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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DOM BOSCO


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

LUCIANA ROCHA PINHEIRO FONSECA

A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA DENTRO DA EQUIPE


MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DE FISSURAS LABIOPALATINAS:
revisão de literatura

São Luís
2022
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LUCIANA ROCHA PINHEIRO FONSECA

A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA DENTRO DA EQUIPE


MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DE FISSURAS LABIOPALATINAS:
revisão de literatura

Monografia apresentada ao Curso de Odontologia


do Centro Universitário Unidade de Ensino
Superior Dom Bosco como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Odontologia.

Orientadora: Profa. Dra. Luana Martins


Cantanhede

São Luís
2

2022
LUCIANA ROCHA PINHEIRO FONSECA

A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA DENTRO DA EQUIPE


MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DE FISSURAS LABIOPALATINAS:
revisão de literatura
Monografia apresentada ao Curso de Odontologia
do Centro Universitário Unidade de Ensino
Superior Dom Bosco como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Odontologia.

Aprovada em: _____/____/_____. – preencher data no 2º depósito

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________
Prof. Me. Nome Completo (Orientador)
Mestre em XXXXXXXXX
Centro Universitário Unidade de Ensino Superior Dom Bosco (UNDB)

_____________________________________________
Prof. Ma. Nome Completo – preencher dados no 2º depósito
Mestra em XXXXXXXXX
Centro Universitário Unidade de Ensino Superior Dom Bosco (UNDB)

_____________________________________________
Prof. Me. Nome Completo – preencher dados no 2º depósito
Mestre em XXXXXXXXX
Centro Universitário Unidade de Ensino Superior Dom Bosco (UNDB)
3
4

Dedico esse trabalho aos meus pais


Luciene e Elinaldo, que sempre me
apoiaram em meios aos desafios,
fazendo o possível para a realização
do meu sonho. Ao meu esposo David
que sempre esteve ao meu lado me
apoiando e me dando força para
alcançar meus objetivos. À minha
família que contribuiu de todas as
formas para a realização desse
sonho. Obrigada a todos.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por preservar meus caminhos, me


abençoando em tudo, permitindo assim minha chegada até aqui.

Meus sinceros agradecimentos a minha família, minha mãe Luciene,


meu pai Elinaldo, que sempre me apoiaram e ajudaram absolutamente em tudo na
vida. Agradeço também a minha sogra Conceição, meu sogro João, a minha tia
Lucilene e meu irmão Luciano, minha prima Leciane, que também contribuíram
para essa jornada, me ajudaram inclusive financeiramente, me dando além de tudo,
motivação para seguir em frente.

Grata por poder contar diariamente com o apoio do meu amado esposo
David, que sempre acompanhou de perto os meus esforços, sempre me dando
apoio para alcançar meus sonhos.

Agradeço em especial a professora Luana Cantanhede, pela orientação


deste trabalho. Foi uma honra aprender com uma pessoa e profissional
excepcional, espero me tornar um dia metade do que ela é.

Também agradeço às minhas amigas de turma Marília, Marcela e


Débora, com as quais passei boa parte do meu tempo, tanto aprendendo e
contando com elas em todos os momentos, em especial a Marília, que foi a minha
dupla durante todo o curso, sempre me ajudando e me incentivando.

.
6

“Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime,


pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por
onde você andar.”
(Josué 1:9)
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RESUMO

As fissuras labiopalatinas são malformações congênitas faciais que se caracterizam


por fenda/abertura na região do lábio e/ou palato, resultante da falta de união dos
centros proliferativos da face no período embrionário. Necessitando de tratamento
multidisciplinar, sendo imprescindível a atuação do cirurgião-dentista na reabilitação
integral desses pacientes. O presente trabalho tem como objetivo descrever a
importância da participação do cirurgião-dentista dentro de uma equipe
multiprofissional no acompanhamento e tratamento de pacientes com FLP. Esta
pesquisa bibliográfica consiste em uma revisão narrativa da literatura, acerca do
tema abordado que se caracteriza pela importância do cirurgião-dentista dentro da
equipe multidisciplinar no tratamento de FLP. O cirurgião-dentista é um profissional
que apresenta grande importância no tratamento complexo do paciente com FLP,
atuando juntamente com toda a equipe multidisciplinar para alcançar resultados
funcionais e estéticos. O mesmo exerce papel primordial no tratamento dessa
malformação, presente desde os primeiros meses de vida, percorrendo pela
infância, até a fase adulta, reparando as sequelas envolvidas a fissura,
proporcionando assim uma integral reabilitação oral e maxilofacial para o paciente.
Conclui-se que o cirurgião-dentista possui um papel de extrema importância dentro
da equipe multidisciplinar que atende aos portadores de fissuras orofaciais. Atuando
no diagnóstico, controle das infecções bucais, restabelecimento funcional e estético.
Assim, a participação do cirurgião-dentista percorre todo o tratamento, até a
conclusão do mesmo, que pode se estender até a fase adulta.

Palavras-chave: Fenda Labial; Fissura Palatina; Odontologia; Equipe de Assistência


ao Paciente.
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ABSTRACT

Cleft lip and palate are congenital facial malformations that are characterized by
cleft/opening in the region of the lip and/or palate, resulting from the lack of union of
the proliferative centers of the face in the embryonic period. Requiring
multidisciplinary treatment, the role of the dentist is essential in the comprehensive
rehabilitation of these patients. The present work aims to describe the importance of
the participation of the dentist within a multiprofessional team in the follow-up and
treatment of patients with CLP. This bibliographic research consists of a narrative
review of the literature on the topic addressed, which is characterized by the
importance of the dentist within the multidisciplinary team in the treatment of CLP.
The dentist is a professional who has great importance in the complex treatment of
the patient with CLP, working together with the entire multidisciplinary team to
achieve functional and aesthetic results. It plays a key role in the treatment of this
malformation, present from the first months of life, through childhood, to adulthood,
repairing the sequelae involved in the cleft, thus providing an integral oral and
maxillofacial rehabilitation for the patient. It is concluded that the dentist has an
extremely important role within the multidisciplinary team that assists patients with
orofacial clefts. Acting in the diagnosis, control of oral infections, functional and
aesthetic restoration. Thus, the participation of the dentist runs through the entire
treatment, until its conclusion, which can extend to adulthood.

Keywords: Cleft Lip; Cleft Palate; Dentistry; Patient Assistance Team


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Desenvolvimento da face. ....................................................................... 20


Figura 1 – Fissuras labiopalatinas classificadas com sistema de LAHSHAL. ..........24
Figura 1 – Classificação de Kernahan e Stark. ........................................................ 25
10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição de portadores de fissuras segundo ao gênero. Hospital


Infantil Albert Sabin 1998-2013. ................................................................................ 19

Tabela 2 – Classificação dos tipos de fissuras labiopalatinas. ................................. 22


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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

FLP Fissura Labiopalatina


UNDB Unidade de Ensino Superior Dom Bosco
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
PNE Pacientes com Necessidades Especiais
OMS Organização Mundial de Saúde
SINASC Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 15
2 METODOLOGIA..................................................................................................... 16
3 REVISÃO DE
LITERATURA................................... ..................................................... 17
3.1 Características gerais das fissuras lábio palatinas........................................17
3.1.1 Etiologia e prevalência das fissuras, fissuras labiopalatinas.............................17
3.1.2 Embriologia da face...........................................................................................19
3.2 Classificação das Fissuras Lábio
Palatinas.....................................................21
3.3.1 Tratamento das fissuras lábio palatinas durante a
infância.........................25
3.3.2 Tratamento das fissuras lábio palatinas durante a idade
adulta..................28
3.4 O cirurgião-dentista e a equipe multidisciplinar
..............................................29
4
CONCLUSÃO.................................................... ........................................................... 31
REFERÊNCIAS..........................................................................................................32
APÊNDICE ............................................................................................................... 37
13

1 INTRODUÇÃO

A fissura labiopalatina (FLP) é uma malformação congênita facial,


caracterizadas por fenda/abertura na região do lábio e/ou palato, resultante da falta
de união dos centros proliferativos da face no período embrionário, que ocorre entre
a quarta e a oitava semana de vida intrauterina. Durante o desenvolvimento fetal,
diferentes estruturas da face desenvolvem-se separadamente para que depois
ocorra a fusão, a falha na união dessas estruturas resulta na formação de fendas
que podem ser de diferentes graus de extensão, de forma unilateral ou bilateral
(COSTA; et al.,2018).

As Fissuras de lábio e palato apresentam-se isoladas, combinadas entre


si ou associadas a outras malformações, ocorrendo em diferentes graus de
severidade. A classificação proposta por Spina et al. é a mais utilizadas no Brasil,
tendo base nos aspectos morfológicos de acordo com desenvolvimento da fenda,
como ponto de referência a fossa incisiva, limite entre palato primário e secundário,
resultam em distorções anatômicas no lábio superior, nariz e palato. Sua etiologia é
complexa envolvendo múltiplos fatores genéticos e ambientais. (MICHO; LEME,
2014).
De acordo com os dados epidemiológicos, existe cerca de 1 bebê com
fissura para cada 650 nascidos, ocorrendo aproximadamente 5.800 novos casos por
ano no Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (SILVEIRA; et al.,
2020). Na Região Nordeste no período de 2015 a 2018, foram registrados 1.483
casos de anomalias congênitas do tipo fenda labial e ou/ palatina, de um total de
3.296.654 nascidos vivos, com média de 0,44/1000 nascidos vivos, segundo dados
disponíveis no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) (COSTA et
al., 2021).

As FLP produzem amplo impacto na saúde geral do indivíduo,


desencadeando uma série de alterações que podem levar ao comprometimento da
fala, audição, deglutição, posicionamento dos dentes e estética. A falta do
tratamento adequado para as fissuras pode resultar em grandes sequelas, como o
déficit nutricional, surdez, problemas de fala, e problemas psicossociais (KUHN et
al., 2012).
14

A reabilitação total do paciente com FLP é possível, sendo preferível a


intervenção o mais cedo possível para um melhor prognóstico. O tratamento pode
ser longo dependendo do tipo de fissura, iniciando logo após o nascimento, e se
estendendo até a fase adulta com cirurgias corretivas e estéticas (PEREIRA, 2019).
Com as inúmeras implicações impostas pelas FLP ao indivíduo
acometido, é de fundamental importância a intervenção por uma equipe
multidisciplinar, composta por médico, cirurgião-dentista, psicólogo, fonoaudiólogo,
assistente social, enfermeiro e nutricionista. Todos estes profissionais são de
extrema importância para reabilitação do paciente desde o nascimento até a idade
adulta. (FERNANDES; DEFANI, 2013).
O cirurgião-dentista por sua vez possui grande importância dentro dessa
equipe de profissionais, atuando desde o aconselhamento dos pais a respeito da
condição e seus impactos na saúde bucal, à realização de procedimentos cirúrgicos
na fase da infância, cirurgia ortognática ao final do crescimento ósseo, juntamente
com a ortodontia, implantodontia e prótese. (DELMIRO et al., 2021).

O presente trabalho tem como objetivo descrever a importância da


participação do cirurgião-dentista dentro de uma equipe multiprofissional no
acompanhamento e tratamento de pacientes com FLP. Destacando na pesquisa a
relevância do acompanhamento contínuo destes pacientes, dando enfoque ao papel
assumido pelo cirurgião-dentista desde o primeiro momento com o diagnóstico, até a
conclusão do tratamento com a reabilitação integral do paciente.

2 METODOLOGIA

Esta pesquisa bibliográfica consiste em uma revisão de literatura de


caráter narrativo, acerca do tema abordado que se caracteriza pela importância do
cirurgião-dentista dentro da equipe multidisciplinar no tratamento de fissuras
labiopalatinas. Tendo em vista que essa patologia traz prejuízos funcionais,
estéticos, psicológicos e sociais. Sendo o tratamento multidisciplinar primordial,
expondo assim a problemática “Qual a importância que o cirurgião-dentista tem
dentro de uma equipe multidisciplinar no tratamento reabilitador de fissuras
labiopalatinas?”.
15

Esta indagação contribuiu para a coleta de informações que foi realizada


nas bases de dados online, como Google Acadêmico, Biblioteca Virtual de Saúde –
BVS, PubMed e Scielo. As palavras chaves utilizadas estão indexadas na plataforma
DESC. e são: “Fenda Labial; Fissura Palatina; Odontologia; Tratamento
Interdisciplinar” nas Bases de dados PubMed.

Os artigos foram selecionados por meio da leitura dos títulos, utilizou-se


como critério de inclusão artigos no idioma português e inglês, publicados dos anos
2011 a 2021, condizentes ao tema, com foco no tratamento multidisciplinar, sendo
utilizado relatos de casos, revisões de literatura. E como critério de exclusão: artigos
que não se relacionaram integralmente com o tema, trabalhos que não estejam
disponíveis na íntegra. Foi realizada leitura completa e criteriosa dos estudos
pesquisados, sendo extraído os dados dos mesmos contendo o autor do estudo, tipo
de estudo, data, e fator comparativo. A partir dessas informações, foi elaborada uma
revisão de literatura referente a importância do cirurgião-dentista dentro da equipe
multidisciplinar no tratamento de fissuras labiopalatinas.

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS FISSURAS LÁBIO PALATINAS


3.1.1 Etiologia e prevalência das fissuras, fissuras labiopalatinas

A etiologia das fissuras orofaciais não estabelece claramente a causa da


anomalia. De natureza multifatorial diversos fatores etiológicos têm sido
evidenciados, destaca-se os possíveis agentes causadores em duas grandes
categorias: fatores genéticos e fatores ambientais.
Os fatores genéticos são considerados críticos no desenvolvimento de
fissuras FLP, responsáveis por 25% a 30% dos casos observados, assumindo um
papel relevante na etiologia das fissuras, estando comumente associados a
síndromes (RIBEIRO; SABÓIA; FONTELES, 2011).
Entre os fatores ambientais estão envolvidos o tabagismo, alcoolismo,
medicamentos anticonvulsivantes, deficiências de vitaminas, doenças virais,
exposição a alguns químicos e radiação, tais fatores contribuem para o
desenvolvimento das fissuras de lábio e palato (DELMIRO et al., 2021).
16

Fernandes e Defani (2013) declara que a malformação pode ocorrer com


qualquer indivíduo, independentemente de raça, gênero, etnia e condição
socioeconômica. Entretanto, observa-se que os maiores riscos de incidências de
casos de FLP, ocorrem com indivíduos que possuem fator socioeconômico
desfavorável. A falta de acesso aos cuidados necessários e essenciais durante o
período de gestação influenciam no estado de saúde do indivíduo, como o não
acompanhamento médico durante a gravidez e a impossibilidade de acesso a uma
alimentação adequada com os nutrientes necessários para o correto
desenvolvimento do bebê.
A idade materna igual ou superior a 35 anos vem sendo evidenciada
como um fator de risco para fissura labial e/ou fenda palatina, com maior ocorrência
de casos do que aquelas que não se enquadram nesta faixa etária. Crescentes
estudos apontam que a idade materna avançada possibilita o desenvolvimento de
anomalias congênitas. Isso ocorre pelo envelhecimento dos óvulos, que aumenta
chances de defeitos estruturais com o avançar da idade. Outro fator associado são
as doenças crônicas pré-existentes, que influenciam no mal funcionamento do
organismo feminino, resultando em danos para o feto (SHIBUKAWA et al., 2019).
Um estudo realizado no Serviço de Referência multiprofissional para
deformidades craniofaciais do Estado de Minas Gerais, foram avaliados 100 bebês
com fissuras e 100 bebês sem fissuras, foi encontrado associação entre o aumento
do risco de ocorrências das FLP com idade materna. A faixa etária de 26 a 35 e
superior a 35 anos, demonstrou risco menor de FLP comparado com mulheres com
idade inferior a 26 anos. Em relação a idade paterna avaliada isoladamente ou
associada a idade materna não foram registrados dados estatísticos significativos
com relação às FLP (SILVESTRE et al., 2021).
Um outro estudo de caso-controle realizado no Vietnã com 340 crianças,
mostrou que, a faixa etária materna mais acometida foi até 24 anos. Outro estudo na
Argentina com 13.444 bebês, também mostrou que mulheres com idade inferior a 19
anos tiveram maiores números de casos de filhos com FLP. Assim, compreende-se
que não existe concessão absoluta na literatura em relação a idade materna e o
desenvolvimento das fissuras, possuindo ainda discussões (SHIBUKAWA et al.,
2019).
Em um levantamento de dados sobre FLP em pacientes atendidos pelo
Hospital Infantil Albert Sabin no Estado do Ceará mostrou que em relação ao
17

gênero, ocorreu uma leve predileção pelo sexo masculino, cerca 50,38% dos
indivíduos analisados, além disso, houve uma maior prevalência em pacientes do
sexo masculino, com taxa de prevalência que varia de 53% e 56% (Tabela 1)
(REBOUÇAS et al., 2014). No sexo masculino, as fissuras de lábio com ou sem
envolvimento do palato ocorrem com mais frequência. Por outro lado, o sexo
feminino apresentou maiores ocorrências de fissuras de palato isoladas. Já em
relação à raça, os maiores índices de ocorrências da anomalia são em indivíduos da
raça branca (FERNANDES; DEFANI, 2013).

Tabela 1 – Distribuição de portadores de fissuras segundo ao gênero. Hospital


Infantil Albert Sabin 1998-2013.
GÊNERO Nº %
Masculino 199
50,38%
Feminino 196
46,62%
Total 395 100%
Fonte: Rebouças et al. (2014).

SHIBUKAWA et al. (2019) A taxa média no Brasil de fissura labial e/ou


fissura palatina foi cerca de 0,51/1000 nascidos vivos, segundo uma análise feita
nos anos 2000 a 2013, que gerou resultados onde a média nacional foi de 0,48/1000
nascidos vivos. No Brasil, as regiões mais afetadas pelas fissuras são as regiões Sul
e Sudeste, correspondendo às maiores taxas. No que diz respeito a maior
prevalência das FLP, destaca-se a Regiões Sul que demonstrou maior taxa, já a
Região Nordeste teve a menor taxa.

3.1.2 EMBRIOLOGIA DA FACE

A respeito da ocorrência das fissuras de lábio e palato é preciso


compreender o desenvolvimento da face. Na quarta semana de desenvolvimento
embrionário começam a surgir os primórdios da face ao redor do grande estomodeu
primitivo. Os cincos primórdios da fase se caracterizam por uma saliência
frontonasal, duas saliências maxilares e duas saliências mandibulares (Figura 1)
(FERNANDES; DEFANI, 2013).
18

Figura 1 – Desenvolvimento da face.

Fonte: Marius et al. (2017).

O processo frontonasal origina a testa e o dorso do nariz, as saliências


nasais laterais originam as asas do nariz, já as saliências mediais originam o septo
nasal, entre outras estruturas. As saliências maxilares formam parte do lábio
superior e partes superiores das bochechas, enquanto as saliências mandibulares
dão origem ao lábio inferior, mento e parte inferior das bochechas. A ocorrência
destes processos se dá de forma gradual na fase de desenvolvimento embrionário
(FERNANDES; DEFANI, 2013).
No final da quinta semana, inicia-se o desenvolvimento do palato e não se
finaliza antes da décima segunda semana, o período crítico e propício a
malformações perdura entre o final da sexta semana e começo da nona semana. O
desenvolvimento do palato se dá em duas etapas, que inicia na sexta semana,
sendo o palato primário e o palato secundário. A formação do palato primário ocorre
pela fusão das saliências nasais medianas, isto é, o tecido mesenquimal da
superfície interna em desenvolvimento. O palato primário origina a linha média da
19

maxila e corresponde a uma parte pequena do palato mole na fase adulta (COSTA
et al., 2018).
O palato secundário condiz aos processos palatinos laterais, que
inferomedialmente são projetados de cada lado da língua, por volta da sétima e
oitava semana, presentes na porção horizontal da língua. Corresponde este ao
palato definitivo, o primórdio do palato duro e palato mole. Encontra-se entre a parte
anterior da maxila e os processos palatinos, um pequeno canal conhecido como
canal nasopalatino que persiste no plano mediano do palato, dando origem na fase
adulta a fossa incisiva do palato duro (COSTA et al., 2018).
As FLP se desenvolvem na formação da face e do palato, e provém da
ação de fatores genéticos, epigenéticos e teratogênicos sobre as linhas de fusão dos
processos faciais. A união dos processos frontonasal, maxilares e mandibulares,
ocorre gradualmente, da quarta semana de desenvolvimento embrionário até a
oitava semana, nesse estágio o embrião adquire traços humanos. No período de
quatro semanas, a ocorrência de falhas nas linhas de fusão originam fissuras de
lábio e de rebordo alveolar. Entre a sexta e décima segunda semana o palato
finaliza seu processo de fusão, se nesse período ocorrer falhas na união das
estruturas, resultará em fissuras de palato (SANTOS; OLIVEIRA, 2021).
Assim, a fissura labial é originada da falta de união dos processos nasais
da proeminência frontal com o processo maxilar, e a fissura do palato é resultado da
falta de união na linha mediana, dos processos bilaterais independentes do maxilar.
As fissuras podem surgir por erro no fusionamento dos processos faciais
embrionários, pelo desenvolvimento incompleto dos processos ou desintegração
epitelial inadequada posteriormente ao contato entre os mesmos, resultando na
mesodermização deficiente de um processo para o outro (RIBEIRO; SABÓIA;
FONTELES, 2011)

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS FISSURAS LÁBIO PALATINAS

Ao longo do tempo na literatura surgiram diversas classificações para as


FLP, baseando-se em critérios embrionários e morfológicos. De acordo com esses
critérios, destacam-se as algumas classificações como a de Davis e Ritchie de 1922,
Veau de 1931, Spina de 1973, Kernahan e Stark de 1958 e Sistema MASHAL
(WINTER, 2021).
20

A classificação das FLP proposta por Spina apesar de não ser a mais
recente é a mais utilizada no Brasil, nela são levados em consideração os aspectos
embriológicos e morfológicos da malformação, se dividindo em quatro categorias
(TABELA 3), observando ponto de referência, sendo ele o forame incisivo, limite
entre palato primário e secundário, assim, são classificadas em fissuras pré-forame
incisivo, fissuras pós-forame incisivo, fissuras transforame incisivo e fissuras raras
da face. As fissuras podem se configurar ainda em unilaterais ou bilaterais,
completas ou incompletas (FERNANDES; DEFANI, 2013).

Tabela 2 – Classificação dos tipos de fissuras labiopalatinas.


Fissura pré São as fissuras labiais unilaterais direita ou
forame esquerda completa ou incompleta; bilateral
completa ou incompleta e mediana completa ou
incompleta.
Fissura
transforame São as de maior gravidade, unilaterais ou
incisivo bilaterais, atingindo lábio, arcada alveolar e todo
palato.

Fissura pós- São fissuras palatinas, em geral medianas, que


forame incisivo podem situar-se apenas na úvula, ou nas
demais partes do palato duro e mole.

Fissura rara da São fissuras oblíquas do lábio, nariz, ou mesmo


face de toda a face.
Fonte: Spina (1972).

As fissuras pré-forame ocorrem anteriormente ao forame incisivo,


acometendo apenas o lábio, classificadas em fissura incompleta, ou com
envolvimento do rebordo alveolar e lábio, sendo fissura completa, podendo se
apresentar ainda de forma unilateral, mediana e bilateral. Os indivíduos acometidos
por este tipo de fissura possuem menores impactos na estética facial. Entretanto,
ainda ocorrem impactos na alimentação, com a dificuldade de pega adequada do
seio materno ou bico da mamadeira (COSTA et al., 2018).
Fissura transforame incisivo se configura como o tipo mais complexo
dentre as FLP, em função da ruptura total da maxila que gera grande
21

comprometimento do potencial de crescimento, apresentando maiores efeitos


estéticos negativos. É originada pela falta de união do mesênquima, processos
palatinos laterais, palato e septo nasal. Tal fissura resulta em problemas
alimentares, respiratórios, de fala, deglutição e na oclusão dentária, atinge estruturas
como: lábio, alvéolo, palato duro e palato mole, apresentando-se ainda, de forma
unilateral ou bilateral e completa ou incompleta (FERNANDES; DEFANI, 2013).
São fissuras pós-forame incisivo as fendas palatinas, resultante da falta
de união dos processos palatinos e septo nasal, quando atinge somente a úvula e
palato mole se configura como incompleta, atingindo o palato duro torna-se
completa. Esse tipo de fenda comparada as demais, não afeta tanto questões
estéticas, entretendo, há comprometimento de fala com a ocorrência de ressonância
nasal, por interferências na função do mecanismo velofaríngeo (determina o fluxo de
ar entre a cavidade oral e nasal durante falar) (COSTA et al., 2018).
As Fissuras raras da face, não possuem envolvimento do forame incisivo,
podendo acometer bochechas, nariz, pálpebras, ossos do crânio e da face e orelhas,
esse tipo de fissura é mais difícil de ocorrer (MORAES; CANTANHEDE, 2020).
A classificação das FLP proposta por Davis e Ritchie basear-se na
localização da fissura em relação ao processo alveolar, onde são divididos em três
categorias: grupo I fissuras pré alveolar, com envolvimento somente do lábio,
podendo ser unilateral, bilateral ou mediana; grupo II fissuras pós-alveolar, atingindo
palato duro e palato mole, somente palato mole e fissuras submucosa; grupo III
fissuras alveolares com subdivisão para as unilaterais, bilaterais ou medianas
(MILLÔR, 1976).
Quanto a classificação realizada por Veau em 1931 divide-se as fissuras
em quatro tipos: grupo I fissuras exclusivamente do palato mole; grupo II fissuras
que atingem palato duro e mole, grupo III fendas que acometem unilateralmente o
alvéolo, palato mole e palato duro, sendo unilaterais, grupo IV fendas que acometem
bilateralmente o alvéolo, palato mole e palato duro (Mollard, 1976).
O sistema de documentos conhecido como LAHSHAL foi criado por
Kriens em 1990, que buscou uma forma de classificar as fissuras de lábio e palato
(FIGURA 2). O sistema se configura por sete dígitos, podendo assim descrever as
formas de fendas e até mesmo as microformas. As letras maiúsculas representam
as fissuras de forma completa e minúscula para forma incompleta (CARRARO;
DORNELLES; COLLARES, 2011).
22

A letra L/l representa o lábio; A/a representa o alvéolo; H/h corresponde


ao palato duro (hard em inglês); S/s corresponde ao palato mole (soft em inglês).
Sua interpretação no paciente é realizada da direita para esquerda, assim, LAHS
representa uma FLP completa do lado direito. As microformaçoes são representadas
por um sinal de (*) que substitui a letra da área descrita (CARRARO; DORNELLES;
COLLARES, 2011).

Figura 2 – Fissuras labiopalatinas classificadas com sistema de LAHSHAL.

Fonte: Daratsianos, Mangold e Martini (2014).

Kernahan e Stark em 1958 propuseram a primeira classificação das FLP


mais aceita, onde buscavam representar todas as FLP simples em: fissuras de
lábios com ou sem envolvimento do palato e fissuras isoladas do palato. As fissuras
que ocorrem no palato podem atingir os palatos mole e duro, é raro o
comprometimento isolado do palato mole. As fissuras labiais com ou sem o
envolvimento do palato, são divididas em fissuras labiais ou FLP (KHAN et al.,
2013).
No ano de 1971 Kernahan modificou sua classificação para descrever
também os tipos de fissuras incomuns, realizando uma representação simbólica,
denominada classificação em “Y” (FIGURA 3). Nesse novo formato, os braços do “Y”
simbolizam o palato primário, ou seja, lábio e processo alveolar, a haste do “Y”
23

simboliza o palato secundário, posteriormente ao forame incisivo, era utilizado um


pequeno círculo para representar o forame incisivo. As áreas de 1-3 correspondem o
braço do “Y” do lado direito e as áreas 4-6 do lado esquerdo, representando o lábio,
alvéolo e processo alveolar até o forame incisivo, do lado direito e esquerdo. O
palato representado pela haste era dividido em palato duro nas áreas 7-8 e palato
mole na fase 9 (KHAN et al., 2013).

Figura 3 – Classificação de Kernahan e Stark.

Fonte: Smarius et al. (2017).

3.3.1 Tratamento das fissuras lábio palatinas durante a infância


24

O tratamento reabilitador das FLP é bastante complexo, necessita ser


elaborado com coerência. Os procedimentos reparadores iniciam ao nascimento,
observando o crescimento e desenvolvimento das estruturas faciais, com
acompanhamento até a vida adulta, finalizando o tratamento (MIACHON; LEME,
2014).

A assistência completa a indivíduos com FLP envolve áreas da medicina,


odontologia, fonoaudiologia, enfermagem, psicologia e serviço social. É de
fundamental importância, que antes da realização de cirurgias reparadoras sejam
analisados critérios de desenvolvimento físico e o estado nutricional do bebê,
atuando nesse contexto a pediatria e nutrição. A idade de três meses é considerada
ideal para realização de reparação cirúrgica do lábio (queiloplastia), entre os doze e
dezoito meses de idade indica-se a reparação do palato (palatoplastia) (DELMIRO et
al., 2021).

A medicina participa com atuação do pediatra, cirurgião-plástico e


otorrinolaringologista. Sendo o pediatra responsável pelo paciente nas fases iniciais
do tratamento, apresentando a toda equipe multidisciplinar os procedimentos
adequados a serem realizados, transmitindo orientações que devem ser passadas
aos responsáveis (DELMIRO et al., 2021).

O fechamento da fissura por procedimentos cirúrgicos ocorre por volta


dos 3 meses de idade, sendo assim importante que o pediatra considere o tempo
correto para realização da cirurgia, estabelecendo estratégias para que a bebê
possa ser amamentado de forma correta, e tenha ganhos de peso adequado antes
dos procedimentos cirúrgicos, nesse aspecto a nutrição auxilia. Então, esse conjunto
de ações contribuem para menores risco de infecções e possíveis complicações.
(DELMIRO et al., 2021).

O cirurgião-plástico atua na reconstituição da estética facial com


procedimentos cirúrgicos reparadores. O otorrinolaringologista tem papel igualmente
importante. Como indivíduos com as FLP apresentam maiores chances de
desenvolverem problemas auditivos, como a perda parcial da capacidade auditiva,
infecções e chiados no ouvido, além de alterações de fala, necessitando assim da
intervenção desse profissional (OLIVEIRA; BANDEIRA, 2019).
25

Dentro da equipe interdisciplinar a psicologia exerce uma função


significativa, no que se refere ao auxílio do paciente fissurado. A assistência
psicológica deve ocorrer desde o diagnóstico, podendo ser necessário até mesmo
após o indivíduo ter realizado os procedimentos cirúrgicos, a fim de minimizar as
sequelas psicossociais envolvidas, melhorando assim a qualidade de vida do
paciente (OLIVEIRA; BANDEIRA, 2019).

Os procedimentos cirúrgicos primários de queiloplastia e palatoplastia são


favoráveis na reabilitação das FLP, sendo realizados em tecidos moles, reparando o
lábio e palato, os procedimentos cirúrgicos secundários são realizados por volta dos
4 anos de idade, com correção de lábio e/ou palato, alongamento de columela, ou a
faringoplastia (MIACHON; LEME, 2014).

A literatura nos aponta que realização de cirurgias primárias de


reparação, influenciam negativamente no crescimento da maxila, assim, é muito
importante que seja realizado um correto planejamento e acompanhamento do caso
por todos os profissionais envolvidos. Dentre as consequências dos procedimentos
cirúrgicos precoces estão os problemas severos de oclusão e as mordidas cruzadas,
resultantes do desenvolvimento maxilar deficiente. As maiores complicações
ocorrem em casos de fissuras transforame incisivo, com ruptura completa da maxila,
assim, a complexidade terapêutica é maior comparada as fissuras pré-forame
incisivas e pós-forame incisivo (FERNANDES; DEFANI, 2013).

Em alguns casos de fissuras pré-forame e transforame incisivo, há


necessidade da realização de enxertos ósseos, para reparação do defeito ósseo
alveolar, que resulta na junção entre os processos palatinos. Existem protocolos
cirúrgicos onde os pacientes são avaliados e acompanhados desde antes da
internação até após a realização dos procedimentos cirúrgicos indicados. Durante a
fase do planejamento é importante que os profissionais envolvidos estejam atentos
às particularidades de cada indivíduo a ser tratado (MIACHON; LEME, 2014).
Ao finalizar os procedimentos cirúrgicos primários e secundários em
indivíduos com FLP, e com problemas oclusais presentes, é importante a
intervenção ortodôntica, sendo a mesma planejada em dois momentos distintos,
antes da realização cirúrgica dos enxertos ósseos e após a ocorrência decasos sses
enxertos. São considerados fatores relevantes na fase do planejamento ortodôntico,
26

o déficit de crescimento da maxila e as alterações no osso alveolar. Outros


procedimentos cirúrgicos poderão ser indicados ao final do crescimento ósseo
(SANTOS; LIMA; SILVA, 2017).

O tratamento ortodôntico normalmente é iniciado após a erupção dos


incisivos permanentes, antes desse momento geralmente não é indicado. São
frequentes os casos de mordidas cruzadas e dentes incisivos superiores
erupcionados girovertidos. A ortodontia nessa fase busca corrigir o posicionamento
dos incisivos e preparar o paciente para cirurgia de enxerto do osso alveolar
secundário (ROCHA et al., 2015).

Quando os incisivos laterais são ausentes ou possuem má formação, a


erupção do canino pode ser guiada lateralmente aos incisivos centrais. O
fechamento do espaço dos incisivos laterais é favorável, pois evita a necessidade de
tratamento protético posteriormente. Entretanto, o preenchimento do espaço do
incisivo lateral pelo canino, deve observar a oclusão e formato da coroa do canino
(ROCHA et al., 2015).

A deficiência maxilar horizontal e vertical é frequente em pacientes com


FLP. O tratamento mais indicado para esses casos é o uso da máscara de
protração, que deve ocorrer antes dos 10 anos de idade, sua utilização permite a
movimentação da maxila para posição mais anterior. A ancoragem da máscara
extrabucal fica na parte frontal e no mento, a força da maxila é exercida para frente,
originada por elásticos que estão ligados ao aparelho instalado nos dentes
superiores. Portanto, este tratamento gera resultados bem satisfatórios para
crianças com alteração leve da maxila ou até mesmo moderada, e não tão
satisfatórios para casos de deficiência concomitante de maxila e mandíbula
(ROCHA et al., 2015).

3.3.2 Tratamento das fissuras lábio palatinas durante a idade adulta

O tratamento dos pacientes com FLP pode se prolongar até a idade


adulta, com procedimentos cirúrgicos, ortodônticos e estéticos. A ortodontia nessa
fase atua na preparação da oclusão do paciente para a cirurgia ortognática, que
busca o reposicionamento das bases ósseas. Isso ocorre geralmente em casos
27

graves de divergência esqueléticas entre a maxila e mandíbula. Tal procedimento


cirúrgico consegue restabelecer função mastigatória, oclusal, devolvendo saúde
bucal, resultando assim na melhora estética do paciente (ALMEIDA; MALAGOLI;
MACRI, 2021).
As cirurgias ortognáticas não são indicados para todos os casos, estudos
mostram que apenas em 20% dos casos é indicado o procedimento. (FERNANDES;
DEFANI, 2013). O resultado da cirurgia é mais favorável quando o esqueleto está
maduro e os elementos dentários foram alinhados ortodonticamente. O crescimento
ósseo geralmente se completa por volta dos 14 e 16 anos nas mulheres, e um pouco
mais tardio nos homens por volta dos 16 e 18 anos. Entretanto, esse crescimento
ósseo é variável, sendo necessário um exame radiográfico do punho para avaliar o
fechamento da cartilagem epifisária (THIESEN; VENDRAMIN; KHOURY, 2020).

Quando ocorre deformidades no mento, o tratamento pode seguir de duas


formas, com a realização de uma osteotomia do mento ou por meio de implantes
aloplásticos. O procedimento cirúrgico de osteotomia basilar horizontal do mento
(mentoplastia) é realizado por acesso intrabucal, tal procedimento possui vantagens
no tratamento dessas deformidades, pois resulta em correção natural e mais
harmônica da aparência, a reabsorção óssea é menor e a vascularização é
preservada. Os implantes aloplásticos são mais suscetíveis à infecção, é necessário
maior tempo para implantação e adaptação, podem se deslocar para interior da
mandíbula, e ainda sofre rejeição pelo organismo do paciente (DANTAS et al.,
2019).

Na idade adulta é comum a indicação de procedimentos cirúrgicos


corretivos para reparar cicatrizes do lábio e palato, cirurgias de faringoplastia,
rinoplastia para correção estética do nariz, e até fechamento de fissuras que não
foram tratadas adequadamente. A hipernasalidade é frequente em pacientes com
FLP, o tratamento é realizado com a intervenção da fonoaudiologia (ALMEIDA;
MALAGOLI; MACRI, 2021).

Portanto, é válido ressaltar que, o tratamento completo das FLP não se


limita apenas em procedimentos cirúrgicos e ortodôntico, necessita ainda de
diversos outros procedimentos complementares, envolvendo a participação dos
28

demais profissionais da equipe multidisciplinar, para assim oferecer o suporte e


assistência integral ao paciente (FERNANDES; DEFANI, 2013).

3.4 O cirurgião-dentista e a equipe multidisciplinar

A atuação do cirurgião-dentista dentro da equipe multidisciplinar no


tratamento de pacientes com FLP é muito importante, visto que, essa má formação
pode gerar diversa implicações na face e meio bucal, que comprometem a função e
estética, sendo então, um dos profissionais que acompanha o paciente desde o
diagnóstico até a finalização do tratamento que pode se entender até a vida adulta
(DELMIRO et al., 2021).

O cirurgião-dentista tem papel na promoção de saúde, dando o suporte


necessário aos pais ou responsáveis desde o diagnóstico, informando a respeito da
malformação, expondo as possíveis implicações dentárias como: maloclusões,
atrasos de erupção e anomalias dentária, o mesmo destaca, a importância da
correta higiene bucal da criança para prevenção da doença cárie e doença
periodontal. Participa ainda, realizando adequação do meio bucal, para que
favoreça a continuidade das demais intervenções, além de avaliar as necessidades
de procedimentos odontológicos a serem realizados durante o tratamento por outros
especialistas (DELMIRO et al., 2021).

O cirurgião-dentista especialista em odontologia hospitalar presente na


equipe multidisciplinar, tem contato com esses pacientes fissurados desde o início
do tratamento com diagnóstico e continua com o mesmo durante o tratamento nos
transoperatórios. No hospital após o nascimento deve ser repassado orientações
aos pais, relacionadas ao manejo do paciente nascido com FLP. Dentre as
informações necessárias, é recomendado os cuidados com a alimentação, tendo em
vista as dificuldades com a amamentação pelo seio materno, e informar do uso de
chopeiras e mamadeiras adequadas que estimulam os músculos da mastigação,
quando o aleitamento materno não é possível. Posteriormente acompanha o
paciente nos demais tratamentos cirúrgicos (ALVES et al., 2019).
As fissuras orofaciais são anomalias congênitas, indivíduos que possuem
essa condição se enquadram dentro dos pacientes com necessidades especiais
(PNE). O cirurgião-dentista especialista em PNE pode atuar com estes pacientes,
29

desde orientação os pais em relação a amamentação, informando da posição do


seio materno para impedir que leite passe pelo defeito do palato e seja aspirado
para pulmões, além disso a má formação interfere na sucção eficiente do bebê,
onde deve ser informado que ele precisa ser ajudado a fazer a pega na posição que
vede a fenda, evitando que escape o leite e o ar (SANTOS et al., 2020).

O especialista em PNE também pode atuar com intervenções clínicas com


esses pacientes realizando aplicação tópica de flor, raspagens supra e subgengival,
restaurações e exodontias, visto que, muitos pacientes fissurados e seus
responsáveis encontram dificuldades na higienização bucal, antes e depois do
tratamento cirúrgico, favorecendo o comprometimento da saúde bucal. Assim, esses
pacientes devem ser orientados da importância dos cuidados com a higiene oral,
dieta e do acompanhamento odontológico constante (GUIRALDO et al., 2021).

Os procedimentos cirúrgicos restauradores são realizados por uma equipe


de profissionais, que geralmente envolve o cirurgião-dentista especialista
bucomaxilofacial, cirurgião-plástico e otorrinolaringologista. O cirurgião-
bucomaxilofacial participa do processo de reconstrução da parte óssea atingida pela
fissura, realizando enxertos ósseos, o mesmo atua na cirurgia ortognática, com
alinhamento dos maxilares, resultando ao paciente uma melhora na estética facial,
tais procedimentos são realizados a nível hospitalar com anestesia geral e local
(MIACHON; LEME, 2014).

A ortodontia possui como importante papel a correção dos efeitos


negativos do crescimento facial, como por exemplos a atresia da maxila que resulta
em mordidas cruzadas posterior e anterior, sendo estas comumente encontradas em
pacientes com FLP. Então com a expansão maxilar ocorre a correção da mordida
cruzada, estabelecendo as dimensões transversas da maxila com atrésia. Após
correção, os maxilares têm condições favoráveis para crescimento normal,
proporcionando a erupção adequada dos elementos dentários permanentes. O
mesmo atua na instalação de aparelhos ortodônticos, com ortodontia corretiva e
preparo do paciente para futuras cirurgias ortognáticas (SANTOS; LIMA; SILVA,
2017).
A implantodontia e prótese são especialidades odontológicas que
contribuem para reabilitação de indivíduos com FLP, com a substituição dos
30

elementos dentários ausentes, e ainda auxiliando a ortodontia, proporcionando ao


paciente o restabelecimento da função e da estética (SANTOS; LIMA; SILVA, 2017).
Portanto, o cirurgião-dentista é um profissional que apresenta grande
importância no tratamento complexo do paciente com FLP, atuando juntamente com
toda a equipe multidisciplinar para alcançar resultados funcionais e estéticos.
Exercendo papel primordial no tratamento dessa malformação, estando presente
desde os primeiros meses de vida, percorrendo pela infância, até a fase adulta,
reparando as sequelas envolvidas a fissura, proporcionado assim uma integral
reabilitação oral e maxilofacial para o paciente com FLP (NASCIMENTO et al.,
2018).

4. CONCLUSÃO

As FLP se configuram como um tipo complexo de anomalia craniofacial,


pela qual o indivíduo acometido apresenta diversas alterações físicas,
comprometendo a fala, nutrição, audição, estética, alterações dentais e alterações
psicológicas que afetam diretamente a vida do portador. O diagnóstico do paciente
fissurado deve ocorrer o mais rápido possível, para que haja um adequado
planejamento do tratamento pela equipe multidisciplinar, composta por cirurgiões-
dentistas, médicos, enfermeiros, nutricionistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e
psicólogos.

Conclui-se que o cirurgião-dentista possui um papel de extrema


importância dentro da equipe multidisciplinar que atende aos portadores de fissuras
orofaciais. Atuando no diagnóstico, controle das infecções bucais, restabelecimento
funcional e estético. Assim, a participação do cirurgião-dentista percorre todo o
tratamento, até a conclusão do mesmo, que pode se estender até a fase adulta.
Entretanto, é importante que o profissional tenha conhecimento das diferentes
necessidades desses pacientes, e exerça condutas adequadas diante da
complexidade e severidade e de cada caso, a fim de proporcionar ao paciente um
tratamento de forma integral.
31

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nos_pos-tratamento_Class_III_orthosurgical_treatment_in_a_growing_patient_5-
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das-cirurgias-para-correo%20(1).pdf. Acesso em: 16 abr. 2022.

APÊNDICES
36
37

APÊNDICE A – Artigo científico


A importância do cirurgião-dentista dentro da equipe multidisciplinar no
tratamento de fissuras labiopalatinas: revisão de literatura

The importance of the dentist within the multidisciplinary team in the treatment of cleft
lip and palate: literature review

Luciana Rocha Pinheiro Fonseca1


Luana Martins Cantanhede2
RESUMO

As fissuras labiopalatinas (FLP) são malformações congênitas faciais que se


caracterizam por fenda/abertura na região do lábio e/ou palato, resultante da falta de
união dos centros proliferativos da face no período embrionário. Necessitando de
tratamento multidisciplinar, sendo imprescindível a atuação do cirurgião-dentista na
reabilitação integral desses pacientes. O presente trabalho tem como objetivo
descrever a importância da participação do cirurgião-dentista dentro de uma equipe
multiprofissional no acompanhamento e tratamento de pacientes com FLP. Esta
pesquisa bibliográfica consiste em uma revisão narrativa da literatura, acerca do
tema abordado que se caracteriza pela importância do cirurgião-dentista dentro da
equipe multidisciplinar no tratamento de FLP. O cirurgião-dentista é um profissional
que apresenta grande importância no tratamento complexo do paciente com FLP,
atuando com toda a equipe multidisciplinar para alcançar resultados funcionais e
estéticos. Conclui-se que o cirurgião-dentista possui um papel de extrema
importância dentro da equipe multidisciplinar que atende aos portadores de fissuras
orofaciais. Atuando no diagnóstico, controle das infecções bucais, restabelecimento
funcional e estético.

Palavras-chave: Fenda Labial; Fissura Palatina; Odontologia; Equipe de Assistência


ao Paciente.

1
Graduanda em Odontologia do Centro Universitário Unidade de Ensino Superior Dom Bosco, São
Luís, MA, Brasil.
2
Docente do curso de graduação em Odontologia do Centro Universitário Unidade de Ensino
Superior Dom Bosco, Doutora em Odontologia pela Universidade Federal do Maranhão, São Luís,
38

MA, Brasil.

ABSTRACT

Cleft lip and palate (CLP) are congenital facial malformations that are characterized
by cleft/opening in the region of the lip and/or palate, resulting from the lack of union
of the proliferative centers of the face in the embryonic period. Requiring
multidisciplinary treatment, the role of the dentist is essential in the comprehensive
rehabilitation of these patients. The present work aims to describe the importance of
the participation of the dentist within a multiprofessional team in the follow-up and
treatment of patients with CLP. This bibliographic research consists of a narrative
review of the literature on the topic addressed, which is characterized by the
importance of the dentist within the multidisciplinary team in the treatment of CLP.
The dentist is a professional who has great importance in the complex treatment of
the patient with CLP, working with the entire multidisciplinary team to achieve
functional and aesthetic results. It is concluded that the dentist has an extremely
important role within the multidisciplinary team that assists patients with orofacial
clefts. Acting in the diagnosis, control of oral infections, functional and aesthetic
restoration.

Keywords: Cleft Lip; Cleft Palate; Dentistry; Patient Assistance Team.

INTRODUÇÃO

A fissura labiopalatina (FLP) é uma malformação congênita facial,


caracterizadas por fenda/abertura na região do lábio e/ou palato, resultante da falta
de união dos centros proliferativos da face no período embrionário, que ocorre entre
a quarta e a oitava semana de vida intrauterina. Durante o desenvolvimento fetal,
diferentes estruturas da face desenvolvem-se separadamente para que depois
ocorra a fusão, a falha na união dessas estruturas resulta na formação de fendas
que podem ser de diferentes graus de extensão, de forma unilateral ou bilateral
(COSTA; et al.,2018).

De acordo com os dados epidemiológicos, existe cerca de 1 bebê com


fissura para cada 650 nascidos, ocorrendo aproximadamente 5.800 novos casos por
39

ano no Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (SILVEIRA; et al.,


2020). Na Região Nordeste no período de 2015 a 2018, foram registrados 1.483
casos de anomalias congênitas do tipo fenda labial e ou/ palatina, de um total de
3.296.654 nascidos vivos, com média de 0,44/1000 nascidos vivos, segundo dados
disponíveis no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) (COSTA et
al., 2021).A anomalia produz amplo impacto na saúde geral do indivíduo,
desencadeando uma série de alterações que podem levar ao comprometimento da
fala, audição, deglutição, posicionamento dos dentes e estética. A falta do
tratamento adequado para as fissuras pode resultar em grandes sequelas, como
déficit nutricional, surdez, problemas de fala, e problemas psicossociais (KUHN et
al., 2012).

Com as inúmeras implicações impostas pelas FLP ao indivíduo


acometido, é de fundamental importância a intervenção por uma equipe
multidisciplinar, composta por médico, cirurgião-dentista, psicólogo, fonoaudiólogo,
assistente social, enfermeiro e nutricionista. Todos estes profissionais são de
extrema importância para reabilitação do paciente desde o nascimento até a idade
adulta. (FERNANDES; DEFANI, 2013).
O presente trabalho tem como objetivo descrever a importância da
participação do cirurgião-dentista dentro de uma equipe multiprofissional no
acompanhamento e tratamento de pacientes com FLP. Destacando na pesquisa a
relevância do acompanhamento contínuo destes pacientes, dando enfoque ao papel
assumido pelo cirurgião-dentista desde o primeiro momento com o diagnóstico, até a
conclusão do tratamento com a reabilitação integral do paciente.

METODOLOGIA

Esta pesquisa bibliográfica consiste em uma revisão de literatura de


caráter narrativo, acerca do tema abordado que se caracteriza pela importância do
cirurgião-dentista dentro da equipe multidisciplinar no tratamento de fissuras
labiopalatinas. Tendo em vista que essa patologia traz prejuízos funcionais,
estéticos, psicológicos e sociais. Sendo o tratamento multidisciplinar primordial,
expondo assim a problemática “Qual a importância que o cirurgião-dentista tem
40

dentro de uma equipe multidisciplinar no tratamento reabilitador de fissuras


labiopalatinas?”.

Esta indagação contribuiu para a coleta de informações que foi realizada


nas bases de dados online, como Google Acadêmico, Biblioteca Virtual de Saúde –
BVS, PubMed e Scielo. As palavras chaves utilizadas estão indexadas na plataforma
DESC e são: “Fenda Labial; Fissura Palatina; Odontologia; Tratamento
Interdisciplinar” nas Bases de dados PubMed.

Os artigos foram selecionados por meio da leitura dos títulos, utilizou-se


como critério de inclusão artigos no idioma português e inglês, publicados dos anos
2011 a 2021, condizentes ao tema, com foco no tratamento multidisciplinar, sendo
utilizado relatos de casos, revisões de literatura. E como critério de exclusão: artigos
que não se relacionaram integramente com o tema, trabalhos que não estejam
disponíveis na íntegra. Foi realizada leitura completa e criteriosa dos estudos
pesquisados, sendo extraído os dados dos mesmos contendo o autor do estudo, tipo
de estudo, data, e fator comparativo. A partir dessas informações, foi elaborada uma
revisão de literatura referente a importância do cirurgião-dentista dentro da equipe
multidisciplinar no tratamento de fissuras labiopalatinas.

REVISÃO DE LITERATURA

Etiologia e prevalência das fissuras, fissuras labiopalatinas

A etiologia das fissuras orofaciais não estabelece claramente a causa da


anomalia. De natureza multifatorial diversos fatores etiológicos têm sido
evidenciados, destaca os possíveis agentes causadores em duas grandes
categorias: fatores genéticos e fatores ambientais. Os fatores genéticos são
considerados críticos no desenvolvimento de FLP sendo responsáveis por 25% a
30% dos casos observados (RIBEIRO; SABÓIA; FONTELES, 2011).
Os componentes genéticos assumem um papel relevante na etiologia das
fissuras, estando comumente associados a síndromes. Entre os fatores ambientais
estão envolvidos o tabagismo, alcoolismo, medicamentos anticonvulsivantes,
deficiências de vitaminas, doenças virais, exposição a alguns químicos e radiação,
41

tais fatores contribuem para o desenvolvimento das fissuras de lábio e palato


(DELMIRO et al., 2021).
No mundo aproximadamente 9,92 em cada 10.000 crianças nascem com
fissuras de lábio e ou palato. Em média 30% das ocorrências estão relacionadas
com algum tipo de síndrome e os outros 70% não têm relação sindrômica (RIBEIRO;
SABÓIA; FONTELES, 2011).
SILVESTRE et al. (2021) A taxa média no Brasil de fissura labial e/ou
fissura palatina foi cerca de 0,51/1000 nascidos vivos, segundo uma análise feita
nos anos 2000 a 2013, que gerou resultados onde a média nacional foi de 0,48/1000
nascidos vivos. No Brasil as Regiões mais afetadas pelas fissuras são as Regiões
Sul e Sudeste, correspondendo às maiores taxas. No que diz respeito a maior
prevalência das FLP, destaca-se a Regiões Sul que demonstrou maior taxa, já na
Região Nordeste teve a menor taxa.
Em um levantamento de dados sobre fissuras labiopalatais em pacientes
atendidos pelo Hospital Infantil Albert Sabin no Estado do Ceará mostrou que em
relação ao gênero, ocorreu uma leve predileção pelo sexo masculino, cerca 50,38%
dos indivíduos analisados, além disso, houve uma maior prevalência em pacientes
do sexo masculino, com taxa de prevalência que varia de 53% e 56%
(REBOUÇAS et al., 2014). No sexo masculino, as fissuras de lábio com ou sem
envolvimento do palato ocorrem com mais frequência. Por outro lado, o sexo
feminino apresenta maior ocorrência de casos de fissuras de palato isoladas. Já em
relação à raça, os maiores índices de ocorrências da anomalia são em indivíduos da
raça branca (FERNANDES; DEFANI, 2013).

Embriologia da face

A respeito da ocorrência das fissuras de lábio e palato é preciso


compreender o desenvolvimento da face. Na quarta semana de desenvolvimento
embrionário começam a surgir os primórdios da face ao redor do grande estomodeu
primitivo. Os cincos primórdios da fase se caracterizam por uma saliência
frontonasal, duas saliências maxilares e duas saliências mandibulares
(FERNANDES; DEFANI, 2013).
Figura 1 – Desenvolvimento da face.
42

Fonte: Smarius et al. (2017).

O processo frontonasal origina a testa e o dorso do nariz, as saliências


nasais laterais originam as asas do nariz, já as saliências mediais originam o septo
nasal, entre outras estruturas. As saliências maxilares formam parte do lábio
superior e partes superiores das bochechas, enquanto as saliências mandibulares
dão origem ao lábio inferior, mento e parte inferior das bochechas. A ocorrência
destes processos se dá de forma gradual na fase de desenvolvimento embrionário
(FERNANDES; DEFANI, 2013).
No final da quinta semana inicia-se o desenvolvimento do palato e não se
finaliza antes da décima segunda semana, o período crítico e propício a
malformações perdura entre o final da sexta semana e começo da nona semana. O
desenvolvimento do palato se dá em duas etapas que inicia na sexta semana, sendo
o palato primário e o palato secundário. A formação do palato primário ocorre pela
fusão das saliências nasais medianas, isto é, o tecido mesenquimal da superfície
interna em desenvolvimento. O palato primário origina a linha média da maxila e
corresponde a uma parte pequena do palato mole na fase adulta (COSTA et al.,
2018).
O palato secundário condiz aos processos palatinos laterais, que
inferomedialmente são projetados de cada lado da língua, por volta da sétima e
oitava semana, presentes na porção horizontal da língua. Corresponde este ao
palato definitivo, o primórdio do palato duro e palato mole. Encontra-se entre a parte
anterior da maxila e os processos palatinos um pequeno canal conhecido como
canal nasopalatino que persiste no plano mediano do palato, dando origem esse
canal na fase adulta a fossa incisiva do palato duro (COSTA et al., 2018).
As FLP se desenvolvem na formação da face e do palato, e provém da
ação de fatores genéticos, epigenéticos e teratogênicos sobre as linhas de fusão dos
processos faciais. A união dos processos frontonasal, maxilares e mandibulares,
43

ocorre gradualmente, da quarta semana de desenvolvimento embrionário até a


oitava semana, nesse estágio o embrião adquire traços humanos. No período de
quatro semanas, a ocorrência de falhas nas linhas de fusão originam fissuras de
lábio e de rebordo alveolar. Entre a sexta e décima segunda semana o palato
finaliza seu processo de fusão, se nesse período ocorrer falhas na união das
estruturas resultará em fissuras de palato (SANTOS; OLIVEIRA, 2021).

Classificação das fissuras lábio palatinas

Ao longo do tempo na literatura surgiram diversas classificações para as


FLP, baseando-se em critérios embrionários e morfológicos. De acordo com esses
critérios, destacam-se as algumas classificações como a de Davis e Ritchie de 1922,
Veau de 1931, Spina de 1973 e Sistema LAHSHAL (WINTER, 2021).
A classificação das FLP proposta por Spina apesar de não ser a mais
recente é a mais utilizada no Brasil, nela são levados em consideração os aspectos
embriológicos e morfológicos da malformação, se dividindo em quatro categorias
(TABELA 3), observando ponto de referência, sendo ele o forame incisivo, limite
entre palato primário e secundário, assim, são classificadas em fissuras pré-forame
incisivo, fissuras pós-forame incisivo, fissuras transforame incisivo e fissuras raras
da face. As fissuras podem se configurar ainda em unilaterais ou bilaterais,
completas ou incompletas (FERNANDES; DEFANI, 2013).
As fissuras pré-forame acontecem anteriormente ao forame incisivo,
acometendo apenas o lábio, sendo classificada em fissura incompleta, ou com
envolvimento do rebordo alveolar e lábio, sendo fissura completa, podendo se
apresentar ainda de forma unilateral, mediana e bilateral. Os indivíduos acometidos
por este tipo de fissura possuem menores impactos na estética facial. (COSTA et al.,
2018).
Fissura transforame incisivo se configura como o tipo mais complexo
dentre as FLP, em função da ruptura total da maxila que gera grande
comprometimento do potencial de crescimento, apresentando maiores efeitos
estéticos negativos. É originada pela falta de união do mesênquima, processos
palatinos laterais, palato e septo nasal. Tal fissura resulta em problemas
alimentares, respiratórios, de fala, deglutição e na oclusão dentária, apresentando-
44

se ainda, de forma unilateral ou bilateral e completa ou incompleta (FERNANDES;


DEFANI, 2013).
São fissuras pós-forame incisivo as fendas palatinas, resultante da falta
de união dos processos palatinos e septo nasal, quando atinge somente a úvula e
palato mole se configura como incompleta, atingindo o palato duro torna-se
completa. (COSTA et al., 2018).
As Fissuras raras da face, não possuem envolvimento do forame incisivo,
podendo acometer bochechas, nariz, pálpebras, ossos do crânio e da face e orelhas,
esse tipo de fissura é mais difícil de ocorrer (MORAES; CANTANHEDE, 2020).
A classificação das FLP proposta por Davis e Ritchie basear-se na
localização da fissura em relação ao processo alveolar, onde são divididos em três
categorias: grupo I fissuras pré alveolar, com envolvimento somente do lábio,
podendo ser unilateral, bilateral ou mediana; grupo II fissuras pós-alveolar, atingindo
palato duro e palato mole, somente palato mole e fissuras submucosa; grupo III
fissuras alveolares com subdivisão para as unilaterais, bilaterais ou medianas
(MILLARD, 1976).
Quanto a classificação realizada por Veau em 1931 divide-se as fissuras
em quatro tipos: grupo I fissuras exclusivamente do palato mole; grupo II fissuras
que atingem palato duro e mole, grupo III fendas que acometem unilateralmente o
alvéolo, palato mole e palato duro, sendo unilaterais, grupo IV fendas que acometem
bilateralmente o alvéolo, palato mole e palato duro (MILLARD, 1976).
O sistema de documentos conhecido como LAHSHAL foi criado por
Kriens em 1990, que buscou uma forma de classificar as fissuras de lábio e palato
(FIGURA 2). O sistema se configura por sete dígitos, podendo assim descrever as
formas de fendas e até mesmo as microformas. As letras maiúsculas representam
as fissuras de forma completa e minúscula para forma incompleta (CARRARO;
DORNELLES; COLLARES, 2011).
A letra L/l representa o lábio; A/a representa o alvéolo; H/h corresponde
ao palato duro (hard em inglês); S/s corresponde ao palato mole (soft em inglês).
Sua interpretação no paciente é realizada da direita para esquerda, assim, LAHS
representa uma FLP completa do lado direito. As microformaçoes são representadas
por um sinal de (*) que substitui a letra da área descrita (CARRARO; DORNELLES;
COLLARES, 2011).
45

Figura 2 – Fissuras labiopalatinas classificadas com sistema de LAHSHAL.

Fonte: Daratsianos, Mangold e Martini (2014).

Tratamento das fissuras lábio palatinas durante a infância

O tratamento reabilitador das FLP é bastante complexo, necessita ser


elaborado com coerência. Os procedimentos reparadores iniciam ao nascimento,
observando o crescimento e desenvolvimento das estruturas faciais, com
acompanhamento até a vida adulta, finalizando o tratamento (MIACHON; LEME,
2014).

A assistência completa a indivíduos com FLP envolve áreas da medicina,


odontologia, fonoaudiologia, enfermagem, psicologia e serviço social. É de
fundamental importância que antes da realização de cirurgias reparadoras sejam
analisados critérios de desenvolvimento físico e o estado nutricional do bebê,
atuando nesse contexto a pediatria e nutrição. A idade de três meses é considerada
ideal para realização de reparação cirúrgica do lábio (queiloplastia), entre os doze e
dezoito meses de idade indica-se a reparação do palato (palatoplastia) (DELMIRO et
al., 2021).

O fechamento da fissura por procedimentos cirúrgicos ocorre por volta


dos 3 meses de idade, sendo assim importante que o pediatra considere o tempo
correto para realização da cirurgia, estabelecendo estratégias para que a bebê
possa ser amamentado de forma correta, e tenha ganhos de peso adequado antes
dos procedimentos cirúrgicos, nesse aspecto a nutrição auxilia. Então, esse conjunto
de ações contribuem para menores risco de infecções e possíveis complicações.
(DELMIRO et al., 2021).

Dentro da equipe interdisciplinar a psicologia exerce uma função


significativa, no que se refere ao auxílio do paciente fissurado. A assistência
46

psicológica deve ocorrer desde o diagnóstico, podendo ser necessário até mesmo
após o indivíduo ter realizado os procedimentos cirúrgicos, a fim de minimizar as
sequelas psicossociais envolvidas, melhorando assim a qualidade de vida do
paciente (OLIVEIRA; BANDEIRA, 2019).

Os procedimentos cirúrgicos primários de queiloplastia e palatoplastia são


favoráveis na reabilitação das FLP, sendo realizados em tecidos moles, reparando o
lábio e palato, os procedimentos cirúrgicos secundários são realizados por volta dos
4 anos de idade, com correção de lábio e/ou palato, alongamento de columela, ou a
faringoplastia (MIACHON; LEME, 2014).

A literatura nos aponta que realização de cirurgias primárias de


reparação, influenciam negativamente no crescimento da maxila, com isso, é muito
importante que seja realizado um correto planejamento e acompanhamento do caso
por todos os profissionais envolvidos. Dentre as consequências dos procedimentos
cirúrgicos precoces estão os problemas severos de oclusão e as mordidas cruzadas,
resultantes do desenvolvimento maxilar deficiente. As maiores complicações
ocorrem em casos de fissuras transforame incisivo, com ruptura completa da maxila,
assim, a complexidade terapêutica é maior comparada as fissuras pré-forame
incisivas e pós-forame incisivo (FERNANDES; DEFANI, 2013).

Ao finalizar os procedimentos cirúrgicos primários e secundários em


indivíduos com FLP, e com problemas oclusais presentes, é de fundamental
importância a intervenção ortodôntica, sendo a mesma planejada em dois momentos
distintos, antes da realização cirúrgica dos enxertos ósseos e após a ocorrência
desses enxertos. São considerados fatores relevantes na fase do planejamento
ortodôntico, o déficit de crescimento da maxila e as alterações no osso alveolar.
Outros procedimentos cirúrgicos poderão ser indicados ao final do crescimento
ósseo (SANTOS; LIMA; SILVA, 2017).

Tratamento das fissuras lábio palatinas durante a idade adulta

O tratamento dos pacientes com FLP pode se prolongar até a idade


adulta, com procedimentos cirúrgicos, ortodônticos e estéticos. A ortodontia nessa
fase atua na preparação da oclusão do paciente para a cirurgia ortognática, que
47

busca o reposicionamento das bases ósseas. Isso ocorre geralmente em casos


graves de divergência esqueléticas entre a maxila e mandíbula. Tal procedimento
cirúrgico consegue restabelecer função mastigatória, oclusal, devolvendo saúde
bucal, resultando assim na melhora estética do paciente (ALMEIDA; MALAGOLI;
MACRI, 2021).
As cirurgias ortognáticas não são indicados para todos os casos, estudos
mostram que apenas em 20% dos casos é indicado o procedimento. (FERNANDES;
DEFANI, 2013). O resultado da cirurgia é mais favorável quando o esqueleto está
maduro e os elementos dentários foram alinhados ortodonticamente. O crescimento
ósseo geralmente se completa por volta dos 14 e 16 anos nas mulheres, e um pouco
mais tardio nos homens por volta dos 16 e 18 anos. Entretanto, esse crescimento
ósseo é variável, sendo necessário um exame radiográfico do punho para avaliar o
fechamento da cartilagem epifisária (THIESEN; VENDRAMIN; KHOURY, 2020).

Quando ocorre deformidades no mento, o tratamento pode seguir de duas


formas, com a realização de uma osteotomia do mento ou por meio de implantes
aloplásticos. O procedimento cirúrgico de osteotomia basilar horizontal do mento
(mentoplastia) é realizado por acesso intrabucal, tal procedimento possui vantagens
no tratamento dessas deformidades, pois resulta em correção natural e mais
harmônica da aparência, a reabsorção óssea é menor e a vascularização é
preservada. Os implantes aloplásticos são mais suscetíveis à infecção, é necessário
maior tempo para implantação e adaptação, podem se deslocar para interior da
mandíbula, e ainda sofre rejeição pelo organismo do paciente (DANTAS et al.,
2019).

Na idade adulta é comum a indicação de procedimentos cirúrgicos


corretivos para reparar cicatrizes do lábio e palato, cirurgias de faringoplastia,
rinoplastia para correção estética do nariz, e até fechamento de fissuras que não
foram tratadas adequadamente. A hipernasalidade é frequente em pacientes com
FLP, o tratamento é realizado com a intervenção da fonoaudiologia (ALMEIDA;
MALAGOLI; MACRI, 2021).

Portanto, é válido ressaltar que, o tratamento completo das FLP não se


limita apenas em procedimentos cirúrgicos e ortodôntico, necessita ainda de
diversos outros procedimentos complementares, envolvendo a participação dos
48

demais profissionais da equipe multidisciplinar, para assim oferecer o suporte e


assistência integral ao paciente (FERNANDES; DEFANI, 2013).

O cirurgião-dentista e a equipe multidisciplinar

A atuação do cirurgião-dentista dentro da equipe multidisciplinar no


tratamento de pacientes com FLP é muito importante, visto que, essa má formação
pode gerar diversa implicações na face e meio bucal, que comprometem a função e
estética, sendo então um dos profissionais que acompanha o paciente desde o
diagnóstico até a finalização do tratamento que pode se entender até a vida adulta
(DELMIRO et al., 2021).

O cirurgião-dentista especialista em PNE pode atuar na promoção de


saúde, dando o suporte necessário aos pais ou responsáveis desde o diagnóstico,
informando a respeito da malformação, expondo as possíveis implicações dentárias
como: maloclusões, atrasos de erupção e anomalias dentária, o mesmo destaca, a
importância da correta higiene bucal da criança para prevenção da doença cárie e
doença periodontal. Participa ainda, realizando adequação do meio bucal, para que
favoreça a continuidade das demais intervenções, além de avaliar as necessidades
de procedimentos odontológicos a serem realizados durante o tratamento por outros
especialistas (GUIRALDO et al., 2021).

Os procedimentos cirúrgicos restauradores são realizados por uma equipe


de profissionais, que geralmente envolve o cirurgião-dentista especialista
bucomaxilofacial, cirurgião-plástico e otorrinolaringologista. O cirurgião-
bucomaxilofacial participa do processo de reconstrução da parte óssea atingida pela
fissura, realizando enxertos ósseos, o mesmo atua na cirurgia ortognática, com
alinhamento dos maxilares, resultando ao paciente uma melhora na estética facial,
tais procedimentos são realizados a nível hospitalar com necessidade de anestesia
geral e local (MIACHON; LEME, 2014).

A ortodontia possui como importante papel a correção dos efeitos


negativos do crescimento facial, como por exemplos a atresia da maxila que resulta
em mordidas cruzadas posterior e anterior, sendo estas comumente encontradas em
pacientes com FLP. Então com a expansão maxilar ocorre a correção da mordida
49

cruzada, estabelecendo as dimensões transversas da maxila com atrésia. Após


correção, os maxilares têm condições favoráveis para crescimento normal,
proporcionando a erupção adequada dos elementos dentários permanentes. O
mesmo atua na instalação de aparelhos ortodônticos, com ortodontia corretiva e
preparo do paciente para futuras cirurgias ortognáticas (SANTOS; LIMA; SILVA,
2017).
A implantodontia e prótese são especialidades odontológicas que
contribuem para reabilitação de indivíduos com FLP, com a substituição dos
elementos dentários ausentes, e ainda auxiliando a ortodontia, proporcionando ao
paciente o restabelecimento da função e da estética (SANTOS; LIMA; SILVA, 2017).
Portanto, o cirurgião-dentista é um profissional que apresenta grande
importância no tratamento complexo do paciente com FLP, atuando juntamente com
toda a equipe multidisciplinar para alcançar resultados funcionais e estéticos.
Exercendo papel primordial no tratamento dessa malformação, estando presente
desde os primeiros meses de vida, percorrendo pela infância, até a fase adulta,
reparando as sequelas envolvidas a fissura, proporcionado assim uma integral
reabilitação oral e maxilofacial para o paciente com FLP (NASCIMENTO et al.,
2018).

CONCLUSÃO

As FLP se configuram como um tipo complexo de anomalia craniofacial,


pela qual o indivíduo acometido apresenta diversas alterações físicas,
comprometendo a fala, nutrição, audição, estética, alterações dentais e alterações
psicológicas que afetam diretamente a vida do portador. O diagnóstico do paciente
fissurado deve ocorrer o mais rápido possível, para que haja um adequado
planejamento do tratamento pela equipe multidisciplinar, composta por cirurgiões
dentistas, médicos, nutricionistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e psicólogos.

Conclui-se que o cirurgião-dentista possui um papel de extrema


importância dentro da equipe multidisciplinar que atende aos portadores de fissuras
orofaciais. Atuando no diagnóstico, controle das infecções bucais, restabelecimento
funcional e estético. Assim, a participação do cirurgião-dentista percorre todo o
tratamento, até a conclusão do mesmo, que pode se estender até a fase adulta.
50

Entretanto, é importante que o profissional tenha conhecimento das diferentes


necessidades desses pacientes, e exerçam condutas adequadas diante da
complexidade e severidade e de cada caso, a fim de proporcionar ao paciente um
tratamento de forma integral.

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