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Resumo
O autor abordará o fenômeno atual do sexo virtual,
que cada vez mais faz parte da nossa sexualidade,
em todas as idades, influenciando, moldando e sendo
moldado por nossas fantasias sexuais. Ser capaz de criar
uma relação analítica a dois em que esse tipo de estado
mental autoerótico, com frequência dissociado, pudesse
ser partilhado e colocado em palavras seria crucial para
personalidades inibidas, retraídas e autísticas, mas é também
importante como instrumento para investigar relações
internas de objeto de nossos pacientes em geral.
Palavras-chave
pornografia; masturbação; fantasia; desejo; neurociência
afetiva; teoria relacional e intersubjetivismo; trauma
relacional precoce e dissociação.
sexualidade, está ganhando uma fundação Idealmente, no início das relações eró-
biológica que apoia uma visão muito mais ticas de adolescentes e de adultos, o fato
aberta sobre identidades e escolhas sexuais, de o casal partilhar fantasias conscientes
ao extremo de se considerar heterossexual permite excitação sexual e intimidade mais
ou homossexual apenas indivíduos que francas, ao reduzir a vergonha, a culpa e a
são mais exceção do que regra, e, o que é ansiedade vinculadas à manutenção secreta
mais importante, a identidade de gênero das próprias fantasias eróticas e as profun-
é determinada pela densidade de recepto- das necessidades emocionais por trás.
res cerebrais de testosterona que se fixa no Isso fica especialmente evidente no
recém-nascido e depois não é passível de caso de adolescentes gays que, como pri-
modificação pela educação ou psicoterapia. meiro passo, precisam aceitar suas fantasias
Assim, a identidade de gênero não é cul- homoeróticas como as condições dominan-
turalmente determinada, mas pode ser cul- tes para a excitação. Nesse caso, explorar
turalmente distorcida. pornografia gay pode ter um papel funda-
Na verdade, fatores culturais e históri- mental (Lemma, 2015).
cos influenciam as narrativas pessoais eró-
ticas ou fantasias masturbatórias que os
adolescentes e depois adultos criam para Psicanálise clínica de fantasias
dar apoio à excitação. A cultura muda masturbatórias
constantemente o que vivenciamos como
excitante, especialmente no nível da lin- Aprofundando o trajeto para as raízes das
guagem e da moda corporal. fantasias masturbatórias na prática clínica,
Todavia, alguns padrões constantes em estudiosos da psicanálise investigaram os
fantasias sexuais foram descritos por pes- vínculos entre as vicissitudes relacionais
quisadores (Masters & Schwartz, 1984), do bebê e o desenvolvimento do auto e do
tais como substituição do parceiro esta- heteroerotismo.
belecido, encontros sexuais forçados, sexo Segundo o psicanalista francês René
grupal, imagética sádica, mas também Roussillon, uma das questões mais proble-
memórias de experiências sexuais passa- máticas da adolescência é a integração de
das. Essas fantasias são comuns a homens Eros, desejo sexual (amor apaixonado) e
e mulheres hetero e homossexuais. orgasmo sexual na vida psíquica.
Na puberdade, as fantasias masturbató- A partir de um ponto de vista intrapsí-
rias sob a influência do aumento hormonal quico, ele propõe diferenciar duas modali-
tornam-se mais intensas e focadas em pene- dades eróticas que precisam ser integradas
tração e suas formas ativa e passiva para ao mínimo de conflitualidade.
ambos os sexos. A primeira dirige-se ao outro/objeto,
aceita a dependência e tenta reduzir seu
impacto por meio da posse, comunicação
e assim por diante.
interna. No entanto, são muito comuns figuras parentais ou sua perversão (o bebê
fantasias de posse, de submissão e de poder: é meu, eu o crio para minhas necessida-
o assim chamado sadomasoquismo normal des e ele não pode se diferenciar de mim)
(Celenza, 2014). impede o desenvolvimento do self (self ver-
Por exemplo, o sexo oral pode concreti- dadeiro), que é deslocado a uma distância
zar a fantasia de tomar posse do corpo do sideral (siderado) do sistema solar da cons-
outro, em um rito canibalesco a ser com- ciência e do ego pela estratégia de sobrevi-
preendido como forma de se alimentar dos vência do falso self.
fluidos corporais mais preciosos do outro. Nesses casos, com frequência, o self ver-
O corpo do outro excitado por “mim” dadeiro é vivido como um estranho amea-
é o alimento narcísico mais precioso. Ali- çador, paradoxalmente, uma aproximação
mento-me dele; seu prazer me valoriza. semelhante a um cometa de tempos em
Talvez, a insistência em close-ups geni- tempos.
tais, ao limite do tédio, na pornografia seja Desejo sexual encarnado, Eros, é um
uma tentativa de evitar focar rostos, nossa modo de o self verdadeiro poder estar vivo,
mais sofisticada expressão emocional. expressando novamente suas necessidades
Emoções verdadeiras são tão temidas e contornando o falso self, cujo acesso à
quanto desejadas em indivíduos dissocia- sexualidade é rígido e superegoico, rara-
dos traumatizados, e o canal não verbal mente ou jamais orgástico.
de mímica é especialmente potente em Em Eros, sendo possuído por ele, o self
nós desde as primeiríssimas horas de vida verdadeiro floresce procurando o espelha-
extrauterina (Stern, 1985). mento libidinal, o desejo original do outro
A etimologia de desire (desejo) também que faltou no início da vida mental: o outro
é útil para compreender o vínculo possível me des-sidera, então renasço.
entre trauma relacional inicial e fantasias Podemos dizer que, no nível de coesão,
eróticas. estrutura e manutenção do self, a sensua-
lidade como contato/sustentação corporal
desire (desejo): vem do francês antigo desi- (ser sustentado nos braços dos pais) antes
rer, que veio do latim desiderare, “desejar”, da puberdade e a sensualidade/sexuali-
“querer”; o sentido original possivelmente dade após têm papel fundamental com
era “aguarde o que os astros trarão”; da frase respeito a autoestima e valor, empatia e
de sidere, “dos astros”; de sidus e sideris (geni- assertividade.
tivo), “corpo celeste”, “astro”, “constelação”. Esse papel do desenvolvimento poderia
siderado: atordoado, atônito, estupefato. ser mais bem compreendido se considerar-
sideração: estar siderado ou atordoado. mos que a sensualidade e a sexualidade são
(www.wordinfo.info/unit/3601/ip:6/il:S) como dois lados da mesma moeda, assim
como apego e sexualidade não são dois sis- instrumentos de comunicação são pré-ver-
temas motivacionais separados (Panksepp bais e, portanto, aqui “superfície” corres-
& Biven, 2012; Ogden, Minton & Pain, ponde aos estágios iniciais mais profundos
2006), mas, ao contrário, ganham força e originários da nossa mente, pertencentes
um do outro e, no desenvolvimento, um realmente até mesmo ao estágio fetal do
segue o outro. desenvolvimento humano, tal como relata
Além do mais, sexualidade é um termo Panksepp (Panksepp & Biven, 2012).
recente, datando do início do positivismo Visto que “o sistema de ação de apego
no século XIX (Foucault, 1984), e dá a sen- parece ser o sistema fundante para o da
sação de classificação, escola de medicina, sexualidade” (Ogden et al., 2006, p. 120),
do corpo separado da mente. Lichten- tato e a seguir a pele são respectivamente
berg (2008) também separa sexualidade o canal perceptivo e o órgão sensorial por
de sensualidade, mas reserva o primeiro meio dos quais o corpo interage e final-
para comportamentos ligados a traumas mente “se funde” com o outro.
relacionais. Paladar, olfato e audição não são menos
Para nós, do ponto de vista clínico, é essenciais no apego bem como na sexuali-
mais proveitoso utilizar o termo “sensuali- dade/sensualidade e fusão, demonstrando
dade, que está mais próximo da intencio- ainda mais suas profundas interconexões
nalidade do erotismo e de suas radiações de acordo com a neurociência afetiva.
estéticas e encarnadas” (Sissa, 2003, p. 7).
A sensualidade, estreitamente ligada
às experiências de vida do indivíduo, tem Limites do ego/self e a necessidade
uma evolução, um desenvolvimento pecu- de preencher o vazio interno (com o
liar para cada pessoa e, portanto, muda com desejo do outro)
o tempo. Na antiga cultura greco-romana,
Giulia Sissa, professora de história dos clás- Sexo diz respeito à fusão com outro corpo-
sicos e ciências políticas da UCLA, escreve: -mente, e fusão sempre se refere ao desejo
“Eros não é um repertório de atos sexuais e medo de mudar o próprio self ilusoria-
possíveis, mas de desejo que se origina do mente autônomo, mas essencialmente rela-
corpo” (2003, p. 8). cional e construído a dois.
De acordo com Andrea Celenza (2014), Os limites entre eu e o outro ficam indis-
podemos considerar as fantasias sexuais tintos na sensualidade/sexualidade, o que
como área transicional do brincar e da atinge o ápice durante o orgasmo, mas o
experimentação do desejo do indivíduo. nível de indistinção depende das emoções
Sexualidade e sensualidade consistem vivenciadas e da qualidade e franqueza da
em relações íntimas em que os principais relação. Quanto mais íntima se tornar a
relação, mais indistintos os limites.
Na realidade, como o self é uma “fic-
ção” construída a dois, o outro sempre tem
um papel crucial nisso. A começar com Pornografia é exibir desejo para acender
o famoso lema de Donald W. Winnicott o desejo do espectador. O rosto, os movi-
(1965): o bebê não existe sem mãe; nos pri- mentos corporais e gestos dos atores pornôs
meiros estágios da vida psíquica, essa depen- precisam expressar desejo ou paixão erótica
dência constitutiva da presença psíquica do (da ternura ao excesso de desejo).
outro no íntimo do nosso senso de estar vivo, É tudo falso? E/ou como em atuação: há
de existir, literalmente, pode explicar a fun- algo no meio: é preciso sentir para atuar? O
ção que o autoerotismo tem como atividade que poderíamos dizer ao ver a ereção do pênis
integradora do self, como atividade conti- ou a umidade vaginal nesses casos? Sabemos
nente do self diante da ausência externa (do que não podem ser fingidas, pois não estão
outro, o outro significativo). sob controle voluntário; assim, os atores pre-
A autocontinência por meio da mastur- cisam estar sexualmente excitados sempre, ao
bação (e as fantasias por detrás) começa, menos os homens, ou precisam usar drogas.
normalmente, no primeiro ano de vida, Mas por quem e por quais fantasias?
para enfrentar leves feridas narcísicas ini- Desejo é disponibilidade corporal como
ciais e/ou abandono relativo, e é fisiológica: continente e conteúdo: “Vou tomá-lo em
o objeto ausente é alucinado (transformado meus braços/dentro do meu corpo”, mas
virtualmente) em objeto desejante, e mais também: “Quero ser sustentado/possuído”.
tarde, na adolescência e na vida adulta, basi- O estímulo mais excitante é o orgasmo
camente os mesmos roteiros/fantasias se mostrado no rosto da atriz/ator (a ruboriza-
repetem em quase todas as variantes, com ção do prazer no rosto) e/ou a ejaculação
a inversão final comum da recusa à aceita- real de esperma, que não pode ser fingida
ção, da solidão para estar junto, da humi- por ser um reflexo do sistema nervoso autô-
lhação ao triunfo (Stoller, 1975). nomo, uma reação corporal involuntária:
Dessa maneira, as agonias primitivas verdadeira como o corpo é verdadeiro –
despertadas pela ausência/perda temida portanto, confiável!
do objeto são mantidas à distância. Voltamos, então, à necessidade mais
Em casos mais graves de rejeição e aban- básica de uma base segura, um porto
dono real, a masturbação pode estar total- seguro, alguém confiável por ter prazer de
mente ausente ou ser compulsiva. Nos meus me ter dentro de si.
casos clínicos de adultos, as frustrações e Resumindo, eu poderia propor o seguinte
medos de ser rejeitado e não sustentado, e esquema focado nos canais visual e acústico
então cair interminavelmente, estão por trás de percepção que a pornografia mais ativa
do impulso a se masturbar, “realizando” vir- no espectador.
tualmente, em estado de dissociação, a fan- O espectador está em estado mental
tasia de entrar no corpo de outro, o corpo da dissociado/regressivo e procura “consolo”
mãe, e ser sustentado com desejo: o outro
que (me) deseja é o continente bom de
quem é possível nascer de novo.
para seu mal-estar interno. Mais exata- de vingança versus abandono, negligência,
mente, uma imagem ou fantasma, roteiro, ou humilhação, mortificação.
cenário a ser usado para regular seus esta- Na verdade, toda a gama de afetos
dos emocionais internos. Podemos dizer, humanos pode ser sexualizada/erotizada.
seguindo Bromberg (2008), que o espec-
tador excitado de pornografia “não tem A sexualização/erotização da vergonha, por
uma fantasia inconsciente, mas é a fanta- exemplo, transforma-a em exibicionismo,
sia inconsciente” (p. 169). com a sensação de triunfo sobre o agressor
Como a competência do recém-nascido (o cuidador sem sintonia), tal como Stoller
em linguagem não verbal e sua dependência ressaltou em trabalho seminal (1975, 1985,
da mímica do rosto do cuidador para regula- 1991).
ção a dois, recíproca, do mundo interno/fisio-
lógico, o adulto, ao desfrutar pornografia, É importante lembrar que, dos Três
escrutina a mímica e gestos dos modelos ensaios sobre a teoria da sexualidade
pornô em busca da exibição involuntária (Freud, 1905/1953b) até hoje, a definição de
do mundo interno deles, para autorregu- perversão mudou muito, com estreitamento
lação do seu estado emocional interno da sua aplicação – que, para Freud, incluía
por meio da exposição revelada de prazer até homossexualidade. Por exemplo, sexo
erótico/orgasmo. oral e anal hoje são considerados variantes
Testemunhar (e se identificar com o normais de sexualidade. Além disso, aqui,
agente e com quem sofre a ação) o orgasmo não abordo comportamentos perversos per
do outro é um mecanismo regulatório do se, mas fantasias, e gostaria de citar a defi-
senso interno de valor e mérito. nição esclarecedora e atualizada de perver-
A ereção do pênis e a ereção do clitóris/ são de Richards (2003), em que a agressão
mamilos ou a lubrificação da vagina são sexualizada é o tema central:
expressões involuntárias do estado interno
de excitação – prazer de se relacionar –, Os atributos definitórios de perversão são:
de desejo pelo outro, que o espectador (1) valorizar um cenário específico, animal,
necessita. objeto inanimado ou parte de uma pes-
A confiança ou melhor a desconfiança/ soa mais do que a felicidade ou aprovação
descrença no desejo/amor do outro é con- da outra pessoa; (2) compulsão; (3) prazer
sequentemente contradita e revertida. sexual e prazer na descarga de agressão; (4)
No cerne do mundo interno do usuário vergonha e grandiosidade concomitantes; e
de pornografia, encontram-se comumente (5) coerção disfarçada de amor. É possível
fantasias de ação e admiração/reconheci- atribuir quaisquer desses atributos a desejos
mento (o desejo do outro), mas também e proibições específicos tal como se podem
atribuir sintomas neuróticos a seus antece-
dentes em desejos e proibições da infân-
cia. Todos eles, combinados em um único
a sexualidade pode ser mais compreendida após anos, por algo que floresce a partir do
como reflexo da história inicial de apego do paciente, o analista precisa enfocar seu pró-
que simplesmente um conjunto de pulsões prio corpo que ecoa ao corpo do paciente.
instintivas” (Levy, 2008, p. 264). Feminilidade ou masculinidade (Desejo-
Paradoxalmente, o setting analítico, com -Eros) brotam muitas vezes de formas sutis,
suas limitações reais de contato corporal, mas os corpos notam imediatamente e pre-
mas também com sua alta frequência de cisamos escutá-los para poder dar-lhes as
sessões e intimidade emocional (tal como boas-vindas e apoiar seu desenvolvimento
devanear juntos durante as sessões), é um em direção ao mundo dos outros por meio
amplificador poderoso de emoções expres- da linguagem falada, como sua própria lín-
sas no corpo. gua encarnada, ainda que falada.
Portanto, é crucial não só o que dize- As relações mais íntimas e transformado-
mos, mas como dizemos, com que emo- ras envolvem partilhar emoções iniciais da
ções corporais/encarnadas (Celenza, 2014). vida do tipo de apego bebê-cuidador (ter-
Refiro-me, por exemplo, aos silêncios nura, nostalgia etc.), que realiza o paradoxo
ruidosos, às vezes ensurdecedores, provo- do surgimento do corpo-mente de alguém
cados por fantasmas mudos ou ressonân- unido com outra mente encarnada. Para
cias internas em ambos os participantes do a sexualidade desabrochar totalmente,
encontro analítico. necessita sensualidade, como a flor neces-
Uma troca de olhar ao entrar e sair sita das suas raízes no solo.
da consulta, gestos que se assemelham a Um lema africano diz: É mais íntimo
dança ao entrar ou sair, visões, cheiros… dormir junto com uma mulher do que
tudo que perpassa os corpos, corpo a corpo, fazer amor com ela, pois, no primeiro caso,
pode aquecer ou esfriar a sessão. Basica- seus sonhos também serão fundidos.
mente, a transferência ali está, acima ou
abaixo das comunicações verbais e do já
conhecido.
Quando, na intimidade da relação ana- Nota
lítica construída a dois, o analista fica 1 NT: jogo de palavras difícil de traduzir – Dimen’s “(m)
sexualmente excitado, pela primeira vez, other” poderia ser reescrita “my other”.
El autor abordará el fenómeno actual del sexo virtual The author will address the present day
que, cada vez más, forma parte de nuestra sexualidad, phenomena of virtual sex that is increasingly
en todas las edades, influyendo, moldeando y siendo part of our sexuality at all ages, influencing and
moldeado por nuestras fantasías sexuales. Ser capaz shaping and being shaped by our sexual fantasies.
de crear una relación analítica a dos en la que este Being able to co-create an analytic relation
tipo de estado mental autoerótico, con frecuencia where such an autoerotic often dissociated
disociado, pudiera ser compartido y expresado con mental state could be shared and worded
palabras sería crucial para personalidades inhibidas, could be crucial for inhibited, retired, autistic
retraídas y autísticas, pero es importante también personalities but it’s also important as a tool
como instrumento para investigar las relaciones to explore internal object relations of our
internas de objeto de nuestros pacientes en general. patients in general.
Palabras clave: pornografía; masturbación; fantasía; Keywords: pornography; masturbation; fantasy;
deseo; neurociencia afectiva; teoría relacional desire; affective neuroscience; relational theory
e intersubjetivismo; trauma relacional precoz y and intersubjectivism; early relational trauma and
disociación. dissociation.
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