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FIXAÇÃO DA MATÉRIA – COMPETÊNCIA – PROFA.

ERIKA

1) Assinale verdadeiro ou falso e justifique sua resposta (0,5 ponto cada item)
( F ) – distribuição não é critério para a fixação do foro, mas para a determinação da Vara.
De acordo com o art. 75 do CPP, a determinação da Vara é, em regra, por distribuição.

( F ) - havendo coautoria (concurso de pessoas) num crime praticado por um Prefeito Municipal e um particular
(falsidade ideológica, p. ex.), se no Tribunal de Justiça for absolvido o Prefeito, este órgão colegiado continuará
competente para julgar o particular.
Por ser um crime de falsidade ideológica, os coautores deverão ser julgados pela Justiça federal, uma vez que de acordo
com o art. 109 da CF, crimes de interesse da União deverão ser julgados na justiça citada.
( F ) - os senadores serão julgados pelo TJ de cada estado que eles representarem, conforme determina a Constituição
Estadual.
De acordo com o art. 102, inciso I, alínea b e c da CF, os senadores deverão ser julgados pelo STF.
( V ) Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu,
ainda quando conhecido o lugar da infração.
Verdadeiro, de acordo com o art. 73 CPP.
( F ) A competência para processar e julgar deputados federais e senadores, de acordo com a jurisprudência do STF, é
do próprio Supremo quando o fato criminoso tiver relação ou não com as funções exercidas pelo mandato.
Conforme AP 937, o foro de prerrogativa privilegiada deve ser quando o fato criminoso tiver relação com as funções
exercidas pelo mandato do deputado ou senador.

(F) Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição
prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, mesmo se já estiverem com sentença
definitiva.
De acordo com o art. 82 do CPP, o caso acima só ocorre quando não houver sentença definitiva.

( V ) A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que for praticada a infração, ou, no caso de tentativa,
pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
Verdadeiro de acordo com o art. 70 CPP.

2) Márcio Luiz (Prefeito da cidade de Belo Horizonte/MG), Roberto (Deputado Estadual em MG) e Marcília Braga
(dona de uma grande empreiteira denominada EGEO Engenharia) elaboraram e colocaram em prática um esquema
de fraude à licitação por meio de “jogo de planilhas”, que garantia à empresa de Marcília a execução de todas as
obras públicas da cidade que possuíam financiamento direto da Caixa Econômica Federal. O “esquema” consistia
no conluio entre Marcília e o servidor público que é presidente da Comissão de Licitações da cidade, José Henrique,
o qual elaborava os quantitativos do projeto básico da licitação de modo a garantir o menor preço e consequente
adjudicação do objeto licitatório para a EGEO Engenharia, sendo que, durante a execução do contrato, os
quantitativos eram modificados de modo a superfaturar a obra, tudo com o aval do Prefeito e o auxílio do Deputado
Estadual. Ocorre que o fiscal de obras da Caixa Econômica Federal, João Felipe, descobriu a fraude e, no decorrer
de uma fiscalização, afirmou para Marcília que iria noticiar o esquema fraudulento para a CEF e para as autoridades
policiais. Diante desta situação, Marcília, Márcio, Roberto e José Henrique resolveram matar João Felipe para
encobrir o esquema fraudulento e evitar que ele venha à tona. Então, no dia 13 de fevereiro de 2021, José Henrique
se dirigiu à Betim/MG, cidade onde mora João Felipe e, mediante emboscada, desferiu diversos tiros em seu peito.
Diante disso, João Felipe veio a falecer. Durante a investigação policial, foram colhidos elementos informativos que
indicam a participação de Marcília, Roberto e Márcio no homicídio praticado por José Henrique e, ainda, todo o
esquema de fraude foi desvelado, principalmente diante da confissão de José Henrique que, além de confirmar ter
ceifado a vida de João Felipe, revelou a razão pela qual os três comparsas decidiram matá-lo. Marcília, Roberto,
Márcio e José foram indiciados pela prática dos crimes de Fraude à Licitação (art. 90 da Lei 8.666) e Homicídio
qualificado (art. 121, §2o, IV e V do Código Penal). Considerando que Márcio e Roberto continuam exercendo seus
mandatos eletivos e que há na Constituição do Estado de Minas Gerais previsão de prerrogativa de foro para os
Deputados Estaduais serem julgados originariamente em segunda instância, responda: (a) identifique qual seria o
juízo competente para julgar cada um dos corréus (Marcília, Roberto, Márcio e José Henrique) e cada crime
individualmente, ignorando, num primeiro momento, eventuais regras de conexão/continência; (b) Haverá conexão
ou continência no presente caso? De que tipo? (c) Em caso positivo, identifique os efeitos da conexão ou
continência no processo e indique, ao final, o juízo competente para receber a denúncia em relação aos corréus
(Marcília, Márcio e José Henrique). Fundamente todas as suas respostas e indique os dispositivos legais aplicáveis
ao caso.

Marcília: no caso de Fraude à Licitação, seria julgada pela Justiça Estadual. No Homicídio qualificado, devido ao
fato de ter sido praticado contra servidor público federal, compete à Justiça Federal, conforme Súmula 147 do STJ.
Roberto: no caso de Fraude à Licitação, seria julgado pela Justiça Estadual de MG, porém no que tange ao
Homicídio qualificado, mesmo que contra servidor público,, seria julgado pela Justiça Federal, pois o Tribunal do
Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função.
Márcio: no caso de Fraude à Licitação, seria julgado pela Justiça Estadual de MG, porém ao que se refere ao
Homicídio qualificado, mesmo que contra servidor público, devido a Súmula 721 STF e Súmula vinculante 45 do
STF, seria julgado pela Justiça Federal, pois o Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função.
José: no caso de Fraude à Licitação, seria julgado pela Justiça Estadual de MG, porém no Homicídio qualificado,
devido ao fato de ter sido praticado contra servidor público federal, compete à Justiça Federal, conforme Súmula
147 do STJ.

(b) Haverá conexão ou continência no presente caso? De que tipo?


RESPOSTA: Haverá conexão, conforme artigo 76 do CPP. O tipo será intersubjetiva concursal, pois foram várias
pessoas em concurso, porém com tempo e local diferente dos crimes.

(c) Em caso positivo, identifique os efeitos da conexão ou continência no processo e indique, ao final, o juízo
competente para receber a denúncia em relação aos corréus (Marcília, Márcio e José Henrique). Fundamente todas
as suas respostas e indique os dispositivos legais aplicáveis ao caso.
RESPOSTA: O efeito da conexão será o de determinar a modificação da competência relativa, de modo a que um
único juízo tenha competência para processar e julgar todas as causas conexas.
No caso do crime de Fraude à Licitação, continuariam sendo julgados pela Justiça Estadual, conforme Súmula 702
do STF. Ao que se refere ao homicídio qualificado, todos seriam julgados na Justiça Federal, pois conforme Súmula
147 do STJ, prevalece esta em crimes contra servidores públicos federais.

3) Alberto e Bernardo costumam subtrair condomínios de luxo em várias cidades, fazem isso a mando de um terceiro,
que não gosta de “sujar as mãos”, mas fica com o dinheiro. Agem na calada da noite e sempre do mesmo modo, mas
em razão dos equipamentos de segurança ultramodernos, foram filmados e reconhecidos. Vários inquéritos foram
instaurados, um em cada comarca em que houve furto e houve também a identificação. Valinhos, Vinhedo, Itatiba e
Campinas possuem inquéritos em andamento, mas o juiz de Vinhedo, local da residência dos comparsas,
determinou, a pedido do delegado de polícia, a busca e apreensão na residência deles a fim de recuperar a res
furtiva. Cumprido o mandado, parte dos objetos subtraídos foram apreendidos. O juiz de Campinas, na semana
seguinte à busca e apreensão, e por coincidência, decretou a prisão preventiva de Alberto e Bernardo, o que foi
cumprido pelos policiais da 1º Delegacia Seccional de Polícia de Campinas. Alberto, que é mais estressado,
contratou vocês para cuidarem do caso e de pronto perguntou qual será o juiz da causa, pois sabe que o juiz de
Itatiba recebeu a denúncia ontem. Alberto está preocupado, pois o juiz de Campinas é muito severo.
Pergunto: a. quem será o juiz dessa causa? b. considerando que durante o interrogatório, após a prisão, Bernardo
noticiou que os furtos eram cometidos a mando de Carlos, Promotor de Justiça da Cidade X/SP, amigo de ambos e
parceiro de crime de longa data, o que acontecerá com o processo? Explique e fundamente as duas perguntas.
a.
RESPOSTA: Havendo incerteza no tocante ao limite territorial entre duas ou mais Comarcas, deve-se
resolver pela prevenção, conforme artigo 70, §3° do CPP e quando se tem crimes continuados ou
permanentes, cuja exceção se prolonga no tempo, podem atingir o território de mais de uma jurisdição,
conforme artigo 71 do CPP.
Portanto, o juiz da causa será o de Campinas.
FIXAÇÃO DA MATÉRIA – COMPETÊNCIA – PROFA. ERIKA

b. RESPOSTA: A autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os
outros juízes, conforme artigo 82 do CPP, sendo assim continuará na Comarca de Campinas.

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