARNEIRO, 2003, p. 8).
Mesmo quando se pensa em estudos que retratem histórias de mulheres no
Brasil, logo percebe-se que independente de cor, raça e/ou etnia, elas tiveram
suas histórias contadas tardiamente em relação às histórias dos homens, onde,
mesmo com o avanço significativo das pesquisas, a própria História colaborou
para o retardamento das discussões. Os estudos realizados por Soihet e Pedro
(2007, p. 284), por exemplo, ao discutir os caminhos percorridos pelos estudos
sobre a história das mulheres, assim como das relações de gênero a partir dos
anos de 1980 no Brasil diz que:
Em decorrência deste processo, as mulheres têm cada vez mais ocupado cargos
políticos em diversas instancias, participado de projetos de etnodesenvolvimento
que apoiam suas atividades e acompanhado a elaboração e implementação
da transversalidade de gênero e de etnia nos diferentes programas e ações do
governo. Tudo isto por meio do estabelecimento de parcerias e do diálogo (
nem sempre fácil) com diferentes agências e agentes governamentais e não
governamentais e com a cooperação internacional para o desenvolvimento.(
SACCHI; GRAMKOW, 2012, p. 16).
Dessa forma, identidade tem a ver com tudo aquilo que o indivíduo
conhece sobre seu eu assim como também a forma como ele se reconhece, se
relaciona com o externo, e atribui significância ao que é construído socialmente.
[...] “é através das relações/interações sociais que os indivíduos constroem suas
identidades”. (MILHOMEM, 2012, p.29).
Partindo do pressuposto de que a identidade feminina é socialmente
construída pode se afirmar que “tanto a mulher quanto o homem vão se
formando a partir de condicionantes biológicos, psicológicos e, sobretudo,
socioculturais. […]” (MILHOMEM, 2012, p.151). Souza & Cemim (2012)
observaram nas interlocuções das mulheres indígenas de Porto Velho- RO, que,
elas “desenvolvem distintas estratégias frente à sua identidade: podem ocultar a
identidade indígena ou, ao contrário, afirmá-la, enfatizando que a participação
em processos políticos e educativos em meio urbano foi o que lhes permitiu
assumir positivamente a condição indígena” (p.180).
Entendendo a identidade do sujeito como uma construção social,
Milhomem (2012, p. 175) afirma que,
No caso das mulheres indígenas, afirmar que esta identidade politica é composta
por indígenas que também estão marcadas por forças de dominação de gênero?
[...] Estas interseções de categorias de opressão em relação às mulheres indígenas
(racial, étnica, gênero, mulher) se produzem de formas especificas e ainda se dá
pouca atenção para o tema no âmbito acadêmico.
Referências
Considerações iniciais
https://doi.org/10.52788/9786589932000.1-13 176
o digital facilitando o acesso a um gênero que antes apenas os leitores de jornais
impressos tinham acesso.
Tendo em vista a investigar as charges como elemento de crítica social e
política no meio midiático, selecionamos cinco charges e a partir desses recortes
buscamos compreender a construção dos discursos de crítica, humor e ironia
associados a recortes de apoio (trechos de notícias) para fazer associação aos
elementos verbais e não verbais do texto. Esses corpus são compostos de charges
coletadas na rede social Instagram nos meses de janeiro/fevereiro de 2021 na rede
social Instagram. Para isso, usaremos uma pesquisa documental, de abordagem
qualitativa, com fontes primárias e secundárias e objetivo descritivo, à luz de
autores como Bakhtin (2003), Santaella (2002), Marcuschi (2008) e outros que
contribuíram para esta pesquisa.
Quero mostrar que é por ser tão fundamental para nossa vida cotidiana que
devemos estudar a mídia. Estudá-la como dimensão social e cultural, mas
também política e econômica, do mundo moderno. Estudar sua onipresença,
sua complexidade. Estudá-la como algo que contribui para nossa variável
capacidade de compreender o mundo de produzir e partilhar seus significados.
(SILVERSTONE, 2002, p.13)
Dessa forma, Silverstone (2002) aponta para a importância que a mídia tem
para diversos fatores da vida humana e em diversos campos de atuação. Posto
que, ele exprime que compreendê-la contribui para compreender o mundo. Ao
passo que ela permite a conexão e o trabalho em larga escala entre as pessoas,
estreitando laços de comunicação e expressão humana.
Texto de apoio 1
Um dia após dizer a apoiadores que o Brasil está
“quebrado” e que por isso não consegue “fazer nada”,
o presidente Jair Bolsonaro declarou nesta quarta-feira
(6), em tom de ironia, que o país “está uma maravilha”.
Fonte:https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/01/06/apos-falar-em-pais-quebrado-
bolsonaro-ironiza-brasil-esta-bem-esta-uma-maravilha.ghtml
Figura 2
Fonte: https://www.instagram.com/p/CKj-QEajrGn/?igshid=1ukhxcxqm0ke7
Texto de apoio 2
Escândalo do leite condensado no governo Bolsonaro
chega às páginas do Le Monde
A “polêmica do leite condensado”, envolvendo as
despesas alimentícias do Executivo em 2020, ganhou as
páginas do diário francês Le Monde neste sábado (30). O
correspondente do jornal no Brasil, Bruno Meyerfeld, não
consegue evitar a fina ironia: “Para Jair Bolsonaro, a nota
é salgada ... mesmo que os produtos sejam açucarados”,
compara ele no início da matéria que conta como o
presidente do Brasil esteve imerso em um grande escândalo
por muitos dias após a revelação pela imprensa dos gastos
generosos com alimentos realizados por seu governo.... -
Fonte:https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2021/01/30/escandalo-do-leite-
condensado-no-governo-bolsonaro-chega-as-paginas-do-le-monde.htm?cmpid
Figura 3
Fonte: https://www.instagram.com/p/CK1N8pbJu7E/?igshid=q0kh1efwc2nl
Texto de apoio 3
Fonte:https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/02/02/padre-julio-lancelotti-quebra-a-
marretadas-pedras-instaladas-sob-viadutos-pela-prefeitura-de-sp.ghtml
Texto de apoio 4
Porque Rodrigo Maia não pautou nenhum dos 56 pedidos
de impeachment pendentes?
Dos mais de 60 pedidos de impeachment do presidente
Jair Bolsonaro já entregues à presidência da Câmara, 56 não
foram apreciados (os demais foram arquivados por questões
burocráticas). Agora, porém aceitação de qualquer uma das
representações só acontecerá reboque da eleição para o novo
presidente da Câmara. Se juristas tem apontado fartas evidências
de que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade, porque
nenhum dos processos foi aberto pelo presidente da Câmara,
Rodrigo Maia?
Fonte: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,por-que-rodrigo-maia-nao-pautou-
nenhum-dos-56-pedidos-de-impeachment-pendentes,70003594549
Considerações finais
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Introdução
https://doi.org/10.52788/9786589932000.1-14 190
Compreendendo essas concepções, objetivamos, a partir desta pesquisa,
identificar os desdobramentos da Reforma Pombalina — a Lei do Diretório
de 1757 — no uso das línguas faladas no Brasil Colônia e, também, os seus
impactos no ensino. Diante da realidade daquele momento, muitos dialetos e
línguas eram utilizados pelos povos que aqui habitavam e pelos que chegavam
para explorar a nova descoberta do povo Lusitano; práticas discursivas foram
enfraquecidas e apagadas durante à história pela imposição da Língua Portuguesa
— língua materna de Portugal, país que colonizou o Brasil — visto que Portugal
tinha como estratégia impor e civilizar os índios da cultura à língua. Em acordo
com BOSI (1992), a possibilidade de enraizar no passado a experiência atual de
um grupo se perfaz pelas mediações simbólicas: o gesto, o canto, a dança, o rito,
a oração, a fala que evoca, a fala que invoca, sendo assim, é de extremo interesse
impor a cultura do colonizador sobre o colonizado para dominá-los.
Buscando atender o objetivo proposto, faremos, no primeiro momento,
uma contextualização do panorama histórico-crítico e do diretório de 1757,
entendendo, assim, como se dá o início desse período e, ainda, o culminar
desta decisão no processo de formação histórico cultural brasileira. No segundo
momento, entenderemos a reforma em si e o seu impacto em relação à língua.
Em seguida, traçaremos a relação entre as influências das medidas tomadas por
Pombal nas políticas linguísticas e no ensino e por fim, serão abordadas algumas
considerações relacionadas ao que foi discutido. A pesquisa é de cunho descritiva
e bibliográfica, para isso, serão consultadas fontes bibliográficas, tais como a
Dialética da colonização (1992), de Alfredo Bosi; Português da Gente: A língua
que estudamos, a língua que falamos (2006), de Rodolfo Ilari e Renato Basso;
Preconceito linguístico (2009), de Marcos Bagno, entre outras.
Além das Roças de maniba, serão obrigados os Índios a plantar feijão, milho, arroz,
e todos os mais gêneros comestíveis, que com pouco trabalho dos Agricultores
costumam produzir as fertilíssimas terras deste País; com os quais se utilizarão
os mesmos Índios; se aumentarão as Povoações; e se fará abundante o Estado;
animando-se os habitantes dele a continuar no interessantíssimo Comércio dos
Sertões, que até aqui tinham abandonado, ou porque totalmente lhes faltavam os
mantimentos precisos para o fornecimento das Canoas; ou porque os excessivos
preços, porque se vendiam, lhes diminuíam os interesses (BRASIL, 1758).
1 O texto literário possui uma função social e um valor estético, visto que o elemento social, externo à criação artística,
condiciona a estrutura literária, atuando como princípio estruturante quando internalizado organicamente à forma artística.
Contudo, é preciso compreender que a obra de arte deve ser entendida por meio da sua complexidade, portanto, não
devemos criar antagonismos excludentes entre a arte e a sociedade. Dessa forma, não podemos reduzir o texto literário apenas
como uma continuação da sociedade, mas fazer uma leitura orientada pelos traços culturais e sociais que são incorporados à
estrutura literária, de modo a extrair da obra uma compreensão mais clara do que está no exterior dela (CANDIDO, 1974).
Considerações finais
Referências
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Ranna Alves
Graduada em Pedagogia (2018) e Mestre em Educação (2021) pela Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP). Colaboradora no Grupo de Estudos Sociedade,
Família e Escola (NESFE) e Núcleo de Avaliação Educacional (NAVE) da UFOP.
Especialista em Educação Básica da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais.
Possui publicações e pesquisas nos seguintes temas: Contação de histórias,
Relações étnico-racias, Indisciplina e Violência escolar.