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ESTADO DO MATO GROSSO

MINISTÉRIO PÚBLICO

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO
MATO GROSSO
2º PROMOTOR DE JUSTIÇA

Excelentíssima Senhora Doutora Juíza de Direito da 1ª Vara desta Comarca

PROCESSO Nº 123.456.789-0

INDICIADO: IDAMIR FIDELIS PEREIRA

O Ministério Público Estadual, através do Promotor de Justiça ao final


assinado, no uso de suas constitucionais atribuições, e com fundamento no art. 28 do CPP,
vem perante Vossa Excelência, requerer o ARQUIVAMENTO do presente inquérito policial,
pelas razões de fato e de direito abaixo elencadas:

Narram os autos inquisitivos inclusos que, em 06 de outubro de 2023, o


pastor IDAMIR FIDELIS PEREIRA, 55 anos, morador de Cáceres (MT), foi encontrado
morto na casa da vítima, nesta sexta-feira (6), após denúncias de ESTUPRO DE
VULNÉRAVEL de uma criança de 10 anos de idade, que morava apenas com sua mãe.

Em relato, vizinhos ouviram dois disparos que, com os horários


apresentados, correspondem ao disparo contra a mãe da criança e, após o assassinato, cometeu
suicídio após perceber a proximidade da Polícia Civil no local.

Em carta deixada pelo pastor momentos antes de tirar a própria vida, tudo
ocorreu com “o consentimento da mãe” que cobrava o “valor de R$ 10,00 reais” para que
pudesse cometer o ato criminoso e escreve, também, que preferia “tirar a própria vida a ser
preso”.

Haviam sinais visíveis de agressão na criança de 10 anos, com hematomas


aparentes e, o resultado pericial trás sinais “agressivos” e “contínuos” de abuso sexual.
ESTADO DO MATO GROSSO

MINISTÉRIO PÚBLICO

Apesar da carta alegar que tudo ocorria “com o consentimento da mãe”, não
há provas evidentes, como testemunhas, mensagens e ligações, que confirmem tal situação.

Pois bem.

Percebe-se que a partir de uma análise formal da situação exposta, a conduta


amolda-se ao crime de estupro de vulnerável (CP art. 213 § 1o) e homicídio doloso – feminicídio –
(CP art. 121).

Contudo, partindo-se de uma análise alicerçada em princípios


constitucionais e considerando, sobretudo, o ponto de vista material, verifica-se a
possibilidade de aplicação do ART. 68 do CPP que extingue a punibilidade ocasionada por
morte do infrator:

Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da


certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará
extinta a punibilidade.

Nesse sentido, aguarda-se o entendimento já exposto pelo TRF-5, para a


apreciação do pedido de arquivamento deste caso, apresentado na seguinte jurisprudência:

PENAL. INQUÉRITO. MORTE DO INVESTIGADO. EXTINÇÃO DA


PUNIBILIDADE. ARQUIVAMENTO. - Com o evento morte do
investigado, é de aplicar-se o disposto no art. 107, I, do Código Penal,
com o conseqüente arquivamento da peça de inquérito. - Pedido de
arquivamento deferido.

Referências Legislativas:
CP-40 Código Penal LEG-FED DEL- 2848 ANO-1940 ART- 107 INC-1
ART 62.
LEG-FED LEI- 10628 ANO-2002
LEG-FED LEI- 7209 ANO-1984

Como já exposto, a conduta do indiciado é formalmente típica, porém não


há como exigir a punibilidade pelo fato do Indiciado ter tirado a própria vida.

Ante o exposto e considerando que a conduta narrada, em razão da ausência


de lesão ao bem jurídico, o Ministério Público, com base no art. 68 do CPP, requer se
digne Vossa Excelência determinar o ARQUIVAMENTO das peças inclusas.
ESTADO DO MATO GROSSO

MINISTÉRIO PÚBLICO

Pede deferimento.

Cárcere, MT, 06 de outubro de 2023.

Carlos Alberto
Jorge Henrique
José Sávio
Kethylin Andrade
Raissa Maciel

2º Promotor de Justiça Do Mato Grosso, titular

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