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Guia de Boas Práticas Profissionais

Relação
do Contabilista
com a Ordem
e com os Colegas
Guia de Boas Práticas Profissionais

FICHA TÉCNICA

GUIA DE BOAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS

Volume I: Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas

Autoria da Ordem dos Contabilistas Certificados com a colaboração de vários autores

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2023


Ordem dos Contabilistas Certificados

Não é permitida a utilização desta Coleção, para qualquer outro fim que não o
indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certifi-
cados, entidade que detém os direitos de autor.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Índice

Apresentação 5
Introdução 9
I.01 As funções do Contabilista Certificado 11
1.1. Enquadramento 11
1.2. Pontos-chave 14
1.3. Autoavaliação 15
I.02 Direitos dos Contabilistas Certificados perante a OCC 17
2.1. Direitos 17
2.1.1. Direito à emissão de cédula profissional 17
2.1.2. Proteção dos contabilistas certificados no exercício das suas funções 18
2.1.3. Assistência técnica e jurídica 18
2.1.4. Eleger e ser eleito para os órgãos da Ordem 19
3
2.1.5. Outros serviços e apoios disponibilizados pela Ordem aos seus membros 20
2.1.5.1. Serviço de Mediação de Conflitos 20
2.1.5.2. Fundo de solidariedade social dos contabilistas certificados 20
2.1.5.3. Seguro de Saúde 21
2.2. Pontos-chave 22
2.3. Autoavaliação 23
I.03 Deveres dos Contabilistas Certificados perante a OCC 25
3.1. Deveres 25
3.1.1. Cumprimento dos regulamentos e deliberações da Ordem 25
3.1.2. Colaborar na prossecução das atribuições e fins da Ordem 26
3.1.3. Pagamento das quotas e outros encargos 26
3.1.4. Alteração do domicílio 26
3.1.5. Outros deveres 27
3.2. Pontos-chave 28
3.3. Autoavaliação 29
I.04 Normas éticas e deontologia profissional – Código Deontológico 31
Ordem dos Contabilistas Certificados

dos Contabilistas Certificados


4.1. Enquadramento 31
4.2. Pontos-chave 37
4.3. Autoavaliação 38

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

I.05 Formação profissional contínua 39


5.1. Enquadramento 39
5.2. Pontos-chave 43
5.3. Autoavaliação 44
I.06 Seguro de responsabilidade civil profissional 45
6.1. Enquadramento 45
6.2. Pontos-chave 48
6.3. Autoavaliação 49
I.07 Inscrição de sociedades profissionais de Contabilistas Certificados 51
e registo do Diretor técnico de sociedades de contabilidade
7.1. Enquadramento 51
7.2. Pontos-chave 55
7.3. Autoavaliação 56
I.08 Responsabilidade disciplinar 57
8.1. Enquadramento 57
8.2. Pontos-chave 62
8.3. Autoavaliação 63
I.09 Suspensão, cancelamento e reinscrição 65
4 9.1. Suspensão da inscrição 65
9.2. Cancelamento da inscrição 66
9.3. Processo de reinscrição 67
9.4. Pontos-chave 68
9.5. Autoavaliação 69
I.10 Comunicação de início e cessação de funções de CC 71
10.1. Enquadramento 71
10.2. Pontos-chave 74
10.3. Autoavaliação 75
I.11 Registo Público do Contabilista Certificado 77
11.1. Enquadramento 77
11.2. Pontos-chave 79
11.3. Autoavaliação 80
I.12 Relacionamento entre Contabilistas Certificados - Dever de lealdade 81
12.1. Enquadramento 81
12.2. Pontos-chave 86
12.3. Autoavaliação 87
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Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Apresentação
O sucesso nasce do querer, do trabalho persistente, do empenho constante, da
união, do espírito de equipa, da motivação altruísta e alegria para se alcançar o
objetivo traçado. Por mais ambiciosos que sejam os objetivos, com a atitude cor-
reta, conseguimos alcançar os nossos sonhos. É este o mote de mais um grande
projeto da Ordem dos Contabilistas Certificados, diria mesmo, o grande projeto da
Ordem para a reformulação, reorganização e reconstrução das bases necessárias
para mais uma elevação da profissão de Contabilista Certificado.

Hoje, temos uma Ordem presente na vida dos seus membros, disponível para os
apoiar profissional, técnica, pessoal e socialmente. Uma Ordem transparente, ri-
gorosa e financeiramente saudável. Uma Ordem com a maior notoriedade social e
política. Uma Ordem que regula uma profissão de interesse público, valorizando-a
e apoiando os membros no cumprimento dos seus deveres e obrigações profissio-
nais. Uma Ordem que reforçou o quadro normativo para o exercício da profissão.
5
Os profissionais são hoje, inegavelmente, os agentes económicos mais capacita-
dos e que melhor apoiam e mais valor acrescentam ao tecido empresarial. Somos
profissionais de interesse público numa sociedade civil cada vez mais exigente em
termos sociais, ambientais e de governance. Somos vistos pela sociedade civil,
tecido empresarial e poder político, como os mais confiáveis, tecnicamente co-
nhecedores e qualificados profissionais nas áreas económica e financeira. Somos
os agentes que permanentemente acrescentam valor aos seus clientes e que mais
rapidamente encontram soluções para os problemas e questões dos contribuintes.
Somos agentes de interesse e fé pública, sinónimo de transparência e credibilida-
de, o nosso valor é incomensurável.

Hoje, não somos meros homens e mulheres de contas, mas homens e mulheres
integrados na dinâmica de uma sociedade em constante mudança. Somos uma
profissão de interesse público, e isso significa que, no exercício das nossas funções,
o trabalho que produzimos influencia toda a sociedade nos seus mais variados inte-
resses, isto é, financeiros, ambientais, sociais, de boa gestão, familiares e lúdicos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Devemos exaltar a nossa profissão, devemos orgulhar-nos do que representamos


para o tecido empresarial e a sociedade, devemos valorizar a nossa carteira profis-
sional, os nossos conhecimentos, qualificações e valor acrescentado.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Paralelamente, temos de nos preocupar cada vez mais com as consequências que o
nosso trabalho tem nos mais diferentes níveis, perspetivas e setores da sociedade.
Temos e devemos querer ter ainda mais responsabilidade ambiental, social e de
boa gestão.

Reinventámos a nossa profissão. Reorganizámo-nos. Reforçámos o nosso interes-


se público. Triplicámos a nossa reputação. Reposicionámo-nos e hoje, melhor que
nunca, podemos olhar em frente conscientes e motivados que, por maior que seja
o desafio, temos as ferramentas e conhecimentos necessários para os ultrapassar.

À Ordem, cumpre acompanhar os seus membros, percebendo, com perspicácia,


imparcialidade e isenção técnica, emocional e política, qual a melhor orientação
para a profissão. Como entidade que regula a profissão, cumpre à Ordem defender
os seus membros e o valor do trabalho que estes produzem com base no interesse
público da profissão, deixando de lado quaisquer outros interesses.

Cientes do atual cenário profissional e dos desafios que temos pela frente, lança-
mos o projeto Guia de Boas Práticas Profissionais, uma verdadeira revolução para
a nossa profissão, uma ferramenta que pretende dotar todos os contabilistas cer-
tificados dos conhecimentos, conselhos e dicas, que permitam aos profissionais
6 crescer para novos patamares de excelência.

Este guia fornece orientação prática para os contabilistas certificados por forma
a que estes consigam melhor gerir as suas práticas profissionais e os seus negó-
cios, para terem melhores condições de vida pessoal e profissional e operarem de
forma mais lucrativa, feliz, competitiva, ética, sustentável e valorizada. Elaborado
com uma forte componente prática, este guia apresenta casos para ilustrar noções,
listas e exercícios de autoavaliação, tabelas, conceitos e orientações para as boas
práticas profissionais sendo uns legalmente obrigatórios e outros facultativos, que
tendem à valorização do profissional, da sua prática e do seu negócio.

Seguindo este guia, os contabilistas certificados podem melhor construir um am-


biente propício à prestação de serviços de alta qualidade e assim reforçamos nova-
mente junto de toda a sociedade o nosso valor e interesse público.

Destinando-se a todos os profissionais, independentemente da idade, qualifica-


ções ou modelo em que exercem a profissão, o Guia deve ser lido, estudado, im-
plementado e consultado diariamente, sempre tendo em vista o aperfeiçoamento
Ordem dos Contabilistas Certificados

contínuo do profissional e das boas práticas profissionais.

O Guia cobre uma gama diversificada de tópicos, tanto estratégicos como ope-
racionais, com maior detalhe nas matérias que, nesta primeira edição, entende-

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

mos ser mais relevantes para a profissão e os seus membros. Organizado em dez
volumes, o Guia foi projetado para ser o mais independente possível entre cada
volume, permitindo a sua utilização individual sempre sem afastar a interligação e
relação global de toda a coleção.

Assim, o Guia apresenta a seguinte estrutura: I. Relação do Contabilista com a Ordem


e com os Colegas; II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente; III.
Relato Financeiro; IV. Competências Exclusivas - Declarações Fiscais; V. Prestação de
Contas; VI. Outras Competências; VII. Gestão de Riscos; VIII. Controlo sobre a Ativida-
de; IX. Gestão de Recursos Humanos; X. Gestão Estratégica e Orçamental.

No volume I, dá-se articular atenção às funções do Contabilista Certificado, ao se-


guro de responsabilidade civil profissional, formação profissional contínua, respon-
sabilidade disciplinar e ao relacionamento entre colegas. No volume II, olhamos
detalhadamente para a política de comunicação e publicidade, modos de exer-
cício da atividade, processo de estimativa da avença/honorários, justo impedi-
mento e relacionamento com os vários intervenientes na relação profissional dos
contabilistas certificados. No volume III, entramos na determinação do normativo
contabilístico, planos de contas, procedimentos de organização e controlo conta-
bilísticos, demonstrações financeiras e consolidação de contas. No volume IV, o
7
guia apresenta tudo o que os membros precisam de saber sobre as obrigações de-
clarativas fiscais correntes e não correntes, o dossier fiscal e o dossier de preços de
transferência. No volume V, temos tudo sobre o processo de prestação de contas,
relato financeiro, de gestão, não financeiro, integrado, certificação legal de con-
tas e entidades do setor não lucrativo. Avançando para o volume VI, entramos na
área dos recursos humanos, certificação de informação, consultoria e planeamento
fiscal, gestão, projetos e outras novas áreas de negócio. No volume VII, tratamos
o registo central do beneficiário efetivo, o risco de branqueamento de capitais e
financiamento do terrorismo e os riscos inerentes à segurança e saúde no traba-
lho, recursos humanos, dados pessoais até ao risco reputacional e societário. No
volume VIII, abordamos o controlo interno, desempenho, gestão e produtividade
da atividade. No volume IX, apresentamos detalhada informação sobre a gestão de
recursos humanos no escritório de contabilidade, políticas salariais, formação de
trabalhadores e contraordenações laborais. Por fim, no último volume, o X, aborda-
mos a gestão estratégica e orçamental.

Cada volume foi construído especialmente para os contabilistas certificados e ten-


do em consideração os conhecimentos e experiência padrão da classe. O con-
Ordem dos Contabilistas Certificados

teúdo é projetado para o seu estudo, autoavaliação, implementação concreta de


melhores práticas profissionais e posterior monotorização e acompanhamento das
mesmas.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Com base neste Guia, a Ordem desenvolverá vários programas de formação pro-
fissional contínua, de presença obrigatória, em diferentes modelos e ambientes,
proporcionando a todos os contabilistas certificados as melhores condições para
uma evolução profissional do membro e do seu negócio.

Posteriormente, serão desenvolvidos e disponibilizados a todos os contabilistas


certificados, programas e ferramentas de acompanhamento e monitorização da
implementação das melhores práticas previstas neste Guia. Estes programas de
Certificação de Qualidade serão pedagógicos e terão como objetivo apoiar os
membros na elevação dos padrões de qualidade da nossa profissão.

Este Guia é o novo desafio que lanço a toda a nossa classe, o primeiro passo para
um novo e melhor enquadramento profissional, é o mote para começarmos a cons-
truir mais um capítulo na já riquíssima história da nossa profissão. Com este Guia
como farol, estou certa que continuaremos a acentuada tendência de crescimento
profissional e que conseguiremos elevar a nossa profissão mais um patamar na já
elevada escala de excelência profissional em que nos encontramos.

Paula Franco, Bastonária


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Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Introdução
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relação do Contabilista
com a Ordem e com os Colegas

A Ordem dos Contabilistas Certificados é uma pessoa coletiva pública, de tipo


associativo, criada pelo Estado para assegurar a representatividade e prossecução
dos interesses dos contabilistas certificados. Subjacente à criação da Ordem está o
interesse público da profissão: a importância para a sociedade e para o Estado do
profissional que prepara a informação financeira e garante a regularidade das obri-
gações fiscais é expressamente reconhecida no Estatuto da Ordem e fundamenta
a respetiva regulação.

É confiado ou atribuído à Ordem dos Contabilistas Certificados o controlo do res-


petivo acesso e exercício da profissão de Contabilista Certificado, a elaboração de
normas técnicas e de princípios e regras deontológicos específicas e um regime
disciplinar autónomo, por imperativo de tutela do interesse público prosseguido.

Decorrente destas atribuições, não podemos confundir o papel, fundamental


da Ordem dos Contabilistas Certificados na regulação transversal da profissão, 9
com o papel de entidades privadas, como seja por exemplo, o caso dos sindi-
catos, aliás, a própria lei n.º 2/2013, refere expressamente que, “As associações
públicas profissionais estão impedidas de exercer ou de participar em ativida-
des de natureza sindical ou que se relacionem com a regulação das relações
económicas ou profissionais dos seus membros.”. A regulação profissional é
transversal e envolve: todas as regras relativas à inscrição; apoio no exercício
da atividade (apoio técnico, jurídico, formação, disponibilização de ferramentas
profissionais); controlo da qualidade do exercício da profissão; e o exercício do
poder disciplinar.

No presente volume, vamos atender aos direitos e os deveres do Contabilista Cer-


tificado na sua relação com a Ordem. O exercício da atividade pressupõe o cum-
primento de um conjunto de deveres para com a Ordem que permitem que o CC
esteja preparado e habilitado a exercer a profissão.

O Estatuto da OCC estabelece um conjunto de direitos e deveres do contabilista


para com a Ordem que cabe sublinhar e desenvolver neste volume: formação pro-
Ordem dos Contabilistas Certificados

fissional, seguro de responsabilidade civil, comunicações obrigatórias, dever de


pagamento de quotas, direito ao apoio técnico e jurídico.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Terminaremos este volume com a análise dos direitos e deveres que devemos
cumprir na relação entre contabilistas certificados. Trata-se, antes de mais, de um
dever de urbanidade e bom relacionamento entre pessoas que exercem a mesma
profissão, mas o Estatuto foi mais longe e estabeleceu um conjunto de regras im-
perativas que devemos cumprir e constituem também um pilar fundamental da
profissão.

10

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Contabilista Certificado
I.01
Guia de Boas Práticas Profissionais

As funções do
I.01
As funções do Contabilista Certificado

1.1. Enquadramento

Os Contabilistas Certificados são os profissionais inscritos na OCC, a quem é atri-


buído, em exclusividade, o uso do título profissional, bem como o exercício da
respetiva profissão de Contabilista Certificado.

Significa isto que apenas os Contabilistas Certificados podem desempenhar as


funções aí previstas, sob pena, de quem as exercer, sem estar inscrito na OCC,
cometer o crime de usurpação de funções, previsto no artigo 358.º alínea b) do
Código Penal, podendo ser punido com pena de prisão até dois anos ou com pena
de multa até 240 dias.

É do desempenho, em exclusivo, das atividades previstas no artigo 10.º n.º 1 do


EOCC pelo Contabilista Certificado, para as entidades públicas ou privadas, que
possuam ou devam possuir contabilidade organizada, que se obtém a imagem 11
fiel e verdadeira da realidade patrimonial da empresa, bem como o envio para
as entidades públicas competentes, nos termos legalmente definidos, da infor-
mação contabilística e fiscal prevista na legislação em vigor, assumindo assim, o
Contabilista Certificado, a responsabilidade pela regularidade técnica, nas áreas
contabilísticas e fiscais.

Na obtenção da verdadeira situação financeira e patrimonial das entidades a quem


prestam serviços, os Contabilistas Certificados devem respeitar a lei, devendo apli-
car os princípios e normas contabilísticas adequados a cada caso concreto.

A este respeito, o acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa no processo n.º


2177-13.6TVLSB.L1-6 refere que as funções do Contabilista Certificado, “… não é
apenas tudo o que tem a ver com organização e arquivo de documentos conta-
bilísticos e fiscais, classificação de documentos e seu lançamento nos respetivos
livros contabilísticos e no sistema informático e apuramento de impostos a pagar,
mas também, sem dúvida, projetar e estabelecer medidas que não só assegurem
que as entidades sujeitas aos impostos sobre o rendimento cumpram as suas
Ordem dos Contabilistas Certificados

obrigações em matéria de execução da contabilidade e nas suas relações com a


Administração Fiscal, como sejam simultaneamente convergentes com a melhor
satisfação dos interesses dessas entidades.”.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Contabilista Certificado

Guia de Boas Práticas Profissionais


As funções do

Assume desta forma, o Contabilista Certificado, a responsabilidade por todos os atos


I.01

que pratique no exercício da sua profissão, incluindo os dos seus colaboradores.


Por esta razão, os Contabilistas Certificados apenas podem subscrever as declara-
ções fiscais, as demonstrações financeiras e os seus anexos que resultem do exer-
cício direto das suas funções.

Pelo exposto, é evidente, que a profissão de Contabilista Certificado é uma profis-


são de inegável interesse público, por um lado, mas também, torna o Contabilista
Certificado, no principal parceiro do seu cliente na tomada de decisões devida-
mente alicerçadas.

O legislador reconhece ainda, ao Contabilista Certificado, competências, estas par-


tilhadas com outros profissionais, de:

- Exercer funções de consultoria nas áreas da contabilidade e da fiscalidade.

Sendo o Contabilista Certificado, o profissional que assegura a regularidade técni-


cas nas áreas contabilísticas e fiscais das entidades com contabilidade organizada,
é o reconhecimento das suas competências, também no âmbito de juízos técnicos
ou pareceres relacionados com as referidas matérias.
12
- Intervir, em representação dos sujeitos passivos por cujas contabilidades sejam
responsáveis, na fase graciosa do procedimento tributário e no processo tributário,
até ao limite a partir do qual, nos termos legais, é obrigatória a constituição de ad-
vogado, no âmbito de questões relacionadas com as suas competências específicas

Esta competência partilhada foi introduzida pela Lei n.º 139/2015, de 7 de setembro.

Ainda que com limitações, foi introduzida a possibilidade de o Contabilista Certifi-


cado intervir no procedimento e no processo tributário até ao montante a partir da
qual seja obrigatório a intervenção de Advogado e desde que circunscrito às ques-
tões relacionadas com as suas competências específicas. A este respeito, o próprio
Código Deontológico alerta que os Contabilistas Certificados devem eximir-se da
prática de atos que, nos termos da lei, não sejam da sua competência profissional.

De acordo com o disposto no art.º 6.º n.º 1 do Código de Procedimento e de Proces-


so Tributário, é obrigatória a constituição de mandatário nos tribunais tributários,
nos termos previstos na lei processual administrativa que, por sua vez, remete para
Ordem dos Contabilistas Certificados

a alçada dos tribunais judiciais de primeira instância, conforme artigo 6.º n.º 3 do
Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Contabilista Certificado
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As funções do
Nos termos do artigo 44.º da Lei de Organização e Funcionamento dos Tribunais

I.01
Judiciais, a alçada dos tribunais judiciais de primeira instância é, para o efeito, de
€ 5.000,00.

Quanto ao procedimento tributário, alerta-se que, para haver representação, é ne-


cessário também que o representante, o Contabilista Certificado, tenha poderes
concretos de representação que legitimem a sua intervenção na reclamação gra-
ciosa que irá apresentar ou submeter. O negócio pelo qual se atribuem a outrem,
voluntariamente, poderes representativos tem o nome específico de procuração,
artigo 262.º n.º 1 do Código Civil.

- Desempenhar quaisquer outras funções definidas por lei, relacionadas com o


exercício das respetivas funções, designadamente as de perito nomeado pelos
tribunais ou por outras entidades públicas ou privadas.

Concretiza ainda o Estatuto, que, as funções de perito compreendem, para além


do objeto definido pelo tribunal no âmbito de peritagens judiciais, a avaliação da
conformidade da execução contabilística com as normas e diretrizes legalmente
aplicáveis e do nível de representação, pela informação contabilística, da realidade
patrimonial que lhe subjaz.
13
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Contabilista Certificado

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As funções do

1.2. Pontos-chave
I.01

• Exercício da atividade de Contabilista Certificado.

• Competências exclusivas e partilhadas.

• Obtenção da verdadeira situação financeira e patrimonial das entidades a quem


prestam serviços, aplicando os princípios e normas contabilísticas adequados a
cada caso concreto.

• Responsabilidade técnica.

14

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Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Contabilista Certificado
Guia de Boas Práticas Profissionais

As funções do
1.3. Autoavaliação

I.01
Assunto Sim Não N/A

Foi efetuada uma análise subsequente ao enquadramento conta-


bilístico do cliente e à aplicação dos princípios e normas conta-
bilísticos?

O cliente tem pleno conhecimento do responsável pela sua con-


tabilidade?

No caso do exercício de competências partilhadas, é do conheci-


mento do cliente, quais os honorários associados a esse serviço?

Observações

15

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


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[Página propositamente deixada em branco]
I.02
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Direitos dos Contabilistas Certificados


perante a OCC

perante a Ordem
2.1. Direitos

Direitos dos CC
Os direitos dos Contabilistas Certificados perante a OCC encontram-se consagra-
dos no artigo 69.º n.º 2 do EOCC.

I.02
2.1.1. Direito à emissão de cédula profissional

É direito do Contabilista Certificado, perante a OCC, solicitar a emissão da respe-


tiva cédula profissional, podendo esta, a pedido do contabilista certificado, conter
suplementarmente uma designação profissional.

Uma vez que é a OCC a associação pública profissional que regula a profissão de
contabilista certificado, naturalmente, será a OCC a entidade com competência,
quando solicitado, para emissão da respetiva cédula profissional, conforme dispõe 17
o artigo 3.º alínea do EOCC, que é atribuição da Ordem, conceder o título profis-
sional de contabilista certificado, bem como emitir a respetiva cédula profissional.

Esta matéria é ainda reforçada no artigo 18.º n.º 2 do EOCC, que nos diz, que ao
contabilista certificado inscrito nos termos do EOCC é emitida a respetiva cédula
profissional, documento esse, certificativo da qualidade profissional.

Para proceder ao pedido de emissão da sua cédula profissional, o membro deverá ace-
der à Pasta CC, no item cédula profissional, e:

1) Validar os dados pessoais (nome, morada, e mencionar a designação profissional,


prevista na a) do nº 2 do artigo 69.º EOCC);

2) Carregar uma fotografia tipo passe;

3) Imprimir o formulário com os seus dados pessoais e assinar conforme documento


de identificação, digitalizar e remeter via Pasta CC;

4) Verificar a pré-visualização da cédula profissional apresentada;


Ordem dos Contabilistas Certificados

5) Submeter os dados e o processo ficará concluído.

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2.1.2. Proteção dos contabilistas certificados no exercício das suas funções

Outro direito do contabilista certificado perante a OCC é de recorrer à proteção da


Ordem sempre que sejam cerceados os seus direitos ou que sejam criados obstá-
culos ao regular exercício das suas funções.
perante a Ordem
Direitos dos CC

É atribuição da OCC, propor às entidades legalmente competentes medidas relati-


vas à defesa do exercício da atividade profissional dos contabilistas certificados e
dos seus interesses profissionais e participar na elaboração da legislação relativa aos
mesmos. Mas também e nos termos do artigo 5.º n.º 2 do EOCC, pode a Ordem, inter-
I.02

vir, como assistente, nos processos judiciais em que seja parte um dos seus membros
e em que estejam em causa questões relacionadas com o exercício da profissão.

Neste âmbito, a OCC tem um serviço de contencioso tributário, constituído por


uma equipa de juristas e advogados, que prestam apoio jurídico aos CC em sede
de reclamação graciosa, revisão de ato tributário, recurso hierárquico, direito de
audição prévia, processos de execução fiscal e justo impedimento, incluindo o pa-
trocínio judiciário, se necessário.

18 2.1.3. Assistência técnica e jurídica

Um outro importante direito do contabilista Certificado é o de beneficiar da assis-


tência técnica e jurídica prestada pelos gabinetes especializados da Ordem. Tam-
bém aqui, é importante que o Contabilista Certificado cumpra os seus deveres
perante a Ordem, nomeadamente, do pagamento pontual das quotas.

Desta forma, pode o Contabilista Certificado, ter acesso ao consultório técnico


para esclarecimentos de questões relacionadas com o domínio da contabilidade
e da fiscalidade, como também, ao apoio jurídico, relativamente às questões rela-
cionadas com o exercício da atividade profissional. O consultório técnico e o apoio
jurídico funcionam quer através de atendimento telefónico ou presencial quer por
resposta escrita a pedidos de parecer ou dúvidas através da PASTA CC.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Foram desenvolvidas recentemente importantes ferramentas de apoio ao Contabi-


lista Certificado, para esclarecimentos de questões relacionadas com o exercício
da profissão de Contabilista Certificado, que são a publicação mensal de guias
práticos do contabilista Certificado disponíveis em versão digital no portal da OCC
e também na plataforma CCclix, complementando os manuais de apoio ao preen-
chimento das principais declarações fiscais (coleção essencial) e o Sistema de in-

perante a Ordem
Direitos dos CC
formação do contabilista certificado (SICC), já anteriormente disponíveis.

I.02
2.1.4. Eleger e ser eleito para os órgãos da Ordem
19

Podem também os Contabilista Certificados, eleger e ser eleitos, quando reunidos


os pressupostos Estatutários, para os órgãos da Ordem.

Esses pressupostos, decorrem nomeadamente dos artigos 63.º e 64.º do EOCC, ou seja, só
podem ser eleitos para os órgãos da Ordem os membros efetivos com inscrição em vigor.

Para o cargo de Bastonário ou membro do conselho jurisdicional, só podem ser


eleitos contabilistas certificado com, pelo menos 10 anos de inscrição e exercício
efetivo da profissão e para os restantes cargos, com a exceção do revisor oficial
de contas, membros com cinco anos de inscrição e exercício efetivo da profissão.

A duração dos mandatos, conforme dispõe o artigo 37.º do EOCC, é de 4 anos, sen-
do renováveis por uma só vez, para as mesmas funções.

Têm ainda o Contabilista Certificado perante a Ordem os seguintes direitos:

- Examinar, nos prazos fixados, as demonstrações financeiras da Ordem e os


Ordem dos Contabilistas Certificados

documentos relacionados com a sua contabilidade;

- Apresentar à Ordem propostas, sugestões ou reclamações sobre assuntos que


julguem do interesse da classe ou do seu interesse profissional.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.1.5. Outros serviços e apoios disponibilizados pela Ordem aos seus


membros

2.1.5.1. Serviço de Mediação de Conflitos

O Código Deontológico refere ainda, que em caso de conflito entre contabilistas


perante a Ordem
Direitos dos CC

certificados, estes devem, antes de mais, procurar entre si formas de conciliação e


só em última instância recorrer à arbitragem do conselho diretivo da OCC.

Neste pressuposto, foi criado em 2018, o serviço de mediação de conflitos, que


I.02

tem como objetivo a obtenção de um acordo entre as partes em conflito em


detrimento do tradicional procedimento e instrução disciplinar, apostando na
proximidade, informalidade e cooperação entre as partes e os mediadores no-
meados pela Ordem.

Trata-se de um procedimento mais informal que o procedimento disciplinar e por


conseguinte mais célere na tentativa de resolução do conflito existente, o qual não
deverá ultrapassar o prazo de 30 dias contados desde a sua abertura.

A manifestação de vontade em submeter o litígio à Mediação de Conflitos, deverá


20 ser requerido por escrito, e apresentado à Ordem dos Contabilistas Certificados,
através de formulário disponível em:

https://www.occ.pt/pt-pt/noticias/mediacao-de-conflitos

2.1.5.2. Fundo de solidariedade social dos contabilistas certificados

O fundo tem como objetivo propiciar aos contabilistas certificados, através da atri-
buição de subsídios, condições mínimas de sobrevivência e dignidade pessoal e
familiar, sendo a concretização, também no plano social, do papel de regulamento
atribuído à OCC (Regulamento n.º 53/2019, publicado em Diário da República, 2.ª
série, n.º 9, de 14 de janeiro de 2019).

No sítio da internet da OCC, em Home / Contabilista Certificado / Apoio Social aos


Membros / Fundo de solidariedade social, é disponibilizado um conjunto de infor-
mação, na qual se insere o requerimento para atribuição de subsídio, requerimento
este, que deve ser dirigido ao Bastonário.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Ficam abrangidas pelo fundo de solidariedade social as situações de acidente ou


outras vicissitudes sofridas pelo contabilista certificado, das quais resultem incapa-
cidade, total ou parcial, para a angariação do sustento para o seu agregado familiar

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

e se encontre em manifesta insuficiência de rendimentos.

Esclarece ainda o RFSSCC, que se considera manifesta insuficiência de rendimentos


quando os rendimentos per capita, forem inferiores à remuneração mínima mensal
garantida ou outro limite definido pelo conselho diretivo, sendo estes apurados
de acordo com os rendimentos declarados na declaração modelo 3 do IRS, bem

perante a Ordem
Direitos dos CC
como qualquer subsídio que esteja isento ou não sujeito a IRS ou, se sujeito, não
seja englobado obrigatoriamente e ainda as prestações sociais auferidas com base
na seguinte fórmula:

I.02
[(Σ de todos os rendimentos/subsídios anuais brutos do agregado familiar)/núme-
ro de elementos do agregado familiar]/12 (meses)

Não existe direito à atribuição do subsídio sempre que o requerente seja proprietá-
rio de património mobiliário de valor superior a 120 IAS e/ou património imobiliário
de valor superior a 240 IAS, excetuando a habitação própria permanente.

2.1.5.3. Seguro de Saúde

A Ordem disponibiliza aos membros também um seguro de saúde que tem como 21

principais coberturas a hospitalização/intervenção cirúrgica até ao limite máximo


de capital de € 50.000,00 e 5 consultas em ambulatório.

Poderá consultar as condições no site da Ordem no separador Contabilista Certifi-


cado / Apoio social aos membros / Seguro de Saúde.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.2. Pontos-chave

• Direitos dos Contabilistas Certificados perante a OCC.

• Outros serviços e apoios disponibilizados pela OCC.


perante a Ordem
Direitos dos CC
I.02

22

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

A minha cédula profissional encontra-se atualizada?

Tenho conhecimento da possibilidade de proteção no exercício

perante a Ordem
Direitos dos CC
das funções de Contabilista Certificado?

Tenho conhecimento da disponibilização de equipas técnicas e


jurídicas para apoio no exercício das funções de Contabilista Cer-
tificado?

I.02
Sei qual a forma como posso ter acesso às mesmas?

Tenho conhecimento de outros serviços e apoios disponibilizados


pela OCC?

Observações

23

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


[Página propositamente deixada em branco]
I.03
Guia de Boas Práticas Profissionais

Deveres dos Contabilistas Certificados


perante a OCC

3.1. Deveres

Em termos estatutários, os deveres dos Contabilistas Certificados perante a OCC


estão previstos no artigo 75.º do EOCC.

3.1.1. Cumprimento dos regulamentos e deliberações da Ordem

Desde logo, é dever do Contabilista Certificado o cumprimento dos regulamento e


deliberações da Ordem. Estão em vigor os seguintes regulamentos que, nos aspe-

perante a Ordem
Deveres dos CC
tos mais relevantes, serão objeto de análise neste volume:

a) Regulamento da formação profissional contínua;

I.03
b) Regulamento disciplinar;
25
c) Regulamento do seguro de responsabilidade civil profissional;

d) Regulamento das Sociedades Profissionais de Contabilistas Certificados e


Sociedades de Contabilidade;

e) Regulamento do Fundo de Solidariedade Social dos contabilistas certificados;

f) Regulamento geral dos colégios da especialidade;

g) Regulamento de Taxas e Emolumentos;

h) Regulamento de Inscrição, Estágio e Exame Profissionais (RIEEP);

i) Regulamento eleitoral.

Os regulamentos foram publicados em Diário da República e estão disponíveis para


consulta no site da OCC (separador Ordem / Regulamentos)
Ordem dos Contabilistas Certificados

Não é de mais realçar que o incumprimento dos regulamento e deliberações da


OCC, pode constituir infração disciplinar, que a confirmar-se, poderá conduzir à
aplicação da respetiva sanção disciplinar.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.1.2. Colaborar na prossecução das atribuições e fins da Ordem

É também dever do contabilista Certificado, colaborar na prossecução das atribui-


ções e fins da Ordem.

Para tal, deve exercer diligentemente os cargos para que tenham sido eleitos ou
nomeados e desempenhar os mandatos que lhes sejam conferidos. A este respeito,
refere o código Deontológico, no âmbito do princípio da confidencialidade, que os
membros dos órgãos da Ordem, não devem revelar nem utilizar informações confi-
denciais de que tenham tomado conhecimento no exercício dos cargos associati-
vos, exceto nos casos previsto na lei, caso contrário, tal conduta poderá constituir
infração disciplinar.

3.1.3. Pagamento das quotas e outros encargos


perante a Ordem
Deveres dos CC

Deve ainda o Contabilista Certificado, pagar pontualmente as quotas e outros en-


cargos devidos à Ordem.
I.03

Caso o CC não efetue o pagamento das quotas em devido tempo, a Ordem poderá
26 solicitar à AT a cobrança coerciva das mesmas através do processo de execução
fiscal. Este comportamento pode também conduzir à aplicação da sanção discipli-
nar de suspensão, caso o contabilista Certificado, não proceda com culpa, ao pa-
gamento das quotas por um período superior a 12 meses, sem prejuízo do disposto
no n.º 5 do artigo 18.º da Lei 2/2013.

3.1.4. Alteração do domicílio

No prazo de 30 dias, deve também o Contabilista Certificado, comunicar à OCC,


qualquer mudança do seu domicílio profissional.

Esta comunicação é de extrema importância, por força do artigo 224º do código


Civil, ou seja, no caso da correspondência ser remetida para o domicílio profissio-
nal do Contabilista Certificado e a mesma for devolvida por não reclamado, será
considerada eficaz essa notificação, que só por culpa do destinatário não foi por
ele oportunamente recebida.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.1.5. Outros deveres

Tem ainda o Contabilista Certificado o dever, quer de colaborar nas iniciativas


que concorram para a dignificação e prestígio da profissão, como de abster-se
da prática de quaisquer atos que ponham em causa o bom nome e prestígio da
Ordem.

São dois deveres, que muitas vezes se relacionam e que estão intrinsecamente
ligados ao desempenho das funções de Contabilista Certificado.

Não deve, pois, o Contabilista Certificado no desempenho das suas funções de ele-
vado interesse público, desrespeitar as normas legais e os princípios contabilísticos
geralmente aceites, uma vez que lhe incumbe assegurar a verdade da situação
financeira e patrimonial das entidades a quem prestam serviços.

perante a Ordem
Deveres dos CC
Para tal, apenas podem aceitar a prestação de serviços para os quais tenham ca-
pacidade profissional bastante, de modo a poderem executá-los de acordo com as
normas legais e técnicas vigentes.

I.03
Como não deve praticar quaisquer atos que, direta ou indiretamente, conduzam à
27
ocultação, destruição, inutilização, falsificação ou viciação dos documentos e das
declarações fiscais a seu cargo.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.2. Pontos-chave

• Deveres dos Contabilistas Certificados perante a OCC.


perante a Ordem
Deveres dos CC
I.03

28

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Tenho o pagamento das quotas regularizado?

Com a minha conduta, tenho colaborado na prossecução das atri-


buições e fins da OCC?

O meu domicílio profissional encontra-se atualizado perante a OCC?

A minha conduta tem dignificado e prestigiado a profissão?

Observações

perante a Ordem
Deveres dos CC
I.03
29

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


[Página propositamente deixada em branco]
I.04
Guia de Boas Práticas Profissionais

Normas éticas e deontologia profissional


– Código Deontológico dos Contabilistas
Certificados

4.1. Enquadramento

A ética na prestação de serviços na área da contabilidade é baseada em regras,


normas e princípios, que a sua conjugação, permite redigir um código de ética que
contem diretrizes para o comportamento, moralmente correto, e clarificador da
veracidade de situações específicas da organização (Lewis, 1985). Idealmente, o
código de ética deve ser detalhado, baseado em valores e evolutivo (Robin et al.,
1989), com uma linguagem clara, abrangente e executória (Raiborn & Payne, 1990).

Na área da prestação de serviços de contabilidade será relevante considerar o cri-


tério das obrigações legais, convencionais e regulamentares que afetam o exercí-
cio dessa atividade.

O Código Deontológico da Ordem dos Contabilistas Certificados é constituído por 31

um conjunto de normas jurídicas, de conteúdo ético, conteúdo esse que se traduz


numa espécie de consciência moral, que nos leva intuitivamente e de modo reite-

deontologia profissional
rado a julgar as atitudes para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas

Normas éticas e
ou injustas.

É então atribuição da OCC, estabelecer esses princípios e normas éticas, que sejam
incorporadas no Código Deontológico, de forma que seja verdadeiramente regu-

I.04
lador da profissão, protegendo simultaneamente, o interesse público de um modo
geral, bem como, a própria atividade de Contabilista Certificado.

Ou seja, o Código Deontológico é constituído por princípios éticos gerais, trans-


versais a qualquer profissão, mas também, por regras particulares, que se aplicam
especificamente ao exercício da profissão de Contabilista Certificado.

A este respeito, o artigo 28.º da Lei 2/2023 faz referência a que o exercício de pro-
fissão organizada em associação pública profissional deve respeitar o cumprimen-
to dos princípios e regras deontológicos e das normas técnicas aplicáveis, quer
Ordem dos Contabilistas Certificados

a atividade profissional seja exercida individualmente, em nome próprio ou por


profissional empregado ou subcontratado, quer sob a forma de sociedade de pro-
fissionais ou outra organização associativa de profissionais.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Está assim, o Contabilista Certificado, vinculado ao Código Deontológico da Or-


dem dos Contabilistas Certificados, que faz parte integrante, como anexo II, da
Lei n.º 139/2015 de 07 de setembro, e pelo aditamento da Lei n.º 119/2019, de 18 de
setembro, e pelas Leis n.º 12/2022, de 27 de junho, e n.º 24-D/2022, de 30 de de-
zembro, constituindo qualquer conduta contrária às regras deontológicas, infração
disciplinar, nos termos e para os efeitos do disposto no EOCC.

Destacamos neste enquadramento, os princípios deontológicos gerais previstos no


artigo 3º do Código Deontológico, princípios estes, que necessariamente serão con-
jugados com outras normas previstas no EOCC e que daremos alguns exemplos.

Assim, temos como princípios deontológicos gerais:

a) O princípio da integridade implica que o exercício da profissão se paute por


padrões de honestidade e de boa-fé; (pelo que é dever do Contabilista Certifi-
cado não abandonar, sem justificação ponderosa, os trabalhos que lhe estejam
confiados, conforme artigo 72.º alínea f) EOCC.)

b) O princípio da idoneidade implica que os contabilistas certificados aceitem


apenas os trabalhos que se sintam aptos a desempenhar; (os Contabilistas Cer-
32 tificados apenas podem aceitar a prestação de serviços para os quais tenham
capacidade profissional bastante, de modo a poderem executá-los de acordo
deontologia profissional

com as normas legais e técnicas vigentes, conforme artigo 70.º n.º 2 do EOCC.)
Normas éticas e

c) O princípio da independência implica que os contabilistas certificados se


mantenham equidistantes de qualquer pressão resultante dos seus próprios
interesses ou de influências exteriores, por forma a não comprometer a sua
independência técnica; (existindo incompatibilidade no exercício da profissão
I.04

de Contabilista Certificado sempre que a sua independência possa ser, direta


ou indiretamente, afetada por interesses conflituantes, conforme artigo 77.º n.º
1 do EOCC)

d) O princípio da responsabilidade implica que os contabilistas certificados as-


sumam a responsabilidade pelos atos praticados no exercício das suas funções;
(o Contabilista Certificado é responsável por todos os atos que pratique no
exercício das profissões, incluindo os dos seus colaboradores, conforme artigo
5.º n.º 1 do Código Deontológico)
Ordem dos Contabilistas Certificados

e) O princípio da competência implica que os contabilistas certificados exerçam


as suas funções de forma diligente e responsável, utilizando os conhecimentos
e as técnicas ao seu dispor, respeitando a lei, os princípios contabilísticos e os
critérios éticos; (os Contabilistas Certificados têm o dever de contribuir para o

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

prestígio da profissão, desempenhando consciente e diligentemente as suas


funções, abstendo-se de qualquer atuação contrária à dignidade da mesma,
conforme artigo 70.º n.º 1 do EOCC)

f) O princípio da confidencialidade implica que os contabilistas certificados e


seus colaboradores guardem sigilo profissional sobre os factos e os documen-
tos de que tomem conhecimento, direta ou indiretamente, no exercício das
suas funções; (o Contabilista Certificado deve guardar segredo profissional
sobre os factos e documentos de que tomem conhecimento no exercício das
suas funções, dele só podendo ser dispensados por tais entidades, por deci-
são judicial ou pelo conselho diretivo da Ordem, conforme artigo 72.º alínea
d) do EOCC)

g) O princípio da equidade implica que os contabilistas certificados garantam


igualdade de tratamento e de atenção a todas as entidades a quem prestam
serviços, salvo o disposto em normas contratuais acordadas; (o Contabilista
Certificado deve desempenhar, conscienciosa e diligentemente as suas fun-
ções, conforme artigo 72.º alínea a) do EOCC)

h) O princípio da lealdade implica que os contabilistas certificados, nas suas


relações recíprocas, procedam com correção e civilidade, abstendo-se de qual- 33

quer ataque pessoal ou alusão depreciativa, pautando a sua conduta pelo res-

deontologia profissional
peito das regras da concorrência leal e pelas normas legais vigentes, por forma
a dignificar a profissão.

Normas éticas e
Quanto a esta última alínea, será abordada neste volume, mas na relação entre
Contabilistas Certificados.

I.04
A nível internacional, conforme código de ética do IESBA, podemos identificar, os
princípios éticos fundamentais, dos quais se destacam os seguintes:

a) Integridade, implica que o exercício da profissão se paute por padrões de


honestidade e de boa-fé, ser correto e honesto em todos os relacionamen-
tos profissionais e comerciais, impondo aos profissionais, que assumam uma
conduta pessoal e profissional idónea e responsável, abstendo-se de qualquer
conduta desprestigiante para si próprio ou para a profissão, com o objetivo
de obter a verdade da situação financeira e patrimonial dos clientes a quem
prestam serviço;
Ordem dos Contabilistas Certificados

b) Objetividade, não permitir ambiguidades, conflitos de interesses ou influência


indevidas de outrem que se sobreponham aos julgamentos profissionais,
prejudicando a sua isenção e rigor necessário no desempenho de profissões de

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

interesse público, devendo adotar as medidas de salvaguarda necessárias para


eliminação do comprometimento do seu julgamento, assegurando sempre, o
princípio da confidencialidade;

c) Competência e zelo profissional, manter conhecimentos e competências


profissionais no nível exigido para assegurar que o cliente receba serviços pro-
fissionais de qualidade em resultado do desenvolvimento de práticas correntes,
da legislação e das técnicas, e atuar com diligência e de acordo com as normas
técnicas e profissionais aplicáveis, assegurando ainda, que aqueles que traba-
lham sob a sua autoridade tenham formação e supervisão apropriadas;

d) Confidencialidade, respeitar a confidencialidade da informação recolhida


em resultado de relacionamentos profissionais e, consequentemente, não divul-
gar quaisquer informações a terceiros sem a devida autorização, salvo se existir
um direito ou um dever legal ou profissional de divulgar, nem usar a informação
para vantagem pessoal ou de terceiros.

A confidencialidade abrange ainda documentos ou outras coisas que se relacio-


nem, direta ou indiretamente, com os factos sujeitos a confidencialidade.

34 A obrigação de confidencialidade não está limitada no tempo, mantendo-se


mesmo após a cessação de funções.
deontologia profissional

Adotar todas as medidas, para assegurar que os profissionais sob o seu contro-
Normas éticas e

lo e as pessoas a quem foi pedido aconselhamento ou auxílio respeitem o seu


dever de confidencialidade;

e) Comportamento profissional, nas suas relações recíprocas, deve atuar com


I.04

lealdade, integridade, respeito, com correção e civilidade, abstendo-se de qual-


quer ataque pessoal ou alusão depreciativa, pautando a sua conduta pelo res-
peito das normas vigentes, por forma a dignificar a profissão, abstendo-se de
atuações que prejudiquem os colegas e a classe.

Devem colaborar com a Ordem na promoção das normas estatutárias, éticas e


deontológicas.

Devem ainda, nas suas relações com entidades públicas ou privadas e com a
comunidade em geral, proceder com a máxima correção e diligência, contri-
Ordem dos Contabilistas Certificados

buindo desse modo para a dignificação da profissão.

Podemos também, identificar ameaças e salvaguardas ao cumprimento dos princí-


pios éticos fundamentais. Ameaças, podem ser criadas por um conjunto variado de

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

circunstâncias, acontecimentos e relacionamentos que, quando existem, podem


comprometer o cumprimento dos princípios fundamentais. Uma circunstância, um
acontecimento ou um relacionamento pode criar mais do que uma ameaça e uma
ameaça pode afetar o cumprimento de mais de um princípio fundamental.

As ameaças enquadram-se numa ou mais das seguintes categorias:

a) Ameaça de interesse pessoal, é a ameaça de que interesses financeiros ou


outros interesses pessoais, possam influenciar o comportamento e/ou julga-
mento do Contabilista Certificado.

b) Ameaça de auto-revisão, é a ameaça de que o Contabilista Certificado não


avalie apropriadamente os resultados de um julgamento efetuado ou de um
serviço prestado anteriormente por si, ou por outra pessoa da firma ou rede em
que se integre ou da entidade empregadora, e nos quais, o Contabilista Certifi-
cado, confia para efetuar um julgamento como parte do serviço atual.

c) Ameaça de representação de interesse do cliente, é a ameaça de que o Con-


tabilista Certificado defenda uma posição de um cliente ou entidade emprega-
dora, ao ponto de comprometer a sua objetividade.
35

d) Ameaça de familiaridade, é a ameaça de que devido a um relacionamen-

deontologia profissional
to longo ou próximo do Contabilista Certificado, com um cliente ou entidade
empregadora, se torne demasiado complacente aos seus interesses, ou sem

Normas éticas e
discernimento crítico em relação ao seu trabalho.

e) Ameaça de intimidação, é a ameaça de que um Contabilista Certificado seja


dissuadido de agir objetivamente devido a pressões reais ou aparentes, incluin-

I.04
do tentativas para exercer influências indevidas sobre si.

Já as salvaguardas, são ações ou outras medidas, que podem eliminar ameaças


ou reduzi-las a um nível aceitável e enquadram-se normalmente em duas grandes
categorias:

a) As salvaguardas criadas pela profissão, legislação ou regulação;

b) As salvaguardas estabelecidas no contexto do trabalho.


Ordem dos Contabilistas Certificados

As salvaguardas criadas pela profissão, legislação ou por regulamentos incluem:

a) Requisitos de educação, formação e experiência para a entrada na profissão;

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

b) Requisitos de desenvolvimento profissional contínuo;

c) Regulação sobre governança corporativa;

d) Normas profissionais;

e) Procedimentos disciplinares e de monitorização profissionais;

f) Revisão independente dos relatórios, declarações, comunicações e informa-


ções produzidas pelo Contabilista Certificado, quando possam existir alguma
dúvida sobre os mesmos.

Determinadas salvaguardas podem aumentar a probabilidade de identificar ou dis-


suadir comportamentos não éticos. Essas salvaguardas, que podem ser criadas
pela Ordem, por legislação, por regulamentos ou por uma entidade empregadora,
incluem, nomeadamente:

a) Sistemas eficazes e públicos de informação e/ou reclamações, emitidos pela


entidade empregadora ou pela Ordem que permita que colegas, entidades em-
pregadoras e o público em geral, possam alertar para comportamentos não
36 profissionais ou não éticos.
deontologia profissional

b) Obrigação explicitamente declarada de relatar violações de comportamento


ético.
Normas éticas e
I.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.2. Pontos-chave

• Ética.

• Deontologia.

• Princípios gerais previstos no Código Deontológico.

• Princípios éticos gerais fundamentais previstos internacionalmente.

37

deontologia profissional
Normas éticas e
I.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Já frequentei formações relativas ao Estatuto e Código Deonto-


lógico?

Tento manter os conhecimentos sobre estas matérias atualizados?

Tenho adotado medidas de salvaguarda para cumprimento dos


princípios previstos no Código Deontológico?

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

38
deontologia profissional
Normas éticas e
I.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.05
Guia de Boas Práticas Profissionais

Formação profissional contínua

5.1. Enquadramento

Como em qualquer profissão, o CC deve exercer a sua profissão de forma ética e


deontologicamente correta, mas também de forma diligente e atualizada. Aten-
dendo a que a formação académica não é estanque e que, ao longo do tempo, os
conteúdos lecionados ficam desatualizados ou novas matérias são relevantes, o CC
deve apostar numa estratégia de formação contínua.

A formação contínua é fundamental para que o CC esteja a par de todas as mudan-


ças e inovações que vão ocorrendo e é por esse motivo que o Estatuto da Ordem
confere especial importância à formação profissional dos membros da Ordem.

Partindo das alíneas d) e s) do artigo 3.º do EOCC:

“São atribuições da OCC: 39

d) Promover e contribuir para o aperfeiçoamento e formação profissional


dos seus membros;

s) Conceber, organizar e executar, para os seus membros, ações de for-


mação profissional que visem o aperfeiçoamento profissional dos mem-
bros, aceitando como válida toda a formação profissional, em matérias
da profissão, que os membros realizem nos mesmos termos que a lei de-
termina para fins do Código de Trabalho em matéria de formação profis-
sional certificada e não podendo a Ordem solicitar outros comprovativos
ou requisitos adicionais aos do Código de Trabalho; “

profissional contínua
Também o artigo 6.º do Código Deontológico refere que, para garantir a sua com-
Formação
petência e o adequado exercício da profissão, os CC devem, por forma continuada
e atualizada desenvolver e incrementar os seus conhecimentos e qualificações e as
dos seus colaboradores.
I.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

Para tal, é competência do conselho diretivo aprovar a regulamentação e insti-


tuição de sistemas de formação profissional (artigo 54.º, alínea n) do Estatuto da
Ordem).

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Em conformidade, o conselho diretivo aprovou o Regulamento de Formação Profis-


sional Contínua, publicado em D.R., de 9 de janeiro de 2020.

No artigo 1.º do seu Regulamento de Formação Profissional Contínua, doravante


(RFPC), determina-se que:

“O presente regulamento aplica-se aos CC com inscrição ativa na Ordem


e que exerçam a atividade profissional de CC nos termos previstos no
artigo 10º do EOCC.”

Quer isto dizer, que o RFPC aplica-se aos CC que tenham a sua inscrição ativa e
que efetivamente exerçam a profissão de CC, conforme previsto no artigo 10º do
EOCC, ou seja, esta obrigatoriedade de obtenção de créditos em formação, não se
aplica aos CC com inscrição ativa, mas que não exerçam a profissão, sem prejuízo
de poderem frequentar as formações promovidas pela OCC.

O artigo 2.º do RFPC indica os motivos da obrigatoriedade de formação contínua


para os CC:

“A formação profissional contínua compreende o conjunto de atividades


40
de formação e qualificação técnica tendentes ao desenvolvimento pes-
soal e profissional dos contabilistas certificados.”

“A formação profissional contínua tem por objetivo facultar aos CC os co-


nhecimentos necessários para um exercício da profissão pautado pelos
mais elevados padrões de excelência e rigor técnico, que contribua para
o interesse público da profissão, permitindo uma permanente atualiza-
ção em matérias de natureza técnica e deontológica”, é o que preconiza
o artigo 3.º do RFPC.

O artigo 4.º do RFPC enuncia as matérias que poderão ser abrangidas pela forma-
profissional contínua

ção contínua: contabilidade, fiscalidade, direito, ética e deontologia, bem como


as demais matérias conexas com a atividade profissional dos CC.
Formação

A formação contínua do CC é obrigatória: os CC devem realizar e justificar, no


mínimo, um total de 30 créditos de formação profissional contínua por ano ou um
I.05

proporcional em relação ao período em que exerceram a atividade nesse ano (arti-


Ordem dos Contabilistas Certificados

go 5.º do RFPC da OCC).

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Significa isto, que se um CC num determinado ano, obtiver mais que o mínimo de
30 créditos legalmente previsto, o excesso de créditos não transita para o ano se-
guinte, uma vez que aferição dos créditos é anual.

Sempre que o CC inicia a sua atividade após o início do ano civil, os créditos exigí-
veis são proporcionais ao período de exercício da atividade. Por exemplo, um CC
que inicia o exercício da atividade de CC em março de 2023, só tem obrigação de
9 meses de créditos, ou seja, 30 * 9/12 = 22,5=23 créditos.

Os artigos 6.º e seguintes do RFPC da OCC determinam o modus operandi para


concluir a formação, e para obter os créditos obrigatórios, exemplificando situa-
ções em que apesar de não protocoladas, determinadas formações permitem
igualmente a obtenção dos créditos de formação.

Na qualidade de formando ou formador em formação, congressos, conferências,


seminários, palestras, entre outros, promovidas pela Ordem, o CC obtém 1 crédito
por hora, ou seja, numa formação de 8 horas se só estiver presente em 5h, vão ser
atribuídos 5 créditos.

Quanto ao processo de atribuição de créditos, com a exceção do modo de obten- 41

ção de créditos, na qualidade de formando ou formador em formação, congres-


sos, conferências, seminários, palestras, entre outros, promovidas pela OCC, para
efeitos de atribuição de créditos, deve o CC ou a entidade promotora da ação de
formação, até ao final do primeiro trimestre do ano seguinte a que se reporta a
situação que lhe atribua créditos de formação profissional contínua, enviar para a
Ordem, comprovativo da realização e, caso se aplique, aprovação.

No entanto, deverá, sempre, o CC ter a devida cautela de verificar se a entidade


promotora, é uma entidade certificada.

Ainda que se verifique que o CC é responsável pela sua própria formação, de acor-

profissional contínua
do com o artigo 11.º do RFPC da OCC, todos os membros da OCC tem à sua dispo-
sição um plano anual de formação, nomeadamente:
Formação
“A Ordem obriga-se a disponibilizar um plano anual de formação profis-
sional contínua até ao final do ano anterior”.
I.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

O plano de formação contínua enunciado pela OCC disponibiliza previamente to-


das temáticas das formações existentes, os seus conteúdos programáticos e faz
uma apresentação curricular dos autores dos manuais de formação.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

A Ordem disponibiliza a seguinte tipologia de formação:

a) Formações online: (i) Plug-in; (ii) E-learning; (iii) Descomplicar na Hora (iv)
Reuniões livres; (v) Reuniões livres – TOConline; (vi) TOConline - Personalizada
online.

Toda a formação online é gratuita (com a exceção do TOConline – Personalizada


online).

b) Formações offline: (i) Em sala; (ii) Eventual; (iii) Reuniões livres; (iv) TOConli-
ne - Personalizada ao vivo.

A formação, Reuniões Livres, é gratuita.

A construção dos planos de formação anual disponibilizados pela OCC tem sem-
pre a preocupação em disponibilizar formação específica na área de atuação da
atividade dos CC bem como outros tipos de formação de carater estratégico e de
atualização que permitam que os CC estejam sempre na plenitude dos seus conhe-
cimentos para o exercício da profissão.

42 Além do plano de formação clássico online e offline, a Ordem disponibiliza também


uma plataforma de formação online com dezenas de vídeos de cursos e tutoriais
sobre as mais diversas matérias profissionais.

Relembramos, nos termos do artigo 78.º do EOCC e 12.º deste regulamento, consi-
dera-se infração disciplinar toda a ação ou omissão que consista em violação por
qualquer membro da Ordem, dos deveres consignados na lei, no presente Estatuto
profissional contínua

ou nos respetivos regulamentos, isto é, o não cumprimento de qualquer regula-


mento, pode constituir infração disciplinar.
Formação

Além da obrigação estatutária, lembramos que, no âmbito de uma relação laboral,


seja com um contabilista ou um outro colaborador, a formação profissional é um
I.05

dever do empregador e um direito do trabalhador previsto na legislação laboral


Ordem dos Contabilistas Certificados

e, como tal, o CC está obrigado a proporcionar aos seus colaboradores, as horas


mínimas de formação profissional estipuladas pela legislação do CT.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.2. Pontos-chave

• Formação.

• Atualização contínua de conhecimentos.

• Regulamento da formação profissional contínua.

• Créditos obrigatórios.

43

profissional contínua
Formação
I.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Tenho obtido os créditos obrigatórios previstos no regulamento


da formação profissional contínua?

Tenho comunicado ou confirmado junto da OCC, a obtenção de


créditos em entidades formadoras certificadas?

Conheço a tipologia de formação disponibilizada pela OCC?

Observações

44 Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


profissional contínua
Formação
I.05

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Seguro de responsabilidade civil profissional

6.1. Enquadramento

O artigo 31.º da Lei 2/2013 prevê que os estatutos das associações públicas profis-
sionais podem fazer depender o exercício da profissão da subscrição de um seguro
obrigatório de responsabilidade civil profissional ou da prestação de garantia ou
instrumento equivalente, os quais devem ser adequados à natureza e à dimensão
do risco, e apenas na medida em que o serviço profissional apresente risco direto
e específico para a saúde ou segurança do destinatário do serviço ou terceiro ou
para a segurança financeira do destinatário do serviço.

Ora, o seguro de responsabilidade civil é, evidentemente, um garante da seguran-


ça financeira do destinatário do serviço, decorrente de possíveis erros ou omis-
sões, do exercício da profissão de CC.

Assim, um dos deveres gerais íntimos ao exercício da profissão de CC é a subscri- 45


ção, por si ou através da OCC, de um contrato de seguro de responsabilidade civil
profissional de valor nunca inferior a 50 000,00 € (cinquenta mil euros).

A este respeito, o Regulamento do Seguro de Responsabilidade Civil Profissional-


Regulamento n.º 16/2020, publicado em Diário da República, 2.ª série, n.º 6, de 9
de janeiro de 2020, com a alteração decorrente da Declaração de Retificação n.º
176/2020, publicado em Diário da República, 2.ª série, de 27 de fevereiro de 2020,
dispõe, que têm direito ao seguro de responsabilidade civil profissional contratado
pela OCC os membros, pessoas singulares, com inscrição ativa na OCC que cum-
pram cumulativamente os requisitos aí previstos.

Desta forma, dispõe o artigo 6.º do referido regulamento (com a alteração decor-
rente da Declaração de Retificação n.º 176/2020, publicada no Diário da República,
2.ª série, de 27 de fevereiro de 2020), o seguinte, que passamos a transcrever:

“1 — Ficam abrangidos pelo seguro de responsabilidade civil profissio-


nal contratado pela Ordem, os contabilistas certificados que verifiquem,
Ordem dos Contabilistas Certificados

cumulativamente, os seguintes requisitos:

a) Ter inscrição ativa na Ordem;


responsabilidade civil
Seguro de

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

b) Se encontrem identificados junto da Ordem como responsáveis pela


contabilidade das entidades previstas na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º
do EOCC;

c) Cumprir com os créditos de formação profissional contínua no ano an-


terior ao da entrada em vigor da apólice.

2 - O membro dá cumprimento do requisito consagrado na alínea b) do


número anterior, após assumir a responsabilidade pela contabilidade da
entidade, na área reservada ao membro no sítio da internet da Ordem.”

Por isso, a importância da comunicação do CC à OCC, relativa ao início e/ou cessa-


ção de funções de responsável pela contabilidade de uma dada entidade.

Ficam excluídos, do seguro de responsabilidade civil contratado pela OCC, os CC,


que tenham a sua inscrição suspensa ou cancelada, ou tenham as quotas em atraso
por um período superior a 90 dias.

A participação de sinistros é efetuada diretamente à Ordem, via Pasta CC e, sob


pena de recusa, deve mencionar o seguinte:
46

a) Breve resumo e comprovativos dos factos que estiveram na origem do


sinistro;

b) Identificação, através da cédula profissional, do contabilista certificado;

c) Identificação da entidade a que o sinistro respeita;

d) Demais documentos que constem na apólice do seguro.

As consequências da inobservância da obrigatoriedade da subscrição do seguro de


responsabilidade civil, e enquanto a mesma se mantiver, pode originar uma situa-
ção de impedimento do exercício profissional, conforme consagrado no artigo 10.º
do EOCC, podendo conduzir à suspensão do exercício da profissão de contabilista
certificado.

Mais, é considerado infração disciplinar, por se tratar de uma violação dos deveres
consignados no EOCC.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Quanto às sociedades de profissionais de contabilistas certificados, devem, obri-


gatoriamente, contratar um seguro de responsabilidade civil para cobrir os riscos
responsabilidade civil

inerentes ao exercício da atividade profissional dos seus sócios, gerentes ou ad-


Seguro de

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

ministradores e demais colaboradores, não podendo neste caso, o capital mínimo


seguro, ser inferior a 150 000,00€ (cento e cinquenta mil euros), fazendo prova, no
prazo máximo de 30 dias após a aprovação do projeto de pacto social pelo conse-
lho diretivo da OCC, da subscrição do seguro de responsabilidade civil profissional.

O não cumprimento destas condições implica a responsabilidade civil ilimitada dos


sócios pelos prejuízos gerados pela sociedade durante o período de incumprimen-
to do dever de celebração do seguro.

O seguro de responsabilidade civil é colocado pela Ordem, à disposição dos mem-


bros, mediante o preenchimento dos requisitos supra.

Poderá consultar informações especificas do seguro de responsabilidade civil, no-


meadamente quanto às apólices ou franquias em:

https://www.occ.pt/pt-pt/contabilista-certificado/apoio-social-aos-membros/se-
guro-de-responsabilidade-civil-profissional

47
Ordem dos Contabilistas Certificados

responsabilidade civil
Seguro de

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.2. Pontos-chave

• Seguro de responsabilidade civil profissional.

48

Ordem dos Contabilistas Certificados


responsabilidade civil
Seguro de

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Procedi à identificação junto da OCC de todas as contabilidades


pelas quais sou responsável, conforme previsto no artigo 10º do
EOCC?

Cumpri os créditos de formação continua?

Tenho a minha inscrição ativa?

Não tenho as quotas com um atraso superior a 90 dias?

Conheço os procedimentos de participação de sinistros?

Observações

49

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

responsabilidade civil
Seguro de

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.06
[Página propositamente deixada em branco]
Inscrição de sociedades
I.07

e registo do Diretor...
Guia de Boas Práticas Profissionais

I.07
Inscrição de sociedades profissionais
de Contabilistas Certificados e registo do
Diretor técnico de sociedades de contabilidade

7.1. Enquadramento

As sociedades profissionais de contabilistas certificados são sociedades civis ou


comerciais cujo objeto exclusivo é o exercício da atividade descrita no n.º 1 do
artigo 10.º do EOCC. Nas sociedades profissionais de contabilistas certificados,
destaca-se que o capital social e respetivos direitos de voto destas sociedades
são detidos em, pelo menos, 51 por cento por contabilistas certificados, sendo o
mesmo limite mínimo aplicado à composição da sua gerência ou administração.

O projeto de pacto social é submetido à aprovação do conselho diretivo da OCC,


o qual, em regra, no prazo de 20 dias, delibera sobre o cumprimento das normas
estatutárias, deontológicas e regulamentares.
51
As sociedades de profissionais de Contabilistas Certificados, que adotem um tipo
de sociedade de responsabilidade limitada devem, obrigatoriamente, contratar um
seguro de responsabilidade civil para cobrir os riscos inerentes ao exercício da ati-
vidade profissional dos seus sócios, gerentes ou administradores e demais colabo-
radores, o qual terá como capital mínimo obrigatório assegurado de 150 000,00€.

Estas sociedades devem fazer prova no prazo máximo de 30 dias após a aprovação
do projeto de pacto social pelo conselho diretivo, da subscrição do seguro de
responsabilidade civil profissional, implicando o seu incumprimento, a responsabi-
lidade ilimitada dos sócios pelos prejuízos causados durante o período de incum-
primento do dever de celebração do seguro de responsabilidade civil profissional.

Relativamente ao registo deste tipo de sociedades perante a OCC, existiu uma


desmaterialização do processo, como também, como adiante veremos, do registo
de diretor técnico de sociedade e diretor técnico de estabelecimento.

Assim, devem aceder no sítio da internet da OCC, em Home / Área reservada /


Ordem dos Contabilistas Certificados

Registo de Sociedades Profissionais ou em Home / Contabilista Certificado / Lista


de Cont e Soc Profissionais / Sociedade Profissionais e de Contabilidade / Registo
de sociedades de profissionais e proceder ao respetivo registo da sociedade.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Inscrição de sociedades
e registo do Diretor...

Guia de Boas Práticas Profissionais


I.07

Quanto às sociedades de contabilidade, são sociedades cujo objeto social é a pres-


tação de serviços de contabilidade e não preencham as condições de inscrição
como sociedades profissionais de contabilistas certificados, pelo que, devem de-
signar um Contabilista Certificado para exercer as funções de diretor técnico por
estabelecimento.

No entanto, as sociedades de contabilidade não podem exercer outras atividades


que ponham em causa os deveres gerais e específicos consagrados no Código
52 Deontológico dos Contabilistas Certificados e EOCC.

Relativamente ao diretor técnico, deve ser um membro efetivo da Ordem, pessoa


singular, com a inscrição em vigor e que exerça a atividade profissional de contabi-
lista certificado nos termos previstos no artigo 11.º do EOCC.

O diretor técnico só pode exercer estas funções numa única sociedade de con-
tabilidade e num estabelecimento. O regulamento esclarece, que se entende por
estabelecimento, o conjunto de coisas, corpóreas e incorpóreas, devidamente or-
ganizado para a prática do comércio. O estabelecimento comercial compreende,
portanto, elementos da mais variada natureza que, em comum, têm apenas o facto
se encontrarem interligados para a prática do comércio.

Compete ao diretor técnico, nos termos definidos no regulamento e no EOCC, as-


segurar que a sociedade de contabilidade cumpre com as obrigações previstas no
Código Deontológico dos Contabilistas Certificados, EOCC, regulamento e orien-
tações emitidas pela Ordem, sendo tecnicamente independente no exercício das
suas funções.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Existindo um sócio e gerente ou administrador da sociedade de contabilidade que


seja, simultaneamente, contabilista certificado, deve ser este o nomeado diretor
técnico.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Inscrição de sociedades
e registo do Diretor...
Guia de Boas Práticas Profissionais

O registo das sociedades de contabilidade e a nomeação do diretor técnico são

I.07
efetuados pelo sócio e gerente ou administrador e pelo diretor técnico, no prazo
máximo de 15 dias, a contar da data da sua constituição.

O incumprimento do prazo referido faz incorrer o contabilista certificado designa-


do como diretor técnico em responsabilidade disciplinar.

Pode ainda incorrer em responsabilidade disciplinar solidária, o diretor técnico,


pelos eventuais erros ou omissões cometidas pelo contabilista certificado que ela-
borou e assinou as demonstrações financeiras e declarações fiscais.

Para proceder ao registo da sociedade de contabilidade e do diretor técnico, de-


vem aceder no sítio da internet da OCC, em Home / Área reservada / Registo de
Diretor Técnico de Sociedade ou em Home / Contabilista Certificado / Lista de
Cont e Soc Profissionais / Sociedade Profissionais e de Contabilidade / Registo de
Diretor Técnico de Sociedade e proceder ao respetivo registo da sociedade e do
diretor técnico.

53

Como o diretor técnico só pode exercer estas funções num único estabelecimento
e podendo existir sociedades de contabilidade que tenham mais que um estabe-
lecimento, para além da sede, têm de se registar um diretor técnico por estabele-
cimento.

Para proceder ao registo de diretor técnico por estabelecimento, devem aceder no


Ordem dos Contabilistas Certificados

sítio da internet da OCC, em Home / Área reservada / Registo de Diretor Técnico


de Estabelecimento ou em Home / Contabilista Certificado / Lista de Cont e Soc
Profissionais / Sociedade Profissionais e de Contabilidade / Registo de Diretor
Técnico do Estabelecimento e proceder ao respetivo registo.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Inscrição de sociedades
e registo do Diretor...

Guia de Boas Práticas Profissionais


I.07

Por fim, relembrar, que a violação do dever de registo do diretor técnico e da so-
ciedade de contabilidade impede a sociedade de prestar qualquer tipo de serviço
conexo com as funções de contabilista certificado conforme previstas no n.º 1 do
artigo 10.º do EOCC.

54

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Inscrição de sociedades
e registo do Diretor...
Guia de Boas Práticas Profissionais

7.2. Pontos-chave

I.07
• Sociedades profissionais de Contabilistas Certificados.

• Sociedade de contabilidade.

• Diretor Técnico.

55
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Inscrição de sociedades
e registo do Diretor...

Guia de Boas Práticas Profissionais

7.3. Autoavaliação
I.07

Assunto Sim Não N/A

Comuniquei o início de funções como diretor técnico junto da OCC?

Sou diretor técnico num único estabelecimento?

Sou diretor técnico numa única sociedade?

Como diretor técnico, verifico o cumprimento das normas estatu-


tárias e deontológicas por parte da sociedade de contabilidade?

Observações

56 Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.08
Guia de Boas Práticas Profissionais

Responsabilidade disciplinar

Responsabilidade
8.1. Enquadramento

disciplinar
A Lei n.º 2/2013 menciona que os estatutos das associações públicas devem regular
o procedimento disciplinar e as respetivas sanções.

I.08
Ora, o artigo 18.º da referida Lei confere às associações públicas profissionais, o de-
ver de exercer, nos termos dos respetivos estatutos e com respeito, nomeadamen-
te, pelos direitos de audiência e defesa, o poder disciplinar sobre os seus membros,
bem como sobre os profissionais em livre prestação de serviços, na medida em que
os princípios e regras deontológicas lhes sejam aplicáveis.

Assim, o EOCC também é claro, em mencionar que é atribuição da OCC, exercer


o poder disciplinar sobre os contabilistas certificados, isto é, exercer a jurisdição
disciplinar sobre os Contabilistas Certificados.
57
Desta forma, compete ao conselho jurisdicional, em matéria disciplinar, instaurar e
decidir os processos disciplinares e de inquérito, bem como nomear o instrutor, que
deve, preferencialmente, ser licenciado em direito e não ser contabilista certificado.

Configura o EOCC, como infração disciplinar, toda a ação ou omissão que consista
em violação por qualquer membro da Ordem, dos deveres consignados na lei, no
presente estatuto ou nos respetivos regulamentos.

Ainda a respeito de infração disciplinar, cabe realçar, que também nos termos do
Código Deontológico, que qualquer conduta dos Contabilistas Certificados contrá-
ria às regras deontológicas constitui infração disciplinar, realçando assim a impor-
tância deste Código na regulação da profissão de Contabilista Certificado.

Não obstante, desde já se esclarece, que a ação disciplinar sobre os membros da


OCC é independente da responsabilidade disciplinar perante os respetivos em-
pregadores, por infração dos deveres emergentes de relação de trabalho, como
também o é, de eventual responsabilidade civil ou criminal, pelo que, o processo
Ordem dos Contabilistas Certificados

disciplinar é autónomo, nomeadamente, do processo judicial, quando, por exem-


plo, o facto qualificador de infração disciplinar for também considerado infração
criminal, uma vez que os valores a tutelar e salvaguardar pela ação disciplinar são
destintos das finalidades, nomeadamente da ação criminal.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

O RDOCC, regulamento n.º 15/2020, publicado em Diário da República, 2.ª série,


n.º 6, de 9 de janeiro de 2020, tendo presente o estipulado na Lei n.º 2/2013, refere
que o exercício do poder disciplinar tem por base participações remetidas por
Contabilistas Certificados, pelos tribunais, por qualquer autoridade pública ou por
qualquer pessoa singular ou coletiva devidamente identificada, direta ou indireta-
Responsabilidade

mente afetada e com conhecimento de factos suscetíveis de integrarem infração


disciplinar

disciplinar.

Sem prejuízo do Ministério Público e as demais entidades com poderes de investi-


I.08

gação criminal, devem dar conhecimento à Ordem das participações apresentadas


contra contabilistas certificados, como o exercício do poder disciplinar, pode ainda
resultar do conhecimento direto, pelos órgãos da OCC.

As participações devem ser redigidas em língua portuguesa e deve ser inteligível,


devendo conter, para além de todos os meios de prova conhecidos:

1 – A identificação dos factos suscetíveis de constituírem a prática de infração


disciplinar;

58 2 – Identificação do contabilista certificado em causa; e

3 – Manifestação de forma clara e inequívoca a intenção de participação disci-


plinar.

Caso a participação seja apresentada por uma sociedade, deverá a mesma ser
subscrita pelo legal representante.

A participação deve ser dirigida ao conselho jurisdicional, por ser o órgão com
competência disciplinar, a qual pode ser remetida por transmissão eletrónica
de dados (e-mail) ou por carta registada com aviso de receção. Se o participan-
te for contabilista certificado, também poderá remeter a participação através
da Pasta CC.

Quanto aos efeitos do cancelamento ou suspensão da inscrição na responsabilida-


de disciplinar, devemos distinguir duas situações, no que diz respeito ao cancela-
mento da inscrição.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Assim, se o cancelamento da inscrição for posterior à data da instauração do


processo disciplinar ou abertura do processo de inquérito, aquele não faz cessar a
responsabilidade disciplinar por infrações anteriormente praticadas, caso contrário,
cessa a responsabilidade por essas infrações.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

No que diz respeito à suspensão, durante o tempo de suspensão da inscrição, o


membro da OCC continua sujeito ao poder disciplinar da Ordem.

Uma vez referidos, quer o processo disciplinar como o processo de inquérito, são
as formas que a ação disciplinar pode comportar, aplicando-se em regra, o proces-

Responsabilidade
so disciplinar.

disciplinar
Se o processo disciplinar é aplicado sempre que sejam imputados factos devida-
mente concretizados, suscetíveis de constituir infração disciplinar, a determinado

I.08
membro, já o processo de inquérito é aplicado quando não seja possível identificar
claramente a existência de infração disciplinar ou o respetivo infrator, no qual de-
vem ser encetadas diligências sumárias para os devidos esclarecimentos.

O processo disciplinar é composto pelas seguintes fases:

- Instrução, ver artigo 99.º do EOCC;

- Defesa do arguido, ver artigo 103º. do EOCC;

- Decisão, ver artigo 105.º do EOCC; 59

- Execução, ver nomeadamente artigo 109.º do EOCC.

Quanto às sanções prevista quer no EOCC, como no RDOCC, dividem-se em ad-


vertência, multa cujo limite máximo correspondente a 10 vezes o salário mínimo
nacional mais elevado em vigor à data da prática da infração, suspensão até 3 anos
e expulsão, podendo cumulativamente com qualquer sanção, ser imposta a resti-
tuição de quantias, documentos e ou honorários.

Dentro das infrações previstas, quer no EOCC, como RDOCC, destacamos, pela
sua frequência na inobservância dos deveres profissionais, as seguintes condutas
dos Contabilistas Certificados que podem conduzir à aplicação da sanção de
suspensão:

- Subscrevam declarações fiscais, demonstrações financeiras e seus anexos fora


das condições exigidas no n.º 3 do artigo 70.º;
Ordem dos Contabilistas Certificados

- Abandonem, sem justificação, os trabalhos aceites;

- Violem as limitações impostas pelo artigo 71.º relativamente à angariação de


clientela;

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

- Retenham, sem motivo justificado, para além do prazo estabelecido no Có-


digo Deontológico, documentação contabilística ou livros da sua escrituração;

- Retenham ou não utilizem para os fins a que se destinam, importâncias que


lhes sejam entregues pelos seus clientes ou entidades patronais;
Responsabilidade
disciplinar

- Não deem cumprimento ao estabelecido no artigo 74.º;

- Não cumpram, de forma reiterada, com zelo e diligência, as suas funções pro-
I.08

fissionais, ou não observem, na execução das contabilidades pelas quais sejam


responsáveis, as normas técnicas, nos termos previstos no artigo 10.º.

A esta sanção de suspensão pode ainda ser atribuído a sanção acessória de inibi-
ção, até cinco anos, para o exercício de funções nos órgãos da Ordem.

Destacamos ainda, o seguinte comportamento violador dos deveres por parte dos
Contabilistas Certificados e consequentemente pode conduzir à aplicação da san-
ção disciplinar de expulsão:

60 - Pratique dolosamente quaisquer atos que, direta ou indiretamente, conduzam


à ocultação, destruição, inutilização ou viciação dos documentos, das declara-
ções fiscais ou das demonstrações financeiras a seu cargo.

Em termos de reação à aplicação de sanção disciplinar, as deliberações do conse-


lho jurisdicional são impugnáveis contenciosamente nos tribunais administrativos,
nos termos da lei.

No caso de aplicação da sanção de suspensão ou expulsão, compete ao conselho


jurisdicional em plenário, apreciar os recursos dessas decisões.

Este recurso administrativo para o plenário do conselho jurisdicional, trata-se


de um recurso administrativo facultativo, significa isto, que nada impede o in-
teressado de propor ações nos tribunais administrativos na pendência daquele
recurso administrativo para o órgão com competência disciplinar, bem como
requerer a adoção de providências cautelares, nos termos da legislação apli-
cável.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Esclarece o RDOCC, que em termos de efeitos, o recurso dirigido ao plenário do


conselho jurisdicional suspende a eficácia da decisão recorrida, exceto quando o
conselho jurisdicional em plenário, fundamentadamente, considere que a sua exe-
cução imediata causa prejuízo ao interesse público.

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Em termos de prazo, este recurso deve ser interposto no prazo de 15 dias, dirigido
ao plenário do conselho jurisdicional, a contar da notificação do acórdão.

Não sendo possível a notificação do acórdão através de carta registada com aviso
de receção, a notificação ao Contabilista Certificado infrator, deverão ser promo-

Responsabilidade
vidas as diligências necessárias com vista à respetiva publicação do acórdão na 2ª

disciplinar
série do Diário da República. Neste caso, o prazo de interposição do recurso para
o plenário do conselho jurisdicional é de 20 dias a contar da data da publicação do
acórdão em Diário da República.

I.08
61
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

8.2. Pontos-chave

• Responsabilidade disciplinar.

• Infração disciplinar é toda a ação ou omissão que consista em violação por qual-
quer membro, dos deveres consignados na lei, no EOCC, nos regulamentos e dos
Responsabilidade

princípios deontológicos.
disciplinar

• Independência e autonomia da ação disciplinar.


I.08

62

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

8.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Tenho conhecimento como devo efetuar uma participação junto


da OCC?

Responsabilidade
Sei quais os meios que posso utilizar para apresentar uma parti-

disciplinar
cipação?

Conheço os meus direitos num processo disciplinar?

I.08
Observações

63

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


[Página propositamente deixada em branco]
I.09
Guia de Boas Práticas Profissionais

Suspensão, cancelamento e reinscrição

9.1. Suspensão da inscrição

Os membros da OCC podem requerer ao conselho diretivo a suspensão voluntária


da sua inscrição, nos termos do artigo 22.º do EOCC, conforme formulário disponí-
vel na área reservada do CC.

https://www.occ.pt/fotos/editor2/suspensaovoluntaria18maio.pdf

Suspensão, cancelamento
Com a suspensão da inscrição, o membro deixa de poder invocar o título profissio-
nal e de exercer a correspondente atividade, devendo devolver à OCC a respetiva

e readmissão
cédula e outros documentos identificativos. Mantém-se, no entanto, como membro
da OCC está obrigado ao pagamento das quotas, cujo valor é reduzido a metade.

I.09
O pedido de suspensão voluntária não se confunde com a suspensão oficiosa da
inscrição, decorrente de decisão judicial transitada em julgado, ou por deliberação 65
do órgão com competência disciplinar, isto é, o conselho jurisdicional, de aplicação
da sanção de suspensão.

A suspensão voluntária ou oficiosa é comunicada pelo conselho diretivo, quer à AT


quer às entidades a quem os CC prestam serviços.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

9.2. Cancelamento da inscrição

Caso os membros pretendam fazer cessar definitivamente a sua ligação à Ordem,


podem solicitar o cancelamento voluntário da inscrição, também nos termos do
artigo 22.º do EOCC, conforme formulário disponível na área reservada do CC.

https://www.occ.pt/fotos/editor2/cancelvolunt30nov.pdf

Com o cancelamento da inscrição, cessa o vínculo à Ordem e os membros deixam


de poder exercer a profissão, devendo devolver à Ordem a respetiva cédula pro-
fissional.

Também aqui, não se deve confundir este procedimento, com, nomeadamente, a


Suspensão, cancelamento

aplicação da sanção de expulsão por parte do conselho diretivo.

Se é certo, que em qualquer das situações, existe um corte na ligação com a OCC,
e readmissão

ou seja, o requerente ou o sancionado, deixam de ser membros da Ordem, o que


conduz ao impedimento total do exercício da atividade, por parte do CC, no en-
tanto, pode, quando preenchidos os requisitos previstos no artigo 114.º do EOCC,
I.09

o membro a quem foi aplicada a sanção de expulsão, lançar mão da reabilitação.


66

Também no cancelamento voluntário da inscrição ou na aplicação da sanção de ex-


pulsão, impõe o dever ao conselho diretivo de comunicar essa circunstância, quer
à AT como às entidades a quem os CC prestam serviços.

Por fim, realçar o facto de a Ordem cancelar oficiosamente a inscrição dos CC,
quando tiver conhecimento do seu falecimento.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

9.3. Processo de reinscrição

No caso da suspensão e cancelamento voluntário da inscrição, o membro suspen-


so ou cancelado pode, a todo o tempo, requerer, também ao conselho diretivo, o
levantamento da suspensão ou cancelamento, anexando com o respetivo requeri-
mento, certificado do registo criminal.

Ou seja, os CC que por razões pessoais e/ou profissionais estiveram sem exercer
a profissão e requereram a suspensão ou cancelamento voluntário, poderão ser
readmitidos na OCC através do levantamento da suspensão e reinscrição, após
cancelamento voluntário, nos termos do artigo 24.º do EOCC.

Não obstante, pode ser exigido ao membro que requereu o levantamento da sus-

Suspensão, cancelamento
pensão voluntária ou a sua reinscrição após cancelamento voluntário, que se sub-
meta a uma avaliação dos conhecimentos técnicos indispensáveis ao exercício da
profissão, sempre que a suspensão ou cancelamento se prolongue por um período

e readmissão
superior a três anos, a não ser que, o requerente demonstre, no requerimento apre-
sentado, que no decurso da suspensão, exerceu funções relacionadas com maté-
rias respeitantes ao exercício da profissão.

I.09
67
Todavia, esta resinscrição apenas é possível quando a suspensão e o cancelamento
for voluntário, isto é, quando a suspensão ou o cancelamento é oficioso, tal read-
missão deixa de ser possível.

No entanto, o membro da Ordem, que suspenda ou cancele voluntariamente a sua


inscrição, por motivo de incompatibilidade, com o desempenho de algum cargo ou
função publica, o prazo de três anos a partir do qual a Ordem poderá exigir que o
interessado se submeta a uma avaliação ode conhecimentos só se inicia pós o fim
da incompatibilidade inicial ou continuada.

Esta incompatibilidade deve ser expressamente mencionada no requerimento de


suspensão ou cancelamento voluntário da inscrição.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

9.4. Pontos-chave

• Suspensão da inscrição.

• Cancelamento da inscrição.

• Readmissão.
Suspensão, cancelamento
e readmissão
I.09

68

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

9.5. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Tenho conhecimento dos efeitos do pedido de suspensão da ins-


crição?

Tenho conhecimento dos efeitos do pedido de cancelamento da


inscrição?

Conheço as exigências e verificações realizadas no processo de


readmissão?

Observações

Suspensão, cancelamento
e readmissão
I.09
69

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


[Página propositamente deixada em branco]
I.10
Guia de Boas Práticas Profissionais

Comunicação de início e cessação


de funções de CC

10.1. Enquadramento

O início (tal como a cessação) de funções do CC para uma determinada entidade


está sujeito a comunicação expressa à OCC e à Autoridade Tributária e Aduaneira
(AT), entre outras entidades.

Esta comunicação, como já abordado, têm uma enorme relevância para efeitos de
seguro de responsabilidade civil profissional.

Ora, um dos requisitos para ficar abrangido pelo seguro de responsabilidade civil
profissional, é que os contabilistas Certificados se encontrem identificados junto
da Ordem como responsáveis pela contabilidade das entidades previstas na al. a)
do n.º 1 do artigo 10.º do EOCC.

Atualmente, a comunicação do CC à OCC, relativa ao início e/ou cessação de fun- 71


ções de responsável pela contabilidade de uma dada entidade é obrigatória para
efeitos de seguro de responsabilidade civil.

Comunicação de início
de funções de CC
O CC deve permutar uma relação de colaboração e de cooperação entre as partes
interessadas com quem interage no exercício da sua profissão.

Assim sendo, deve não só manter uma relação de confiança com os seus clientes,

I.10
sendo este um dos valores essenciais do exercício profissional, como também uma
relação completa, apropriada, fiável e relevante de partilha de informações com
quem contacta no exercício da sua profissão.

Ou seja, estas comunicações não só servem para cumprir uma obrigação regulamen-
tar, como também, para alicerçar a relação de confiança com o cliente, essencial
para a manutenção da relação profissional do Contabilista Certificado com o Cliente.

É ainda dever do CC, também como já abordado, de comunicar à OCC o início (tal como
a cessação) de funções como diretor técnico de uma sociedade de contabilidade.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Quanto à comunicação a efetuar junto da Ordem, passamos agora a descrever


como a mesma deve ser efetuada:

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Descrição

A comunicação do CC à OCC, relativa ao início e/ou cessação de funções de responsá-


vel pela contabilidade de uma dada entidade é, como vimos, obrigatória para efeitos
de seguro de responsabilidade civil.

Assim, os CC procedem à comunicação através do portal:

1. Aceder ao site da OCC através do link https://www.occ.pt

2. Iniciar sessão com as suas credencias pessoais.

72

3. Clicar na opção “A minha área”


Comunicação de início
de funções de CC
I.10

4. Aceder ao separador “Informações do Contabilista” e clicar em início e em cessação


de “Início e Termo de Responsabilidade por contabilidade”

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

5. Clicar na opção “Adicionar Nova”

6. Devem ser preenchidos os campos solicitados e clicar em “Submeter”.

73

Comunicação de início
de funções de CC
I.10
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

10.2. Pontos-chave

• Comunicação de início de funções de CC.

• Comunicação de cessação de funções de CC.

74
Comunicação de início
de funções de CC
I.10

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

10.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Tenho conhecimento do processo de comunicações obrigatórias


junto da OCC?

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

75

Comunicação de início
de funções de CC
I.10
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


[Página propositamente deixada em branco]
I.11
Guia de Boas Práticas Profissionais

Registo Público do Contabilista Certificado

11.1. Enquadramento

É disponibilizada pela OCC, no seu sítio da internet, uma lista atualizada dos mem-
bros efetivos, das sociedades de profissionais de contabilidade e das sociedades
de contabilidade, bem como é publicada, trimestralmente, a relação com a OCC
dos membros que, no respetivo período, vejam deferida a suspensão ou o cancela-
mento da sua inscrição, tal como previsto no artigo 21.º do EOCC.

Esta obrigação legal, decorre do artigo 23º da Lei 2/2013, nomeadamente nas suas
alíneas c), d), e) e f) e que dispõe o seguinte:

c) Registo atualizado dos respetivos profissionais inscritos que contemple, pelo


menos:

i) O nome, o domicílio profissional e o número de carteira ou cédula profissio- 77


nais;

ii) A designação do título e das especialidades profissionais;

iii) A situação de suspensão ou interdição temporária do exercício da atividade,


se for caso disso;

d) Registo atualizado dos profissionais em livre prestação de serviços no território nacio-


nal, que se consideram inscritos nos termos do n.º 2 do artigo 4.º da Lei n.º 9/2009, de 4
de março, alterada pela Lei n.º 41/2012, de 28 de agosto, que contemple, pelo menos:

Contabilista Certificado
i) O nome e o domicílio profissionais e, caso exista, a designação do título pro-

Registo Público do
fissional de origem e das respetivas especialidades;

ii) A identificação da associação pública profissional no Estado membro de ori-


gem, na qual o profissional se encontre inscrito;
I.11
Ordem dos Contabilistas Certificados

iii) A situação de suspensão ou interdição temporária do exercício da atividade,


se for caso disso;

iv) A informação relativa às sociedades de profissionais ou outras formas de

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

organização associativa de profissionais para que prestem serviços no Estado


membro de origem, caso aqui prestem serviços nessa qualidade;

e) Registo atualizado de sociedades de profissionais e de outras formas de or-


ganização associativa inscritas que contemple, nomeadamente, a designação, a
sede, o número de inscrição e o número de identificação fiscal ou equivalente;

f) Registo atualizado dos demais prestadores de serviços profissionais referidos


na parte final do n.º 2 do artigo seguinte, caso exista a obrigação de registo, que
contemple o respetivo nome ou designação e o seu domicílio, sede ou estabeleci-
mento principal.

78
Contabilista Certificado
Registo Público do
I.11

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

11.2. Pontos-chave

• Registo público dos CC.

• Registo público das sociedades de profissionais de contabilidade.

• Registo público das sociedades de contabilidade.

79

Contabilista Certificado
Registo Público do
I.11
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


Guia de Boas Práticas Profissionais

11.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Tenho conhecimento que é disponibilizado pela OCC no seu sítio


da internet a lista atualizada dos membros efetivos?

Tenho conhecimento que é disponibilizado pela OCC no seu sítio


da internet a lista atualizada das sociedades de profissionais de
contabilidade e das sociedades de contabilidade?

Observações

80
Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?
Contabilista Certificado
Registo Público do
I.11

Ordem dos Contabilistas Certificados

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I.12
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relacionamento entre Contabilistas Certificados


- Dever de lealdade

12.1. Enquadramento

Nas relações entre si, os contabilistas certificados devem atuar com urbanidade,
lealdade e integridade, abstendo-se de atuações que prejudiquem, quer os cole-
gas, como a classe profissional.

Desta forma, a integridade, o evitar situações de conflitos de interesse, a legalida-


de, o profissionalismo, a boa-fé, confidencialidade, urbanidade, devem estar sem-
pre presentes nas relações estabelecidas no exercício da profissão, a qual, reveste
um enorme interesse público.

Qualquer profissional, só conseguirá alcançar o respetivo reconhecimento profis-


sional, não só pelo saber contabilístico/fiscal, no caso dos contabilistas certifica-
dos, que será sempre fundamental, mas, que nunca será suficiente quando não
acompanhado pela respetiva Ética e Deontologia profissional. 81

É, pois exigível que os contabilistas certificados cultivem entre si uma relação de


respeito, lealdade e colaboração, no âmbito das relações profissionais.

Destaca-se sobre esta temática o princípio de lealdade entre colegas de profissão,


previsto, em sentido lato, no artigo 3.º, n.º 1 alínea h) do Código Deontológico dos
Contabilistas Certificados, adiante Código Deontológico, que dispõe o seguinte:

“O princípio da lealdade implica que os contabilistas certificados, nas


suas relações recíprocas, procedam com correção e civilidade, absten-
do-se de qualquer ataque pessoal ou alusão depreciativa, pautando a
sua conduta pelo respeito das regras da concorrência leal e pelas normas
legais vigentes, por forma a dignificar a profissão.”.

No entanto, o corolário da relação entre contabilistas certificados é efetivamente


o dever de lealdade, previsto no artigo 74.º do Estatuto, conjugado com o 16.º do
Código Deontológico.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Podemos identificar dois momentos importantes para cumprimento do dever de


lealdade, na relação entre o contabilista certificado sucessor e antecessor.
Contabilistas Certificados
Relacionamento entre

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.12
Guia de Boas Práticas Profissionais

Um primeiro momento consubstancia-se, previamente à assunção de funções e por


escrito, na obrigatoriedade do contabilista certificado, eventualmente sucessor,
contactar o colega antecessor, certificando-se de que os honorários, despesas e
salários inerentes à sua execução se encontram pagos, como, solicitar esclareci-
mentos sobre qualquer outra circunstância que possa influenciar a sua decisão de
aceitação da proposta contratual.

Na impossibilidade de conseguir remeter a comunicação anteriormente referida,


por não ter o contacto do colega antecessor, o artigo 16º n.º 3 do Código Deonto-
lógico prevê que o contabilista sucessor dê conhecimento desse facto ao Conselho
Diretivo da Ordem, aguardando as respetivas instruções.

E um segundo momento, em que o contabilista certificado eventualmente suces-


sor, tenha conhecimento da existência de dívida líquida e exigível ao contabilista
antecessor (o qual deve responder no prazo de 30 dias), ou de situação de reitera-
do incumprimento pela entidade que o contatou, das normas legais aplicáveis, não
deve assumir a responsabilidade pela contabilidade.

Não dando cumprimento a qualquer um dos dois momentos descritos, o contabi-


lista certificado sucessor incorre na prática de infração disciplinar, que pode ser
82 sancionada com a sanção de suspensão, conforme artigo 89º n.º 4 alínea k) do
Estatuto, e ainda, na responsabilidade, por via solidária, do pagamento dos valores
em falta, desde que líquidos e exigíveis.

A este propósito, chamamos à atenção para o acórdão do Tribunal da Relação de


Évora, de 18/04/2013, proc. N.º 145/09.1T2ODM.E1, que dispõe o seguinte:

“Os termos em que a lei define esta obrigação são de tal ordem categó-
ricos que não suscitam grandes dúvidas de interpretação. Não se certifi-
cando que os valores devidos ao anterior técnico de contas estão pagos,
o novo assume perante ele a obrigação de efectuar esse pagamento;
tanto assim que tem a obrigação de não assumir a responsabilidade pela
contabilidade enquanto o seu colega não estiver pago.

Isto independentemente do modo como se executou o primeiro contrato.


Ou seja, esta consequência não tem ligação com o facto de o primeiro
técnico ter cumprido bem ou mal a sua parte no contrato. Tem só ligação
com o facto de haver honorários ao anterior TOC que não estão pagos.”
Ordem dos Contabilistas Certificados

Em termos de honorários destaca-se o disposto no artigo 14.º n.º 3 do Código Deon-


Contabilistas Certificados

tológico, isto é, os contabilistas certificados em regime de trabalho independente,


Relacionamento entre

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.12
Guia de Boas Práticas Profissionais

além dos honorários acordados e estipulados no contrato escrito de prestação de


serviço, não podem aceitar ou cobrar outras importâncias que não estejam, direta
ou indiretamente, relacionadas com os serviços prestados, devendo, nos termos
da lei, emitir uma fatura e o correspondente recibo.

Destaca-se ainda a este respeito, o artigo 69º n.º 8 do Estatuto que prevê a possi-
bilidade, na execução de serviços que não sejam previamente contratados ou que,
pela sua natureza, revelem carácter de eventualidade, os contabilistas certificados,
dão indicações aos seus clientes ou potenciais clientes dos honorários previsíveis,
tendo em consideração os serviços a executar e identificando expressamente,
além do valor final previsível, o valor máximo e mínimo da sua hora de trabalho,
obedecendo às regras previstas no n.º 6 do artigo 70º do Estatuto.

Quanto à liquidez e exigibilidade da obrigação, dependem do seu vencimento e da


sua certeza, devendo para o efeito, a dívida relativa aos honorários devidos pela
prestação dos serviços estar relevada na contabilidade do respetivo cliente.

Mas o dever de lealdade não se esgota no vindo de expor, ou seja, cumprido o


supra exposto e não existindo nada que obste assunção de funções por parte do
contabilista certificado sucessor, realça-se, o dever do contabilista antecessor de
colaborar com o contabilista sucessor, facultando-lhe todos os elementos inerentes 83

e prestando-lhe todos os esclarecimentos por ele solicitados, nos termos do artigo


74.º n.º 1 do Estatuto.

Outra particularidade do dever de lealdade entre colegas, é a obrigação de não se


pronunciarem publicamente sobre os serviços prestados por colegas de profissão,
exceto quando disponham do seu consentimento.

Mais, sempre que um contabilista certificado seja solicitado a apreciar o trabalho


de outro contabilista certificado, deve comunicar aquele os seus pontos de diver-
gência, sem prejuízo do sigilo profissional, sigilo esse, pedra basilar no exercício
da profissão.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Contabilistas Certificados
Relacionamento entre

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.12
Guia de Boas Práticas Profissionais

Modelo XX – Dever de Lealdade

(nome), Contabilista Certificado com a cédula profissional n.º 0000

Nos termos do artigo 74º n.º 2 do Estatuto da Ordem dos Contabilistas Certificados
e artigo 16º n.º 2 do Código Deontológico dos Contabilistas Certificados, venho pela
presente, informar, que fui contactado para assumir a responsabilidade pela execu-
ção da contabilidade, em sua substituição, do sujeito passivo (nome), com o NIPC
000 000 000 e com sede na (morada), a partir de (data).

Assim, solicito, que informe por escrito, se foi ressarcido da totalidade dos seus hono-
rários, despesas e/ou salários, bem como, situações de incumprimento por parte do
sujeito passivo das normas legais aplicáveis, ou qualquer outra circunstância que possa
influenciar a minha aceitação da proposta contratual.

Na ausência de resposta escrita por parte do colega, dentro do prazo máximo de 30


(trinta) dias, a contar da notificação da presente comunicação, conforme previsto no ar-
tigo 16º n.º 4 alínea a) do Código Deontológico dos Contabilistas Certificados, assumirei
a responsabilidade pela contabilidade, em sua substituição.

(data)

Ao dispor para qualquer esclarecimento adicional


84

(CC)

Ordem dos Contabilistas Certificados


Contabilistas Certificados
Relacionamento entre

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.12
Guia de Boas Práticas Profissionais

Modelo - Minuta Resposta ao Dever de Lealdade ( M.001)

Resposta:
Serve a presente, para nos termos do artigo 16º n.º 4 do Código Deontológico dos
Contabilistas Certificados, dar resposta à comunicação do colega de xx/xx/xxxx, infor-
mando, que fui ressarcido da totalidade dos meus honorários, despesas e/ou salários,
não existindo situações de incumprimento por parte do sujeito passivo identificado,
nem nenhuma outra circunstância que possa influenciar a sua aceitação da proposta
contratual.

(data)

Ao dispor para qualquer esclarecimento adicional

(CC)

Ou

Serve a presente, para nos termos do artigo 16º n.º 4 do Código Deontológico dos
Contabilistas Certificados, dar resposta à comunicação do colega de xx/xx/xxxx, infor-
mando, que se encontra em dívida, a título de honorários, o valor de €xxxx, referente
ao período xxxx, decorrente da prestação de serviços de contabilidade, situação que é
do conhecimento do sujeito passivo identificado. 85

Assim, caso o colega venha assumir a responsabilidade pela contabilidade do referi-


do sujeito passivo, sem a situação descrita se encontrar regularizada, incorre em res-
ponsabilidade disciplinar, por violação do artigo 74º n.º 4 do Estatuto da Ordem dos
Contabilistas Certificados e artigo 16º n.º 2 do Código Deontológico dos Contabilistas
Certificados, bem como, em responsabilidade civil solidária pela dívida, nos termos do
artigo 74º n.º 3 do Estatuto da Ordem dos Contabilistas Certificados.

(data)

Ao dispor para qualquer esclarecimento adicional

(CC)
Ordem dos Contabilistas Certificados

Contabilistas Certificados
Relacionamento entre

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I.12
Guia de Boas Práticas Profissionais

12.2. Pontos-chave

• Relação entre Contabilistas Certificados.

• Princípio da lealdade.

• Dever de lealdade.

86

Ordem dos Contabilistas Certificados


Contabilistas Certificados
Relacionamento entre

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.12
Guia de Boas Práticas Profissionais

12.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Cumpro com o dever de lealdade entre colegas?

Quando sou notificado por um colega em cumprimento do dever


de lealdade, respondo o mais rápido possível?

Mantenho uma relação cordial e profissional com os meus cole-


gas?

Não me pronuncio publicamente sobre os serviços prestados pe-


los colegas?

Emito sempre fatura e o correspondente recibo pelos serviços de


contabilidade prestados?

Observações

87

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Contabilistas Certificados
Relacionamento entre

Volume I. Relação do Contabilista com a Ordem e com os Colegas


I.12
[Página propositamente deixada em branco]
Guia de Boas Práticas Profissionais

II

Relacionamento
do Contabilista
Certificado com
o Cliente
Guia de Boas Práticas Profissionais

FICHA TÉCNICA

GUIA DE BOAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS

Volume II: Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente

Autoria da Ordem dos Contabilistas Certificados com a colaboração de vários autores

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2023


Ordem dos Contabilistas Certificados

Não é permitida a utilização desta Coleção, para qualquer outro fim que não o
indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certifi-
cados, entidade que detém os direitos de autor.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Índice
Apresentação 7
Introdução 11

II.01 Política de comunicação e publicidade 13


1.1. Enquadramento 13
1.2. Procedimentos do contabilista certificado na publicidade de serviços 15
1.3. Pontos-chave 17
1.4. Autoavaliação 18

II.02 Gestão das expectativas do cliente 19


2.1. Enquadramento 19
2.2. Pontos-chave 20
2.3. Autoavaliação 21

II.03 Relacionamento com o cliente 23


3.1. Enquadramento 23 3

3.2. Procedimentos do contabilista certificado no relacionamento com o cliente 27


3.3. Pontos-chave 28
3.4. Autoavaliação 29

II.04 Modos de exercício da atividade 31


4.1. Enquadramento 31
4.2. Modos de exercício da atividade 32
4.2.1. Profissional Independente 32
4.2.2. Sócio, administrador ou gerentes 32
4.2.4. Trabalhador no âmbito de um contrato de trabalho 33
4.2.5. Trabalhador no âmbito de uma relação jurídica de emprego público 33
4.2.6. Sociedades Profissionais de CC e Sociedades de Contabilidade 33
4.3. Pontos-chave 34
4.4. Autoavaliação 35

II.05 Local de prestação de serviços de contabilidade 37


5.1. Realizada nas instalações do cliente 37
5.2. Realizada nas instalações do Contabilista Certificado 38
Ordem dos Contabilistas Certificados

5.3. Procedimentos a realizar pelo CC na realização da prestação de serviços 39


5.4. Pontos-chave 40
5.5. Autoavaliação 41

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

II.06 Processo de estimativa da avença/honorários 43


6.1. Enquadramento 43
6.2. Pontos-chave 51
6.3. Autoavaliação 52

II.07 Proposta e âmbito da prestação de serviços 53


7.1. Plano de projeto 53
7.2. Modelo exemplificativo de um “Plano de Projeto” 55
7.2.1. Caracterização do Negócio 55
7.2.2. Estrutura Administrativa 56
7.2.3. Análise Económico-Financeira 56
7.2.4. Âmbito do Serviço 57
7.2.5. Fora do Âmbito dos Serviços 58
7.2.6. Restrições e/ou Premissas 58
7.2.7. Outras Informações de Utilidade 59
7.2.8. Valores da Entidade e dos Órgãos Sociais 59
7.2.9. Notas 59
7.2.10. Estrutura das atividades Inseridas no Âmbito 60
7.3. Organização, receção e arquivo dos documentos contabilísticos 61
7.4. Envio de informação financeira para o cliente 63
7.5. Pontos-chave 66
4 7.6. Autoavaliação 67

II.08 Proposta de Contrato 69


8.1. Enquadramento 69
8.2. Modelo de contrato de prestação de serviços 70
8.3. Renúncia do contrato de prestação de serviços 77
8.4. Modelo de rescisão com justa causa do contrato de prestação de serviços 79
8.5. Modelo de denúncia do contrato de prestação de serviços 81
8.6. Procedimentos CC renúncia responsabilidade no Portal das Finanças 82
8.6.1. Quais as fases de um processo de renúncia de nomeação CC via Portal das Finanças? 83
8.7. Comunicação no âmbito do artigo 8.º do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT) 84
8.8. Pontos-chave 87
8.9. Autoavaliação 88

II.09 Planeamento de tarefas e controlo de prazos 89


9.1. Enquadramento 89
9.2. Exemplo de planeamento de tarefas 90
9.3. Pontos-chave 93
9.4. Autoavaliação 94
Ordem dos Contabilistas Certificados

II.10 Dossier do cliente 95


10.1. Enquadramento 95
10.2. Dossier Permanente 96
10.2.1. Arquivo físico 96

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


10.2.2. Arquivo digital 96
10.3. Exemplos de elementos a incluir no dossier do cliente 98
10.4. Pontos-chave 99
10.5. Autoavaliação 100

II.11 Relacionamento com Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) 101


11.1. Enquadramento 101
11.2. Gestão de acessos no Portal das Finanças 102
11.3. Plenos poderes e alteração de poderes do CC via Portal das Finanças 104
11.4. Atendimento preferencial na AT 106
11.5. Gestão de utilizadores da área do cliente no Portal das Finanças 107
11.6. Pontos-chave 111
11.7. Autoavaliação 112

II.12 Relacionamento com Instituto de Segurança Social, ACT e outras entidades públicas 113
12.1. Enquadramento 113
12.2. Pontos-chave 115
12.3. Autoavaliação 116

II.13 Relacionamento com Instituições Financeiras 117


13.1. Enquadramento 117
13.2. Pontos-chave 119 5
13.3. Autoavaliação 120

II.14 Relacionamento com Seguradoras 121


14.1. Enquadramento 121
14.2. Pontos-chave: 122
14.3. Autoavaliação 123

II.15 Direitos e deveres do contabilista certificado na relação com o cliente 125


15.1. Direitos 125
15.2. Modelo de auto de receção de documentação contabilística 127
15.3. Recusa de assinar demonstrações financeiras e declarações fiscais 128
15.4. Rescisão e comunicações do contabilista certificado 129
15.5. Declaração de responsabilidade de final de exercício 130
15.6. Deveres 132
15.6.1. Dever de segredo profissional 132
15.6.2. Dever de participação de crimes públicos 133
15.6.2.1. Crimes Tributários Comuns 133
15.6.2.2. Crimes Fiscais 134
15.7. Desempenho diligente das funções 135
Ordem dos Contabilistas Certificados

15.8. Devolução da documentação 136


15.9. Pontos-chave 138
15.10. Autoavaliação 139

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

II.16 Justo impedimento 141


16.1. Justo impedimento de curta duração - artigo 12.º- A do EOCC 141
16.1.1. Factos que fundamentam o justo impedimento de curta duração 141
16.1.2. Prazos para a verificação das ocorrências e cumprimento das obrigações em falta 142
16.2. Justo impedimento de longa duração – artigo 12.º- B 144
16.3. Pontos-chave 146
16.4. Autoavaliação 147

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Apresentação
O sucesso nasce do querer, do trabalho persistente, do empenho constante, da
união, do espírito de equipa, da motivação altruísta e alegria para se alcançar o
objetivo traçado. Por mais ambiciosos que sejam os objetivos, com a atitude cor-
reta, conseguimos alcançar os nossos sonhos. É este o mote de mais um grande
projeto da Ordem dos Contabilistas Certificados, diria mesmo, o grande projeto da
Ordem para a reformulação, reorganização e reconstrução das bases necessárias
para mais uma elevação da profissão de contabilista certificado.

Hoje, temos uma Ordem presente na vida dos seus membros, disponível para os
apoiar profissional, técnica, pessoal e socialmente. Uma Ordem transparente, ri-
gorosa e financeiramente saudável. Uma Ordem com a maior notoriedade social e
política. Uma Ordem que regula uma profissão de interesse público, valorizando-a
e apoiando os membros no cumprimento dos seus deveres e obrigações profissio-
nais. Uma Ordem que reforçou o quadro normativo para o exercício da profissão.
7

Os profissionais são hoje, inegavelmente, os agentes económicos mais capacita-


dos e que melhor apoiam e mais valor acrescentam ao tecido empresarial. Somos
profissionais de interesse público numa sociedade civil cada vez mais exigente em
termos sociais, ambientais e de governance. Somos vistos pela sociedade civil,
tecido empresarial e poder político, como os mais confiáveis, tecnicamente co-
nhecedores e qualificados profissionais nas áreas económica e financeira. Somos
os agentes que permanentemente acrescentam valor aos seus clientes e que mais
rapidamente encontram soluções para os problemas e questões dos contribuintes.
Somos agentes de interesse e fé pública, sinónimo de transparência e credibilida-
de, o nosso valor é incomensurável.

Hoje, não somos meros homens e mulheres de contas, mas homens e mulheres
integrados na dinâmica de uma sociedade em constante mudança. Somos uma
profissão de interesse público, e isso significa que, no exercício das nossas funções,
o trabalho que produzimos influencia toda a sociedade nos seus mais variados inte-
resses, isto é, financeiros, ambientais, sociais, de boa gestão, familiares e lúdicos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Devemos exaltar a nossa profissão, devemos orgulhar-nos do que representamos


para o tecido empresarial e a sociedade, devemos valorizar a nossa carteira profis-
sional, os nossos conhecimentos, qualificações e valor acrescentado.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

Paralelamente, temos de nos preocupar cada vez mais com as consequências que o
nosso trabalho tem nos mais diferentes níveis, perspetivas e setores da sociedade.
Temos e devemos querer ter ainda mais responsabilidade ambiental, social e de
boa gestão.

Reinventámos a nossa profissão. Reorganizámo-nos. Reforçámos o nosso interes-


se público. Triplicámos a nossa reputação. Reposicionámo-nos e hoje, melhor que
nunca, podemos olhar em frente conscientes e motivados que, por maior que seja
o desafio, temos as ferramentas e conhecimentos necessários para os ultrapassar.

À Ordem, cumpre acompanhar os seus membros, percebendo, com perspicácia,


imparcialidade e isenção técnica, emocional e política, qual a melhor orientação
para a profissão. Como entidade que regula a profissão, cumpre à Ordem defender
os seus membros e o valor do trabalho que estes produzem com base no interesse
público da profissão, deixando de lado quaisquer outros interesses.

Cientes do atual cenário profissional e dos desafios que temos pela frente, lança-
mos o projeto Guia de Boas Práticas Profissionais, uma verdadeira revolução para
a nossa profissão, uma ferramenta que pretende dotar todos os contabilistas cer-
tificados dos conhecimentos, conselhos e dicas, que permitam aos profissionais
8 crescer para novos patamares de excelência.

Este guia fornece orientação prática para os contabilistas certificados por forma
a que estes consigam melhor gerir as suas práticas profissionais e os seus negó-
cios, para terem melhores condições de vida pessoal e profissional e operarem de
forma mais lucrativa, feliz, competitiva, ética, sustentável e valorizada. Elaborado
com uma forte componente prática, este guia apresenta casos para ilustrar noções,
listas e exercícios de autoavaliação, tabelas, conceitos e orientações para as boas
práticas profissionais sendo uns legalmente obrigatórios e outros facultativos, que
tendem à valorização do profissional, da sua prática e do seu negócio.

Seguindo este guia, os contabilistas certificados podem melhor construir um am-


biente propício à prestação de serviços de alta qualidade e assim reforçamos nova-
mente junto de toda a sociedade o nosso valor e interesse público.

Destinando-se a todos os profissionais, independentemente da idade, qualifica-


ções ou modelo em que exercem a profissão, o Guia deve ser lido, estudado, im-
plementado e consultado diariamente, sempre tendo em vista o aperfeiçoamento
Ordem dos Contabilistas Certificados

contínuo do profissional e das boas práticas profissionais.

O Guia cobre uma gama diversificada de tópicos, tanto estratégicos como ope-
racionais, com maior detalhe nas matérias que, nesta primeira edição, entende-

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

mos ser mais relevantes para a profissão e os seus membros. Organizado em dez
volumes, o Guia foi projetado para ser o mais independente possível entre cada
volume, permitindo a sua utilização individual sempre sem afastar a interligação e
relação global de toda a coleção.

Assim, o Guia apresenta a seguinte estrutura: I. Relação do Contabilista com a Ordem


e com os Colegas; II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente; III.
Relato Financeiro; IV. Competências Exclusivas - Declarações Fiscais; V. Prestação de
Contas; VI. Outras Competências; VII. Gestão de Riscos; VIII. Controlo sobre a Ativida-
de; IX. Gestão de Recursos Humanos; X. Gestão Estratégica e Orçamental.

No volume I, dá-se articular atenção às funções do Contabilista Certificado, ao se-


guro de responsabilidade civil profissional, formação profissional contínua, respon-
sabilidade disciplinar e ao relacionamento entre colegas. No volume II, olhamos
detalhadamente para a política de comunicação e publicidade, modos de exer-
cício da atividade, processo de estimativa da avença/honorários, justo impedi-
mento e relacionamento com os vários intervenientes na relação profissional dos
contabilistas certificados. No volume III, entramos na determinação do normativo
contabilístico, planos de contas, procedimentos de organização e controlo conta-
bilísticos, demonstrações financeiras e consolidação de contas. No volume IV, o
9
guia apresenta tudo o que os membros precisam de saber sobre as obrigações de-
clarativas fiscais correntes e não correntes, o dossier fiscal e o dossier de preços de
transferência. No volume V, temos tudo sobre o processo de prestação de contas,
relato financeiro, de gestão, não financeiro, integrado, certificação legal de con-
tas e entidades do setor não lucrativo. Avançando para o volume VI, entramos na
área dos recursos humanos, certificação de informação, consultoria e planeamento
fiscal, gestão, projetos e outras novas áreas de negócio. No volume VII, tratamos
o registo central do beneficiário efetivo, o risco de branqueamento de capitais e
financiamento do terrorismo e os riscos inerentes à segurança e saúde no traba-
lho, recursos humanos, dados pessoais até ao risco reputacional e societário. No
volume VIII, abordamos o controlo interno, desempenho, gestão e produtividade
da atividade. No volume IX, apresentamos detalhada informação sobre a gestão de
recursos humanos no escritório de contabilidade, políticas salariais, formação de
trabalhadores e contraordenações laborais. Por fim, no último volume, o X, aborda-
mos a gestão estratégica e orçamental.

Cada volume foi construído especialmente para os contabilistas certificados e ten-


do em consideração os conhecimentos e experiência padrão da classe. O con-
Ordem dos Contabilistas Certificados

teúdo é projetado para o seu estudo, autoavaliação, implementação concreta de


melhores práticas profissionais e posterior monotorização e acompanhamento das
mesmas.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

Com base neste Guia, a Ordem desenvolverá vários programas de formação pro-
fissional contínua, de presença obrigatória, em diferentes modelos e ambientes,
proporcionando a todos os contabilistas certificados as melhores condições para
uma evolução profissional do membro e do seu negócio.

Posteriormente, serão desenvolvidos e disponibilizados a todos os contabilistas


certificados, programas e ferramentas de acompanhamento e monitorização da
implementação das melhores práticas previstas neste Guia. Estes programas de
Certificação de Qualidade serão pedagógicos e terão como objetivo apoiar os
membros na elevação dos padrões de qualidade da nossa profissão.

Este Guia é o novo desafio que lanço a toda a nossa classe, o primeiro passo para
um novo e melhor enquadramento profissional, é o mote para começarmos a cons-
truir mais um capítulo na já riquíssima história da nossa profissão. Com este Guia
como farol, estou certa que continuaremos a acentuada tendência de crescimento
profissional e que conseguiremos elevar a nossa profissão mais um patamar na já
elevada escala de excelência profissional em que nos encontramos.

Paula Franco, Bastonária


10

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Introdução
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relacionamento
do Contabilista Certificado com o Cliente

O presente volume dedicado ao relacionamento do Contabilista Certificado com


o Cliente aborda as considerações a ter em conta no estabelecimento de relações
contratuais com potenciais clientes e a fase da contratualização da proposta de
prestação de serviços.

O objetivo é habilitar o Contabilista Certificado a conhecer as práticas que per-


mitem cumprir com as suas obrigações estatutárias, ao mesmo tempo que lhe
permitem assegurar uma gestão do risco de negócio na contratação de serviços
com clientes.

O contrato de prestação de serviços pressupõe a verificação das condições contra-


tuais acordadas no âmbito do cumprimento das obrigações estatutárias e outras
obrigações, não estatutárias, mas assumidas contratualmente.

Neste âmbito, é essencial assegurar que o Contabilista Certificado conhece os de- 11


veres que a lei lhe impõe e que adota sistemas de gestão do risco que permitem
controlar os riscos inerentes ao tratamento contabilístico e fiscal das operações do
Cliente.

Assume especial importância a forma como são definidos os termos e condições


no contrato de prestação de serviços, pois são estes que permitem delimitar as
responsabilidades do Contabilista Certificado.

Os termos e condições respeitam não só ao âmbito dos serviços contratados,


como também à forma de execução dos serviços, em termos de recursos humanos
e materiais a empregar, à remuneração desses mesmos serviços e demais aspetos
relativos à execução do contrato.

O planeamento e controlo são também especialmente relevantes, pois são tare-


fas que permitem otimizar, para o Cliente, a execução dos serviços contratados,
e, para o Contabilista Certificado, garantir a boa execução financeira dos seus
contratos, e, nessa medida, a continuidade e sustentabilidade da sua prestação
Ordem dos Contabilistas Certificados

de serviços.

Por fim, aborda-se a temática do relacionamento com entidades públicas que in-
tervêm como sujeitos ativos dos impostos e contribuições devidos, e que, nessa

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

medida, implicam responsabilidade estatutária ou contratual relativamente às de-


clarações entregues pelo Contabilista Certificado. Em particular, aborda-se a in-
teração com a Autoridade Tribuária e Aduaneira (AT) na nomeação e renúncia do
Contabilista Certificado.

No que respeita a outras entidades com as quais o Contabilista Certificado tenha


de se relacionar em virtude da necessidade de obter ou produzir informação ne-
cessária aos serviços a prestar, fornecem-se orientações sobre o relacionamento
com essas entidades e a forma de dar conhecimento ao Cliente sobre as mesmas.

12

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Política de comunicação
II.01
Guia de Boas Práticas Profissionais

e publicidade
II.01
Política de comunicação e publicidade

1.1. Enquadramento

O Contabilista Certificado, as Sociedades Profissionais de Contabilistas Certifica-


dos e o Diretor Técnico na Sociedade de Contabilidade, no estudo e execução do
seu planeamento estratégico, devem estabelecer políticas de comunicação asser-
tivas e que signifiquem uma mais-valia para a imagem das suas entidades.

Na definição das suas políticas de comunicação, devem zelar pelo respeito das
suas obrigações estatuárias e pelo cumprimento dos limites da Lei, nomeadamente
com a Lei n.º 2/2013, de 10 de janeiro (Regime jurídico de criação, organização e
funcionamento das associações públicas profissionais), e pela Lei n.º 139/2015, de
7 de setembro (Estatuto da Ordem dos Contabilistas Certificados – EOCC e Código
Deontológico dos Contabilistas Certificados) e pelo aditamento da Lei n.º 119/2019,
de 18 de setembro, e pelas Leis n.º 12/2022, de 27 de junho, e n.º 24-D/2022, de 30
de dezembro, e com a legislação relativa ao Regulamento Geral sobre a Proteção 13
de Dados.

O artigo 32.º da Lei n.º 2/2013, de 10 de janeiro, dispõe que podem ser impostas
restrições em matéria de publicidade quando essas restrições não sejam discrimi-
natórias, sejam justificadas por razões imperiosas de interesse público, designada-
mente para assegurar o respeito pelo sigilo profissional, e estejam de acordo com
critérios de proporcionalidade.

Neste sentido, com as alterações introduzidas no Estatuto pela Lei n.º 139/2015, de
7 de setembro, verificou-se uma profunda mudança das normas estatutárias rela-
cionadas com a publicidade profissional.

Assim, prevê o artigo 71.º do EOCC, que a publicidade aos serviços cujo exercí-
cio, nos termos do atual estatuto, é exclusiva dos Contabilistas Certificados, só
pode ser feita por Contabilista Certificado, sociedades profissionais de conta-
bilistas certificados inscritas na Ordem ou sociedades de contabilidade que te-
nham designado um diretor técnico junto da OCC. A publicidade pode divulgar
Ordem dos Contabilistas Certificados

a atividade profissional de forma objetiva e verdadeira, no rigoroso respeito dos


deveres deontológicos, do sigilo profissional e das normas legais sobre publicidade
e concorrência, nos termos do respetivo Estatuto.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Política de comunicação

Guia de Boas Práticas Profissionais


e publicidade

Significa isto, em primeiro lugar, que uma sociedade que não tenha no seu objeto a
II.01

prestação de serviços de contabilidade e não se encontre inscrita ou registada jun-


to da OCC, não pode publicitar serviços da competência exclusiva do Contabilista
Certificado, sob pena, da sua atuação, consubstanciar um ilícito penal.

Estas matérias estão regulamentadas, em especial, no Código da Publicidade e no


Código da Propriedade Intelectual.

Sem prejuízo, sempre se dirá que, a publicidade deve facultar informação obje-
tiva, que não revista um conteúdo de carácter propagandístico, comercial ou de
autoengrandecimento dos termos em que é promovida a divulgação dos serviços,
sob pena de violação do princípio da lealdade, na vertente de concorrência desleal,
conforme previsto na alínea h), n.º 1 do artigo 3.º do Código Deontológico.

Salienta-se que está vedada a utilização indevida do símbolo da OCC. Não é as-
sim legítimo, sem autorização prévia da Ordem, que o Contabilista Certificado, no
exercício da sua atividade profissional, como para efeitos de publicidade, utilize a
insígnia ou o símbolo da Instituição, incorrendo também, na violação do princípio
da lealdade, na vertente de concorrência desleal, constituindo ainda um ilícito cri-
minal, conforme dispõe o artigo 323.º do Código de Propriedade Industrial.
14

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Política de comunicação
Guia de Boas Práticas Profissionais

e publicidade
1.2. Procedimentos do Contabilista Certificado

II.01
na publicidade de serviços

A forma e conteúdo da publicidade utilizada contribuem para o cumprimento dos


deveres gerais do Contabilista Certificado, como sejam, a dignidade e o prestígio
da profissão.

Partindo deste pressuposto, o Contabilista Certificado deve ter um cuidado acres-


cido na elaboração da publicidade, pois é a sua própria imagem, como a de toda a
classe, que estará em causa, não contribuindo desta forma, para denegrir a mesma
ou desrespeitar o dever de lealdade entre colegas.

Realçamos neste especto, o papel importantíssimo do diretor técnico das socie-


dades de contabilidade, pois este é o garante do cumprimento dos deveres esta-
tutários e deontológicos previstos quer no EOCC, como no Código Deontológico,
devendo alertar previamente a gerência ou administração dos limites a observar na
elaboração da publicidade.

Uma estrutura genérica de procedimento de publicidade de serviços de contabili-


dade, pode passar designadamente pelo seguinte:
15

- Apresentação da empresa, nomeadamente a data da sua constituição, locali-


zação, estabelecimentos, se se trata de uma sociedade profissional de Conta-
bilista Certificados, ou uma Sociedade de Contabilidade com a identificação do
seu diretor técnico;

- Referência aos recursos humanos disponíveis, nomeadamente os Contabilistas


Certificados ou o Diretor Técnico, onde poderá ser feita referência à formação
académica ou outras, como a experiência profissional ou publicações:

- Serviços a prestar, de forma objetiva.

Por outro lado, exemplificamos, expressões ou comentário, que não podem cons-
tar na publicidade utilizada, uma vez que podem constituir infração disciplinar, e
são:

- “Venha trabalhar comigo e paga menos impostos”;


Ordem dos Contabilistas Certificados

- “Faço um desconto de metade da mensalidade que paga”;

- “Terá um desconto de 50% na mensalidade nos primeiros três meses”;

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Política de comunicação

Guia de Boas Práticas Profissionais


e publicidade

- “Campanha de lançamento para os primeiros clientes”;


II.01

- “Pela minha formação académica ou experiência profissional tenho um me-


lhor conhecimento que os meus colegas”;

- “Procura um Contabilista Certificado que cumpra prazos?”

- “Está farto de pagar tantos impostos?


Venha trabalhar connosco e a fatura fiscal vai diminuir!
Faremos um acompanhamento profissional Como recompensa por vir traba-
lhar connosco, no primeiro ano a sua avença é reduzida a 50%!
Ligue já. 900 000 000.”

Ora, como facilmente se percebe, estas expressões não dignificam a profissão


de Contabilista Certificado, consubstanciando mesmo alusões depreciativas aos
colegas, bem como revestem um conteúdo de carácter propagandístico, comercial
ou de autoengrandecimento.

16

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Política de comunicação
Guia de Boas Práticas Profissionais

e publicidade
1.3. Pontos-chave

II.01
• Estabelecer política de comunicação assertiva, com objetivo de melhoria da ima-
gem do profissional e profissão.

• Atender às disposições do EOCC e RGPD.

• Publicidade pode incluir a divulgação da atividade profissional de forma objetiva


e verdadeira.

• A publicidade não pode ter conteúdos propagandísticos, comercial ou de au-


toengrandecimento, sob pena de violação do dever de lealdade, na vertente de
concorrência desleal.

• Interdito o uso dos símbolos da OCC, sem autorização prévia.

• Sociedades que não tenham como objeto a prestação de serviços de conta-


bilidadee não estejam registadas ou inscritas na OCC não podem publicitar os
serviços prestados exclusivamente por contabilistas certificados (artigo 10.º do
Estatuto da OCC).
17
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Política de comunicação

Guia de Boas Práticas Profissionais


e publicidade

1.4. Autoavaliação
II.01

Assunto Sim Não N/A

Quanto à publicidade dos serviços prestados enquanto contabi-


lista certificado, atende às disposições legais previstas no EOCC
e demais legislação?

Utiliza os símbolos da OCC na sua publicidade?

Em algum momento, a publicidade aos seus serviços de conta-


bilidade foi baseada em conteúdos de carácter propagandístico,
comercial ou de autoengrandecimento, como por exemplo, apre-
sentação de descontos?

Ao deparar-se com publicidade a serviços de contabilidade, de


conteúdo propagandístico, comercial ou de autoengrandecimen-
to, adotou alguma medida de salvaguarda, nomeadamente de
participação ao Conselho Juridiscional?

Alguma vez fez uma publicidade com descontos ou ofertas sobre


serviços de contabilidade?

Observações

18

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.02
Guia de Boas Práticas Profissionais

Gestão das expectativas do cliente

Gestão das expectativas


2.1. Enquadramento

do cliente
O Contabilista Certificado deve concentrar a sua vantagem competitiva na gestão
das expectativas do cliente.

II.02
Além disso, é essencial uma comunicação proativa, fornecendo prazos realistas,
informação frequente e atualizações das atividades realizadas de modo preciso e
claro, preferencialmente por escrito.

Outro aspeto importante é que a gestão de expectativas do cliente deverá ser reali-
zada através da elaboração de um quadro de decisão, onde seja possível comparar
quais os serviços que foram inicialmente oferecidos, quais os serviços que foram
contratados e, ainda, quais os serviços efetivamente prestados, bem como os indi-
cadores que serviram de suporte a todas as decisões.
19
Ao construir e manter um quadro de decisão, com informações e indicadores, de
forma simples, permite ao cliente estar permanentemente informado sobre o de-
sempenho do Contabilista Certificado, projetando as suas melhores decisões para
a realidade empresarial do cliente, o que aumenta as expectativas do mesmo na
procura das melhores soluções para os seus problemas.

Este tipo de informações proporciona a possibilidade de o cliente estar permanen-


temente informado acerca do efetivo cumprimento do contrato celebrado, e de
que tarefas foram realizadas e que não estavam inicialmente contratadas.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.2. Pontos-chave

• Elaboração de quadro de decisão, indicando os serviços contratados, face aos


serviços prestados, e indicadores de suporte.
Gestão das expectativas

• Controlo e informação para o cliente dos prazos de realização das tarefas, infor-
mação a prestar periodicamente e atualização das atividades realizadas.
do cliente
II.02

20

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Gestão das expectativas


Efetua o controlo das expectativas do cliente, através da criação
e atualização permanente de um quadro de decisão, que inclua
os serviços contratados, serviços prestados e indicadores de su-
porte?

do cliente
Realiza o controlo e informação para o cliente dos prazos de reali-
zação de tarefas, informação a prestar periodicamente e atualiza-

II.02
ção das atividades realizadas face aos serviços contratados pelo
cliente?

Observações

21

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


[Página propositamente deixada em branco]
II.03
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relacionamento com o cliente

3.1. Enquadramento

O Contabilista Certificado tem, no âmbito das suas funções, de apresentar às par-


tes interessadas a situação da entidade de uma forma transparente, clara e inte-
gral, com todas as informações inerentes ao exercício das suas funções e relacio-
nadas com as entidades pelas quais assume a responsabilidade técnica nos termos
do artigo 10.º do EOCC.

De acordo com este artigo 10.º do EOCC, o Contabilista Certificado, no exercício da

Relacionamento
com o cliente
sua profissão, deve apresentar a realidade patrimonial das entidades a quem presta
serviços, devendo para tal, planificar, organizar, coordenar e avaliar a execução da
contabilidade, assumindo a regularidade técnica nas áreas contabilística e fiscal,
das entidades, públicas e privadas, aplicando os planos de contas oficialmente

II.03
previstos ou o sistema de normalização contabilística, conforme o caso, respei-
tando as normas legais, os princípios contabilísticos vigentes e as orientações das 23
entidades com competência em matéria de normalização contabilística.

Para tal, o Contabilista Certificado tem o direito, perante as entidades a quem pres-
ta serviços, de obter todas as informações com elevado nível de segurança e de
qualidade informativa, tal como é definido no n.º 1 do artigo 12.º do CDCC:

“Para além dos direitos previstos no Estatuto da Ordem dos Contabilistas


Certificados, os contabilistas certificados, no exercício das suas funções,
têm direito a obter das entidades a quem prestam serviços toda a infor-
mação e colaboração necessárias à prossecução das suas funções com
elevado rigor técnico e profissional.”

Esse direito também é referido na alínea a) do n.º 1 do artigo 69.º do EOCC:

“Obter todos os documentos, informações e demais elementos de que


necessitem para o exercício das suas funções.”.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Adicionalmente, a atividade do Contabilista Certificado está sujeita ao máximo ri-


gor, sob pena, tal como dispõe o artigo 8.º do Regime Geral das Infrações Tribu-
tárias (RGIT), de serem subsidiariamente responsáveis e solidariamente entre si:
administradores, gestores e outras pessoas que exerçam, ainda que somente de

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

facto, funções de administração em pessoas coletivas, sociedades, ainda que irre-


gularmente constituídas, e outras entidades fiscalmente equiparadas, pelas coimas
devidas pela falta ou atraso de quaisquer declarações. Todavia, conforme determi-
na o n.º 3 do artigo 8.º do RGIT, o Contabilista Certificado deve comunicar

“as razões que impediram o cumprimento atempado da obrigação e o


atraso ou a falta de entrega não lhes seja imputável a qualquer título”.

Decorre do exposto e do que já foi anteriormente referido, que o relacionamento


do Contabilista Certificado com os seus clientes é de extrema importância para
a sustentabilidade da relação profissional e consequentemente da sua profissão.

O conceito de “relacionamento” pressupõe que a interação entre o cliente e o


Contabilista Certificado signifique mais do que uma simples transação económica
Relacionamento

de serviços.
com o cliente

Para mais, num mundo onde a confidencialidade da informação e dos dados são de
extrema relevância, o cliente, no decurso da sua atividade comercial, partilha com
o seu Contabilista Certificado, um conjunto de informações confidenciais e dados
II.03

privados da sua empresa e até dos respetivos sócios ou acionistas.


24

De facto, perante a sociedade civil, o Contabilista Certificado é visto como um


profissional de confiança e de responsabilidade, de tal forma que os seus clientes
lhe confiam informações confidenciais.

Portanto, para o Contabilista Certificado, a gestão da sua reputação é de extrema


importância para um saudável relacionamento com o cliente e para o desempenho
das suas funções profissionais.

De acordo com o International Federation of Accountants (IFAC, 2018), um número


considerável de estudos demonstra que custa muito menos manter um cliente do
que conseguir um novo. Neste sentido, as conclusões do IFAC (2018), reforçam a
ideia de que a boa relação Contabilista Certificado versus Cliente é altamente rele-
vante. No entanto, mais do que a questão concorrencial, para um Contabilista Cer-
tificado, a verdadeira motivação para construir e manter um bom relacionamento
com os seus clientes, deve estar vinculada com a melhoria contínua da prestação
de serviços, com elevado valor acrescentado, alicerçado na continua atualização
de conhecimentos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Para a construção de um relacionamento com o cliente, o Contabilista Certifica-


do deve ser conhecedor do negócio do seu cliente, dos seus valores éticos, das
suas motivações e dos seus objetivos.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

Adicionalmente, conhecer o negócio do cliente é fundamental para o correto


enquadramento contabilístico e fiscal do seu negócio e das suas operações.

Conhecer bem o cliente também irá proporcionar ao Contabilista Certificado o


fortalecimento da relação de confiança entre as partes e, deste modo, aumentar
a sua reputação, tornando o mercado concorrencial uma problemática de menor
dimensão e incrementando a sua satisfação pessoal e profissional.

Um dos momentos fundamentais na construção de um bom relacionamento entre


o Contabilista Certificado e os seus clientes ocorre aquando da contratação dos
seus serviços, sendo imperativo que o Contabilista Certificado tenha presente que
o contrato de prestação de serviços deve ser sempre reduzido a escrito e deve
ser prévio à execução de qualquer tarefa, além de ser uma das suas obrigações
estatutárias, conforme artigos 11º n.º 2 e 70º n.º 5, como deontológicas, de acordo
com o artigo 9.º do CDCC, detalhando:

Relacionamento
com o cliente
“a sua duração, a data de entrada em vigor, a forma de prestação
de serviços a desempenhar, o modo, o local e o prazo de entrega
da documentação, os honorários a cobrar e a sua forma de paga-

II.03
mento”
25

Mais à frente será disponibilizado um modelo exemplificativo de contrato de pres-


tação de serviços.

O contrato de prestação de serviços entre o Contabilista Certificado e os seus


clientes deve representar o compromisso entre as partes de exercer esforços con-
juntos em prol da qualidade do exercício profissional.

O compromisso entre o Contabilista Certificado e o cliente conduz, no longo prazo,


a que o serviço seja realizado com qualidade e, consequentemente, a que o serviço
seja valorizado pelo cliente.

As atividades do Contabilista Certificado devem ser orientadas para o cumprimen-


to da relação contratual.

Deste modo, o Contabilista Certificado deve possuir suporte dos registos com to-
das as comunicações realizadas no âmbito do cumprimento da relação contratual,
nomeadamente pedidos de documentação, esclarecimentos sobre situações que
Ordem dos Contabilistas Certificados

envolvam a empresa, guias de pagamento de impostos, da Segurança Social e


outras situações, entre outras comunicações necessárias ao bom desempenho das
atividades do Contabilista Certificado.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

As evidências devem ser registadas num modelo que sistematize toda a informa-
ção e assegure a transparência e controlo de toda a relação contratual, permitindo
também controlar o tempo dedicado ao cliente.

Este registo é decisivo para que se consiga fazer uma otimização dos tempos de-
dicados ao cumprimento das atividades contratualizadas, bem como o registo de
atividades que, não estando contratualizadas, são executadas pelo Contabilista
Certificado.
Relacionamento
com o cliente
II.03

26

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.2. Procedimentos do contabilista certificado


no relacionamento com o cliente

Neste âmbito, o cumprimento das cláusulas contratuais, nomeadamente o cum-


primento da data de entrega da documentação é fundamental nesta relação entre
Contabilista Certificado e cliente.

Se, efetivamente, o Contabilista Certificado tem a obrigação de cumprir o seu de-


ver de forma profissional, com uma constante atualização de conhecimento, tam-
bém o cliente tem o dever de contribuir para que a execução dos serviços de
contabilidade seja efetuada com o tempo necessário a uma avaliação correta dos
documentos contabilísticos e ao respetivo enquadramento fiscal.

Ora, é fundamental que o contabilista Certificado verifique o cumprimento das

Relacionamento
cláusulas contratuais. Se detetar em algum momento o incumprimento dessas

com o cliente
mesmas cláusulas, deve, imediatamente e por escrito, alertar o cliente desse in-
cumprimento, referindo, sumariamente em que se consubstancia tal incumprimen-
to e mencionar qual ou quais as consequências desse incumprimento previstas
quer no contrato como no EOCC ou Código Deontológico.

II.03
27
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.3. Pontos-chave

• Apresentar ao cliente a situação da entidade de forma transparente, clara e inte-


gral.

• Nomeadamente, a informação das demonstrações financeiras e das declarações


fiscais.

• Caso não seja possível a submissão das declarações fiscais, por falta de informa-
ção necessária, efetua a comunicação do n.º 3 do artigo 8.º do RGIT.

• A construção do relacionamento com o cliente está dependente do CC ser co-


nhecedor do negócio do seu cliente, dos seus valores éticos, das suas motivações
e dos seus objetivos.
Relacionamento
com o cliente

• Isto é fundamental para o correto enquadramento contabilístico e fiscal do negó-


cio e das operações.

• Compromisso entre o CC e cliente é fundamental para o serviço ser realizado com


II.03

qualidade, e para que o mesmo seja valorizado pelo cliente.


28

• Quadro de controlo de todas as interações com o cliente: pedido de documentos,


de esclarecimentos, envio de declarações fiscais e documentos de pagamento de
impostos e contribuições, e outras.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.4. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Na contratação dos serviços e na realização dos mesmos, apre-


senta ao cliente a situação económica e financeira e outros de
forma transparente, clara e integral?

Tem previsto na contratação de serviços, a apresentação das de-


monstrações financeiras, declarações fiscais e demais serviços
prestados de forma atempada e com regularidade?

Para a contratação dos serviços, efetuou diligências para o co-


nhecimento do negócio do cliente, nomeadamente a estrutura do
exercício de atividade e área de negócio em que opera?

Para a contratação dos serviços, efetuou diligências para o co-


nhecimento dos valores éticos, das motivações e dos objetivos

Relacionamento
do cliente?

com o cliente
Criou e manteve atualizado um quadro de controlo de todas as
interações com o cliente?

Observações

II.03
29

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


[Página propositamente deixada em branco]
II.04
Guia de Boas Práticas Profissionais

Modos de exercício da atividade

4.1. Enquadramento

O CC pode exercer a sua atividade de modos distintos, seja como trabalhador


dependente, independente, gerente ou administrador de uma sociedade de con-
tabilidade ou sociedade profissional de contabilistas certificados. Cada um destes
modos de exercício da atividade implica o cumprimento dos deveres deontológi-
cos e profissionais previstos no Estatuto da Ordem e Código Deontológico para
evitar conflitos de interesses.

Vejamos, em concreto, cada modo de exercício da atividade.

31

Modos de exercício
da atividade
II.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.2. Modos de exercício da atividade

4.2.1. Profissional Independente

O CC pode exercer a atividade profissional, de forma autónoma, sem uma estru-


tura societária, podendo ou não ter funcionários a seu cargo, de acordo com o
previsto na al. a), do n.º 1 do artigo 11.º do EOCC. O exercício da atividade de CC
como trabalhador independente é o modo clássico de exercício de um profissional
liberal: prestação de serviços a um conjunto de clientes de forma autónoma com
a contrapartida de pagamento dos honorários justos e adequados. O exercício da
atividade ao abrigo de um contrato de prestação de serviços estende-se também
à possibilidade de o contabilista certificado prestar serviços a outro contabilista
certificado, sociedade de profissionais ou sociedade de contabilidade. Há aqui que
atender à distinção entre um contrato de trabalho e um contrato de prestação de
serviços para garantir que não estamos perante um contrato de trabalho. Para este
efeito, o artigo 12.º do Código do Trabalho estabelece um conjunto de presunções
de contrato de trabalho quando o modo de prestação de serviços assume deter-
minadas características (existência de horário de trabalho, prestar serviços no local
do cliente e com os seus equipamentos, pagamento periódico, etc.) (ver volume
IX, ponto 2.1.).
32

4.2.2. Sócio, administrador ou gerentes


Modos de exercício
da atividade

Pode ainda o CC exercer a sua atividade profissional, enquanto sócio, administra-


dor ou gerente de uma sociedade de profissionais de contabilistas certificados ou
de uma sociedade de contabilidade cujo responsável técnico esteja devidamente
inscrito na Ordem.
II.04

E quanto às restantes sociedades que não tenham como objeto a prestação de


serviços de contabilidade? Quanto às restantes sociedades, devemos desde logo
distinguir sócios de administradores ou gerentes, ou seja, se o CC for responsável
pela execução da contabilidade de uma determinada sociedade, (sociedade essa,
que não é uma sociedade profissional de contabilistas certificados ou sociedade de
contabilidade) e simultaneamente sócio, não existe incompatibilidade no exercício
da profissão de CC; assim já não será, se for simultaneamente gerente ou admi-
nistrador, os quais são pessoalmente responsáveis pelos resultados da sociedade,
existindo assim, interesses conflituantes com o exercício em simultâneo da profis-
Ordem dos Contabilistas Certificados

são de CC, nos termos do artigo 77º do EOCC. Significa isso, que esse interesse
conflituante coloca em causa a independência no exercício da profissão de CC, o
que conduz a uma inevitável incompatibilidade com o desempenho em simultâneo
de gerente ou administrador.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

A prestação de serviços no âmbito de sociedades de profissionais de contabilistas


certificados ou sociedades de contabilidade como sócios ou membros da gerência
ou da administração é a exceção à obrigatoriedade de celebração por escrito o
contrato de prestação de serviços.

4.2.4. Trabalhador no âmbito de um contrato de trabalho

O CC pode exercer também a atividade profissional por conta de outrem, no âmbi-


to de uma relação contratual laboral celebrada com outro CC, com uma sociedade
profissional de contabilidade, com uma sociedade de contabilidade, com outra
pessoa coletiva ou com um empresário em nome individual, tal como previsto na
alínea d), do n.º 1 do artigo 11.º do do EOCC.

Além dos direitos e deveres previstos no Estatuto da Ordem e Código Dentológico


dos CC, ao contabilista que exerça a sua atividade ao abrigo de um contrato de
trabalho é aplicável o disposto no Código do Trabalho. Apesar da subordinação
jurídica que resulta do contrato de trabalho, o artigo 116.º do Código do Trabalho
ressalva que a sujeição à autoridade e direção técnica do empregador não prejudi-
ca a autonomia técnica inerente à atividade prestada, nos termos das regras legais
ou deontológicas aplicáveis (esta matéria é aprofundada no volume IX). 33

Modos de exercício
4.2.5. Trabalhador no âmbito de uma relação jurídica de emprego público

da atividade
O CC pode exercer, também, a atividade profissional no âmbito de uma relação jurídica
de emprego público, como trabalhador que exerce funções públicas e que disponha
de contabilidade organizada de acordo com o sistema de normalização contabilístico

II.04
legalmente aplicável, tal como previsto na alínea c), do n.º 1 do artigo 11.º do EOCC.

4.2.6. Sociedades Profissionais de Contabilistas Certificados e


Sociedades de Contabilidade

As Sociedades Profissionais de Contabilistas Certificados e as Sociedades de Con-


tabilidade são definidas, respetivamente, nos artigos 19.º e 20.º do EOCC. Assim,
as sociedades que tenham como objeto exclusivo a prestação de serviços de
contabilista certificado e preencham os demais requisitos previstos no capítulo
Ordem dos Contabilistas Certificados

XI do Estatuto devem inscrever-se como sociedades profissionais de contabilistas


certificados. As sociedades que tenham como objeto a prestação de serviços de
contabilidade devem designar um contabilista certificado como diretor técnico da
sociedade de contabilidade.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.3. Pontos-chave

• Exercício de atividade como trabalhador por conta própria (profissional indepen-


dente).

• Exercício de atividade sendo sócio da sociedade em causa.

• Impossibilidade de exercício de atividade como gerente ou administrador da so-


ciedade em causa.

• Exercício de atividade como trabalhador por conta de outrem, em entidades do


setor privado ou público.

• Obrigações das sociedades de profissionais de contabilidade e das sociedades


de contabilidade.

34
Modos de exercício
da atividade
II.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.4. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Exerce a atividade como profissional independente e cumpre os


requisitos legais para tal modo de exercício de atividade?

Exerce a atividade de contabilista certificado, tendo a qualidade


de sócio da sociedade, e cumpre os requisitos legais para tal modo
de exercício de atividade?

Exerce a atividade de contabilista certificado, tendo a gerente/


administrador da sociedade, e cumpre os requisitos legais para tal
modo de exercício de atividade?

Exerce a atividade como trabalhador por conta de outrem em enti-


dade privada e cumpre os requisitos legais para tal modo de exer-
cício de atividade?

Exerce a atividade como trabalhador por conta de outrem em enti-


dade pública e cumpre os requisitos legais para tal modo de exer-
cício de atividade?

Exerce a atividade através de sociedade de profissionais de conta-


bilidade e cumpre os requisitos legais para tal modo de exercício
de atividade?
35
Exerce a atividade através de sociedade de contabilidade e cum-
pre os requisitos legais para tal modo de exercício de atividade?

Observações

Modos de exercício
da atividade
II.04
Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


[Página propositamente deixada em branco]
II.05
Guia de Boas Práticas Profissionais

Local de prestação de serviços de contabilidade

5.1. Realizada nas instalações do cliente

O local da prestação de serviços deve ser objeto de uma cláusula no contrato de


prestação de serviços estabelecido entre o Contabilista Certificado e o seu cliente.

O Contabilista Certificado pode acordar a prestação dos seus serviços nas ins-
talações dos seus clientes. No entanto, a opção pela prestação de serviços de
contabilidade nas instalações do cliente deve ser previamente estudada de forma
a acautelar as condições necessárias para a prestação de um serviço alicerçado na
qualidade e que garanta a cumprimento das normas estatutárias e deontológicas.

Para a prestação de serviços de contabilidade nas instalações dos clientes, é aconselhável


que o Contabilista Certificado garanta a existência das seguintes condições:

• A disponibilização de um local apropriado e com condições dignas para a 37


prestação dos serviços de contabilidade, garantindo, nomeadamente a confi-
dencialidade;

• A existência de equipamento de hardware adequado para a prestação dos


serviços de contabilidade;

• A existência de equipamento de software adequado à prestação dos serviços


de contabilidade. O software de contabilidade disponibilizado ao Contabilista
Certificado tem obrigatoriamente de cumprir com os requisitos legais de certi-
ficação de programas de contabilidade;

Local de prestação
• Meios que garantam ao Contabilista Certificado que os registos contabilísticos
e as demonstrações financeiras por si realizadas não possam ser alterados em

de serviços...
seu nome (o que pressupõe a existência de uma licença (acesso) exclusiva para
o Contabilista Certificado). II.05
Haverá casos em que o Contabilista Certificado realiza as suas funções nas instala-
Ordem dos Contabilistas Certificados

ções do cliente, mas utilizando os próprios equipamentos e programas do gabinete


e ou Sociedade de Contabilidade. Também nestas circunstâncias deverá assegu-
rar-se que os referidos equipamentos e programas têm a qualidade adequada à
execução do seu trabalho, com rigor e segurança.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.2. Realizada nas instalações do Contabilista Certificado

O Contabilista Certificado pode, igualmente, acordar a prestação dos seus serviços


nas suas instalações. E, como já referido, a localização da prestação dos serviços
deve constar de forma explícita no contrato de prestação de serviços que é previa-
mente acordado entre o Contabilista Certificado e o seu cliente.

O Contabilista Certificado, assumindo a responsabilidade da prestação dos seus


serviços nas suas instalações deve, de igual forma, garantir que dispõe das con-
dições necessárias para a prestação de um serviço de qualidade e rigor. Neste
sentido, as instalações do Contabilista Certificado devem ser condizentes com o
exercício de uma profissão de elevado interesse público e relevância social, asse-
gurando o cumprimento das normas estatutárias e deontológicas e contribuindo
para o prestígio e dignidade da profissão.

38
Local de prestação
de serviços...
II.05

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.3. Procedimentos a realizar pelo contabilista certificado


na realização da prestação de serviços

- Indicação do quadro na declaração de início/alterações onde se indica a infor-


mação do local da centralização da contabilidade, se diferente da sede social/
domicílio fiscal;

- Assegurar o controlo, segurança e local dos equipamentos e arquivo (nomeada-


mente cópias de segurança, mantidas em local diferenciado).

- Controlar e atualizar os equipamentos utilizados para a realização das tarefas, seja


nas instalações do cliente ou nas próprias instalações do CC.

39

Local de prestação
de serviços...
II.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.4. Pontos-chave

Realizada nas instalações do cliente:


• Deve constar do contrato de prestação de serviços o local da realização das pres-
tações de serviços;

Condições a atender:
• Disponibilização de local apropriado;

• Hardware e software adequado (com licença/acesso exclusivo para o CC, para não
permitir adulteração dos registos contabilísticos e outras tarefas exclusivas do CC);

• Garantir o cumprimento das normas estatutárias e deontológicas.

Realizada nas instalações do CC:


• Garantir que dispõe das condições necessárias para a realização de serviço de
qualidade (meios humanos e de equipamentos);

• Comunicar à AT o local da centralização do arquivo da contabilidade e dos restan-


tes documentos fiscalmente relevantes (Declaração início/alterações), se diferente
40 da sede social/domicílio fiscal.
Local de prestação
de serviços...
II.05

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.5. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

O local da realização de prestação de serviços está previsto no


contrato de prestação de serviços?

Existem condições apropriadas para a realização da prestação de


serviços nas instalações do cliente?

O cliente possui equipamentos (hardware/software) com as condi-


ções necessárias para a realização do serviço nas suas instalações?

O contabilista certificado possui um acesso/licença exclusiva para


o software de contabilidade e demais programas e equipamentos
para a realização do serviço, de forma a assegurar a segurança
dos serviços prestados?

O contabilista certificado possui equipamentos (hardware/soft-


ware) com as condições necessárias para a realização do serviço
nas suas instalações?

Está assegurada a segurança do arquivo dos documentos e regis-


tos resultantes do serviço prestado pelo contabilista certificado?

Estando a contabilidade centralizada em local distinto da sede


41
social/domicílio fiscal do cliente, tal informação está indicada no
cadastro das finanças dessa entidade?

Estão garantias as condições de salvaguarda das normas estatutá-


rias e deontológicas, nomeadamente de confidencialidade?

Observações

Local de prestação
Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

de serviços...
II.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


[Página propositamente deixada em branco]
II.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Processo de estimativa da avença/honorários

6.1. Enquadramento

Antes da execução de qualquer trabalho, salienta-se que todos os serviços e respe-


tivos honorários devem ser previamente acordados com o cliente, contratualmente
fixados e reduzidos a escrito.

Mais à frente será disponibilizado um modelo exemplificativo de contrato de pres-


tação de serviços. Não obstante, poderá também ser consultada a minuta disponí-
vel no portal da OCC através do seguinte acesso:

https://www.occ.pt/pt-pt/contabilista-certificado/formularios-e-minutas

Os honorários devem ser cobrados segundo a densidade, o tempo despendido, o


volume de trabalho, a extensão dos dados e a amplitude da informação a prestar,
tendo em consideração a responsabilidade assumida pelo trabalho executado, ne- 43
cessários à execução de um serviço de acordo com as normas legais, princípios éti-
cos aplicáveis, bem como o modo de exercício da atividade e o local da realização
da prestação de serviços.

Haverá também que atender à complexidade inerente às matérias contabilísticas


e fiscais que devem ser asseguradas, assim como a necessidade de atualização
permanente de conhecimentos e competências, quer do Contabilista Certificado,
matéria estatuída no regulamento da formação profissional contínua, quer dos seus
colaboradores.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Processo de estimativa
da avença/honorários

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Tabela de proposta de honorários


Designação do Obrigatório/
Descrição do serviço Montante
serviço a prestar Serviço extra
Não é compe-
Serviços adicionais

- Apoio à constituição da socieda- Montante global tência do CC,


- Constituição de ou entidade, incluindo definição de XXXX euros mas pode ajudar
de sociedade ou da CAE, valor das quotas, obriga- ou detalhado na preparação,
entidade ções e direitos societárias ou da por cada serviço dando informa-
instituição, etc. contratado ções relevantes
(serviço extra)
- Efetuar os enquadramentos fiscais
no início de atividade (imposto
- Preenchimento sobre o rendimento e IVA) e outras
e submissão da obrigações relacionadas com a Montante global
declaração de declaração de início de atividade; de XXXX euros
início/alterações/ - Efetuar alterações aos enqua- ou detalhado Obrigatório
cessação de dramentos fiscais, motivadas por por cada serviço
atividade opções da entidade, de alteração contratado
de atividade ou de legislação;
- Efetuar a entrega da cessação de
atividade;
Competências exclusivas do contabilista certificado

- Planificar, organizar e coordenar a


44 execução da contabilidade (receção
e tratamento de documentos, arqui-
Montante global
vo, registos e conferências, etc.);
de XXXX euros
- Serviços de - Assumir a responsabilidade
ou detalhado Obrigatório
contabilidade pela regularidade técnica na área
por cada serviço
contabilística;
contratado
- Preparar, apresentar ao órgão
de gestão e assinar as demonstra-
ções financeiras.
- Assumir a responsabilidade pela
regularidade técnica na área fiscal
(Identificação, aconselhamento
e divulgação ao órgão de gestão Montante global
do enquadramento fiscal das de XXXX euros
- Serviços
operações) ou detalhado Obrigatório
na área fiscal
- Assinar as declarações fiscais por cada serviço
(preparação e submissão das contratado
declarações fiscais e informação
dos impostos devidos ao órgão de
gestão);
Ordem dos Contabilistas Certificados

- Sugere-se a contratação autóno- Montante global


ma de honorários específicos para de XXXX euros
Recuperação de
recuperação de contabilidade de ou detalhado Obrigatório
contabilidade
Processo de estimativa

anos anteriores, referente a novos por cada serviço


da avença/honorários

clientes contratados contratado

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Designação do Obrigatório/
Descrição do serviço Montante
serviço a prestar Serviço extra
- Efetuar enquadramentos e emis- Montante global
são de pareceres e opiniões técni- de XXXX euros Serviços extra
- Planeamento e
cas profissionais sobre operações ou detalhado (contratação
consultoria fiscal
(a entidades novas ou a contratar por cada serviço adicional)
no futuro) contratado
- Realizar o processamento salarial
(incluindo a gestão de emprega-
dos, assiduidade, faltas, baixas,
férias, etc.);
Montante global
- Conferências e enquadramen-
- Gestão de pes- de XXXX euros Serviços extra
tos fiscais do processamento sa-
soal e processa- ou detalhado (contratação
larial (retenções na fonte de IRS,
mento salarial por cada serviço adicional)
declarações anuais de rendimen-
contratado
tos e retenções, contribuições
para a SS);
- Preparação e submissão da DMR
Serviços adicionais (outras competências)

AT e DRI SS;
- Obrigações
perante a - Admissão, atualização e cessa- Montante global
Segurança social, ção do vínculo dos trabalhadores de XXXX euros Serviços extra
FCT (suspenso, na SS; ou detalhado (contratação 45
apenas pedidos - Verificação e preparação das por cada serviço adicional)
de reembolsos), obrigações perante a ACT; contratado
ACT
- Elaboração de
- Preparar contratos de trabalho Não é da com-
contratos de -------
nos termos da legislação laboral petência do CC
trabalho
Não é compe-
tência do CC,
Montante global
mas pode ajudar
de XXXX euros
- Preparação do - Preparar, gerir, validar e subme- na preparação,
ou detalhado
relatório único ter o relatório único; dando infor-
por cada serviço
mações de que
contratado
dispõe (serviço
extra)
Não é compe-
- Prestar informações ao órgão de
tência do CC,
- Preparação gestão das entidades pelo qual Montante global
mas pode ajudar
do relatório de é responsável sobre o conteúdo de XXXX euros
na preparação,
gestão (para a obrigatório do relatório de gestão; ou detalhado
dando infor-
prestação de - Fornecer informações financeiras por cada serviço
Ordem dos Contabilistas Certificados

mações de que
contas) para auxiliar na elaboração do contratado
dispõe (serviço
relatório de gestão;
extra)
Processo de estimativa
da avença/honorários

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Designação do Obrigatório/
Descrição do serviço Montante
serviço a prestar Serviço extra
Não é compe-
- Elaboração de tência do CC,
Montante global
atas (de realiza- mas pode ajudar
- Dar apoio aos órgãos sociais de XXXX euros
ção de assem- na preparação,
para a preparação da informação ou detalhado
bleias gerais de dando infor-
a incluir nas atas; por cada serviço
sócios, do órgão mações de que
contratado
de gestão, etc.) dispõe (serviço
extra)

- Inscrição no Não é compe-


- Efetuar a inscrição no ViaCTT; ----------
ViaCTT tência do CC

- Manter informação atual junto do


órgão de gestão sobre as medidas
de apoio;
- Análise, prepara-
- Analisar as obrigações e vanta-
ção, submissão e Montante global
gens;
Serviços adicionais (outras competências)

acompanhamento de XXXX euros Serviços extra


- Preparar e submeter as candida-
de projetos de ou detalhado (contratação
turas de apoio;
candidaturas de por cada serviço adicional)
- Efetuar o acompanhamento, e
apoios de estado contratado
cumprimento das obrigações de
46 (subsídios)
atribuição;
- Pedido de pagamento e encerra-
mento de saldo dos apoios;
- Certificação de Montante global
créditos incobrá- de XXXX euros Serviços extra
veis, de cobrança ou detalhado (contratação
duvidosa (CC por cada serviço adicional)
independente) contratado
Montante global
- Certificação
de XXXX euros Serviços extra
de suprimentos
ou detalhado (contratação
em capital social
por cada serviço adicional)
(art.º 89.º do CSC)
contratado

Montante global
- Preparação e de XXXX euros Serviços extra
submissão do ou detalhado (contratação
Intrastat; por cada serviço adicional)
contratado

- Preparação e Montante global


Ordem dos Contabilistas Certificados

submissão de de XXXX euros Serviços extra


informação esta- ou detalhado (contratação
tística (INE, banco por cada serviço adicional)
Processo de estimativa
da avença/honorários

de Portugal, etc.) contratado

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Designação do Obrigatório/
Descrição do serviço Montante
serviço a prestar Serviço extra
Não é compe-
tência do CC,
Montante global
mas pode ajudar
- Comunicação ao de XXXX euros
na preparação,
Banco de Portugal ou detalhado
dando infor-
(COPE); por cada serviço
mações de que
contratado
dispõe (serviço
Serviços adicionais (outras competências)

extra)

- Criação de plano de contas;


- Criação, de-
- Desenvolvimento de sistema de Montante global
senvolvimento e Se for contra-
informação e acompanhamento e de XXXX euros
acompanhamento tualizado passa
controlo; ou detalhado
de sistema de a ser competên-
- Definição de critérios por cada serviço
contabilidade de cia do CC
de repartição; contratado
gestão (analítica);
- etc.

Montante global
Não é
de XXXX euros
- Certificação PME - Efetuar certificação competência do
ou detalhado
(IAPMEI) e renovação/atualização CC (contratação
por cada serviço
adicional) 47
contratado
Montante global
de XXXX euros Serviços extra
- Outros ou detalhado (contratação
por cada serviço adicional)
contratado

Neste sentido, recomenda-se que o Contabilista Certificado adote um sistema in-


terno de custeio de cada cliente e ou serviço, que lhe permita determinar os custos
de produção do serviço prestado, a respetiva periodização económica, por cliente,
e perceber quais os projetos lucrativos e aqueles em que se está a ter prejuízo.

Existem ainda, casos particulares, em que o Contabilista Certificado assume a res-


ponsabilidade técnica por um conjunto de entidades com alguma relação entre si,
ainda que nem sempre esse inter-relacionamento seja formal. Nestes casos, nor-
malmente fará mais sentido analisar o custo de produção do serviço para o conjun-
to dessas entidades, de modo a determinar a avença.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Nesse sistema de custeio certamente que um dos gastos mais significativos será o re-
lativo às remunerações e respetivos encargos, do Contabilista Certificado e dos seus
Processo de estimativa
da avença/honorários

colaboradores, pelo que será imprescindível apurar os respetivos tempos despen-


didos com cada cliente para se conseguir imputar os correspondentes dispêndios.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Haverá outras despesas (cfr. referido no EOCC) diretamente relacionados com a


execução da contabilidade de cada cliente, que devem ser imputados ao respetivo
cliente. É uma análise que o CC terá de efetuar casuisticamente.

Não obstante, é possível identificar despesas relacionadas com a execução da con-


tabilidade e outros gastos mais ou menos transversais ou comuns à generalidade
dos clientes ou a grande parte deles e, nessas situações, haverá que encontrar uma
base de repartição que faça sentido e que não distorça a análise pretendida.
Na prática, trata-se de aplicar os conceitos e algumas metodologias da contabili-
dade de gestão ao próprio negócio do Contabilista Certificado.

Mapas de determinação de custos na realização dos serviços prestados


Gastos com o pessoal
Contabilista Técnicos de
Descrição Administrativos Total
Certificado contabilidade
Salários base
Prémios
Outras remunerações mensais
Subsídio refeição
Encargos com a Segurança Social
48
Seguro Ac. Trabalho
Outros
Total Mês/ano
Horas trabalhadas
Custo/Hora

Outros custos (diretos e indiretos)


Custos Montantes
Renda das instalações
Licenças de programas informáticos
Telecomunicações e internet
Depreciações de equipamentos informáticos e outros
Formação profissional
Eletricidade e outros serviços de utilidade
Seguros multirriscos
Outros

Critérios de repartição pelos serviços prestados / clientes


Em função das horas trabalhadas
Ordem dos Contabilistas Certificados

Em função da dimensão da empresa


Em função do número de documentos
Processo de estimativa

Em função da atividade da empresa


da avença/honorários

Em função da complexidade das operações

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Mapa de imputação dos custos aos serviços prestados


Definição da unidade de medida
Definição da tarefa/serviço
N.º de (horas ou outra unidade de medida) por tarefa
Imputação do custo em função do critério de repartição
Montante total do custo por cada serviço / cliente

A inexistência de um sistema interno de custeio pode conduzir à realização de


tarefas não lucrativas, à ineficiência ou mesmo incapacidade de estimar os recur-
sos necessários para a execução de trabalhos e, consequentemente, ao incumpri-
mento de prazos e de outras situações. Mantendo-se esta ineficiência, no limite,
poderá inviabilizar a sustentabilidade do negócio desenvolvido pelo profissional.

Ainda se destaca a este respeito, o n.º 8 do artigo 69.º do EOCC, que prevê a pos-
sibilidade de, na execução de serviços que não sejam previamente contratados ou
que, pela sua natureza, revelem carácter de eventualidade, o Contabilista Certifica-
do dar indicações aos seus clientes ou potenciais clientes dos honorários previsí-
veis, tendo em consideração os serviços a executar e identificando expressamente,
além do valor final previsível, o valor máximo e mínimo da sua hora de trabalho,
obedecendo às regras previstas no n.º 6 do artigo 70.º do EOCC.
49
Deve ainda o Contabilista Certificado, quando seja caso disso, prever no contrato,
serviços relacionados com a recuperação da contabilidade, ou de serviços de ativi-
dade partilhadas, conforme previsto no artigo 10.º n.º 2 do EOCC, discriminando o
seu alcance, como os honorários devidos por essas atividades.
O Contabilista Certificado pode, no exercício das suas funções, exigir a título de pro-
visão, quantias por conta dos honorários, o que, não sendo satisfeito, lhe confere o
direito de não assumir a responsabilidade inerente ao exercício da sua profissão.

Importa referir que a fixação de honorários desadequados aos serviços presta-


dos consiste numa violação do dever de lealdade profissional, subsumindo-se
à violação das regras da concorrência leal, constituindo desse modo infração
disciplinar.

Quanto a esta matéria, podemos ainda referir o disposto no n.º 3 do artigo 14.º
do Código Deontológico, ou seja, o Contabilista Certificado em regime de tra-
balho independente, além dos honorários acordados e estipulados por via do
contrato escrito de prestação de serviços, não pode aceitar ou cobrar outras
Ordem dos Contabilistas Certificados

importâncias que não estejam, direta ou indiretamente, relacionadas com os


serviços prestados, devendo, nos termos da lei, emitir sempre uma fatura e o
correspondente recibo.
Processo de estimativa
da avença/honorários

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Mais, o Contabilista Certificado em regime de trabalho independente, não pode


cobrar ou aceitar honorários cujo montante dependa diretamente, no todo ou em
parte, dos lucros conexos com os serviços prestados.

E não são considerados honorários, as importâncias recebidas pelo Contabilista


Certificado a título de reposição de despesas.

Quanto à liquidez e exigibilidade da obrigação, dependem do seu vencimento e da


sua certeza, devendo para o efeito, a dívida relativa aos honorários devidos pela
prestação dos serviços estar relevada na contabilidade do respetivo cliente.

Quanto ao Contabilista Certificado que exerce a sua atividade em regime de tra-


balho dependente, os salários a pagar regem-se pelo disposto nas convenções
coletivas aplicáveis do setor, com especial relevância, o contrato coletivo entre
a APECA – Associação Portuguesa das Empresas de Contabilidade e Administra-
ção e a FEPCES – Federação Portuguesados Sindicatos do Comércio, Escritórios
e Serviços e outro, que sofreu, recentemente, uma revisão global, publicada no
Boletim do Trabalho e Emprego, n.º 1, 8/1/2023 e de acordo com a Portaria de
Extensão n.º 152/2023, de 6 de junho. Esta matéria é tratada em pormenor no
volume IX.
50

Dada a instabilidade dos mercados, pode acontecer o não recebimento dos salá­
rios ou honorários devidos ao Contabilista Certificado, constituindo esta conduta,
justa causa para a rescisão contratual e o direito de recusa da assinatura das decla-
rações fiscais e demonstrações financeiras, devidamente reconhecido pela Ordem,
quando faltarem menos de três me­ses para o fim do exercício a que as mesmas
se reportam, juntando a correspondência trocada e as faturas dos honorários não
pagos, aconselhando-se o contacto com a OCC nestas circunstâncias.

Ordem dos Contabilistas Certificados


Processo de estimativa
da avença/honorários

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.2. Pontos-chave

• Honorários adequados à extensão do trabalho.

• Honorários desadequados consiste em violação do dever de lealdade profissional


(infração disciplinar).

• Sistema interno de custeio (contabilidade analítica) por cliente/serviço.

• Cálculo dos encargos associados a cada tarefa/serviço por cliente para determi-
nar os honorários.

• Em regime de trabalho por conta de outrem, aplica-se o contrato coletivo entre


a APECA – Associação Portuguesa das Empresas de Contabilidade e Administração
e a FEPCES – Federação Portuguesados Sindicatos do Comércio, Escritórios e Ser-
viços e outro.

51
Ordem dos Contabilistas Certificados

Processo de estimativa
da avença/honorários

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Pratica honorários adequados à especificidade de cada serviço


contratado?

Tem conhecimento que a prática de honorários desadequados


aos serviços prestados, tendo em conta a responsabilidade assu-
mida pelo contabilista certificado, constitui uma infração discipli-
nar a nível do dever de lealdade?

Efetua o controlo da determinação dos honorários em função da


extenção e especificidade dos serviços contratados, tendo em
conta os respetivos custos suportados?

Na realização de serviços em regime de trabalho por conta de


outrem, estão a ser aplicadas as disposições do contrato coleti-
vo de trabalho celebrado entre a APECA – Associação Portugue-
sa das Empresas de Contabilidade e Administração e a FEPCES
– Federação Portuguesados Sindicatos do Comércio, Escritórios
e Serviços e outro?

Observações

52

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados


Processo de estimativa
da avença/honorários

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.06
prestação de serviços
e âmbito da
II.07
Guia de Boas Práticas Profissionais

II.07 Proposta
Proposta e âmbito da prestação de serviços

7.1. Plano de projeto

Para elaborar uma proposta de prestação de serviços de contabilidade, o Conta-


bilista Certificado deve conhecer previamente toda a estrutura organizacional do
potencial cliente, de modo a definir qual a melhor forma de prestar esses serviços.

Em primeiro lugar, cumpre distinguir a admissão de novos clientes, subentenden-


do-se estes como clientes em início de atividade, e a admissão de clientes pro-
venientes de outros Contabilistas Certificados, que apenas decidiram transferir a
prestação dos seus serviços de contabilidade.

Esta distinção é importante, na medida em que a admissão de clientes em início de


atividade pressupõe a inexistência de dados acerca da sua estrutura organizacional
e, portanto, a realização de uma proposta de prestação de serviços poder-se-á
afigurar mais difícil. No entanto, existem certos indicadores que poderão auxiliar 53
na elaboração dessa proposta, nomeadamente, o tipo de negócio, os bens e ou
serviços que se pretende faturar, o número de trabalhadores que se pretende con-
tratar, as expectativas dos responsáveis da entidade quanto ao futuro do negócio,
o número de estabelecimentos, a estrutura de capital, entre outros aspetos.

Em segundo lugar, quando se trata da transferência de clientes provenientes de ou-


tro Contabilista Certificado, a elaboração da proposta de prestação de serviços é
facilitada na medida em que, em princípio, já existem dados capazes de revelar a sua
estrutura organizacional, o que facilitará o modus operandi do Contabilista Certifi-
cado neste caso, refira-se também que não recomendamos que o novo contabilista
pratique honorários abaixo dos valores que estavam a ser praticados.

Todavia, haverá casos em que, por algum motivo, não foram encerrados exercícios
anteriores e é solicitado ao novo Contabilista Certificado a recuperação da contabi-
lidade. Este tipo de situações deve ser analisado casuisticamente e deve-se tentar
fazer uma estimativa dos recursos humanos e outros que se perspetivam neces-
sários a essa recuperação. Recomenda-se que seja proposto um fee específico e
Ordem dos Contabilistas Certificados

adequado à realização dessa tarefa (extraordinária) inicial de recuperação.

Em terceiro lugar, e fora das situações anteriores, encontram-se os clientes que


não sendo novos, nem tendo resultado da transferência da prestação de serviços

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


prestação de serviços
e âmbito da

Guia de Boas Práticas Profissionais


II.07 Proposta

de contabilidade de outro Contabilista Certificado, já são clientes do Contabilista


Certificado, mas as suas novas expectativas e ou a sua nova situação ao nível orga-
nizacional, gera novas necessidades e, portanto, torna-se indispensável proceder à
renegociação e atualização do contrato de prestação de serviços, de forma que se
chegue a um ponto de encontro entre as necessidades de ambos.

Para este efeito, o Contabilista Certificado deve atualizar regularmente o seu clien-
te sobre a evolução dos contratos e das obrigações assumidas, de forma que este
possa percecionar os serviços que lhe são prestados, e os serviços que passou a
necessitar que lhe sejam prestados, e entender a renegociação e atualização dos
contratos de serviços e das avenças. Esta atualização deverá ser realizada anual-
mente, semestralmente ou trimestralmente, consoante o que ficou inicialmente
determinado no contrato.

No seguimento dos contactos iniciais com o cliente, o Contabilista Certificado po-


derá compilar um conjunto de informações sobre o potencial cliente, como por
exemplo: a caraterização do negócio, a capacidade da estrutura administrativa,
análise sucinta da situação económico-financeira, definição das obrigações fiscais
e obrigações legais a assumir, entre outras necessidades e expectativas do cliente.

54 Entre outras informações relevantes, pode ser considerada, se for o caso, a razão
pela qual a entidade está a contratar os serviços de outro Contabilista Certifica-
do, isto é, percebemos junto do potencial cliente quanto às razões que o levam a
contratá-lo, muito provavelmente conseguirá identificar-se necessidades e ou ex-
petativas, que esse cliente terá e gostará de ver satisfeitas, com a prestação de
serviços a contratar.

Essa informação acerca do potencial cliente irá habilitar o Contabilista Certificado


a apresentar uma proposta de serviços com valor acrescentado para o cliente, na
medida em que será desenhada à medida das suas necessidades e expetativas.

Segue um exemplo do modelo que poderá ser usado para o efeito, a que chama-
mos “Plano de Projeto”.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


prestação de serviços
e âmbito da
Guia de Boas Práticas Profissionais

II.07 Proposta
7.2. Modelo exemplificativo de um “Plano de Projeto”

Entidade N.º Contribuinte

Pessoas de contacto na Entidade Telefone e email

Evolução do Plano
Ação / Data

(ex: Contacto com o cliente nas suas instalações)


/ /

(ex: Pedido de elementos contabilísticos e apreciação da situação financeira)


/ /
(ex. Pedido de outros elementos relacionados com a área de negócio e
estrutura do cliente) / /

(ex: Apresentação de Orçamento e fecho de Âmbito)


/ /

(ex: Celebração de Contrato com o cliente)


/ /

55
7.2.1. Caracterização do Negócio

(descrever de forma clara, em ordem a poder concluir sobre a dimensão e o im-


pacto que a organização da Entidade pode ter no trabalho a desenvolver)

Atividade Principal - CAE (Revisão 3.1 com 5 dígitos):

Atividade(s) Secundária(s) - CAE (Revisão 3.1 com 5 dígitos):

Número total de trabalhadores:

Volume de Negócios (último período):

Total do Ativo (último período):

Total do Passivo (último período):

Estrutura de capitais próprios


Ordem dos Contabilistas Certificados

(último período):

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


prestação de serviços
e âmbito da

Guia de Boas Práticas Profissionais


II.07 Proposta

7.2.2. Estrutura Administrativa

(identificação da estrutura humana e tecnológica adaptada à dimensão e às ne-


cessidades)

7.2.3. Análise Económico-Financeira

Se for possível ter acesso a dados com mais informação, podemos ir mais além e
aprofundar a análise com os seguintes elementos.

Volume de Negócios Ano N = €___________,__


Ano N-1 = €___________,__
Ano N-2 = €___________,__
Resultado Líquido do Período Ano N = €___________,__
56 Ano N-1 = €___________,__
Ano N-2 = €___________,__
Total do Ativo Ano N = €___________,__
Ano N-1 = €___________,__
Ano N-2 = €___________,__
Capital Próprio Ano N = €___________,__
Ano N-1 = €___________,__
Ano N-2 = €___________,__
Prazo Médio de Pagamentos (dias) Ano N = __________
Ano N-1 =___________
Ano N-2 = ___________
Prazo Médio de Recebimentos (dias) Ano N = ___________
Ano N-1 =___________
Ano N-2 = ___________
Autonomia Financeira Ano N = ___________
Ano N-1 =___________
Ano N-2 = ___________
Solvabilidade Ano N = ___________
Ano N-1 =___________
Ano N-2 = ___________
Ordem dos Contabilistas Certificados

Endividamento (Não Corrente) Ano N = ___________


Ano N-1 =___________
Ano N-2 = ___________

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


prestação de serviços
e âmbito da
Guia de Boas Práticas Profissionais

II.07 Proposta
7.2.4. Âmbito do Serviço

Levantamento das necessidades específicas a satisfazer, das expetativas a correspon-


der e das Obrigações a cumprir à Entidade, no âmbito dos Serviços a contratualizar.

Necessidades específicas a satisfazer


Contabilidade nas instalações do cliente
Kms
ou vamos levantar os documentos?
Solicitação potencial de Reembolsos de IVA?
Precisa de apoio na elaboração do Relatório de Gestão?
O Sistema de Inventário é Permanente?
Processar os salários? E a quantos colaboradores?
Elaborar a contabilidade com informação por centro de custos ou analítica
Renovação certificação IAPMEI
Resposta a inquéritos do INE e ou do Banco de Portugal
A Entidade necessita de serviços avançados de gestão ou de consultadoria eco-
nómico-financeira? Se sim, descrever no ponto 7.2.9

Expetativas a corresponder
Balancetes com a periodicidade: 57
Relatório Económico com a periodicidade:
Relatório Financeiro com a periodicidade:
Que se faça o controlo e emissão da guia de IUC das viaturas? Quantas?
Proatividade do Contabilista Certificado quanto a alguns indicadores? Quais?

Obrigações a cumprir
Qual o Regime de Contabilidade em SNC?
Realização de contabilidade de gestão?
Elaborar a contabilidade com fluxos de caixa?
Periodicidade de IVA: mensal ou trimestral?
Faz Declaração Recapitulativa? Mensal ou trimestral?
Tem de comunicar o Inventário à AT?
Enviar DMR e DRI?
Acompanhar e efetuar pedidos de reembolso dos colaboradores no FCT?
Fazer a comunicação de admissões e cessação de colaboradores à Segurança Social?
Preencher e gerir a entrega do Relatório Único?
Ordem dos Contabilistas Certificados

Enviamos informação mensal dos salários à companhia de seguros?



Entregar Modelo 10

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


prestação de serviços
e âmbito da

Guia de Boas Práticas Profissionais


II.07 Proposta

7.2.5. Fora do Âmbito dos Serviços

[Descrever os serviços/tarefas/ou ações que não ficam abrangidos no âmbito dos


serviços a contratualizar, por forma a reduzir os conflitos e indefinições quanto
aos serviços a prestar.]

[Ex.: resposta a inquéritos de entidades oficiais, consultoria nas áreas da contabi-


lidade e da fiscalidade ou outros]

7.2.6. Restrições e/ou Premissas

[Enumerar restrições e/ou premissas que condicionem, à partida, a satisfação do


âmbito.]
58
[Ex.: a Entidade está em precária situação financeira e tem o parque informático
obsoleto, não permitindo extração de ficheiros para integração na contabilidade.)

[Enumerar premissas da administração da entidade que sejam críticas para o


sucesso da realização do âmbito.]

[Ex.: a Entidade diz que vai adquirir um novo software de ERP, porque o atual não
responde às necessidades de aceleração da informação contabilística.)

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prestação de serviços
e âmbito da
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II.07 Proposta
7.2.7. Outras Informações de Utilidade

[Descreva informações e/ou circunstâncias que considere relevantes e de utilida-


de para o momento da negociação.]

Quanto paga atualmente a entidade pelos serviços de contabilidade?


Estão satisfeitos com os serviços atuais?
Porque estão a mudar de CC?

7.2.8. Valores da Entidade e dos Órgãos Sociais

[Enumere os Valores que identifica como caraterizadores da cultura da entidade


e dos seus órgãos sociais. Vai permitir percecionar até que ponto existem conver-
gências com os seus (valores e cultura) enquanto CC.]

59

7.2.9. Notas
Ordem dos Contabilistas Certificados

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prestação de serviços
e âmbito da

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II.07 Proposta

7.2.10. Estrutura das atividades Inseridas no Âmbito

Descrever as atividades, cronologicamente, a desenvolver para dar cumprimento


ao âmbito. Esta estrutura permite, à partida, justificar e fundamentar o custo da
solução e dará inputs para o cronograma geral do trabalho do CC.)

Após a análise do “Plano de Projeto” e elaboração da proposta de prestação de


serviços, caso a mesma seja aceite pelo cliente, será necessário proceder à respe-
60 tiva contratualização.

Nesta fase inicial é também relevante alinhar alguns procedimentos burocráticos,


designadamente no âmbito da entrega, arquivo e organização de documentação,
bem como no envio de informação financeira para o cliente.

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prestação de serviços
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II.07 Proposta
7.3. Organização, receção e arquivo dos documentos
contabilísticos

Deste modo, no início da prestação de serviços e quando aplicável, é conveniente


estabelecer previamente os procedimentos de receção e arquivo de documenta-
ção, de forma física ou digital, consoante o que seja aplicável à situação em con-
creto.

Será essencial estabelecer um procedimento acordado com o cliente para a rece-


ção dos documentos, com a definição do formato em que os documentos são en-
viados (físico ou eletrónico), os prazos limite para disponibilização dos documentos
e eventuais acessos criados especificamente para o contabilista certificado aceder
a informação em sítios de internet de terceiras entidades e a programas de gestão.

O contabilista certificado deve criar procedimentos de controlo da receção dos


documentos do cliente, com o objetivo de verificação da documentação e de even-
tuais extravios ou faltas.

Nos diários contabilísticos, são registadas todas as operações, de uma forma cro-
nológica, podendo ser atribuída uma numeração sequencial, que deve constar do
61
registo informático no programa de contabilidade e no próprio documento justifi-
cativo do movimento contabilístico.

O objetivo desta numeração sequencial é a identificação clara de todos os registos


contabilísticos efetuados e permitir um acesso mais rápido e fácil à obtenção da
informação e da busca do respetivo documento justificativo no arquivo (físico ou
digital).

De acordo com as regras de estrutura de dados do SAF-T, previstas no Anexo I da


Portaria n.º 302/2016, de 2 de dezembro, na Tabela 3 – “Movimentos contabilísticos
(GeneralLedgerEntries)”, é obrigatória a existência do campo 3.4.3.1 - “Chave única
do movimento contabilístico (TransactionID)”, que deve ser construído de forma a
criar uma chave única que corresponda ao número de documento contabilístico,
que é utilizado para detetar o documento físico no arquivo, pelo que, deve resultar
de uma concatenação, separada por espaços, entre os seguintes valores: data do
documento, identificador do diário e número de arquivo do documento (Transac-
tionDate, JournalID e DocArchivalNumber).
Ordem dos Contabilistas Certificados

O número de arquivo do documento (DocArchivalNumber) (campo 3.4.3.6 da Ta-


bela 3 da estrutura de dados do SAF-T prevista na Portaria n.º 302/2016, de 2 de
dezembro) deve conter o número do documento dentro do diário, que possibilite o
acesso ao documento originário do registo.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


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e âmbito da

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II.07 Proposta

Este número de arquivo do documento deve ser averbado no próprio documento


físico ou no seu formato digital caso se opte pelo arquivo digital dos documentos
contabilísticos.

Em resumo, os documentos arquivados, e conforme prevê o artigo 22.º do decre-


to-lei n.º 28/2019, devem ser guardados de forma sequencial e ininterruptamente e
respeitar o plano de arquivo e a individualização de cada exercício, abrangendo a
integralidade dos documentos.

O arquivo pode ser efetuado em formato físico ou eletrónico ou um misto de am-


bos. Os documentos emitidos por via eletrónica são sempre arquivados eletronica-
mente, não podendo ser mantidos em formato físico no arquivo.

62

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Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


prestação de serviços
e âmbito da
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II.07 Proposta
7.4. Envio de informação financeira para o cliente

Na relação contratual estabelecida entre o Contabilista Certificado e o seu cliente,


recomenda-se que seja feita a preparação e o envio da informação económica e
financeira para o cliente.

Esta informação pode incluir mapas com valores obtidos no mês ou trimestre no
ano em curso e a sua comparação com o ano anterior.

Esses mapas a enviar ao cliente devem ser acompanhados com um pequeno rela-
tório explicativo da situação da entidade.

Tendo em consideração, as funcionalidades atualmente existentes em muitos


programas de contabilidade, essa informação a enviar ao cliente inclui um rela-
tório mensal ou trimestral, consoante a periodicidade que fique contratualizada,
que pode conter:

- O balancete;

- A reconciliação bancária;
63

- As conciliações de contas correntes de clientes;

- Fornecedores e outros terceiros;

- Mapa de exploração;

- Assim como uma análise dos aspetos mais relevantes e, se aplicável, a iden-
tificação clara de documentação ou informação em falta que será necessário
esclarecer ou solicitar ao órgão de gestão.

Por vezes, na produção do relatório, são detetadas situações anómalas e estas


obrigam o Contabilista Certificado a reunir com o cliente para perceber o que jus-
tifica tal situação.

A identificação atempada destas anomalias por parte do Contabilista Certificado é


fundamental para a sua resolução e incrementam a confiança do cliente no traba-
lho desenvolvido pelo profissional.
Ordem dos Contabilistas Certificados

O Contabilista Certificado, no desenvolvimento do seu relacionamento com o


cliente, deve ter evidências da produção de relatórios e dos seus envios para os
clientes.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


prestação de serviços
e âmbito da

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II.07 Proposta

Também deve ter as evidências das reuniões que teve com os clientes.

No entanto, o Contabilista Certificado deve sempre complementar essa informação


com outras informações que sejam úteis e pertinentes para o cliente. Cabe a cada
Contabilista Certificado encontrar quais as informações adicionais que podem ser
bem recebidas pelo cliente. Será aqui que começa a fidelização e o acréscimo de
valor que o Contabilista Certificado pode proporcionar ao seu cliente.

E existem algumas situações em que se exige por parte do Contabilista Certifica-


do uma declaração, conforme artigo 17º do CIRE que ateste a situação em que se
encontra a organização, como por exemplo, segundo o artigo 17.º-B do Código de
Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE):

“encontra-se em situação económica difícil a empresa que enfrentar di-


ficuldade séria para cumprir pontualmente as suas obrigações, desig-
nadamente por ter falta de liquidez ou por não conseguir obter crédito.”

E se propõe a adoção de um Plano de Recuperação e Revitalização da Empresa, tal como


previsto no artigo 17.º do Código de Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE):
64

“1 - O processo especial de revitalização destina-se a permitir à empresa


que, comprovadamente, se encontre em situação económica difícil ou em
situação de insolvência meramente iminente, mas que ainda seja suscetí-
vel de recuperação, estabelecer negociações com os respetivos credores
de modo a concluir com este acordo conducente à sua revitalização.

2 - O processo referido no número anterior pode ser utilizado por qual-


quer empresa que, mediante declaração escrita e assinada, ateste que
reúne as condições necessárias para a sua recuperação e apresente de-
claração subscrita, há não mais de 30 dias, por CC ou por revisor oficial
de contas, sempre que a revisão de contas seja legalmente exigida, ates-
tando que não se encontra em situação de insolvência atual, à luz dos
critérios previstos no artigo 3.º.”

De forma a cumprir o que se exige supra, para que a organização possa propor um
PER, o Contabilista Certificado deve consultar as análises que fez à organização, e
Ordem dos Contabilistas Certificados

verificar se a mesma não se encontra em situação de insolvência e se reúne condi-


ções necessárias para a sua recuperação.

Portanto, é neste âmbito que as análises intermédias (mensais ou trimestrais)

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


prestação de serviços
e âmbito da
Guia de Boas Práticas Profissionais

II.07 Proposta
apresentam um papel crucial, uma vez que só através do acompanhamento re-
gular e atual da organização poderá o Contabilista Certificado declarar, com cer-
teza, que a organização é passível de recuperação e reúne todas as condições
necessárias para a mesma, ou para a tomada de decisão célere e segura, nomea-
damente, se a organização reúne as condições para determinado investimento
ou expansão.

O encerramento de contas é um processo de extrema relevância para o Contabi-


lista Certificado e para os seus clientes, na medida em que proporciona dados de
grande importância relativos às operações que a organização realizou em determi-
nado período, culminando na produção das respetivas demonstrações financeiras.

As demonstrações financeiras possibilitam a tomada de decisões de gestão de


forma estratégica. Essas decisões, apesar de serem baseadas em acontecimen-
tos de um passado recente, são o meio de realizar projeções futuras. Para além
de auxiliarem a tomada de decisões, as demonstrações financeiras também ser-
vem como suporte para a obtenção de investimento externo proveniente, por
exemplo, de investidores, do recurso à banca ou de apoios ao investimento por
parte do Estado.

É também de extrema importância que o Contabilista Certificado disponha de um 65

modelo de construção dos dossiers de encerramento de contas e de um modelo


de procedimentos a efetuar aquando da preparação do encerramento de contas.
Recomenda-se que o dossier de encerramento de contas seja constituído indivi-
dualmente para cada cliente, estando devidamente identificado e arquivado, fisi-
camente ou em formato digital.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


prestação de serviços
e âmbito da

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II.07 Proposta

7.5. Pontos-chave

• Realizar um “plano de projeto” para preparação da proposta e âmbito da presta-


ção de serviços.

• Obtenção da informação necessária para preparação da proposta e âmbito da


prestação de serviços.

• Admissão de clientes em início de atividade.

• Admissão de clientes provenientes de outros CC.

• Alteração das condições do cliente inicialmente contratadas.

• Nos clientes em início de atividade, para a realização da proposta de prestação


de serviços, deve obter informação sobre o tipo de negócio, os bens e serviços
que se pretende faturar, nº de trabalhadores, expetativas do empresário, número
de estabelecimentos, estrutura de capital, etc.

• Nos clientes que transitam de outros CC, pode recolher-se informação similar.
66

• Se existir necessidade de recuperação de contabilidade, há que verificar a dimen-


são do trabalho e definir um fee específico para tal.

• Se o cliente já contratado alterar a situação e a dimensão da atividade, pode ser


necessário proceder à renegociação ou atualização do contrato, de forma a ir de
encontro às necessidades de ambos.

• Definição e transmissão de informação ao cliente da organização, receção e arqui-


vo dos documentos contabilísticos e fiscalmente relevantes.

• Estabelecer a forma e periocidade de envio e disponibilização da informação


económica e financeira do cliente.

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prestação de serviços
e âmbito da
Guia de Boas Práticas Profissionais

II.07 Proposta
7.6. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Na preparação de apresentação de proposta de prestação de ser-


viços para o cliente, efetua a recolha da informação de forma siste-
matizada apresentada no modelo de “Plano de projeto”?

Na preparação de apresentação de proposta de prestação de ser-


viços para o cliente, tem em conta o facto de se tratarem de clien-
te como início de atividade ou de clientes que transitam de outros
colegas?

Efetua atualizações ao contrato de prestação de serviços, quando


existam alterações das condições do cliente inicialmente contra-
tadas?

Existindo necessidade de recuperação de contabilidade ou de tra-


balhos iniciais ou adicionais ao âmbito dos serviços contratados,
estabelece um honorário (fee) específico para esses trabalhos?

Informa o cliente do procedimento de organização, receção e ar-


quivo dos elementos contabilísticos e documentos fiscalmente
relevantes?

Estabelece a forma e periocidade de envio e disponibilização da 67


informação económica e financeira ao cliente?

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


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[Página propositamente deixada em branco]
II.08
Guia de Boas Práticas Profissionais

Proposta de Contrato

8.1. Enquadramento

de Contrato
Proposta
No âmbito do contrato de prestação de serviços, existem referências estatutárias
quanto à celebração, por escrito, do contrato de prestação de serviço entre o Con-

II.08
tabilista Certificado e o seu cliente. Assim, o artigo 11.º do EOCC, com a exceção da
prestação de serviços no âmbito de sociedades de contabilidade como sócios ou
membros da gerência ou da administração, refere que os Contabilistas Certificados
devem celebrar, obrigatoriamente, por escrito, com as entidades referidas na alí-
nea a) do n.º 1 do artigo 10.º do EOCC, o contrato de prestação de serviços referido
no n.º 5 do artigo 70.º do EOCC, devendo assumir, nesse documento, pessoal e
diretamente, a responsabilidade pela contabilidade a seu cargo.

O artigo 9.º do Código Deontológico reforça, que os Contabilistas Certificados e as


entidades a quem prestam serviços devem, sempre, reduzir a escrito o contrato.
69
A obrigação estatutária e deontológica de redução a escrito do contrato de presta-
ção de serviços é da maior importância, pois permite, nomeadamente em relação
ao que está contratualizado, explicitar a duração da prestação de serviços, a data
de entrada em vigor, a forma de prestação de serviços a desempenhar, o modo, o
local e o prazo de entrega de documentação, os honorários a cobrar e a sua forma
de pagamento.

Quanto à duração mínima do contrato de prestação de serviço, refere o n.º 2 do


artigo 9.º do Código Deontológico que esta deve corresponder no mínimo a um
exercício económico, salvo rescisão por justa causa ou mútuo acordo, nos casos
em que os Contabilistas Certificados exerçam as suas funções em regime de traba-
lho independente.

De seguida é proposto um modelo de contrato de prestação de serviços que pode


ser adaptado por cada Contabilista Certificado à prestação de serviços que vai
realizar em concreto.
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8.2. Modelo de contrato de prestação de serviços

Modelo Contrato de Prestação de Serviços

ENTRE:

PRIMEIRO OUTORGANTE: Contabilista Certificado (nome, CC com inscrição


de Contrato
Proposta

n.º_____ na Ordem dos Contabilistas Certificados, NIF e domicílio profissional), de


ora em diante abreviadamente designado por “Primeiro Outorgante”;
II.08

OU

Sociedades de Profissionais ou Sociedade de Contabilidade (Firma, sede, NIF ou


NIPC, N.º de inscrição na Ordem, identificação do representante legal e do diretor
técnico), de ora em diante abreviadamente designado por “Primeiro Outorgante”;

SEGUNDO OUTORGANTE: (cliente) Nome, titular do cartão do cidadão n.º _____,


NIF_______, com domicílio na Rua _________, de ora em diante abreviadamente
designado por “Segundo Outorgante”;

70 OU

Firma da sociedade, com o n.º de Identificação de pessoa coletiva ________, com


sede em ___________, e aqui representada pelo gerente/administrador__________
(identificação pessoal do gerente/administrador) com poderes para o ato, confor-
me certidão comercial permanente com o código _____ e válida até ________, de
ora em diante abreviadamente designado por “Segundo Outorgante”,

E em conjunto, abreviadamente, designados por “Partes”,

É celebrado e reciprocamente aceite o presente Contrato de Prestação de


Serviços (Contrato), o qual se rege nos termos das cláusulas seguintes:

CLÁUSULA PRIMEIRA
(Objeto do Contrato e identificação do contabilista certificado)

1. Pelo presente contrato, o Primeiro Outorgante obriga-se a executar a contabi-


lidade do Segundo Outorgante de acordo com os princípios e normas contabilís-
ticas e as exigências legais em vigor, assumindo a responsabilidade pela regula-
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ridade técnica, nas áreas contabilística e fiscal, nos termos definidos pelo artigo
10º do Estatuto da Ordem dos Contabilistas Certificados, doravante EOCC.

2. Os serviços referidos no número anterior incluem o encerramento das contas do

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exercício, o preenchimento e envio das declarações fiscais e seus anexos, organi-


zação do dossiê fiscal e o fornecimento de balancetes com periodicidade (mensal
/bimensal/trimestral/semestral) e (elencar outros serviços a prestar).

3. Além dos serviços definidos nos números anteriores, as Partes contratualizam


ainda a prestação dos seguintes serviços:

de Contrato
Proposta
a) [...];
...

II.08
4. Nos termos e para os efeitos do n.º 1 da presente Cláusula, o Contabilista Certi-
ficado _________ (nome do contabilista), titular da cédula profissional n.º_______,
assumirá a responsabilidade pela regularidade técnica da contabilidade do Se-
gundo Outorgante.

CLÁUSULA SEGUNDA
(Termos da Prestação de serviços)

1. Os serviços serão prestados, preferencialmente, nas instalações do Primeiro


Outorgante, na morada ___________.
71

2. O Segundo Outorgante obriga-se a entregar ao Primeiro Outorgante, até ao


dia 10 (dez) de cada mês, todas as informações, documentos e elementos de su-
porte contabilístico respeitantes ao mês anterior, assumindo total responsabilida-
de pelas consequências decorrentes da falta de entrega ou da entrega extempo-
rânea dos mesmos.

3. A não apresentação das referidas informações ou o incumprimento de colabo-


ração pontual, desresponsabiliza o contabilista certificado, Primeiro Outorgante,
pelas consequências que daí possam advir, nomeadamente as relativas ao cumpri-
mento dos prazos de natureza declarativa e confere-lhe o direito à recusa de assina-
tura das declarações fiscais, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do EOCC, bem como,
constitui justa causa para a rescisão do presente contrato de prestação de serviço.

4. O Segundo Outorgante assume total responsabilidade pela verdade e regulari-


dade fiscais dos documentos e elementos de suporte contabilístico entregues ao
Primeiro Outorgante, ficando expressamente convencionado que tais documen-
tos e elementos constituem a totalidade e a verdade da realidade contabilística e
Ordem dos Contabilistas Certificados

fiscal do Segundo Outorgante.

5. O Primeiro Outorgante obriga-se a dar conhecimento ao Segundo Outorgante,


antes do termo do prazo da sua entrega, do teor das declarações fiscais, bem

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como entregar a nota de pagamento dos impostos contabilizados, prestando to-


dos os esclarecimentos necessários à compreensão dos relatórios e documentos
de análise contabilística, bem como das obrigações contabilísticas e fiscais rela-
cionadas com o exercício das suas funções, sendo da responsabilidade do Segun-
do Outorgante o pagamento dos impostos nos prazos previstos na lei.
de Contrato

6. A falta de pagamento das contribuições ou impostos, nos prazos estabelecidos


Proposta

na lei, é da exclusiva responsabilidade do Segundo Outorgante, desde que os


documentos para o efeito elaborados lhe sejam disponibilizados ou seja dado
conhecimento até ao termo do prazo dos respetivos montantes a pagar.
II.08

7. Nos termos da Lei, o Segundo Outorgante toma conhecimento de que as van-


tagens patrimoniais resultantes do não pagamento de impostos, para além das
coimas e juros aplicáveis, são consideradas prática de crimes como fraude e/ou
abuso de confiança fiscal, puníveis com multa e pena de prisão.

8. Não pode ser imposta qualquer sanção contratual ao Primeiro Outorgante,


nem é havida como incumprimento, a não realização pontual das obrigações
contratuais a que se vincula pelo presente Contrato, que resulte de caso de força
maior, entendendo-se como tal, quer as circunstâncias previstas nos termos do
72 justo impedimento, conforme artigos 12.º-A e 12.º-B do EOCC, quer as circunstân-
cias que se subsumam a tremores de terra, inundações, incêndios, epidemias,
greves, atos de guerra ou terrorismo, determinações governamentais ou adminis-
trativas injuntivas.

9. O Primeiro Outorgante não poderá subcontratar outra sociedade de contabilidade


ou contabilista certificado para prestar os serviços objeto do presente Contrato,
sem que para tal seja previamente autorizado pelo Segundo Outorgante.

CLÁUSULA TERCEIRA
(Duração)

1. O presente contrato tem início em ____/____/ ____e durará até ao termo do exer-
cício económico, renovando-se por sucessivos períodos de um ano, se não for de-
nunciado, por qualquer das Partes, com a antecedência mínima de 30 (trinta) dias,
em relação à data do termo do prazo inicial ou de qualquer renovação, através
de carta registada com aviso de receção, para a morada constante no presente
Contrato, ou para outra que, tenha sido indicada previamente em sua substituição.
Ordem dos Contabilistas Certificados

2. A parte que viole o prazo de aviso prévio referido no número anterior, ficará
obrigada a indemnizar a outra, no montante correspondente ao período de aviso
prévio em falta ou até ao termo do contrato.

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CLÁUSULA QUARTA
(Honorários e despesas)

1. Pela prestação dos serviços referidos na Cláusula primeira, o Segundo Outorgante


pagará ao Primeiro Outorgante a importância anual de ______Euros, em duodécimos
de ______Euros, acrescidos do IVA à taxa legal em vigor, até ao final do mês a que res-

de Contrato
peitar, pagamento a ser efetuado através de transferência bancária para o NIB [...].

Proposta
2. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 72.º do EOCC, o pagamento dos
honorários contratuais para além do prazo fixado nesta cláusula constitui o Se-

II.08
gundo Outorgante em mora, implicando o pagamento de juros moratórios à taxa
legal, até efetivo e integral pagamento, bem como, constitui justa causa para a
rescisão do presente contrato de prestação de serviço.

3. Aos honorários fixados no n.º 1 da presente Cláusula, acresce o custo do mate-


rial de expediente utilizado na execução dos serviços contratados, nomeadamen-
te papel, pastas de arquivo, postais e impressos, ou outros, os quais serão expres-
samente discriminados e objeto de faturação, a efetuar mensal/trimestralmente,
previamente comunicada ao Segundo Outorgante.

4. A prestação de quaisquer outros serviços não contemplados na Cláusula Pri- 73

meira que venham a ser solicitados pelo Segundo Outorgante, serão pontual e
especificamente acordados, por escrito, pelas Partes, caso em que serão fatura-
dos por acréscimo ao valor ajustado na Cláusula Segunda.

5. O Primeiro Outorgante poderá, na data de renovação do contrato, ajustar o


preço dos serviços contratados ou a forma de execução dos mesmos, devendo
para tanto comunicá-lo ao Segundo Outorgante, por escrito, através de carta
registada com aviso de receção, com 45 (quarenta e cinco) dias de antecedência.

6. No caso de o Segundo Outorgante não aceitar as alterações propostas pelo


Primeiro Outorgante, assiste-lhe o direito de denunciar o Contrato, por escrito
e no prazo máximo de 15 (quinze) dias após o recebimento da comunicação do
Primeiro Outorgante, através de carta registada com aviso de receção, sob pena
de se considerarem tacitamente aceites as alterações propostas.

CLÁUSULA QUINTA
(Confidencialidade)
Ordem dos Contabilistas Certificados

1. O Primeiro Outorgante na qualidade de contabilista certificado e os seus cola-


boradores, estão obrigados ao sigilo profissional e consequentemente vinculados
a manter confidencialidade sobre todos os dossiês, documentos, dados e informa-

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ções obtidos em virtude da execução do presente Contrato, relativos ao Segundo


Outorgante, ou a quaisquer outras pessoas, singulares ou coletivas, que com este
se relacionem, nomeadamente quanto à sua organização, atividade ou negócio,
e qualquer outro dado de natureza pessoal, comercial e/ou técnica, não podendo,
designadamente, extrair deles cópias, divulgá-los ou comunicá-los a terceiros.
de Contrato

2. O dever de confidencialidade abrange a reprodução da informação em qual-


Proposta

quer suporte informático, ou outro meio de registo de dados.

3. A obrigação de sigilo profissional não está limitada no tempo, mantendo-se


II.08

mesmo após a cessação do presente Contrato.

4. Cessa a obrigação de sigilo profissional quando (i) o Primeiro Outorgante te-


nha sido de tal dispensado pelo Segundo Outorgante ou este tenha tornado ma-
nifestamente públicos os dados/informações em questão, (ii) por decisão judicial
ou (iii) mediante autorização prévia concedida pela Ordem dos Contabilistas Cer-
tificados, em casos devidamente justificados.

CLÁUSULA SEXTA
(Dados pessoais)
74
1. Pela qualidade que assume no presente contrato, o Primeiro Outorgante decla-
ra, enquanto Subcontratante que trata dados pessoais, em nome e por conta do
Primeiro Outorgante, que:

a) No tratamento dos dados pessoais obedecerá às instruções documentadas do


Primeiro Outorgante, incluindo no que respeita às eventuais transferências de da-
dos para países terceiros ou organizações internacionais, exceto se for obrigado a
fazê-lo pelo direito da União ou do Estado-Membro a que está sujeito, informando
nesse caso o Primeiro Outorgante desse requisito, antes de proceder a essa trans-
ferência, salvo se tal informação for proibida por motivos de interesse público;

b) Garante que os seus colaboradores assumiram um compromisso de sigilo pro-


fissional, estando sujeitos a adequadas obrigações legais de confidencialidade;

c) Adota todas as medidas de segurança do tratamento, designadamente:

i) a pseudonimização e a cifragem de dados pessoais, quando se revele necessário;


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ii) a capacidade de assegurar a confidencialidade, integridade, disponibilidade


e resiliência permanentes dos sistemas e dos serviços de tratamento;

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iii) capacidade de restabelecer a disponibilidade e o acesso aos dados pessoais


de forma atempada em caso de incidente físico ou técnico;

iv) ter um processo para testar, apreciar e avaliar regularmente a eficácia das
medidas técnicas e organizativas para garantir a segurança do tratamento;

de Contrato
d) Apenas contratará outro Subcontratante se o Segundo Outorgante o autorizar

Proposta
previamente;

e) Prestará assistência ao Segundo Outorgante caso tenha de dar resposta aos pedidos

II.08
dos titulares dos dados pessoais, tendo em vista o legítimo exercício dos seus direitos;

f) Prestará assistência ao Segundo Outorgante no sentido de assegurar o cumprimen-


to das obrigações de segurança no tratamento, notificação à autoridade de controlo
e aos titulares dos dados, em caso de violação de dados pessoais, avaliação de im-
pacto sobre a proteção de dados e consulta prévia, tal como previstas nos artigos 32.º
a 36.º do Regulamento geral de Proteção de Dados - Regulamento UE de 2016/679 do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de abril de 2016 (RGPD), tendo em conta a
natureza de tratamento e a informação ao dispor do Primeiro Outorgante;

g) Dependendo da opção do Primeiro Outorgante, apagará ou devolverá todos 75

os dados pessoais depois de concluída a prestação de serviços relacionados com


o tratamento, apagando as cópias existentes, a menos que a conservação dos
dados seja exigida ao abrigo do direito da União ou dos Estados-Membros; e

h) Disponibilizará ao Segundo Outorgante todas as informações necessárias para


demonstrar o cumprimento das obrigações que impendem sobre si enquanto Sub-
contratante;

i) Compromete-se a informar imediatamente o Segundo Outorgante se considerar


que alguma instrução viola o RGPD ou outras disposições do direito da União ou
dos Estados-Membros em matéria de proteção de dados.

CLÁUSULA SÉTIMA
(Incumprimento e resolução do Contrato)

1. Qualquer das Partes poderá resolver o presente Contrato, no caso de incumpri-


mento grave, pela outra Parte, das obrigações que dele emergem.
Ordem dos Contabilistas Certificados

2. A rescisão do Contrato, com fundamento em justa causa não obedece a qual-


quer aviso prévio, devendo ser comunicada à contraparte, por carta registada
com aviso de receção, para a morada constante no presente Contrato, ou para

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outra que, tenha sido indicada previamente em sua substituição, através de carta
registada com aviso de receção.

3. Na rescisão do contrato com fundamento em justa causa, deverão invocar-se os


motivos concretos que suscitam a resolução do contrato e a data da produção dos
seus efeitos.
de Contrato
Proposta

4. A rescisão do contrato com fundamento em justa causa, por iniciativa do Primeiro Ou-
torgante, implica a sua desresponsabilização por todas as consequências inerentes ao
incumprimento das obrigações fiscais declarativas respeitantes ao Segundo Outorgante.
II.08

CLÁUSULA OITAVA
(Disposições Finais)

1. Toda e qualquer alteração ao presente Contrato apenas será válida se efetuada


por escrito, mediante aditamento assinado pelas Partes.

2. Salvo expressamente previsto, a demora das Partes em exercer quaisquer direi-


tos ou poderes concedidos pelo presente Contrato não terá por efeito ou signifi-
cado a renúncia a qualquer desses direitos ou poderes.
76
3. Na eventualidade de qualquer Cláusula do presente Contrato ser declarada
inválida ou ineficaz, todas as demais permanecerão válidas, quando o fim pros-
seguido entre as Partes permita supor que o teriam querido, sem que da eventual
nulidade de tal Cláusula possa resultar para qualquer das Partes uma obrigação
de indemnização por responsabilidade pré-contratual.

CLÁUSULA NONA
(Lei aplicável e resolução de litígios)

1. O presente Contrato é regido e interpretado pela Lei Portuguesa.

2. As questões que se suscitarem sobre a interpretação, validade e execução do presen-


te Contrato, que não sejam solucionadas por acordo entre as Partes, serão soluciona-
das com recurso ao foro da comarca de (…), com renúncia expressa a qualquer outro.

O presente Contrato é feito em duas vias originais, assinadas pelas Partes, fican-
do um exemplar com o Primeiro Outorgante e outro com o Segundo Outorgante.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Local, Data.
Primeiro Outorgante Segundo Outorgante
NOTA: Esta minuta constitui uma sugestão de contrato suscetível de ser adaptada ao caso concreto.

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8.3. Renúncia do contrato de prestação de serviços

Para efeitos da renúncia do contrato de prestação de serviços por justa causa e, ainda
que não conste expressamente do contrato de prestação de serviços, conforme o n.º 1
do artigo 69.º do EOCC, na definição dos direitos e dos deveres das partes, os Contabi-
listas Certificados têm direito, relativamente às entidades a quem prestam serviços, a:

de Contrato
Proposta
a) Obter todos os documentos, informações e demais elementos de que neces-
sitem para o exercício das suas funções,

II.08
b) Exigir a confirmação, por escrito, de qualquer instrução, quando o conside-
rem necessário;

c) Assegurar que todas as operações ocorridas estão devidamente suportadas


e que lhe foram integralmente transmitidas;

d) Receber pontualmente os salários ou honorários a que tenham direito.

A violação destes deveres constitui justa causa para a rescisão do contrato de presta-
ção de serviços, sendo que neste caso, o Contabilista Certificado, de acordo com o n.º
77
5 do artigo 12.º do Código Deontológico dos Contabilistas Certificados, deve, por carta
registada com aviso de receção, indicar o fundamento da rescisão e a data a partir da
qual a mesma se torna eficaz.

Para que a resolução do contrato de prestação de serviços seja feita com justa
causa, é necessário alegar e provar factos que consubstanciem suficientemente um
comportamento grave que ponha em crise a continuidade do contrato. A rescisão
do contrato com justa causa não obedece a qualquer aviso prévio.

A cessação antecipada do contrato, sem justa causa, gera o dever de indemnizar a


outra parte pelos prejuízos daí decorrentes, nos termos do artigo 1172.º do Código
Civil, salvo acordo das partes. Qualquer uma das partes pode denunciar ainda o
contrato opondo-se à sua renovação. Nos termos deontológicos, o contrato deve
ter a duração mínima de um exercício fiscal.

Ao abrigo do princípio da liberdade contratual, as partes podem fixar o prazo de


aviso prévio e uma cláusula penal, ou seja, as partes podem acordar o montante
da indemnização exigível em caso de incumprimento do aviso prévio de denúncia.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Aconselha-se que a denúncia do contrato se faça por escrito, através de carta re-
gistada com aviso de receção, ou nos termos que expressamente se venha a definir
no contrato.

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Apresentam-se de seguida duas minutas, uma de rescisão e outra de denúncia do


contrato de prestação de serviços, onde ficam bem evidente a importância das
comunicações a efetuar ao cliente, sejam realizadas por escrito.

A cessação de funções do contabilista certificado gera também um conjunto de


deveres entre o contabilista certificado cessante e o novo contabilista que desen-
de Contrato

volvemos e explicitamos no ponto 12 do volume I.


Proposta
II.08

78

Ordem dos Contabilistas Certificados

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8.4. Modelo de rescisão com justa causa do contrato de


prestação de serviços

Carta registada com A.R.

Exmo. Senhor

de Contrato
Proposta
Assunto: Rescisão com justa causa do contrato de prestação de serviços

II.08
Vimos por este meio comunicar, nos termos da cláusula XX do contrato de presta-
ção de serviços celebrado com V. Ex.ª, a respetiva rescisão com justa causa, com
efeitos imediatos.

Conforme cláusula segunda do contrato, e mesmo após interpelação por carta


registada com aviso de receção enviada em XX/XX/XX e sucessivos e-mails que
se juntam em anexo, não me foram disponibilizados os documentos contabilís-
ticos relativos aos meses de […], o que me impede de cumprir pontualmente as
obrigações fiscais a que V. Ex.ª está obrigada.

Ou
79

Conforme cláusula quarta do contrato, e mesmo após interpelação por carta re-
gistada com aviso de receção enviada em XX/XX/XX e sucessivos e-mails que
se juntam em anexo, não foi efetuado o pagamento dos honorários conforme
acordado, pelo que se encontra em dívida a título de honorários, o valor de €xxxx,
referente ao período xxxx, conforme faturas em anexo.

Tal comportamento constitui uma violação quer dos direitos do contabilista cer-
tificado previstos nos artigos 69.º, n.º 1 do Estatuto da Ordem dos Contabilistas
Certificados e 12.º ou 14.º do Código Deontológico, bem como dos deveres a que
está contratualmente vinculado, nos termos da cláusula XX do contrato.

Mais informo que a documentação contabilística e fiscal1 se encontra disponível

1
Não obstante, tudo aquilo que resulta dos lançamentos contabilísticos executados pelo Contabilista
Certificado, existindo incumprimento imputável ao cliente e apenas quanto ao período que se encontra
em dívida, pode ser negada a sua entrega. Nesta perspetiva, por exemplo, aqui se integram os se-
Ordem dos Contabilistas Certificados

guintes documentos: Balancetes sintéticos/ analíticos, declarações fiscais, diários de movimentos, as


informações financeiras, nas quais se incluem o balanço, a demonstração de resultados e demonstração
dos fluxos de caixa e o anexo.
Ou seja, tudo quanto resulte da atividade, manual ou intelectual, do Contabilista Certificado, existindo
honorários em dívida, pode ser objeto de recusa de entrega ao respetivo contribuinte, mas apenas
reportado ao período em que estejam em dívida os respetivos honorários.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


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para o seu levantamento, com o respetivo auto de entrega a ser assinado pelas
partes, na morada do primeiro outorgante, indicada no contrato de prestação
de serviço.

Com os melhores cumprimentos,


de Contrato
Proposta

O Contabilista Certificado/O Gerente da Sociedade de Contabilidade ou Socieda-


de Profissional de Contabilistas Certificados
II.08

* Nos termos do artigo 15.º do Código Deontológico, a documentação deve ser entregue no
prazo máximo de 60 dias.

80

Ordem dos Contabilistas Certificados

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8.5. Modelo de denúncia do contrato de prestação de


serviços

Carta registada com A.R.

Exmo. Senhor

de Contrato
Proposta
Assunto: Denúncia do contrato de prestação de serviços

II.08
Vimos por este meio comunicar, nos termos da cláusula terceira do contrato de
prestação de serviços celebrado com V. Ex.ª, a respetiva denúncia, com efeitos a
partir do dia 1 de janeiro de N+1, cumprindo-se o aviso prévio de 30 dias (conforme
cláusula terceira do contrato de prestação de serviços) aí definido.

Mais informo que comunicarei a minha cessação de funções à Autoridade Tributá-


ria e Aduaneira e à Ordem dos Contabilistas Certificados.

Assim que os trabalhos que ainda sejam da minha responsabilidade até à produ-
ção de efeitos da presente denúncia, e logo que concluídos, será disponibilizado
para levantamento, com o respetivo auto de entrega a ser assinado pelas partes,
81
a documentação contabilística e fiscal, na morada do primeiro outorgante, indi-
cada no contrato de prestação de serviço.

Apresentamos os melhores cumprimentos,

O Contabilista Certificado/O Gerente da Sociedade de Contabilidade ou Sociedade Profis-


sional de Contabilistas Certificados
Ordem dos Contabilistas Certificados

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8.6. Procedimentos do contabilista certificado para


renúncia à responsabilidade por contabilidade do cliente
no Portal das Finanças

Neste momento, face ao cadastro das finanças, é indicada a intenção de renúncia


das responsabilidades pelas obrigações fiscais e contabilísticas.
de Contrato
Proposta

No portal das finanças, a renúncia apenas ficará efetuada, quando existir uma no-
meação de novo contabilista certificado, pelo que, a indicação disponível no portal
II.08

até essa nomeação, é a de intenção de renúncia. Não obstante a indicação de


renúncia pendente, a rescisão produziu todos os seus efeitos jurídicos, desde que
devidamente formalizada e comunicada ao cliente. Não pode, naturalmente, a AT
obstar a que o contabilista ou o seu cliente rescindam o contrato. É fundamental
que o contabilista guarde e arquive os documentos comprovativos da comunica-
ção e rescisão do contrato.

Para formalização da renúncia no portal das finanças, pode aceder em serviços:

82

Ordem dos Contabilistas Certificados

Link útil:
https://sitfiscal.portaldasfinancas.gov.pt/pessoal/cc

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8.6.1. Quais as fases de um processo de renúncia de nomeação de


Contabilista Certificado via Portal das Finanças?

Para iniciar um processo de Intenção de Renúncia/Nomeação de CC, é necessário


que o contabilista Certificado (CC), que vai despoletar o processo, tenha senha de
identificação, bem como perfil de CC no Portal das Finanças. A intenção de renún-

de Contrato
cia, comunicada pelo contabilista só produz efeitos após a nomeação de novo CC,

Proposta
por parte do sujeito passivo.

Fases envolvidas no processo de Renúncia Nomeação contabilista certificado:

II.08
- Selecionar, a opção Serviços/Dados cadastrais/Contabilista Certificado/ En-
tregar intenção de renuncia” ou “consultar nomeações”, aparecendo automati-
camente listados todos os Sujeitos Passivos, para os quais está nomeado como
CC, segundo a base de dados da AT.

- Selecionar o sujeito passivo a renunciar e clicar no botão correspondente “IN-


TENÇÃO DE RENÚNCIA”. Após a operação ter corrido com sucesso, é novamen-
te disponibilizada a lista dos Sujeitos Passivos que nomearam o CC, aparecendo
já com o estado de “renunciado” os Sujeitos Passivos, para os quais o CC já
tenha feito essa comunicação, através do Portal das Finanças; 83

- Caso pretenda anular a intenção de renúncia já efetuada, deverá selecionar a


opção Serviços Dados cadastrais / Contabilista / Entregar Inicio de nomeação,
indicando de seguida o número de identificação fiscal do sujeito passivo para
o qual pretende anular a renúncia e clicar no botão “Iniciar intenção de nomea-
ção”, de seguida clicar no botão “Anular Renúncia”.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


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8.7. Comunicação no âmbito do artigo 8.º


do Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT)

No cumprimento das obrigações previstas no contrato com o cliente, podem sur-


gir situações em que o Contabilista Certificado não dispõe de todos os elementos
necessários, o que o impossibilita de concluir essas obrigações. Caso tal suceda,
de Contrato

a lei prevê no artigo 8.º do RGIT um mecanismo de comunicação à Autoridade Tri-


Proposta

butária e Aduaneira que permite evitar a imputação ao Contabilista Certificado da


responsabilidade pelo incumprimento declarativo.
II.08

Deve notar-se que, com as alterações introduzidas à Lei Geral Tributária pela Lei n.º
7/2021, de 26 de fevereiro, a responsabilidade só é imputada se tiver havido uma
atuação dolosa do Contabilista Certificado. Ou seja, a Autoridade Tributária e Adua-
neira tem de provar que o profissional atuou dolosamente (com intenção clara de
evitar que o seu cliente pague os impostos devidos), o que, até à entrada em vigor
desta Lei, não era exigível, podendo o Contabilista Certificado ser responsabilizado
por mero erro ou negligência.

O artigo 8.º do RGIT determina o seguinte:

84
“1 - Os administradores, gerentes e outras pessoas que exerçam, ainda
que somente de facto, funções de administração em pessoas coletivas,
sociedades, ainda que irregularmente constituídas, e outras entidades
fiscalmente equiparadas são subsidiariamente responsáveis:

a) Pelas multas ou coimas aplicadas a infrações por factos praticados no


período do exercício do seu cargo ou por factos anteriores quando tiver
sido por culpa sua que o património da sociedade ou pessoa coletiva se
tornou insuficiente para o seu pagamento;

b) Pelas multas ou coimas devidas por factos anteriores quando a deci-


são definitiva que as aplicar for notificada durante o período do exercício
do seu cargo e lhes seja imputável a falta de pagamento.

2 - A responsabilidade subsidiária prevista no número anterior é solidária


se forem várias as pessoas a praticar os atos ou omissões culposas de
que resulte a insuficiência do património das entidades em causa.
Ordem dos Contabilistas Certificados

3 - As pessoas referidas no n.º 1, bem como os CC, são ainda subsidiaria-


mente responsáveis, e solidariamente entre si, pelas coimas devidas pela

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falta ou atraso de quaisquer declarações que devam ser apresentadas


no período de exercício de funções, quando não comuniquem, por via
eletrónica, através do Portal das Finanças, até 30 dias após o termo do
prazo de entrega da declaração, à Autoridade Tributária e Aduaneira as
razões que impediram o cumprimento atempado da obrigação e o atraso
ou a falta de entrega não lhes seja imputável a qualquer título.(Redação

de Contrato
da Lei n.º 114/2014, de 29 de Dezembro)

Proposta
4 - As pessoas a quem se achem subordinados aqueles que, por conta

II.08
delas, cometerem infrações fiscais são solidariamente responsáveis pelo
pagamento das multas ou coimas àqueles aplicadas, salvo se tiverem to-
mado as providências necessárias para os fazer observar a lei. (Redação
da Lei n.º 60-A/2005, de 30 de dezembro - anterior n. º3)

5 - O disposto no número anterior aplica-se aos pais e representantes


legais dos menores ou incapazes, quanto às infrações por estes cometi-
das. (Redação da Lei n.º 60-A/2005, de 30 de dezembro - anterior n. º4)

6 - O disposto no n.º 4 aplica-se às pessoas singulares, às pessoas cole-


85
tivas, às sociedades, ainda que irregularmente constituídas, e a outras
entidades fiscalmente equiparadas. (Redação da Lei n.º 60-A/2005, de
30 de dezembro)

7 - (Revogado pela Lei n.º 75-A/2014, de 30 de setembro)

8 - Sendo várias as pessoas responsáveis nos termos dos números an-


teriores, é solidária a sua responsabilidade. (Redação da Lei n.º 60-
A/2005, de 30 de dezembro - anterior n. º7)”

Neste âmbito, se por algum motivo que lhe seja alheio, o Contabilista Certificado
não realizar as obrigações declarativas devidas, deve comunicar ao cliente infor-
mando-o de que deve entregar os elementos em falta para possibilitar a prepara-
ção e entrega das obrigações declarativas.

É ética e deontologicamente incorreto não informar o cliente da falta de cumprimento


das obrigações fiscais e das possíveis consequências daí provenientes.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Não obstante o anteriormente referido, na eventualidade do Contabilista Certifica-


do não proceder ao cumprimento do envio atempado das obrigações declarativas,
deverá dar cumprimento ao n.º 3 do artigo 8.º do RGIT, ou seja, comunicar, por via

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

eletrónica, através do Portal das Finanças, até 30 dias após o termo do prazo de
entrega da declaração à Autoridade Tributária, as razões que impediram o cumpri-
mento atempado da obrigação. Esta ação vai permitir que caso a responsabilidade
pelo incumprimento da obrigação seja alheia ao Contabilista Certificado, nenhuma
responsabilidade lhe possa ser futuramente imputável (ver volume I).
de Contrato

A comunicação do n.º 3 do artigo 8.º do RGIT está disponível no Portal das Finanças,
Proposta

em serviços:
II.08

Link útil: https://sitfiscal.portaldasfinancas.gov.pt


/comrepr/comunicacaorgit/entregar/nifCliente

86

Uma última nota, para realçar, que, no caso do contabilista certificado, não possuir
a documentação e outros elementos necessários ao cumprimento da obrigação
declarativa dos vários impostos, o profissional não deve submeter a declaração
(não submete declarações a “zeros”), devendo atender às obrigações menciona-
das neste ponto do capítulo (p.e. efetuar a comunicação do n.º 3 do artigo 8.º do
RGIT, informar o cliente).
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

8.8. Pontos-chave

• Contrato de prestação de serviços deve ser celebrado por escrito;

• Contrato escrito permite explicitar a duração da prestação de serviços, a data


de entrada em vigor, a forma de prestação de serviços a desempenhar, o modo, o

de Contrato
local e o prazo de entrega de documentação, os honorários a cobrar e a sua forma

Proposta
de pagamento;

• Renúncia do contrato de prestação de serviços com justa causa;

II.08
• Violação dos deveres do cliente em fornecer todos os documentos, informações e
demais elementos de que necessitem para o exercício das suas funções; confirma-
ção, por escrito, de qualquer instrução, quando o considerem necessário; informar
que todas as operações ocorridas estão devidamente suportadas e que lhe foram
integralmente transmitidas; e o atraso ou a falta de pagamento dos salários ou ho-
norários a que tenham direito, determina a possibilidade de renúncia do contrato
de prestação de serviços com justa causa;

• Renúncia de responsabilidade no Portal das Finanças (intenção de renúncia);


87
Comunicação do nº 3 do artigo 8º do RGIT pela falta de documentação e outros
elementos necessários para submissão das declarações fiscais, a efetuar no Portal
das finanças:
Ordem dos Contabilistas Certificados

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8.9. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Efetua a celebração dos contratos de prestação de serviços de


responsabilidade como contabilista certificado com os clientes
por escrito?
de Contrato
Proposta

Cumpre com as disposições estatutárias e legais de renúncia do


contrato de prestação de serviços com justa causa?

Inclui todos os elementos necessários no contrato escrito de


II.08

prestação de serviços, para assegurar a realização dos serviços


nos termos estatutários e legais?

Efetua a intenção de renúncia de nomeação como contabilista


certificado no Portal das Finanças?

Quando não possui a documentação e restantes elementos ne-


cessários para a submissão da declaração, submete declarações
a “zero”?

Quando não possui a documentação e restantes elementos ne-


cessários para a submissão da declaração, informa o cliente e
efetua a comunicação do nº 3 do artigo 8º do RGIT?
88
Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.09
Guia de Boas Práticas Profissionais

Planeamento de tarefas e controlo de prazos

9.1. Enquadramento

O planeamento de tarefas do Contabilista Certificado, Sociedade Profissionais de


Contabilistas Certificados ou Sociedade de Contabilidade é essencial para a orga-
nização do trabalho e para o controlo e cumprimento dos prazos (fiscais e parafis-
cais).

Atualmente, existem sistemas informáticos que permitem a execução e a monito-

Planeamento de tarefas
e controlo de prazos
rização de planos de tarefas de colaboradores. Esses sistemas informáticos permi-
tem a criação de fluxos de tarefas com alertas mediante a aproximação dos prazos
fiscais e parafiscais.

No entanto, os Contabilistas Certificados também podem optar por construir uma

II.09
folha de cálculo para a realização e monitorização dos planos de tarefas dos seus
colaboradores. A seguinte figura é demonstrativa de como pode ser organizada 89
uma folha de cálculo para a criação e monitorização dos planos de tarefas de um
gabinete ou Sociedade de Contabilidade. A utilização de uma folha de cálculo
comporta sempre um risco acrescido em existir falhas nos registos, pelo que é
aconselhável que o Contabilista Certificado disponha de segurança para o efeito.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Planeamento de tarefas
II.09 e controlo de prazos

90
9.2. Exemplo de planeamento de tarefas
Planeamento de Tarefas (exemplo)
ANO 2022 MÊS JULHO
N.º Empresa NIF Regime Tribut. Colaborador 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ultimo TRIBUT IVA responsável
mês
fechado

1 Empresa “A” XXX XXX XXX IRC Trimestral Colaborador 1 Arquivo Lançamentos
202204

2 Empresa “B” XXX XXX XXX IRC Trimestral Colaborador 2


202204

3 Empresa “C” XXX XXX XXX IRC Trimestral Colaborador 3


202204

4 Empresa “D” XXX XXX XXX IRC Mensal Colaborador 4 Ausente Arquivo Arquivo Lançamentos Lançamentos Prep. Dp IVA
202204

5 Empresa “E” XXX XXX XXX IRS Trimestral Colaborador 5 Arquivo Arquivo Lançamentos Lançamentos
202204

6 Empresa “F” XXX XXX XXX IRS Mensal Colaborador 6 Reunião Arquivo Arquivo Lançamentos Prep. Dp iva
202204 cliente “a”

7 Empresa “G” XXX XXX XXX IRS Mensal Colaborador 7 Arquivo


202204

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Guia de Boas Práticas Profissionais

Ordem dos Contabilistas Certificados


Guia de Boas Práticas Profissionais

A realização do registo de tempos de execução de tarefas é um mecanismo de


controlo essencial para o Contabilista Certificado. Só efetuando este registo é que
o Contabilista Certificado tem meios para analisar quanto tempo é dedicado a cada
cliente e, a partir daí, aferir se a avença cobrada é justa relativamente ao tempo
que o Contabilista Certificado e os seus colaboradores estão a dedicar ao cliente.

No que concerne ao registo de tempos de execução de tarefas, sucede a mesma


situação do que para o planeamento de tarefas e controlo de prazos fiscais e pa-
rafiscais. Os Contabilistas Certificados podem optar por recorrer a uma aplicação
informática, ou podem, eventualmente com menos eficácia, efetuar o registo de
tempos de execução de tarefas por via da contagem dos tempos e registo numa
folha de cálculo.

Planeamento de tarefas
Os programas que se dedicam à gestão do fluxo de tarefas de escritórios de conta-

e controlo de prazos
bilidade, permitem a criação das empresas clientes que o Contabilista Certificado
tem à sua responsabilidade e possibilitam também a criação de utilizadores para
os colaboradores que, em segunda linha, estão responsáveis pela execução das
tarefas associadas a determinada empresa cliente do Contabilista Certificado.

II.09
Posteriormente à criação das organizações, clientes do Contabilista Certificado, e à
criação dos utilizadores para os seus colaboradores, as aplicações informáticas que 91

se dedicam à gestão de fluxo de tarefas de escritórios de contabilidade, contêm


uma listagem base das tarefas que são executadas para cada organização-cliente
do Contabilista Certificado. Essas tarefas devem ser atribuídas a cada organização-
-cliente do Contabilista Certificado conforme as necessidades existentes e tendo
em consideração a periodicidade limite para o cumprimento das obrigações fiscais.

Após a atribuição dos tempos de execução de cada tarefa ao respetivo cliente, é


possível confrontar se o tempo estimado para a execução das tarefas de deter-
minado cliente foi suficiente, comparativamente com o tempo real que as tarefas
demoraram a ser executadas. Apresentam-se de seguida algumas das tarefas dis-
poníveis para serem geradas no curso do fluxo de tarefas de cada organização
cliente do CC:

• Receção de documentação;

• Arquivo;
Ordem dos Contabilistas Certificados

• Lançamentos contabilísticos;

• Análise e reporte ao cliente;

• Verificação/ Envio da DP de IVA;

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

• Envio da Declaração Recapitulativa de IVA;

• Realização de admissões/ cessações de funcionários;

• Processamento de salários;

• Preparação DMR;

• Preparação DRI;

• Encerramento de contas mensais/ trimestrais;

• Encerramento de contas anuais;

• Preenchimento de Modelo 22 de IRC;


Planeamento de tarefas
e controlo de prazos

• Preenchimento de Modelo 3 de IRS;

• Preenchimento de IES;

• Reuniões com clientes;


II.09

92 • Outras.

De referir que os programas que se dedicam à gestão do fluxo de tarefas de escri-


tórios de contabilidade permitem que o Contabilista Certificado crie e adicione ao
fluxo de tarefas de cada cliente, as tarefas que entender ser necessárias.

A partir deste momento, o responsável pela execução de cada tarefa, através do


seu login na aplicação informática, inicia a tarefa e desse modo inicia a contagem
do seu tempo de execução.

Periodicamente o Contabilista Certificado consegue ter acesso a relatórios que


possibilitam visualizar o tempo geral despendido para cada cliente e o tempo des-
pendido por cada tarefa.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

9.3. Pontos-chave

• O planeamento de tarefas do Contabilista Certificado ou Sociedade de Contabili-


dade é essencial para a organização do trabalho e para o controlo e cumprimento
dos prazos (fiscais e parafiscais).

• Este planeamento pode ser controlado, mantido e atualizado através de progra-


mas informáticos (ou através de meras folhas de cálculo).

• Este planeamento deve permitir o controlo de tempos de execução de tarefas,


sendo este um mecanismo de controlo essencial para o Contabilista Certificado.

• Tal poderá permitir ajustar os honorários aos tempos despendidos por cada cliente.

Planeamento de tarefas
e controlo de prazos
• Este planeamento de tarefas pode ainda permitir o controlo das obrigações fis-
cais e outras e de prazos fiscais e parafiscais, evitando falhas imputáveis ao conta-
bilista certificado.

• O planeamento pode ser efetuado mais ou menos desenvolvido consoante as

II.09
necessidades de informação para a realização do serviços pelo contabilista certifi-
93
cado, aumentando a eficiência e qualidade do trabalho.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

9.4. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Efetua o planeamento de tarefas para organização do tra-


balho e para o controlo e cumprimento dos prazos (fiscais
e parafiscais)?

Efetuando tal planeamento de tarefas, utiliza um programa


informático adquirido/desenvolvido para o efeito?

Efetuando tal planeamento de tarefas, utiliza uma folha de


cálculo desenvolvida para o efeito?

Utiliza o planeamento para o controlo do tempo despendido


por cada cliente, efetuando atualizações de honorários com
base na informação obtida?
Planeamento de tarefas
e controlo de prazos

Utiliza o planeamento de tarefas para efetuar o controlo das


obrigações fiscais e outras e dos respetivos prazos?

Observações
II.09

94

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.10
Guia de Boas Práticas Profissionais

Dossier do cliente

10.1. Enquadramento

A organização de arquivos é uma atividade central que exige especial cuidado em


qualquer escritório, independentemente da sua dimensão. Esta organização ajuda
a evitar um acumular de documentos e facilita o acesso às informações que o Con-
tabilista Certificado tem na sua posse. A existência de um arquivo organizado per-
mite uma maior segurança de que não se irão perder ou até extraviar determinados
documentos, importantes no desenvolvimento da atividade.

À medida que as empresas crescem, aumenta o fluxo de documentos que, por sua
vez, precisam de ser organizados e armazenados da melhor maneira possível, para
garantir o fácil e rápido acesso a todos os dados estratégicos e importantes do seu
negócio, tanto para consultas internas quanto para possíveis compromissos fiscais.

Com o passar do tempo, a organização do arquivo foi alvo de algumas inovações, 95


nomeadamente, passou a ser comum a existência de um arquivo digital, apesar de
existirem empresas que ainda preferem manter o arquivo em papel.

É importante lembrar que só desde 2019 é que passou a ser a possível o arquivo ser

do cliente
feito de forma digital

Dossier
Sobre esta matéria sugere-se a consulta do artigo 19.º e seguintes do Decreto-Lei

II.10
n.º 28/2019, de 15 de fevereiro, e artigo 52.º do Código do IVA, assim como o Ofício
Circulado n.º 30211, de 2019-03-15, emitido pela Direção de Serviços do IVA.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

10.2. Dossier Permanente

Na definição de uma estratégia de organização interna do seu escritório, é essen-


cial que o Contabilista Certificado realize um arquivo afeto ao dossier permanente
de cada cliente.

O dossier permanente constitui um arquivo que pode ser realizado de forma física
ou de forma digital.

Neste dossier, devem ser arquivados documentos que contêm informações vitais
acerca das empresas e que, no desempenho das funções do Contabilista Certifica-
do, são consultados com alguma regularidade.

O dossier permanente deve ser realizado de forma individual para cada organiza-
ção cliente, salientando-se os seguintes requisitos:

10.2.1. Arquivo físico

O Contabilista Certificado deve atribuir a cada empresa cliente um número de iden-


96 tificação (Exemplo: 123 - Empresa XPTO), sendo que esse número de identificação
deve constar no exterior da pasta de arquivo.

Para cada cliente deve ser utilizada uma ou mais pastas de arquivo, no entanto,
nunca devem ser arquivadas mais do que uma empresa cliente numa única pasta
do cliente

de arquivo.
Dossier
II.10

10.2.2. Arquivo digital

Ainda que se verifique que a metodologia de organização do arquivo contabilístico


seja exatamente igual quer para um arquivo físico quer para um arquivo digital,
tomando a opção pela realização de um arquivo digital o Contabilista Certificado
deve ter em consideração alguns aspetos, entre os quais os seguintes:

• Como será garantida a segurança da informação do arquivo?

• Como serão realizadas as cópias de segurança de modo a evitar a perda do


Ordem dos Contabilistas Certificados

arquivo contabilístico?

• Como será digitalizada a documentação que não chegue ao Contabilista Cer-


tificado em formato digital?

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

Deve, assim, ter-se especial atenção a todas as problemáticas conexas com a di-
gitalização da documentação, a segurança e realização de constantes cópias dos
dados, questões afetas ao RGPD e todas as outras questões que à opção pela rea-
lização de um arquivo de forma digital acresce.

97

do cliente
Dossier
II.10
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

10.3. Exemplos de elementos a incluir no dossier do cliente

A. Caracterização do cliente:

- Cópia do contrato da entidade (estatutos ou similar);

- Cópia das atas de deliberação (assembleia geral de sócios/acionistas, gerên-


cia, administração);

- Acesso à certidão permanente;

- Relatório e contas aprovados;

- Relato de sustentabilidade;

- Relato intercalar;

- Cópia do contrato de prestação de serviços e respetivas atualizações;

- Plano de projeto (ver o ponto II.07 do volume);


98

- Demais informações sobre a estrutura e área de negócio do cliente;

- Outros.
do cliente

B. Documentos contabilísticos e fiscais


Dossier

- Arquivo eletrónico ou físico dos documentos contabilísticos e fiscais;


II.10

- SAF-T de faturação e contabilidade;

- Dossier fiscal e de preços de transferência (se aplicável);

- Contratos comerciais, de financiamentos, de atribuição de subsídios e outros


similares;

- Comunicações com a AT, Segurança Social e outras entidades;


Ordem dos Contabilistas Certificados

- Outros.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

10.4. Pontos-chave

• Organização de dossier com os elementos da estrutura e do negócio do cliente.

• Organização de dossier com os elementos fiscais e contabilísticos (dossier fiscal


e outros).

• Dossier do cliente em formato físico ou eletrónico.

• Elementos a incluir no dossier do cliente.

99

do cliente
Dossier
II.10
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

10.5. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Organiza e mante um dossier para cada cliente em que assume a


responsabilidade como contabilista certificado?

O dossier do cliente é mantido em formato físico?

O dossier do cliente é mantido em formato digital?

Garante a segurança dos elementos em arquivo no dossier do


cliente?

Possui todos os elementos essenciais e vitais para o desenvol-


vimento dos serviços de contabilista certificado no dossier do
cliente?

Observações

100

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


do cliente
Dossier
II.10

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.11
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relacionamento com Autoridade Tributária e


Aduaneira (AT)

11.1. Enquadramento

No desempenho das suas funções, o Contabilista Certificado efetua diversos con-


tactos com a AT. Todos os contactos que o Contabilista Certificado realiza com a
AT devem ser guardados.

As cópias desses registos devem ser separadas em três grandes áreas, nomeada-
mente:

1. Relacionamento do Contabilista Certificado com a AT para os assuntos da sua


própria atividade profissional;

2. Relacionamento do Contabilista Certificado com a AT para os assuntos que


envolvem os seus clientes;
101

3. Outros assuntos.

Para além da comunicação à OCC, o Contabilista Certificado está obrigado a comu-


nicar o início e/ou cessação de responsabilidade por contabilidade, à AT.

Conforme mencionado anteriormente, a obrigatoriedade de comunicação por par-


te do Contabilista Certificado, estende-se também à de renúncia de funções, pelo
que deve seguir os mesmos passos no respetivo portal da AT, entregando a respe-
tiva declaração.

O Contabilista Certificado deve preservar as comunicações de início e de cessação


de funções.

Relacionamento
com a AT
II.11
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

11.2. Gestão de acessos no Portal das Finanças

Para iniciar um processo de nomeação de contabilista certificado (CC) ou de con-


tabilista certificado Suplente (CCS) é necessário que o contabilista, que vai despo-
letar o processo, tenha senha de identificação, bem como perfil de contabilista no
Portal das Finanças.

O perfil de contabilista certificado no Portal das Finanças resulta da inscrição na OCC.

Fases envolvidas no processo de nomeação:

• Selecionar, na opção Serviços > Dados Cadastrais > Contabilista Certificado >
Entregar início de nomeação;

• A opção “Início de Nomeação” é composta pelas seguintes vertentes:

1. A criação da figura de “pré-contabilista certificado”, entendendo-se por tal,


a nomeação de determinado contabilista para sujeitos passivos sem início de
atividade, ou sem contabilidade organizada na base de dados da Autoridade
Tributária e Aduaneira (AT), de forma a que este possa no imediato, proceder
102 à submissão pela via eletrónica das declarações de início ou de alterações de
atividade dos Sujeitos Passivos para os quais iniciou a nomeação;

2. A nomeação de novo contabilista certificado.

• Após identificação do Sujeito Passivo é solicitado ao CC que confirme se pretende


iniciar a nomeação para o Sujeito Passivo.

• Após confirmação do CC, e caso não seja detetado qualquer problema que invia-
bilize a aceitação do pedido, é:

1. Disponibilizada a lista dos sujeitos passivos para os quais o CC iniciou o pro-


cesso de nomeação, bem como a identificação dos sujeitos passivos para os
Relacionamento

quais, segundo a base de dados da AT, está nomeado como CC;


com a AT

2. Passa, de imediato, a ser possível, o pré-CC submeter as declarações de


início ou alterações dos Sujeitos Passivos para os quais iniciou a nomeação, efe-
II.11

tivando-se esta nomeação com o registo na base de dados da AT da respetiva


Ordem dos Contabilistas Certificados

declaração de atividade (início ou alteração).

3. Nos casos de alteração de Contabilista certificado, o sujeito passivo pode


de imediato, através do Portal das Finanças, proceder à confirmação do novo

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

contabilista certificado nomeado. Aquando da aceitação do CC deve ainda


indicar se pretende ou não conferir ao CC plenos poderes (autorização para
que este cumpra de forma independente as suas obrigações declarativas pela
via eletrónica);

• Caso, tenha detetado alguma incorreção, ou pretenda desistir da nomeação de-


verá clicar em Anular.

• Após a confirmação ou anulação da nomeação é enviada uma mensagem, atra-


vés do Portal das Finanças e/ou e-mail, ao contabilista que iniciou o processo de
nomeação.

• A nomeação de contabilista certificado suplente, o qual só pode ser indicado caso


o sujeito passivo já possua um contabilista certificado na base de dados de registo
da AT. O processo de aceitação do contabilista suplente por parte do sujeito passi-
vo é idêntico ao acima descrito para o contabilista certificado.

Quando é que a AT passa a considerar, para o Sujeito Passivo, o contabilista cer-


tificado cujo processo de nomeação decorreu via Portal das Finanças?
103

Caso estejamos perante um pré-contabilista certificado, a aceitação do novo con-


tabilista pela AT apenas ocorrerá, caso seja submetida uma declaração de início ou
de alteração de atividade.

Caso estejamos perante uma alteração de Contabilista Certificado, o Sujeito Pas-


sivo pode de imediato efetuar a confirmação da nomeação para que a mesma se
torne efetiva.

Relacionamento
com a AT
II.11
Ordem dos Contabilistas Certificados

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11.3. Plenos poderes e alteração de poderes do


Contabilista Certificado via Portal das Finanças

Para o sujeito passivo iniciar um processo de alteração de poderes atribuídos ao


seu contabilista certificado (CC), é necessário que tenha senha de identificação. A
atribuição de plenos poderes, consiste na autorização, dada pelo sujeito passivo ao
seu CC, para que este cumpra as suas obrigações declarativas pela via eletrónica.

Fases envolvidas no processo de Alteração de Poderes:

• Selecionar, na opção Serviços /Dados cadastrais/Alterar Poderes de CC, apare-


cendo automaticamente identificado o Contabilista Certificado do Sujeito Passivo,
segundo o que consta na base de dados da Administração Fiscal.

• Após o sujeito passivo clicar em” Iniciar alteração de poderes” deve escolher uma
das duas opções apresentadas:

1) Aceito que o CC tenha Plenos Poderes para cumprir as minhas obrigações de-
clarativas pela via eletrónica;

104
2) Não aceito que o CC tenha Plenos Poderes para cumprir as minhas obrigações
declarativas pela via eletrónica;

• Após selecionar a opção pretendida, deverá clicar em “Confirmar” para efetivar a


alteração de poderes;

•Após a alteração de poderes, será enviada uma mensagem, através do Portal


das Finanças e/ou e-mail, ao CC do Sujeito Passivo informando-o da alteração de
poderes.

Pode ser acedido no Portal das Finanças em serviços:


Relacionamento
com a AT
II.11

Ordem dos Contabilistas Certificados

Link útil: https://sitfiscal.portaldasfinancas.gov.pt/pessoal/cc

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

Sobre a renúncia da nomeação do contabilista certificado no Portal das Finanças


verificar o ponto 4 do volume II, secção 08. 105

Relacionamento
com a AT
II.11
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

11.4. Atendimento preferencial na AT

De acordo com o n.º 4 do artigo 69.º do EOCC, os Contabilistas Certificados, no


cumprimento das suas funções, gozam de:

“atendimento preferencial em todos os serviços da AT e da SS, mediante


a exibição da sua cédula profissional”.

Quanto aos deveres, nomeadamente nas relações com a AT, prevê o artigo 73.º do
EOCC um conjunto de condições, indissociáveis do interesse público da profissão.

Destacamos nestes deveres do Contabilista Certificado para com a AT, o previsto


na alínea b) do referido artigo.

Ou seja, ao CC é exigível acompanhar, quando para tal forem solicitados, o exame


aos registos e documentação das entidades a que prestem serviços, bem como os
documentos e declarações fiscais com elas relacionados.

É igualmente exigível que prestem esclarecimentos relativos à situação tributária


das entidades a quem prestem ou tenham prestado serviço, aqui se incluindo a
106
prestação de depoimento, sempre que o mesmo revelar interesse ao apuramento
dos factos tributários.

Mas tudo aquilo que for para além dos deveres de colaboração, tal como decorre
dos preceitos referidos, estará coberto pela obrigação de sigilo profissional e, por
via disso, não havendo dispensa por parte do cliente, decisão judicial ou levanta-
mento pela Ordem, impõe- se a sua reserva de informação.

Pelo que, não existindo autorização expressa pelo cliente para o efeito, só a este
cabe a disponibilização, nomeadamente, da sua documentação à AT.

Adicionalmente, parece-nos relevante efetuar referência ao princípio de colabo-


ração previsto na alínea o) do n.º 3 do artigo 59.º da Lei Geral Tributária (LGT), da
Relacionamento

qual destacamos que a AT, no âmbito do princípio da colaboração, disponibiliza no


Portal das Finanças os formulários digitais, em formato que possibilite o seu preen-
com a AT

chimento e submissão, para o cumprimento das obrigações declarativas previstas


nos artigos 57.º e 113.º do Código do IRS e nos artigos 120.º e 121.º do Código do IRC,
II.11

com uma antecedência mínima de 120 dias em relação à data limite do cumprimen-
Ordem dos Contabilistas Certificados

to da obrigação declarativa.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

11.5. Gestão de utilizadores da área do cliente no Portal


das Finanças

O portal das finanças dispõe da possibilidade da criação de vários utilizadores, com


diferentes níveis de acesso a funcionalidades, na área do cliente.

Esta funcionalidade destina-se aos contribuintes/empresas que queiram autorizar


terceiros (por exemplo, um ou vários empregados) a executar operações específi-
cas em seu nome no portal das Finanças.

A autorização poderá, ainda, incluir a realização de operações através do telefone.

O contribuinte que autoriza é designado para este efeito de “Utilizador” ou “Con-


tribuinte principal”.

O contribuinte autorizado é designado para o mesmo efeito de “Subutilizador” ou


“Novo Utilizador”.

O acesso é efetuado através do portal das Finanças em “Gestão de Utilizadores”,


em Cidadãos > Serviços > Autenticação de Contribuintes - Gestão de Utilizadores.
107

Após autenticação com o n.º de contribuinte e senha de acesso, acede-se de ime-


diato à página de Gestão de Utilizadores. Será apresentada uma lista dos utili-
zadores autorizados (subutilizadores) ou caso não existam a seguinte mensagem:
“Neste momento, não tem utilizadores autorizados”.

Na página poderá criar novos utilizadores.

Para se autorizar ou criar um novo utilizador, deve aceder-se à Gestão de Utilizado-


res e clique em CRIAR UM NOVO UTILIZADOR.

Preencher os campos com os seguintes dados:

Relacionamento
• Nome – Serve apenas para facilitar a identificação dos diversos subutilizadores.
Esta identificação não possui validade para a Autoridade Tributária e Aduaneira
com a AT
(AT);
II.11
• Senha a atribuir – Na qualidade de contribuinte principal defina uma senha para o
Ordem dos Contabilistas Certificados

novo utilizador (subutilizador), a qual deverá ter no mínimo 8 carateres e permitirá


ao subutilizador o acesso à Gestão de Utilizadores;

• Permitir Acesso Telefónico – Selecione este campo sempre que desejar que o

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Guia de Boas Práticas Profissionais

subutilizador realize operações através do telefone (caso a operação autorizada


tenha esta funcionalidade). Com esta permissão, será solicitada a indicação de um
Código de Acesso Telefónico com 6 dígitos;

• Endereço de correio eletrónico para o subutilizador (E-mail) – Selecione este cam-


po de preenchimento opcional para facilitar o contacto direto entre a AT e o subti-
lizador, caso exista essa necessidade;

• Operações autorizadas (perfis) – Indique os perfis que irá conceder ao subutili-


zador, limitando dessa forma as operações que o mesmo poderá realizar no portal
das Finanças. Para o efeito é disponibilizada uma lista que permite a seleção da(s)
operação(ões) autorizada(s).

Após preenchimento da informação solicitada, selecione a opção SUBMETER.

Ao submeter, receberá a seguinte mensagem:

O utilizador deverá fazer login com: 111111111/2

108
Dados do Novo Utilizador

Utilizador Nome E-mail

111111111/2 Subutilizador 1 nome@email.pt

Operações Autorizadas

• RVE - Recibos Verdes Eletrónicos

• ….

A partir desse momento o subutilizador encontra-se criado, podendo desde logo


autenticar-se no portal das Finanças e realizar as operações para as quais foi auto-
rizado.
Relacionamento
com a AT

Por último, poderá finalizar o processo, selecionando a opção TERMINAR, criar um


novo sub-utilizador, escolhendo CRIAR NOVO UTILIZADOR, ou apenas solicitar LIS-
TAR UTILIZADORES.
II.11

Ordem dos Contabilistas Certificados

A alteração das permissões nos perfis ou operações autorizadas é efetuada através


da Gestão de Utilizadores, podendo ainda alterar os dados indicados (senha, e-mail
e operações autorizadas), suspender os subutilizadores ou reativá-los.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

Estas operações podem ser realizadas em qualquer momento.

Ao aceder, como contribuinte principal, é apresentada uma lista dos subutilizado-


res existentes, com a seguinte informação:

• Utilizador – Nome atribuído ao subutilizador e Código do subutilizador;

• Situação – Estado em que o subutilizador se encontra (Ativo/ Suspenso);

• Operações – Perfis/ Operações a que está autorizado;

• Último acesso – Data e hora em que foi efetuada a última autenticação no


Sistema de Autenticações da AT;

• Botão de OPÇÕES – Aqui poderá ALTERAR DADOS ou SUSPENDER.

A opção de alterar dados permite alterar os dados e/ou permissões para um deter-
minado subutilizador no portal das Finanças.

É apresentada uma página semelhante à da criação de um novo subutilizador mas,


nesta fase, a informação já se encontra preenchida. 109

Também as operações para as quais o subutilizador está autorizado já se encon-


tram ativas, devendo retirar a seleção das operações que pretende cancelar o aces-
so ou selecionar novas operações.

Tendo efetuado as alterações necessárias, deve selecionar a opção SUBMETER.

Esta opção permite simultaneamente guardar e atualizar imediatamente a informa-


ção alterada.

Nota: Será sempre necessário voltar a indicar a senha de acesso e a sua confirma-
ção, mesmo que esta não tenha sido alterada.

Relacionamento
A opção de suspende o acesso permite impossibilitar o acesso de um determina-
do subutilizador. Na linha correspondente, deve selecionar a opção “SUSPENDER”, com a AT

existente no botão “Opções”.


II.11
Ordem dos Contabilistas Certificados

Irá ser exibida novamente a lista de subutilizadores com uma mensagem de suces-
so e com a situação do subutilizador devidamente atualizada.

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Exemplo de mensagem*:

O utilizador Subutilizador 1 (111111111/2) foi suspenso com sucesso.

Salienta-se que esta opção não elimina o subutilizador da base de dados da AT, mas
coloca-o num estado de Suspenso, impedindo-o de efetuar qualquer autenticação
através do Sistema de Autenticação da AT.

Para se ativar ou reativar um subutilizador, pode utilizar-se a respetiva opção que


permite autorizar novamente o acesso de um determinado subutilizador ao portal
das Finanças.

Para aceder a esta autorização, deve-se escolher a opção “ATIVAR” existente no


botão“Opções” de um subutilizador que se encontre no estado Suspenso.

Será apresentada a lista de subutilizadores com a situação devidamente atualizada


e uma mensagem:

“O utilizador (…) foi ativado com sucesso”.

110 Exemplo de mensagem*:

O utilizador Subutilizador 1 (111111111/2) foi ativado com sucesso.

Para o subutilizador aceder ao Portal das Finanças, na área da entidade em causa,


deve autenticar-se, utilizando o respetivo código de utilizador indicado no campo
do contribuinte, composto pelo n.º de contribuinte do utilizador principal, seguido
de “/” e do n.º de utilizador associado e ainda a senha indicada pelo contribuinte
principal.

Exemplo: 111111111/2

Esta opção de criação de subutilizadores pode ser muito útil para clientes com uma
Relacionamento

maior dimensão, caso se pretenda dar acesso a mais empregados para efetuarem
determinados procedimentos na área do cliente no Portal das Finanças.
com a AT
II.11

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


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11.6. Pontos-chave

• Processo de nomeação de contabilista certificado (CC) no Portal das Finanças.

• Atribuição de plenos poderes ao contabilista certificado.

• Atendimento preferencial na AT.

• Gestão de utilizadores na área do cliente no Portal das Finanças.

111

Relacionamento
com a AT
II.11
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

11.7. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Conhece o processo de nomeação de contabilista certifica-


do no Portal das Finanças, para clientes em início de ativi-
dade (figura de pré-contabilista)?

Conhece o processo de nomeação de contabilista certifica-


do no Portal das Finanças, para clientes com exercício de
atividade (nomeação de novo contabilista)?

Conhece o processo de alteração de poderes do Contabi-


lista Certificado no Portal das Finanças, para atribuição de
plenos poderes?

Tem conhecimento em que condições o contabilista certifi-


cado tem acesso preferencial na AT?

Tem conhecimento do processo de criação de subutilizado-


res no Portal das Finanças?

Observações

112

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Relacionamento
com a AT
II.11

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.12
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relacionamento com Instituto de Segurança


Social, ACT e outras entidades públicas

12.1. Enquadramento

No atual EOCC não existe qualquer competência exclusiva do Contabilista Certifi-


cado relativa aos atos declarativos para a segurança social. Não significa isto, que o
CC não possa assumir essa responsabilidade em termos contratuais, e consequen-
temente ser nomeado representante do cliente junto da segurança social.

Cabe alertar que qualquer atividade prestada que não seja uma competência ex-
clusiva do Contabilista Certificado não está coberta pela apólice contratualizada
pela OCC, pelo que, deverá, se assim o entender, contratualizar um seguro adicio-
nal para cobrir os riscos inerentes a essas atividades.

O Contabilista Certificado, no desempenho das suas funções, realiza vários contac-


tos com o Instituto de Segurança Social (ISS).
113
Acerca dos contactos com o ISS, o Contabilista Certificado tem de realizar cópias e
guardar todas as suas interações. Estas evidências devem ser separadas por:

1. Relacionamento do Contabilista Certificado com o ISS para os assuntos da


sua própria atividade profissional;

2. Relacionamento do Contabilista Certificado no cumprimento das suas obri-


gações contratuais;

3. Outros assuntos.

Quando o assunto esteja relacionado com algum cliente e a troca de informações


ocorra por correio eletrónico, é recomendável que o cliente seja colocado em co-
nhecimento nesse contacto.

Se o Contabilista Certificado for representante do cliente para efeitos de Seguran-


ça Social, deve formalizar a aceitação dessa representação.
Ordem dos Contabilistas Certificados

É conveniente o Contabilista Certificado efetuar análises regulares das contas


correntes com o ISS, dada a elevada incidência de ocorrências.
Local de prestação
de serviços...

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.12
Guia de Boas Práticas Profissionais

No que respeita ao contacto com a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT),


o responsável deve ser a entidade empregadora e não o Contabilista Certificado. Im-
porta destacar que com as alterações introduzidas a diversos normativos pela Lei n.º
13/2023, de 3 de abril, os Requerimentos e Comunicações relativos a diversos atos de-
vem, obrigatoriamente, ser tramitados eletronicamente através do Portal da ACT, sen-
do essa responsabilidade da entidade empregadora e não do Contabilista Certificado.

Por outro lado, os contactos registados no Portal da ACT são relevantes para efei-
tos do processo de notificações eletrónicas no âmbito do regime jurídico do pro-
cedimento aplicável às contraordenações laborais e de segurança social (Lei n.º
107/2009, de 14 de setembro).

Nessa medida, os contabilistas deverão verificar se se encontram registados como


contacto da entidade empregadora no Portal da ACT e, em caso afirmativo, infor-
mar o cliente de que esses contactos passarão a respeitar à entidade empregadora
e não ao contabilista.

É de extrema importância acautelar que, em qualquer portal eletrónico que facilite


comunicações com força legal, e em que as notificações possam ser efetuadas
através do serviço público de notificações eletrónicas associado à morada única di-
114 gital, do sistema de notificações eletrónicas da segurança social, ou da caixa postal
eletrónica, os contactos sejam os do sujeito passivo ou entidade empregadora e
não os do Contabilista Certificado.

Por fim, realçar, que a prática, dolosa, por parte do Contabilista Certificado, de
quaisquer atos que, direta ou indiretamente, conduza à ocultação, à destruição,
à inutilização, ou à viciação dos documentos, das declarações fiscais ou das de-
monstrações financeiras a seu cargo, poderá conduzir à aplicação da sanção de
expulsão, nos termos da alínea b) do n.º 5 do artigo 89.º do EOCC.

Ordem dos Contabilistas Certificados


Relacionamento com
a SS, ACT e outras...

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.12
Guia de Boas Práticas Profissionais

12.2. Pontos-chave

• Contactos entre o cliente e a Segurança Social devem ser do conhecimento do


contabilista certificado.

• O contabilista certificado pode ser nomeado como representante do cliente pe-


rante a Segurança Social.

• Verificar consultas à situação contributiva da Segurança Social com regularidade.

• Contactos e interação com a ACT e outras entidades públicas.

115
Ordem dos Contabilistas Certificados

Local de prestação
de serviços...

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.12
Guia de Boas Práticas Profissionais

12.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Obtém a informação por parte do cliente dos contactos mantidos


entre a entidade e a Segurança Social?

Está nomeado como representante perante a Segurança Social?

Efetua consulta à situação contributiva da Segurança Social com


regularidade?

Obtém a informação por parte do cliente dos contactos mantidos


entre a entidade e a ACT e outras entidades públicas?

Observações

116 Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados


Relacionamento com
a SS, ACT e outras...

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.12
Instituições Financeiras
Relacionamento com
II.13
Guia de Boas Práticas Profissionais

II.13
Relacionamento com Instituições Financeiras

13.1. Enquadramento

Em diversas situações, as entidades clientes do Contabilista Certificado, solicitam


que o profissional estabeleça um contacto direto com as instituições financeiras
com a finalidade de facultar demonstrações financeiras e de prestar esclarecimen-
tos adicionais. O Contabilista Certificado no contacto com as instituições finan-
ceiras deve sempre ter o cuidado de, em nome dos seus clientes, prestar exclusi-
vamente as informações para quais o seu cliente lhe concedeu autorização. Deve
assim, o Contabilista Certificado, prestar as informações/esclarecimentos aos seus
clientes e este disponibilizar essa informação a estas entidades.

Do mesmo modo que ocorre nos contactos com as outras partes interessadas, nos
contactos com as instituições financeiras o Contabilista Certificado deve igualmen-
te guardar uma cópia de todas as comunicações realizadas.
117
Quando o assunto esteja relacionado com algum cliente e a troca de informações
ocorra por correio eletrónico, é recomendável que o cliente seja colocado em co-
nhecimento nessas mensagens.

Pode utilizar o procedimento de assinatura digital com atributos profissionais como


contabilista certificado, para certificar os documentos submetidos às instituições
financeiras.

Através da aplicação Autenticação.Gov, que pode ser instalada no computador,


poderá associar-se este atributo profissional ao perfil mediante leitura do cartão de
cidadão ou uso de chave móvel digital, por via do botão das Definições, ou no mo-
mento de assinatura de um documento, através do menu de Assinatura Avançada,
ativando a funcionalidade Adicionar Atributos Profissionais.

Esta assinatura específica permitirá o envio de documentos digitais certificados


enquanto profissional, dispensando o reconhecimento da assinatura perante as
instituições.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Torna-se assim possível a submissão eletrónica de documentação para atos tais


como a submissão de processos em que seja necessária a aprovação e validação
do contabilista para os documentos submetidos ou que seja por via do contabilista

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Instituições Financeiras
Relacionamento com

Guia de Boas Práticas Profissionais

que tal submissão é feita, dado que os certificados digitais constantes na assinatu-
II.13

ra asseguram inequivocamente a identidade, e agora qualidade, de quem assina.

Uma assinatura com atributo profissional associado, no caso da Ordem, assegura


que o cidadão valida o documento enquanto contabilista certificado, à data dessa
assinatura.

É possível verificar se a função de assinatura digital do cartão de cidadão está


ativa, na aplicação Autenticação.Gov para computador, no separador Segurança >
Certificados.

Por último, importa referir que é prática comum os CC terem acesso, como
utilizador de consulta, às contas bancárias dos clientes. Este procedimento facilita
a comunicação e o acesso à informação relevante para a execução de várias tarefas.

118

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Instituições Financeiras
Relacionamento com
Guia de Boas Práticas Profissionais

13.2. Pontos-chave

II.13
• Submissão de informações e documentos para instituições financeiras, devida-
mente autorizada pelo cliente.

• Obter e manter cópia de todas as interações com as instituições financeiras.

• Assinatura digital dos documentos.

119
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Instituições Financeiras
Relacionamento com

Guia de Boas Práticas Profissionais

13.3. Autoavaliação
II.13

Assunto Sim Não N/A

Efetua a submissão de informações e documentos para institui-


ções financeiras, devidamente autorizada pelo cliente?

Obtém e mantém cópia de todas as interações com as institui-


ções financeiras no relacionamento com os clientes?

Utiliza a assinatura digital dos documentos enviados às institui-


ções financeiras?

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

120

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


II.14
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relacionamento com Seguradoras

com Seguradoras
Relacionamento
14.1. Enquadramento

No exercício da sua profissão os Contabilista Certificado têm a necessidade de


manter um contacto regular com as seguradoras. A necessidade destes contactos

II.14
surge no âmbito do cumprimento de obrigações contratuais com o cliente, como
por exemplo, efetuar o envio dos ficheiros das remunerações mensais.

Os Contabilistas Certificados devem igualmente guardar uma cópia de todos os


contactos realizados com as seguradoras, contratos, cláusulas específicas e con-
tactos para emergências e administrativos com o respetivo mediador.

Quando o assunto esteja relacionado com algum cliente e a troca de informações


ocorra por correio eletrónico, é recomendável que o cliente seja colocado em co-
nhecimento nessas mensagens.
121
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

14.2. Pontos-chave:

• Contato regular com seguradoras, no âmbito dos serviços prestados com o clien-
te, nomeadamente atualização dos empregados e remunerações mensais para
efeitos do seguro de acidentes de trabalho (devidamente autorizado pelo cliente).
com Seguradoras
Relacionamento

• Obter e manter cópia de todas as interações com as seguradoras.


II.14

122

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

14.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Efetua o envio mensal da atualização dos empregados e re-


munerações para a Seguradora para efeitos do seguro de

com Seguradoras
Relacionamento
acidentes de trabalho do cliente?

Obtém e mantém cópia de todas as interações com as


seguradoras?

Observações

II.14
Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

123
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


[Página propositamente deixada em branco]
II.15
Guia de Boas Práticas Profissionais

Direitos e deveres do contabilista certificado


na relação com o cliente

15.1. Direitos

Na relação que se estabelece entre o CC e o cliente, é necessário criar alicerces


de mútuo respeito e confiança. O CC na relação com os seus clientes deve ter em
consideração um conjunto de direitos e deveres.

Os direitos do CC perante os seus clientes, decorrem do referido no n.º 1 do artigo


69º do EOCC, nomeadamente:

Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente
a) “Obter todos os documentos, informações e demais elementos de que ne-
cessitem para o exercício das suas funções;

b) Exigir a confirmação, por escrito, de qualquer instrução, quando o conside-

II.15
rem necessário;
125
c) Assegurar que todas as operações ocorridas estão devidamente suportadas
e que lhe foram integralmente transmitidas;

c) Receber pontualmente os salários ou honorários a que tenham direito.”

O referido n.º 1 do artigo 69.º do EOCC deve ser conjugado, nomeadamente, com
o artigo 12.º do Código Deontológico, e desta conjugação resultam importantes
direitos para os CC no exercício da sua profissão. Destaca-se o direito do CC obter
todos os documentos, informações e demais elementos, bem como a colaboração
necessária à prossecução das funções de CC. Este direito do CC é fundamental
para aferir a verdadeira situação financeira e patrimonial das entidades a quem os
serviços do CC são prestados.

Deste modo, importa referir que se não for prestado ao CC toda a informação ou
colaboração pontual e reiterada, considerando-se falta de colaboração a oculta-
ção, omissão, viciação ou destruição de documentos de suporte contabilístico ou
a sonegação de informação que tenha influência direta nas situação contabilística
Ordem dos Contabilistas Certificados

e fiscal da entidade a quem o CC presta serviço, o CC é desresponsabilizado pelas


consequências que daí possam advir, conferindo-lhes, inclusive, o direito à recusa
de assinatura das declarações fiscais.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

Assumindo o CC a responsabilidade pela regularidade técnica nas áreas contabilís-


ticas e fiscais conforme previsto no artigo 10.º do EOCC, só poderá desempenhar
essas funções se o seu cliente, pontualmente e reiteradamente, prestar todas as
informações e colaboração necessário à sua persecução.

Assim, é importante, conforme prevê o n.º 3 do artigo 9.º do Código Deontológico,


no contrato de prestação de serviço reduzido a escrito, ficar entre outras cláusulas,
estabelecido, o modo, o local e o prazo de entrega da documentação, importância
essa, referida no n.º 4 do artigo 12.º do Código Deontológico, que a não entrega
atempada, nos termos contratuais, dos documentos de suporte contabilístico da
prestação de contas, desonera os CC de qualquer responsabilidade pelo incumpri-
mento dos prazos legalmente estabelecidos.
Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente
II.15

126

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


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15.2. Modelo de auto de receção de documentação


contabilística

Modelo de auto de receção de documentação contabilística

Nome…, CC com inscrição n.º ……… na Ordem dos Contabilistas Certificados e NIF
………, declara, que rececionou em xx/xx/xxxx, no nosso escritório, a documenta-
ção que a seguir se discrimina, de Nome, com o cartão de cidadão n.º, e com o
NIF, morada, gerente da sociedade XXX, com o número de identificação de pessoa
coletiva xxx, nos termos da cláusula XXX do contrato de prestação de serviços:

(a título de exemplo)

- Faturas do período de xxx a xxx;

Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente
- Notas de lançamento a crédito e a débito do mesmo período;

- Guias de transporte do mesmo período;

- Extratos bancários do mesmo período;

II.15
- etc. 127

Lavrou-se o presente auto em duplicado os quais foram devidamente assinados,


ficando um exemplar na posse de cada uma das partes.

A Sociedade

O Contabilista Certificado responsável

Não obstante o que foi referido, se o CC estiver impossibilitado de enviar, dentro


do prazo, as declarações fiscais a que está obrigado, por incumprimento do cliente
dos deveres a que está obrigado, nomeadamente a prestação de toda a informa-
ção contabilística necessária ou pagamento dos honorários, o CC deverá dar cum-
primento ao n.º 3 do artigo 8.º do Regime Geral das Infrações Tributárias.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


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15.3. Recusa de assinar demonstrações financeiras e


declarações fiscais

O CC deve, ainda, ter em atenção, ao disposto no n.º 2 do artigo 72.º do Estatu-


to da Ordem: os contabilistas certificados não podem, sem motivo justificado e
devidamente reconhecido pela Ordem, recusar-se a assinar as declarações fiscais
e as demonstrações financeiras ds entidades a quem prestem serviços, quando
faltarem menos de três meses para o fim do exercício a que as mesmas reportem.

Ou seja, se o cliente não pagar os honorários relativos àquele período ou não en-
tregar os documentos contabilísticos e demais informações necessárias para o en-
cerramento das contas, o contabilista certificado deve, em primeiro lugar, solicitar,
por escrito ao cliente o cumprimento daquelas obrigações, concedendo-lhe um
Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente

prazo razoável para o fazer.

Ultrapassado o prazo sem que a obrigação seja cumprida, o Contabilista Certifi­


cado pode rescindir com justa causa o contrato de prestação de serviços. Nesta
circunstância, tem o direito de solicitar à Ordem o reconhecimento do motivo justi-
ficado para recusa de assinatura das declarações fiscais e demonstrações financei-
II.15

ras, quando faltarem menos de três meses para o fim do exercício a que as mesmas
128
se reportam, juntando a correspondência trocada e as faturas dos honorários não
pagos, aconselhando-se o contacto com a OCC nestas circunstâncias.

Incumprido o prazo de entrega de uma declaração fiscal, o CC deve efetuar a co-


municação relativa ao artigo 8.º do RGIT, nos termos explicados no ponto 7.

Ordem dos Contabilistas Certificados

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15.4. Rescisão e comunicações do contabilista certificado

Constitui ainda, quer a nível estatutário como deontológico, justa causa para a
rescisão do contrato de prestação de serviços do CC, a falta de pagamento de
honorários e/ou despesas acordadas com as entidades clientes.

Para invocar a justa causa para a rescisão do contrato de prestação de serviço,


deve o CC, por carta registada com aviso de receção, indicar o fundamento da
rescisão e indicar a data a partir da qual se torna eficaz esta rescisão. Nesse se-
guimento, após a rescisão do contrato de prestação de serviços, deverá o CC dar
conhecimento à AT e à OCC.

Perante a AT, o CC deve realizar esta comunicação através da renúncia no respetivo

Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente
portal, com a sua identificação, acedendo a:

Todos os Serviços, Dados Cadastrais e Intenção de Renúncia.

Por uma questão de salvaguarda de responsabilidade posterior aquela data, o CC,


após proceder à comunicação à AT, deve efetuar um “print” da comunicação efe-

II.15
tuada.
129

Para além da comunicação efetuada via portal da AT, o CC deve enviar uma carta
registada com aviso de receção para o Serviço de Finanças da área da sede da
organização, onde menciona que a partir daquela data, deixou de executar a con-
tabilidade daquela entidade, juntando em anexo, o “print” referido anteriormente,
como a comunicação à OCC, que em seguida se abordará. Aconselha-se ainda a
que o CC guarde uma cópia dessa carta e dos seus anexos, bem como do respetivo
registo de correio registado com aviso de receção.

Relativamente à comunicação a realizar à OCC, esta deve ser efetuada na área


reservada em Informações do Contabilista através do separador” Inicio e termo da
responsabilidade - Entrega de declarações”. Estas comunicações de início e termo
da responsabilidade por contabilidade de uma entidade perante a OCC revestem
enorme importância quanto ao seguro de responsabilidade civil, bem como, relati-
vamente à emissão da autorização de recusa de assinatura.
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Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

15.5. Declaração de responsabilidade de final de exercício

Os CC têm ainda o direito de exigir das entidades a quem prestam serviços uma de-
claração de responsabilidade, por escrito, da qual conste que não foram omitidos
quaisquer documentos ou informações relevantes com efeitos na contabilidade e
na verdade fiscal. Caso o cliente não aceite assinar a Declaração de Responsabilida-
de de Final de Exercício, o contabilista certificado pode recusar-se a assinar as de-
clarações fiscais, nos termos dos n.ºs 2 e 6 do artigo 12.º do Código Deontológico.

(PROPOSTA)
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE FINAL DE EXERCÍCIO

Nos termos do disposto no n.º 6 do Artigo 12.º do Código Deontológico dos Con-
Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente

tabilistas Certificados, emite-se a presente declaração a pedido do contabilista


certificado (nome) ………………………………., cédula profissional n.º ………, a quem
compete planificar, organizar, coordenar a execução da contabilidade e assumir
a responsabilidade pela regularidade técnica, nas áreas contabilística e fiscal de
…………… (nome da entidade) …………………., NIF/NIPC……………… do exercício fiscal
(ano)…………..,
II.15

Para o efeito, declara-se como é nosso dever que:


130

Não foram omitidos quaisquer documentos ou informações relevantes com efei-


tos na contabilidade e na verdade fiscal, designadamente:

- Não foram ocultados, omitidos, viciados ou destruídos documentos de su-


porte contabilístico ou sonegada informação que tenha influência direta na
situação contabilística e fiscal da entidade;

- Foram transmitidos todos os compromissos e todas as responsabilidades,


reais ou contingentes que afetam a situação da empresa;

- A empresa não tem nenhum litígio ou conflito esperado com qualquer entida-
de para além dos divulgados nas demonstrações financeiras;

- Não existem acordos em quaisquer instituições envolvendo compensações de


saldos, restrições de movimentos de dinheiro ou linhas de crédito, para além
dos divulgados;

- As despesas não documentadas terão a correspondente penalização fiscal;


- Não existem irregularidades envolvendo os órgãos sociais que possam ter
efeito relevante nas demonstrações financeiras;
Ordem dos Contabilistas Certificados

- Não temos projetos ou ações em curso que possam afetar a continuidade das
operações da empresa;

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

- Todas as situações que possam afetar as demonstrações financeiras e fiscais


foram comunicadas em devido tempo;

- Foram prestados todos os esclarecimentos solicitados pelo contabilista cer-


tificado.

Local e data
A Gerência/Administração
(nomes e cargos)

É também direito dos CC exigir, por escrito, qualquer instrução verbal, quando con-
siderem necessário. Salienta-se, que, estas instruções, mesmo que por escrito, não

Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente
podem afetar a sua isenção nem a sua independência técnica, nem violar os EOCC
e o Código Deontológico e respetivos regulamentos.

II.15
131
Ordem dos Contabilistas Certificados

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Guia de Boas Práticas Profissionais

15.6. Deveres

15.6.1. Dever de segredo profissional

Relativamente aos deveres do CC com os seus clientes, o artigo 72.º do EOCC


refere:

“1 – Nas suas relações com as entidades a que prestam serviços, consti-


tuem deveres dos contabilistas certificados:

(...)

d) Guardar segredo profissional sobre os factos e documentos de que


Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente

tomem conhecimento no exercício das suas funções, dele só podendo


ser dispensados por tais entidades, por decisão judicial ou pelo conselho
diretivo da Ordem; (articular com o artigo 10.º do Código Deontológico).

(...)
II.15

132 O segredo profissional é um dever basilar no relacionamento entre o CC e o seu


cliente. Este dever incide sobre os factos e documentos de que os CC tomem
conhecimento direta ou indiretamente, no exercício das suas funções, devendo
adotar as medidas necessárias para a salvaguarda dessas informações.

O dever do segredo profissional só pode ser dispensado por autorização das enti-
dades a quem as informações dizem respeito, por decisão judicial ou pelo conselho
diretivo da OCC em casos devidamente justificados.

Mesmo após a cessação de funções, perdura a obrigação de sigilo profissional,


uma vez que este dever não está limitado no tempo, a não ser que se verifique a
dispensa, conforme anteriormente referido.

O dever de confidencialidade é extensível aos colaboradores dos CC, nunca esque-


cendo que o CC é responsável por todos os atos que pratique no exercício da sua
profissão, incluindo os atos dos seus colaboradores.

Não é necessária a contratualização do segredo profissional, pelo facto de este de-


Ordem dos Contabilistas Certificados

ver decorrer do exercício da profissão de CC e não pode ser afastado por qualquer
cláusula contratual. A violação do segredo profissional pode conduzir a responsabi-
lidade disciplinar, a responsabilidade criminal e civil.

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

Sublinhamos, por fim, que o dever de segredo profissional subsiste mesmo relati-
vamente à administração fiscal. Por exemplo, a disponibilização de qualquer docu-
mento contabilístico solicitado pela AT no âmbito de um processo de inspeção, só
pode ser facultado com expressa autorização do cliente. Não sendo expressamente
autorizado pelo cliente, o CC deve invocar o dever de sigilo profissional junto da AT.

15.6.2. Dever de participação de crimes públicos

Não obstante o mencionado quanto ao segredo profissional, os CC têm o dever


de participar os crimes públicos de que tomem conhecimento no exercício da sua
atividade, conforme previsto no artigo 76.º do EOCC.

Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente
Em concreto, constituem crimes públicos todos aqueles cujo procedimento crimi-
nal não dependerá de queixa, bastando para tal serem levados ao conhecimento
das autoridades policiais ou Ministério Público por qualquer pessoa ou por quais-
quer meios.

Neste âmbito os CC devem participar ao Ministério Público e à OCC, os factos de

II.15
que tomem conhecimento no exercício da profissão, que possam constituir crimes
públicos, dos quais se destacam os crimes fiscais, aduaneiros e contra a segurança 133

social, previstos no Regime Geral das Infrações Tributárias.

O dever de denúncia pública a que alude o presente artigo coloca-se, em primeira


linha, relativamente a crimes de ordem tributária, abrangendo quer os crimes fis-
cais propriamente ditos, quer os crimes aduaneiros e os crimes contra a segurança
social. Quanto ao elenco dos crimes tributários constam dos artigos 87.º a 107.º do
Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT):

15.6.2.1. Crimes Tributários Comuns

- Burla Tributária (artigo 87.º);

- Frustração de Créditos (artigo 88.º);

- Associação Criminosa (artigo 89.º);


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- Violação de Segredo (artigo 91.º);

- Contrabando de circulação (artigo 93.º);

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- Contrabando de mercadorias de circulação em embarcações (artigo 94.º);

- Fraude no transporte de mercadorias em regime suspensivo (artigo 95.º);

- Introdução Fraudulenta no consumo (artigo 96.º);

- Quebra de marcas e selos (artigo 99.º);

- Recetação de mercadorias objeto de crime aduaneiro (artigo 100.º).

15.6.2.2. Crimes Fiscais


Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente

- Fraude (artigo 103.º)

- Abuso de confiança (artigo 105.º)

- Crimes contra a segurança social


II.15

- Fraude contra a segurança social (artigo 106.º)


134
- Abuso de confiança contra a segurança social (artigo 107.º)

Assim, o Contabilista Certificado, no exercício das suas funções, caso tenha co-
nhecimento da prática de crimes públicos, desse facto, deverá dar conhecimento
à Ordem e ao Ministério Público, circunstância de todo incompreensível, atenta a
duplicação de comunicações.

A comunicação poderá ser dirigida ao Procurador-Geral da República, cargo máxi-


mo na cadeia hierárquica do Ministério Público.

Muitas vezes coloca-se também a questão sobre se, perante o não pagamento de
um tributo por parte do cliente, estando a obrigação declarativa cumprida, deve
haver esta comunicação. Ora, sendo a dívida do conhecimento da Administração
Fiscal, não há aqui qualquer dever de comunicação a fazer.
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Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


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15.7. Desempenho diligente das funções

Um outro importante dever do CC perante o cliente é o dever de desempenhar


conscientemente e diligentemente as suas funções, não colocando em causa com
os seus procedimentos, os seus clientes e não abandonando sem justificação válida
os trabalhos que lhe estejam confiados, propondo-se sempre a que as suas funções
possibilitem a fiel imagem financeira, contabilista e fiscal das entidades pela qual é
responsável pela contabilidade.

Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente
II.15
135
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

15.8. Devolução da documentação

Um outro dever do CC para com o cliente, prende-se com a questão da devolução


da documentação, no caso de rescisão do contrato.

O contabilista certificado deve disponibilizar todos os elementos, dados e ficheiros


que possui do cliente e que possam permitir a continuidade da normal atividade da
empresa, bem como o trabalho do CC sucessor.

O CC entrega à entidade a quem prestou serviço, ou a quem aquela indicar por es-
crito, ou coloca à disposição dessa entidade a documentação para levantamento,
os livros e os documentos que tenha em seu poder, no prazo máximo de 60 dias.
Neste aspeto é essencial, emitir e assinar documento ou auto de entrega, no qual
Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente

se discriminem os livros e documentos que foram entregues.

Modelo de auto de entrega de documentação contabilística

Nome, com o cartão de cidadão n.º, e com o NIF, morada, gerente da sociedade
XXX, com o número de identificação de pessoa coletiva xxx, da qual foi responsável
II.15

pela execução da sua contabilidade, Nome…, CC com inscrição n.º ……… na Ordem
136
dos Contabilistas Certificados e NIF ………, declara, que procedeu ao levantamento
no nosso escritório, de toda a documentação contabilística da identificada socie-
dade, conforme a seguir se discrimina:
(a título de exemplo)

- Balancetes, sintéticos e analíticos, desde xxx a xxx;

- Diários e extratos das contas do mesmo período;

- Declarações periódicas de IVA do mesmo período;

- Inventários;

- etc.
Lavrou-se o presente auto em duplicado os quais foram devidamente assinados,
ficando um exemplar na posse de cada uma das partes.

A Sociedade

O Contabilista Certificado responsável


Ordem dos Contabilistas Certificados

Relativamente a esta temática, outra questão que muitas vezes se levanta, é a re-
tenção de documentação contabilística. Posso reter a documentação do cliente se,
por exemplo, não me foram pagos os honorários?

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

Sobre esta matéria, cabe esclarecer que não é legítima a retenção de documentos
que foram entregues pelo contribuinte ao seu responsável pela contabilidade. A
documentação contabilística entregue pelo sujeito passivo ao CC, constitui pro-
priedade exclusiva dos respetivos sujeitos passivos, ainda que os honorários não
tenham sido pagos ao CC.

Existindo honorários em dívida, líquidos e exigíveis (não esquecendo os direitos e


deveres já referidos, nomeadamente o n.º 2 do artigo 72º do EOCC), posso reter
tudo quanto resulte da atividade, manual ou intelectual do CC, reportado ao perío-
do em que estejam em dívida os respetivos honorários, em termos exemplificati-
vos, a seguinte documentação:

• Extratos das contas, balancetes razão e analíticos, declarações fiscais, diários

Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente
de movimentos;

• As informações financeiras, nas quais se incluem o balanço, a demonstração


de resultados e demonstração dos fluxos de caixa e o anexo.

Não sendo o caso, o CC deve proceder à devolução da documentação contabilís-

II.15
tica ao sujeito passivo, que compreende não só os documentos em suporte físico,
mas também o SAFT-T (contabilidade) e as cópias de segurança dos dados de su- 137

porte ao programa de contabilidade, dada a obrigatoriedade de conservação.

Por regra o contabilista certificado não pode reter documentos e outras dados
e ficheiros, com exceção daqueles que resultar dos serviços prestados que não
foram pagos.

A respeito da conservação, importa ainda relembrar, da obrigação de arquivar e


conservar em bom estado toda a informação documentada (livros, registos e res-
petivos documentos de suporte) por um prazo de 10 anos. Todavia, se outro prazo
não resultar de disposição especial e possuir cópias de segurança dos suportes
eletrónicos, conforme previsto no Decreto-Lei n.º 28/2019, sob pena do artigo 120.º
do Regime Geral das Infrações Tributárias.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

15.9. Pontos-chave

• Direitos do CC (Obter todos os documentos, informações e demais elementos


de que necessitem para o exercício das suas funções; Exigir a confirmação, por
escrito, de qualquer instrução, quando o considerem necessário; Assegurar que
todas as operações ocorridas estão devidamente suportadas e que lhe foram in-
tegralmente transmitidas; Receber pontualmente os salários ou honorários a que
tenham direito).

• Procedimentos de receção e controlo dos documentos do cliente.

• Recusa de assinatura das demonstrações financeiras e fiscais.


Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente

• Renúncia à responsabilidade como CC.

• Declaração de responsabilidade de final de exercício.

• Deveres do CC.
II.15

• Dever de segredo profissional.


138

• Dever de participação de crimes públicos.

• Desempenho diligente das funções.

• Devolução da documentação do cliente.

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Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


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15.10. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Tem conhecimento dos direitos do CC em relação aos clientes


para os quais assume a responsabilidade do serviço prestado?

Efetua os procedimentos de controlo da receção da documenta-


ção enviada pelo cliente?

Tem conhecimento das condições em que pode efetuar a recusa


de assinatura?

Efetua e obtém assinada a declaração de responsabilidade de fim


de exercício?

Tem conhecimento e atende aos deveres de segredo profissional?

Direitos e deveres do CC
na relação com o cliente
Tem conhecimento e atende aos deveres de participação de cri-
mes públicos?

Efetua o desempenho das funções como contabilista certificado


de forma diligente?

Efetua a devolução ao cliente dos documentos, registos e arquivo

II.15
quando cessa funções como contabilista certificado?
139
Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


[Página propositamente deixada em branco]
II.16
Guia de Boas Práticas Profissionais

Justo impedimento

16.1. Justo impedimento de curta duração


- artigo 12.º- A do EOCC

16.1.1. Factos que fundamentam o justo impedimento de curta duração

Nos termos do artigo 12.º-A do EOCC são consideradas justo impedimento de curta
duração, que impedem o contabilista certificado de cumprir as obrigações decla-
rativas fiscais dos contribuintes que constam do seu cadastro, as ocorrências refe-
ridas nas alíneas a) a d) do n.º 1 do referido artigo.

As ocorrências que são suscetíveis de fundamentar o justo impedimento de curta


duração são as que se elencam de seguida:

i. O falecimento de cônjuge não separado de pessoas e bens, de pessoa com 141


quem vivam em condições análogas às dos cônjuges, ou de parente ou afim no
1.º grau da linha reta, designadamente, os Pais, Filhos, Sogros (artigos 1580.º,
1581.º e 1584.º do Código Civil);

impedimento
ii. O falecimento de outro parente ou afim na linha reta ou no 2.º grau da linha

Justo
colateral, designadamente, os Avós, Netos, Irmãos, Cunhados (artigos 1580.º,
1581.º e 1584.º do Código Civil);

II.16
iii. Doença grave e súbita ou internamento hospitalar do contabilista, que o
impossibilite em absoluto de cumprir as suas obrigações ou situações de par-
to ou de assistência inadiável e imprescindível a cônjuge ou pessoa que viva
em união de facto ou economia comum e a parente ou afim no 1.º grau da linha
reta designadamente, os Pais, Filhos, Sogros (artigos 1580.º, 1581.º e 1584.º do
Código Civil), em caso de doença ou acidente destes;

iv. E, por fim, as situações de parentalidade.


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16.1.2. Prazos para a verificação das ocorrências e cumprimento das


obrigações em falta

Para que as referidas ocorrências, elencadas nas alíneas a) a d) do n.º 1 do artigo


12.º-A do EOCC, sejam consideradas como justo impedimento de curta duração,
têm que se verificar nos prazos previstos no número 2 do mesmo artigo.

E, ocorrendo o justo impedimento, as obrigações declarativas devem ser cumpri-


das nos prazos estipulados no n.º 3 do mesmo normativo.

Por sua vez, o n.º 6 do citado artigo dispõe que a ocorrência do justo impedimento
afasta a responsabilidade contraordenacional ou penal, bem como os juros com-
pensatórios, quando a obrigação declarativa e do respetivo pagamento em falta
for cumprida nos prazos previstos no n.º 3.

Da conjugação das supra mencionadas normas, resulta que, apenas, ocorre o justo
impedimento de curta duração se:

i) No caso do falecimento de cônjuge não separado de pessoas e bens, de pessoa


142 com quem vivam em condições análogas às dos cônjuges, ou de parente ou afim
no 1.º grau da linha reta:

- O falecimento ocorrer na data limite de cumprimento das obrigações declarativas


ou em qualquer um dos 5 dias consecutivos anteriores a essa data;
impedimento
Justo

- E, a obrigação em falta for cumprida nos 10 dias após a data limite de cumprimen-
to da obrigação declarativa.
II.16

ii) No caso do falecimento de outro parente ou afim na linha reta ou no 2.º grau
da linha colateral:

- O falecimento ocorrer na data limite de cumprimento das obrigações declarativas


ou em qualquer um dos 2 dias consecutivos anteriores a essa data;

- E, a obrigação em falta for cumprida nos 4 dias após a data limite de cumprimento
da obrigação declarativa.
Ordem dos Contabilistas Certificados

iii) Doença grave e súbita ou internamento hospitalar do contabilista, que o im-


possibilite em absoluto de cumprir as suas obrigações ou situações de parto ou
de assistência inadiável e imprescindível a cônjuge ou pessoa que viva em união

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de facto ou economia comum e a parente ou afim no 1.º grau da linha reta desig-
nadamente, os Pais, Filhos, Sogros (artigos 1580.º, 1581.º e 1584.º do Código Civil),
em caso de doença ou acidente destes:

- Se os factos descritos nesta alínea ocorrerem na data limite de cumprimento das


obrigações declarativas ou em qualquer um dos 15 dias consecutivos anteriores a
essa data.

- E, a obrigação em falta for cumprida nos 30 dias após a data limite de cumprimen-
to da obrigação declarativa, ou 60 dias após a data limite de cumprimento da obri-
gação declarativa, neste último caso sempre que se verifique que o impedimento
cessou após aquela data limite.

iv) Situações de parentalidade:

- Se o nascimento ou adoção ocorrerem na data limite de cumprimento das obri-


gações declarativas ou em qualquer um dos 15 dias consecutivos anteriores a essa
data.

- E, a obrigação em falta for cumprida nos 60 dias após a data limite de cumprimen-
to da obrigação declarativa. 143

impedimento
Justo
II.16
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16.2. Justo impedimento de longa duração – artigo 12.º- B

Nas situações de doença prolongada ou gozo de licença parental por período su-
perior a 60 dias após a data limite de cumprimento da obrigação declarativa a que
se referem as alíneas c) e d) do artigo 12.º-A, o contabilista certificado procede, em
conjunto com as entidades a quem presta serviços e no prazo de 30 dias contados
da data-limite de entrega das declarações fiscais, à avocação ou à nomeação, caso
ainda não tenha sido efetuada, do contabilista certificado suplente.

Articula-se, assim, o regime de justo impedimento de curta duração com o justo


impedimento prolongado.

Ou seja, se a doença ou licença parental se prolongar por mais de 60 dias após a


data limite de cumprimento da obrigação declarativa (período em que o CC está
em enquadrado no regime do justo impedimento de curta duração), passamos para
o regime de justo impedimento prolongado, previsto no artigo 12.º-B do EOCC.

Findo os 60 dias, como o contabilista continua de baixa médica ou licença parental,


compete-lhe, em conjunto com as entidades a quem presta serviços, nomear um
contabilista certificado suplente.
144

Sempre que, em resultado de condição médica provocada por doença prolongada,


o contabilista certificado se encontre impossibilitado de confirmar a avocação ou
a nomeação de contabilista certificado suplente, a entidade a quem o contabilista
impedimento

certificado presta serviços avoca ou nomeia um contabilista certificado suplente


provisório, podendo solicitar à Ordem apoio para esse efeito, o qual assume ime-
Justo

diatamente as suas funções até que seja comunicado o término do impedimento


prolongado. Nesta circunstância, a entidade a quem o contabilista certificado pres-
II.16

ta serviços deve comunicar à Ordem, no prazo de 30 dias contados da respetiva


data-limite e sob o compromisso de honra, que se encontram reunidos os respeti-
vos pressupostos.

No prazo de 20 dias contados da data-limite da avocação ou nomeação do conta-


bilista suplente, o contabilista substituído deve apresentar à Autoridade Tributária
e Aduaneira, através do Portal das Finanças, o documento comprovativo do impe-
dimento.

Uma vez nomeado, o contabilista certificado deve, no prazo de 30 dias, após a


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data-limite de 60 dias prevista no justo impedimento de curta duração, proceder


ao cumprimento de todas as obrigações declarativas cujo prazo de vencimento se
verificou durante o período de justo impedimento do contabilista substituído.

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Consagrou-se, por fim, um regime de proteção dos contribuintes para as situações


de morte do contabilista certificado na data-limite de cumprimento da obrigação
declarativa ou nos 15 dias anteriores, a entidade a quem o contabilista prestava ser-
viços deve, no prazo de 30 dias após a data-limite de cumprimento da obrigação
declarativa, nomear um novo contabilista certificado. O novo contabilista deverá,
no prazo de 30 dias, contados do prazo limite dos 30 dias previsto para a nomea-
ção, proceder à entrega das declarações fiscais.

Justo impedimento prolongado por baixa médica


ou licença parental superiores a 60 dias

1.º passo Contabilista e cliente nomeiam um contabilista suplente


Prazo: 30 dias contados a partir do fim do prazo de 60 dias após a data-limite
de entrega da declaração fiscal

2.º passo Contabilista apresenta à AT documento comprovativo do impedimento


Prazo: 20 dias contados da data-limite de nomeação de contabilista certifi-
cado suplente

3.º passo Contabilista suplente entrega declaração fiscal


Prazo: 30 dias contados da data-limite de 30 dias prevista para a nomeação
do contabilista certificado suplente

145
Quanto a esta matéria, a OCC, disponibiliza no seu site, um importante guia, “O
justo impedimento do contabilista certificado, férias fiscais e contributivas”, dispo-
nibilizando igualmente um simulador do justo impedimento. Pode consultar estas
informações em:

impedimento
https://portal.occ.pt/pt-pt/noticias/guia-o-justo-impedimento-do-contabilista-

Justo
-certificado-ferias-fiscais-e-contributivas

II.16
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16.3. Pontos-chave

• Situações de justo impedimento de curta duração (Factos que fundamentam).

• Prazos para a verificação das ocorrências e cumprimento das obrigações em falta


em situações de justo impedimento de curta duração.

• Situações de justo impedimento de longa duração.

146
impedimento
Justo
II.16

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


Guia de Boas Práticas Profissionais

16.4. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Tem conhecimento das situações e factos que podem fundamen-


tar o justo impedimento de curta duração?

Tem conhecimento dos prazos para verificação das ocorrências


do justo impedimento de curta duração?

Tem conhecimento dos prazos para cumprimento das obrigações


fiscais do justo impedimento de curta duração?

Tem conhecimento dos procedimentos das situações de justo im-


pedimento de longa duração?

Observações

147

impedimento
Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Justo
II.16
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente


[Página propositamente deixada em branco]
Guia de Boas Práticas Profissionais

III

Relato
Financeiro
Guia de Boas Práticas Profissionais

FICHA TÉCNICA

GUIA DE BOAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS

Volume III: Relato Financeiro

Autoria da Ordem dos Contabilistas Certificados com a colaboração de vários autores

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2023


Ordem dos Contabilistas Certificados

Não é permitida a utilização desta Coleção, para qualquer outro fim que não o
indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certifi-
cados, entidade que detém os direitos de autor.

Volume III. Relato Financeiro


Índice
Apresentação 5
Introdução 9

III.01 A importância do Relato Financeiro 11


1.1. Enquadramento 11
1.2. Pontos-chave 13
1.3. Autoavaliação 14

III.02 Determinação do normativo contabilístico 15


2.1. Enquadramento 15
2.2. Entidades obrigadas à aplicação do Sistema de Normalização Contabilística (SNC) 17
2.3. Dispensa de aplicação do Sistema de Normalização Contabilística (SNC) 18
2.4. Categorias de entidades e normativo contabilístico nacional 19
2.4.1. Categorias de entidades para efeitos contabilísticos 19
3
2.4.2. Normativo contabilístico 20
2.5. Entidades que devem ou podem aplicar as normas internacionais de contabilidade 21
2.6. Competência das entidades de supervisão do setor financeiro 22
2.7. Pontos-chave 23
2.8. Autoavaliação 24

III.03 Definição do plano de contas 25


3.1. Enquadramento 25
3.2. Taxonomias e demonstrações financeiras 27
3.3. Pontos-chave 28
3.4. Autoavaliação 29

III.04 Procedimentos de organização e controlo contabilísticos 31


4.1. Enquadramento 31
4.2. Utilização de diários, meses contabilísticos e tipos de movimentos 32
4.2.1. Diários 32
4.2.2. Registos em sequência cronológica 32
4.2.3. Entidades com e sem atividade durante o período de tributação 33
4.3. Classificação dos documentos relevantes contabilísticos e fiscais 35
Ordem dos Contabilistas Certificados

4.4. Registo de faturas e outros documentos (por documento ou por resumo) 36


4.5. Contabilidade Analítica 39
4.6. Cumprimento do prazo de 90 dias para a execução da contabilidade (durante o 40
exercício e prestação de contas)

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.7. Receção e controlo dos documentos 42


4.8. Processo do registo contabilístico 43
4.9. Análise e controlo do processo contabilístico 45
4.10. Controlo contabilístico: Meios financeiros líquidos 46
4.10.1. Caixa 46
4.10.2. Depósitos bancários 48
4.10.3. Outros instrumentos financeiros 52
4.11. Controlo contabilístico: Clientes, vendas e prestações de serviços 54
4.11.1. Clientes 54
4.11.2. Vendas e prestações de serviços 55
4.11.3. Outras contas a receber 59
4.12. Controlo contabilístico: Fornecedores de bens e de serviços 60
4.12.1. Outras contas a pagar 63
4.13. Controlo contabilístico: Inventários, custo dos inventários e variação da produção 64
4.14. Controlo contabilístico: Pessoal e gastos com pessoal 73
4.15. Controlo contabilístico: Estado e outros entes públicos 75
4.16. Controlo contabilístico: Impostos diferidos 83
4.17. Controlo contabilístico: Financiamentos obtidos 87
4.18. Controlo contabilístico: Acionistas ou sócios 90
4.19. Controlo contabilístico: Acréscimos e diferimentos 93
4.20. Controlo contabilístico: Provisões 98
4
4.21. Controlo contabilístico: Investimentos financeiros 101
4.22. Controlo contabilístico: Investimentos não financeiros 107
4.23. Controlo contabilístico: Capital próprio 114
4.24. Autoavaliação 116

III.05 Demonstrações financeiras 119


5.1. Enquadramento 119
5.2. Pontos-chave 125
5.3. Autoavaliação 126

III.06 Consolidação de contas 127


6.1. Enquadramento 127
6.2. Obrigatoriedade e dispensa de elaborar demonstrações financeiras consolidadas 128
6.2.1. Normativo nacional 128
6.2.2. Normativo internacional 131
6.3. Procedimentos à data de concentração de atividades empresariais 133
6.4. Procedimentos de consolidação 136
6.5. Pontos-chave 140
Ordem dos Contabilistas Certificados

6.6. Autoavaliação 141

Bibliografia 143
Referências da internet 143

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Apresentação
O sucesso nasce do querer, do trabalho persistente, do empenho constante, da
união, do espírito de equipa, da motivação altruísta e alegria para se alcançar o
objetivo traçado. Por mais ambiciosos que sejam os objetivos, com a atitude cor-
reta, conseguimos alcançar os nossos sonhos. É este o mote de mais um grande
projeto da Ordem dos Contabilistas Certificados, diria mesmo, o grande projeto da
Ordem para a reformulação, reorganização e reconstrução das bases necessárias
para mais uma elevação da profissão de contabilista certificado.

Hoje, temos uma Ordem presente na vida dos seus membros, disponível para os
apoiar profissional, técnica, pessoal e socialmente. Uma Ordem transparente, ri-
gorosa e financeiramente saudável. Uma Ordem com a maior notoriedade social e
política. Uma Ordem que regula uma profissão de interesse público, valorizando-a
e apoiando os membros no cumprimento dos seus deveres e obrigações profissio-
nais. Uma Ordem que reforçou o quadro normativo para o exercício da profissão.
5

Os profissionais são hoje, inegavelmente, os agentes económicos mais capacita-


dos e que melhor apoiam e mais valor acrescentam ao tecido empresarial. Somos
profissionais de interesse público numa sociedade civil cada vez mais exigente em
termos sociais, ambientais e de governance. Somos vistos pela sociedade civil,
tecido empresarial e poder político, como os mais confiáveis, tecnicamente co-
nhecedores e qualificados profissionais nas áreas económica e financeira. Somos
os agentes que permanentemente acrescentam valor aos seus clientes e que mais
rapidamente encontram soluções para os problemas e questões dos contribuintes.
Somos agentes de interesse e fé pública, sinónimo de transparência e credibilida-
de, o nosso valor é incomensurável.

Hoje, não somos meros homens e mulheres de contas, mas homens e mulheres
integrados na dinâmica de uma sociedade em constante mudança. Somos uma
profissão de interesse público, e isso significa que, no exercício das nossas funções,
o trabalho que produzimos influencia toda a sociedade nos seus mais variados inte-
resses, isto é, financeiros, ambientais, sociais, de boa gestão, familiares e lúdicos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Devemos exaltar a nossa profissão, devemos orgulhar-nos do que representamos


para o tecido empresarial e a sociedade, devemos valorizar a nossa carteira profis-
sional, os nossos conhecimentos, qualificações e valor acrescentado.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Paralelamente, temos de nos preocupar cada vez mais com as consequências que o
nosso trabalho tem nos mais diferentes níveis, perspetivas e setores da sociedade.
Temos e devemos querer ter ainda mais responsabilidade ambiental, social e de
boa gestão.

Reinventámos a nossa profissão. Reorganizámo-nos. Reforçámos o nosso interes-


se público. Triplicámos a nossa reputação. Reposicionámo-nos e hoje, melhor que
nunca, podemos olhar em frente conscientes e motivados que, por maior que seja
o desafio, temos as ferramentas e conhecimentos necessários para os ultrapassar.

À Ordem, cumpre acompanhar os seus membros, percebendo, com perspicácia,


imparcialidade e isenção técnica, emocional e política, qual a melhor orientação
para a profissão. Como entidade que regula a profissão, cumpre à Ordem defender
os seus membros e o valor do trabalho que estes produzem com base no interesse
público da profissão, deixando de lado quaisquer outros interesses.

Cientes do atual cenário profissional e dos desafios que temos pela frente, lança-
mos o projeto Guia de Boas Práticas Profissionais, uma verdadeira revolução para
a nossa profissão, uma ferramenta que pretende dotar todos os contabilistas cer-
tificados dos conhecimentos, conselhos e dicas, que permitam aos profissionais
6 crescer para novos patamares de excelência.

Este guia fornece orientação prática para os contabilistas certificados por forma
a que estes consigam melhor gerir as suas práticas profissionais e os seus negó-
cios, para terem melhores condições de vida pessoal e profissional e operarem de
forma mais lucrativa, feliz, competitiva, ética, sustentável e valorizada. Elaborado
com uma forte componente prática, este guia apresenta casos para ilustrar noções,
listas e exercícios de autoavaliação, tabelas, conceitos e orientações para as boas
práticas profissionais sendo uns legalmente obrigatórios e outros facultativos, que
tendem à valorização do profissional, da sua prática e do seu negócio.

Seguindo este guia, os contabilistas certificados podem melhor construir um am-


biente propício à prestação de serviços de alta qualidade e assim reforçamos nova-
mente junto de toda a sociedade o nosso valor e interesse público.

Destinando-se a todos os profissionais, independentemente da idade, qualifica-


ções ou modelo em que exercem a profissão, o Guia deve ser lido, estudado, im-
plementado e consultado diariamente, sempre tendo em vista o aperfeiçoamento
Ordem dos Contabilistas Certificados

contínuo do profissional e das boas práticas profissionais.

O Guia cobre uma gama diversificada de tópicos, tanto estratégicos como ope-
racionais, com maior detalhe nas matérias que, nesta primeira edição, entende-

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

mos ser mais relevantes para a profissão e os seus membros. Organizado em dez
volumes, o Guia foi projetado para ser o mais independente possível entre cada
volume, permitindo a sua utilização individual sempre sem afastar a interligação e
relação global de toda a coleção.

Assim, o Guia apresenta a seguinte estrutura: I. Relação do Contabilista com a Ordem


e com os Colegas; II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente; III.
Relato Financeiro; IV. Competências Exclusivas - Declarações Fiscais; V. Prestação de
Contas; VI. Outras Competências; VII. Gestão de Riscos; VIII. Controlo sobre a Ativida-
de; IX. Gestão de Recursos Humanos; X. Gestão Estratégica e Orçamental.

No volume I, dá-se articular atenção às funções do Contabilista Certificado, ao se-


guro de responsabilidade civil profissional, formação profissional contínua, respon-
sabilidade disciplinar e ao relacionamento entre colegas. No volume II, olhamos
detalhadamente para a política de comunicação e publicidade, modos de exer-
cício da atividade, processo de estimativa da avença/honorários, justo impedi-
mento e relacionamento com os vários intervenientes na relação profissional dos
contabilistas certificados. No volume III, entramos na determinação do normativo
contabilístico, planos de contas, procedimentos de organização e controlo conta-
bilísticos, demonstrações financeiras e consolidação de contas. No volume IV, o
7
guia apresenta tudo o que os membros precisam de saber sobre as obrigações de-
clarativas fiscais correntes e não correntes, o dossier fiscal e o dossier de preços de
transferência. No volume V, temos tudo sobre o processo de prestação de contas,
relato financeiro, de gestão, não financeiro, integrado, certificação legal de con-
tas e entidades do setor não lucrativo. Avançando para o volume VI, entramos na
área dos recursos humanos, certificação de informação, consultoria e planeamento
fiscal, gestão, projetos e outras novas áreas de negócio. No volume VII, tratamos
o registo central do beneficiário efetivo, o risco de branqueamento de capitais e
financiamento do terrorismo e os riscos inerentes à segurança e saúde no traba-
lho, recursos humanos, dados pessoais até ao risco reputacional e societário. No
volume VIII, abordamos o controlo interno, desempenho, gestão e produtividade
da atividade. No volume IX, apresentamos detalhada informação sobre a gestão de
recursos humanos no escritório de contabilidade, políticas salariais, formação de
trabalhadores e contraordenações laborais. Por fim, no último volume, o X, aborda-
mos a gestão estratégica e orçamental.

Cada volume foi construído especialmente para os contabilistas certificados e ten-


do em consideração os conhecimentos e experiência padrão da classe. O con-
Ordem dos Contabilistas Certificados

teúdo é projetado para o seu estudo, autoavaliação, implementação concreta de


melhores práticas profissionais e posterior monotorização e acompanhamento das
mesmas.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Com base neste Guia, a Ordem desenvolverá vários programas de formação pro-
fissional contínua, de presença obrigatória, em diferentes modelos e ambientes,
proporcionando a todos os contabilistas certificados as melhores condições para
uma evolução profissional do membro e do seu negócio.

Posteriormente, serão desenvolvidos e disponibilizados a todos os contabilistas


certificados, programas e ferramentas de acompanhamento e monitorização da
implementação das melhores práticas previstas neste Guia. Estes programas de
Certificação de Qualidade serão pedagógicos e terão como objetivo apoiar os
membros na elevação dos padrões de qualidade da nossa profissão.

Este Guia é o novo desafio que lanço a toda a nossa classe, o primeiro passo para
um novo e melhor enquadramento profissional, é o mote para começarmos a cons-
truir mais um capítulo na já riquíssima história da nossa profissão. Com este Guia
como farol, estou certa que continuaremos a acentuada tendência de crescimento
profissional e que conseguiremos elevar a nossa profissão mais um patamar na já
elevada escala de excelência profissional em que nos encontramos.

Paula Franco, Bastonária


8

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


Introdução
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relato Financeiro

O presente capítulo insere-se no âmbito do Guia de Boas Práticas Profissionais, da


Ordem dos Contabilistas Certificados, e centra-se no tema do relato financeiro.

Entende-se por relato financeiro, normalmente denominado por demonstrações


financeiras, ou simplesmente contas, a apresentação de informação financeira
acerca de uma entidade ou de um grupo de entidades, que seja relevante para
um conjunto de utilizadores dessa mesma informação, como por exemplo, os
sócios ou acionistas, potenciais investidores, mutuantes, fornecedores, clien-
tes, trabalhadores, Estado, entre outros interessados.

A importância do relato financeiro é inquestionável, mas a sua utilidade está


diretamente relacionada com a qualidade e tempestividade da informação fi-
nanceira que é prestada aos respetivos utilizadores.

O objetivo deste guia e, em particular, deste capítulo, não é a transmissão de


doutrina, ainda que se identifiquem os normativos contabilísticos existentes, as 9

demonstrações financeiras aplicáveis ou que, por vezes, se mencione determi-


nados aspetos doutrinais.

O principal objetivo deste capítulo é transmitir procedimentos de controlo con-


tabilístico, ou seja, abordar práticas que o Contabilista Certificado pode ou
deve utilizar para auditar o seu próprio trabalho e o trabalho dos seus cola-
boradores, relativamente à preparação do relato financeiro para as entidades
clientes, de modo a garantir que a informação financeira prestada cumpre o seu
propósito de ser útil para a tomada de decisões económicas.

Ainda que a doutrina evolua e muitas vezes em sentido divergente, a aplicabi-


lidade dos procedimentos contabilísticos que se pretendem transmitir neste
capítulo permanecerá substancialmente intacta.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


[Página propositamente deixada em branco]
do relato financeiro
A importância
III.01
Guia de Boas Práticas Profissionais

III.01
A importância do Relato Financeiro

1.1. Enquadramento

O objetivo das demonstrações financeiras é o de proporcionar informação acerca


da posição financeira, do desempenho, dos fluxos financeiros e das alterações de
capital próprio de uma entidade, que seja útil para os utilizadores dessa mesma
informação, na tomada de decisões económicas.

Para que a informação financeira cumpra o seu objetivo de contribuir e ser útil para
a tomada de decisões económicas, o Contabilista Certificado deve assegurar que a
mesma incorpora as seguintes características:

Características de informação financeira útil


para a tomada de decisões económicas
Deve ser rapidamente compreensível pelos utilizadores dessa infor-
Compreensibilidade 11
mação, presumindo-se que estes têm razoável literacia financeira.
Para ser útil, a informação tem de ser relevante para a tomada de
Relevância decisões. E essa relevância é afetada pela natureza e materialidade
e Materialidade da informação. A informação é material se a sua omissão ou inexa-
tidão influenciarem as decisões económicas dos seus utilizadores.
A informação tem a qualidade da fiabilidade quando for neutra e
Neutralidade,
estiver isenta de erros materiais e de preconceitos, e os utiliza-
Fiabilidade
dores dela possam depender, ao representar fidedignamente as
e Representação
transações e outros acontecimentos que pretende representar ou
fidedigna
pode razoavelmente esperar-se que represente.
As transações e outros acontecimentos devem ser contabilizados e
Substância
apresentados de acordo com a sua substância e realidade econó-
sobre a forma
mica e não meramente com a sua forma legal.
Deve haver um certo grau de precaução no exercício dos juízos
de valor e estimativas necessárias em condições de incerteza, de
Prudência
forma que os ativos ou os rendimentos não sejam sobreavaliados e
os passivos ou os gastos não sejam subavaliados.
Para que seja fiável, a informação nas demonstrações financeiras
deve ser completa dentro dos limites de materialidade e de custo.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Plenitude Uma omissão pode fazer com que a informação seja falsa ou enga-
nadora e, por conseguinte, não fiável e deficiente em termos da
sua relevância.

Volume III. Relato Financeiro


do relato financeiro
A importância

Guia de Boas Práticas Profissionais


III.01

Características de informação financeira útil


para a tomada de decisões económicas
Os utilizadores da informação financeira têm de ser capazes de
compará-la ao longo do tempo a fim de identificarem tendências
Comparabilidade
na sua posição financeira e no seu desempenho, assim como, com-
pará-la com a informação prestada por outras entidades.
Em resultado de todos os atributos acima referidos, as demons-
trações financeiras devem apresentar uma imagem verdadeira e
Imagem verdadeira
apropriada acerca da posição financeira, dos resultados das ope-
e apropriada
rações, dos fluxos financeiros e das alterações de capital próprio
de uma entidade.
É também muito importante que a informação financeira seja
preparada e apresentada numa base tempestiva e oportuna. Se
Tempestividade
houver demora indevida no relato da informação financeira ela
pode perder a sua relevância.

Todos estes atributos e princípios são muito importantes na preparação e apresen-


tação das demonstrações financeiras, devendo o Contabilista Certificado, em pri-
meiro lugar, perante uma determinada transação, identificar se a mesma implica o
reconhecimento de um ativo, passivo, rubrica de resultados ou um item de capital
próprio, nos termos da estrutura conceptual e do normativo contabilístico aplicável
12 à entidade em causa.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


do relato financeiro
A importância
Guia de Boas Práticas Profissionais

1.2. Pontos-chave

III.01
• O objetivo das demonstrações financeiras é apresentar uma imagem verdadeira e
apropriada da posição financeira, desempenho e fluxos de caixa da entidade.

• Para ser possível, há que atender às caraterísticas qualitativas na preparação


das demonstrações financeiras (Compreensibilidade, Relevância e Materialidade,
Neutralidade, Fiabilidade e Representação fidedigna, Substância sobre a forma,
Prudência, Plenitude, Comparabilidade, Imagem verdadeira e apropriada e Tem-
pestividade).

13
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


do relato financeiro
A importância

Guia de Boas Práticas Profissionais

1.3. Autoavaliação
III.01

Assunto Sim Não N/A

Tem segurança que as demonstrações financeiras por si prepara-


das cumprem o objetivo de apresentar uma imagem verdadeira e
apropriada da posição financeira, desempenho e fluxos de caixa
da entidade?

Tem em atenção as diferentes caraterísticas qualitativas na prepa-


ração das demonstrações financeiras?

Privilegia alguma caraterística qualitativa em detrimento de ou-


tra? Se sim, qual a razão?

Derroga alguma caraterística qualitativa ou pressuposto contabi-


lístico na preparação das demonstrações financeiras? Se sim, qual
a razão?

Observações

14

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


III.02
Guia de Boas Práticas Profissionais

Determinação do normativo contabilístico

normativo contabilístico
Determinação do
2.1. Enquadramento

Atualmente existem diversos normativos contabilísticos que, mediante o cumpri-

III.02
mento de determinados requisitos podem ou devem ser adotados pelas entidades.

Salienta-se que é absolutamente imprescindível e essencial que o Contabilista


Certificado tenha conhecimento e consiga objetivamente identificar, em cada
exercício económico, qual é o normativo contabilístico adotado por cada uma
das entidades em que assume a responsabilidade técnica.

A escolha ou a obrigação de adotar determinado normativo contabilístico está de-


pendente de vários fatores, como se constatará de seguida, mas essa determi-
nação do normativo contabilístico deve ser idealmente efetuada aquando da
abertura do exercício económico (período de relato).
15

A relevância deste tema reside, desde logo, no facto de que a adoção de deter-
minado normativo contabilístico vai influenciar a utilização do plano de contas, as
políticas contabilísticas e os modelos de demonstrações financeiras aplicáveis a
cada entidade.

Inclusivamente, no anexo às demonstrações financeiras deve obrigatoriamente


ser divulgado, de forma explícita, o normativo contabilístico adotado pelas en-
tidades.

Neste sentido, é fundamental que o Contabilista Certificado tenha um profundo


conhecimento dos normativos contabilísticos existentes e qual é adotado por cada
uma das entidades que acompanha.

Será possível a alteração do normativo contabilístico no decorrer do período de


relato? A resposta é afirmativa, mas poderá implicar alterações fundamentais na
estrutura do processo contabilístico da entidade, como por exemplo, a alteração
de contas utilizadas, a alteração de políticas contabilísticas ou critérios de mensu-
Ordem dos Contabilistas Certificados

ração. De notar que a Norma Contabilística para Microentidades ou a Norma con-


tabilística e de relato financeiro para as Pequenas Entidades possuem tratamen-
tos contabilísticos e opções para esses tratamentos mais limitados que as Normas
Contabilísticas e de Relato Financeiro completas. Uma alteração do normativo no

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

decorrer do período de relato pode implicar uma revisão profunda dos registos
contabilísticos já efetuados.

Acedendo ao portal da OCC com as credenciais de Contabilista Certificado, o pro-


normativo contabilístico

fissional tem acesso à aplicação SICC, a qual dispõe de um separador integralmen-


Determinação do

te dedicado aos normativos contabilísticos.

Paralelamente, também poderá consultar a informação disponível no portal da Co-


missão de Normalização Contabilística, através do seguinte acesso:
III.02

https://www.cnc.min-financas.pt/

16

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.2. Entidades obrigadas à aplicação do Sistema de


Normalização Contabilística (SNC)

normativo contabilístico
O Sistema de Normalização Contabilística (SNC) foi aprovado pelo Decreto-Lei
n.º 158/2009, de 13 de julho, e, entretanto, foi alterado e republicado pelo De-

Determinação do
creto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho.

Sem prejuízo do que será posteriormente referido quanto à aplicação das normas
internacionais de contabilidade e quanto às organizações sob a competência das

III.02
entidades de supervisão do setor financeiro, o SNC é obrigatoriamente aplicável
às seguintes entidades (cf. artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho,
com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho):

a) Entidades abrangidas pelo Código das Sociedades Comerciais;

b) Empresas individuais reguladas pelo Código Comercial;

c) Estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada;

d) Empresas públicas que não se encontrem abrangidas pelo Sistema de Nor- 17


malização Contabilística para as Administrações Públicas;

e) Cooperativas, exceto aquelas cujo ramo específico não permita sob qualquer
forma, direta ou indireta, a distribuição de excedentes, designadamente as coo-
perativas de solidariedade social, previstas na alínea m) do n.º 1 do artigo 4.º da
Lei n.º 51/96, de 7 de setembro, alterado pelos Decretos-Leis n.ºs 343/98, de 6
de novembro, 131/99, de 21 de abril, 108/2001, de 6 de abril, 204/2004, de 19
de agosto, e 76-A/2006, de 29 de março, equiparadas a instituições particula-
res de solidariedade social e, nessa qualidade, registadas na Direção-Geral da
Segurança Social, relativamente às quais a aplicação do SNC opera nos termos
da alínea g);

f) Agrupamentos complementares de empresas e agrupamentos europeus de


interesse económico;

g) Entidades do setor não lucrativo (ESNL), entendendo-se como tal as entida-


des que prossigam a título principal uma atividade sem fins lucrativos e que não
possam distribuir aos seus membros ou contribuintes qualquer ganho econó-
Ordem dos Contabilistas Certificados

mico ou financeiro direto, designadamente associações, fundações e pessoas


coletivas públicas de tipo associativo, devendo a aplicação do SNC a estas en-
tidades sofrer as adaptações decorrentes da sua especificidade.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.3. Dispensa de aplicação do Sistema de Normalização


Contabilística (SNC)
normativo contabilístico

As seguintes entidades estão dispensadas de aplicar o SNC (cf. artigo 10.º do


Determinação do

Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º


98/2015, de 2 de junho):

a) Pessoas singulares que, exercendo a título individual qualquer atividade co-


III.02

mercial, industrial ou agrícola, não realizem na média dos últimos três anos um
volume de negócios líquido superior a 200.000€;

b) Entidades do setor não lucrativo (ESNL) cujo volume de negócios líquido não
exceda 150.000€ em nenhum dos dois períodos anteriores, salvo quando inte-
grem o perímetro de consolidação de uma entidade que apresente demonstra-
ções financeiras consolidadas ou quando estejam obrigadas à apresentação de
qualquer das demonstrações financeiras por disposição legal ou estatutária ou
por exigência das entidades públicas financiadoras.

No período do início de atividade, os referidos limites reportam-se ao valor anua-


18
lizado estimado.

As dispensas referidas cessam quando forem ultrapassados os correspondentes


limites, ficando a entidade obrigada a partir do período seguinte, inclusive, a
aplicar o SNC.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.4. Categorias de entidades e normativo contabilístico


nacional

2.4.1. Categorias de entidades para efeitos contabilísticos

normativo contabilístico
Determinação do
Para efeitos contabilísticos, o SNC define as seguintes categorias de entidades (cf.
artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação dada pelo Decre-
to-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho):

III.02
Categorias de entidades para efeitos contabilísticos
(Desde que, à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limites abaixo referidos.)
Total do balanço 350.000 €
Microentidades Volume de negócios líquido 700.000 €
N.º médio de empregados 10
Total do balanço 4.000.000 €
Pequenas
Volume de negócios líquido 8.000.000 €
entidades
N.º médio de empregados 50
Total do balanço 20.000.000 €
Médias entidades Volume de negócios líquido 40.000.000 €
19
N.º médio de empregados 250
Total do balanço À data do balanço, ultrapas-
Grandes entidades Volume de negócios líquido sem dois dos três limites referi-
N.º médio de empregados dos para as médias entidades.

Estes limites reportam-se ao período imediatamente anterior, devendo, quando


aplicável, observar-se as seguintes regras (cf. artigo 9.º-A do Decreto-Lei n.º 158/2009,
de 13 de julho, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho):

a) Sempre que em dois períodos consecutivos imediatamente anteriores sejam


ultrapassados dois dos três limites enunciados para as microentidades, pequenas
entidades e médias entidades, respetivamente, as entidades deixam de poder ser
consideradas na respetiva categoria, a partir do terceiro período, inclusive;

b) As entidades podem novamente ser consideradas nessa categoria, caso dei-


xem de ultrapassar dois dos três limites enunciados para a respetiva categoria
nos dois períodos consecutivos imediatamente anteriores.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Porém, as entidades de interesse público são sempre consideradas grandes enti-


dades, independentemente do respetivo valor total do balanço, volume de negó-
cios líquido ou do número médio de empregados do período.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Salienta-se que esta classificação é diferente e tem objetivos completamente


distintos da classificação utilizada para efeitos de certificação PME, atribuída
pelo IAPMEI.
normativo contabilístico
Determinação do

2.4.2. Normativo contabilístico

A determinação das categorias de entidades encontra-se relacionada com o refe-


rencial contabilístico que as mesmas podem ou devem adotar na preparação das
III.02

suas demonstrações financeiras.

Porém, uma empresa que se qualifique para utilização de um normativo contabi-


lístico menos exigente (como seja a Norma Contabilística para Microentidades ou a
Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades), poderá sem-
pre utilizar um normativo de grau superior. Apenas existem limitações à aplicação
das normas internacionais de contabilidade (IAS/IFRS) como veremos de seguida.

Assim:

- As Microentidades devem aplicar a Norma Contabilística para Microentidades


20 (NC-ME), podendo, no entanto, optar pela aplicação da Norma Contabilística e de
Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE) ou das Normas Contabilísti-
cas e de Relato Financeiro (NCRF), caso em que deverão observar todas as exigên-
cias decorrentes dessa opção (cf. artigo 9.º-D do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de
julho, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho);

- As Pequenas entidades podem aplicar a NCRF-PE, caso não adotem as NCRF


(cf. artigo 9.º-C do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação dada pelo
Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho);

- As Médias e Grandes entidades cujos valores mobiliários não estejam admitidos à


negociação num mercado regulamentado, aplicam, em regra, as NCRF.

No que respeita às entidades do setor não lucrativo (ESNL), estas aplicam a Nor-
ma Contabilística e de Relato Financeiro para Entidades do Setor Não Lucrativo
(NCRF-ESNL). Todavia, as ESNL podem optar pela aplicação do conjunto das Nor-
mas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF) compreendidas no SNC, com as
necessárias adaptações, ou pela aplicação das normas internacionais de contabi-
Ordem dos Contabilistas Certificados

lidade desde que observem os respetivos requisitos que analisaremos de seguida


(cf. artigo 9.º-E do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação dada pelo
Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho).

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.5. Entidades que devem ou podem aplicar as normas


internacionais de contabilidade

normativo contabilístico
O SNC prevê disposições específicas relacionadas com a aplicação das normas in-
ternacionais de contabilidade (IAS/IFRS) adotadas na União Europeia, nos seguin-

Determinação do
tes termos (cf. artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação
dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho):

1 - As entidades sujeitas à legislação nacional, cujos valores mobiliários estejam

III.02
admitidos à negociação num mercado regulamentado devem elaborar as suas de-
monstrações financeiras consolidadas em conformidade com as normas internacio-
nais de contabilidade adotadas na União Europeia;

2 - As entidades sujeitas à legislação nacional, que não sejam abrangidas pelo dis-
posto no número anterior (ou seja, cujos valores mobiliários não estejam admitidos
à negociação num mercado regulamentado), podem optar por elaborar as respe-
tivas demonstrações financeiras consolidadas em conformidade com as normas
internacionais de contabilidade adotadas na União Europeia, desde que as suas
demonstrações financeiras sejam objeto de certificação legal das contas (CLC);
21
3 - As entidades sujeitas à legislação nacional, que estejam incluídas no âmbito
da consolidação de entidades abrangidas pelo disposto no n.º 1 podem elaborar
as respetivas demonstrações financeiras individuais em conformidade com as nor-
mas internacionais de contabilidade adotadas na União Europeia, ficando as suas
demonstrações financeiras sujeitas a CLC, sendo esta possibilidade extensível às
entidades subsidiárias de uma empresa-mãe regida pela legislação de outro Esta-
do-Membro da União Europeia cujas demonstrações financeiras sejam consolida-
das em conformidade com as normas internacionais de contabilidade adotadas na
União Europeia;

4 - As entidades sujeitas à legislação nacional, mas que estejam incluídas no âmbi-


to da consolidação de entidades abrangidas pelo n.º 2, podem optar por elaborar
as respetivas demonstrações financeiras individuais em conformidade com as nor-
mas internacionais de contabilidade adotadas na União Europeia, ficando as suas
demonstrações financeiras sujeitas a CLC.

As opções referidas nos n.ºs 2 a 4 acima devem ser globais, mantendo-se por um
mínimo de três exercícios. Porém, este período mínimo não se aplica às entidades
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que, tendo optado pela aplicação de normas internacionais de contabilidade, pas-


sem a estar incluídas no âmbito da consolidação de entidades que não as adotem.

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2.6. Competência das entidades de supervisão do setor


financeiro
normativo contabilístico

É da competência do Banco de Portugal (BP) e da Autoridade de Supervisão de Se-


guros e Fundos de Pensões (ASF) a definição do âmbito subjetivo de aplicação das
Determinação do

normas internacionais de contabilidade, bem como a definição das normas conta-


bilísticas aplicáveis às demonstrações financeiras consolidadas, relativamente às
entidades sujeitas à respetiva supervisão. Têm também competência para definir
as normas contabilísticas aplicáveis às demonstrações financeiras individuais das
III.02

entidades sujeitas à respetiva supervisão, assim como os requisitos prudenciais


aplicáveis a essas mesmas entidades.

É da competência da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a defini-


ção do âmbito subjetivo de aplicação das normas internacionais de contabilidade
relativamente às entidades sujeitas à respetiva supervisão.

22

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2.7. Pontos-chave

• Determinação do normativo contabilístico no início de cada período de relato


(exercício económico).

normativo contabilístico
Determinação do
• Alteração do normativo contabilístico no decurso do período é possível, mas
acarreta vários constrangimentos e dificuldades ao processo contabilístico.

• Entidades obrigadas à aplicação do SNC.

III.02
• Entidades dispensadas da aplicação do SNC.

• Definição das categorias de entidades contabilísticas (microentidades, pequenas


entidades, médias entidades e grandes entidades).

• Diferença entre o conceito de entidade contabilística e o conceito de micro e PME


(certificação IAPMEI).

• Aplicação dos normativos contabilísticos do SNC (NC-ME, NCRF-PE, NCRF com-


pletas, NCRF-ESNL).
23

• Possibilidade de aplicação das normas internacionais de contabilidade.


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2.8. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A


Efetua a determinação do normativo contabilístico a aplicar em con-
normativo contabilístico

junto com o órgão de gestão, explicando as diferenças nas políticas


Determinação do

contabilísticas e nas obrigações associadas a cada normativo?


Efetua a determinação do normativo contabilístico a aplicar, no iní-
cio de cada período de relato?
Pretendendo alterar o normativo contabilístico no decurso do pe-
III.02

ríodo de relato, tem a perceção das contingências e dificuldades


associadas ao nível do processo contabilístico?
Verifica periodicamente os limites das categorias de entidades
contabilísticas?
Se sim na questão anterior, informa o órgão de gestão de eventuais
alterações na categoria e na possibilidade de adoção de normativo
contabilístico do SNC distinto?
Tem perceção da diferença entre o conceito de categoria contabi-
lística do SNC face ao conceito de PME?
Verifica a possibilidade de adoção das normas internacionais de
contabilidade?

24 Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

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III.03
Guia de Boas Práticas Profissionais

Definição do plano de contas

3.1. Enquadramento

O Contabilista Certificado deve assegurar que o plano de contas utilizado por cada
uma das entidades em que assume a responsabilidade técnica cumpre os requisi-
tos legalmente previstos e que, simultaneamente, responde às necessidades de
informação suscitadas.

As entidades que adotam o SNC devem utilizar a codificação prevista no respetivo

do plano de contas
Código de Contas aprovado pela Portaria n.º 218/2015, de 23 de julho.

Definição
Este diploma pode ser consultado acedendo à aplicação SICC, no portal da OCC,
com as credenciais de Contabilista Certificado, dentro do separador dedicado aos
normativos contabilísticos.

III.03
Ou, alternativamente, no portal da Comissão de Normalização Contabilística, atra- 25

vés do seguinte acesso:

https://www.cnc.min-financas.pt/pdf/SNC/2016/Portaria_218_2015_23Jul_CContas.pdf

O Código de Contas previsto na Portaria n.º 218/2015, de 23 de julho, apresenta


três colunas. A primeira coluna identifica as contas de aplicação base para todas as
entidades sujeitas ao SNC. Nas outras duas colunas, são identificados ajustamentos
ao Código de Contas a efetuar por entidades que adotam a Norma Contabilística e
de Relato Financeiro para Entidades do Setor Não Lucrativo (NCRF-ESNL) e a Norma
Contabilística para Microentidades (NC-ME), respetivamente.

O Contabilista Certificado deve ter presente que existem contas no plano base
(primeira coluna) que não podem ser utilizadas por entidades que adotam a NC-ME
(terceira coluna).

A estrutura de contas e respetiva natureza previstas no Código de Contas devem


ser sempre mantidas, não sendo possível utilizar outras.
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Apenas é possível a criação de novas contas, para além daquelas identificadas,


quando tal esteja previsto no Código de Contas (com a indicação de “…”) ou quan-
do se trate de subcontas das contas previstas nesse Código de Contas, devendo,

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em qualquer dos casos, de se respeitar a natureza da conta ou classe de conta


agregadora.

A Portaria referida também inclui Notas de Enquadramento às contas que importa


conhecer.

Relativamente às entidades que aplicam as normas internacionais de contabilidade


(IAS/IFRS) adotadas na União Europeia, não é obrigatório seguirem a estrutura do
Código de Contas previsto na Portaria n.º 218/2015, de 23 de julho. Estas entidades
organizam o plano de contas de acordo com as suas necessidades. Não obstante,
poderão utilizar o Código de Contas referido de forma opcional.

A criação de subcontas é livre e ilimitada, devendo ser utilizada consoante as ne-


cessidades de informação da entidade.
do plano de contas

As subcontas podem ser criadas com o objetivo do apuramento dos vários impos-
Definição

tos, com o respetivo controlo da tributação e das deduções efetuadas (nomeada-


mente as contas de rendimentos e gastos, para efeitos de imposto sobre o rendi-
mento). Podem ser criadas para obter informação útil para o preenchimento das
III.03

declarações fiscais, como o anexo L da IES. Podem ser criadas com o objetivo de
26 obtenção de informação específica para o órgão de gestão e outros utilizadores,
como a divisão das operações por estabelecimentos, produtos, etc..

Em qualquer dos casos, um plano de contas devidamente estudado e configurado


contribui para a automatização das demonstrações financeiras e de algumas decla-
rações fiscais, sem prejuízo da obrigatória conferência que o Contabilista Certifica-
do terá de realizar posteriormente.

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3.2. Taxonomias e demonstrações financeiras

Outro aspeto relevante é a associação das taxonomias às contas de movimento do


plano de contas.

A associação entre saldos de contas e rubricas das demonstrações financeiras não


está definida no SNC, podendo trazer alguns constrangimentos na preparação e
apresentação destas últimas.

O documento disponível mais completo referente a estas associações está dispo-


nível em:

https://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/apoio_contribuinte/SAFT_PT/Docu-
ments/SVAT_Saldos_Demonst_Fin_Taxonomia.xlsx (reportado ao ano de 2023).

do plano de contas
Sugere-se a verificação da proposta de associação prevista nesse documento pre-

Definição
parado pelo grupo IES no âmbito da implementação do pré-preenchimento dos
Anexos A e I da IES através da submissão do SAF-T (PT) relativo à contabilidade

III.03
(reportado ao ano de 2022).

27
Refira-se que o processo de associação de taxonomias e o procedimento de sub-
missão do SAF-T relativo à contabilidade está suspenso, tendo sido prorrogado,
neste momento, para o período de tributação de 2024, a entregar em 2025.
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3.3. Pontos-chave

• O código de contas do SNC é único, tendo limitações de contas para as entidades


classificadas como microentidades, que adotem a NC-ME.

• Possibilidade de criação de contas e subcontas.

• A criação de subcontas é ilimitada, tendo por objetivo atender às necessidades de


obtenção de informação (fiscal, estatística, controlo de gestão, outra).

• A estruturação do plano de contas de cada entidade é ferramenta essencial para


o processo de controlo contabilístico.

• As entidades que adotam normas internacionais de contabilidade têm a opção (e


do plano de contas

não obrigação) de adoção da estrutura do código de contas do SNC.


Definição

• Associação de taxonomias às contas de movimento e associação às demonstra-


ções financeiras.
III.03

28

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3.4. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A


Estando a adotar a NC-ME, cria e utiliza contas cuja utilização nesse
normativo está restringida nos termos do Código de Contas do
SNC? Se sim, qual o motivo?
Estando a adotar as normas internacionais de contabilidade, cria
e utiliza contas nos termos do Código de Contas do SNC? Se sim,
qual o motivo?
Efetua uma estruturação do código de contas atendendo às ne-
cessidades de informação (fiscal, estatística, de gestão, outra)? Se
não, qual o motivo?
Já efetuou a associação de taxonomias às contas de movimento
do plano de contas das entidades? Se não, qual o motivo ou difi-

do plano de contas
culdade?
Observações

Definição
III.03
29

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


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[Página propositamente deixada em branco]
III.04
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Procedimentos de organização e controlo


contabilísticos

4.1. Enquadramento

Importa ter presente que qualquer entidade, por mais pequena que seja e quer
tenha ou não fins lucrativos, deve implementar um sistema de controlo interno
administrativo, obviamente adequado à sua dimensão e ao nível de complexidade
das suas operações. É da responsabilidade do órgão de gestão ou administração
das entidades, a implementação e manutenção desse sistema de controlo interno
administrativo.

O objetivo deste volume não é abordar o sistema de controlo interno administrati-


vo, mas sim o sistema de controlo contabilístico, pois é este último que respeita ao
Contabilista Certificado e que pode exercer maior influência ao nível das demons-
trações financeiras.

O controlo contabilístico acaba por ser impactado pela existência ou ausência de 31


um sistema de controlo interno administrativo eficaz. Razão pela qual, serão efe-

organização e controlo
tuadas referências a alguns procedimentos mais relacionados com o controlo in-

Procedimentos de
terno administrativo, que poderão ser recomendados pelo Contabilista Certificado
aos responsáveis das entidades.

Salvaguarda-se que será impraticável abordar, de forma absoluta, todos os proce-


dimentos de controlo existentes, na medida em que são inúmeras e mutáveis as

III.04
operações das entidades.

Caberá ao Contabilista Certificado analisar as diferentes operações praticadas pe-


las entidades em que assume a responsabilidade técnica e ter a sensibilidade de
percecionar potenciais situações de risco, de modo a definir a melhor forma de
as controlar. No âmbito desta análise, muito provavelmente necessitará de obter
informações junto dos órgãos de gestão das entidades, ou junto de outras pessoas
responsáveis a quem os órgãos de gestão delegam para contacto com o Contabi-
lista Certificado.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Existem alguns aspetos e procedimentos genéricos de organização e controlo que


são transversais e que importa começar por mencionar, passando de seguida para
a análise de áreas mais específicas.

Volume III. Relato Financeiro


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4.2. Utilização de diários, meses contabilísticos e tipos de


movimentos

4.2.1. Diários

A criação e utilização de diários específicos é livre, sendo uma mera opção do conta-
bilista certificado. Todavia, a utilização dos diários pode estar condicionada aos proce-
dimentos previstos especificamente por cada programa informático de contabilidade.

É possível a criação de diários específicos para registar as vendas, as compras,


as operações bancárias, o apuramento de resultados, a abertura do exercício,
as operações diversas, as regularizações ou outro, dependendo da organização
definida pelo contabilista certificado.

Todavia, os registos contabilísticos podem ser efetuados num diário geral único, não
sendo obrigatória a criação e utilização de diários para as várias naturezas de ope-
rações.

4.2.2. Registos em sequência cronológica


32
Os registos contabilísticos nos diários devem ser efetuados de acordo com uma se-
organização e controlo

quência cronológica. Todavia, essa sequência cronológica pode ser efetuada numa
Procedimentos de

base mensal (e não diária). Por exemplo no caso dos documentos emitidos por tercei-
ros, essa sequência cronológica atende ao momento da receção dos documentos em
cada mês, sendo indicada o mês da receção do documento como a data do registo
contabilístico (este registo tem que seguir a sequência cronológica). Adicionalmente,
no registo contabilístico, é indicada a data de emissão do documento (esta data
III.04

não tem que seguir uma sequência cronológica). No caso dos documentos emitidos
pela entidade (faturas e outros similares), estes são registados na contabilidade por
sequência cronológica em função da data de emissão do documento.

Meses contabilísticos
A utilização dos meses contabilísticos (#13, #14, #15, #16) também não é obrigató-
ria, sendo uma mera opção do contabilista certificado, para efetuar os movimentos
de encerramento de contas, tendo em conta a estrutura de funcionamento do pro-
grama informático de contabilidade utilizado.
Ordem dos Contabilistas Certificados

De acordo com as indicações previstas no campo “3.4.3.2. – “Período contabilís-


tico (Period)” da tabela 3. Movimentos contabilísticos (GeneralLedgerEntries) da
estrutura de dados do SAF-T, deve ser indicado o número do mês do período de
tributação, de “1” a “12”, contado desde o seu início.

Volume III. Relato Financeiro


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Pode ainda ser preenchido com “13”, “14”, “15” ou “16” para movimentos efetuados
no último mês do período de tributação, relacionados com o apuramento do resul-
tado. Exemplo: movimentos de apuramentos de inventários, depreciações, ajusta-
mentos ou apuramentos de resultados.

Tipos de movimentos contabilísticos:


A estrutura de dados da tabela 3 Movimentos contabilísticos da estrutura do SAF-T
prevê a existência dos seguintes tipos de movimentos contabilísticos:

“N” - Normal;

“R” - Regularizações do período de tributação;

“A” - Apuramento de resultados;

“J” - Movimentos de ajustamento.

Analisando em detalhe:

“A” – Apuramento de resultados


Os movimentos do apuramento de resultados, a realizar normalmente no final do 33
ano (ou relato intercalar), terão que ser efetuados obrigatoriamente através do tipo

organização e controlo
de movimento contabilístico (campo “transaction type” na estrutura de dados do

Procedimentos de
SAF-T) “A – Apuramento de resultados”.

Os movimentos de apuramentos de resultados não podem ser efetuados como


movimentos de tipo “Normal”, “Regularizações do período de tributação” ou de
“Movimentos de Ajustamentos”.

III.04
O apuramento de resultados pode ser realizado de diferentes modos, dependendo
da estrutura e organização de cada programa informático de contabilidade, no-
meadamente através de uma opção que realiza uma proposta de movimento de
apuramento de resultados, da utilização de um diário específico, de um mês espe-
cífico (p.e. mês #16) ou qualquer outra opção similar (desde que lhe seja atribuído
o Código “A” para o tipo de movimento contabilístico no ficheiro SAF-T).

4.2.3. Entidades com e sem atividade durante o período de tributação


Ordem dos Contabilistas Certificados

Para as entidades que tenham atividade durante o período de tributação, ainda não
tenham reconhecido qualquer gasto ou rendimento nos resultados desse período,
é obrigatória a realização dos registos contabilísticos de apuramento de resulta-

Volume III. Relato Financeiro


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dos, relativamente às contas que contenham registos contabilísticos, ainda que


com indicação de valores a zero.

As entidades que estejam inativas durante o período de tributação estão dispensa-


das de efetuar estes registos contabilísticos de apuramento de resultados.

São consideradas como entidades inativas aquelas, que não tendo gastos ou ren-
dimentos registados no período de tributação em causa, tenham dado essa indi-
cação de inatividade no quadro 08 – “Situação da empresa”, indicação do código
2 – “Fim de atividade” da Folha de Rosto da IES.

“N” – Normal | “R” - Regularizações do período de tributação | “J” - Movimentos


de ajustamento

Para efeitos do SAF-T, não existe qualquer distinção entre os movimentos de tipo
Normal, Regularizações ou ajustamentos. Para estes diferentes tipos de movimen-
tos não estão previstos quaisquer registos específicos.

A utilização deste tipo de movimentos é livre, sendo uma mera opção do contabi-
lista certificado, atendendo aos procedimentos previstos no programa informático
34 de contabilidade.
organização e controlo
Procedimentos de
III.04

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Volume III. Relato Financeiro


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4.3. Classificação dos documentos relevantes


contabilísticos e fiscais

Não existe qualquer obrigação da classificação contabilística ser aposta no suporte


físico dos documentos, nem sequer existe a obrigação de imprimir essa classifica-
ção em papel.

Os registos contabilísticos são obrigatoriamente efetuados nos programas de con-


tabilidade, que têm que ter a capacidade de extração do SAF-T (PT) conforme
decorre do nº 8 do artigo 123.º do Código do IRC (CIRC).

O n.º 2 do artigo 123.º do CIRC estabelece que, na execução da contabilidade, to-


dos os lançamentos devem estar apoiados em documentos justificativos, datados
e suscetíveis de serem apresentados sempre que necessário.

Para o cumprimento desta obrigação não é necessário que a classificação contabi-


lística seja aposta diretamente no documento físico.

A classificação contabilística da operação é efetuada no programa de contabili-


dade, devendo existir uma referência inscrita no documento físico e no registo
35
informático que permita identificar e obter facilmente o documento justificativo no
arquivo (em papel ou digital).

organização e controlo
Procedimentos de
Essa referência pode conter uma menção ao diário, ao mês da operação e conter
uma numeração sequencial cronológica do registo (cf. a alínea b) do nº 2 do artigo
123.º do CIRC).

A separação por diários não é obrigatória, mas pode permitir uma mais eficaz orga-

III.04
nização e arquivo dos documentos.

Por sua vez, no arquivo, suporte físico ou digital, os documentos podem estar sepa-
rados por diário, por mês e ordenados por sequência cronológica do registo, para
ser possível a sua localização e obtenção sempre que necessário, nomeadamente
para efeitos de reconciliações, auditorias ou inspeções tributárias.
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4.4. Registo de faturas e outros documentos


(por documento ou por resumo)

A única possibilidade prevista no Código do IVA de registar contabilisticamente


as transmissões de bens e prestações de serviços por um resumo periódico está
prevista no n.º 1 do artigo 46.º do respetivo Código (neste caso um resumo diário)
e será somente quando estas operações estejam tituladas por faturas simplificadas
emitidas nos termos do artigo 40.º, cujo adquirente seja um não sujeito passivo,
e apenas pode ser efetuado se o sujeito passivo não utilizar sistemas informáticos
integrados de faturação e contabilidade.

Nas demais situações, por norma, cada documento comercial, nomeadamente fa-
turas emitidas a clientes deve corresponder a um movimento contabilístico único.
Da mesma forma, as faturas emitidas por fornecedores devem corresponder a um
movimento contabilístico único.

No caso de a entidade em causa emitir uma grande quantidade de faturas pe-


riodicamente, ou lhe seja emitida uma grande quantidade de faturas pelos for-
necedores, este procedimento pode apenas ser possível mediante a integração
automática das faturas emitidas através de programas informáticos de faturação
36 no programa informático de contabilidade, não sendo praticável, em tempo útil, o
registo contabilístico manual das faturas.
organização e controlo
Procedimentos de

Essa integração pode ser efetuada mediante a extração do ficheiro SAF-T do pro-
grama informático de faturação que será integrado no programa informático da
contabilidade.

No caso das faturas emitidas por fornecedores, pode recorrer-se ao ficheiro obtido
III.04

do Portal E-fatura, que contém as faturas emitidas e comunicadas por cada forne-
cedor. Note que o E-fatura só por si não fornece toda a informação e é necessá-
rio ser analisado criteriosamente, mas auxilia a integração da mesma, reduzindo o
lançamento manual e privilegiando a necessária e obrigatória validação e controlo
pelo contabilista.

No que respeita à obrigatoriedade de criação de clientes e fornecedores na tabela,


esta decorre dos procedimentos previstos na estrutura de dados do SAF-T (PT) nos
termos da Portaria n.º 302/2016, de 2 de dezembro (vide Anexo I, Tabela 2.2. – “Ta-
bela de Clientes (Customer)” e Tabela 2.3. – “Tabela de Fornecedores (Supplier)”).
Ordem dos Contabilistas Certificados

Nessas tabelas 2.2 e 2.3, um dos campos que obrigatoriamente tem de estar preen-
chido é o campo 2.2.2. e 2.3.2. Código da conta (AccountID), sendo que, de acordo
com as notas técnicas desse campo “Deve ser indicada a respetiva conta corrente

Volume III. Relato Financeiro


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do cliente/fornecedor no plano de contas da contabilidade, caso esteja definida.


Caso contrário, deve ser preenchido com a designação “Desconhecido””.

Como se constata, teoricamente, é possível que seja indicada uma conta corrente
da contabilidade única para todos os clientes e para todos os fornecedores (conta
21111 – “Clientes gerais” ou conta 22111 – “Fornecedores”). Contudo, para efeitos de
controlo e de reconciliação de terceiros, sugere-se a criação de subcontas na con-
tabilidade para relevar estas entidades quando tal forneça informação relevante e
seja importante para controlar contas correntes.

Adicionalmente, conforme se pode verificar pela análise do campo 3.4.3.9. da Ta-


bela 3 – “Movimentos contabilísticos (GeneralLedgerEntries)”, a identificação do
cliente (CustomerID) é obrigatória em:

- Operações com entidades não residentes;

- Operações efetuadas com entidades residentes, sendo excluídas, desde que não
utilizem sistemas informáticos integrados de faturação e contabilidade nem exista
acordo de autofaturação, as seguintes aquisições de bens e serviços:

a) Aquisições, pelo seu valor facial, de selos do correio em circulação ou de 37

valores selados referidas no n.º 24 do artigo 9.º do CIVA com exceção das respe-

organização e controlo
tivas comissões de venda;

Procedimentos de
b) Operações bancárias e financeiras referidas no n.º 27 do artigo 9.º do CIVA;

c) Operações de seguro e resseguro referidas no n.º 28 do artigo 9.º do CIVA


com exceção das respetivas a prestações de serviços conexas efetuadas pelos

III.04
corretores e intermediários de seguro;

d) Despesas referidas nas alíneas b), c), d) e e) do n.º 1 do artigo 21.º do CIVA (no-
meadamente, faturas de aquisição e fornecimento de combustíveis, refeições,
deslocações e estadas (hotéis, táxis, etc.));

e) Ficam também excluídas as vendas efetuadas a pessoas singulares, que des-


tinem os bens e/ou serviços a uso particular.

Similarmente, e conforme se pode verificar pela análise do campo 3.4.3.10. da Ta-


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bela 3 – “Movimentos contabilísticos (GeneralLedgerEntries)”, a identificação do


fornecedor (SupplierID) é obrigatória em:

- Operações com entidades não residentes;

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- Operações efetuadas com entidades residentes, sendo excluídas, desde que não
utilizem sistemas informáticos integrados de faturação e contabilidade nem exista
acordo de autofaturação, as seguintes aquisições de bens e serviços:

a) Aquisições, pelo seu valor facial, de selos do correio em circulação ou de


valores selados referidas no n.º 24 do artigo 9.º do CIVA com exceção das respe-
tivas comissões de venda;

b) Operações bancárias e financeiras referidas no n.º 27 do artigo 9.º do CIVA;

c) Operações de seguro e resseguro referidas no n.º 28 do artigo 9.º do CIVA


com exceção das respetivas prestações de serviços conexas efetuadas pelos
corretores e intermediários de seguro;

d) Despesas referidas nas alíneas b), c), d) e e) do n.º 1 do artigo 21.º do CIVA (no-
meadamente, faturas de aquisição e fornecimento de combustíveis, refeições,
deslocações e estadas (hotéis, táxis, etc.)).

Para todas estas situações excluídas de constar dos Anexos O e P da IES, parece ser
possível o registo de vendas e encargos pelo agregado mensal do montante total
38 das faturas, não se efetuando qualquer referência a cliente ou fornecedor nesse
registo contabilístico.
organização e controlo
Procedimentos de

Porém, reforça-se que efetua-se a identificação de clientes e fornecedores e o re-


gisto individualizado de faturas, notas de débito e notas de crédito (documento a
documento) de qualquer outro tipo de despesas, vendas ou serviços prestados,
sempre que possam vir a ser incluídas(os) nos anexos O ou P da IES, independente-
mente do montante (ainda que se estime inicialmente que o montante não venha
III.04

a superar os 25.000 euros), e mesmo que se aproveite de qualquer dispensa da


sua entrega, conforme previsto no artigo 29.º do CIVA, com a redação dada pelo
Decreto-Lei n.º 28/2019, de 15 de fevereiro.

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4.5. Contabilidade Analítica

Os sistemas de contabilidade analítica são sistemas de informação interna, sem


qualquer normalização estabelecida, podendo ser criados os mais variados proce-
dimentos para obtenção e organização dessa informação.

Os registos da contabilidade analítica são efetuados através de procedimentos es-


pecíficos previstos no programa de contabilidade, podendo tratar-se de movimen-
tos efetuados em partidas dobradas através de sistemas dualistas ou de sistemas
monistas.

Os registos em contas da contabilidade geral (classe 1 a 8) devem ser efetuados em


partidas dobradas e balanceadas entre si. Os registos em contas da contabilidade
analítica (classe 0/9 ou letra) podem não ficar balanceados. Um sistema balancea-
do é mais fácil de controlar e conferir.

Em alternativa, os movimentos da contabilidade geral podem ser balanceados com


contas da analítica (eventualmente com movimentos de reflexão).

Caso a entidade opte por criar no Plano de Contas do programa de contabilidade


contas da classe 9 (ou 0) – “contabilidade analítica”, essa informação, bem como 39

os respetivos registos contabilísticos são extraídos para o SAF-T relativo à conta-

organização e controlo
bilidade.

Procedimentos de
III.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


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4.6. Cumprimento do prazo de 90 dias para a execução da


contabilidade (durante o exercício e prestação de contas)

O prazo para os registos contabilísticos resulta de obrigações fiscais previstas nos


Códigos dos diferentes impostos.

Em termos de IRC, o n.º 3 do artigo 123.º do Código do IRC estabelece que não são
permitidos atrasos na execução da contabilidade superiores a 90 dias, contados do
último dia do mês a que as operações respeitam.

Esta obrigação diz respeito à execução da contabilidade como um todo, tendo em


conta as operações efetuadas num determinado mês. Naturalmente, não determi-
na qualquer incumprimento por um mero (ou alguns) documento emitido por uma
determinada entidade terceira não ter sido rececionado no decorrer do referido
prazo, ou quando exista a necessidade de proceder à correção dum registo conta-
bilístico efetuado anteriormente.

Para efeitos de IVA, as obrigações de registo dos documentos relevantes para esse
imposto, nomeadamente faturas e documentos retificativos, estão previstas nos
artigos 44.º a 52.º do Código desse imposto.
40

As faturas emitidas pelo sujeito passivo terão que ser registadas obrigatoriamente
organização e controlo

após a respetiva emissão e até à data da apresentação da Declaração Periódica do


Procedimentos de

período em causa se for enviada dentro do prazo legal, ou até ao fim desse prazo,
se essa obrigação não tiver sido cumprida, conforme previsto no n.º 1 do artigo 45.º
do CIVA.

Para as faturas emitidas pelos fornecedores, o registo contabilístico deve ser efe-
III.04

tuado após a receção das correspondentes faturas e guias ou notas de devolução,


até à apresentação da Declaração Periódica do período em causa se for enviada
dentro do prazo legal, ou até ao fim desse prazo, se essa obrigação não tiver sido
cumprida, conforme o n.º 1 do artigo 48.º do CIVA.

O cumprimento desses procedimentos é obrigatório, sem prejuízo de posteriores


retificações ou correções de erros ou faltas.

Em termos de IRC, o não cumprimento do referido prazo de 90 dias para o re-


gisto duma operação específica, ou da correção dum registo contabilístico duma
Ordem dos Contabilistas Certificados

operação realizada após esse prazo, não põe em causa a sua dedutibilidade para
efeitos da determinação do lucro tributável. Não está prevista qualquer limitação
específica à dedução de encargos para efeitos de IRC no artigo 23.º-A do CIRC para
o incumprimento deste prazo.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Todavia, quando o não cumprimento desse prazo for de âmbito geral, não estando
efetuado qualquer registo dentro desse prazo, a Autoridade Tributária e Aduaneira
pode considerar que a contabilidade não está a ser devidamente executada, poden-
do pôr em causa o lucro tributável ou prejuízo fiscal determinado nesse período.

Está ainda prevista uma coima para o atraso na execução da contabilidade, nomea-
damente dos respetivos registos, por período superior ao previsto na lei fiscal (90
dias), quando não seja punida como crime ou como contraordenação mais grave,
no montante de entre 250,00 euros e 5 000 euros (o dobro para pessoas coletivas),
conforme o n.º 2 do artigo 121.º do Regime Geral das Infrações Tributárias.

As correções de registos contabilísticos podem ser efetuadas diretamente através


de alterações dos dados incorretos no próprio registo contabilístico, ou em alter-
nativa através de movimentos de estornos.

Caso tenha que ser reconhecido o rédito pela venda de bens ou pelo serviço pres-
tado nos termos da NCRF 20 sem que tenha sido ainda emitida a fatura, a empresa
efetua o respetivo reconhecimento do rédito no período a que respeita, ainda que
tenha que efetuar um acréscimo de rendimentos.
41

Caso tenham existido aquisições de bens ou serviços, sem que tenha sido rececio-

organização e controlo
nada a respetiva fatura ou outro documento de suporte, o sujeito passivo efetua o

Procedimentos de
respetivo registo na data efetiva em que a operação foi realizada, ainda que tenha
que efetuar um acréscimo de gastos.

III.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


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4.7. Receção e controlo dos documentos

Tanto os responsáveis da entidade (cliente), como o Contabilista Certificado, de-


vem estabelecer procedimentos padrão de organização cronológica da documen-
tação, de modo a facilitar a sua consulta no arquivo, evitar duplicações nos registos
e promover o respetivo controlo.

Relativamente às listagens de documentos emitidos pelas empresas ou à informa-


ção constante do Portal E-fatura, tal apenas deve ser utilizado numa ótica de con-
trolo e de auxílio no registo mais célere ou na importação ou integração automática
de documentos (faturas de fornecedores e de clientes).

Continua a ser essencial que a documentação de suporte à contabilidade seja en-


viada para o Contabilista Certificado (em formato físico ou eletrónico), para que o
profissional a possa validar – em termos formais e técnicos -, assim como, para que
possa confirmar os registos contabilísticos efetuados ou integrados.

As listagens dos documentos emitidos pelas empresas ou a informação constante


do Portal E-fatura, só por si, não permitem ao Contabilista Certificado verificar a
regularidade contabilística e fiscal da faturação emitida ou recebida, atendendo
42 a que a informação disponibilizada no Portal E-Fatura não permite identificar com
segurança a natureza das operações. Razão pela qual, é sempre necessário conferir
organização e controlo

posteriormente todos os registos, analisando a correspondente documentação de


Procedimentos de

suporte.
III.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


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4.8. Processo do registo contabilístico

Uma breve referência ao processo do registo contabilístico, representado pelo re-


conhecimento e mensuração das operações e factos patrimoniais.

O que significa efetuar o reconhecimento e a mensuração? Trata-se simplesmente


do registo contabilístico. Na prática, efetuar o reconhecimento e mensuração de
determinada operação determina o procedimento de registar na contabilidade os
respetivos factos patrimoniais ou operações.

O registo contabilístico implica a realização de vários passos que podem ser segui-
dos: como identificar a natureza da operação ou do facto patrimonial, e o respetivo
objetivo e destino dos mesmos, verificar se cumprem os critérios de reconheci-
mento e qual o montante por que devem ser valorizadas.

Em detalhe o processo contabilístico, pode ser:

1.º passo - Identificar a natureza da operação ou do facto patrimonial


O primeiro passo será identificar a natureza da operação em causa, bem como
o seu objetivo e destino a ser dado na entidade. Isto é fundamental para perce-
ber em que tipo de elemento nas demonstrações financeiras se pode enquadrar a 43

operação, qual a norma contabilística e de relato financeiro (ou capítulo da norma

organização e controlo
contabilística e de relato financeiro para pequenas entidades – NCRF-PE ou da nor-

Procedimentos de
ma contabilística para microentidades – NC-ME ou da norma contabilística para as
entidades do setor não lucrativo NCRF-ESNL) aplicável, ou na sua falta, os critérios
de reconhecimento e de mensuração da estrutura concetual (ou supletivamente a
norma internacional de contabilidade) e até a conta a utilizar.

III.04
A identificação da natureza, do objetivo e destino da operação é informação obtida
do órgão de gestão.

2.º passo - Cumprimento da definição de elementos das demonstrações financeiras


No segundo passo, há então que verificar se tal facto ou operação cumpre a defini-
ção prevista para ativo, passivo, rendimento ou gasto.

3.º passo - Enquadramento nas NCRF ou glossário do SNC


A seguir há que verificar se pode ser enquadrável em conceito especificamente pre-
visto em alguma NCRF ou no glossário do SNC (e capítulos da NCRF-PE e NC-ME).
Ordem dos Contabilistas Certificados

E quando não conseguimos enquadrar a operação em qualquer norma contabilísti-


ca do SNC, qual o procedimento?

Volume III. Relato Financeiro


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Na ausência de uma NCRF ou Norma Interpretativa (ou capítulo da NCRF-PE ou NC-


-ME) que se aplique especificamente a uma transação, outro acontecimento ou con-
dição, poderá aplicar-se supletivamente (ou seja, apenas para atender ao tratamento
contabilístico dessa operação) os requisitos das NCRF que tratam de assuntos seme-
lhantes e relacionados e as definições e os critérios de reconhecimento e de mensu-
ração para ativos, passivos, rendimentos e gastos na Estrutura Conceptual.

4.º passo – Cumprimento dos critérios de reconhecimento


O quarto passo será verificar se o elemento em causa cumpre os critérios de re-
conhecimento. Os critérios de reconhecimento são aqueles previstos na NCRF (ou
capítulo da NC-ME ou NCRF-PE) aplicável à operação ou facto patrimonial, ou os
critérios gerais de reconhecimento previstos na estrutura concetual caso não seja
enquadrável em qualquer norma do SNC (ou das normas internacionais de contabi-
lidade por aplicação supletiva).

5.º passo – Determinar a mensuração


O quinto passo é calcular o valor pelo que o mesmo será registado (mensuração).

A mensuração é determinada pela NCRF aplicável, sendo o custo (histórico) a base


da mensuração do SNC, sem prejuízo de outras mensurações previstas.
44
Há que identificar a mensuração inicial e a seguir a mensuração subsequente, se
organização e controlo

for o caso.
Procedimentos de

6.º passo – Identificar a conta do plano de contas


O sexto passo é identificar a conta do plano de contas correspondente ao elemen-
to a ser registado na contabilidade, e que irá ser incluído nas demonstrações finan-
ceiras através da respetiva transposição do saldo da respetiva conta para a rúbrica
III.04

correspondente à natureza da operação ou facto patrimonial.

7.º passo – Proceder ao registo


Efetuar os lançamentos das contas no diário contabilístico no programa de conta-
bilidade.
3.º Passo
• Enquadrar nas
5.º Passo 7.º Passo
1.º Passo NCRF
• Determinar • Proceder
• Identificar • Glossário
a mensuração ao registo
a natureza do SNC
Ordem dos Contabilistas Certificados

2.º Passo 4.º Passo 6.º Passo


• Definição de • Critérios para • Identificar
elemento de DF reconhecer a conta do plano
de contas

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4.9. Análise e controlo do processo contabilístico

Aquando do encerramento de um determinado período de relato financeiro – seja


mensal, trimestral, semestral ou anual -, um dos procedimentos essenciais que o
Contabilista Certificado deve adotar passa por extrair um balancete analítico rela-
tivo a esse último período de relato financeiro que encerrou, comparando-o com
o balancete analítico que terá extraído e guardado aquando do respetivo encerra-
mento, de modo a confirmar se permanece igual ou se foram efetuadas alterações
à contabilidade, adotando depois as medidas que considere adequadas à situação
em concreto. E este procedimento é aplicável a outras áreas, designadamente à
gestão comercial e recursos humanos.

Quando terminar substancialmente de efetuar os lançamentos contabilísticos rela-


tivos a determinado período de relato (mensal, trimestral, semestral ou anual), o
Contabilista Certificado deve extrair um balancete analítico a essa data e analisar a
adequabilidade de todos os saldos contabilísticos.

Neste sentido, iremos então indicar diversos procedimentos de controlo contabilís-


tico específicos de algumas das principais rubricas contabilísticas.

45

organização e controlo
Procedimentos de
III.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

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4.10. Controlo contabilístico:


Meios financeiros líquidos

Os meios financeiros líquidos incluem o dinheiro, depósitos bancários, bem como


ativos ou passivos financeiros mensurados ao justo valor e constituem, em regra,
dos ativos mais suscetíveis de utilização desapropriada, pelo que é relevante dis-
por de um adequado sistema de controlo destes itens.

A própria Lei Geral Tributária (LGT) prevê regras relativas à utilização de contas
bancárias e às transações em numerário, das quais se salientam os seguintes
aspetos:

- Proibição de pagamento e recebimento em numerário a partir de determina-


dos montantes (cf. artigo 63.º-E da LGT);

- Obrigatoriedade de os sujeitos passivos de IRC, bem como os sujeitos pas-


sivos de IRS que disponham ou devam dispor de contabilidade organizada,
possuírem, pelo menos, uma conta bancária através da qual devem ser, ex-
clusivamente, movimentados os pagamentos e recebimentos respeitantes à
atividade empresarial desenvolvida, incluindo os movimentos relativos a su-
46
primentos, outras formas de empréstimos e adiantamentos de sócios, bem
como quaisquer outros movimentos de ou a favor dos sujeitos passivos (cf.
organização e controlo

artigo 63.º-C da LGT).


Procedimentos de

4.10.1. Caixa
Dependendo da dimensão e complexidade de determinada entidade, poderá
III.04

eventualmente existir mais do que um caixa, havendo que replicar, para cada
caixa, os procedimentos que serão indicados e outros que se considerem perti-
nentes.

Comecemos por referir que a Caixa tem por base operações com dinheiro físico,
não incluindo operações financeiras de outra natureza (cheques de clientes não
depositados, vales à caixa, selos e outros similares).

Assim, recomendam-se os seguintes procedimentos de controlo:


Ordem dos Contabilistas Certificados

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Procedimentos de controlo de caixa


Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

Segregação de funções
• Dependendo da dimensão das entidades, a utilização do caixa, a validação do caixa,
o registo contabilístico das operações de caixa e controlo, devem ser assegurados por
pessoas distintas.

Transações de pequeno valor


• O caixa apenas deve ser utilizado para transações de pequeno valor, respeitando o dispos-
to na LGT quanto à proibição de determinados pagamentos e recebimentos em numerário.

Fundo fixo
• Poderá ser recomendável, em algumas organizações, a utilização de um sistema de
fundo fixo de caixa, o qual deve ser reposto, no limite, no final de cada mês.

Folha de caixa periódica (diária, mensal, …)


• Independentemente do sistema utilizado, com ou sem fundo fixo, deve ser preparada
uma folha de caixa periódica, que contenha o saldo inicial, as transações e o saldo final
do período.
• Devem anexar-se todos os documentos de suporte à respetiva folha de caixa (p.e. fatu-
ras das despesas pagas por caixa, recibos de eventuais valores recebidos por caixa, cópia
de cheque para reposição do caixa, entre outros).
• Devem ser efetuadas contagens físicas do caixa com regularidade, comparando poste- 47
riormente com o saldo da folha de caixa e com o saldo contabilístico.
• A folha de caixa deve ser validada pelo órgão de gestão ou responsável financeiro da

organização e controlo
entidade.

Procedimentos de
Conferência dos documentos de suporte
• Antes de se efetuarem pagamentos deve ser verificado se a despesa subjacente é válida no
âmbito da atividade da entidade e se está devidamente documentada do ponto de vista fiscal.

Documentação para a contabilidade

III.04
• A folha de caixa periódica deve ser entregue ao Contabilista Certificado, com os respe-
tivos documentos de suporte às transações devidamente anexos.

Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Conferência dos documentos de suporte


• Verificar se todas as transações da folha de caixa periódica têm os adequados docu-
mentos de suporte e se esses documentos cumprem os requisitos fiscais.
• Os documentos em falta devem ser solicitados aos responsáveis da entidade.

Transações de pequeno valor


• Como acima mencionado, o caixa deve ser utilizado somente para transações de peque-
no valor, respeitando o disposto na LGT quanto à proibição de determinados pagamentos
Ordem dos Contabilistas Certificados

e recebimentos em numerário.
• Deste modo, se existirem transações ou saldos no caixa de valor elevado, devem ser
prontamente analisados e justificados, questionando-se o órgão de gestão da entidade
sempre que for necessário.

Volume III. Relato Financeiro


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Conferência de saldos
• Verificar se o saldo inicial da folha de caixa do mês corrente coincide com o saldo final
do mês anterior, assim como os correspondentes saldos contabilísticos.
• Após o correto registo contabilístico das transações do mês corrente, deve verificar-se
se o saldo final contabilístico coincide com o saldo final da folha de caixa.

Conferência dos registos contabilísticos


• Os registos contabilísticos das transações devem ser conferidos, garantindo o cumpri-
mento do normativo contabilístico adotado pelas entidades.
• Devem ser analisadas as contas de “transferência” de caixa (se forem utilizadas) e respe-
tivo detalhe em cada período de relato (preferencialmente numa base mensal).

Caixa em outras divisas


• À data de relato financeiro, o caixa em moeda estrangeira deve ser transposto pelo uso
da taxa de câmbio de fecho.

Demonstração de fluxos de caixa


• É recomendável configurar o programa de contabilidade, de modo que todos os regis-
tos contabilísticos de caixa e seus equivalentes obriguem à identificação de um código
relativo à tipologia de fluxo de caixa, que permita a automatização da demonstração de
fluxos de caixa.

Exemplo de folha de caixa (fundo fixo)


Data Operação Entradas Saídas Saldo
48
Saldo inicial
organização e controlo
Procedimentos de
III.04

Reposição do fundo fixo – Chq. N.º


Saldo final

4.10.2. Depósitos bancários

A generalidade das operações de pagamento e recebimento devem ser efetuadas


por meios que permitam a identificação do respetivo destinatário, designadamen-
te transferência bancária, cheque nominativo, débito direto ou MB Way.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


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Será o caso, por exemplo, da maioria dos pagamentos a fornecedores e recebimen-


tos de clientes, pagamentos ao pessoal, pagamentos e recebimentos relacionados
com o Estado (Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), Segurança Social (SS) e ou-
tras entidades), entre outros.

O Contabilista Certificado deve sensibilizar os responsáveis das entidades para a


importância de disponibilização atempada de todos os extratos bancários e cor-
respondente documentação relativa a cada transação. Um tempestivo e eficiente
acompanhamento dos movimentos bancários é um ponto de partida indispensável
para a preparação das demonstrações financeiras, sugerindo-se que o Contabilista
Certificado tenha acesso à consulta dos extratos bancários da entidade.

Neste sentido, recomendam-se os seguintes procedimentos de controlo:

Procedimentos de controlo de depósitos bancários


Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

Segregação de funções
• Dependendo da dimensão das entidades, os processos de autorização, execução e
controlo de operações bancárias devem ser assegurados por pessoas distintas. 49

Validação dos documentos de suporte

organização e controlo
• Antes de se efetuarem pagamentos deve ser verificado se a despesa subjacente é válida

Procedimentos de
no âmbito da atividade da entidade e se está devidamente documentada do ponto de
vista fiscal.

Meios de pagamento e processo de autorização


• A utilização de cheques deve ser cautelosa (p.e. não devem ser passados cheques em
branco, os cheques devem ser nominativos (“não à ordem”) e cruzados).

III.04
• Deve ser guardada cópia dos cheques emitidos ou anulados.
• Dependendo da dimensão e complexidade da entidade, poderá ser recomendável esta-
belecer a obrigação de, pelo menos, duas autorizações ou assinaturas (de pessoas inde-
pendentes) para validação de pagamentos, quer seja por cheque, ordem de transferência
bancária ou autorização de débito direto.

Depósito de recebimentos diários


• Os valores recebidos por cheque ou em numerário devem ser diariamente depositados,
verificando-se a veracidade do conteúdo do comprovativo de depósito bancário.
• Deve-se guardar cópia dos cheques recebidos.

Documentação para a contabilidade


• Os extratos bancários devem ser entregues ao Contabilista Certificado, com os respeti-
Ordem dos Contabilistas Certificados

vos documentos de suporte às transações devidamente anexos.


• Seria vantajoso o Contabilista Certificado ter acesso à consulta dos extratos bancários
da entidade.

Volume III. Relato Financeiro


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Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Conferência dos documentos de suporte


• Solicitar mensalmente todos os extratos bancários e respetivos documentos de suporte
às transações.
• Verificar se todas as transações dos extratos bancários têm os adequados documentos
de suporte e se esses documentos cumprem os requisitos fiscais.
• Os documentos em falta devem ser solicitados aos responsáveis da entidade.

Base de Dados de Contas (Banco de Portugal)


• Deve consultar-se a informação disponível no portal do Banco de Portugal relativamen-
te à Base de Dados de Contas, através do seguinte acesso (comparando com os saldos
contabilísticos):
https://www.bportugal.pt/area-empresa/formulario/232

Criação de subcontas
• Devem ser criadas subcontas no plano de contas relativas a cada conta bancária das
entidades.

Reconciliação bancária mensal


• Mensalmente, após o reconhecimento contabilístico das operações bancárias, devem
ser elaboradas as reconciliações bancárias de todas as contas de depósitos bancários.
• As reconciliações bancárias devem ser validadas pelo Contabilista Certificado responsável.

Reconciliação bancária – saldos


50 • Devem confrontar-se os saldos contabilísticos iniciais e finais com os saldos dos ex-
tratos bancários e, em qualquer dos casos, com os saldos inscritos nas reconciliações
bancárias.
organização e controlo

• E verificar as operações aritméticas e fórmulas das reconciliações bancárias, de modo a


Procedimentos de

evitar adulterações (sobretudo se forem efetuadas em folhas de cálculo).

Reconciliação bancária – análise e investigação de transações


• As transações “em aberto” na reconciliação bancária devem ser analisadas, devendo
solicitar-se esclarecimentos ao órgão de gestão sempre que for necessário.
III.04

• Deve ser efetuada uma investigação mais profunda quando permanecem valores “em
aberto” por mais do que um mês.
• Devem ser analisados os valores “em aberto” no final do período de relato, constantes
da reconciliação bancária, para verificar se estão devidamente contabilizadas todas as
operações, para assegurar a apresentação apropriada das demonstrações financeiras.

Contas bancárias em outras divisas


• Devem ser validadas as taxas de câmbio utilizadas na transposição de saldos e ope-
rações em moeda estrangeira, para a moeda funcional, tendo em atenção as normas
contabilísticas relativas aos efeitos de alterações em taxas de câmbio.
• À data de relato financeiro, os depósitos bancários em moeda estrangeira devem ser
transpostos pelo uso da taxa de fecho.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Juros bancários obtidos


• O reconhecimento de rendimentos relativos a juros obtidos de depósitos bancários
deve respeitar o regime de acréscimo ou periodização económica.
• Verificar as retenções na fonte que terão sido efetuadas.

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Conferência dos registos contabilísticos


• Os registos contabilísticos das transações devem ser conferidos, garantindo o cumpri-
mento do normativo contabilístico adotado pelas entidades.

Demonstração de fluxos de caixa


• É recomendável configurar o programa de contabilidade, de modo que todos os registos
contabilísticos de caixa e seus equivalentes obriguem à identificação de um código relativo à
tipologia de fluxo de caixa, que permita a automatização da demonstração de fluxos de caixa.

Modelo exemplificativo de reconciliação bancária


Atualmente, já existem programas informáticos que preparam a reconciliação ban-
cária. Porém, em muitas situações, a reconciliação bancária ainda é preparada me-
diante a utilização de folhas de cálculo.

Existem certamente vários modelos de reconciliação bancária, mais ou menos si-


milares. O que apresentamos de seguida é somente um exemplo. O importante é
que se alcance o objetivo de controlo eficaz pretendido, independentemente do
modelo utilizado pelo Contabilista Certificado.

51

organização e controlo
Procedimentos de
III.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

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4.10.3. Outros instrumentos financeiros

De acordo com as notas de enquadramento ao código de contas, a conta 14 –


“Outros instrumentos financeiros” visa reconhecer os instrumentos financeiros que
sejam mensurados ao justo valor, designadamente os derivados. Sem prejuízo do
disposto na nota sobre a conta 41, excluem-se da conta 14 os instrumentos finan-
ceiros que devam ser mensurados ao custo, custo amortizado ou método da equi-
valência patrimonial.

Quando aplicável, os responsáveis das entidades devem disponibilizar ao Contabi-


lista Certificado as informações relativas à contratualização de produtos derivados,
designadamente, futuros, forwards, opções e contratos de swap, assim como as
respetivas variações de justo valor destes produtos.

Similarmente, quando aplicável, os responsáveis das entidades devem disponibilizar


ao Contabilista Certificado as informações relativas à contratualização de instrumen-
tos financeiros detidos para negociação, designadamente, ações, obrigações, unida-
des de participação e outros similares, que sejam altamente líquidos e mobilizáveis,
assim como as respetivas variações de justo valor destes instrumentos.

52 Na posse destas informações e com os documentos de suporte necessários, o Conta-


bilista Certificado deverá proceder ao registo contabilístico das transações subjacen-
organização e controlo

tes tendo em consideração o normativo contabilístico adotado por cada entidade.


Procedimentos de

Quando aplicável, deverá proceder-se à atualização contabilística destes instru-


mentos financeiros para os respetivos justos valores, efetuando posteriormente a
respetiva conferência face à informação dos documentos de suporte.
III.04

Procedimentos de controlo de outros instrumentos financeiros


Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

Segregação de funções
• Dependendo da dimensão das entidades, os processos de autorização, execução e
controlo de operações com outros instrumentos financeiros devem ser assegurados por
pessoas distintas.

Manual de procedimento e outras informações


• Dependendo da dimensão das entidades e da complexidade das operações desenvolvi-
das, será útil elaborar um manual de procedimentos que defina e regule os diversos aspe-
Ordem dos Contabilistas Certificados

tos relativos à contratação de outros instrumentos financeiros, tais como aplicações para
excessos de tesouraria, contratação de instrumentos derivados, definição da política de
cobertura do risco financeiro associado às operações.

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Documentação para a contabilidade


• Os extratos das instituições financeiras onde estão contratados os outros instrumentos
financeiros devem ser entregues ao Contabilista Certificado, com os respetivos docu-
mentos de suporte às transações devidamente anexos.
• Cotações de mercado dos instrumentos financeiros (se não incluídos nos extratos).
• Seria vantajoso o Contabilista Certificado ter acesso à consulta dos extratos dessas
instituições financeiras para obtenção da informação atempadamente.

Da responsabilidade do Contabilista Certificado

Conferência dos documentos de suporte


• Analisar as caraterísticas dos montantes a contabilizar na conta 14 – Outros Instrumen-
tos Financeiros nomeadamente a sua natureza de curto prazo, para efetuar a distinção na
classificação entre instrumentos derivados, detidos para negociação ou ativos financei-
ros disponíveis para venda, bem como efetuar o tratamento de contabilidade cobertura.
• Solicitar mensalmente todos os extratos das instituições financeiras e respetivos docu-
mentos de suporte às transações.
• Solicitar mensalmente as cotações de mercado dos instrumentos financeiros para apli-
cação da mensuração ao justo valor com alterações através de resultados.
• Verificar se todas as transações dos extratos dessas instituições financeiras têm os ade-
quados documentos de suporte e se esses documentos cumprem os requisitos fiscais.
• Os documentos em falta devem ser solicitados aos responsáveis da entidade.

Enquadramentos contabilísticos e fiscais


• Efetuar o reconhecimento inicial da contratação de instrumentos financeiros no perío- 53
do, com a respetiva classificação atendendo à sua natureza e destino na entidade.
• Efetuar a atualização das quantias escrituradas para o justo valor dos instrumentos

organização e controlo
financeiros mensurados ao justo valor com alterações através de resultados.

Procedimentos de
• Verificar o eventual impacto fiscal do reconhecimento dos rendimentos e gastos, pela
aplicação da mensuração ao justo valor com alterações através de resultados (nº 9 do
artigo 18.º do CIRC);
• Efetuar o desreconhecimento dos instrumentos alienados ou reembolsados no período,
com o apuramento do respetivo rendimento ou gasto, tendo também em conta o impac-

III.04
to fiscal dessas operações.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


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4.11. Controlo contabilístico:


Clientes, vendas e prestações de serviços

Tendo em consideração que as vendas e prestações de serviços estão diretamente


relacionadas com os clientes, faz sentido analisar de forma conjunta os procedi-
mentos de controlo destas rubricas.

É relevante que as entidades disponham de um eficiente sistema de controlo


interno administrativo relacionado com todo o processo de venda e ou de presta-
ção de serviços, emissão de faturação, assim como, com o controlo de crédito de
clientes.

4.11.1. Clientes

Um dos objetivos mais significativos dos procedimentos de controlo de clientes é


perceber a composição das respetivas contas correntes, ou seja, as transações “em
aberto” nas contas correntes de clientes, de modo que seja possível:

- Antecipar riscos de incobrabilidade de créditos e tomar as medidas necessá-


54
rias para prevenir essas situações;
organização e controlo

- Orçamentar os fluxos financeiros de recebimento de clientes;


Procedimentos de

- Verificar a eventual necessidade de reconhecimento de perdas por imparidade


em dívidas a receber de clientes, evitando que os respetivos saldos contabilís-
ticos estejam sobreavaliados, tendo presente que o reconhecimento contabilís-
III.04

tico de perdas por imparidade não deve ser influenciado por quaisquer precon-
ceitos fiscais ou outros;

- Controlar e observar, para efeitos fiscais, as regras em sede de IRC relacio-


nadas com as perdas por imparidade, nos termos previstos nos artigos 28.º-A,
28.º-B, 28.º-C e 41.º do respetivo Código;

- Controlar os prazos para proceder atempadamente aos pedidos de regulari-


zação do IVA relacionados com créditos de cobrança duvidosa e créditos in-
cobráveis, nos termos previstos nos artigos 78.º a 78.º-D do respetivo Código,
evitando que esses prazos sejam ultrapassados e se desperdice a recuperabili-
Ordem dos Contabilistas Certificados

dade do imposto.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.11.2. Vendas e prestações de serviços

O objetivo dos procedimentos de controlo de vendas e prestações de serviços é ga-


rantir que o rédito proveniente destas operações se encontra devidamente reconhe-
cido e mensurado no período a que respeita, assim como os correspondentes gastos.

Visando todos estes objetivos de controlo, os programas ou módulos de contabili-


dade e de gestão comercial devem permitir, pelo menos, a emissão dos seguintes
documentos: listagens de documentos de faturação emitidos; extratos de clientes
com todas as transações; extratos de clientes somente com a composição dos
saldos, ou seja, com as transações “em aberto”; balancetes de clientes por antigui-
dade de saldos; e listagens de títulos a receber.

Para este efeito, será fundamental dispor de fichas individualizadas de clientes nos
programas informáticos.

Assim, recomendam-se os seguintes procedimentos de controlo:

Procedimentos de controlo de clientes, vendas e prestações de serviços


Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade: 55
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

organização e controlo
Segregação de funções

Procedimentos de
• Dependendo da dimensão das entidades, a autorização de transações, custódia de
bens, registo contabilístico e controlo, devem ser assegurados por pessoas distintas.

Manual de procedimentos e outras informações


• Dependendo da dimensão das entidades e da complexidade das operações desenvolvi-
das, será útil elaborar um manual de procedimentos que defina e regule todo o processo

III.04
de venda e ou prestação de serviços e respetivas autorizações, desde a sua encomenda
até à cobrança dos valores faturados, incluindo dados sobre os clientes e a definição de
políticas de prazos de vencimento de faturação.
• Deve proceder-se à verificação e acompanhamento dos procedimentos estabelecidos.

Faturas, documentos de transporte e demais documentos fiscalmente relevantes


• As faturas, documentos de transporte e demais documentos fiscalmente relevantes
devem ser emitidos em conformidade com as normas legalmente previstas, designa-
damente, no âmbito do Código do IVA, do RITI, do Decreto-Lei n.º 28/2019, de 15 de
fevereiro, e do Regime dos Bens em Circulação objeto de transações entre sujeitos
passivos de IVA (RBC).
• Deve proceder-se à comunicação dos elementos das faturas e outros documentos emi-
tidos nos termos do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, na sua
Ordem dos Contabilistas Certificados

redação atual.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Notas de crédito
• Haverá que atender ao disposto no n.º 5 do artigo 78.º do Código do IVA. Quando se
proceda à regularização do IVA em nota de crédito, deve obter-se prova de que o cliente
tomou conhecimento da retificação ou de que foi reembolsado do imposto, sem o que
se considera indevida a respetiva dedução.

Conferência de documentos de faturação


• Os documentos de faturação devem ser conferidos antes do seu envio para os clientes,
preferencialmente por pessoa diferente daquela que os emitiu.
• Deve ser confirmado se todos os bens vendidos e ou serviços prestados foram faturados.

Clientes de cobrança duvidosa e clientes incobráveis


• O órgão de gestão da entidade deve analisar periodicamente o balancete de clientes
por antiguidade de saldos, agindo no sentido de recuperar dívidas em mora.
• Deve também informar o Contabilista Certificado sobre os clientes de cobrança duvi-
dosa e clientes incobráveis, para que sejam reconhecidas as respetivas perdas por impa-
ridade ou a incobrabilidade de dívidas.
• Do mesmo modo, também deve informar da eventual recuperabilidade de créditos
anteriormente considerados como incobráveis ou de cobrança duvidosa.

Documentação para a contabilidade


• Devem ser disponibilizados ao Contabilista Certificado (quando aplicável):
- Os documentos de faturação emitidos (incluindo notas de crédito e de débito);
- Listagens de documentos de faturação emitidos;
56 - Extratos de clientes com todas as transações;
- Extratos de clientes apenas com a composição dos saldos, ou seja, com as transações
“em aberto”;
organização e controlo

- Balancetes de clientes por antiguidade de saldos;


Procedimentos de

- Listagens de títulos a receber e informações sobre a situação dos títulos;


- Informações sobre contratos de factoring com ou sem recurso;
- Dados relacionados com situações de cobrança duvidosa, incobrabilidade e conten-
cioso de clientes;
- Informações sobre bens e serviços fornecidos, mas ainda não faturados aos clientes;
III.04

- Informações sobre bens e serviços faturados aos clientes, mas ainda não fornecidos;
- Informações sobre devoluções, descontos, bónus ou similares que aguardam a emissão
de nota de crédito, assim como outros acertos que aguardam a emissão de nota de débito;
- Outras informações que o profissional solicite para o correto reconhecimento contabi-
lístico do rédito, dos saldos de clientes, imparidades e respetivas reversões.

Da responsabilidade do Contabilista Certificado

Enquadramento fiscal das operações


• Para evitar constrangimentos futuros, nomeadamente do ponto de vista fiscal, será vanta-
joso que o Contabilista Certificado e o órgão de gestão das entidades definam de antemão
as operações de venda e ou prestações de serviços que estas últimas já desenvolvem ou
pretendem vir a desenvolver, incluindo a tipologia de clientes e a localização das operações,
Ordem dos Contabilistas Certificados

de modo a averiguar o correto enquadramento fiscal das mesmas, designadamente em ma-


téria de IVA e, naturalmente, de emissão de faturação e demais documentos fiscalmente
relevantes.
• Caso ocorram alterações ao inicialmente definido devem reavaliar-se as situações em causa.

Volume III. Relato Financeiro


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Conferência dos documentos de faturação


• O Contabilista Certificado deve verificar se a faturação emitida cumpre todos os requisi-
tos fiscais, incluindo os documentos retificativos de fatura e a aplicabilidade do disposto
no n.º 5 do artigo 78.º do Código do IVA.
• Deve ser periodicamente averiguado se foi efetuada a comunicação da faturação e dos
outros documentos emitidos nos termos do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24
de agosto, na sua redação atual (caso seja contratualizado com o cliente o cumprimento
desta obrigação pelo Contabilista Certificado, deve o profissional salvaguardar o respe-
tivo envio para a AT).
• Deve averiguar se foi efetuada a comunicação pela não emissão de documentos (faturas
e outros documentos) a comunicar no Portal E-Fatura.
• As irregularidades detetadas devem ser reportadas aos responsáveis da entidade, ten-
do como objetivo a sua regularização.

Conferência dos registos contabilísticos


• Haverá que ter em consideração os requisitos da contabilidade e dos registos conta-
bilísticos previstos nos artigos 44.º e seguintes do Código do IVA (que serão abordados
aquando da análise da conta 243).
• Os registos contabilísticos das transações devem ser conferidos, garantindo o cumpri-
mento do normativo contabilístico adotado pelas entidades.
• As transações e saldos com partes relacionadas devem ser confirmados junto das mes-
mas e deve ter-se em consideração a matéria relativa a preços de transferência (cf. artigo
63.º do Código do IRC).
• E visto que muitas vezes os registos contabilísticos destas operações são efetuados 57
por integração ou importação de dados, é fundamental que o Contabilista Certificado
proceda à devida conferência posterior, comparando com os respetivos documentos de

organização e controlo
suporte às transações (faturas, notas de débito e de crédito, contratos, entre outros).

Procedimentos de
• Recomenda-se especial atenção aos seguintes aspetos:
- Comparar os registos contabilísticos com a listagem de documentos emitidos extraída
do programa de faturação;
- Verificar se o rédito de vendas e prestações de serviços, bem como os respetivos gas-
tos, foram reconhecidos no período a que respeitam, atendendo às normas do rédito,

III.04
contratos de construção e ao regime do acréscimo;
- Na venda de quaisquer bens devem ser confirmadas as condições comerciais con-
tratadas entre as partes, ou seja, o termo de entrega utilizado (Incoterms), de modo a
determinar o momento em que se transfere o controlo dos bens vendidos e se procede
ao desreconhecimento do ativo subjacente;
- Verificar o registo contabilístico de devoluções de clientes, concessão de abatimen-
tos, bónus ou descontos, adiantamentos de clientes e vendas à consignação, assim
como outras situações mais particulares ou específicas;
- Verificar as operações e transações do final do período de relato anterior e do início
do período de relato seguinte, de modo a detetar eventuais situações de acréscimos ou
diferimentos, com impacto no reconhecimento do rédito e respetivos gastos;
- Analisar a evolução mensal das vendas, prestações de serviços, respetivos gastos e a
Ordem dos Contabilistas Certificados

margem bruta, de modo a detetar atempadamente eventuais distorções e, sempre que


possível, comparar com orçamentos e ou com a contabilidade analítica ou por centros
de custos, interpretando os desvios ocorridos.

Volume III. Relato Financeiro


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Conferência de saldos de clientes


• É essencial existirem fichas individualizadas de clientes nos programas informáticos.
• Periodicamente, pelo menos anualmente, devem ser elaborados ou extraídos mapas
ou extratos de clientes e de transações “em aberto” de clientes, assim como balancetes
de clientes, utilizando a informação do módulo de contabilidade e do módulo de gestão
comercial, de forma a reconciliar os saldos e detetar eventuais erros ou omissões.
• Eventualmente, após a análise desses dados, em algumas situações de dúvida, poderá
ser necessário a própria entidade solicitar pedidos de confirmação de saldos e extratos
de conta corrente a clientes. Nestas circunstâncias, deve posteriormente proceder-se à
reconciliação da conta corrente com o cliente.
• Verificar a maturidade dos saldos.
• Verificar a mensuração dos saldos (custo / custo amortizado).
• Verificar a aplicação do princípio de não compensação de saldos.
• Em resultado desta investigação poderá ser necessário efetuar correções contabilísti-
cas.

Transações e saldos em moeda estrangeira


• Devem ser validadas as taxas de câmbio utilizadas aquando da transposição de ope-
rações e saldos em moeda estrangeira, para a moeda funcional, tendo em atenção as
normas contabilísticas relativas aos efeitos de alterações em taxas de câmbio.

Letras e contratos de factoring


58 • Os registos contabilísticos das operações relacionadas com títulos a receber e con-
tratos de factoring devem ser validados com os respetivos documentos de suporte e
listagens.
organização e controlo
Procedimentos de

Imparidade de clientes
• Periodicamente, pelo menos anualmente, devem ser analisados os balancetes de clien-
tes por antiguidade de saldos e comparados com os saldos contabilísticos.
• Da análise ao balancete de clientes por antiguidade de saldos, e verificando-se a exis-
tência de dívidas em mora, o Contabilista Certificado deve questionar o órgão de gestão
III.04

da entidade sobre a eventual necessidade de se reconhecerem imparidades de clientes,


situações de contencioso de clientes e, noutros cenários, eventuais reversões de impari-
dades anteriormente reconhecidas, decorrente da recuperabilidade de créditos.
• Haverá que verificar os saldos das contas de perdas por imparidade acumuladas.
• O registo contabilístico das perdas por imparidade de dívidas a receber não deve ser
influenciado por quaisquer preconceitos fiscais ou outros.
• Recomenda-se a consulta do parágrafo 25 da NCRF 27 – “Instrumentos Financeiros”,
no qual se encontram exemplos de evidência objetiva de que um ativo se encontra em
imparidade.
• Sem prejuízo do exposto, para efeitos estritamente fiscais, haverá que acompanhar o
disposto no Código do IVA e no Código do IRC relativamente a esta matéria, proceden-
Ordem dos Contabilistas Certificados

do-se em conformidade.
• Quando aplicável, o Contabilista Certificado deve garantir a elaboração do “Mapa de
Provisões, Perdas por Imparidade em Créditos e Ajustamentos de Inventários”, o qual faz
parte integrante do dossiê fiscal.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Apresenta-se de seguida um modelo exemplificativo de reconciliação de clientes.

59

organização e controlo
Procedimentos de
III.04
4.11.3. Outras contas a receber

Os procedimentos referidos devem ser aplicados, com as necessárias adaptações,


às rubricas de outras contas a receber.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


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4.12. Controlo contabilístico:


Fornecedores de bens e de serviços

As entidades devem igualmente dispor de um eficiente sistema de controlo inter-


no de compras de bens e de serviços e de seleção de fornecedores, não só para
efeitos de controlo de custos e orçamentação dos fluxos financeiros de pagamento
a fornecedores, mas também para assegurar que adquirem os bens e serviços ne-
cessários à prossecução da sua própria atividade.

Será conveniente que os programas ou módulos de contabilidade e de gestão co-


mercial permitam a emissão de extratos de fornecedores com todas as transações,
extratos de fornecedores somente com a composição dos saldos, ou seja, com as
transações “em aberto” e balancetes de fornecedores.

Para este efeito, será fundamental dispor de fichas individualizadas de fornecedo-


res nos programas informáticos.

Neste sentido, recomendam-se os seguintes procedimentos de controlo:

60 Procedimentos de controlo de fornecedores de bens e de serviços


Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)
organização e controlo
Procedimentos de

Segregação de funções
• Dependendo da dimensão das entidades, a autorização de transações, custódia de
bens, registo contabilístico e controlo, devem ser assegurados por pessoas distintas.

Manual de procedimentos e outras informações


III.04

• Dependendo da dimensão das entidades e da complexidade das operações desen-


volvidas, será útil elaborar um manual de procedimentos que defina e regule todo o
processo de compra de bens e de serviços e respetivas autorizações, desde a emissão
da “ordem de compra”, pesquisa e seleção de fornecedores, receção de encomendas,
pagamento dos bens ou serviços adquiridos, incluindo a criação de ficheiros com toda
a informação relacionada com a referida pesquisa e seleção de fornecedores e os dados
dos fornecedores.
• Deve proceder-se à verificação e acompanhamento dos procedimentos estabelecidos.

Conferência de faturas
• Devem ser conferidas as faturas de fornecedores (quantidades, qualidade, preços, des-
contos obtidos, prazos e outros), comparando-as, quando aplicável, com as respetivas
notas de encomenda, guias de remessa e guias de receção, guardando evidência dessas
Ordem dos Contabilistas Certificados

conferências.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Documentação para a contabilidade


• Devem ser disponibilizados ao Contabilista Certificado (quando aplicável):
- Os documentos de faturação emitidos pelos fornecedores (incluindo notas de crédito
e de débito);
- Extratos de fornecedores com todas as transações;
- Extratos de fornecedores apenas com as transações “em aberto”;
- Balancetes de fornecedores;
- Informações sobre títulos a pagar;
- Informações sobre contratos de confirming;
- Informações sobre compras de bens e serviços recebidos, mas ainda não faturados ou
em que a faturação do fornecedor se encontra em conferência;
- Informações sobre bens e serviços faturados pelo fornecedor, mas ainda não recebi-
dos;
- Informações sobre devoluções a fornecedores, descontos ou bónus obtidos que
aguardam a emissão de nota de crédito, assim como outros acertos que aguardam a
emissão de nota de débito;
- Dados relacionados com situações de contencioso;
- Outras informações que o profissional solicite para o correto reconhecimento conta-
bilístico das aquisições de bens e de serviços e mensuração de saldos de fornecedores.

Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Conferência dos documentos de faturação emitidos pelos fornecedores


• O Contabilista Certificado deve verificar se a faturação emitida pelos fornecedores, in-
61
cluindo os documentos retificativos de fatura, cumpre todos os requisitos fiscais e se têm
evidência de terem sido conferidos pelos responsáveis da entidade (cliente).

organização e controlo
• As irregularidades detetadas devem ser reportadas aos responsáveis da entidade, ten-

Procedimentos de
do como objetivo a sua regularização.
• A organização da documentação por designação comercial de fornecedor e depois
por data de emissão, pode ajudar a evitar a duplicação de registos contabilísticos e de
pagamentos.

Conferência dos registos contabilísticos

III.04
• Haverá que ter em consideração os requisitos da contabilidade e dos registos conta-
bilísticos previstos nos artigos 44.º e seguintes do Código do IVA (que serão abordados
aquando da análise da conta 243).
• Os registos contabilísticos das transações devem ser conferidos, garantindo o cumpri-
mento do normativo contabilístico adotado pelas entidades.
• As transações e saldos com partes relacionadas devem ser confirmados junto das mes-
mas e deve ter-se em conta a matéria relativa a preços de transferência (cf. artigo 63.º
do Código do IRC).
• E visto que muitas vezes os registos contabilísticos destas operações são efetuados
por integração ou importação de dados, é fundamental que o Contabilista Certificado
proceda à devida conferência posterior, comparando com os respetivos documentos de
suporte às transações (faturas, notas de débito e de crédito, contratos, entre outros).
Ordem dos Contabilistas Certificados

• Haverá que ter especial atenção aos seguintes aspetos:


- Comparar os lançamentos contabilísticos com a listagem de documentos registados
no módulo de gestão comercial;

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

- Verificar se os itens reconhecidos como ativos (compras de inventários ou ativos fi-


xos) cumprem efetivamente os critérios contabilísticos de reconhecimento como ativo
e se estão devidamente mensurados (haverá que ter em atenção eventuais despesas
diretamente relacionadas com a compra);
- Na aquisição de quaisquer bens do ativo devem ser confirmadas as condições comer-
ciais contratadas entre as partes, ou seja, o termo de entrega utilizado (Incoterms), de
modo a determinar o momento em que se obtém o controlo dos bens adquiridos e se
reconhece o ativo subjacente;
- Verificar se o reconhecimento de gastos respeita o regime do acréscimo ou periodiza-
ção económica, estando imputados ao período a que respeitam;
- Verificar o registo contabilístico de devoluções a fornecedores, obtenção de abati-
mentos, bónus ou descontos, adiantamentos a fornecedores, faturas em receção e con-
ferência e mercadorias à consignação, assim como outras situações mais particulares
ou específicas;
- Questionar o órgão de gestão sobre eventuais perdas por imparidade relativas a
adiantamentos a fornecedores;
- Verificar as operações e transações do final do período de relato anterior e do início
do período de relato seguinte, de modo a detetar eventuais situações de acréscimos ou
diferimentos, com impacto no reconhecimento dos gastos;
- Analisar a evolução mensal dos gastos com fornecimentos e serviços externos e outros
gastos, de modo a detetar atempadamente eventuais distorções, e, sempre que pos-
sível, comparar com orçamentos e ou com a contabilidade analítica ou por centros de
custos, interpretando os desvios ocorridos.
62
Conferência de saldos de fornecedores
• É essencial existirem fichas individualizadas de fornecedores nos programas informáticos.
organização e controlo

• Periodicamente, pelo menos anualmente, devem ser elaborados ou extraídos mapas


Procedimentos de

ou extratos de fornecedores e de transações “em aberto” de fornecedores, assim como


balancetes de fornecedores, utilizando a informação do módulo de contabilidade e do
módulo de gestão comercial, de forma a reconciliar os saldos e detetar eventuais erros
ou omissões.
• Eventualmente, após a análise desses dados, em algumas situações de dúvida, poderá
III.04

ser necessário a própria entidade solicitar pedidos de confirmação de saldos e extratos


de conta corrente a fornecedores. Nestas circunstâncias, deve posteriormente proceder-
-se à reconciliação da conta corrente com o fornecedor.
• Verificar a maturidade dos saldos.
• Verificar a mensuração dos saldos (custo / custo amortizado).
• Verificar a aplicação do princípio de não compensação de saldos.
• Em resultado desta investigação poderá ser necessário efetuar correções contabilísticas.

Transações e saldos em moeda estrangeira


Devem ser validadas as taxas de câmbio utilizadas aquando da transposição de ope-
rações e saldos em moeda estrangeira, para a moeda funcional, tendo em atenção as
normas contabilísticas relativas aos efeitos de alterações em taxas de câmbio.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Letras e confirming
Os registos contabilísticos das operações relacionadas com títulos a pagar e contratos de
confirming devem ser validados com os respetivos documentos de suporte e listagens.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Apresenta-se de seguida um modelo exemplificativo de reconciliação de fornece-


dores.

63

organização e controlo
Procedimentos de
III.04
4.12.1. Outras contas a pagar

Os procedimentos referidos devem ser aplicados, com as necessárias adaptações,


às rubricas de outras contas a pagar.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.13. Controlo contabilístico:


Inventários, custo dos inventários e variação da produção

Os inventários são ativos: (i) detidos para venda no decurso ordinário da atividade
empresarial; (ii) no processo de produção para tal venda; ou (iii) na forma de mate-
riais ou consumíveis a serem aplicados no processo de produção ou na prestação
de serviços.

Por norma, os inventários constituem um dos ativos mais vulneráveis das entidades
e que suscitam maiores dificuldades de controlo físico, administrativo, financeiro e
contabilístico. Um ineficaz controlo dos inventários pode influenciar significativa-
mente o valor do ativo e os resultados das entidades.

Dada a sua vulnerabilidade importa começar por rever alguns conceitos básicos:

- Os inventários devem ser mensurados pelo custo ou valor realizável líquido,


dos dois o mais baixo;

- Desde logo, considera-se valor realizável líquido a quantia líquida que uma
entidade espera realizar com a venda do inventário no decurso ordinário da ati-
64
vidade empresarial, ou seja, é o preço de venda estimado, deduzido dos custos
de acabamento e de venda estimados;
organização e controlo
Procedimentos de

- O custo dos inventários deve incluir todos os custos de compra, custos de


conversão e outros custos incorridos para colocar os inventários no seu local e
na sua condição atuais;
III.04

- Os custos de compra de inventários incluem o preço de compra, direitos de


importação e outros impostos (que não sejam os subsequentemente recuperá-
veis das entidades fiscais pela entidade) e custos de transporte, manuseamento
e outros custos diretamente atribuíveis à aquisição de bens, de materiais e de
serviços;

- Os descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser


deduzidos na determinação dos custos de compra;

- Os custos de conversão (transformação) de inventários incluem os custos


diretamente relacionados com as unidades de produção, tais como a mão-de-
Ordem dos Contabilistas Certificados

-obra direta, mas também incluem uma imputação sistemática de gastos gerais
de produção fixos e variáveis que sejam suportados ao converter matérias em
produtos acabados;

Volume III. Relato Financeiro


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- Os gastos gerais de produção fixos são os custos indiretos de produção que per-
maneçam relativamente constantes independentemente do volume de produção,
tais como a depreciação e manutenção de edifícios e de equipamentos fabris e
os custos de gestão e administração da fábrica, e a sua imputação aos custos de
conversão é baseada na capacidade normal das instalações de produção;

- Os gastos gerais de produção variáveis são os custos indiretos de produção


que variam diretamente, ou quase diretamente, com o volume de produção,
tais como os materiais indiretos;

- No que respeita às técnicas para a mensuração do custo de saída dos inven-


tários dos armazéns, estão previstas as seguintes:

I. O custo dos inventários de itens que não sejam geralmente intermutáveis e


de bens ou serviços produzidos e segregados para projetos específicos deve
ser apurado através da identificação específica dos seus custos individuais;

II. O custo dos inventários, que não sejam os referidos no parágrafo ante-
rior, deve ser apurado pelo uso da fórmula “primeira entrada, primeira saída”
(FIFO) ou da fórmula do custo médio ponderado (CMP);
65

III. Uma entidade deve usar a mesma fórmula de custeio para todos os in-

organização e controlo
ventários que tenham uma natureza e um uso semelhantes para a entidade,

Procedimentos de
contudo, para os inventários que tenham natureza ou uso diferentes, poderão
justificar-se diferentes fórmulas de custeio;

IV. Para as entidades com reduzida dimensão e limitada capacidade adminis-


trativa, podem ser usados por conveniência, o método do custo padrão ou

III.04
o método de retalho, se os resultados se aproximarem do custo, mas devem
ser regularmente revistos.

- Se a quantia resultante do valor realizável líquido for inferior ao custo do inven-


tário, deverá ser reconhecida a respetiva perda por imparidade.

Ligados ao conceito de inventários, existem dois sistemas – o sistema de inventário


permanente e o sistema de inventário intermitente.

De acordo com o disposto no artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de


Ordem dos Contabilistas Certificados

julho, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, as entidades


a que seja aplicável o SNC ou as normas internacionais de contabilidade adotadas
pela União Europeia, ficam obrigadas a adotar o sistema de inventário permanen-
te (SIP) na contabilização dos inventários, nos seguintes termos:

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

- Proceder às contagens físicas dos inventários com referência ao final do pe-


ríodo, ou, ao longo do período, de forma rotativa, de modo que cada bem seja
contado, pelo menos, uma vez em cada período;

- Identificar os bens quanto à sua natureza, quantidade e custos unitários e glo-


bais, por forma a permitir a verificação, a todo o momento, da correspondência
entre as contagens físicas e os respetivos registos contabilísticos.

Nas contagens físicas, devem ser considerados os bens que ainda não foram objeto
de venda ou de consumo pela empresa, para determinar as quantidades físicas
existentes a essa data.

A essas quantidades físicas deve ser aplicado o respetivo custo unitário, determi-
nado pela fórmula de custeio utilizada pela entidade, para determinar o custo total
dos inventários a essa data, bem como o gasto das vendas para as quantidades que
tenham sido vendidas, ou o custo das matérias consumidas na realização de pres-
tações de serviços ou incorporação no custo dos produtos e trabalhos em curso e
produtos acabados e intermédios.

A adoção do sistema de inventário permanente implica que se torne possível, a todo


66 o momento, a verificação da correspondência entre o inventário físico existente
em armazém e os respetivos registos contabilísticos. Mas o procedimento referido
organização e controlo

pode ser meramente um processo extra-contabilístico, nomeadamente através de


Procedimentos de

programas de gestão de inventários.

Esta necessidade determina que seja possível, em qualquer momento, a obten-


ção do custo dos inventários e do gasto das vendas e custo das matérias-primas
consumidas, através dos referidos cálculos extra-contabilísticos para a preparação
III.04

de demonstrações financeiras, quando tal for necessário.

Não é obrigatória a contabilização operação a operação de inventários para que se


esteja a adotar o sistema de inventário permanente, pois tal não resulta do dispos-
to no referido artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação
dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho.

A determinação do custo dos inventários e do gasto de vendas, no programa de gestão


de inventários, tem de ser efetuada operação a operação, mas os respetivos registos
contabilísticos (incluindo o custo dos inventários vendidos e das matérias consumidas
Ordem dos Contabilistas Certificados

e as variações nos inventários da produção) podem ser efetuados numa base mensal,
com referência ao inventário físico do final de um determinado período (mês), para
que seja possível preparar, nesse momento, as respetivas demonstrações financeiras,
designadamente, o balanço e a demonstração de resultados até essa data.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Assim, para a realização dos registos contabilísticos, no sistema de inventário perma-


nente, podem ser obtidas as respetivas informações mediante a utilização de siste-
mas de controlo e gestão de inventários (informáticos ou manuais, dependendo da
dimensão e complexidade da entidade, embora se recomende o uso de sistemas in-
formáticos), mediante a extração de documentos e listagens relativos aos inventários
e referentes ao período em causa (mensal, trimestral, semestral ou anual).

De todo o modo, se a entidade tiver dimensão e complexidade suficiente, pode


efetuar os registos contabilísticos operação a operação de inventários, mediante a
integração dessa informação na contabilidade.

Através do Ofício-Circulado n.º 20193/2016, de 23 de junho, a administração


tributária veio esclarecer que, também para efeitos fiscais, é aceitável que o re-
gisto contabilístico em sistema de inventário permanente possa ser efetuado, pelo
menos, no final de cada mês.

O referido artigo 12.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação dada


pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, prevê as seguintes situações de dis-
pensa de aplicação do sistema de inventário permanente:

- As entidades que se qualificam como microentidades, nos termos do mesmo 67

diploma, e que aplicam a Norma Contabilística para Microentidades (NC-ME);

organização e controlo
Procedimentos de
- As seguintes atividades:

a) Agricultura, produção animal, apicultura e caça;

b) Silvicultura e exploração florestal;

III.04
c) Indústria piscatória e aquicultura;

d) Pontos de vendas a retalho que, no seu conjunto, não apresentem, no pe-


ríodo de um exercício, vendas superiores a 300.000 € nem a 10% das vendas
globais da respetiva entidade.

- Entidades cuja atividade predominante consista na prestação de serviços,


considerando-se como tais, para este efeito, as que apresentem, no período de
um exercício, um custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas
Ordem dos Contabilistas Certificados

que não exceda 300.000 € nem 20% dos respetivos custos operacionais.

Todas estas situações de dispensa de adoção do sistema de inventário permanen-


te, podem, alternativamente, adotar o sistema de inventário intermitente.

Volume III. Relato Financeiro


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No sistema de inventário intermitente (SII) não se registam contabilisticamente as


entradas e saídas de inventários de armazém no decurso do exercício económico.
As entidades que, tendo essa possibilidade legal, optam por adotar este sistema,
apenas registam contabilisticamente as compras, vendas e outras operações, como
sinistros, quebras ou ofertas, sendo o valor dos inventários determinado somente
no final de cada período contabilístico, na sequência da respetiva contagem física
dos itens em armazém e subsequente mensuração, mantendo-se inalteráveis no
decurso do exercício. O custo dos inventários vendidos e das matérias consumidas
é calculado com base nos inventários inicial e final, nas compras, reclassificações e
regularizações registadas no período.

Resulta do exposto, que a adoção de um sistema de inventário intermitente é, em


regra, só por si, um sistema de controlo interno desadequado e tendencialmente
ineficaz, tendo em consideração as suas evidentes limitações.

Deste modo, uma das primeiras e principais recomendações é a utilização do


sistema de inventário permanente (sem prejuízo da sua obrigatoriedade em mui-
tos casos), gerido e controlado em aplicações informáticas específicas para esse
efeito, que gerem a informação necessária para a respetiva contabilização ou
68 possibilitem a integração automática dessa informação na contabilidade.
organização e controlo

Neste âmbito, recomendam-se os seguintes procedimentos de controlo:


Procedimentos de

Procedimentos de controlo de inventários,


custo dos inventários e variação da produção
Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
III.04

(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

Sistema de inventário permanente


• A entidade deve adotar o sistema de inventário permanente quando estiver legalmente
sujeita a essa obrigação.
• Mas ainda que possa usufruir de alguma dispensa, em regra, sugere-se a utilização do
sistema de inventário permanente (sem prejuízo da prévia análise custo/ benefício desta
opção).

Gestão informática dos inventários


• Recomenda-se a utilização de sistemas informáticos específicos para gestão e controlo
de inventários, que permitam extrair ou integrar automaticamente a informação necessá-
ria para os registos contabilísticos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Segregação de funções
• Dependendo da dimensão das entidades, a autorização de transações, custódia de
bens, registo contabilístico e controlo, devem ser assegurados por pessoas distintas.

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Manual de procedimentos e outras informações


• Dependendo da dimensão das entidades e da complexidade das operações desenvol-
vidas, será útil elaborar um manual de procedimentos que defina e regule os diversos
aspetos relativos aos inventários, designadamente, as regras de armazenagem, higiene
e segurança, a cobertura de seguros, o sistema de inventário (SIP ou SII) e o método de
custeio utilizados, a determinação do custo de aquisição e ou de produção, as contagens
físicas, o controlo das mercadorias em trânsito e dos inventários em poder de terceiros
(por exemplo, à consignação), o controlo de saídas de armazém decorrentes de outros
eventos (por exemplo, ofertas, sinistros, quebras, afetação de bens ao ativo fixo tangível),
a determinação de ajustamentos e perdas por imparidade, entre outros.
• Este manual de procedimentos relacionado com os inventários deve estar interligado
com os manuais de procedimentos relativos aos processos de compra e de vendas.
• Deve proceder-se à verificação e acompanhamento dos procedimentos estabelecidos.

Operações internas com inventários e afetações a outros fins


• Os inventários devem estar apropriadamente armazenados, de forma ordenada e segu-
ra, que simplifique a sua localização, manuseamento e contagem.
• As unidades de medida dos inventários devem ser explicitamente definidas.
• As diversas operações de entrada ou receção dos inventários no armazém, a armaze-
nagem, a movimentação dentro do armazém e entre diferentes armazéns, assim como
a saída dos inventários do armazém, devem estar devidamente suportadas por docu-
mentos internos, numerados sequencialmente, cronologicamente organizados e com as
devidas autorizações.
• Deve existir controlo interno relativo às mercadorias em trânsito e aos inventários em 69
poder de terceiros, como por exemplo, inventários à consignação.
• Deve existir controlo interno das saídas de armazém decorrentes de outros eventos

organização e controlo
diferentes da normal venda, como por exemplo, ofertas, sinistros, quebras e afetação de

Procedimentos de
bens ao ativo fixo tangível, entre outros similares.
• Deve existir informação sobre a rotação de inventários e situações de obsolescência.

Contagem física
• Devem ser efetuadas contagens físicas anuais ou cíclicas (incluindo medições e pesa-
gens, entre outras).

III.04
• Para esse efeito, devem ser emitidas instruções escritas sobre a forma de realização
dessas contagens físicas, que identifiquem, designadamente, o local e a data, a definição
das equipas que irão proceder a essa tarefa, os bens objeto de contagem, os procedi-
mentos prévios e posteriores às contagens, os procedimentos práticos de realização das
contagens, a sua anotação, entre outros que se considerem pertinentes.
• Devem ser investigados os motivos das eventuais divergências detetadas, atuando pos-
teriormente no sentido da sua correta regularização.
• A etiquetagem dos inventários com códigos de barras poderá facilitar esta tarefa de conta-
gem física, na medida em que permite a utilização de instrumentos e programas informáticos.
• Apesar de as entidades que adotam o sistema de inventário permanente conhecerem,
a todo o momento, as quantidades e respetiva mensuração dos inventários em armazém,
a realização de contagens anuais e cíclicas (ainda que por vezes parcelares), possibilita a
Ordem dos Contabilistas Certificados

conferência e a verificação da fiabilidade da informação extraída do sistema informático.


• Para as entidades que adotam o sistema de inventário intermitente, a contagem física terá
de ser efetuada, obrigatoriamente, no final de cada exercício económico e de forma global.

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Contabilidade analítica
• De um modo geral, mas particularmente em empresas industriais, é fundamental a exis-
tência de um sistema de contabilidade analítica ou por centros de custos que permita o
cálculo do custo de produção e a mensuração dos produtos acabados e intermédios e
dos produtos e trabalhos em curso no final de cada período de relato.
• Se for utilizado o método do custo padrão, este deve ser periodicamente revisto.

Regime de bens em circulação e comunicação dos inventários à Autoridade Tributária (AT)


• Quando aplicável, as entidades devem assegurar o cumprimento das regras relativas
ao Regime dos Bens em Circulação objeto de transações entre sujeitos passivos de IVA
(RBC), anexo ao Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho, com alterações posteriores.
• Quando aplicável, as entidades devem assegurar o cumprimento do dever de comu-
nicação do ficheiro de inventários à AT, nos termos do artigo 3.º-A do Decreto-Lei n.º
198/2012, de 24 de agosto, atualizado pelo Decreto-Lei n.º 28/2019, de 15 de fevereiro.

Documentação para a contabilidade


• Devem ser disponibilizados ao Contabilista Certificado (quando aplicável e, sempre que
possível, extraídos do sistema informático de gestão de inventários):
- As listas de inventários com a identificação dos bens quanto à sua natureza, quantida-
de e custos unitários e globais com referência ao período pretendido;
- Identificação dos métodos de custeio utilizados;
- Informações relativas a devoluções (a fornecedores e de clientes), descontos e abati-
mentos em compras;
- Informações relativas ao custo dos inventários vendidos e das matérias consumidas
70
e às variações nos inventários da produção, resumidos com as vendas de mercadorias
e de produtos acabados, consumos de matérias-primas, matérias subsidiárias, entre
organização e controlo

outras;
- Informações relativas ao custo de produção dos produtos acabados e intermédios e
Procedimentos de

dos produtos e trabalhos em curso que transitam para o período seguinte;


- Listagens relativas a mercadorias em trânsito e inventários em poder de terceiros,
como por exemplo, inventários à consignação;
- Listagens relativas a saídas de armazém decorrentes de outros eventos diferentes da
normal venda, como por exemplo, ofertas, sinistros, quebras, afetação de bens ao ativo
III.04

fixo tangível e similares;


- A identificação de itens com valor realizável líquido inferior ao seu custo, para os quais
poderá ser necessário reconhecer perdas por imparidade, bem como situações de re-
versão de perdas por imparidade anteriormente reconhecidas nos inventários;
- Informações relativas a financiamentos obtidos, que sejam diretamente atribuíveis à
aquisição, construção ou produção de itens de inventário;
- Outras informações que o profissional solicite para o correto reconhecimento contabi-
lístico dos inventários, do custo dos inventários vendidos e matérias consumidas e das
variações nos inventários da produção.

Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Regime de bens em circulação e comunicação dos inventários à Autoridade Tributária


Ordem dos Contabilistas Certificados

e Aduaneira (AT)
• Quando aplicável, o Contabilista Certificado deve informar o órgão de gestão das enti-
dades das obrigações relativas ao Regime dos Bens em Circulação e ao dever de comu-
nicação do ficheiro de inventários à AT.

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Sistema de inventário permanente e contabilidade analítica


• Quando aplicável, o Contabilista Certificado deve informar o órgão de gestão das enti-
dades acerca da obrigatoriedade de utilizarem sistema de inventário permanente e da ne-
cessidade de disporem de um sistema de contabilidade analítica ou por centros de custo.
• O Contabilista Certificado deve procurar conhecer os sistemas de controlo interno de
inventários e de custos de produção utilizados pelas entidades em que assume a respon-
sabilidade técnica, para perceber a informação que consegue obter desses sistemas e
que lhe poderá ser útil para o controlo e reconhecimento contabilísticos dos inventários,
do custo dos inventários vendidos e matérias consumidas e da variação da produção.

Conferência dos registos contabilísticos


• Os registos contabilísticos das transações devem ser conferidos, garantindo o cumpri-
mento do normativo contabilístico adotado pelas entidades.
Recomenda-se particular atenção aos seguintes aspetos, conferindo-os sempre em con-
junto com a informação disponibilizada pelo órgão de gestão das entidades:
- Verificar se as contas 31 – “Compras” e 38 – “Reclassificação e regularização de inven-
tários e ativos biológicos” estão saldadas – estas contas estão permanentemente sal-
dadas nas entidades que adotam o sistema de inventário permanente, contrariamente
ao que acontece nas entidades que adotam o sistema de inventário intermitente, que
apenas saldam estas contas no final do exercício, após a contagem física e subsequente
mensuração dos inventários;
- Na aquisição de itens do inventário devem ser confirmadas as condições comerciais
contratadas entre as partes, ou seja, o termo de entrega utilizado (Incoterms), de modo
a determinar o momento em que se obtém o controlo dos bens adquiridos, se assume 71
o risco e se reconhece o ativo subjacente;
- Verificar o reconhecimento contabilístico do custo dos inventários vendidos e maté-

organização e controlo
rias consumidas e das variações nos inventários da produção, relativos às vendas de

Procedimentos de
mercadorias e de produtos acabados e aos consumos de matérias-primas, matérias
subsidiárias e similares;
- Verificar o reconhecimento contabilístico das variações nos inventários de produção
dos produtos acabados e intermédios e dos produtos e trabalhos em curso que transi-
tam para o período seguinte;

III.04
- Conferir as transferências de produtos e trabalhos em curso para produtos acabados
com os relatórios de custo de produção disponibilizados pela entidade;
- Verificar o reconhecimento contabilístico de devoluções (a fornecedores e de clien-
tes), descontos e abatimentos em compras;
- Verificar o reconhecimento contabilístico de mercadorias em trânsito e inventários em
poder de terceiros, como por exemplo, inventários à consignação;
- Verificar o reconhecimento contabilístico das saídas de armazém decorrentes de ou-
tros eventos diferentes da normal venda, como por exemplo, ofertas, sinistros, quebras,
afetação de bens ao ativo fixo tangível e similares;
- Verificar as taxas de câmbio utilizadas para a conversão de operações originalmente
em moeda estrangeira para a moeda funcional;
- Questionar o órgão de gestão sobre a necessidade de reconhecer perdas por impa-
Ordem dos Contabilistas Certificados

ridade em inventários ou a reversão de perdas anteriormente reconhecidas, que em


qualquer dos casos devem estar devidamente suportadas;
- Questionar o órgão de gestão sobre a eventual obtenção de financiamentos direta-
mente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de itens de inventário;

Volume III. Relato Financeiro


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- Relativamente às listas de inventários disponibilizadas pela entidade, será prudente


começar por testar se as operações aritméticas estão corretas, a exatidão do transporte
de valores entre folhas e, se possível, comparar as listas finais com os resultados anota-
dos das contagens físicas referentes ao período;
- Relativamente às contagens físicas, há alguns aspetos a analisar, salientando-se os
seguintes: (i) se todas as compras relativas a encomendas recebidas até à data da con-
tagem foram contabilizadas e incluídas no inventário; (ii) se as faturas recebidas até à
data da contagem, mas cujos bens ainda não entraram em armazém, foram devidamen-
te reconhecidas em mercadorias em trânsito (quando a entidade já detém o controlo e
assumiu o risco de inventário); e (iii) se todas as encomendas expedidas até à data da
contagem foram faturadas e reconhecido o correspondente rédito e saída de armazém;
- Posteriormente, verificar a conformidade entre as listas de inventários e demais rela-
tórios da entidade relativos a esta matéria, com os valores das respetivas rubricas do
balancete analítico – cada conta de inventários, custo dos inventários vendidos e das
matérias consumidas e variações nos inventários da produção.
• Periodicamente, seria conveniente solicitar informação à entidade para testar a men-
suração do custo de aquisição e ou de produção dos inventários, assim como a fórmula
de custeio das saídas de inventários dos armazéns, de modo a detetar antecipadamente
potenciais distorções que poderão afetar as demonstrações financeiras, atuando poste-
riormente no sentido de corrigir essas ocorrências.
• Também para efeitos de teste à exatidão dos procedimentos e valores, recomenda-se
analisar as compras e vendas mais relevantes no final do período de relato financeiro e
72 no início do período seguinte.
• Verificar a evolução mensal dos inventários, do custo dos inventários vendidos e das
organização e controlo

matérias consumidas e das variações nos inventários da produção, da margem bruta das
vendas, analisando também a sua consistência de uns anos para os outros e, sempre que
Procedimentos de

possível, comparar com orçamentos e ou com a contabilidade analítica ou por centros de


custos, interpretando os eventuais desvios.
• Quando aplicável, o Contabilista Certificado deve garantir a elaboração do “Mapa de
Provisões, Perdas por Imparidade em Créditos e Ajustamentos de Inventários”, o qual faz
III.04

parte integrante do dossiê fiscal.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.14. Controlo contabilístico:


Pessoal e gastos com pessoal

Visto que a gestão de recursos humanos é aprofundada noutros módulos do guia,


de seguida apenas se irão abordar os procedimentos de controlo contabilístico
relacionados com as contas de pessoal e respetivos gastos.

Na generalidade das situações, o processamento de salários é efetuado com re-


curso a programas informáticos que não só permitem a respetiva integração auto-
mática na contabilidade, como também disponibilizam um conjunto de dados que
facilitam o reconhecimento de estimativas e o controlo contabilístico.

Assim, para que os gastos com pessoal possam ser reconhecidos no mês a que res-
peitam, nos termos das normas contabilísticas relativas a benefícios dos emprega-
dos, o departamento de recursos humanos deve disponibilizar um conjunto de infor-
mações ao Contabilista Certificado, entre as quais se destacam os mapas mensais de
processamento salarial (global e por trabalhador), os duodécimos das estimativas de
férias, subsídio de férias e subsídio de Natal, assim como os correspondentes encar-
gos e os mapas de vencimentos anuais que incluem resumos mensais.
73
A generalidade dos programas de recursos humanos permite obter estes dados de
forma automática.

organização e controlo
Procedimentos de
Procedimentos de controlo de processamento salarial e gastos com o pessoal
Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

III.04
Segregação de funções
• Dependendo da dimensão das entidades, a autorização da atribuição de remunerações,
realização de descontos, processamento salarial, registo contabilístico e controlo, devem
ser assegurados por pessoas distintas.

Manual de procedimentos e outras informações


• Dependendo da dimensão das entidades e da complexidade das operações desenvolvi-
das, será útil elaborar um manual de procedimentos que defina e regule todo o processo
de processamento salarial e de reporte da informação para os colaboradores, entidades
externas e contabilidade.
• Deve proceder-se à verificação e acompanhamento dos procedimentos estabelecidos.

Programa informático de processamento salarial


Ordem dos Contabilistas Certificados

• A entidade deve possuir um programa de processamento salarial, devidamente atualiza-


do face às permanentes alterações legislativas e atualizações de taxas e procedimentos.
O contabilista certificado deve possuir um acesso de consulta ao programa de proces-
samento salarial.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Da responsabilidade do Contabilista Certificado

Procedimentos de execução e controlo


• Reconhecimento contabilístico dos processamentos salariais nos meses a que respei-
tam (em regra, terá doze meses de vencimentos mais os subsídios, mas haverá situações
diferentes);
• Reconhecimento contabilístico mensal dos duodécimos das estimativas de férias, sub-
sídio de férias e subsídio de Natal, assim como os correspondentes encargos (particular-
mente importante quando se apresentam relatos financeiros intercalares);
• Sem prejuízo do referido anteriormente, nos procedimentos de encerramento de con-
tas de determinado exercício económico, deve analisar-se a anulação da estimativa de
férias, subsídio de férias e respetivos encargos do ano anterior, bem como, o reconheci-
mento e mensuração da estimativa do ano corrente;
• Neste sentido, refira-se que no final do exercício económico, se a entidade não tiver dí-
vidas em atraso aos trabalhadores e órgãos sociais, então, por norma, o principal passivo
relacionado com o pessoal, mas registado na conta 2722 – “Devedores e credores por
acréscimos (periodização económica) - Credores por acréscimos de gastos”, correspon-
derá exatamente à estimativa de férias, subsídio de férias e respetivos encargos vencidos
no final desse exercício, mas que apenas são pagáveis no exercício seguinte;
• O Contabilista Certificado deve comparar periodicamente as contas de gastos com
pessoal (63x) com o mapa de vencimentos anual que inclui os resumos mensais (e que se
extrai do programa de recursos humanos), interpretando as diferenças, de modo a asse-
gurar que todos os gastos com pessoal são reconhecidos no período a que respeitam;
74 • Verificar se foram efetuados os pagamentos aos trabalhadores e órgãos sociais nos
meses em que são efetuados os respetivos processamentos;
• Verificar se foram entregues as declarações mensais de remunerações da AT e da Se-
organização e controlo

gurança Social e liquidados os impostos e contribuições devidos, nos prazos legalmente


Procedimentos de

estabelecidos, bem como se foram realizados os respetivos pagamentos de impostos,


contribuições, seguros, fundo de compensação e outros;
• Decompor e analisar os saldos “em aberto” das contas de pessoal (conta 23x), comuni-
cando ao órgão de gestão das entidades eventuais ocorrências relevantes e procedendo
às correções que se mostrem devidas;
III.04

• Ter em atenção o princípio da não compensação de saldos;


• Verificar a maturidade dos saldos;
• Questionar o órgão de gestão das entidades sobre eventuais saldos devedores em im-
paridade ou reversões de perdas por imparidade anteriormente reconhecidas;
• O Contabilista Certificado deve também verificar o cumprimento dos requisitos conta-
bilísticos e fiscais relacionados com a atribuição de ajudas de custo, compensação pela
deslocação em viatura própria do trabalhador, remunerações em espécie, gratificações
de balanço, realizações de utilidade social e outras situações particulares - neste sentido,
poderá mostrar-se profícuo esclarecer previamente o órgão de gestão das entidades
sobre o enquadramento contabilístico e fiscal deste tipo de situações;
• No caso de entidades que atribuam benefícios pós-emprego, como por exemplo, bene-
fícios de reforma, haverá que conferir o respetivo reconhecimento contabilístico, o saldo
Ordem dos Contabilistas Certificados

da conta 273 – “Benefícios pós-emprego” e se tem por base cálculos atuariais fidedignos;
• Verificar a evolução mensal e anual dos gastos com pessoal e, sempre que possível,
comparar com orçamentos e ou com a contabilidade analítica ou por centros de custos,
interpretando os eventuais desvios.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.15. Controlo contabilístico:


Estado e outros entes públicos

Para evitar ou atenuar situações de contencioso tributário, é fundamental garantir


um adequado controlo administrativo e contabilístico das interações com o Estado
e outros entes públicos.

Neste sentido, o Contabilista Certificado deverá assegurar, numa base mensal, o


acompanhamento e conferência das contas 24x – “Estado e outros entes públicos”.

Em primeiro lugar, salienta-se que o correto reconhecimento contabilístico das


operações nestas contas 24x – “Estado e outros entes públicos” é fortemente in-
fluenciado pelo controlo contabilístico relativo às rubricas abordadas anteriormen-
te, com especial destaque para os meios financeiros líquidos, operações com os
clientes, fornecedores e pessoal.

Pelo que, um robusto controlo interno administrativo e contabilístico das opera-


ções já analisadas será fundamental para o controlo do pagamento (e, em alguns
casos, do reembolso) de tributos.
75
Seguem-se os procedimentos da estimativa do imposto sobre o rendimento, para
efetuar aquando do encerramento de contas.

organização e controlo
Procedimentos de
No final de cada período de tributação, a entidade deve proceder ao apuramento
da matéria coletável e cálculo da estimativa de imposto sobre o rendimento do
respetivo período, sendo essa estimativa lançada (no final do ano N) a débito da
conta 8121 – “Imposto estimado para o período”, por contrapartida a crédito da

III.04
conta 2413 – “Imposto sobre o rendimento - Imposto estimado”. Este movimento
é efetuado à data do final do período de tributação, independentemente de se
utilizar os meses contabilísticos #13, #14, #15 e #16.

De um modo geral, o cálculo da estimativa de imposto efetua-se da seguinte forma:

Estimativa de imposto sobre o rendimento = [(Resultado Antes de Impostos +/-


Correções Fiscais - Prejuízos Fiscais dedutíveis - Benefícios Fiscais por dedução
ao lucro tributável) x Taxa de IRC] - Deduções à coleta + Tributações Autónomas +
Derrama + Resultado da liquidação (artigo 92.º do CIRC) + IRC de anos anteriores.
Ordem dos Contabilistas Certificados

No final do período de tributação, há ainda que proceder ao apuramento do IRC a


pagar ou a recuperar, tendo em conta a referida estimativa de imposto e os paga-
mentos por conta e retenções na fonte efetuadas por terceiros.

Volume III. Relato Financeiro


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Neste sentido, sugerem-se os seguintes registos contabilísticos:

Pela estimativa de imposto corrente:

- Débito da conta 8121 – “Imposto sobre o rendimento - Imposto estimado para


o período”, por contrapartida a crédito da conta 2413 – “Imposto sobre o rendi-
mento - Imposto estimado”, pela estimativa de imposto do período.

Pela transferência da estimativa de imposto para a conta de apuramento:

- Débito da conta 2413 – “Imposto sobre o rendimento - Imposto estimado”,


por contrapartida a crédito da conta 2415 - “Imposto sobre o rendimento – IRC
apuramento”, pelo valor da estimativa de imposto.

Pela transferência dos pagamentos por conta para a conta de apuramento (se exis-
tirem):

- Débito da conta 2415 - “Imposto sobre o rendimento – IRC apuramento”, por


contrapartida a crédito da conta 2412 – “Imposto sobre o rendimento – Paga-
mentos por conta”, pelo montante dos pagamentos por conta;
76
Pela transferência das retenções na fonte efetuadas por terceiros (se existirem):
organização e controlo
Procedimentos de

- Débito da conta 2415 - “Imposto sobre o rendimento – IRC apuramento”, por


contrapartida a crédito da conta 2414 – “Imposto sobre o rendimento – Reten-
ções na fonte efetuadas por terceiros”, pelo montante das retenções na fonte.

Caso o montante da estimativa de IRC seja inferior ao montante dos pagamentos


III.04

por conta e retenções na fonte efetuadas por terceiros:

- Débito da conta 2417 – “Imposto sobre o rendimento – IRC a recuperar”, por


contrapartida a crédito da conta 2415 - “Imposto sobre o rendimento – IRC
apuramento”, pelo montante de IRC a recuperar.

Caso o montante da estimativa de IRC seja superior ao montante dos pagamentos


por conta e retenções na fonte efetuadas por terceiros:

- Débito da conta 2415 - “Imposto sobre o rendimento – IRC apuramento”, por


Ordem dos Contabilistas Certificados

contrapartida a crédito da conta 2416 – “Imposto sobre o rendimento - IRC a


pagar”, pelo montante de IRC a pagar.

Volume III. Relato Financeiro


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No momento da autoliquidação de IRC (em N+1, após a submissão da Modelo 22),


existindo IRC a pagar:

- Débito da conta 2416 – “Imposto sobre o rendimento - IRC a pagar”, por con-
trapartida a crédito da conta 12 – “Depósitos à ordem”, pelo montante pago.

Por outro lado, caso exista IRC a reembolsar:

- Débito da conta 12 – “Depósitos à ordem”, por contrapartida a crédito da conta


2417 – “Imposto sobre o rendimento – IRC a recuperar”, pelo montante recebido.

Contudo, nem sempre essa estimativa do imposto a pagar se revela correta. Exis-
tindo diferença entre a estimativa do IRC e o pagamento efetivo, no momento do
pagamento (na data da submissão da Modelo 22 e realização da autoliquidação
de IRC) essa diferença de IRC é reconhecida nos resultados do período corrente
(no momento do pagamento - autoliquidação de IRC), atendendo ao tratamento
prospetivo para as alterações de estimativas contabilísticas previsto na NCRF 4 -
“Políticas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e erros”.

Pelo que, verificando-se que o imposto liquidado pela AT é superior ao imposto


estimado, a diferença é lançada a débito da conta 6885 – “Outros gastos – Outros 77

- Insuficiência da estimativa para impostos”. Se o imposto liquidado pela AT for

organização e controlo
inferior ao imposto estimado, estaremos perante um desagravamento do resultado

Procedimentos de
contabilístico que deve ser registado a crédito da conta 7882 – “Excesso de esti-
mativa para impostos”.

De notar que as diferenças de estimativa devem ser corrigidas no quadro 07 da


declaração Modelo 22 do período seguinte.

III.04
Procedimentos de controlo de Estado e outros entes públicos
Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

Segregação de funções
• Dependendo da dimensão das entidades, a autorização do pagamento de impostos,
contribuições e outras taxas, a opção por enquadramentos fiscais, registo contabilístico
e controlo, devem ser assegurados por pessoas distintas.

Manual de procedimentos e outras informações


Ordem dos Contabilistas Certificados

• Dependendo da dimensão das entidades e da complexidade das operações desenvolvi-


das, será útil elaborar um manual de procedimentos que defina e regule todo o processo
de determinação e pagamento de impostos, contribuições, taxas e outros tributos.
• Deve proceder-se à verificação e acompanhamento dos procedimentos estabelecidos.

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Acessos ao portal das finanças e demais sítios de internet


• A entidade deve possuir uma política definida de acesso ao portal das finanças, criando
subutilizadores se tal for necessário com acessos reservados e específicos para cada
responsável dentro da entidade.
• A entidade pode nomear o contabilista certificado, como seu representante, para aces-
so à segurança social direta.
• O contabilista certificado terá o seu acesso próprio ao Portal das Finanças na área da
entidade em causa.

Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Procedimentos gerais de controlo


• Comparar mensalmente os saldos contabilísticos relativos às contas de impostos com a
informação disponível no Portal da Autoridade Tributária, da Segurança Social e do FCT/
FGCT;
• No que respeita ao Portal da Autoridade Tributária, salienta-se a consulta da informação
relativa ao património predial e de viaturas, ao cadastro fiscal, à situação fiscal integrada
e aos movimentos financeiros;
• Será conveniente solicitar certidões de inexistência de dívidas à Autoridade Tributária e
Segurança Social com regularidade.

Conta 241 – “Imposto sobre o rendimento”


• Esta conta é debitada pelos pagamentos efetuados e pelas retenções na fonte a que
alguns dos rendimentos da entidade estiverem sujeitos.
78 • No fim do período será calculada, com base na matéria coletável estimada, a quantia do
respetivo imposto que seja devido, a qual se registará a crédito desta conta.
• Salientam-se os seguintes procedimentos de execução e controlo:
organização e controlo

- Será adequado subdividir esta conta de acordo com a tipologia de pagamento (pa-
Procedimentos de

gamentos por conta – normal, especial e adicional; retenções na fonte por natureza de
rendimento; e imposto estimado e liquidado – a pagar ou a recuperar);
- Analisar, numa base mensal, a composição dos respetivos saldos, comparando com a
informação disponível no Portal da Autoridade Tributária;
- O Contabilista Certificado deve garantir o envio, para o cliente, das guias de paga-
III.04

mento de imposto sobre o rendimento (pagamento por conta, pagamento adicional


por conta e autoliquidação de IRC), de modo que sejam pagas nos prazos legalmente
previstos;
- Para confirmar alguns dos valores calculados, sugere-se a utilização dos simuladores
disponibilizados pela OCC;
- Verificar se o cliente liquidou efetivamente as guias de pagamento de imposto que
sejam devidas e dentro dos prazos legalmente previstos, pela consulta dos extratos
bancários e do Portal da Autoridade Tributária;
- Apesar de o artigo 93.º do Código do IRC, relativo ao pagamento especial por conta,
ter sido revogado pela Lei n.º 12/2022, de 27 de junho, nos termos da alínea b) do n.º 2
do artigo 329.º dessa mesma lei, as disposições revogadas, com exceção do artigo 106.º
do Código do IRC, mantêm-se em vigor até à cessação da produção dos respetivos
Ordem dos Contabilistas Certificados

efeitos, razão pela qual, o Contabilista Certificado deverá confirmar os prazos de utili-
zação dos pagamentos especiais por conta que as entidades ainda tenham por deduzir,
de modo a não deixar ultrapassar os prazos de utilização e, sobretudo, de pedido de
reembolso, previstos no referido artigo 93.º do Código do IRC.

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Conta 242 – “Retenção de impostos sobre rendimentos”


• Esta conta movimenta a crédito o imposto que tenha sido retido na fonte relativamente
a rendimentos pagos a sujeitos passivos de IRC ou de IRS.
• Salientam-se os seguintes procedimentos de execução e controlo:
- Será adequado subdividir esta conta de acordo com a natureza dos rendimentos;
- Analisar, numa base mensal, a composição dos saldos “em aberto”, comparando com
a informação disponível no Portal da Autoridade Tributária, sendo que, se não existirem
dívidas em mora, esse saldo corresponderá ao montante das retenções desse mês, a
pagar até dia 20 do mês seguinte;
- Conforme o que esteja contratualizado com a entidade, o Contabilista Certificado
deve garantir a entrega e o envio, para o cliente, das guias de pagamento de retenções
na fonte, dentro dos prazos legalmente previstos;
- Verificar se o cliente liquidou efetivamente as guias de pagamento de retenções na
fonte dentro dos prazos legalmente previstos, pela consulta dos extratos bancários e
do Portal da Autoridade Tributária;
- Os procedimentos tidos para a conta 242 também devem ser aplicados, com as in-
dispensáveis adaptações, na conta utilizada pelos sujeitos passivos de imposto do selo
(p.e. a conta 247), a quem cabe a obrigação de efetuar a liquidação e entrega do cor-
respondente imposto, nos termos do n.º 1 do artigo 23.º e artigo 41.º, ambos do Código
do Imposto do Selo (CIS);
- Haverá que ter em conta as situações em que o titular do respetivo encargo é outra
entidade nos termos do artigo 3.º do CIS, que será a grande generalidade das situações,
caso em que o sujeito passivo tem de imputar o imposto do selo ao titular do encargo.
79
Conta 243 – “Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)”
• Esta conta destina-se a registar as situações decorrentes da aplicação do Código do

organização e controlo
Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA).

Procedimentos de
• Os artigos 44.º e seguintes do Código do IVA referem-se aos requisitos da contabilidade
e de registo das operações de transmissão e aquisição de bens e de serviços.
• A contabilidade deve ser organizada e os registos contabilísticos das transações devem
ser efetuados, de forma a possibilitar o conhecimento claro e inequívoco dos elementos
necessários ao cálculo do imposto, bem como a permitir o seu controlo, comportando

III.04
todos os dados necessários ao preenchimento da declaração periódica do IVA.
Para este efeito, devem ser registadas as seguintes operações:
a) As transmissões de bens e prestações de serviços efetuadas pelo sujeito passivo,
observando os seguintes requisitos:
- O registo destas operações deve ser efetuado após a emissão das correspondentes
faturas, até à apresentação das declarações periódicas do IVA, se enviadas dentro do
prazo legal, ou até ao fim desse prazo, se essa obrigação não tiver sido cumprida;
- Para tal efeito, as faturas, guias ou notas de devolução e outros documentos retifica-
tivos de faturas, incluindo os emitidos, em nome e por conta do sujeito passivo, pelo
próprio adquirente dos bens ou por um terceiro, são identificados através das referi-
das designações e numerados sequencialmente, em uma ou mais séries conveniente-
mente referenciadas, devendo conservar-se na respetiva ordem os seus duplicados e,
Ordem dos Contabilistas Certificados

bem assim, todos os exemplares dos que tiverem sido anulados ou inutilizados, com
os averbamentos indispensáveis à identificação daqueles que os substituíram, se for
caso disso;

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- E os registos contabilísticos devem evidenciar explicitamente os seguintes dados: o


valor das operações não isentas, líquidas de imposto, segundo a taxa aplicável; o valor
das operações isentas sem direito à dedução; o valor das operações isentas com direito
à dedução; e o valor do imposto liquidado, segundo a taxa aplicável, com relevação
distinta do respeitante às operações referidas nas alíneas f) e g) do n.º 3 do artigo 3.º e
nas alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 4.º, ambos do Código do IVA, bem como dos casos
em que a respetiva liquidação compete, nos termos da lei, ao adquirente.
b) As transmissões de bens e prestações de serviços efetuadas ao sujeito passivo no
quadro da sua atividade empresarial, assim como, as importações de bens efetuadas
pelo sujeito passivo e destinadas às necessidades da sua empresa, observando os se-
guintes requisitos:
- O registo destas operações deve ser efetuado após a receção das correspondentes
faturas e guias ou notas de devolução, até à apresentação das declarações periódicas
do IVA, se enviadas dentro do prazo legal, ou até ao fim desse prazo, se essa obrigação
não tiver sido cumprida;
- Para tal efeito, as faturas, guias ou notas de devolução e outros documentos retifica-
tivos de faturas, incluindo os que sejam emitidos na qualidade de adquirente ao abrigo
dos n.ºs 14 e 15 do artigo 29.º do Código do IVA, são numerados seguidamente, em uma
ou mais séries convenientemente referenciadas, devendo conservar-se na respetiva or-
dem os seus originais e, bem assim, todos os exemplares dos que tiverem sido anula-
dos, com os averbamentos indispensáveis à identificação daqueles que os substituíram,
se for caso disso;
- E os registos contabilísticos devem evidenciar explicitamente os seguintes dados: o
80 valor das operações cujo imposto é total ou parcialmente dedutível, líquido deste im-
posto; o valor das operações cujo imposto é totalmente excluído do direito à dedução;
o valor das aquisições de gasóleo, gases de petróleo liquefeitos (GPL), gás natural e
organização e controlo

biocombustíveis; e o valor do imposto dedutível, segundo a taxa aplicável.


Procedimentos de

• O Código do IVA prevê ainda alguns casos especiais, dos quais se destaca o registo
das operações em caso de emissão de faturas simplificadas (cf. artigo 46.º do Código
do IVA). Assim, determina esta norma que os sujeitos passivos que emitam faturas sim-
plificadas nos termos do artigo 40.º do Código do IVA e, simultaneamente, não utilizem
sistemas informáticos integrados de faturação e contabilidade, podem efetuar o registo
III.04

das operações, realizadas diariamente com não sujeitos passivos, pelo montante global
das contraprestações recebidas pelas transmissões de bens e prestações de serviços
tributáveis, imposto incluído, assim como pelo montante das contraprestações relativas
às operações não tributáveis ou isentas. O registo destas operações deve ser efetuado, o
mais tardar, no 1.º dia útil seguinte ao da realização das operações, com base em duplica-
dos das faturas emitidas, em extratos diários produzidos pelos equipamentos eletrónicos
relativos a todas as operações realizadas ou em folhas de caixa, que podem substituir o
mesmo registo desde que contenham a indicação inequívoca de um único total diário.
• No registo de bens de investimento, haverá que atender ao disposto no artigo 51.º do
Código do IVA.
• Neste sentido, estabelece aquela norma que este registo deve comportar, para cada um
dos bens de investimento, os seguintes elementos:
Ordem dos Contabilistas Certificados

a) Data da aquisição ou da conclusão das obras em bens imóveis e do início da utiliza-


ção ou ocupação;
b) Valor do imposto suportado;
c) Percentagem de dedução em vigor no momento da aquisição;

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d) Somatório das deduções efetuadas até ao ano da conclusão das obras em bens
imóveis;
e) Percentagem definitiva de dedução do ano da aquisição ou da conclusão das obras
em bens imóveis;
f) Percentagem definitiva de dedução de cada um dos anos do período de regularização.
E deve ser efetuado após a emissão ou receção das correspondentes faturas, consoante
as situações, até à apresentação das declarações periódicas do IVA, se enviadas dentro
do prazo legal, ou até ao fim desse prazo, se essa obrigação não tiver sido cumprida,
contado a partir:
a) Da data da receção da fatura que certifique a aquisição;
b) Da data da conclusão das obras em bens imóveis;
c) Da data em que devam ser processadas as regularizações.
• No que respeita a procedimentos de controlo salientam-se os seguintes:
- A generalidade dos programas de contabilidade já permite o pré-preenchimento au-
tomático das declarações do IVA, porém, o Contabilista Certificado deverá confirmar a
exatidão do mesmo;
- Assim, previamente, o programa de contabilidade deve ser configurado, de modo que
cada registo de fatura ou de documento retificativo de fatura, emitidos ou recebidos,
obrigue à identificação de uma codificação específica das bases do IVA (a generalidade
dos programas já inclui esta codificação), a qual permitirá que fiquem evidentes os
valores exigidos nos n.os 3 e 4 do artigo 44.º do Código do IVA;
- Após registar as operações de determinado período (mensal ou trimestral), será
possível obter do programa de contabilidade um balancete analítico das contas
81
24x, assim como, um balancete e ou extratos com a referida codificação das ba-
ses do IVA, ambos para o mesmo período pretendido, evidenciando os valores das

organização e controlo
operações efetuadas nesse período e o respetivo imposto, nos termos do referido

Procedimentos de
artigo 44.º do Código do IVA;
- A informação mencionada no parágrafo anterior pode ser extraída para folhas de cál-
culo, caso em que, com recurso a algumas funcionalidades e fórmulas do Excel, como
seja a elaboração de tabelas dinâmicas, é possível proceder à conferência das ope-
rações registadas e do pré-preenchimento automático das declarações do IVA (sem
prejuízo desta conferência também ser exequível de forma mais manual, para casos

III.04
mais simples);
- Após o apuramento do imposto deverá ser confirmado se todas as subcontas das
contas 2431 a 2435 ficaram saldadas, restando apenas o montante do imposto a pagar
(conta 2436) ou a recuperar (conta 2437), consoante a situação;
- Se for solicitado o reembolso do imposto à AT, o valor em causa deve ser transferido
da conta 2437 para a conta 2438;
- Os saldos destas contas devem ser verificados periodicamente, comparando-os com
as declarações periódicas do IVA;
- O Contabilista Certificado deve garantir o envio das declarações do IVA das empresas
em que assume a responsabilidade técnica, nos prazos legalmente previstos;
- Apurando-se imposto a pagar, deve proceder ao envio, para o cliente, das respetivas
guias de pagamento, de modo que sejam liquidadas nos prazos legalmente estabe-
Ordem dos Contabilistas Certificados

lecidos;
- O Contabilista Certificado deve também verificar se o cliente liquidou efetivamente as
guias de pagamento do IVA que sejam devidas e dentro dos prazos legais, pela consulta
dos extratos bancários e do Portal da Autoridade Tributária.

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Conta 245 – “Contribuições para a Segurança Social”


• Esta conta destina-se a registar as contribuições e quotizações que sejam devidas à
Segurança Social.
• Salientam-se os seguintes procedimentos de execução e controlo:
- Será adequado subdividir esta conta de acordo com a natureza das contribuições ou
quotizações;
- Analisar, numa base mensal, a composição dos saldos “em aberto”, sendo que, se
não existirem dívidas em mora, esse saldo corresponderá ao montante das contribui-
ções e quotizações desse mês, a pagar até dia 20 do mês seguinte (verificar também
a informação disponível no Portal da Segurança Social e do FCT/FGCT, não obstante,
recorde-se que, de momento, o FCT/FGCT está suspenso);
- Conforme o que esteja contratualizado com a entidade, o Contabilista Certificado
deve garantir a entrega e o envio, para o cliente, das declarações e guias de pagamen-
to, dentro dos prazos legalmente previstos;
- Verificar se o cliente liquidou efetivamente as guias de pagamento dentro dos prazos
legalmente previstos, pela consulta dos extratos bancários.

246 – “Tributos das autarquias locais” a 248 – “Outras tributações”


• A generalidade dos procedimentos de controlo anteriormente indicados devem tam-
bém ser tidos em consideração, com as necessárias adaptações, na verificação das de-
mais contas (246 – “Tributos das autarquias locais” e 248 – “Outras tributações”).

82
organização e controlo
Procedimentos de
III.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


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4.16. Controlo contabilístico:


Impostos diferidos

Visto que as regras fiscais são diferentes das normas contabilísticas, porque tam-
bém são diferentes os principais objetivos prosseguidos pelas demonstrações fi-
nanceiras e pela fiscalidade, tal implica, muitas vezes, o reconhecimento de impos-
tos diferidos - numa ótica de acréscimo ou de periodização económica.

Mas estas diferenças entre as normas contabilísticas e as regras fiscais podem ser
permanentes ou temporárias.

Poderemos dizer que as diferenças permanentes (também ditas definitivas) entre


as normas contabilísticas e as regras fiscais são aquelas que não têm implicações
nem são revertíveis em períodos futuros, como por exemplo, as despesas não do-
cumentadas ou não devidamente documentadas, as multas e coimas, o próprio IRC
e as tributações autónomas.

As diferenças permanentes não implicam o reconhecimento de impostos diferidos.


As diferenças permanentes apenas influenciam o cálculo do imposto corrente.

83
Por outro lado, as diferenças temporárias são diferenças entre as normas conta-
bilísticas e as regras fiscais que se originam num determinado período e que se

organização e controlo
revertem num ou mais períodos seguintes, resultando no reconhecimento de im-

Procedimentos de
postos diferidos.

Contudo, nem todos os normativos contabilísticos permitem o reconhecimento de


impostos diferidos, conforme se pode constatar no quadro seguinte.

III.04
Imposto sobre o rendimento

IAS/IFRS e NCRF NCRF-PE e NCRF-ESNL NC-ME

IAS 12 e NCRF 25 Capítulos 16 Capítulo 16

- Imposto corrente.
Imposto corrente - Imposto corrente e diferido se
Imposto corrente
e diferido usar modelo de revalorização
na mensuração de AFT.

As diferenças temporárias entre as normas contabilísticas e as regras fiscais, que


Ordem dos Contabilistas Certificados

são as que implicam o reconhecimento de impostos diferidos (dependendo do


normativo adotado pela entidade), subdividem-se entre diferenças temporárias
dedutíveis e diferenças temporárias tributáveis, originando, respetivamente, o re-
conhecimento de ativos e de passivos por impostos diferidos.

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Os ativos por impostos diferidos são as quantias de impostos sobre o rendimento


recuperáveis em períodos futuros respeitantes a diferenças temporárias dedutí-
veis, mas também as respeitantes ao reporte de prejuízos fiscais e de créditos
tributáveis não utilizados.

Como exemplos destas diferenças temos as perdas por imparidade de dívidas a re-
ceber de clientes cuja aceitação fiscal é determinada em função da mora ao longo
de 24 meses nos termos do n.º 2 do artigo 28.º-B do Código do IRC, assim como as
provisões para garantias a clientes que ultrapassam o limite fiscal do n.º 5 do artigo
39.º do Código do IRC, mas que são dedutíveis no futuro quando os encargos forem
efetivamente utilizados.

Os passivos por impostos diferidos podem ser definidos como sendo as quantias
de impostos sobre o rendimento pagáveis em períodos futuros com respeito a di-
ferenças temporárias tributáveis.

Exemplos de situações suscetíveis de reconhecimento de passivos por impostos


diferidos temos as revalorizações de ativos fixos tangíveis e ativos intangíveis (n.º 9
do artigo 18.º do Código do IRC) e as despesas com projetos de pesquisa e desen-
volvimento (artigo 32.º do Código do IRC).
84
Recomendam-se os seguintes procedimentos de controlo dos impostos diferidos:
organização e controlo

Procedimentos de controlo de impostos diferidos


Procedimentos de

Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:


(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

Documentação para a contabilidade


• Muitas das informações necessárias para o reconhecimento de impostos diferidos di-
III.04

zem respeito a outras áreas específicas, como por exemplo, as perdas por imparidade
de clientes, as provisões para garantias a clientes, as decisões sobre a revalorização de
ativos fixos, entre outras, sendo necessário que todas essas informações sejam comuni-
cadas ao Contabilista Certificado.

Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Diferenças temporárias
• O Contabilista Certificado deve verificar se o normativo contabilístico adotado pela
entidade exige o reconhecimento de impostos diferidos.
• Sendo esse o caso, deve proceder do seguinte modo:
- Identificar todas as diferenças temporárias existentes à data de relato financeiro;
- Ter em consideração que o tema dos impostos diferidos é um tema dinâmico, ou seja,
Ordem dos Contabilistas Certificados

suscetível de sofrer alterações, na medida em que a legislação fiscal pode mudar e,


consequentemente, situações passíveis do reconhecimento de impostos diferidos num
determinado período podem já não existir num período seguinte e vice-versa;

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

- Assim, todos os anos, o Contabilista Certificado deve analisar a legislação fiscal verifi-
cando se ocorreram operações empresariais suscetíveis do reconhecimento, ou até do
desreconhecimento, de impostos diferidos;
- Classificar as diferenças temporárias em dedutíveis ou tributáveis, consoante as si-
tuações;
- Os ativos por impostos diferidos, resultantes de diferenças temporárias dedutíveis,
só devem ser reconhecidos se existir a expetativa da sua realização futura, pelo que
será necessário efetuar juízos de valor sobre a existência de lucros tributáveis futuros,
devendo essa análise ser efetuada em conjunto com o órgão de gestão da entidade;
- Quantificar o efeito fiscal das diferenças temporárias (dedutíveis e tributáveis);
- Manter um histórico da aplicação de impostos diferidos no dossiê fiscal das entidades.

Compensação de saldos
• Verificar o dever de compensação de saldos previsto na IAS 12 e na NCRF 25.
• Por regra, as normas contabilísticas proíbem a compensação de saldos contabilísticos,
todavia, a NCRF 25 e IAS 12 estabelecem o dever de compensar os ativos e passivos por
impostos diferidos, mas somente nos termos dessas normas, ou seja, se: i) a entidade
tiver um direito legalmente executável de compensar ativos por impostos correntes con-
tra passivos por impostos correntes; e ii) os ativos por impostos diferidos e os passivos
por impostos diferidos se relacionarem com impostos sobre o rendimento lançados pela
mesma autoridade fiscal sobre a mesma entidade tributável.
• Verificar a adequabilidade dos saldos contabilísticos, com especial atenção às contas
2741, 2742, 5812, 5892, 592 e 8122.
85

Apresenta-se de seguida um exemplo prático de controlo de ativos por impostos

organização e controlo
diferidos relativos a perdas por imparidade de clientes.

Procedimentos de
III.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


Procedimentos de
III.04 organização e controlo

86
Empresa XPTO, Lda.
Reconciliação de Clientes a 31/12/2023 - PERDAS POR IMPARIDADE 31/12/2023

Entidade Nome Documento N.º Data Total Doc. Mora - Meses % PI Aceite PI Aceite PI Ñ Aceite
FATURAS A PRONTO-PAGAMENTO
5 Cliente “Y”, SA FA 47/2022 14-09-2022 5 057,76 15 50% 2 528,88 2 528,88
5 Cliente “Y”, SA FA 53/2022 10-10-2022 5 057,76 14 50% 2 528,88 2 528,88
5 Cliente “Y”, SA FA 59/2022 12-11-2022 5 057,76 13 50% 2 528,88 2 528,88
5 Cliente “Y”, SA FA 65/2022 13-12-2022 5 057,76 12 25% 1 264,44 3 793,32

Volume III. Relato Financeiro


5 Cliente “Y”, SA FA 4/2023 29-01-2023 5 067,60 11 25% 1 266,90 3 800,70
5 Cliente “Y”, SA FA 16/2023 17-02-2023 5 067,60 10 25% 1 266,90 3 800,70
5 Cliente “Y”, SA FA 23/2023 14-03-2023 5 067,60 9 25% 1 266,90 3 800,70
35 433,84 12 651,78 22 782,06
Controlo: 0,00

ARTIGO 28.º-B CIRC:


Aceite Não Aceite - AID Taxa IRC 21,00%
Entre 6 e 12 meses 25% 75% Derrama 1,50%
Entre 12 e 18 meses 50% 50% AID 22,50% 5 125,96
Entre 18 e 24 meses 75% 25%
Há mais de 24 meses 100% 0%

Data de relato financeiro: 31/12/2023


Perda por imparidade (contabilidade) 35 433,84
Perda por imparidade aceite fiscalmente 12 651,78
Perda por imparidade não aceite fiscal- 22 782,06
mente

Ativos por impostos diferidos: 5 125,96


Débito/ 2741
Crédito/ 8122
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Ordem dos Contabilistas Certificados


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4.17. Controlo contabilístico:


Financiamentos obtidos

Os financiamentos obtidos por uma entidade podem ter diferentes origens. Entre
os mais frequentes estarão os empréstimos bancários, as locações financeiras e os
suprimentos ou outros mútuos efetuados pelos sócios às respetivas sociedades.

Neste domínio, recomendam-se os seguintes procedimentos de controlo:

Procedimentos de controlo de financiamentos obtidos


Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

Segregação de funções
• Dependendo da dimensão das entidades, os processos de autorização, execução e con-
trolo de financiamentos obtidos, devem ser assegurados por pessoas distintas.

Processo de autorização
• Dependendo da dimensão e complexidade da entidade, poderá ser recomendável es-
tabelecer a obrigação de, pelo menos, duas autorizações ou assinaturas (de pessoas
independentes) para a obtenção de financiamentos.
87
Suporte documental
• Sem prejuízo do disposto nos artigos 243.º a 245.º do Código das Sociedades Comer-

organização e controlo
ciais, relativamente ao “Contrato de suprimento”, bem como, nos artigos 1142.º a 1151.º

Procedimentos de
do Código Civil, relativamente ao “Mútuo”, recomenda-se que todos os financiamentos
obtidos pela entidade sejam contratualmente suportados e reduzidos a escrito.

Conferência de juros
• As entidades devem verificar a exatidão dos cálculos de juros e encargos cobrados
pelas instituições de crédito.

III.04
Documentação para a contabilidade
• O Contabilista Certificado deve ser informado de todos os financiamentos obtidos pela
entidade e respetivas condições contratuais, disponibilizando ao profissional, cópia dos
contratos subjacentes, assim como, quaisquer documentos posteriormente emitidos re-
lativos a esses financiamentos (pagamento de prestações, amortização de capital, juros,
outros encargos e similares).

Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Conferência dos registos contabilísticos


• Devem existir registos detalhados para cada um dos financiamentos obtidos pela en-
tidade.
• Esses registos contabilísticos devem ser conferidos, garantindo o cumprimento do nor-
Ordem dos Contabilistas Certificados

mativo contabilístico adotado pelas entidades.


• As transações e saldos com partes relacionadas devem ser confirmados junto das
mesmas.

Volume III. Relato Financeiro


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Conferência de financiamentos obtidos junto de instituições financeiras


• Verificar periodicamente a informação constante no Mapa de Responsabilidades de
Crédito de cada entidade, o qual é disponibilizado pelo Banco de Portugal através do
seguinte acesso:
https://www.bportugal.pt/area-empresa/formulario/222
• Verificar se existe informação relativa a financiamentos obtidos nos extratos e outros
documentos enviados por instituições financeiras.
• Verificar se existem garantias prestadas a divulgar.
• Comparar a informação obtida com os saldos do balancete analítico.
• Verificar a maturidade dos saldos.
• Verificar a mensuração dos saldos (custo / custo amortizado).
• Verificar a aplicação do princípio de não compensação de saldos.
• Quaisquer divergências detetadas devem ser investigadas e, se necessário, solicitar a
informação e documentação em falta ao órgão de gestão da entidade.

Suprimentos e outros mútuos


• Confirmar junto do órgão de gestão das entidades, informações sobre suprimentos e
outros mútuos realizados pelos sócios ou acionistas, solicitando os respetivos contratos.
• Verificar a sujeição a imposto do selo neste tipo de contratos e a eventual aplicação de
alguma norma de isenção.
• Comparar a informação obtida com os saldos do balancete analítico.
88
• Verificar a maturidade dos saldos.
• Verificar a mensuração dos saldos (custo / custo amortizado).
organização e controlo

• Verificar a aplicação do princípio de não compensação de saldos.


Procedimentos de

• Quaisquer divergências detetadas devem ser investigadas e, se necessário, solicitar a


informação e documentação em falta ao órgão de gestão da entidade.
• O Contabilista Certificado deve informar as entidades nas quais assume a responsabili-
dade técnica, acerca da sujeição a imposto do selo de algumas operações relacionadas
III.04

com suprimentos e outros mútuos, bem como sobre a entrega da Declaração Mensal de
Imposto do Selo (DMIS).
• Tratando-se de partes relacionadas devem salvaguardar-se todas as questões em maté-
ria de preços de transferência, nos termos do artigo 63.º do Código do IRC.

Subsídios reembolsáveis
• Verificar o reconhecimento contabilístico de subsídios reembolsáveis, os quais são tra-
tados como passivos.

Maturidade dos financiamentos


• Efetuar a separação entre financiamentos correntes e não correntes no plano de contas,
confirmando e atualizando os respetivos saldos em cada período de relato, de acordo
Ordem dos Contabilistas Certificados

com o plano de amortização da correspondente dívida.


• Verificar se existem situações de incumprimento que devam ser divulgadas.

Volume III. Relato Financeiro


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Juros suportados
• Os gastos de financiamento obtidos devem ser reconhecidos no período a que res-
peitam, em conformidade com o regime do acréscimo, pelo que haverá que verificar a
especialização dos juros suportados e demais encargos diretamente relacionados com
financiamentos obtidos.

• Questionar o órgão de gestão das entidades sobre a eventual obtenção de financia-


mentos diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um ativo que se
qualifica, os quais poderão ter de ser capitalizados no custo desse ativo.
• Verificar a evolução mensal e anual dos gastos com financiamentos obtidos e, sempre
que possível, comparar com orçamentos e ou com a contabilidade analítica ou por cen-
tros de custos, interpretando os eventuais desvios.

Financiamentos obtidos em outras divisas


• Devem ser validadas as taxas de câmbio utilizadas na transposição de saldos e ope-
rações em moeda estrangeira, para a moeda funcional, tendo em atenção as normas
contabilísticas relativas aos efeitos de alterações em taxas de câmbio.

89

organização e controlo
Procedimentos de
III.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.18. Controlo contabilístico:


Acionistas ou sócios

Nas contas 26x – “Acionistas/ sócios” registam-se os movimentos com acionistas


ou sócios que não sejam transações correntes, transações de imobilizado, nem
investimentos financeiros.

Neste âmbito das transações com sócios ou acionistas, é relevante ter, desde logo,
em atenção, que as retiradas de dinheiro por parte dos acionistas ou sócios podem
vir a ser qualificadas como adiantamentos por conta de lucros ou até mesmo como
despesas não documentadas, quando não exista comprovação fidedigna de que
tais retiradas de dinheiro tenham como objetivo o pagamento de operações rela-
cionadas com a atividade da empresa.

De facto, o n.º 4 do artigo 6.º do Código do IRS estabelece uma presunção relativa
a rendimentos de capitais (categoria E), segundo a qual os lançamentos a seu favor,
em quaisquer contas correntes dos acionistas ou sócios, escrituradas nas socie-
dades comerciais ou civis sob forma comercial, quando não resultem de mútuos,
da prestação de trabalho ou do exercício de cargos sociais, presumem-se feitos a
título de lucros ou adiantamento dos lucros.
90

Assim, recomendam-se os seguintes procedimentos de controlo:


organização e controlo
Procedimentos de

Procedimentos de controlo de acionistas ou sócios


Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)
III.04

Suporte documental
• Todas as operações entre as sociedades e os respetivos acionistas ou sócios devem
estar devidamente suportadas em termos documentais.
• Devendo salvaguardar-se todos os trâmites legais relacionados com alguns desses su-
portes documentais, salientando-se a elaboração das atas e o registo comercial de deter-
minadas operações, designadamente, nos termos do Código das Sociedades Comercias
e do Código do Registo Comercial, recomendando-se a consulta de apoio jurídico para
esse efeito, junto de advogado ou de outro profissional da área jurídica.
• Se a própria sociedade conceder empréstimos aos seus sócios ou acionistas, recomen-
da-se que sejam elaborados os respetivos suportes contratuais, salientando-se para o
disposto nos artigos 1142.º a 1151.º do Código Civil, relativamente ao “Mútuo” e, também
para esse efeito, sugere-se a consulta de apoio jurídico.
• Tratando-se de partes relacionadas devem salvaguardar-se todas as questões em maté-
Ordem dos Contabilistas Certificados

ria de preços de transferência, nos termos do artigo 63.º do Código do IRC.

Documentação para a contabilidade


• Toda a documentação de suporte às operações com acionistas ou sócios deve ser dis-
ponibilizada ao Contabilista Certificado, para que o profissional proceda ao correto reco-
nhecimento contabilístico das mesmas e às divulgações legalmente exigidas.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Conferência dos registos e saldos contabilísticos


• Devem existir registos detalhados das operações com os acionistas ou sócios.
• Esses registos contabilísticos devem ser conferidos, garantindo o cumprimento do nor-
mativo contabilístico adotado pelas entidades.
• Tratando-se de partes relacionadas, as transações e saldos com estas entidades devem
ser confirmados junto das mesmas.
• Devem analisar-se os saldos devedores e questionar o órgão de gestão da sociedade
sobre eventuais perdas por imparidade a reconhecer, assim como a eventual reversão de
perdas por imparidade anteriormente reconhecidas.
• Verificar a maturidade dos saldos.
• Verificar a mensuração dos saldos (custo / custo amortizado).
• Verificar a aplicação do princípio de não compensação de saldos.

Capital social subscrito e não realizado


• Deve ser verificada a eventual existência de capital subscrito e não realizado, pela con-
sulta da certidão permanente da entidade, dos extratos bancários e da informação dis-
ponível no seguinte acesso:
https://publicacoes.mj.pt/Pesquisa.aspx#
• O capital subscrito e não realizado deve ficar refletido na conta 261 – “Acionistas/ sócios
- Acionistas c/ subscrição” ou na conta 262 – “Acionistas/ sócios - Quotas não liberadas”,
consoante a situação em concreto, existindo uma linha no ativo corrente, no balanço, para
evidenciar o “Capital subscrito e não realizado”, exatamente com esta denominação. 91
Distribuição de lucros e adiantamento por conta de lucros

organização e controlo
• Verificar a adequabilidade dos saldos das contas 263 – “Acionistas/sócios - Adianta-
mentos por conta de lucros”, 264 – “Acionistas/sócios - Resultados atribuídos” e 265

Procedimentos de
– “Acionistas/sócios - Lucros disponíveis”, com o que ficou deliberado em ata e com os
movimentos bancários associados.
• Verificar se foi retido na fonte o imposto que seja devido – IRS ou IRC, ou se foi aplicada
alguma isenção, atenuação ou dispensa de retenção, solicitando-se o respetivo suporte
documental aos responsáveis da sociedade.

III.04
• Por este motivo, o Contabilista Certificado deve informar os responsáveis das entidades
nas quais assume a responsabilidade técnica, acerca da sujeição a retenção na fonte de
IRS ou IRC, assim como eventuais isenções, dispensas ou atenuações, relativamente à
distribuição de lucros ou dividendos e aos adiantamentos por conta de lucros.

Empréstimos concedidos e juros obtidos


• A concessão de empréstimos, pela própria sociedade, aos seus sócios ou acionistas,
deve estar contratualmente suportada e é registada a débito da conta 26x – “Acionis-
tas/ sócios” (na conta 266 ou numa subconta criada especificamente para esse efeito),
por contrapartida a crédito da conta de depósitos bancários, devendo ter sempre saldo
devedor.
• Aferir se existem juros obtidos a especializar.
Ordem dos Contabilistas Certificados

• Neste sentido, deve ser verificada a exatidão dos saldos do balancete analítico, tendo
em consideração o que esteja contratualmente convencionado entre as partes.
• Quaisquer divergências detetadas devem ser investigadas e, se necessário, solicitar a
informação e documentação em falta ao órgão de gestão da sociedade.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

• Verificar a sujeição a imposto do selo neste tipo de contratos e a eventual aplicação de


alguma norma de isenção.
• O Contabilista Certificado deve informar as entidades nas quais assume a responsabili-
dade técnica, acerca da sujeição a imposto do selo de algumas operações relacionadas
com empréstimos (e outras), bem como sobre a entrega da DMIS.
• Tratando-se de partes relacionadas devem salvaguardar-se todas as questões em maté-
ria de preços de transferência, nos termos do artigo 63.º do Código do IRC.

Maturidade dos empréstimos concedidos


• Efetuar a separação entre empréstimos correntes e não correntes no plano de contas,
confirmando e atualizando os respetivos saldos em cada período de relato, de acordo
com o plano de amortização da correspondente dívida.

Saldos e operações em outras divisas


• Devem ser validadas as taxas de câmbio utilizadas na transposição de saldos e ope-
rações em moeda estrangeira, para a moeda funcional, tendo em atenção as normas
contabilísticas relativas aos efeitos de alterações em taxas de câmbio.

92
organização e controlo
Procedimentos de
III.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.19. Controlo contabilístico:


Acréscimos e diferimentos

As demonstrações financeiras das entidades, exceto a demonstração de fluxos de


caixa, devem ser preparadas utilizando o regime contabilístico de acréscimo, tam-
bém designado por periodização económica.

A contabilidade deve basear-se nas operações realizadas no período, com o ob-


jetivo de se preparar e apresentar demonstrações financeiras que representem a
posição financeira e o desempenho económico verificados nesse período, indepen-
dentemente de outros formalismos legais.

O momento da emissão de documentos de faturação decorre das regras previstas


em termos fiscais, nomeadamente no Código do IVA, não devendo influenciar o
momento do reconhecimento dos respetivos factos ou operações nas demonstra-
ções financeiras.

Em termos contabilísticos e em conformidade com o regime de acréscimo previsto


no parágrafo 22 da Estrutura Conceptual do SNC e nos parágrafos 27 e 28 da IAS 1
– “Apresentação de Demonstrações Financeiras”, os efeitos das transações e de ou- 93
tros acontecimentos são reconhecidos quando eles ocorram (e não quando caixa
ou equivalentes de caixa sejam recebidos ou pagos), sendo registados contabilisti-

organização e controlo
camente e relatados nas demonstrações financeiras dos períodos com os quais se

Procedimentos de
relacionem, utilizando-se as contas 272x – “Devedores e credores por acréscimos”
e 28x – “Diferimentos” para este efeito.

Devido a este procedimento, é bastante comum a realização de reconhecimen-

III.04
tos contabilísticos baseados em estimativas de valores (conforme previsto no
parágrafo 26 da NCRF 4 e no parágrafo 33 da IAS 8, ambas relativas às “Políticas
Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros”), proceden-
do-se ao reconhecimento de acréscimos ou diferimentos de gastos e rendimen-
tos, quando os períodos do reconhecimento contabilístico não coincidam com
as datas dos documentos emitidos (designadamente, faturas ou recibos), ou
quando não exista a receção em devido tempo desses documentos.

Assim, as contas 2721 – “Devedores por acréscimos de rendimentos” (conta de


ativo - devedora) e 2722 – “Credores por acréscimos de gastos” (conta de pas-
sivo – credora) registam, respetivamente, a contrapartida dos rendimentos e dos
Ordem dos Contabilistas Certificados

gastos que devam ser reconhecidos no próprio período, ainda que não tenham
documentação vinculativa, cuja receita ou despesa só venha a ocorrer em período
ou períodos posteriores.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Como exemplo de aplicação da conta 2721 – “Devedores por acréscimos de rendi-


mentos”, pode indicar-se o caso dos juros de depósitos a prazo ou de financiamen-
tos concedidos que se vencem num período posterior.

Como exemplo de aplicação da conta 2722 – “Credores por acréscimos de gastos”,


pode apontar-se a estimativa de férias, subsídio de férias e respetivos encargos
vencidos no final do exercício, mas que apenas são pagáveis no exercício seguinte
(e que já se analisou anteriormente). Mas existem muitos outros exemplos de apli-
cação da conta 2722, como sejam os juros a liquidar num período posterior e gas-
tos gerais com eletricidade, água e comunicações (telefone, internet) respeitantes
a determinado período, mas cujas faturas dos fornecedores somente são emitidas
e liquidadas no período seguinte.

As contas 281 – “Diferimentos - Gastos a reconhecer” (conta de ativo - devedora)


e 282 – “Diferimentos – Rendimentos a reconhecer” (conta de passivo – credora)
compreendem, respetivamente, os gastos e os rendimentos que devam ser reco-
nhecidos nos períodos seguintes.

Como exemplos comuns de aplicação da conta 281 – “Diferimentos - Gastos a


94 reconhecer”, podem assinalar-se as rendas e os prémios de seguro cujas faturas e
recibos são antecipadamente emitidos pelos fornecedores e pagos pelas entida-
organização e controlo

des clientes, mas que respeitam a gastos de períodos futuros.


Procedimentos de

Como exemplos de aplicação da conta 282 – “Diferimentos – Rendimentos a re-


conhecer”, podem indicar-se as rendas emitidas e recebidas antecipadamente,
respeitantes a períodos de arrendamento futuros, bem como, os subsídios à explo-
ração auferidos, cujo rendimento só é reconhecido em períodos posteriores, em
III.04

regra, para balancear com os respetivos gastos que se pretende subsidiar.

Tendo em consideração o exposto, salientam-se os seguintes procedimentos de


execução e controlo:

Procedimentos de controlo de acréscimos e diferimentos


Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

Documentação para a contabilidade


Ordem dos Contabilistas Certificados

• O órgão de gestão da entidade fornece a informação e documentação necessária para


o respetivo tratamento contabilístico.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Conferência dos documentos de suporte


• Verificar se todas as transações têm os adequados documentos de suporte para a reali-
zação das estimativas contabilísticas necessárias ao registo dos acréscimos e diferimentos.
• Os documentos em falta devem ser solicitados aos responsáveis da entidade.

Procedimentos de execução e controlo


• No reconhecimento contabilístico dos documentos de faturação (emitida e recebida),
juros, subsídios e outras operações, deve verificar-se sempre a que período(s) respei-
ta(m), utilizando-se as contas de acréscimos e diferimentos quando necessário e nos
termos previstos no normativo contabilístico.
• Deve manter-se um histórico das situações em que, por norma, os documentos de
suporte só são emitidos em períodos posteriores, mas que estão relacionados com ren-
dimentos ou gastos do período corrente, sendo necessário o Contabilista Certificado
questionar o órgão de gestão sobre as estimativas a reconhecer relativamente a essas
operações (de acordo com o parágrafo 26 da NCRF 4 e parágrafo 33 da IAS 8, o uso de
estimativas razoáveis é uma parte essencial da preparação de demonstrações financeiras
e não diminui a sua fiabilidade).
• De modo similar, deve manter-se o histórico das situações em que os documentos de
suporte já foram emitidos e rececionados, mas que respeitam a gastos ou rendimentos
de períodos futuros;
• E deve-se guardar toda essa informação, de forma física (mediante cópia dos documen-
tos subjacentes) ou, preferencialmente, de forma digital (mediante a utilização de folhas 95
de cálculo ou através de funcionalidades dos programas de contabilidade e de outros
módulos), que irá ser útil quer para controlar a composição dos saldos das contas 272x –

organização e controlo
“Devedores e credores por acréscimos” e 28x – “Diferimentos”, quer para reconhecer os

Procedimentos de
gastos e rendimentos propriamente ditos nos períodos a que respeitam.
• E sempre que se apresente relato financeiro intercalar (mensal, trimestral ou semestral),
todos estes procedimentos devem ser tidos em consideração aquando dos respetivos
relatos financeiros intercalares (e não apenas no final do exercício).

III.04
Conferência de saldos
• Verificar os saldos das contas de acréscimos e diferimentos do início do período, e a
necessidade de anular, aumentar ou reduzir esses saldos no final do período.
• Após o correto registo contabilístico das transações do mês corrente, deve verificar-se
se o saldo final contabilístico é apropriado.

Conferência dos registos contabilísticos


• Os registos contabilísticos das transações devem ser conferidos, garantindo o cumpri-
mento do normativo contabilístico adotado pelas entidades.
• Devem ser analisadas as contas de acréscimos e diferimentos com o respetivo detalhe
em cada período de relato (pelo menos anualmente).

Apresentam-se nas páginas seguintes um modelo exemplificativo de acréscimos


Ordem dos Contabilistas Certificados

de rendimentos e um modelo exemplificativo de diferimento de gastos.

Volume III. Relato Financeiro


Procedimentos de
III.04 organização e controlo

96
Modelo exemplificativo de mensualização de acréscimos de rendimentos

Designação comercial da entidade


NIF
Morada
Código postal
Mensualização de acréscimos de rendimentos.

Data Documento 2023


Total
Diferimentos Descrição 2022 2024

Volume III. Relato Financeiro


jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez reconhecido
Inicial Final Total Nº
2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023

27211 7911 Juros


24/05/2023 24/05/2024 2 033,33 44,44 166,67 172,22 172,22 166,67 172,22 166,67 172,22 800 555,56
a receber
27211 7911 Juros -
a receber
27211 7911 Juros -
a receber

Total 272 - - - - - 44,44 166,67 172,22 172,22 166,67 172,22 166,67 172,22 800 555,56


Depósito a prazo n.º 123456 - Banco “Y”
Controlo c/Balancete:
Valor inicial: 400 000,00 €
Fecho de agosto/2023 - valores acumulados: #27211 555,56
Taxa: 0,50%
#7911 555,56
Início: 24/05/2023
Fim: 24/05/2024

Prazo: 366
Base: 360
Juro: 2 033,33 €
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Ordem dos Contabilistas Certificados

Modelo exemplificativo de mensualização de diferimentos de gastos

Designação comercial da entidade


NIF
Morada
Código postal
Mensualização de gastos diferidos

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dec Montante
Descrição Doc. Valor Início Fim Debitar Creditar 2022 2024
2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 A diferir
Guia de Boas Práticas Profissionais

Diferimentos

Renda 401 002 932€ mensal 01/01/2023 31/12/2023 6261 281 932,00 932,00 932,00 932,00 932,00 932,00 932,00 932,00 932,00 932,00 932,00 932,00 932,00 932,00
Fornecedor Y 401 004 148,14 € 01/01/2023 31/03/2023 6223 281 49,38 49,38 49,38 0,00
(segurança)
Fornecedor X 410 001 67,80 € 25/10/2022 24/10/2023 6263 281 11,30 5,65 5,65 5,65 5,65 5,65 5,65 5,65 5,65 5,65 5,65 0,00
(seguros)
Fornecedor Z 408 021 77,28 € 26/10/2023 25/10/2024 6263 281 6,44 6,44 64,40 64,40
(seguros)
0,00
TOTAL 987,03 987,03 987,03 937,65 937,65 937,65 937,65 937,65 937,65 937,65 938,44 938,44 996,40 996,40

Controlo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Volume III. Relato Financeiro


97

Procedimentos de
III.04 organização e controlo
Guia de Boas Práticas Profissionais

4.20. Controlo contabilístico:


Provisões

A NCRF 21 e a IAS 37, ambas sobre “Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Con-
tingentes”, tratam do reconhecimento de provisões, que são passivos de tempes-
tividade ou quantia incerta, ou seja, são obrigações presentes que implicam saídas
futuras de recursos que incorporam benefícios económicos, mas para os quais não
se conhece com certeza o momento ou a quantia dessa saída de recursos.

Os capítulos 13 da NCRF-PE, NC-ME e NCRF-ESNL também abordam a temática das


provisões.

A diferença entre os passivos, nomeadamente resultantes de dívidas comerciais a


pagar, os acréscimos de gastos e as provisões, é que os primeiros resultam de obri-
gações contratuais presentes de pagar uma quantia certa pela aquisição de um bem
ou serviço.

A obrigação contratual de um passivo resulta de uma fatura ou acordo contratual-


mente formalizado com o credor.

98
Pelo que este passivo, designado de passivo financeiro, deve ser reconhecido
quando a entidade devedora se torne uma das partes contratuais, ou seja, quando
organização e controlo

formalmente (através de fatura ou contrato) assuma uma obrigação presente de


Procedimentos de

pagar uma determinada quantia no futuro à outra parte.

Em termos práticos, os passivos apenas devem ser reconhecidos quando se receba


a fatura ou assine o contrato a formalizar a dívida a pagar. É nesse momento que se
III.04

deve contabilizar essa dívida a pagar na respetiva conta corrente do credor (conta
22x, 25x, 271x ou 278x, consoante a situação aplicável).

Os acréscimos de gastos devem ser reconhecidos por aquisições de bens ou ser-


viços já recebidos ou utilizados, mas em que não se tenha recebido a fatura ou
assinado o contrato formal com o fornecedor ou outro credor, no cumprimento do
pressuposto do acréscimo.

Na prática, os acréscimos de gastos são também passivos, pois representam obri-


gações presentes de pagar através de saídas futuras de recursos que incorporem
benefícios económicos, mas que ainda não podem ser considerados como passivos
Ordem dos Contabilistas Certificados

financeiros (ou outro tipo de passivo) por não estarem ainda formalmente suporta-
dos por uma fatura ou contrato assinado.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Por vezes, os acréscimos de gastos devem ser determinados através de estimativas


razoáveis, por não se conhecer a respetiva quantia ou a tempestividade, no entan-
to, a incerteza dos acréscimos é muito inferior à das provisões.

No caso das provisões, apesar da incerteza quanto à tempestividade e quantia da


saída de recursos no futuro, se existir uma obrigação presente que determine essa
saída futura de recursos, sendo mais provável, do que não, de se verificar essa
saída e sendo possível estimar com fiabilidade o montante da saída, haverá que
reconhecer a referida provisão.

Por outro lado, se a obrigação não for presente, mas apenas possível, ou for uma
obrigação presente, mas for mais provável não existir saída de recursos no fu-
turo ou não for possível determinar com fiabilidade a respetiva quantia, então,
não se poderá reconhecer qualquer provisão, havendo que divulgar nas notas às
demonstrações financeiras um passivo contingente.

Se a obrigação for apenas remota, não haverá nada a fazer.

A conta 29 – “Provisões” serve para registar as responsabilidades das entidades


cuja natureza esteja claramente definida e que à data de relato financeiro sejam de
ocorrência provável ou certa, mas incertas quanto ao seu valor ou data de ocor- 99

rência, embora seja possível estimar o correspondente encargo com fiabilidade

organização e controlo
(vide NCRF 21 e IAS 37, ambas sobre “Provisões, Passivos Contingentes e Ativos

Procedimentos de
Contingentes”, NCRF 26 – “Matérias Ambientais” e capítulos 13 da NCRF-PE, NC-ME
e NCRF-ESNL).

As suas subcontas devem ser utilizadas diretamente pelos dispêndios para que
foram reconhecidas, sem prejuízo das reversões a que haja lugar.

III.04
Tendo em consideração o exposto, recomendam-se os seguintes procedimentos
de execução e controlo:

Procedimentos de controlo de provisões


Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

Segregação de funções e documentação para a contabilidade


• O órgão de gestão da entidade fornece a informação e documentação necessária para
o respetivo tratamento contabilístico.
Ordem dos Contabilistas Certificados

• Os advogados ou técnicos especializados fornecem informações ao órgão de gestão


sobre eventuais obrigações presentes ou futuras decorrentes de legislação ou do exer-
cício da atividade.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

• Os advogados preparam relatórios sobre os processos judiciais em curso e legislação


que crie obrigações presentes com possibilidade de saídas de benefícios no futuro.
• Os técnicos especializados (p.e. engenheiros) preparam relatórios sobre práticas da enti-
dade que crie obrigações presentes com possibilidade de saídas de benefícios no futuro.

Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Conferência dos documentos de suporte


• Verificar se todas as transações têm os adequados documentos de suporte para a reali-
zação das estimativas contabilísticas necessárias ao registo das provisões, seja reconhe-
cimento inicial, reforços, usos ou reversões.
• Os documentos em falta devem ser solicitados aos responsáveis da entidade.

Procedimentos de execução e controlo


• Questionar o órgão de gestão das entidades sobre a eventual existência de processos
ou outras contingências com impacto no relato financeiro, que devam ser provisionadas
ou divulgadas como um passivo contingente, bem como sobre a eventual reversão de
provisões anteriormente registadas que se deva reconhecer no período corrente.
• Será prudente solicitar ao órgão de gestão das entidades que efetue a circularização aos
respetivos advogados, de modo a obter informações sobre os processos judiciais em cur-
so, os valores envolvidos e a expetativa dos juristas quanto à conclusão desses processos.
• Verificar a informação constante no Mapa de Responsabilidades de Crédito de cada
entidade, sobre eventuais financiamentos obtidos cujo pagamento esteja em mora.
100
• Verificar se existem impostos, taxas, tributos e contribuições em mora.
• Quando aplicável, obter junto do órgão de gestão das entidades informações deta-
organização e controlo

lhadas e pertinentes sobre os serviços pós-venda e manter um histórico da evolução de


Procedimentos de

provisões para garantias a clientes.


• Tendo em conta toda a informação obtida junto do órgão de gestão das entidades e o
disposto nas normas contabilísticas, o Contabilista Certificado deve avaliar (em conjunto
com os responsáveis da entidade) a manutenção, atualização ou reversão de provisões
reconhecidas em exercícios anteriores, assim como, analisar a necessidade de reconhe-
III.04

cimento de novas provisões, ou da divulgação de passivos contingentes.


• Deve ser averiguado o impacto fiscal das operações relativas a provisões, salientando-
-se para o disposto nos artigos 39.º e 40.º do Código do IRC.
• Quando aplicável, o Contabilista Certificado deve garantir a elaboração do “Mapa de
Provisões, Perdas por Imparidade em Créditos e Ajustamentos de Inventários”, o qual faz
parte integrante do dossiê fiscal.

Conferência de saldos
• Verificar se os saldos das contas de provisões do início do período, e a necessidade de
reforçar, usar, reduzir ou reverter esses saldos no final do período.
• Após o correto registo contabilístico das transações do mês corrente, deve verificar-se
se o saldo final contabilístico é apropriado.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Conferência dos registos contabilísticos


• Os registos contabilísticos das transações devem ser conferidos, garantindo o cumpri-
mento do normativo contabilístico adotado pelas entidades.

Volume III. Relato Financeiro


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4.21. Controlo contabilístico:


Investimentos financeiros

Nas contas 41x – “Investimentos financeiros” incluem-se participações de capital,


empréstimos concedidos às participadas, entre outros, detidos com caráter de con-
tinuidade ou permanência e que, por conseguinte, não são rapidamente realizáveis.

Dada a relevância que estes ativos podem representar no balanço de algumas en-
tidades, importa começar por recordar, de forma sucinta, determinados aspetos
relacionados com esta temática.

Desde logo, é importante compreender a distinção entre investimentos em subsi-


diárias, associadas e empreendimentos conjuntos.

Ora, se a participação no capital de uma entidade participada implicar que a enti-


dade detentora da participação social passa a deter o controlo da entidade parti-
cipada, ou seja, se a entidade detentora tem o poder de gerir as políticas financei-
ras e operacionais da entidade participada para obter benefícios da mesma, então,
tal participação deve ser considerada como um investimento numa subsidiária.
101
Normalmente, o controlo é determinado pela detenção pela entidade investidora
da maioria (mais de 50%) dos direitos de voto nas tomadas de decisão na entidade

organização e controlo
participada. Mas obviamente que se terá sempre de analisar todos os pormenores

Procedimentos de
de cada investimento em concreto para averiguar a existência de controlo.

Esses direitos de voto são, em princípio, determinados pela posse de instrumentos


de capital próprio que os permitam exercer, nomeadamente através da posse de

III.04
ações ordinárias ou quotas da entidade. Porém, é ainda possível que esses direitos
de voto sejam determinados por acordos parassociais ou outros.

Noutro cenário, se a participação social implicar que a entidade detentora dessa


participação apenas detém influência significativa na entidade participada, ou
seja, se a entidade detentora apenas tem o poder de participar nas decisões das
políticas financeira e operacional da investida (e não de gerir), então, tal participa-
ção deve ser considerada como um investimento numa associada.

Normalmente, a influência significativa é determinada pela detenção pela entidade


investidora de mais de 20% dos direitos de voto nas tomadas de decisão na entida-
Ordem dos Contabilistas Certificados

de participada. Mas obviamente que, também neste caso, será necessário analisar
sempre todos os pormenores de cada investimento em concreto para averiguar a
existência de influência significativa.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

No que respeita aos empreendimentos conjuntos, o normativo nacional define


este conceito como sendo uma atividade económica empreendida por dois ou
mais parceiros, sujeita a controlo conjunto destes mediante um acordo contratual.

O normativo internacional define empreendimento conjunto como sendo um acor-


do conjunto, pelo qual as partes que detêm esse acordo do controlo têm direitos
sobre os ativos líquidos. E acrescenta que operação conjunta é um acordo pelo
qual as partes que detêm o controlo conjunto do acordo têm direitos sobre os
ativos e obrigações pelos passivos relacionados com esse acordo. A classificação
de um acordo conjunto como uma operação conjunta ou um empreendimento con-
junto depende dos direitos e obrigações das partes no acordo.

Apresenta-se de seguida informação sintetizada quanto aos métodos utilizados


para reconhecer os investimentos financeiros nas demonstrações financeiras das
entidades investidoras (admitindo que os mesmos não se qualificam para reconhe-
cimento como ativos não correntes detidos para venda):

- De acordo com o normativo nacional:

Mensuração e reconhecimento de investimentos financeiros – NCRF


102
Investidor não sujeito a
Investidor sujeito a consolidação
Tipologia consolidação
organização e controlo

de participação Demonstrações
Demonstrações Demonstrações
Procedimentos de

de capital Financeiras
Financeiras Individuais Financeiras Individuais
Consolidadas
Subsidiária
(não tem subsidiárias) Em regra, pelo MEP MCI
(NCRF 13 e 15)
Associada
Em regra, pelo MEP Em regra, pelo MEP MEP
III.04

(NCRF 13)
Empreendimento MCP (recomendado);
conjunto (ECC) MEP MCP
(NCRF 13) MEP (permitido)
Outras entidades Custo ou justo valor cf. NCRF 27
Legenda: ECC – Entidade Conjuntamente Controlada; MEP – Método de Equivalência Patrimonial; MCI –
Método de Consolidação Integral; MCP – Método de Consolidação Proporcional

Os outros investimentos financeiros são contabilizados e reconhecidos nos termos


da NCRF 27.
Ordem dos Contabilistas Certificados

No que respeita à NCRF-PE, o § 17.6 desta norma estabelece que os investimentos


em subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos, assim como, os investi-
mentos em outros instrumentos de capital próprio em uma outra entidade, que não
sejam cotados, são mensurados ao custo menos perdas por imparidade.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Porém, o § 17.7 da NCRF-PE permite a mensuração dos investimentos financeiros


em subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos pelo MEP, tal como de-
finido na NCRF 13 – “Interesses em Empreendimentos Conjuntos e Investimentos
em Associadas”, desde que essa opção seja aplicada a todos os investimentos da
mesma natureza, caso em que as imparidades serão avaliadas nos termos da NCRF
12 – “Imparidade de Ativos”.

Por outro lado, o § 17.8 da mesma norma determina que, com exceção dos investi-
mentos em subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos, os instrumen-
tos de capital próprio de uma outra entidade, negociados em mercado líquido e
regulamentado, devem ser mensurados ao justo valor, reconhecendo-se as altera-
ções de justo valor na demonstração de resultados.

Para as entidades que adotem a Norma Contabilística para Microentidades (NC-ME),


somente é permitida a mensuração das participações de capital ao custo de aquisi-
ção, sujeito a ajustamentos subsequentes derivados de eventuais imparidades.

- De acordo com o normativo internacional:

Mensuração e reconhecimento de investimentos financeiros – IAS/IFRS 103

Investidor não sujeito


Investidor sujeito a consolidação

organização e controlo
Tipologia a consolidação

Procedimentos de
de participação Demonstrações
Demonstrações Demonstrações
de capital Financeiras
Financeiras Financeiras Separadas
Consolidadas
Subsidiária (não tem Custo ou Justo valor
MCI
(IAS 27 e IFRS 10) subsidiárias) ou MEP

III.04
Associada Custo ou Justo valor
MEP MEP
(IAS 27 e 28) ou MEP
Empreendimento Custo ou Justo valor
conjunto MEP ou MEP
(IAS 27, 28 e IFRS 11) MEP
Operação conjunta “Consolidação Pro- “Consolidação “Consolidação
(IFRS 11) porcional” Proporcional” Proporcional”
Outras entidades Em regra, ao justo valor cf. IFRS 9
Legenda: MEP – Método de Equivalência Patrimonial; MCI – Método de Consolidação Integral

Os outros investimentos financeiros são contabilizados e reconhecidos nos termos


da IFRS 9.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Conforme se pode constatar, dependendo da dimensão das entidades e das suas


operações, o tema dos investimentos financeiros pode revestir alguma complexi-
dade, pelo que se recomendam os seguintes procedimentos de controlo:

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Procedimentos de controlo de investimentos financeiros


Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

Autorização do órgão de gestão


• Para a realização de qualquer operação relacionada com investimentos financeiros
(aquisições e alienações de partes de capital, empréstimos concedidos às participadas,
entre outros) deve ser obrigatório existir autorização do órgão de gestão da entidade,
sendo recomendável a exigência de, pelo menos, duas assinaturas ou autorizações.

Mensuração dos investimentos


• Sem prejuízo do que está previsto nos normativos contabilísticos, a tomada de decisões
sobre as políticas contabilísticas de mensuração e reconhecimento dos investimentos
deve ser da responsabilidade do órgão de gestão da entidade, ainda que com o apoio
técnico do Contabilista Certificado.

Suporte documental
• Todas as operações relacionadas com investimentos financeiros devem estar devida-
mente suportadas em termos documentais, recomendando-se a existência de um arqui-
vo específico para esse efeito.
• Devendo garantir-se todos os trâmites legais relacionados com essas operações e res-
petivos suportes documentais, salientando-se a elaboração de contratos e o registo co-
104 mercial de determinadas operações, designadamente, nos termos do Código das Socie-
dades Comercias, do Código Civil e do Código do Registo Comercial, recomendando-se
a consulta de apoio jurídico para esse efeito, junto de advogado ou de outro profissional
organização e controlo

da área jurídica.
Procedimentos de

• Tratando-se de partes relacionadas devem salvaguardar-se todas as questões em maté-


ria de preços de transferência, nos termos do artigo 63.º do Código do IRC.

Documentação para a contabilidade


• Toda a documentação de suporte às operações relacionadas com investimentos finan-
III.04

ceiros e outras informações que sejam necessárias devem ser facultadas ao Contabilista
Certificado, para que o profissional proceda ao correto reconhecimento contabilístico
das mesmas e às divulgações legalmente exigidas (p.e. os suportes contratuais subja-
centes, as demonstrações financeiras das participadas para a aplicação do MEP, entre
outros).

Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Conferência dos registos contabilísticos


• O Contabilista Certificado deve verificar se dispõe de todos os documentos de suporte
e informações necessárias, questionando o órgão de gestão caso necessite de algum
documento ou informação adicional (por exemplo, para a aplicação do MEP necessitará
previamente das demonstrações financeiras das participadas).
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

• Devem existir registos detalhados das operações com investimentos financeiros.


• Para além disso, devem existir suportes extra-contabilísticos para essas operações, de-
signadamente através de folhas de cálculo (por exemplo, nas participações reconhecidas
pelo MEP, é conveniente guardar o histórico, para cada participada, relativamente à data
de aquisição, percentagem de interesse, fração da situação líquida adquirida, diferenças
para o justo valor, goodwill e aplicação do MEP).
• Sem prejuízo do disposto nos normativos contabilísticos, deve analisar-se, em conjunto
com o órgão de gestão das entidades, a política contabilística de mensuração e reconhe-
cimento a adotar para cada investimento financeiro.
• Todos os registos contabilísticos devem ser conferidos, garantindo o cumprimento
do normativo contabilístico adotado pelas entidades (verificar se os saldos relativos às
participações de capital estão mensurados de acordo com o normativo contabilístico
aplicável e se os resultados relacionados com as participações foram corretamente con-
tabilizados).
• Tratando-se de partes relacionadas, as transações e saldos com estas entidades devem
ser confirmados junto das mesmas, efetuando-se reconciliações periódicas.
• Deve questionar-se o órgão de gestão da sociedade sobre eventuais perdas por impa-
ridade a reconhecer, assim como a eventual reversão de perdas por imparidade anterior-
mente reconhecidas.

Demonstrações financeiras consolidadas


• Perante um grupo de entidades, o Contabilista Certificado deverá analisar a eventual
obrigatoriedade de serem preparadas demonstrações financeiras consolidadas, assim 105
como, as situações de dispensa e exclusão legalmente previstas (não obstante, esse
tema será abordado mais à frente).

organização e controlo
Procedimentos de
Recebimento de lucros ou dividendos
• Verificar o reconhecimento contabilístico do recebimento de lucros ou dividendos pro-
venientes das participadas, em função da tipologia de investimento e do normativo con-
tabilístico aplicável.
• Apurar o impacto fiscal do recebimento de lucros ou dividendos (vide artigo 51.º e se-

III.04
guintes do Código do IRC).

Empréstimos concedidos e juros obtidos


• Aferir se existem juros obtidos a especializar.
• Neste sentido, deve ser verificada a exatidão dos saldos do balancete analítico, tendo
em consideração o que esteja contratualmente convencionado entre as partes.
• Quaisquer divergências detetadas devem ser investigadas e, se necessário, solicitar a
informação e documentação em falta ao órgão de gestão da sociedade.
• Verificar a sujeição a imposto do selo neste tipo de contratos e a eventual aplicação de
alguma norma de isenção.
• O Contabilista Certificado deve informar as entidades nas quais assume a responsabili-
dade técnica, acerca da sujeição a imposto do selo de algumas operações relacionadas
com empréstimos (e outras), bem como sobre a entrega da DMIS.
Ordem dos Contabilistas Certificados

• Tratando-se de partes relacionadas devem salvaguardar-se todas as questões em maté-


ria de preços de transferência, nos termos do artigo 63.º do Código do IRC.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Alienação de partes de capital


• Verificar os cálculos e registos contabilísticos de mais e menos valias decorrentes da
alienação de investimentos financeiros.
• Analisar o respetivo impacto fiscal (vide artigo 51.º-C do Código do IRC).
• Garantir o preenchimento do “Mapa de mais-valias e menos-valias” (Modelo 31 de IRC),
nos termos legalmente previstos, o qual integra o dossiê fiscal das entidades (quando
aplicável).

Saldos e operações em outras divisas


• Devem ser validadas as taxas de câmbio utilizadas na transposição de saldos e ope-
rações em moeda estrangeira, para a moeda funcional, tendo em atenção as normas
contabilísticas relativas aos efeitos de alterações em taxas de câmbio.

106
organização e controlo
Procedimentos de
III.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


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4.22. Controlo contabilístico:


Investimentos não financeiros

Em algumas entidades, os investimentos não financeiros, nomeadamente em pro-


priedades de investimento, ativos fixos tangíveis e ativos intangíveis, constituem
elementos patrimoniais muito relevantes. Pelo que importa recordar alguns aspe-
tos, ainda que de forma sucinta.

Em primeiro lugar, para que um bem adquirido (tangível ou intangível) possa ser
capitalizado (ou seja, reconhecido como ativo), esse bem tem de começar por se
enquadrar na definição de ativo, entendendo-se como tal, um recurso controlado
pela entidade, proveniente de acontecimentos passados, do qual se espera que
fluam para a entidade benefícios económicos futuros.

Estes requisitos de reconhecimento como ativo encontram-se relacionados com o


potencial de o item adquirido contribuir, direta ou indiretamente, para a obtenção
de fluxos de caixa e equivalentes de caixa para a entidade.

Um ativo é reconhecido no balanço quando for provável que os benefícios eco-


nómicos futuros fluam para a entidade e o ativo tenha um custo ou um valor que 107
possa ser mensurado com fiabilidade.

organização e controlo
Por outro lado, um ativo não é reconhecido no balanço quando, relativamente ao

Procedimentos de
dispêndio incorrido, seja considerado improvável que benefícios económicos flui-
rão para a entidade para além do período contabilístico corrente. Em vez disso, tal
transação resulta no reconhecimento de um gasto na demonstração dos resulta-
dos. Este tratamento não implica que a intenção do órgão de gestão, ao incorrer

III.04
no dispêndio, fosse outra que não a de gerar benefícios económicos futuros para
a entidade, ou que a gestão dos negócios fosse mal orientada. A única implicação
é a de que o grau de certeza de que os benefícios económicos fluirão para a enti-
dade para além do período contabilístico corrente é insuficiente para justificar o
reconhecimento de um ativo.

Cumprindo-se a definição de ativo, haverá ainda que verificar se os itens se enqua-


dram nos respetivos conceitos e se cumprem alguns requisitos adicionais:

- Propriedade de investimento é a propriedade (terreno ou um edifício, ou parte


de um edifício, ou ambos) detida (pelo proprietário ou pelo locatário numa locação
Ordem dos Contabilistas Certificados

financeira) para obter rendas ou para valorização do capital ou para ambas as finali-
dades, e não para o: (i) uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para
finalidades administrativas; nem para (ii) venda no decurso ordinário do negócio;

Volume III. Relato Financeiro


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- Ativo fixo tangível é o item detido para uso na produção ou fornecimento de


bens ou serviços, para arrendamento a outros, ou para fins administrativos e que
se espera que seja usado durante mais do que um período;

- Ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física (exi-
ge-se que o mesmo seja identificável para o distinguir do goodwill).

Apresentam-se de seguida quadros resumo sobre a mensuração inicial e subse-


quente destes ativos não correntes:

Propriedades de Investimento
IAS/IFRS NCRF NCRF-PE NC-ME NCRF-ESNL
Parágrafo 7.5 do Parágrafo 7.2 do Parágrafo 7.5 do
IAS 40 NCRF 11
Capítulo 7 - AFT Capítulo 7 - AFT Capítulo 7 - AFT
Reconhecidas Reconhecidas Reconhecidas
Propriedade de Propriedade de
como ativo fixo como ativo fixo como ativo fixo
investimento investimento
tangível (AFT). tangível (AFT). tangível (AFT).
Mensuração inicial: ao custo de aquisição ou produção.
Mensuração Mensuração
Mensuração Mensuração
subsequente: Mensuração subsequente:
subsequente: subsequente:
Modelo do cus- subsequente: Modelo do cus-
108 Modelo do cus- Modelo do cus-
to; ou Modelo Modelo do to; ou Modelo
to; ou Modelo to; ou Modelo
de revalorização custo. de revalorização
do justo valor. do justo valor.
(como AFT). (como AFT).
organização e controlo
Procedimentos de

Ativos Fixos Tangíveis


IAS/IFRS NCRF NCRF-PE NC-ME NCRF-ESNL
IAS 16 NCRF 7 Capítulo 7 Capítulo 7 Capítulo 7
Mensuração inicial: ao custo de aquisição ou produção.
III.04

Mensuração Mensuração Mensuração Mensuração


Mensuração
subsequente: subsequente: subsequente: subsequente:
subsequente:
Modelo do cus- Modelo do cus- Modelo do cus- Modelo do cus-
Modelo do
to; ou Modelo de to; ou Modelo de to; ou Modelo de to; ou Modelo de
custo.
revalorização. revalorização. revalorização. revalorização.

Ativos Intangíveis
IAS/IFRS NCRF NCRF-PE NC-ME NCRF-ESNL
IAS 38 NCRF 6 Capítulo 8 Capítulo 8 Capítulo 8
Mensuração inicial: ao custo de aquisição ou produção.
Mensuração Mensuração
Ordem dos Contabilistas Certificados

Mensuração Mensuração Mensuração


subsequente: subsequente:
subsequente: subsequente: subsequente:
Modelo do cus- Modelo do cus-
Modelo do Modelo do Modelo do
to; ou Modelo de to; ou Modelo de
custo. custo. custo.
revalorização. revalorização.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

A vida útil de um ativo não corrente é definida em termos da utilidade esperada do


ativo para a entidade.

A política de gestão de ativos da entidade pode envolver a alienação de ativos


após um período especificado ou após consumo de uma proporção especificada
dos futuros benefícios económicos incorporados no ativo. Por isso, a vida útil de
um ativo pode ser mais curta do que a sua vida económica.

A estimativa da vida útil do ativo é uma questão de juízo de valor baseado na expe-
riência da entidade com ativos semelhantes.

Assim, em termos contabilísticos, a vida útil dos ativos não correntes corresponde-
rá ao período ao longo do qual se espera que a entidade use esses ativos, gerando
benefícios económicos. A respetiva amortização ou depreciação, quando aplicável,
é reconhecida, em cada período financeiro, pelo valor correspondente à sua utiliza-
ção nesse período, de acordo com o regime de acréscimo.

A quantia escriturada destes ativos não correntes deve ser desreconhecida no


momento da respetiva alienação ou quando não se espere futuros benefícios
económicos do seu uso ou alienação, reconhecendo-se o correspondente ganho
ou perda. 109

organização e controlo
Para efeitos fiscais, haverá que acautelar o previsto nos artigos 29.º a 34.º e 45.º-

Procedimentos de
A, todos do Código do IRC, assim como, o disposto no Decreto Regulamentar n.º
25/2009, de 14 de setembro, com a redação dada pelo Decreto Regulamentar n.º
4/2015, de 22 de abril, que regulamenta as depreciações e amortizações para efei-
tos de IRC.

III.04
Os procedimentos de controlo referidos anteriormente para a área de for-
necedores de bens e de serviços, incluindo o controlo das correspondentes
contas a pagar, devem ser considerados também aquando da aquisição de
propriedades de investimento, ativos fixos tangíveis e ativos intangíveis, ob-
viamente com as necessárias adaptações a cada caso concreto, remetendo-
-se para a sua análise.

Tendo presente o mencionado no parágrafo anterior, recomendam-se os seguintes


procedimentos adicionais de controlo para os investimentos não financeiros em
propriedades de investimento, ativos fixos tangíveis e ativos intangíveis:
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Procedimentos de controlo de investimentos não financeiros


Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

Gestão informática dos ativos não correntes


• Recomenda-se a utilização de sistemas informáticos específicos para gestão e controlo
de ativos não correntes, que permitam o controlo individualizado de cada bem.
• Esses sistemas também devem permitir gerar e, se possível, integrar automaticamente
a informação necessária para os registos contabilísticos (p.e. as amortizações e depre-
ciações dos ativos).

Manual de políticas contabilísticas e de procedimentos internos


• A tomada de decisões sobre as políticas contabilísticas a adotar para estes investimen-
tos deve ser da responsabilidade do órgão de gestão da entidade.
• Neste sentido, recomenda-se a elaboração de um manual de políticas contabilísticas e
de procedimentos de controlo interno, que deverá ser aprovado pelo órgão de gestão,
o qual deve definir, pelo menos, os seguintes aspetos (obviamente tendo em conta o
disposto no normativo contabilístico, pelo que será vantajoso o Contabilista Certificado
acompanhar a elaboração deste manual):
- A política de capitalização dos bens;
- O controlo dos dispêndios suportados com os trabalhos para a própria entidade;
- O modelo de mensuração contabilística subsequente dos ativos;
110
- A política de amortizações e de depreciações e os respetivos métodos de cálculo;
- A política de revalorização de ativos;
- A determinação do justo valor de propriedades de investimento;
organização e controlo

- A política de reconhecimento de perdas por imparidade;


Procedimentos de

- Os procedimentos de desreconhecimento de bens, em caso de alienação, sinistro ou


abate;
- Arquivo específico, físico ou digital, para os documentos relacionados com as aquisi-
ções, alienações e abates deste tipo de ativos não correntes;
- A verificação física periódica dos bens, respetiva propriedade, estado e localização,
III.04

comparando com a informação do módulo de ativos não correntes, com o balancete


analítico e com os registos contabilísticos;
- Procedimentos de controlo das transferências de localização dos bens;
- Cobertura de seguros e assistência técnica aos equipamentos;
- Registos de propriedade intelectual no caso de certos ativos intangíveis.
• Deve proceder-se à verificação e acompanhamento dos procedimentos estabelecidos.

Documentação para a contabilidade


• Devem ser disponibilizadas ao Contabilista Certificado todas as informações e suportes
documentais que o profissional solicite para o correto reconhecimento contabilístico das
operações com estes ativos, destacando-se (quando aplicável e, sempre que possível,
Ordem dos Contabilistas Certificados

extraídos do sistema informático de gestão de inventários):


- O manual de políticas contabilísticas e de procedimentos de controlo interno;
- Os documentos de faturação ou contratuais subjacentes às respetivas aquisições e
alienações;

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

- As certidões de registo predial, no caso de imóveis, e os documentos únicos das


viaturas;
- Os mapas de ativos não correntes disponibilizados pelo sistema informático de gestão
de ativos (se a própria entidade efetuar essa gestão), com a informação detalhada so-
bre os ativos, vidas úteis, amortizações, depreciações e outros dados;
- Identificação de ativos para os quais se devam reconhecer perdas por imparidade ou
a reversão de perdas anteriormente registadas;
- Informações relativas a financiamentos obtidos, que sejam diretamente atribuíveis à
aquisição, construção ou produção de ativos que se qualificam;
- Outras informações que o profissional solicite para o correto reconhecimento contabi-
lístico dos ativos não correntes, das amortizações e depreciações.

Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Gestão informática dos ativos não correntes


• Caso o controlo dos ativos não correntes seja efetuado pelo próprio Contabilista Cer-
tificado, recomenda-se a utilização de sistemas informáticos específicos para gestão e
controlo destes ativos, que permitam extrair e integrar automaticamente a informação
necessária para os registos contabilísticos.
• Também será exequível, ainda que porventura com menor eficiência, efetuar aquele con-
trolo através de folhas de cálculo, com recurso às funcionalidades e fórmulas do Excel.

Procedimentos de execução
• Independentemente da metodologia utilizada, devem ser estabelecidos critérios para
o tratamento dos bens do ativo não corrente (tendo em consideração o manual de polí- 111
ticas contabilísticas e de procedimentos internos acima proposto).
• Devem ser criadas fichas individuais, numeradas sequencialmente, para registo e con-

organização e controlo
trolo dos ativos.

Procedimentos de
• Devem ser efetuados os registos contabilísticos de aquisições, amortizações, deprecia-
ções, perdas por imparidade e desreconhecimento de ativos, nos termos previstos no
normativo contabilístico aplicável às entidades.
• Efetuar um arquivo específico, físico ou digital, para os documentos relacionados com
as aquisições, alienações e abates deste tipo de ativos não correntes.

III.04
Conferência dos registos contabilísticos
• Os registos contabilísticos das transações devem ser conferidos, garantindo o cumpri-
mento do normativo contabilístico adotado pelas entidades.
• Recomenda-se particular atenção aos seguintes aspetos:
- O Contabilista Certificado deve verificar se dispõe de todos os documentos de supor-
te, questionando o cliente caso necessite de algum documento ou informação adicio-
nal;
- Verificar os cálculos das amortizações, depreciações, perdas por imparidade e respe-
tivas reversões;
- Verificar a amortização de ativos intangíveis com vida útil indefinida (no normativo
nacional);
- Verificar os cálculos de mais e menos valias decorrentes do desreconhecimento de
Ordem dos Contabilistas Certificados

ativos, pela sua venda, sinistro ou outra situação;

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

- Verificar os lançamentos contabilísticos efetuados, com especial atenção, quando


aplicável, para os movimentos relacionados com a aplicação do modelo de revaloriza-
ção de ativos e com a aplicação do modelo do justo valor;
- Verificar o estado dos investimentos em curso e questionar o órgão de gestão sobre a
eventual necessidade de transferir para a conta específica de ativo;
- Rever, junto do órgão de gestão da entidade, a contabilização de despesas de pesquisa
e de despesas de desenvolvimento, relativas a ativos intangíveis gerados internamente
(isto porque os dispêndios com pesquisa ou da fase de pesquisa de um projeto interno,
devem ser reconhecidos como um gasto quando forem incorridos);
- Verificar as taxas de câmbio utilizadas para a conversão de operações originalmente
em moeda estrangeira para a moeda funcional;
- Questionar o órgão de gestão sobre a eventual necessidade de reconhecer perdas por
imparidade ou a reversão de perdas anteriormente reconhecidas, que em qualquer dos
casos devem estar devidamente suportadas;
- Questionar o órgão de gestão sobre a eventual obtenção de financiamentos direta-
mente atribuíveis à aquisição, construção ou produção de itens do ativo não corrente;
- Efetuar a reconciliação do cadastro dos bens do ativo não corrente com os valores da
contabilidade, comparando os mapas de ativos não correntes extraídos do módulo de
gestão de ativos ou das folhas de cálculo, consoante a metodologia utilizada, com o ba-
lancete analítico – valor bruto, amortizações e depreciações do período e acumuladas,
perdas por imparidade, reversões de perdas por imparidade e quantia escriturada, ga-
112
nhos e perdas decorrentes do desreconhecimento de ativos, entre outras, comparando
também com a respetiva existência física;
- Neste sentido, deve verificar-se periodicamente (ou, pelo menos, anualmente), junto
organização e controlo

da entidade cliente, a propriedade, estado e localização dos bens registados no ativo


Procedimentos de

não corrente;
- Comparar os imóveis e veículos constantes da contabilidade e do cadastro dos ativos,
com a informação disponível no portal da AT, nas certidões de registo predial e nos
documentos únicos dos veículos;
- Efetuar a reconciliação da quantia escriturada no início e no fim do período de relato
III.04

financeiro dos ativos não correntes, evidenciando as adições, as revalorizações, as alie-


nações, os ativos classificados como detidos para venda, as depreciações, as perdas
por imparidade e suas reversões e outras alterações a esses ativos;
- Analisar se existem hipotecas sobre imóveis que devam ser objeto de divulgação.
• Quaisquer divergências detetadas devem ser investigadas no sentido da sua regulari-
zação e, sempre que seja necessário, deve solicitar-se a informação e documentação em
falta ao órgão de gestão da entidade.
• Garantir a elaboração do “Mapa de depreciações e amortizações” (Modelo 32 de IRC)
e do Mapa de mais-valias e menos-valias” (Modelo 31 de IRC), nos termos legalmente
previstos, os quais integram o dossiê fiscal das entidades (quando aplicável).
Ordem dos Contabilistas Certificados

Conforme acima referido, deve existir um controlo individualizado dos itens do


ativo não corrente, de preferência mediante a utilização de sistemas informáticos
específicos de gestão de ativos, podendo também controlar-se através de folhas

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

de cálculo, com recurso às funcionalidades e fórmulas do Excel, ou ainda, alterna-


tivamente de forma manual.

Em qualquer dos casos, esse registo individualizado dos itens do ativo não corrente
deve incluir, pelo menos, a seguinte informação (quando aplicável):

- Número interno do ativo (deve existir uma numeração sequencial destes ativos
não correntes);

- Descrição do ativo e, dependendo da dimensão e complexidade das enti-


dades e dos próprios ativos, poderá ser útil guardar uma fotografia do bem e
identificar a sua localização;

- Data de aquisição a considerar, designação comercial do fornecedor, número


e data de emissão da fatura de aquisição ou identificação do contrato, consoan-
te as situações em concreto, guardando também cópia do(s) documento(s) de
suporte;

- Relativamente a itens construídos pela própria entidade, deve identificar-se a


respetiva folha de obra, datas de conclusão e de início de utilização ou ocupação;
113

- Custo de aquisição ou produção do bem, identificando, sempre que praticável,

organização e controlo
todos os elementos do respetivo custo nos termos das normas contabilísticas;

Procedimentos de
- Vida útil estimada, data de início e taxa de amortização ou depreciação;

- Identificação dos lançamentos contabilísticos relativos à aquisição, venda ou


abate, e respetivos movimentos;

III.04
- Dados relativos a revalorizações e à determinação do justo de valor dos bens
(quando aplicável);

- Identificação dos dados de apólices de seguro dos equipamentos, contratos


de assistência e reparações efetuadas (quando aplicável);

- Histórico das operações de controlo relativas à averiguação da existência físi-


ca dos ativos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Conforme também já foi anteriormente mencionado, o próprio Código do IVA, no


seu artigo 51.º, determina que os sujeitos passivos são obrigados a efetuar registo
dos seus bens de investimento, de forma a permitir o controle das deduções de IVA
efetuadas e das regularizações processadas.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.23. Controlo contabilístico:


Capital próprio

O capital próprio corresponde ao património líquido das sociedades e inclui rubri-


cas como o capital social subscrito, outros instrumentos de capital próprio, pré-
mios de emissão, reservas, resultados transitados, excedentes de revalorização,
entre outras.

Alguns dos procedimentos descritos anteriormente relativos ao controlo de acionis-


tas ou sócios são também aplicáveis ao controlo contabilístico do capital próprio.

Sem prejuízo do exposto, recomendam-se os seguintes procedimentos de con-


trolo:

Procedimentos de controlo de capital próprio


Da responsabilidade do órgão de gestão da entidade:
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)

Suporte documental e envio de documentação para a contabilidade


• Todas as operações entre as sociedades e os respetivos acionistas ou sócios devem
114 estar devidamente suportadas em termos documentais.
• Devendo salvaguardar-se todos os trâmites legais relacionados com alguns desses su-
organização e controlo

portes documentais, salientando-se a elaboração das atas e o registo comercial de deter-


Procedimentos de

minadas operações, designadamente, nos termos do Código das Sociedades Comercias


e do Código do Registo Comercial, recomendando-se a consulta de apoio jurídico para
esse efeito, junto de advogado ou de outro profissional da área jurídica.
• Toda a documentação de suporte às operações com acionistas ou sócios deve
ser disponibilizada ao Contabilista Certificado, para que o profissional proceda ao
III.04

correto reconhecimento contabilístico das mesmas e às divulgações legalmente


exigidas.

Da responsabilidade do Contabilista Certificado:

Conferência dos registos contabilísticos


• O Contabilista Certificado deve verificar se dispõe de todos os documentos de suporte
e informações necessárias, questionando o órgão de gestão caso necessite de algum
documento ou informação adicional (p.e. a certidão permanente, cópia do livro de atas,
contratos parassociais, certificações e relatórios de ROC e outros similares).
• Devem existir registos detalhados das operações com o capital próprio.
• Deve questionar-se o órgão de gestão da sociedade sobre eventuais documentos em
falta.
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Volume III. Relato Financeiro


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Procedimentos de execução e controlo


• Deve ser confirmado o valor do capital social, mediante consulta da certidão comercial
permanente das entidades, e comparar com os registos contabilísticos e o balancete
analítico.
• Deve ser verificada a eventual existência de capital subscrito e não realizado, pela con-
sulta da referida certidão comercial permanente da entidade, dos extratos bancários e
da informação disponível no seguinte acesso:
https://publicacoes.mj.pt/Pesquisa.aspx#
• Como já se referiu, o capital subscrito e não realizado deve ficar refletido na conta 261
– “Acionistas/ sócios - Acionistas c/ subscrição” ou na conta 262 – “Acionistas/ sócios
- Quotas não liberadas”, consoante a situação em concreto, existindo uma linha no ativo
corrente, no balanço, para evidenciar o “Capital subscrito e não realizado”, exatamente
com esta denominação.
• Similarmente, também se deve confirmar eventuais operações de aumento ou redução
de capital social.
• Confirmar, por consulta da certidão permanente ou do acesso referido, se tem sido
efetuado o pagamento da prestação de contas (IES).
• Solicitar os livros de atas ao órgão de gestão das entidades, ou cópia das mesmas, e
analisar as deliberações tomadas e seu impacto nas demonstrações financeiras, designa-
damente no que respeita às aplicações de resultados.
• No caso de entidades que tenham participações financeiras em subsidiárias ou asso-
ciadas, deve confirmar-se a eventual existência de operações a registar nas contas 57x 115
– “Ajustamentos em ativos financeiros – Relacionados com o método de equivalência

organização e controlo
patrimonial”.

Procedimentos de
• Verificar a exatidão dos registos contabilísticos de ativos não correntes, mensurados
pelo modelo de revalorização, e confirmar o saldo das contas 58x – “Excedentes de reva-
lorização de ativos fixos tangíveis e intangíveis”.
• No caso de entidades que tenham beneficiado ou estejam a beneficiar de subsídios
ao investimento, deve verificar-se os movimentos e saldos das contas 593 – “Subsídios”.

III.04
• Analisar a evolução anual do capital próprio, com especial atenção para a situação pre-
vista no artigo 35.º do Código das Sociedades Comerciais, relativa à perda de metade do
capital, que pode colocar em causa a continuidade da sociedade.
• Se forem detetadas divergências ou documentação em falta, deve questionar-se o ór-
gão de gestão das entidades, no sentido de se regularizar essas ocorrências.
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Guia de Boas Práticas Profissionais

4.24. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Atende aos procedimentos de diários, meses contabilísticos e ti-


pos de movimentos (4.2.)?

Atende aos procedimentos de classificação dos documentos (4.3.)?

Atende aos procedimentos de registos de faturas e outros docu-


mentos (por documento ou por resumo) (4.4)?

Atende aos procedimentos de contabilidade analítica (4.5.)?

Atende aos procedimentos de cumprimento do prazo de 90 dias


para a execução da contabilidade (4.6.)?

Atende aos procedimentos de receção e controlo dos documentos


(4.7.)?

Atende aos procedimentos de processo do registo contabilístico


(4.8.)?

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico dos meios


financeiros líquidos (4.10.)?

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de clientes,


116
vendas e prestação de serviços (4.11.)?

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de fornece-


organização e controlo

dores de bens e de serviços (4.12.)?


Procedimentos de

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de inventá-


rios, custos de inventários e variação dos inventários de produção
(4.13.)?

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de pessoal e


III.04

gastos com pessoal (4.14.)?

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de estado e


outros entes públicos (4.15.)?

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de impostos


diferidos (4.16.)?

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de financia-


mentos obtidos (4.17.)?

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de acionis-


tas/sócios (4.18.)?
Ordem dos Contabilistas Certificados

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de acrésci-


mos e diferimentos (4.19.)?

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de provisões


(4.20.)?

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Guia de Boas Práticas Profissionais

Assunto Sim Não N/A

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de investi-


mentos financeiros (4.21.)?

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de investi-


mentos não financeiros (4.22.)?

Atende aos procedimentos de controlo contabilístico de capital


próprio (4.23.)?

Observações

117

organização e controlo
Procedimentos de
III.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

118
organização e controlo
Procedimentos de
III.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


III.05
Guia de Boas Práticas Profissionais

Demonstrações financeiras

5.1. Enquadramento

O Contabilista Certificado deve assegurar a elaboração das demonstrações finan-


ceiras nos termos legalmente previstos.

Para as entidades que adotam o SNC, deve atender-se aos modelos de demonstra-
ções financeiras aprovados pela Portaria n.º 220/2015, de 24 de julho.

Este diploma pode ser consultado acedendo à aplicação SICC, no portal da OCC,
com as credenciais de Contabilista Certificado, dentro do separador dedicado aos
normativos contabilísticos.

Ou, alternativamente, no portal da Comissão de Normalização Contabilística, atra-


vés do seguinte acesso:
119

https://www.cnc.min-financas.pt/pdf/SNC/2016/Portaria_220_2015_24Jul_DF.pdf

Adicionalmente, deve verificar-se o disposto no artigo 11.º do Decreto-Lei n.º


158/2009, de 13 de julho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2
de junho, e nas Bases para a apresentação de demonstrações financeiras (BADF)
anexas ao SNC.

A NCRF 1 – “Estrutura e Conteúdo das Demonstrações Financeiras”, a NCRF 2 –


“Demonstração de Fluxos de Caixa” e os capítulos 4 da NCRF-PE, da NC-ME e da
NCRF-ESNL, apresentam orientações adicionais a seguir pelas entidades sobre esta
matéria.

Demonstrações
Relativamente às entidades que aplicam as normas internacionais de contabilidade (IAS/

financeiras
IFRS) adotadas na União Europeia, devem verificar o disposto na IAS 1 – “Apresentação de
Demonstrações Financeiras” e na IAS 7 – “Demonstrações dos Fluxos de Caixa”.
III.05
Comparando o normativo nacional com o normativo internacional verifica-se, des-
Ordem dos Contabilistas Certificados

de logo, algumas diferenças na terminologia utilizada (vide quadro mais à fren-


te sobre “Demonstrações financeiras por normativo”). Porém, de acordo com o
disposto no parágrafo 10 da IAS 1, uma entidade pode usar títulos para as suas
demonstrações financeiras que não sejam exatamente os usados naquela norma.

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As demonstrações financeiras são uma representação estruturada da posição fi-


nanceira e do desempenho financeiro de uma entidade.

O objetivo das demonstrações financeiras de finalidades gerais é o de proporcionar


informação acerca da posição financeira, do desempenho financeiro e dos fluxos
de caixa de uma entidade que seja útil a uma vasta gama de utentes na tomada de
decisões económicas, como por exemplo, os sócios ou acionistas, potenciais in-
vestidores, mutuantes, fornecedores, clientes, trabalhadores, Estado, entre outros.

As demonstrações financeiras também mostram os resultados da condução, por


parte do órgão de gestão, dos recursos a ele confiados.

Para satisfazer este objetivo, as demonstrações financeiras proporcionam informa-


ção de uma entidade acerca dos ativos, passivos, capital próprio ou fundos pa-
trimoniais, rendimentos (réditos e ganhos), gastos e perdas, outras alterações no
capital próprio ou nos fundos patrimoniais e fluxos de caixa.

As demonstrações financeiras devem apresentar apropriadamente a posição financei-


ra, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa de uma entidade. A apresentação
apropriada exige a representação fidedigna dos efeitos das transações, outros acon-
120 tecimentos e condições, de acordo com as definições e critérios de reconhecimento
para ativos, passivos, rendimentos e gastos estabelecidos na estrutura conceptual e
tendo em consideração as regras de mensuração previstas nas normas contabilísticas.

Presume-se que a aplicação adequada das normas contabilísticas, com divulgação


adicional quando necessária, resulta em demonstrações financeiras que alcançam
uma apresentação apropriada.

Na generalidade das circunstâncias, uma apresentação apropriada é conseguida


pela conformidade com as normas contabilísticas aplicáveis, mas também exige
que uma entidade:

a) Selecione e adote políticas contabilísticas de acordo com a norma contabi-


Demonstrações

lística aplicável;
financeiras

b) Apresente a informação, incluindo as políticas contabilísticas adotadas de


uma forma que proporcione a disponibilização de informação relevante, fiável,
III.05

comparável e compreensível;
Ordem dos Contabilistas Certificados

c) Proporcione divulgações adicionais quando o cumprimento dos requisitos


específicos contidos nas normas contabilísticas possa ser insuficiente para per-
mitir a sua compreensão pelos utilizadores da informação.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

A informação acerca dos fluxos de caixa de uma entidade, quando usada juntamen-
te com as restantes demonstrações financeiras, é útil ao proporcionar aos utiliza-
dores das mesmas uma base para determinar a capacidade da entidade para gerar
dinheiro e equivalentes e determinar as necessidades da entidade de utilizar esses
fluxos de caixa.

De facto, as decisões económicas que sejam tomadas pelos utilizadores da infor-


mação financeira exigem uma avaliação da capacidade de uma entidade de gerar
dinheiro e seus equivalentes e a tempestividade e certeza da sua geração.

Aquando da preparação de demonstrações financeiras, o órgão de gestão deve


fazer uma avaliação da capacidade da entidade de prosseguir encarando-a como
uma entidade em continuidade. As demonstrações financeiras devem ser prepara-
das no pressuposto da entidade em continuidade, a menos que o órgão de gestão
pretenda liquidar a entidade ou cessar de negociar, ou não tenha alternativa rea-
lista a não ser adotar uma dessas alternativas, ou ainda, no caso das ESNL existam
circunstâncias anormais em que se deva considerar um horizonte temporal para a
entidade, caso em que no anexo se indica tal facto, assim como os critérios utiliza-
dos na elaboração da informação financeira.

Ao avaliar se o pressuposto da entidade em continuidade é apropriado, o órgão de 121

gestão toma em consideração toda a informação disponível sobre o futuro, que é


considerado pelo menos, mas sem limitação, doze meses a partir da data do balanço.

Na preparação das demonstrações financeiras, exceto na demonstração de fluxos


de caixa, deve atender-se ao regime contabilístico de acréscimo (periodização
económica).

A apresentação e classificação de itens nas demonstrações financeiras deve tam-


bém ser consistente de um período para outro. Uma entidade deve alterar a apre-
sentação das suas demonstrações financeiras apenas se a apresentação alterada
proporcionar informação fiável e mais relevante para os utentes das demonstra-
ções financeiras e se for provável que a estrutura revista continue a ser adotada, de

Demonstrações
modo que a comparabilidade não seja prejudicada.

Cada classe material de itens semelhantes deve ser apresentada separadamente financeiras

nas demonstrações financeiras. Os itens de natureza ou função dissemelhante de-


III.05
vem ser apresentados separadamente, a menos que sejam imateriais.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Considera-se que as omissões ou declarações incorretas de itens são materiais se


podem, individual ou coletivamente, influenciar as decisões económicas dos utili-
zadores da informação financeira.

Volume III. Relato Financeiro


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Outro aspeto muito importante na preparação das demonstrações financeiras resi-


de na compensação de saldos.

Os ativos e passivos, e os rendimentos e gastos, são mensurados separadamente


e não devem ser compensados exceto quando tal for exigido ou permitido por
uma norma contabilística.

É importante que os ativos e passivos, e os rendimentos e gastos, sejam


separadamente relatados.

A compensação nas demonstrações financeiras, exceto quando a mesma reflita


a substância da transação ou outro acontecimento, prejudica a capacidade dos
utentes em compreender as transações, outros acontecimentos e condições que
tenham ocorrido e de avaliar os futuros fluxos de caixa da entidade.

Porém, sublinha-se que a mensuração de ativos líquidos de deduções de valori-


zação, por exemplo, deduções de obsolescência nos inventários e deduções de
dívidas duvidosas nas contas a receber, não é considerada uma compensação.

O rédito deve ser mensurado tomando em consideração a quantia de quaisquer


122 descontos comerciais e abatimentos de volume concedidos pela entidade. Uma
entidade empreende, no decurso das suas atividades ordinárias, outras transa-
ções que não geram rédito, mas que são inerentes às principais atividades que
o geram. Os resultados de tais transações são apresentados, quando esta apre-
sentação reflita a substância da transação ou outro acontecimento, compensando
qualquer rendimento com os gastos relacionados resultantes da mesma transação.
Por exemplo:

a) Os ganhos e perdas na alienação de ativos não correntes, incluindo investimen-


tos e ativos operacionais, são relatados, deduzindo ao produto da alienação a
quantia escriturada do ativo e os gastos de venda relacionados; e

b) Os dispêndios relacionados com uma provisão reconhecida de acordo com a


Demonstrações

norma contabilística respetiva e reembolsada segundo um acordo contratual com


financeiras

terceiros (por exemplo, um acordo de garantia de um fornecedor) podem ser com-


pensados com o reembolso relacionado.
III.05

Adicionalmente, os ganhos e perdas provenientes de um grupo de transações se-


Ordem dos Contabilistas Certificados

melhantes são relatados numa base líquida, por exemplo, ganhos e perdas de di-
ferenças cambiais ou ganhos e perdas provenientes de instrumentos financeiros
detidos para negociação. Estes ganhos e perdas são, contudo, relatados separada-
mente se forem materiais.

Volume III. Relato Financeiro


Guia de Boas Práticas Profissionais

As demonstrações financeiras devem apresentar informação comparativa, de


modo a permitir a análise da evolução dos dados financeiros da entidade ao longo
dos períodos apresentados, nos termos do normativo contabilístico aplicável.

Apresenta-se de seguida um quadro resumo com as demonstrações financeiras a


preparar pelas entidades de acordo com os diversos normativos contabilísticos.

De referir que no caso de entidades do setor não lucrativo (ESNL) dispensadas de


possuírem contabilidade organizada nos termos do n.º 2 do artigo 10.º do Decreto-
-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015,
de 2 de junho, e que não optem pela aplicação do SNC, não têm obrigação de
dispor Contabilista Certificado, mas ficam obrigadas à prestação de contas em
regime de caixa.

Quando seja aplicável o regime de caixa, as entidades do setor não lucrativo (ESNL)
são obrigadas a divulgar informação sobre pagamentos e recebimentos, património
fixo e direitos e compromissos futuros, conforme previsto no n.º 6 do artigo 11.º
do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º
98/2015, de 2 de junho. Para esse efeito, devem utilizar os modelos previstos no
Anexo 17 da Portaria n.º 220/2015, de 24 de julho.
123

Demonstrações
financeiras
III.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


Demonstrações
III.05 financeiras

124
Demonstrações financeiras por normativo

IAS/IFRS NCRF NCRF-PE NC-ME NCRF-ESNL


NCRF 1 Capítulo 4 Capítulo 4 Capítulo 4
IAS 1
Portaria n.º 220/2015, BADF e artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015
Demonstração Balanço Balanço (modelo reduzido) Balanço (modelo ME) Balanço (modelo ESNL)
da posição financeira (Anexo 1 à Portaria 220/2015) (Anexo 7 à Portaria 220/2015) (Anexo 18 à Portaria 220/2015) (Anexo 11 à Portaria 220/2015)

Volume III. Relato Financeiro


Demonstração Demonstração Demonstração dos Demonstração dos Demonstração dos
do rendimento integral dos resultados resultados por naturezas resultados por naturezas resultados por naturezas
(Ou) Demonstração por naturezas (modelo reduzido) (modelo ME) (modelo ESNL)
dos resultados (Anexo 2 à Portaria 220/2015) (Anexo 8 à Portaria 220/2015) (Anexo 19 à Portaria 220/2015) (Anexo 12 à Portaria 220/2015)
+
Demonstração do outro
Demonstração dos resulta- Demonstração dos resulta-
rendimento integral Demonstração dos resulta-
dos por funções (modelo dos por funções (modelo
(se classificar gastos por dos por funções (facultativa)
reduzido) (facultativa) ESNL) (facultativa)
função tem de divulgar (Anexo 3 à Portaria 220/2015)
(Anexo 9 à Portaria 220/2015) (Anexo 13 à Portaria 220/2015)
informação adicional por
natureza)
Demonstração Demonstração das
Demonstração
das alterações alterações nos fundos
das alterações no capital
no capital próprio patrimoniais
próprio
(Anexo 4 à Portaria 220/2015) (Anexo 14 à Portaria 220/2015)
Demonstração dos Demonstração dos fluxos Demonstração dos fluxos
fluxos de caixa de caixa (M. Direto - NCRF 2) de caixa (modelo ESNL)
(M. Direto ou Indireto - IAS 7) (Anexo 5 à Portaria 220/2015) (Anexo 15 à Portaria 220/2015)
Anexo – Modelo geral Anexo (modelo reduzido) Anexo (modelo ESNL)
Notas
(Anexo 6 à Portaria 220/2015) (Anexo 10 à Portaria 220/2015) (Anexo 16 à Portaria 220/2015)
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Ordem dos Contabilistas Certificados


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5.2. Pontos-chave

• Estrutura das demonstrações financeiras (NCRF 1 e NCRF 2), com conteúdo míni-
mo previsto nos modelos aprovados no SNC.

• Bases de apresentação das demonstrações financeiras (pressuposto da continui-


dade, regime contabilístico do acréscimo, consistência, agregação dos itens com
base na materialidade, Não compensação, informação comparativa).

• Dispensa de demonstrações financeiras para as ESNL, NC-ME, NCRF-PE.

• Regime de caixa para as ESNL.

125

Demonstrações
financeiras
III.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


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5.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Utiliza o modelo de demonstrações financeiras atendendo ao nor-


mativo contabilístico adotado?

Na preparação das demonstrações financeiras, atende à estrutura


das demonstrações financeiras prevista nas bases de apresentação
e nas NCRF 1 e NCRF 2?

Utiliza o regime de caixa para ESNL?

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


126
Demonstrações
financeiras
III.05

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Consolidação de contas

6.1. Enquadramento

Perante um grupo de empresas, o Contabilista Certificado deverá averiguar o dis-


posto nas normas contabilísticas relativamente à obrigatoriedade e dispensa de
elaborar demonstrações financeiras consolidadas.

O principal propósito da consolidação de contas é exatamente a preparação de


demonstrações financeiras que representem a posição financeira, o desempenho
e os fluxos de caixa de um grupo de empresas (normalmente, a empresa-mãe e as
suas subsidiárias), dependentes de um mesmo centro de decisão (normalmente, a
empresa-mãe), como se de uma única entidade económica se tratasse.

127
Ordem dos Contabilistas Certificados

Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.2. Obrigatoriedade e dispensa de elaborar


demonstrações financeiras consolidadas

6.2.1. Normativo nacional

Para as entidades que adotam o SNC, os requisitos que determinam a obrigato-


riedade ou a dispensa de elaborar demonstrações financeiras consolidadas, assim
como as exclusões de consolidação, estão previstos nos artigos 6.º a 8.º do Decre-
to-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015,
de 2 de junho.

Em regra, nos termos do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na


redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, qualquer empresa-mãe
sujeita ao direito nacional é obrigada a elaborar demonstrações financeiras con-
solidadas do grupo constituído por ela própria e por todas as subsidiárias, inde-
pendentemente do local onde esteja situada a sede estatutária destas.

Todavia, de acordo com o n.º 1 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de


julho, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, uma empresa-
-mãe de um pequeno grupo, tal como definido no artigo 9.º-B do mesmo diploma,
128
fica dispensada de elaborar as demonstrações financeiras consolidadas.

Pequenos grupos são grupos constituídos pela empresa-mãe e pelas empresas


subsidiárias a incluir na consolidação e que, em base consolidada e à data do
balanço da empresa-mãe, não ultrapassem dois dos três limites seguintes:

Limites para a dispensa de elaboração de contas consolidadas


Desde que, em base consolidada e à data do balanço da
empresa-mãe, não ultrapassem dois dos três limites abaixo Pequenos Grupos
referidos:
Total do balanço 6.000.000 €
Conjunto das entidades a
Volume de negócios líquido 12.000.000 €
consolidar
N.º médio de empregados 50

Os limites do total do balanço e do volume de negócios líquido acima indicados


são majorados em 20% (ficando o total do balanço em 7.200.000 € e o volume de
negócios líquido em 14.400.000 €) caso se verifiquem as seguintes circunstâncias
cumulativas:
Ordem dos Contabilistas Certificados

a) Os valores contabilísticos das ações ou quotas das entidades incluídas na


consolidação não forem compensados pela fração que representam do capital
e reservas dessas entidades; e
Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

b) Se não forem eliminados das demonstrações financeiras consolidadas as dí-


vidas e os créditos entre as entidades, os gastos e rendimentos relativos às
operações efetuadas entre entidades e os resultados de operações efetuadas
entre entidades, quando incluídos na quantia escriturada do ativo.

Ou seja, na prática, os limites do total do balanço e do volume de negócios líquido


acima indicados são majorados em 20% se forem utilizados valores “não consoli-
dados”.

Estes limites reportam-se ao período imediatamente anterior, devendo, quando


aplicável, observar-se as seguintes regras (cf. artigos 9.º-A e 9.º-B do Decreto-Lei
n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2
de junho):

a) Sempre que em dois períodos consecutivos imediatamente anteriores sejam


ultrapassados dois dos três limites enunciados, as entidades são obrigadas a
preparar demonstrações financeiras consolidadas, a partir do terceiro período,
inclusive;

b) As entidades podem novamente ser dispensadas da preparação de demons-


trações financeiras consolidadas, caso deixem de ultrapassar dois dos três limi- 129

tes enunciados nos dois períodos consecutivos imediatamente anteriores.

Adicionalmente, está prevista a dispensa de elaboração de demonstrações finan-


ceiras consolidadas para subgrupos que cumpram um conjunto de requisitos.

Neste sentido, de acordo com os n.ºs 3 e 4 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 158/2009,
de 13 de julho, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, fica
também dispensada de elaborar demonstrações financeiras consolidadas, qual-
quer empresa-mãe que seja também uma subsidiária, quando a sua própria empre-
sa-mãe esteja subordinada à legislação de um Estado-Membro da União Europeia e:

a) Seja titular de todas as partes de capital da entidade dispensada, ou detenha


90%, ou mais, das partes de capital da entidade dispensada da obrigação e os
restantes titulares do capital desta entidade não tenham solicitado a elabora-
ção de demonstrações financeiras consolidadas pelo menos seis meses antes
do fim do período;
Ordem dos Contabilistas Certificados

b) E verifique as seguintes condições:

I. A entidade dispensada, bem como todas as suas subsidiárias, serem conso-


lidadas nas demonstrações financeiras de um conjunto mais vasto de entida-
Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
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des cuja empresa-mãe esteja sujeita à legislação de um Estado-Membro da


União Europeia;

II. As demonstrações financeiras consolidadas referidas na alínea anterior bem


como o relatório consolidado de gestão do conjunto mais vasto de entidades
serem elaborados pela empresa-mãe deste conjunto e sujeitos a revisão legal
segundo a legislação do Estado-Membro a que ela esteja sujeita;

III. As demonstrações financeiras consolidadas e o relatório consolidado de


gestão referidos nas alíneas anteriores, bem como o documento de revisão
legal dessas contas, serem objeto de publicidade por parte da empresa dis-
pensada, em língua portuguesa.

Porém, de acordo com o n.º 5 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de


julho, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, as dispensas
referidas nos números anteriores não se aplicam caso uma das entidades a con-
solidar seja uma sociedade cujos valores mobiliários tenham sido admitidos ou
estejam em processo de vir a ser admitidos à negociação num mercado regu-
lamentado de qualquer Estado-Membro da União Europeia ou uma entidade de
interesse público.
130
O n.º 6 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação dada
pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, estabelece que é ainda dispensada de
elaborar demonstrações financeiras consolidadas:

a) A empresa-mãe, incluindo uma entidade de interesse público, que ape-


nas possua subsidiárias que não sejam materialmente relevantes para que as
demonstrações financeiras reflitam verdadeira e apropriadamente a posição
financeira, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa do conjunto das enti-
dades compreendidas na consolidação, tanto individualmente quanto no seu
conjunto;

b) A empresa-mãe, incluindo uma entidade de interesse público, em que todas


as suas subsidiárias possam ser excluídas da consolidação por força do disposto
no artigo 8.º do mesmo diploma.

Ora, determina o artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, na redação


dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, que uma entidade pode ser
Ordem dos Contabilistas Certificados

excluída da consolidação quando não seja materialmente relevante para a reali-


zação do objetivo de as demonstrações financeiras darem uma imagem verdadeira
e apropriada da posição financeira, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa
do conjunto das entidades compreendidas na consolidação.
Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Todavia, quando duas ou mais entidades estejam nas circunstâncias referidas no


parágrafo anterior, mas sejam, no seu conjunto, materialmente relevantes para o
mesmo objetivo devem ser incluídas na consolidação.

Uma entidade pode também ser excluída da consolidação sempre que:

a) Restrições severas e duradouras prejudiquem substancialmente o exercício


pela empresa-mãe dos seus direitos sobre o património ou a gestão dessa en-
tidade;

b) As partes de capital desta entidade tenham sido adquiridas exclusivamente


tendo em vista a sua cessão posterior, e enquanto se mantenham classificadas
como detidas para venda;

c) Se trate de um caso em que as informações necessárias para elaborar as


demonstrações financeiras consolidadas não podem ser obtidas sem custos
desproporcionados ou sem demora injustificada, devendo a entidade estar em
condições de comprovar tal facto, bem como de demonstrar a realização de
diligências para a obtenção das referidas informações.

Salienta-se que uma subsidiária não é excluída da consolidação pelo simples facto 131

de as suas atividades empresariais serem dissemelhantes das atividades das outras


entidades do grupo.

As situações de exclusão de consolidação previstas no artigo 8.º do Decreto-Lei n.º


158/2009, de 13 de julho, na redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de
junho, não se aplicam quando as demonstrações financeiras consolidadas sejam
preparadas de acordo com as normas internacionais de contabilidade (IAS/IFRS)
adotadas na União Europeia.

6.2.2. Normativo internacional

Relativamente às entidades que aplicam as normas internacionais de contabili-


dade (IAS/IFRS) adotadas na União Europeia, deve ser analisado o disposto no
parágrafo 4 da IFRS 10 – “Demonstrações Financeiras Consolidadas”.

De acordo com esta norma internacional, em regra, uma entidade que é uma em-
Ordem dos Contabilistas Certificados

presa-mãe deve apresentar demonstrações financeiras consolidadas.

Porém, uma empresa-mãe está dispensada de apresentar demonstrações finan-


ceiras consolidadas se cumprir todas as seguintes condições:
Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

a) É uma subsidiária total ou parcialmente detida por outra entidade e todos os


seus outros proprietários foram informados de que a entidade não apresenta
demonstrações financeiras consolidadas e não se opuseram a tal situação;

b) Os seus instrumentos de dívida ou de capital não são negociados (nem es-


tão em processo de admissão) num mercado público (uma bolsa de valores
nacional ou estrangeira ou um mercado de balcão, incluindo mercados locais
e regionais);

c) A sua empresa-mãe final ou qualquer empresa-mãe intermédia elabora de-


monstrações financeiras que são disponibilizadas ao público e que são confor-
mes com as IFRS, nas quais as subsidiárias são consolidadas ou mensuradas
pelo justo valor através dos resultados de acordo com a IFRS 10.

Adicionalmente, de acordo com o parágrafo 4B da IFRS 10, uma empresa-mãe que


seja uma entidade de investimento (cf. parágrafo 27 e seguintes dessa norma), não
deverá apresentar demonstrações financeiras consolidadas se lhe for exigida, de
acordo com o parágrafo 31 da mesma norma, a mensuração de todas as suas sub-
sidiárias pelo justo valor através dos resultados.
132

Ordem dos Contabilistas Certificados


Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.3. Procedimentos à data de concentração de


atividades empresariais

A norma nacional NCRF 14 e a norma internacional IFRS 3, ambas sobre o tema


“Concentrações de Atividades Empresariais”, estabelecem os procedimentos con-
tabilísticos a adotar quando o investidor (empresa-mãe) obtém o controlo da inves-
tida (subsidiária), determinando a aplicação do método da compra ou do método
de aquisição, respetivamente, na contabilização de cada concentração.

De um modo geral, à data de concentração de atividades empresariais e de acordo


com aqueles métodos, devem efetuar-se os seguintes procedimentos:

1. Identificar a adquirente.

2. Determinar a data de aquisição, ou seja, a data em que a adquirente obtém


o controlo sobre a adquirida.

3. Mensurar o custo da concentração, como o agregado dos justos valores, à


data de aquisição, dos ativos cedidos, dos passivos incorridos ou assumidos
e dos instrumentos de capital próprio emitidos pela adquirente em troca do 133
controlo sobre a adquirida.

4. Imputar o custo da concentração aos ativos, passivos e passivos contingen-


tes identificáveis da adquirida que satisfaçam os critérios de reconhecimento,
pelos seus justos valores à data de aquisição.

5. Determinar o goodwill ou o ganho decorrente de uma compra a preço baixo


(goodwill negativo), que corresponde à diferença entre o custo da concentra-
ção de atividades empresariais e o interesse da adquirente no justo valor líquido
dos ativos, passivos e passivos contingentes identificáveis da adquirida.

6. Determinar o valor atribuído aos interesses que não controlam (NCI), vulgar-
mente designados por interesses minoritários.

Todavia, não obstante estes procedimentos gerais similares, na realidade a NCRF


14 e a IFRS 3 apresentam algumas diferenças significativas, destacando-se as se-
guintes:
Ordem dos Contabilistas Certificados

- Mensuração inicial do goodwill e dos interesses que não controlam (NCI): os


parágrafos 26 e 43 da NCRF 14 determinam a aplicação do método do goodwill
parcial (ou proporcional); por outro lado, os parágrafos 19 e 32 da IFRS 3 permi-
Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

tem a opção entre o método do goodwill parcial (ou proporcional) e o método


do goodwill total (full goodwill);

- Ganho decorrente de uma compra a preço baixo (goodwill negativo): os pa-


rágrafos 48 a 50 da NCRF 14 determinam que o ganho é reconhecido nos resul-
tados somente à data da sua realização (vide FAQ 33 da CNC); por outro lado,
os parágrafos 34 a 36 da IFRS 3 estabelecem que o ganho é reconhecido nos
resultados à data de aquisição da subsidiária;

- Mensuração subsequente do goodwill: os parágrafos 45 a 47 da NCRF 14 de-


terminam a amortização do goodwill durante a sua vida útil (ou em 10 anos se
não for possível estimar com fiabilidade a vida útil) e teste de imparidade con-
dicional; por outro lado, a IFRS 3 não prevê a amortização do goodwill e a IAS
36 – “Imparidade de Ativos” exige teste de imparidade anual.

Em termos de procedimentos de controlo contabilístico, destacam-se os seguintes:

- A validação da existência de controlo entre as entidades (adquirente e adqui-


rida) e a identificação da data na qual a adquirente obtém o controlo sobre a
adquirida;
134
- A determinação da percentagem de interesse da empresa-mãe na sociedade
a consolidar;

- A solicitação das demonstrações financeiras da subsidiária e do balancete à


data de aquisição;

- A verificação dos justos valores dos ativos identificáveis adquiridos e dos pas-
sivos assumidos e eventuais diferenças para os respetivos valores contabilísti-
cos previstos nas demonstrações financeiras da subsidiária;

- A determinação do goodwill ou de um ganho resultante de uma compra a


preço baixo e verificação dos respetivos cálculos;

- A verificação do montante imputável aos interesses que não controlam (vul-


garmente designados por interesses minoritários);

- A reconciliação dos saldos e transações entre as empresas a consolidar e eli-


Ordem dos Contabilistas Certificados

minação dos mesmos no âmbito das operações de consolidação (incluindo os


ganhos ou perdas resultantes de transações intragrupo que se encontrem reco-
nhecidos nos ativos, como inventários e ativos fixos);
Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

- Garantir a adequada aplicação das normas contabilísticas adotadas, visto que,


como acima se exemplificou, existem diferenças significativas entre os norma-
tivos;

- Proceder à consolidação propriamente dita (que se abordará de seguida);

- Após a elaboração das demonstrações financeiras consolidadas à data de


aquisição, deve verificar-se a adequabilidade dos valores apresentados.

135
Ordem dos Contabilistas Certificados

Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.4. Procedimentos de consolidação

A norma nacional NCRF 15 – “Investimentos em Subsidiárias e Consolidação” e a


norma internacional IFRS 10 – “Demonstrações Financeiras Consolidadas”, estabe-
lecem os princípios para a apresentação e preparação de demonstrações financei-
ras consolidadas quando uma entidade controla uma ou várias outras entidades.

Em termos gerais, o procedimento de consolidação de contas (pelo método de


consolidação integral) engloba as seguintes fases:

1. Determinação do perímetro de consolidação.

2. Harmonização temporal:
As demonstrações financeiras da empresa-mãe e das suas subsidiárias usadas
na preparação das demonstrações financeiras consolidadas devem ser prepara-
das a partir da mesma data.

Quando o final do período de relato da empresa-mãe for diferente do de uma


subsidiária, a subsidiária deve preparar, para fins de consolidação, informações
financeiras adicionais com a mesma data que as demonstrações financeiras da
136
empresa-mãe, de modo a permitir que esta consolide as informações financei-
ras da subsidiária, a menos que seja impraticável fazê-lo.

Se for impraticável fazê-lo, a empresa-mãe deve consolidar as informações


financeiras da subsidiária utilizando as declarações financeiras mais recentes
desta, ajustadas para os efeitos de transações ou acontecimentos significati-
vos que ocorram entre a data dessas demonstrações financeiras e a data das
demonstrações financeiras consolidadas. Em qualquer caso, a diferença entre
a data das demonstrações financeiras da subsidiária e a data das demonstra-
ções financeiras consolidadas não deve ser superior a três meses, e a duração
dos períodos de relato e qualquer diferença entre as datas das demonstrações
financeiras devem ser as mesmas de período para período.

3. Harmonização das políticas contabilísticas:


As demonstrações financeiras consolidadas devem ser preparadas usando polí-
ticas contabilísticas uniformes para transações e outros acontecimentos idênti-
cos em circunstâncias semelhantes.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Se uma empresa do grupo seguir políticas contabilísticas diferentes das ado-


tadas nas demonstrações financeiras consolidadas para transações e aconteci-
mentos semelhantes em circunstâncias semelhantes, devem ser realizados ajus-
tamentos apropriados às demonstrações financeiras dessa empresa do grupo
Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

aquando da elaboração das demonstrações financeiras consolidadas de modo


a assegurar a conformidade com as políticas contabilísticas do grupo.

4. Harmonização cambial:
Quando um grupo tiver entidades individuais com diferentes moedas funcio-
nais, os resultados e posição financeira de cada entidade são expressos numa
moeda comum para que seja possível apresentar demonstrações financeiras
consolidadas (tendo em conta o disposto nas normas relativas aos efeitos de
alterações em taxas de câmbio).

5. Combinação das demonstrações financeiras da empresa-mãe e das suas sub-


sidiárias, linha a linha, adicionando itens idênticos de ativos, passivos, capital
próprio, fluxos de caixa, rendimentos e gastos.

Esta combinação pode efetuar-se mediante a agregação, linha a linha, das ru-
bricas das demonstrações financeiras ou do balancete, com recurso a progra-
mas informáticos específicos para esse efeito ou através da utilização de folhas
de cálculo.

6. Compensar (eliminar) a quantia escriturada do investimento da empresa-


-mãe em cada subsidiária e a parcela da empresa-mãe no capital de cada 137

subsidiária (rever procedimentos efetuados à data de aquisição, relativos aos


ajustamentos de revalorização e à mensuração do goodwill).

7. Identificação dos interesses que não controlam nos resultados das subsidiá-
rias consolidadas para o período de relato (e rever procedimentos efetuados à
data de aquisição, relativos aos ajustamentos de revalorização e à mensuração
e apresentação dos interesses que não controlam).

8. Verificação do prescrito na norma contabilística aplicável quanto ao trata-


mento do goodwill (ou do ganho decorrente de uma compra a preço baixo) e
dos interesses que não controlam (rever procedimentos efetuados à data de
aquisição).

9. Eliminar totalmente os ativos e passivos, participações no capital, receitas,


gastos e fluxos de caixa relativos a transações entre entidades do grupo (os
lucros ou perdas resultantes de transações intragrupo que se encontrem reco-
nhecidos nos ativos, como inventários e ativos fixos, são totalmente eliminados).
Ordem dos Contabilistas Certificados

As perdas em transações intragrupo podem indicar uma imparidade que exija


reconhecimento nas demonstrações financeiras consolidadas.
Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

As normas relativas a impostos sobre o rendimento são aplicáveis às diferenças


temporárias decorrentes da eliminação dos lucros e perdas resultantes de tran-
sações intragrupo.

10. Os rendimentos e os gastos da subsidiária devem basear-se nos valores


dos ativos e passivos reconhecidos nas demonstrações financeiras consolida-
das da empresa-mãe à data da aquisição (por exemplo, o gasto por deprecia-
ção reconhecido na demonstração dos resultados consolidada após a data de
aquisição deve basear-se nos justos valores dos respetivos ativos depreciáveis
reconhecidos nas demonstrações financeiras consolidadas à data da aquisição).

11. Os resultados são atribuídos aos detentores de capital da empresa-mãe e


aos interesses que não controlam.

Em termos de procedimentos de controlo contabilístico, destacam-se os seguin-


tes:

- Verificar o perímetro de consolidação (identificando a percentagem de con-


trolo e a percentagem de interesse em cada subsidiária);

138 - Solicitar as demonstrações financeiras das subsidiárias e os balancetes à data


de relato;

- Verificar a harmonização temporal, de políticas contabilísticas e cambial das


demonstrações financeiras das empresas a consolidar;

- Rever os procedimentos efetuados à data de aquisição relativos à eliminação


da quantia escriturada do investimento da empresa-mãe em cada subsidiária e
a parte da empresa-mãe no capital próprio de cada subsidiária, à determinação
do goodwill e dos interesses que não controlam;

- Efetuar previamente a reconciliação dos saldos e das transações intragrupo;

- Garantir que os saldos, transações, rendimentos e gastos que resultam de ope-


rações intragrupo são eliminados por inteiro no consolidado (débitos e créditos
internos, resultados não realizados com terceiros e dividendos distribuídos);

- Verificar eventuais ajustamentos que possa ser necessário efetuar no consoli-


Ordem dos Contabilistas Certificados

dado, decorrentes da revalorização de valores dos ativos e dos passivos reco-


nhecidos nas demonstrações financeiras consolidadas da empresa-mãe à data
da aquisição;
Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

- Criar um arquivo específico relacionado com as demonstrações financeiras


consolidadas;

- Aquando da preparação das demonstrações financeiras consolidadas de um


grupo de entidades, deve-se consultar o histórico das operações de consoli-
dação de períodos anteriores e a consistência da metodologia adotada de uns
anos para os outros;

- Garantir a adequada aplicação das normas contabilísticas adotadas, visto que,


como acima se exemplificou, existem diferenças significativas entre os norma-
tivos;

- Após a elaboração das demonstrações financeiras consolidadas à data de rela-


to, deve verificar-se a adequabilidade dos valores apresentados.

139
Ordem dos Contabilistas Certificados

Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.5. Pontos-chave

• Obrigatoriedade e dispensa de preparação das demonstrações financeiras con-


solidadas.

• Procedimentos de concentração de atividades empresariais.

• Procedimentos de consolidação (perímetro, harmonização da data de relato e


políticas contabilísticas, transposição para a moeda de relato, combinação linha-a-
-linha, determinar goodwill e eliminar a quantia escriturada do investimento, iden-
tificação dos interesses que não controlam e respetiva atribuição de resultados,
eliminação das transações Intra grupo).

140

Ordem dos Contabilistas Certificados


Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.6. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Sendo responsável numa empresa-mãe que detem participações


em entidade do grupo, verifica a obrigatoriedade ou dispensa de
preparação das demonstrações financeiras periodicamente?

Atende aos procedimentos contabilísticos da concentração de ati-


vidades empresariais?

Atende aos procedimentos de preparação de demonstrações fi-


nanceiras consolidadas?

Observações

141

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Consolidação
de contas

Volume III. Relato Financeiro


III.06
[Página propositamente deixada em branco]
Bibliografia

Alves, G.C. e C.B. da Costa (2021), Contabilidade Financeira, 10.ª edição, Rei dos
Livros.

Costa, C.B. (2023), Auditoria Financeira, 13.ª edição, Rei dos Livros.

Lopes, I.T. (2022), Auditoria Financeira - Do Controlo Interno ao Controlo Externo


Independente, 2.ª edição, Almedina.

Lourenço, I. e A.I. Morais (2005), Apresentação das Demonstrações Financeiras –


Interpretação e aplicação da NIC 1, Publisher Team.

Lourenço, I. (2019), IFRS versus SNC, Cursos temáticos, OCC.

Rodrigues, A.M. [Coord.] (2016), SNC Sistema de Normalização Contabilística, 3.ª edi-
ção, Edições Almedina.

Referências da internet:
143

- Comissão de Normalização Contabilística


https://www.cnc.min-financas.pt/

- Aplicação SICC – portal eletrónico da OCC


https://www.occ.pt/pt-pt/homepage
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume III. Relato Financeiro


[Página propositamente deixada em branco]
Guia de Boas Práticas Profissionais

IV
Competências
Exclusivas
Declarações Fiscais

2023
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

FICHA TÉCNICA

GUIA DE BOAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS

Volume IV: Competências exclusivas - Declarações Fiscais

Autoria da Ordem dos Contabilistas Certificados com a colaboração de vários autores

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2023


Ordem dos Contabilistas Certificados

Não é permitida a utilização desta Coleção, para qualquer outro fim que não o
indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certifi-
cados, entidade que detém os direitos de autor.

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Índice
Apresentação 5
Introdução 9

IV.01 Obrigações Declarativas Fiscais Correntes 11


1.1. Imposto sobre o Valor Acrescentado 13
1.1.1. Declaração Periódica de IVA 13
1.1.2. Declaração Recapitulativa do IVA 14
1.1.3. Comunicação dos elementos das faturas e outros documentos à AT 16
1.2. Impostos sobre o rendimento 18
1.2.1. Declaração de Retenções de IRS/IRC 18
1.2.2. Declaração Modelo 30 20
1.2.3. Obtenção de NIF para não residentes 22
1.2.4. Declaração Mensal de Remunerações da AT 24
1.3. Imposto do Selo 25
1.3.1. Declaração Mensal de Imposto do Selo 25
1.4. Pontos-chave 27 3
1.5. Autoavaliação 28

IV.02 Obrigações Declarativas Fiscais Não Correntes 29


2.1. Enquadramento 29
2.2. Imposto sobre o Rendimento das pessoas Singulares (IRS) 30
2.2.1. Declaração de Rendimentos - IRS - Modelo 3 30
2.2.2. Rendimentos Empresariais e Profissionais 31
2.2.3. Regime de Transparência Fiscal 34
2.2.4. Outros Rendimentos 35
2.2.5. Declaração de Rendimentos e Retenções 36
2.3. Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC) 37
2.3.1. Declaração de Rendimentos – Modelo 22 37
2.3.2. Informação empresarial simplificada (IES) 38
2.3.3. Declaração de donativos recebidos 39
2.3.4. Declaração de Rendimentos e Retenção a Taxas Liberatórias 39
2.4. Pontos-chave 40
2.5. Autoavaliação 41

IV.03 Dossier Fiscal 43


Ordem dos Contabilistas Certificados

3.1. Enquadramento 43
3.2. Obrigação Legal 44
3.3. Responsabilidade pela Organização 48
3.4. Conteúdo Mínimo Previsto 49

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

3.5. Procedimentos de controlo interno de constituição do dossier fiscal 50


3.6. Pontos-chave 52
3.7. Autoavaliação 53

IV.04 Dossier de Preços de Transferência 55


4.1. Introdução 55
4.2. Referências normativas 57
4.3. Obrigações declarativas 58
4.4. Obrigações documentais 59
4.5. Penalidades por incumprimento do regime dos preços de transferência 62
4.6. Papel do Contabilista Certificado 63
4.7. Pontos-chave 65
4.8. Autoavaliação 66

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Apresentação
O sucesso nasce do querer, do trabalho persistente, do empenho constante, da
união, do espírito de equipa, da motivação altruísta e alegria para se alcançar o
objetivo traçado. Por mais ambiciosos que sejam os objetivos, com a atitude cor-
reta, conseguimos alcançar os nossos sonhos. É este o mote de mais um grande
projeto da Ordem dos Contabilistas Certificados, diria mesmo, o grande projeto da
Ordem para a reformulação, reorganização e reconstrução das bases necessárias
para mais uma elevação da profissão de Contabilista Certificado.

Hoje, temos uma Ordem presente na vida dos seus membros, disponível para os
apoiar profissional, técnica, pessoal e socialmente. Uma Ordem transparente, ri-
gorosa e financeiramente saudável. Uma Ordem com a maior notoriedade social e
política. Uma Ordem que regula uma profissão de interesse público, valorizando-a
e apoiando os membros no cumprimento dos seus deveres e obrigações profissio-
nais. Uma Ordem que reforçou o quadro normativo para o exercício da profissão.
5

Os profissionais são hoje, inegavelmente, os agentes económicos mais capacita-


dos e que melhor apoiam e mais valor acrescentam ao tecido empresarial. Somos
profissionais de interesse público numa sociedade civil cada vez mais exigente em
termos sociais, ambientais e de governance. Somos vistos pela sociedade civil,
tecido empresarial e poder político, como os mais confiáveis, tecnicamente co-
nhecedores e qualificados profissionais nas áreas económica e financeira. Somos
os agentes que permanentemente acrescentam valor aos seus clientes e que mais
rapidamente encontram soluções para os problemas e questões dos contribuintes.
Somos agentes de interesse e fé pública, sinónimo de transparência e credibilida-
de, o nosso valor é incomensurável.

Hoje, não somos meros homens e mulheres de contas, mas homens e mulheres
integrados na dinâmica de uma sociedade em constante mudança. Somos uma
profissão de interesse público, e isso significa que, no exercício das nossas funções,
o trabalho que produzimos influencia toda a sociedade nos seus mais variados inte-
resses, isto é, financeiros, ambientais, sociais, de boa gestão, familiares e lúdicos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Devemos exaltar a nossa profissão, devemos orgulhar-nos do que representamos


para o tecido empresarial e a sociedade, devemos valorizar a nossa carteira profis-
sional, os nossos conhecimentos, qualificações e valor acrescentado.

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Paralelamente, temos de nos preocupar cada vez mais com as consequências que o
nosso trabalho tem nos mais diferentes níveis, perspetivas e setores da sociedade.
Temos e devemos querer ter ainda mais responsabilidade ambiental, social e de
boa gestão.

Reinventámos a nossa profissão. Reorganizámo-nos. Reforçámos o nosso interes-


se público. Triplicámos a nossa reputação. Reposicionámo-nos e hoje, melhor que
nunca, podemos olhar em frente conscientes e motivados que, por maior que seja
o desafio, temos as ferramentas e conhecimentos necessários para os ultrapassar.

À Ordem, cumpre acompanhar os seus membros, percebendo, com perspicácia,


imparcialidade e isenção técnica, emocional e política, qual a melhor orientação
para a profissão. Como entidade que regula a profissão, cumpre à Ordem defender
os seus membros e o valor do trabalho que estes produzem com base no interesse
público da profissão, deixando de lado quaisquer outros interesses.

Cientes do atual cenário profissional e dos desafios que temos pela frente, lança-
mos o projeto Guia de Boas Práticas Profissionais, uma verdadeira revolução para
a nossa profissão, uma ferramenta que pretende dotar todos os contabilistas cer-
tificados dos conhecimentos, conselhos e dicas, que permitam aos profissionais
6 crescer para novos patamares de excelência.

Este guia fornece orientação prática para os contabilistas certificados por forma
a que estes consigam melhor gerir as suas práticas profissionais e os seus negó-
cios, para terem melhores condições de vida pessoal e profissional e operarem de
forma mais lucrativa, feliz, competitiva, ética, sustentável e valorizada. Elaborado
com uma forte componente prática, este guia apresenta casos para ilustrar noções,
listas e exercícios de autoavaliação, tabelas, conceitos e orientações para as boas
práticas profissionais sendo uns legalmente obrigatórios e outros facultativos, que
tendem à valorização do profissional, da sua prática e do seu negócio.

Seguindo este guia, os contabilistas certificados podem melhor construir um am-


biente propício à prestação de serviços de alta qualidade e assim reforçamos nova-
mente junto de toda a sociedade o nosso valor e interesse público.

Destinando-se a todos os profissionais, independentemente da idade, qualifica-


ções ou modelo em que exercem a profissão, o Guia deve ser lido, estudado, im-
plementado e consultado diariamente, sempre tendo em vista o aperfeiçoamento
Ordem dos Contabilistas Certificados

contínuo do profissional e das boas práticas profissionais.

O Guia cobre uma gama diversificada de tópicos, tanto estratégicos como ope-
racionais, com maior detalhe nas matérias que, nesta primeira edição, entende-

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

mos ser mais relevantes para a profissão e os seus membros. Organizado em dez
volumes, o Guia foi projetado para ser o mais independente possível entre cada
volume, permitindo a sua utilização individual sempre sem afastar a interligação e
relação global de toda a coleção.

Assim, o Guia apresenta a seguinte estrutura: I. Relação do Contabilista com a Ordem


e com os Colegas; II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente; III.
Relato Financeiro; IV. Competências Exclusivas - Declarações Fiscais; V. Prestação de
Contas; VI. Outras Competências; VII. Gestão de Riscos; VIII. Controlo sobre a Ativida-
de; IX. Gestão de Recursos Humanos; X. Gestão Estratégica e Orçamental.

No volume I, dá-se articular atenção às funções do Contabilista Certificado, ao se-


guro de responsabilidade civil profissional, formação profissional contínua, respon-
sabilidade disciplinar e ao relacionamento entre colegas. No volume II, olhamos
detalhadamente para a política de comunicação e publicidade, modos de exer-
cício da atividade, processo de estimativa da avença/honorários, justo impedi-
mento e relacionamento com os vários intervenientes na relação profissional dos
contabilistas certificados. No volume III, entramos na determinação do normativo
contabilístico, planos de contas, procedimentos de organização e controlo conta-
bilísticos, demonstrações financeiras e consolidação de contas. No volume IV, o
7
guia apresenta tudo o que os membros precisam de saber sobre as obrigações de-
clarativas fiscais correntes e não correntes, o dossier fiscal e o dossier de preços de
transferência. No volume V, temos tudo sobre o processo de prestação de contas,
relato financeiro, de gestão, não financeiro, integrado, certificação legal de con-
tas e entidades do setor não lucrativo. Avançando para o volume VI, entramos na
área dos recursos humanos, certificação de informação, consultoria e planeamento
fiscal, gestão, projetos e outras novas áreas de negócio. No volume VII, tratamos
o registo central do beneficiário efetivo, o risco de branqueamento de capitais e
financiamento do terrorismo e os riscos inerentes à segurança e saúde no traba-
lho, recursos humanos, dados pessoais até ao risco reputacional e societário. No
volume VIII, abordamos o controlo interno, desempenho, gestão e produtividade
da atividade. No volume IX, apresentamos detalhada informação sobre a gestão de
recursos humanos no escritório de contabilidade, políticas salariais, formação de
trabalhadores e contraordenações laborais. Por fim, no último volume, o X, aborda-
mos a gestão estratégica e orçamental.

Cada volume foi construído especialmente para os contabilistas certificados e ten-


do em consideração os conhecimentos e experiência padrão da classe. O con-
Ordem dos Contabilistas Certificados

teúdo é projetado para o seu estudo, autoavaliação, implementação concreta de


melhores práticas profissionais e posterior monotorização e acompanhamento das
mesmas.

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Com base neste Guia, a Ordem desenvolverá vários programas de formação pro-
fissional contínua, de presença obrigatória, em diferentes modelos e ambientes,
proporcionando a todos os contabilistas certificados as melhores condições para
uma evolução profissional do membro e do seu negócio.

Posteriormente, serão desenvolvidos e disponibilizados a todos os contabilistas


certificados, programas e ferramentas de acompanhamento e monitorização da
implementação das melhores práticas previstas neste Guia. Estes programas de
Certificação de Qualidade serão pedagógicos e terão como objetivo apoiar os
membros na elevação dos padrões de qualidade da nossa profissão.

Este Guia é o novo desafio que lanço a toda a nossa classe, o primeiro passo para
um novo e melhor enquadramento profissional, é o mote para começarmos a cons-
truir mais um capítulo na já riquíssima história da nossa profissão. Com este Guia
como farol, estou certa que continuaremos a acentuada tendência de crescimento
profissional e que conseguiremos elevar a nossa profissão mais um patamar na já
elevada escala de excelência profissional em que nos encontramos.

Paula Franco, Bastonária


8

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Introdução
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Competências exclusivas - Declarações Fiscais

O cumprimento de obrigações fiscais é, a par com a preparação das demonstra-


ções financeiras, uma responsabilidade estatutária do Contabilista Certificado.

As múltiplas e evolutivas especificidades desta matéria tornam-no sujeito a ne-


cessárias atualizações e adaptações, que devem ser consideradas para cada
imposto, setor de atividade e Cliente.

O objetivo deste volume não é fornecer um guia prático de preparação de decla-


rações fiscais, mas antes assegurar procedimentos comuns a ter em conta e que
tenham em atenção não só o cumprimento das obrigações fiscais como a gestão
do risco a elas inerentes.

Uma vez que, cada vez mais, o Contabilista Certificado intervém no domínio da
fiscalidade e das obrigações contributivas, são desenvolvidos tópicos onde a in-
tervenção do Contabilista Certificado, não sendo obrigatória, pode ser convoca-
da, nomeadamente em matéria dos preços de transferência. 9

Para além da clássica divisão das obrigações em declarativas e de pagamento, é


dada nota da interligação com a obrigação de registo contabilístico. Este volume
deve ser lido em conjunto com os procedimentos elencados no volume III.

No volume IV, são desenvolvidos os procedimentos que o Contabilista Certificado


adota no cumprimento das obrigações declarativas correntes e não correntes, na
elaboração do dossier fiscal e do dossier de preços de transferência.

O objetivo principal deste volume não é abordar o enquadramento fiscal das obri-
gações, mas sim garantir que as obrigações declarativas se encontram cumpridas
de acordo com os pressupostos de submissão e que o processo de arquivo docu-
mental se encontra observado.

Depois de analisado este volume, deve o CC estar em condições de:

1. Validar processos de submissão e prazos a cumprir quanto às obrigações


Ordem dos Contabilistas Certificados

declarativas correntes;

2. Validar processos de submissão e prazos a cumprir quanto às obrigações


declarativas não correntes;

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

3. Garantir que o dossier fiscal contempla todos os elementos que dele devem
constar; e,

4. Avaliar a necessidade de elaboração do dossier de preços de transferência, e


principais cuidados a ter.

10

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas
IV.01
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Fiscais Correntes
Obrigações Declarativas Fiscais Correntes

IV.01
No ponto 1 deste volume IV, são evidenciados um conjunto de processos e procedi-
mentos de controlo interno, com o objetivo de garantir a entrega das declarações
fiscais1 correntes.

É importante o desenvolvimento de processos de controlo alinhados entre as obri-


gações declarativas e os registos contabilísticos, por forma a que se mostrem de
acordo com as regras de preenchimento, transmitindo a veracidade declarativa.
Entendemos que devem ser avaliados com a regularidade que as especificidades e
complexidades de cada organização exigem, a fim de se identificar e realizar me-
lhorias adicionais necessárias para manter o correto preenchimento.

Para tal, releva-se fundamental que a gestão ou a administração demonstre inte-


gridade e transparência em relação aos processos documentais, por forma a que
o Contabilista Certificado tenha acesso a todos os documentos contabilísticos no
mais curto prazo de tempo possível. Importa referir que não são permitidos atrasos
na execução da contabilidade superiores a 90 dias, contados do último dia do mês 11
a que as operações respeitam.

Declarações
Documentos Contabilização
Fiscais
Ordem dos Contabilistas Certificados

1
Importa atender que, nos termos do artigo 57.º-A da Lei Geral Tributária, “Sem prejuízo das
regras gerais e especiais de caducidade e prescrição, as obrigações tributárias cujo prazo
termine no decurso do mês de agosto podem ser cumpridas até ao último dia desse mês,
independentemente de ser útil, sem quaisquer acréscimos ou penalidades.”

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


[Página propositamente deixada em branco]
Obrigações Declarativas
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Fiscais Correntes
1.1. Imposto sobre o Valor Acrescentado

IV.01
1.1.1. Declaração Periódica de IVA

A declaração periódica do IVA é uma obrigação declarativa dos sujeitos passivos de


IVA, referente a esse imposto, prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 29.º do Código
do IVA (CIVA), que visa essencialmente o apuramento do imposto a liquidar ou a
recuperar, mediante a introdução dos valores das operações que deram origem a
esse imposto, nomeadamente as respeitantes a transmissões de bens, prestações
de serviços, importações, aquisições de bens e de serviços e transações intraco-
munitárias.

Declaração Periódica do IVA

Procedimentos anuais

Devem ser aplicados procedimentos de controlo interno, por forma a garantir a fiabili-
dade da declaração periódica do IVA.

Deve ser aferida a aplicabilidade de isenções à entidade.

Deve estar garantido que o exercício do direito à dedução está de acordo com o enqua- 13
dramento da entidade no cadastro da Autoridade Tributária e Aduaneira.

Deve ser aferida a periodicidade de envio das declarações periódicas do IVA.

Procedimentos regulares

Os documentos contabilísticos relativos ao mês ou trimestre, conforme a periodicidade


de cada entidade, devem estar registados contabilisticamente. Quando se encontrem
em conferência/validação, devem ser avaliadas as implicações para efeitos de IVA dessa
situação, por forma a evitar atrasos na liquidação ou dedução do imposto, pois as regras
do Código do IVA não são, necessariamente, concordantes com as reconhecimento e re-
gisto contabilístico. Deve-se ter especial atenção a atrasos significativos na conferência.

A entrega da declaração periódica do IVA deve ser efetuada por transmissão eletrónica
de dados, no Portal das Finanças, por submissão direta na aplicação disponibilizada ou
através de envio do ficheiro via webservice.

Comprovar as transmissões de bens e as prestações de serviços isentas ao abrigo das


alíneas a) a j), p) e q) do n.º 1 do artigo 14.º e das alíneas b), c), d) e e) do n.º 1 do artigo
15.º do Código do IVA, através dos documentos aduaneiros apropriados ou, não haven-
do obrigação legal de intervenção dos serviços aduaneiros, de declarações emitidas
pelo adquirente dos bens ou utilizador dos serviços, indicando o destino que lhes irá ser
Ordem dos Contabilistas Certificados

dado. A falta dos documentos comprovativos referidos determina a obrigação para o


transmitente dos bens ou prestador dos serviços de liquidar o imposto correspondente.

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas

Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado


Fiscais Correntes

Procedimentos regulares [continuação]


IV.01

Quando o valor tributável de uma operação ou o respetivo imposto sofrerem retificação


para menos, a regularização a favor do sujeito passivo só pode ser efetuada quando este
tiver na sua posse prova de que o adquirente tomou conhecimento da retificação ou de
que foi reembolsado do imposto, sem o que se considera indevida a respetiva dedução.

Prazos declarativos (n.º 1 do artigo 41.º do CIVA)

Até ao dia 20 do 2.º mês seguinte àquele a que respeitam as operações, no caso de
sujeitos passivos enquadrados no regime mensal.

Até ao dia 20 do 2.º mês seguinte ao trimestre do ano civil a que respeitam as opera-
ções, no caso de sujeitos passivos enquadrados no regime trimestral.

As declarações periódicas, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 41.º do CIVA, relati-
vas ao mês de junho, e nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 41.º do CIVA, relativas
ao segundo trimestre, devem ser enviadas até 20 de setembro.

Prazos de pagamento (n.º 1 do artigo 27.º do CIVA)

Até ao dia 25 do 2.º mês seguinte àquele a que respeitam as operações, no caso de
sujeitos passivos enquadrados no regime mensal.

14
Até ao dia 25 do 2.º mês seguinte ao trimestre do ano civil a que respeitam as opera-
ções, no caso de sujeitos passivos enquadrados no regime trimestral.

O prazo de entrega do montante de imposto exigível, nos termos da alínea a) do n.º 1


do artigo 27.º do CIVA, relativo ao mês de junho, e nos termos da alínea b) do n.º 1 do
artigo 27.º do CIVA, relativo ao segundo trimestre, é prolongado até 25 de setembro

1.1.2. Declaração Recapitulativa do IVA

A declaração recapitulativa do IVA é uma obrigação declarativa dos sujeitos passi-


vos do IVA, prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 23.º do Regime do IVA nas Tran-
sações Intracomunitárias (RITI) e na alínea i) do n.º 1 do artigo 29.º do CIVA, que visa
declarar as seguintes operações:

• Transmissões intracomunitárias de bens e operações assimiladas nos termos


do RITI;

• Operações triangulares não tributadas em Portugal, quando os bens são expe-


Ordem dos Contabilistas Certificados

didos entre dois outros Estados-Membros (não entrando os bens em território


nacional), e o devedor de imposto seja o sujeito passivo do EM de destino dos
bens, nomeado na respetiva fatura (operações triangulares);

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Fiscais Correntes
• Transferências intracomunitárias de bens no âmbito do regime de vendas à
consignação previsto no artigo 7.º-A do RITI;

IV.01
• Prestações de serviços a sujeitos passivos que tenham noutro Estado-Mem-
bro da União Europeia a sede, um estabelecimento estável ou, na sua falta,
o domicílio, para o qual os serviços são prestados, quando tais operações
sejam aí localizadas nos termos da alínea a) do n.º 6 do artigo 6.º do CIVA.

A obrigatoriedade de envio da declaração recapitulativa só se verifica relativa-


mente aos períodos em que sejam realizadas operações do tipo acima mencio-
nado.

Declaração Recapitulativa de IVA

Procedimentos anuais

Devem ser aplicados procedimentos de controlo interno, por forma a garantir a fiabili-
dade da informação incluída na declaração recapitulativa do IVA.

Aferição da opção relativa a aquisições / transmissões intracomunitárias de bens, no


cadastro da entidade, através da consulta no Portal das Finanças e eventual entrega de
15
declaração de alterações para correção de desconformidades cadastrais.

Aferição da opção relativa a aquisição e prestação de serviços intracomunitários, no


cadastro da entidade, através da consulta no Portal das Finanças e eventual entrega de
declaração de alterações para correção de desconformidades cadastrais.

Deve ser aferida a validade do número de identificação fiscal das entidades adquirentes
e fornecedoras intracomunitárias na plataforma VIES.

Deve ser confirmada a periodicidade de envio das declarações recapitulativas do IVA.

Procedimentos regulares

Deve ser aferida a validade do número de identificação fiscal dos clientes e fornecedo-
res intracomunitários na plataforma VIES.

A entrega da declaração recapitulativa do IVA deve ser efetuada por transmissão eletró-
nica de dados, no Portal das Finanças.

Prazos declarativos (n.º 1 e 2 do artigo 30.º do RITI)


Ordem dos Contabilistas Certificados

Até ao dia 20 do mês seguinte àquele a que respeitam as operações, no caso de sujei-
tos passivos com periodicidade de envio mensal da declaração periódica.

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas

Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado


Fiscais Correntes

Prazos declarativos (n.º 1 e 2 do artigo 30.º do RITI) [continuação]


IV.01

Até ao dia 20 do mês seguinte àquele a que respeitam as operações, no caso de su-
jeitos passivos com periodicidade de envio trimestral da declaração periódica, cujo
montante total das transmissões intracomunitárias de bens a incluir na declaração re-
capitulativa exceda 50.000 euros, no trimestre civil em curso ou em qualquer um dos
quatro trimestres civis anteriores.

Até ao dia 20 do mês seguinte ao final do trimestre civil a que respeitam as operações,
no caso de sujeitos passivos com periodicidade de envio trimestral da declaração pe-
riódica, cujo montante total das transmissões intracomunitárias de bens a incluir na
declaração recapitulativa não exceda 50.000 euros, no trimestre civil em curso ou em
qualquer um dos quatro trimestres civis anteriores.”

Alertas

Face ao disposto no artigo 14.º, n.º 2 do RITI, a falta de apresentação da declaração


recapitulativa referente às TIB determina a impossibilidade de aplicação da isenção,
ficando o sujeito passivo obrigado a proceder à liquidação do IVA correspondente,
ainda que o NIF dos adquirentes (sujeitos passivos de outros EM da UE) se encontre
devidamente validado no VIES na data da operação.

16

1.1.3. Comunicação dos elementos das faturas e outros documentos à AT

A obrigação de comunicação dos elementos das faturas e outros documentos à


Autoridade Tributária e Aduaneira encontra-se estabelecida no artigo 3.º do Decre-
to-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto e determina aquela disposição que as pessoas,
singulares ou coletivas, que tenham sede, estabelecimento estável ou domicílio
fiscal em território português e aqui pratiquem operações sujeitas a IVA são obri-
gadas a comunicar à Autoridade Tributária e Aduaneira, por transmissão eletrónica
de dados, os elementos das faturas emitidas nos termos do Código do IVA, bem
como os elementos dos documentos que possibilitem a conferência de mercado-
rias ou de prestação de serviços e recibos do regime do IVA de caixa, por uma das
seguintes vias:

“a) Por transmissão eletrónica de dados em tempo real;

b) Por transmissão eletrónica de dados, mediante remessa de ficheiro


SAF-T (PT) relativo à faturação;
Ordem dos Contabilistas Certificados

c) Por inserção direta no Portal das Finanças.”

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Fiscais Correntes
A comunicação da faturação à Autoridade Tributária e Aduaneira deve ser efetuada
até ao dia 5 do mês seguinte ao da emissão dos documentos de faturação.

IV.01
Passou ainda a ser obrigatória a comunicação à AT da não emissão de faturas,
documentos de conferência ou recibos do IVA de caixa durante cada mês. Essa
comunicação até ao dia 5 do mês seguinte a que respeitam os documentos.

Disposição transitória: Relativamente às faturas e outros documentos fiscalmente


relevantes, emitidos em 2023, a obrigação de comunicação dos respetivos ele-
mentos prevista no artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, com
a redação que lhe foi dada pela Lei n. º 12/2022, de 27 de junho, bem como a co-
municação da não emissão de documentos dessa natureza, podem ser efetuadas
- sem quaisquer acréscimos ou penalidades - até dia 8 do mês seguinte ao da sua
emissão, sem prejuízo do disposto no artigo 57.º-A da Lei Geral Tributária.

Esta comunicação permite à Autoridade Tributária e Aduaneira controlar a emissão


de faturas e outros documentos comprovativos de entrega de bens ou de presta-
ção de serviços, mas não pode servir como base para o reconhecimento do rédito
ou para a relevância patrimonial de transações, as quais apenas podem ser reco-
nhecidas e registadas com base nos princípios das normas contabilísticas.
17

Esta comunicação também não pode servir para efetuar reconciliações de saldos
de transações entre entidades, podendo ser usada apenas como instrumento
auxiliar.

Por outro lado, a existência de especificidades nos códigos fiscais que dispensem a
emissão de documentos de faturação ou simplifiquem a sua emissão não pode ser
usada para não reconhecer ou registar transações com relevância patrimonial. Do
mesmo modo, a aplicação de regimes fiscais especiais (por exemplo, regimes de
margem, regimes forfetários ou simplificados e similares) pode retirar relevância à
utilização da informação comunicada para efeitos de preenchimento de declara-
ções e apuramento de imposto.

Importa, por isso, fazer uma utilização apropriada e relativa da informação comu-
nicada, no sentido da sua (ir)relevância para efeitos contabilísticos, não podendo
o contabilista entender que a informação comunicada (por si ou pelos seus for-
necedores registados em Portugal para efeitos de IVA) seja, necessariamente, o
elemento determinante da relevância patrimonial das transações.
Ordem dos Contabilistas Certificados

A submissão é efetuada no portal E-Fatura.

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas

Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado


Fiscais Correntes

1.2. Impostos sobre o rendimento


IV.01

1.2.1. Declaração de Retenções de IRS/IRC

A retenção na fonte é um mecanismo do sistema fiscal português que permite que


os impostos dos contribuintes, decorrentes de determinados tipos de rendimentos,
sejam pagos de forma faseada e antecipadamente, ao invés de serem pagos integral-
mente no final do ano. Na declaração de retenções na fonte de IRS/IRC são incluídas
as retenções na fonte, designadamente, de rendimentos empresariais e profissionais,
pensões, rendimentos prediais, comissões por intermediação em quaisquer contra-
tos e de rendimentos de capitais, tal como se apresenta nos quadros:

Códigos dos rendimentos e atos sujeitos a imposto


Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares - IRS
N.º Descrição dos Rendimentos
102 Empresariais e profissionais
103 Pensões
104 Prediais
105 Capitais - Valores mobiliários - Entidades emitentes
106 Capitais - Valores mobiliários - Entidades registadoras, depositárias e outras
18 107 Capitais - Juros de depósitos à ordem ou a prazo
110 Indemnizações e outros incrementos patrimoniais
114 Sobretaxa extraordinária - Categoria H - Rendimentos obtidos até 31 dezembro 2017
115 Outros rendimentos de capitais sujeitos às taxas previstas no art.º 71.º do CIRS
116 Rendimentos de capitais sujeitos à taxa do art.º 101.º do CIRS - Rendimentos obtidos
até 31 de dezembro de 2014
117 Rendimentos de resgate de Unidades de Participação em Fundos de Investimento
(art.º 22.º-A, n.º 1 alíneas b) e c) do EBF)
118 Capitais - Valores mobiliários representativos de dívida (D.L. 193/2005 de 7/11)
199 Juros compensatórios

Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas - IRC


N.º Descrição dos Rendimentos
201 Prediais
202 Comissões por intermediação em quaisquer contratos e prestações de serviços
203 Capitais - Valores mobiliários - Entidades emitentes
204 Capitais - Valores mobiliários - Entidades registadoras ou depositárias
205 Capitais - Juros de depósitos à ordem ou a prazo
206 Capitais - Outros rendimentos
Ordem dos Contabilistas Certificados

207 Prémios de jogos, lotarias, rifas, apostas mútuas, sorteios, concursos


208 Remunerações de membros de órgãos estatutários de Pessoas Coletivas
209 Fundos de Investimento - Rendimentos obtidos até 31 de dezembro de 2014 (ante-
rior redação do art.º 22.º do EBF)

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Fiscais Correntes
N.º Descrição dos Rendimentos

IV.01
210 Rendimentos de resgate de Unidades de Participação em Fundos de Investimento
Imobiliário auferidos por não residentes (art.º 22.º-A, n.º 1 alínea c) do EBF)
211 Código 211- Organismos de Investimento Coletivo - Regime Transitório (art.º 7 n.º 3
do DL 7/2015, de 13 janeiro)
212 Organismos de Investimento Coletivo de duração determinada - Regime Transitório
(art.º 7.º n.º 8 do DL 7/2015, de 13 janeiro)
213 Capitais - Valores mobiliários representativos de divida (D.L. 193/2005 de 7/11)
299 Juros compensatórios

As retenções na fonte relativas a pagamentos de rendimentos a entidades não


residentes devem ser declaradas separadamente, em declaração autónoma, indi-
cando-se explicitamente que se trata de “Retenções a não residentes”, conforme o
n.º 7 do artigo 119.º do Código do IRS, tal como se apresenta na figura:

As retenções na fonte constantes da declaração mensal de remunerações da Au- 19


toridade Tributária (DMR-AT), bem como na declaração mensal do imposto do
selo (DMIS), não estão sujeitas à apresentação da declaração de pagamento de
retenções na fonte de IRS/IRC (“Guia multi-imposto”).

O prazo de entrega da declaração de pagamento de retenções na fonte de IRS/


IRC e respetiva liquidação, é o dia 20 do mês seguinte àquele em que as retenções
foram deduzidas nos termos legais, conforme decorre do n.º 3 do artigo 98.º do
Código do IRS e do n.º 6 do artigo 94.º do Código do IRC. A entrega da declaração
de pagamento de retenções na fonte de IRS/IRC deve ser efetuada por transmissão
eletrónica de dados, no Portal das Finanças, através do acesso:
Ordem dos Contabilistas Certificados

A declaração de retenções de IRS/IRC apenas é utilizada para liquidações de im-


posto do selo anteriores a 1 de janeiro de 2021. A partir dessa data, as operações
sujeitas a imposto do selo são incluídas da DMIS.

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas

Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado


Fiscais Correntes

1.2.2. Declaração Modelo 30


IV.01

Os rendimentos pagos ou colocados à disposição de sujeitos passivos não resi-


dentes implicam o preenchimento da declaração Modelo 30, que se destina a dar
cumprimento à obrigação declarativa a que se refere a alínea a) do n.º 7 do artigo
119.º do Código do IRS e do artigo 128.º do Código do IRC.

As entidades que paguem ou coloquem à disposição de sujeitos passivos não re-


sidentes rendimentos que, nos termos legais, se considerem obtidos em território
português, ainda que possam usufruir de alguma dispensa de retenção na fonte,
por força da aplicação de convenção destinada a eliminar a dupla tributação ou
de um outro acordo de direito internacional que vincule o Estado Português ou de
legislação interna e na figura seguinte a tipologia dos rendimentos:

Tipo Rendimentos
6 Prediais
7 Prestações de serviços
8 Comissões
10 Dividendos
11 Juros ou rendimentos de aplicações de capitais
20
12 Royalties
13 Mais-Valias - Resgate de unidades de participação ou liquidação de FM e FIM
e liquidação de SM e SIM
14 Trabalho independente
15 Trabalho dependente
16 Percentagens de membros de órgãos sociais
17 Rendimentos de artistas ou desportistas
18 Pensões
22 Remunerações públicas
20 Subsídios pagos a estudantes ou estagiários
21 Outros rendimentos
23 Pensões públicas

A declaração Modelo 30 deve ser entregue até ao fim do 2.º mês seguinte àquele
em que ocorre o ato do pagamento, do vencimento, ainda que presumido, da sua
colocação à disposição, da sua liquidação ou do apuramento do respetivo quanti-
tativo, consoante os tipos de rendimentos pagos a entidades não residentes.

A entrega da declaração Modelo 30 deve ser efetuada por transmissão eletrónica


de dados, no Portal das Finanças.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Os originais dos formulários e outros documentos de prova que justifiquem a não


aplicação de qualquer taxa de imposto, a utilização de taxas reduzidas ou outras

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Fiscais Correntes
situações, deverão ser conservados na posse da entidade declarante pelo prazo
de dez anos, devendo ser exibidos à Autoridade Tributária e Aduaneira sempre que

IV.01
esta os solicite.

Entre esses formulários podem ser incluídos, designadamente, os formulários para


acionar as Convenções para Evitar a Dupla Tributação celebradas por Portugal, de-
vidamente preenchidos, e os certificados de residência fiscal e sujeição a imposto
no Estado de residência que as entidades beneficiárias não residentes devem apre-
sentar às entidades pagadoras portuguesas, para efeitos de verificação dos pres-
supostos de que dependem a aplicação das Convenções (artigo 101.º-C do Código
do IRS e artigo 98.º do Código do IRC).

Formulários para acionar as Convenções


para Evitar a Dupla Tributação celebradas por Portugal

Modelo 21 - RFI Pedido de dispensa total ou parcial de retenção na fonte do impos-


to português, efetuado ao abrigo da convenção para evitar a dupla
tributação entre Portugal e...

Modelo 22 - RFI Pedido de reembolso do imposto português sobre dividendos de


ações e juros de valores mobiliários representativos de dívida, efe-
tuado ao abrigo da convenção para evitar a Dupla Tributação entre
Portugal e... 21

Modelo 23 - RFI Pedido de reembolso do imposto português sobre royalties, divi-


dendos e juros (exceto dividendos de ações e juros de valores mo-
biliários representativos de dívida), ao abrigo da convenção para
evitar a dupla tributação entre Portugal e ...

Modelo 24 - RFI Pedido de reembolso do imposto português sobre outros rendi-


mentos efetuado ao abrigo da convenção para evitar a dupla tribu-
tação entre Portugal e …

Outro exemplo são os formulários relativos à verificação dos pressupostos de apli-


cação da Diretiva Juros e Royalties, devidamente preenchidos (n.ºs 12 e 16 do artigo
14.º e artigos 96.º e 98.º, todos do Código do IRC).

Diretiva Juros e Royalties


Modelo 01 -DJR Pedido de redução ou dispensa de retenção na fonte de imposto
sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC), efetuado ao abri-
go do n.ºs 12 e 16 do artigo 14.º e dos artigos 96.º e 98.º do código
do IRC, da diretiva n.º 2003/49/CE, do conselho, de 3 de junho,
relativa a um regime fiscal comum aplicável aos pagamentos de
Ordem dos Contabilistas Certificados

juros e royalties efetuados entre sociedades associadas de Estados


Membros diferentes e do acordo entre a Comunidade Europeia e a
Confederação Suíça, de 26 de outubro de 2004, que prevê medi-
das equivalentes às previstas na diretiva 2003/48/CE

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas

Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado


Fiscais Correntes

Modelo 02 -DJR Pedido de reembolso parcial ou total de imposto sobre o rendi-


IV.01

mento das pessoas coletivas (IRC) retido na fonte, efetuado ao


abrigo dos nºs. 12 e 16 do art.º 14.º e dos artigos 96.º e 98.º do códi-
go do IRC, da diretiva n.º 2003/49/CE, do conselho, de 3 de junho,
relativa a um regime fiscal comum aplicável aos pagamentos de
juros e royalties efetuados entre sociedades associadas de Estados
Membros diferentes e do acordo entre a Comunidade Europeia e a
Confederação Suíça, de 26 de outubro de 2004, que prevê medi-
das equivalentes às previstas na diretiva 2003/48/CE

Os procedimentos de verificação a realizar pelo Contabilista Certificado a este res-


peito obrigam o cliente a fornecer, atempadamente, informação sobre as datas de
pagamento ou outras datas relevantes a que a retenção se reporte. O Contabilista
Certificado deve, ainda, assegurar a reconciliação das contas correntes dos forne-
cedores, de forma a garantir que o imposto retido não é pago, em duplicado, ao
fornecedor, sendo apenas entregue ao Estado. Do mesmo modo, caso sejam efe-
tuadas retenções na fonte ao cliente, por entidades não residentes, é importante
ter em conta que os rendimentos devem ser reconhecidos pelo seu valor bruto e
que a conta corrente com esses clientes não inclui valores de retenções na fonte
sofridas no estrangeiro, as quais, a terem sido feitas, devem ser registadas em con-
tas do ativo (conta 241) separadas da conta corrente.
22
Importa ainda chamar a atenção para a relevância dos procedimentos a realizar
nesta área, já que a informação constante da Modelo 30 pode ser objeto de troca
com autoridades fiscais estrangeiras, quando existam acordos bilaterais ou multi-
laterais aprovados, pelo que a exatidão da informação incluída nesta declaração se
mostra relevante para efeitos de verificação do cumprimento de obrigações fiscais
noutros Estados.

1.2.3. Obtenção de NIF para não residentes

É sempre obrigatória, também, a obtenção do NIF para o beneficiário do rendimento


nos termos estabelecidos no Decreto-Lei n.º 81/2003, de 23 de abril e Decreto-Lei
n.º 14/2013, de 28 de janeiro.

Para tal, poderá aceder ao portal das finanças, através das opções, Apoio ao Contri-
buinte > Suporte Informático - Formato de ficheiros > DL 81/2003 Dir. Poup, onde
poderá ser efetuado o download de um ficheiro que contém instruções e exemplos
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da criação do ficheiro XML.

Terá de criar um ficheiro em formato “xml” com base no exemplo apresentado na


Tabela Exemplo XML para pedido de NIF.

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Fiscais Correntes
Exemplo XML para pedido de NIF

IV.01
23

Fonte:
https://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/apoio_contribuinte/Suporte_Informatico_Formato_ficheiros/Pages/default.aspx#DL

Sugere-se a consulta do documento de suporte disponibilizado no Portal das Finan-


ças em Apoio ao Contribuinte > Obrigações declarativas / Modelos e formulários /
Minutas > Suporte Informático – Formato de ficheiros > DL 81/2003 Dir. Poup., onde
poderá ser efetuado download com instruções de criação do formato de ficheiro
para pedido de NIF de entdade não residente. Após a construção do ficheiro XML,
deverá ser submetido no Portal das Finanças em Serviços > DL 81/2003 Diretiva da
Poupança > Pedido de NIF

A entrega do ficheiro para obtenção do NIF deve ser efetuada por inserção, no
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Portal das Finanças, estando disponível através do acesso:

https://sitfiscal.portaldasfinancas.gov.pt/geral/siteMap

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Obrigações Declarativas

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Fiscais Correntes

Portal das Finanças / Finanças – Aceda aos Serviços Tributários / Serviços / Situa-
ção Fiscal - Dados/ “DL 81/2003 Diretiva da Poupança” / Pedido de NIF
IV.01

A consulta do NIF após processamento pela Autoridade Tributária E Aduaneira será


efetuada em:

Portal das Finanças / Finanças – Aceda aos Serviços Tributários / Serviços / Situa-
ção Fiscal - Dados/ “DL 81/2003 Diretiva da Poupança” / Consulta de NIF

1.2.4. Declaração Mensal de Remunerações da AT

A declaração mensal de remunerações da Autoridade Tributária (DMR-AT) desti-


na-se a declarar os rendimentos do trabalho dependente (categoria A de IRS) au-
feridos por sujeitos passivos residentes em território português, incluindo os ren-
dimentos dispensados de retenção na fonte, os rendimentos isentos e ainda os
excluídos nos termos dos artigos 2.º, 2.º-A e 12.º do Código do IRS (Código do IRS),
desde que pagos ou colocados à disposição do seu titular.

Devem ainda ser declaradas as retenções de IRS, as contribuições obrigatórias para


24 regimes de proteção social e subsistemas legais de saúde e ainda as quotizações
sindicais.

Esta declaração deve ser apresentada pelas pessoas ou entidades que tenham efe-
tuado pagamentos ou colocado à disposição rendimentos do trabalho dependente
a pessoas singulares residentes em território português.

Os rendimentos de trabalho dependente pagos a pessoas singulares não residen-


tes devem ser declarados na Modelo 30 e não na DMR-AT.

A DMR-AT deve ser apresentada até ao dia 10 do mês seguinte àquele em que foram
pagos os rendimentos, conforme disposto na subalínea i), da alínea c), do n.º 1, do
artigo 119.º do Código do IRS.

O pagamento das retenções na fonte que resultem da entrega da DMR-AT deve ser
efetuado até ao dia 20 do mês seguinte àquele em que as retenções foram deduzi-
das nos termos legais, conforme decorre do n.º 3 do artigo 98.º do Código do IRS.
Ordem dos Contabilistas Certificados

A entrega da DMR-AT deve ser efetuada por transmissão eletrónica de dados, no


Portal das Finanças.

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Obrigações Declarativas
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Fiscais Correntes
1.3. Imposto do Selo

IV.01
1.3.1. Declaração Mensal de Imposto do Selo

A declaração mensal de imposto do selo (DMIS) destina-se ao cumprimento da


obrigação prevista no artigo 52.º-A do Código do Imposto do Selo (CIS). A DMIS
deve ser apresentada pelos sujeitos passivos referidos no n.º 1 do artigo 2.º do CIS,
ou seus representantes legais, que tenham realizado operações, atos, contratos,
documentos, títulos, papéis e outros factos ou situações jurídicas previstas na Ta-
bela Geral do Imposto do Selo, designadamente: operações financeiras, seguros,
títulos de crédito, trespasses, entre outras.

25

O imposto do selo referente a doações e arrendamentos (verbas 1 e 2) não é liqui-


dado na DMIS, sendo a verba 1 liquidada pela AT, e pelos locadores para a verba 2
mediante a comunicação dos contratos de arrendamento.

Esta declaração deve ser sempre apresentada pelos sujeitos passivos, quer estes
tenham liquidado imposto, quer só tenham realizado operações isentas, até ao dia
20 do mês seguinte àquele em que as obrigações tributárias se tenham constituí-
do, conforme resulta do n.º 1 do artigo 44.º do CIS. Todavia, não existe obrigação de
entrega da DMIS se, relativamente ao período de referência, não tiver sido realizada
nenhuma operação sujeita a imposto do selo e pode ser consultada a todo tempo
no site da Autoridade Tributária e Aduaneira, conforme a figura seguinte:
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas

Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado


Fiscais Correntes

A entrega da DMIS deve ser efetuada por transmissão eletrónica de dados, no Por-
tal das Finanças.
IV.01

A DMIS é utilizada para operações sujeitas a imposto do selo a partir de 1 de janeiro


de 2021.

26

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Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Fiscais Correntes
1.4. Pontos-chave

IV.01
• No cumprimento de obrigações fiscais declarativas é importante assegurar a cor-
respondência com os registos contabilísticos e o desenvolvimento de processos de
controlo, por parte do Contabilista, que garantam que as declarações entregues
estão apoiadas em documentos de suporte.

• No preenchimento das declarações periódicas de IVA e recapitulativa, além do


reporte das transações do período relevante, devem ser efetuados controlos pe-
riódicos para garantir que todas as transações relevantes são declaradas e que o
enquadramento das operações ativas e passivas tem correspondência na situação
cadastral do sujeito passivo e nos documentos emitidos e recebidos que suportam
as transações.

• Em matéria de retenções na fonte, podem ser aplicáveis obrigações de reten-


ção ou a entidade ser objeto dessa mesma retenção, quer em Portugal quer no
estrangeiro. Os saldos das contas de clientes e fornecedores devem refletir essas
retenções e os gastos ou rendimentos não devem ser influenciados pelas retenções
na fonte.

• A troca internacional de informações em matéria fiscal no que respeita a paga- 27

mentos e recebimentos de transações sujeitas a retenção na fonte (ainda que pos-


sam beneficiar de dispensa de retenção) torna esta área de trabalho suscetível de
controlos inspetivos adicionais, pelo que o Contabilista deve reforçar os controlos
relativos a fluxos de pagamentos e recebimentos com implicações em matéria de
retenção na fonte.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Obrigações Declarativas

Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado


Fiscais Correntes

1.5. Autoavaliação
IV.01

Assunto Sim Não N/A


Declaração periódica de IVA: o contabilista verificou que o ciclo de
preparação da declaração, desde a recolha da informação ao com-
provativo do pagamento pelo Cliente (ou pedido de reembolso ou
reporte do crédito de imposto) foi assegurado?

Declaração periódica de IVA e declaração recapitulativa: verifican-


do-se alterações legislativas, alterações aos procedimentos do
Cliente, aos documentos de suporte às operações ou novas transa-
ções, foi feita a avaliação do impacto dessas alterações?

Todas as declarações fiscais: verificando-se transações não recor-


rentes ou variações significativas nas bases tributáveis e/ou impos-
to, foi questionada a sua natureza?

Todas as declarações fiscais: foram reconciliados os saldos contabi-


lísticos com o resultado das declarações fiscais?

Todas as declarações fiscais: há riscos fiscais decorrentes do incumpri-


mento de obrigações fiscais? Em caso afirmativo, foi avaliado o risco e/
ou equacionado o reconhecimento de provisões ou divulgações?

Observações
28

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


IV.02
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Obrigações Declarativas Fiscais Não Correntes

2.1. Enquadramento

Obrigações Declarativas
Fiscais NÃO Correntes
No ponto 02 deste volume IV, são evidenciados um conjunto de processos e pro-
cedimentos de controlo interno, com o objetivo de garantir a entrega das declara-
ções fiscais não correntes.

Como vem sendo referido, é de elevada importância a existência de procedimentos

IV.02
de controlo internos adequados, que garantam do cumprimento das obrigações
fiscais não correntes. Esses procedimentos revelam-se fundamentais na garantia
de que todas as obrigações fiscais sejam conduzidas de forma correta e transpa-
rente em conformidade com a legislação vigente.

Procedimentos de controlo bem estruturados e implementados garantem que


todas as transações financeiras e operações relevantes são registadas de forma
precisa e completa nos registos contabilísticos. Isso não apenas fornece uma base
sólida para o cálculo das declarações fiscais devidas, mas também ajuda a prevenir 29
erros inadvertidos que possam resultar em inconformidades fiscais.

Procedimentos de controlo proporcionam uma revisão sistemática de todas as ati-


vidades contabilísticas, permitindo uma deteção precoce de qualquer inconsistên-
cia ou discrepância. Isso possibilita correções atempadas e evita a acumulação de
problemas fiscais que poderiam resultar em penalidades financeiras e impactos
negativos na reputação das organizações.

A conformidade fiscal adequada, mostra-se ainda essencial na manutenção de um


relacionamento saudável com as autoridades fiscais e evitar possíveis inspeções
e/ou divergências. A implementação de controlos rigorosos ajuda a garantir que a
organização possa responder prontamente a quaisquer solicitações ou requisitos
de informação por parte das autoridades fiscais, demonstrando a transparência e a
responsabilidade nas suas operações fiscais.

Procedimentos de controlo adequados desempenham um papel vital na garantia


de que as obrigações fiscais não correntes sejam cumpridas de acordo com as
Ordem dos Contabilistas Certificados

regras existentes.

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

2.2. Imposto sobre o Rendimento das pessoas Singulares (IRS)

2.2.1. Declaração de Rendimentos - IRS - Modelo 3

A declaração de rendimentos - modelo 3 - destina-se à apresentação anual dos


rendimentos sujeitos a IRS respeitantes ao ano anterior e de outros elementos in-
Obrigações Declarativas

formativos relevantes para a determinação da situação tributária dos sujeitos pas-


Fiscais NÃO Correntes

sivos, nos termos do artigo 57.º do Código do IRS e incluem os seguintes tipos de
rendimentos:

Categoria A - Rendimentos do trabalho dependente;


IV.02

Categoria B - Rendimentos empresariais e profissionais;

Categoria E - Rendimentos de capitais;

Categoria F - Rendimentos prediais;

Categoria G - Incrementos patrimoniais;

Categoria H - Pensões.

30 A declaração Modelo 3 deve ser apresentada pelas pessoas singulares que residam
em território português, quando estas, ou os dependentes que integram o respe-
tivo agregado familiar, tenham auferido rendimentos sujeitos a IRS que obriguem
à sua apresentação.

Por um lado, se estivermos perante sujeitos passivos residentes em território por-


tuguês, o IRS incide sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos
fora desse território, conforme disposto no n.º 1 do artigo 15.º do Código do IRS.
Por outro lado, os sujeitos passivos não residentes fiscais em território português,
o IRS incide unicamente sobre os rendimentos considerados obtidos em território
português, conforme disposto no n.º 2 do artigo 15.º do Código do IRS.

As situações passíveis de dispensa de entrega da declaração encontram-se previs-


tas no artigo 58.º do Código do IRS.

A declaração deve ser entregue de 1 de abril a 30 de junho, independentemente de


este dia ser útil ou não útil, sem prejuízo da existência de alguns prazos especiais,
em conformidade com o artigo 60.º do Código do IRS.
Ordem dos Contabilistas Certificados

A Modelo 3 de IRS é submetida através do Portal das Finanças em:

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Obrigações Declarativas
Fiscais NÃO Correntes
IV.02
2.2.2. Rendimentos Empresariais e Profissionais

As formas de determinação dos rendimentos empresariais e profissionais (catego-


ria B de IRS) encontram-se definidas no artigo 28.º do Código do IRS (Código do
IRS). Nos termos desta disposição, a determinação dos rendimentos empresariais
e profissionais, salvo no caso da imputação prevista no artigo 20.º, faz-se: 31

a) Com base na aplicação das regras decorrentes do regime simplificado, o que


implica a entrega do Anexo B à declaração Modelo 3;

b) Com base na contabilidade, o que implica a entrega do Anexo C à declaração


Modelo 3.

Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no exercí-


cio da sua atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imedia-
Ordem dos Contabilistas Certificados

tamente anterior um montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de


€200.000,00. Porém, os sujeitos passivos abrangidos pelo regime simplificado
podem optar pela determinação dos rendimentos com base na contabilidade, da
seguinte forma:

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

a) Na declaração de início de atividade;

b) Até ao fim do mês de março do ano em que pretendem alterar a forma de


determinação do rendimento, mediante a apresentação de declaração de alte-
rações.2
Obrigações Declarativas
Fiscais NÃO Correntes

A opção pelas regras da contabilidade mantém-se válida até que o sujeito passivo
proceda à entrega de declaração de alterações, a qual produz efeitos a partir do pró-
prio ano em que é entregue, desde que seja efetuada até ao final do mês de março.

A aplicação do regime simplificado cessa apenas quando o montante anual ilíquido


IV.02

de rendimentos desta categoria de €200.000,00 seja ultrapassado em dois perío-


dos de tributação consecutivos ou, quando seja ultrapassado num único exercício,
em montante superior a 25%, ou seja, quando num só exercício ultrapasse o valor
de €250.000,00, caso em que a tributação pelo regime de contabilidade organi-
zada se faz (obrigatoriamente) a partir do período de tributação seguinte ao da
verificação de qualquer desses factos.

Continua a ser recomendável acompanhar atentamente a evolução do montante


anual ilíquido de rendimentos desta categoria dos sujeitos passivos, de modo a
32 verificar a eventual necessidade de entrega de declaração de alterações.

Pode suceder, por exemplo, que determinado sujeito passivo, em determinado pe-
ríodo, passe a estar enquadrado no regime de contabilidade por obrigação, devi-
do ao eventual aumento de rendimentos desta categoria. Contudo, num exercício
posterior, os rendimentos empresarias e profissionais deste sujeito passivo podem
reduzir abaixo dos €200.000,00, reconduzindo-o para o regime simplificado.

Ora, nestas circunstâncias, caso o sujeito passivo pretenda que os seus rendimentos
empresariais e profissionais continuem a ser determinados com base na contabilidade,
será necessário proceder à entrega de declaração de alterações até final do mês de
março, exercendo a opção pela tributação no regime da contabilidade organizada.

Importa destacar, que na entrega da declaração de início ou alteração de ativida-


de, querendo optar pela contabilidade organizada como forma de determinação dos
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2
Ver Ofício Circulado 3911 - DSTJ de 28/05/2003 – Opção pelo regime de contabilidade
organizada/coimas, considerando que a não uniformização relativamente ao procedimento
de atuação dos serviços da Autoridade Tributária e Aduaneira, quanto à aplicação de coimas
relativamente aos prazos de entrega da declaração referida na norma em epígrafe, bem
como nos previstos nos n.º(s) 2 dos artigos 112.º do Código do IRS e 31.º do CIVA.

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

rendimentos empresariais e profissionais, deve-se além de selecionar a opção de


organização da contabilidade de acordo com a esse regime, selecionar a opção pela
contabilidade organizada para o enquadramento em Imposto sobre o Rendimento.

Preenchendo integralmente o quadro 16 e 19 da declaração de início / alteração


de atividade.

Obrigações Declarativas
Fiscais NÃO Correntes
IV.02
33
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

No âmbito do regime simplificado, a determinação do rendimento tributável ob-


tém-se através da aplicação dos coeficientes e regras previstas no artigo 31.º do
Código do IRS. Na determinação dos rendimentos empresariais e profissionais não
abrangidos pelo regime simplificado, e determinados com base na contabilidade,
aplicam-se as regras estabelecidas no Código do IRC, com exceção do previsto
nos artigos 51.º, 51.º-A, 51.º-B, 51.º-C e 54.º-A, e com as adaptações resultantes do
Obrigações Declarativas
Fiscais NÃO Correntes

Código do IRS.

2.2.3. Regime de Transparência Fiscal

Determina o n.º 1 do artigo 6.º do Código do IRC, que é imputada aos sócios, inte-
IV.02

grando-se, nos termos da legislação que for aplicável, no seu rendimento tributável
para efeitos de IRS ou IRC, consoante o caso, a matéria coletável, determinada nos
termos deste Código, das sociedades a seguir indicadas, com sede ou direção
efetiva em território português, ainda que não tenha havido distribuição de lucros:

a) Sociedades civis não constituídas sob forma comercial;

b) Sociedades de profissionais, nos termos da alínea a) do n.º 4 do mesmo artigo;


34
c) Sociedades de simples administração de bens, cuja maioria do capital so-
cial pertença, direta ou indiretamente, durante mais de 183 dias do exercício
social, a um grupo familiar, ou cujo capital social pertença, em qualquer dia do
exercício social, a um número de sócios não superior a cinco e nenhum deles
seja pessoa coletiva de direito público, tendo em consideração o disposto nas
alíneas b) e c) do n.º 4 e n.º 5 do mesmo artigo.

As entidades ficam obrigatoriamente abrangidas pelo regime de transparência fiscal


a partir do período em que verificam as condições previstas no artigo 6.º do Código
do IRC. Não é um regime opcional nem implica nenhuma comunicação específica
à AT, nem tão pouco é uma informação observável no cadastro fiscal disponível no
Portal das Finanças, devendo apenas indicar-se o enquadramento nesse regime de
tributação na folha de rosto da declaração Modelo 22 quando tal se aplique.

Quando seja aplicável o regime de transparência fiscal, determina o legislador que a


matéria coletável é imputada aos sócios, imperativamente, no exercício em que a pes-
soa coletiva transparente a apura, exista ou não distribuição efetiva de lucros, pois que
Ordem dos Contabilistas Certificados

a base da imputação é a matéria coletável apurada e não o lucro contabilístico.

Sendo os sócios pessoas singulares, esta matéria coletável imputada integra a


categoria B de IRS como rendimento líquido, nos termos dos n.ºs 1 e 2 do artigo

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

20.º, n.º 1 do artigo 29.º e alínea g) do n.º 1 do artigo 31.º, todos do Código do IRS
(Código do IRS).

Portanto, no caso de sociedades abrangidas pelo regime de transparência fiscal,


o momento da imputação de matéria coletável aos sócios terá de corresponder
obrigatoriamente ao exercício do seu apuramento, nos termos do n.º 1 do artigo 6.º

Obrigações Declarativas
Fiscais NÃO Correntes
do Código do IRC, sendo o valor incluído no Anexo D à declaração de rendimentos
Modelo 3 do IRS de cada sócio (e no Anexo G da IES da sociedade transparente).

Sendo deliberado distribuir adiantamentos por conta de lucros, se esses adianta-


mentos por conta de lucros forem de montante superior à matéria coletável im-

IV.02
putada aos sócios, pessoas singulares, relativamente ao exercício em que ocorre
o adiantamento, é considerado como montante de matéria coletável imputada o
valor do adiantamento dos lucros (parte final do n.º 1 e n.º 5, ambos do artigo 20.º
do Código do IRS).

Posteriormente, quando a matéria coletável, relativa ao exercício a que os lucros


adiantados se referem, é apurada na pessoa coletiva transparente e efetivamente
imputada aos seus sócios, faz-se o ajustamento para mais ou para menos, consoan-
te a matéria coletável efetivamente apurada seja de montante superior ou inferior
aos lucros que foram adiantados. 35

Refira-se que as pessoas singulares não residentes, que sejam sócias de uma socie-
dade portuguesa sujeita ao regime de transparência fiscal, também devem proce-
der à entrega da declaração de rendimentos Modelo 3, acompanhada do Anexo D,
no decorrer do prazo previsto no artigo 60.º do Código do IRS, conforme resulta do
n.º 11 do artigo 5.º do Código do IRC.

2.2.4. Outros Rendimentos

Na sequência do acima exposto, na declaração de rendimentos - Modelo 3 - devem


ser incluídos os seguintes tipos de rendimentos e respetivos anexos:

Categoria A - Rendimentos do trabalho dependente - Anexo A;

Categoria B - Rendimentos empresariais e profissionais – Anexo B ou C, con-


soante o regime de tributação; e o Anexo D para efeitos de imputação aos
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sócios da matéria coletável de sociedades abrangidas pelo regime de transpa-


rência fiscal;

Categoria E - Rendimentos de capitais – Anexo E;

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


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Categoria F - Rendimentos prediais – Anexo F;

Categoria G - Incrementos patrimoniais – Anexos G ou G1, este último relativo


a mais-valias não tributadas;

Categoria H – Pensões – Anexo A.


Obrigações Declarativas
Fiscais NÃO Correntes

A declaração Modelo 3 inclui ainda os seguintes anexos:

Anexo H – no qual são declarados os benefícios fiscais e deduções à coleta;


IV.02

Anexo I – relativo a rendimentos de herança indivisa;

Anexo J – o qual se destina a declarar os rendimentos obtidos fora do território por-


tuguês, por residentes fiscais em Portugal, e a identificar contas de depósitos ou de
títulos abertas em instituições financeiras não residentes em território português;

Anexo L – relativamente a sujeitos passivos que detenham o estatuto de resi-


dente não habitual em território português.

36
2.2.5. Declaração de Rendimentos e Retenções

A Declaração de Rendimentos e Retenções – Residentes, corresponde ao Modelo


10, destina-se a declarar os rendimentos sujeitos a imposto sobre o rendimento,
isentos e não sujeitos, que não sejam ou não devam ser declarados na declaração
mensal de remunerações (DMR-AT), auferidos por sujeitos passivos de IRS residen-
tes no território nacional, bem como as respetivas retenções na fonte.

Deste modo, devem ser declarados todos os rendimentos auferidos por residentes
no território nacional (não comunicados através da DMR-AT):

a) Sujeitos a IRS, incluindo os isentos que estejam sujeitos a englobamento,


pagos ou colocados à disposição do respetivo titular, quando enquadráveis nas
categorias A, B, F, G e H do IRS;

b) Não sujeitos a IRS, nos termos dos artigos 2.º, 2.º-A e 12.º do Código do IRS;
Ordem dos Contabilistas Certificados

Para além dos rendimentos atrás referidos, a declaração Modelo 10 destina-se tam-
bém a declarar rendimentos sujeitos a retenção na fonte de IRC, excluindo os que
se encontrem dispensados, nos termos dos artigos 94.º e 97.º do Código do IRC
(Código do IRC).

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

2.3. Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC)

2.3.1. Declaração de Rendimentos – Modelo 22

A declaração de rendimentos - Modelo 22 - destina-se a apurar o lucro tributável ou


o prejuízo fiscal, a matéria coletável, assim como o montante a pagar ou a receber

Obrigações Declarativas
Fiscais NÃO Correntes
de IRC. Esta declaração deve ser apresentada pelos seguintes sujeitos passivos:

a) Entidades residentes, quer exerçam ou não, a título principal, atividade de


natureza comercial, industrial ou agrícola;

b) Entidades não residentes com estabelecimento estável em território português;

IV.02
c) Entidades que não tenham sede nem direção efetiva em território português
e neste obtenham rendimentos não imputáveis a estabelecimento estável aí
situado, desde que, relativamente aos mesmos, não haja lugar a retenção na
fonte a título definitivo.

Nos termos dos n.ºs 6 e 8 do artigo 117.º do Código do IRC, apenas estão dispensa-
das da apresentação da declaração Modelo 22:

a) As entidades isentas ao abrigo do artigo 9.º do Código do IRC, exceto quando 37


estejam sujeitas a uma qualquer tributação autónoma ou quando obtenham
rendimentos de capitais que não tenham sido objeto de retenção na fonte com
caráter definitivo;

b) As entidades não residentes sem estabelecimento estável em território por-


tuguês que apenas aufiram, neste território, rendimentos isentos ou sujeitos a
retenção na fonte a título definitivo;

c) As entidades que apenas aufiram rendimentos não sujeitos a IRC, exceto


quando estejam sujeitas a qualquer tributação autónoma.

A submissão é efetuada através do Portal das Finanças em:


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Pode ainda ser submetida via webservice.

2.3.2. Informação empresarial simplificada (IES)

A IES agrega num único ato o cumprimento das seguintes cinco obrigações legais,
Obrigações Declarativas
Fiscais NÃO Correntes

sendo uma das principais declarações anuais a submeter através do Portal das Fi-
nanças, porque a submissão de cada um dos anexos, que compõem a IES, que se
permite cumprir as obrigações explicadas de seguida.

A IES compreende diversas obrigações de natureza contabilística, fiscal e legal,


pelo que será tratada num ponto autónomo. Não obstante, faz-se de seguida refe-
IV.02

rência a alguns aspetos fiscais.

Em sede de IRS, dispõe o n.º 1 do artigo 113.º do Código do IRS, que os sujeitos pas-
sivos deste imposto devem entregar anualmente uma declaração de informação
contabilística e fiscal, relativa ao ano anterior, quando possuam ou sejam obrigados
a possuir contabilidade organizada ou quando estejam obrigados à apresentação
de qualquer dos anexos que dela fazem parte integrante (Anexo I).

38 Em sede de IRC, dispõe a alínea c) do n.º 1 do artigo 117.º e n.º 1 do artigo 121.º,
ambos do Código do IRC, que os sujeitos passivos deste imposto devem entregar
anualmente uma declaração de informação contabilística e fiscal, relativa ao ano
anterior, nos termos e com os anexos que para o efeito sejam mencionados no
respetivo modelo (anexo A, B, C).

Em sede de IVA, as alíneas d), e), f) e h), do n.º 1 do artigo 29.º do Código do IVA,
estabelecem a obrigatoriedade de envio de um conjunto de informação anual, re-
portada às operações ocorridas no ano anterior, relevantes para efeitos deste im-
posto, sem prejuízo de diversas situações de dispensa previstas no mesmo artigo
(Anexo L, M).

Em sede de Imposto do Selo, determina o n.º 1 do artigo 52.º do Código do IS, que
os sujeitos passivos desse imposto, ou os seus representantes legais, são obriga-
dos a enviar anualmente, por transmissão eletrónica de dados, declaração discrimi-
nativa do imposto do selo liquidado e do valor das operações e dos atos realizados
isentos deste imposto, segundo a verba aplicável da TGIS, sem prejuízo da dispen-
sa prevista no n.º 3 do artigo 52.º do Código do IS (Anexo Q ).
Ordem dos Contabilistas Certificados

A submissão é efetuada no Portal das Finanças em:

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Obrigações Declarativas
Fiscais NÃO Correntes
IV.02
Pode ainda ser submetida através de aplicação offline ou via webservice.

2.3.3. Declaração de donativos recebidos

A declaração de donativos recebidos, conforme o Modelo 25, deve ser entregue


pelas entidades beneficiárias de donativos recebidos, nos termos da alínea c) do
n.º 1 do artigo 66.º do Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF).

Apenas são incluídos os donativos relevantes fiscalmente, enquadrados no regime 39

fiscal do mecenato previsto no artigo 61.º e seguintes do EBF.

2.3.4. Declaração de Rendimentos e Retenção a Taxas Liberatórias

A declaração relativa a rendimentos e retenção a taxas liberatórias, conforme o


Modelo 39, é de entrega obrigatória pelas entidades devedoras e pelas entidades
que paguem ou coloquem à disposição dos respetivos titulares, pessoas singulares
residentes em território português e que não beneficiem de isenção.

Mais se detalha que há dispensa de retenção ou redução de taxa, rendimentos


a que se refere o artigo 71.º do Código do IRS – Taxas liberatórias- ou quaisquer
rendimentos sujeitos a retenção na fonte a título definitivo de montante superior
a €25,00.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

2.4. Pontos-chave

• Face à multiplicidade e diversidade de obrigações declarativas que requerem a


intervenção do Contabilista Certificado, é crucial implementar procedimentos de
controlo que permitam a deteção precoce de qualquer inconsistência ou discre-
pância entre registos contabilísticos e declarações fiscais.
Obrigações Declarativas
Fiscais NÃO Correntes

• Tem ganho relevância no trabalho do Contabilista Certificado a prestação de ser-


viços relativa ao preenchimento da Modelo 3 de IRS. O conhecimento dos regimes
de determinação do resultado tributável é essencial para garantir a possibilidade
de estimativa do imposto a pagar ou receber, antes de ser emitida a nota de liqui-
IV.02

dação ao sujeito passivo. Em particular, o Contabilista Certificado que assegura a


prestação destes serviços deve avaliar o impacto de regimes complexos, como
regime simplificado da categoria B, o regime de transparência fiscal, o regime dos
residentes não habituais e, em geral, as regras de tributação de rendimentos de
fonte estrangeira.

40

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

2.5. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Todas as declarações fiscais: o contabilista verificou que o ciclo


de preparação das declarações, desde a recolha da informação

Obrigações Declarativas
ao comprovativo do pagamento pelo Cliente (caso aplicável) foi

Fiscais NÃO Correntes


assegurado?

Todas as declarações fiscais: verificando-se alterações legislativas,


alterações aos procedimentos do Cliente, aos documentos de su-
porte às operações ou novas transações, foi feita a avaliação do
impacto dessas alterações?

IV.02
Todas as declarações fiscais: verificando-se transações não recor-
rentes ou variações significativas nas bases tributáveis e/ou im-
posto, foi questionada a sua natureza?

Todas as declarações fiscais: foram reconciliados os saldos conta-


bilísticos com o resultado das declarações fiscais?

Todas as declarações fiscais: há riscos fiscais decorrentes do in-


cumprimento de obrigações fiscais? Em caso afirmativo, foi ava-
liado o risco e/ou equacionado o reconhecimento de provisões
ou divulgações?
41
Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


[Página propositamente deixada em branco]
IV.03
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Dossier Fiscal

3.1. Enquadramento

Neste subcapítulo, é desenvolvido o tema do Dossier Fiscal. Nos termos do Códi-


go do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (Código do IRS) e do
Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (Código do IRC),
os respetivos sujeitos passivos estão obrigados a constituir e manter um processo
de documentação fiscal, relativo a cada exercício, que deve conter os elementos
definidos na Portaria n.º 92-A/2011, de 28 de fevereiro, alterada pela Portaria n.º
51/2018, de 16 de fevereiro.

O dossier fiscal é uma obrigação legal, que serve de auxílio e suporte ao diálogo
entre os sujeitos passivos e a Autoridade Tributária e Aduaneira. Na sua elaboração,
o Contabilista Certificado em conjunto com a gerência ou administração, deve ter
como objetivo o cumprimento dessa mesma obrigação, contribuindo para um tra-

Dossier
Fiscal
balho transparente e claro perante terceiros, nomeadamente perante a Autoridade 43
Tributária e Aduaneira. O processo de documentação Fiscal tem uma perspetiva

IV.03
abrangente.

Pretende-se transparente, ausente de dúvidas sobre o seu conteúdo e onde a cla-


reza das operações fique demonstrada.

A organização do processo de documentação fiscal apresenta, na prática, com-


plexidades e exigências nas mais variadas situações. A dimensão, a estrutura or-
ganizativa, ou as especificidades próprias de cada entidade devem interferir na
sua organização. Este volume, tendo em consideração a abrangência do tema em
causa, apoia nos procedimentos para organizar e preparar o processo de documen-
tação fiscal.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

3.2. Obrigação Legal

Nos termos do artigo 129.º do Código do Código do IRS e do artigo 130.º do Código
do Código do IRC, os respetivos sujeitos passivos estão obrigados a constituir e
manter um processo de documentação fiscal (dossier fiscal).

A obrigação legal de elaborar o dossier fiscal foi estabelecida pelo Decreto-Lei n.º
55/2000, de 14 de abril A Portaria n.º 359/2000, de 20 de junho regulamentou o
seu conteúdo. A entrada em vigor do SNC exigiu a adaptação da legislação fiscal,
sendo que as alterações introduzidas implicaram a revisão de modelos de impres-
sos e a necessidade de novos elementos que passam a integrar o processo de
documentação fiscal. A Portaria n.º 92-A/2011, de 28 de fevereiro, veio reformular
o conjunto de documentos que passaram a integrar o dossier fiscal e aprovar no-
vos mapas de modelo oficial. A Portaria n.º 51/2018, de 16 de fevereiro, introduziu
alterações à Portaria n.º 92-A/2011, de 28 de fevereiro.

Os elementos a constar do Dossier Fiscal de acordo com o anexo I da Portaria n.º


51/2018, de 16 de fevereiro, são os seguintes:
Dossier

1. Relatório de gestão, parecer do conselho fiscal e documento de certificação


Fiscal

44 legal de contas quando legalmente exigidos;


IV.03

2. Documentos, certificados e comunicações relativos a créditos cujo imposto


foi deduzido (artigo 78.º do CIVA);

3. Mapa, de modelo oficial, de provisões, perdas por imparidade em créditos e


ajustamentos em inventários;

4. Mapa, de modelo oficial, das mais-valias e menos-valias;

5. Mapa, de modelo oficial, das depreciações a amortizações;

6. Mapa, de modelo oficial, das depreciações dos bens reavaliados ao abrigo


de diploma legal;

7. Mapas, de modelo oficial, da reavaliação efetuada nos termos do Decreto-Lei


n.º 66/2016, de 3 de novembro;
Ordem dos Contabilistas Certificados

8. Mapas do apuramento do lucro tributável por regimes de tributação;

9. Mapa de controlo de prejuízos no Regime Especial de Tributação de Grupos


de Sociedades (artigo 71.º do Código do IRC);

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

10. Mapa de controlo da dedução de prejuízos fiscais (artigo 52.º do Código do IRC);

11. Mapa de reporte dos gastos de financiamento líquidos de períodos de tribu-


tação anteriores (artigos 67.º e 75.º-A do Código do IRC);

12. Outros documentos mencionados nos códigos, legislação complementar e


instruções administrativas que devam integrar o processo de documentação
fiscal, nomeadamente, nos termos:

12.1 Do Código do IRC:

• Artigo n.º 31.º - B - Perdas por imparidade em ativos não correntes

• Artigo n.º 49.º - Instrumentos financeiros derivados

• Artigo n.º 51.º - B - Prova dos requisitos de aplicação do regime de elimina-


ção da dupla tributação económica de lucros e reservas distribuídos

• Artigo n.º 63.º - Preços de transferência

Dossier
Fiscal
• Artigo n.º 64.º - Correções ao valor de transmissão de direitos reais sobre 45

bens imóveis

IV.03
• Artigo n.º 66.º - Imputação de lucros de sociedades não residentes sujeitas
a um regime fiscal privilegiado

• Artigo n.º 67.º - Limitação à dedutibilidade dos gastos de financiamento

• Artigo n.º 78.º - Obrigações Acessórias

• Artigo n.º 91.º-A - Crédito de imposto por dupla tributação económica inter-
nacional

12.2. Do Decreto-Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de setembro:

• Artigo 10.º do Decreto Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de setembro - De-


preciações de imóveis
Ordem dos Contabilistas Certificados

12.3. Das Portarias:

• Portarias n.ºs 208/2014, de 10 de outubro, substituída pela Portaria n.º 119-


B/2015, de 30 de abril, substituída pela Portaria n.º 286/2019, de 3 de se-

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

tembro – Declaração modelo 27 - contribuição extraordinária sobre o setor


energético;

• 275/2014, de 26 de dezembro - Transmissão dos benefícios fiscais - Direito


à dedução - Entrada de ativos - Cisões;

• 77-A/2015, de 16 de março - Declaração da contribuição extraordinária so-


bre a indústria farmacêutica - Modelo 28;

• 259/2016, de 4 de outubro - Regime Especial - Procedimentos - Regulamen-


tação - Ativos por impostos diferidos.

12.4. De legislação respeitante à atribuição de benefícios fiscais, nomeadamen-


te do Código Fiscal do Investimento (CFI):

• Artigo 25.º - Obrigações acessórias

• Artigo 33.º - Outras obrigações acessórias (Revogado pela Lei n.º 24-D/2022,
de 30 de dezembro)
Dossier
Fiscal

46 • Artigo 40.º - Obrigações acessórias


IV.03

• Há benefícios fiscais que exigem informação específica e prova da inexistên-


cia de dívidas perante o estado e segurança social.

12.5. Outros:

• Comprovativo do enquadramento da empresa como micro, pequena ou mé-


dia empresa, pela sua dimensão;

• DL 159/2009, de 13 de julho - Determinação Do Lucro Tributável - Normas


Internacionais de Contabilidade (NIC).

Para os sujeitos passivos de IRS, que tenham a obrigação de elaborar o “dossier fis-
cal”, devem incluir neste processo todos os elementos acima, exceto os seguintes,
por não serem aplicáveis:

• Relatório de Gestão;
Ordem dos Contabilistas Certificados

• Parecer do Conselho Fiscal;

• Certificação Legal das Contas (quando legalmente exigida);

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

• Mapa de controlo de prejuízos no Regime Especial de Tributação de Grupos


de Sociedades (art.º 71.º do Código do IRC).

Para além dos documentos referidos acima, podem também constar do Dossier
Fiscal os seguintes elementos, como conteúdo conveniente (recomendado):

• Declaração de rendimentos de IRC modelo 22, para os sujeitos passivos de IRC;

• Anexo C da declaração Modelo 3 de IRS, para os sujeitos passivos de IRS;

• IES - Informação Empresarial Simplificada;

• Outras declarações submetidas à Autoridade Tributária e Aduaneira;

• Certidões de inexistências de dívidas fiscais e contributivas;

• Demonstrações Financeiras (Balanço, Demonstração dos resultados, Demons-


tração das alterações do capital próprio, Demonstração dos fluxos de caixa e
anexo, conforme exigências do normativo contabilístico adotado);

Dossier
Fiscal
• Atas de aprovação das contas; 47

IV.03
• Balancete antes e após o apuramento dos resultados;

• Comprovativos de retenção na fonte de IRC e IRS (declarações de retenção


na fonte);

• Cópia dos comprovativos dos pagamentos por conta.

Para além desta informação, e de acordo com o disposto no art.º 63.º do Código
do IRC, e uma vez que os sujeitos passivos devem manter organizada, nos termos
estatuídos para o processo de documentação fiscal, a documentação respeitante
à política adotada em matéria de preços de transferência, este dossier poderá ser
preparado como sendo uma parte integrante do “dossier fiscal”, que será tratado
de forma autónoma dentro deste volume.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

3.3. Responsabilidade pela Organização

Em face das normas fiscais aplicáveis, a organização e manutenção do “dossier


fiscal” é da responsabilidade dos sujeitos passivos, pois é a eles que, a AT, pede
diretamente responsabilidade pela sua boa organização.

A organização e a preparação do “dossier fiscal” cabem nas funções dos Con-


tabilista Certificado, tendo presente a forma como as mesmas vêm previstas no
art.º 10.º n.º 1 e n.º 2 do EOCC. Todavia, será sobre o Contabilista Certificado que
efetivamente recai a responsabilidade pela boa organização do dossier fiscal pe-
rante os seus clientes.
Dossier
Fiscal

48
IV.03

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

3.4. Conteúdo Mínimo Previsto

O conteúdo mínimo previsto de um “dossier fiscal” foi estabelecido pela Portaria


n.º 92-A/2011, posteriormente alterado pela Portaria n.º 51/2018.

Existem dois tipos de elementos integrantes do “dossier fiscal”:

• Elementos que os sujeitos passivos devem preparar por imposição de ordem


legal;

• Elementos cuja necessidade de elaboração decorre de normas exteriores à


fiscalidade.

É importante destacar que o dossier fiscal apresenta informações de carácter re-


servado de cada empresa e por isso o seu conteúdo não deve ser tornado público,
estando sujeito ao regime do sigilo fiscal. Deve obedecer às regras do Regula-
mento Geral de Proteção de Dados tema abordado neste Guia de Boas Práticas
Profissionais.

Dossier
Fiscal
49

IV.03
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

3.5. Procedimentos de controlo interno de constituição do


dossier fiscal

As tabelas seguintes sintetizam a elaboração do dossier fiscal, na primeira tabela


são identificados os documentos que obrigatoriamente devem fazer parte do dos-
sier, quer sejam da responsabilidade do órgão de gestão, quer sejam responsabili-
dade do Contabilista Certificado.

Verificação de controlo interno de constituição do dossier fiscal


Obrigatórios
Da responsabilidade do órgão de gestão:
IRC IRS
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)
Relatório de gestão, parecer do conselho fiscal e documento de certificação
X -
legal de contas, quando legalmente exigidos
Documentos, certificados e comunicações relativos a créditos cujo imposto
X X
foi deduzido (artigo 78.º do CIVA)
Da responsabilidade do Contabilista Certificado: IRC IRS
Mapa, de modelo oficial, de provisões, perdas por imparidade em créditos e
X X
ajustamentos em inventários
Dossier
Fiscal

50 Mapa, de modelo oficial, das mais-valias e menos-valias X X


IV.03

Mapa, de modelo oficial, das depreciações e amortizações X X


Mapas, de modelo oficial, das depreciações de bens reavaliados ao abrigo
X X
de diploma legal
Mapas, de modelo oficial, da reavaliação efetuada nos termos do Decreto-
X X
-Lei n.º 66/2016, de 3 de novembro
Mapa do apuramento do lucro tributável por regimes de tributação X X
Mapa de controlo de prejuízos no Regime Especial de Tributação de Grupos
X X
de Sociedades (artigo 71.º do CIRC)
Mapa de controlo da dedução de prejuízos fiscais (artigo 52.º do CIRC) X X
Mapa de reporte dos gastos de financiamento líquidos de períodos de tribu-
X X
tação anteriores (artigos 67.º e 75.º-A do CIRC)
Artigo 10.º do Decreto Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de setembro - De-
X X
preciações de imóveis
Portaria n.º 208/2014, de 10 de outubro, substituída pela Portaria n.º 119-B/2015,
de 30 de abril, substituída pela Portaria n.º 286/2019, de 3 de setembro – Decla- X -
ração modelo 27 - contribuição extraordinária sobre o setor energética
Ordem dos Contabilistas Certificados

Portaria n.º 275/2014, de 26 de dezembro - Transmissão dos benefícios fis-


X -
cais - Direito à dedução - Entrada de ativos - Cisões
Portaria n.º 77-A/2015, de 16 de março - Declaração da contribuição extraor-
X -
dinária sobre a indústria farmacêutica - Modelo 28

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Da responsabilidade do Contabilista Certificado: [continuação] IRC IRS


Portaria n.º 259/2016, de 4 de outubro - Regime Especial - Procedimentos -
X -
Regulamentação - Ativos por impostos diferidos
Artigo 25.º do CFI - Obrigações acessórias X -
Artigo 33.º do CFI - Outras obrigações acessórias (Revogado pela Lei n.º 24-
X -
D/2022, de 30 de dezembro)
Artigo 40.º do CFI - Obrigações acessórias X -
Há benefícios fiscais que exigem informação específica e prova da inexistên-
X X
cia de dívidas perante o estado e segurança social.
Comprovativo do enquadramento da empresa como micro, pequena ou mé-
X X
dia empresa, pela sua dimensão.
DL 159/2009, de 13 de julho - Determinação Do Lucro Tributável - Normas
X -
Internacionais de Contabilidade (NIC)

Na segunda tabela deste ponto são sintetizados outros documentos que podem
fazer parte do dossier opcionalmente, como conteúdo recomendado, quer eles
sejam responsabilidade do órgão de gestão quer seja responsabilidade do Conta-
bilista Certificado. Outros documentos que se considerem relevantes poderão ser
adicionados.

Dossier
Fiscal
51

Verificação de controlo interno de constituição do dossier fiscal

IV.03
Opcionais
Da responsabilidade do órgão de gestão:
IRC IRS
(mas que podem ser recomendados pelo Contabilista Certificado)
Atas de aprovação da conta X -
Outras deliberações relevantes tomadas em assembleia geral X -
Da responsabilidade do Contabilista Certificado: IRC IRS
Declaração de rendimentos de IRC modelo 22 X -
Anexo C da declaração Modelo 3 de IRS - X
IES - Informação Empresarial Simplificada X X
Outras declarações submetidas à Autoridade Tributária e Aduaneira X X
Certidões de inexistências de dívidas fiscais e contributivas X X
Demonstrações Financeiras, conforme exigências do normativo contabilís-
X X
tico adotado
Balancete antes e após o apuramento dos resultados X X
Ordem dos Contabilistas Certificados

Comprovativos de retenção na fonte de IRC X -


Comprovativos de retenção na fonte de IRS - X
Cópia dos comprovativos dos pagamentos por conta. X X

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

3.6. Pontos-chave

• O dossier fiscal é um conjunto de elementos que, para além da sua organização


obrigatória, permite manter em arquivo informação essencial para controlo inspe-
tivo. A sua organização completa e atempada permite ao Contabilista Certificado
concluir o ciclo anual de trabalho e fornecer a base de informação para as inspe-
ções tributárias.

• A organização do dossier fiscal implica um trabalho conjunto com o Cliente,


cabendo ao Contabilista Certificado efetuar atempadamente as recomendações
que garantam a integral compilação de todos os elementos que devem constar
do dossier.
Dossier
Fiscal

52
IV.03

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

3.7. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

A organização do dossier fiscal foi completada no termo legal ou


permanece por concluir até que ocorra o seu pedido por parte
da Autoridade Tributária (caso a sua entrega não seja legalmente
exigível)?

O conteúdo do dossier fiscal omite informação relevante, limitan-


do-se a conter elementos parciais?

É expectável que o conteúdo do dossier fiscal satisfaça razoavel-


mente os requisitos mínimos de um pedido de esclarecimentos da
Autoridade Tributária, nomeadamente para fins inspetivos?

Está assegurada a disponibilidade de informação que, pela sua


relevância, deve ser mantida reservada, nomeadamente contratos
ou outra informação confidencial?

O acesso ao dossier fiscal pode comprometer as regras de pro-


teção de dados? Se sim, o acesso à informação nele contida é
restrito e controlado?

Dossier
Observações

Fiscal
53

IV.03
Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


[Página propositamente deixada em branco]
IV.04
Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

Dossier de Preços de Transferência

4.1. Introdução

O Regime dos Preços de Transferência é suportado, em sede de IRC, pelo n.º 1 do


artigo 63.º que prevê como princípio que:

“nas operações comerciais, incluindo, designadamente, operações ou


séries de operações sobre bens, direitos ou serviços, bem como nas ope-
rações financeiras, efetuadas entre um sujeito passivo e qualquer outra
entidade, sujeita ou não a IRC, com a qual esteja em situação de relações
especiais, devem ser contratados, aceites e praticados termos ou condi-
ções substancialmente idênticos aos que normalmente seriam contrata-
dos, aceites e praticados entre entidades independentes em operações
comparáveis.”
55

Mas a realização destas operações entre entidades implica estarem em situação de


relação especial, conforme o previsto numa das alíneas a) até h) do n.º 4 e ainda n.º
9 e n.º 10 do artigo 63.º do Código do IRC:

“considera-se que existem relações especiais entre duas entidades nas


situações em que uma tem o poder de exercer, direta ou indiretamente,

Dossier de Preços
de Transferência
uma influência significativa nas decisões de gestão da outra, o que se
considera verificado.”

Em conclusão, a realização de operações entre entidades que estejam em situa-

IV.04
ções de relações especiais, caso não sejam cumpridas as condições normais de
mercado, pode potenciar planeamento fiscal que visa a diminuição dos tributos ou
alisamento de resultados. Por estes motivos, em sede de IRC, o n.º 3 do artigo 63.º
prevê vários métodos de aplicação do Regime dos Preços de Transferência que se
encontram regulado pela Portaria n.º 268/2021, de 26 de novembro:
Ordem dos Contabilistas Certificados

“a) O método do preço comparável de mercado, o método do preço de


revenda minorado ou o método do custo majorado;

b) O método do fracionamento do lucro, o método da margem líquida da

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

operação ou outro, quando os métodos referidos na alínea anterior não


possam ser aplicados ou, podendo sê-lo, não permitam obter a medida
mais fiável dos termos e condições que entidades independentes normal-
mente acordariam, aceitariam ou praticariam.”

Todavia, o Contabilista Certificado sempre que verificar que as regras enunciadas


no n.º 1 do artigo 63.º do Código do IRC não sejam observadas, relativamente a
operações com entidades não residentes, pode efetuar:

“as necessárias correções positivas na determinação do lucro tributável,


pelo montante correspondente aos efeitos fiscais imputáveis a essa inob-
servância.”

56
Dossier de Preços
de Transferência
IV.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

4.2. Referências normativas

A Portaria n.º 268/2021, de 26 de novembro, procedeu à revisão da regulamentação


do regime de preços de transferência, tendo em conta as alterações preconizadas
na legislação interna e nos desenvolvimentos internacionais, designadamente os
verificados ao nível da OCDE e do Fórum Conjunto sobre Preços de Transferência
da União Europeia, revogando a Portaria n.º 1446-C/2001 que já contava com cerca
de 20 anos e acusava alguma falta de atualidade.

O preâmbulo da Portaria refere que:

“(…) Esta revisão, por um lado, acompanha as alterações já introduzidas


no artigo 63.º do Código do IRC, no que diz respeito, nomeadamente,
ao âmbito de aplicação do princípio de plena concorrência e à adoção
do método mais apropriado na determinação dos preços de transferên-
cia, e, por outro lado, acolhe os desenvolvimentos resultantes dos tra-
balhos da OCDE neste domínio, com particular ênfase nas regras gerais
de aplicação do princípio de plena de concorrência, designadamente na
delineação das operações vinculadas e na abrangência do conceito de
termos e condições; na análise de comparabilidade, enunciando as prin- 57
cipais ações na identificação de comparáveis para efeitos de avaliação
da conformidade dos preços de transferência praticados com o referido
princípio; na seleção e aplicação dos métodos para determinação dos
preços de transferência; e na previsão de regras especificamente dirigi-
das para algumas operações.(…)”

Dossier de Preços
Ainda de acordo com o legislador, o Regime dos Preços de Transferência, tem

de Transferência
como paradigma:

“o princípio de plena concorrência, em torno do qual se foi firmando um

IV.04
amplo consenso internacional por se entender que a sua adoção permite
não só estabelecer uma paridade no tratamento fiscal entre as empresas
integradas em grupos internacionais e empresas independentes como
neutralizar certas práticas de evasão fiscal e assegurar a consequente
proteção da base tributável interna.”
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

4.3. Obrigações declarativas

Com o objetivo de controlar as situações decorrentes do regime dos Preços de


Transferência, o legislador impõe ao contribuinte o cumprimento de determinadas
obrigações declarativas, nomeadamente:

• Declaração Anual de Informação Contabilística e Fiscal – Anexos H, conforme o


n.º 7 do artigo 63.º do Código do IRC e artigo 113.º do Código do IRS;

• Declaração de Rendimentos de IRC Modelo 22 – Quadro 07 Campo 744 - Cor-


reções relativas a preços de transferência, se aplicável o n.º 8 do artigo 63º do
Código do IRC;

• Comunicação da Identificação da Entidade Declarante – Modelo 54, conforme


o artigo 121.º-A do Código do IRC.

Declaração Financeira e Fiscal por País – Modelo 55 de IRC, conforme o artigo 121.º-
A do Código do IRC. A respeito da obrigação relativa à Declaração Financeira e
Fiscal por País, importa ainda ter em conta que a Diretiva (UE) n.º 2021/2101, a
transpor para o direito interno, determina a obrigação de inclusão na certifica-
58 ção legal de contas das entidades obrigadas da confirmação da divulgação dessa
declaração (country by country report). Neste âmbito, o trabalho do Contabilista
Certifificado será objeto de um escrutínio adicional, pois terá de preparar a infor-
mação financeira necessária ao preenchimento dessa declaração. Uma vez que a
certificação legal de contas não pode ser emitida sem referência à preparação, ou
não, da declaração, o Contabilista terá de assegurar o seu contributo na prepara-
ção da informação relevante.
Dossier de Preços
de Transferência
IV.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

4.4. Obrigações documentais

Dada a necessidade de demonstrar que os preços e as condições praticadas nas


operações com entidades relacionadas não se afastam dos preços e as condições
de mercado, é necessário cumprir:

• Processo de documentação fiscal, conforme o n.º 6 do artigo 63.º do Código do


IRC:

“Para efeitos de justificar que os termos e condições das operações efe-


tuadas entre entidades com relações especiais são estabelecidos com
observância do princípio enunciado no n.º 1, os sujeitos passivos devem
manter organizada, nos termos estatuídos para o processo de documen-
tação fiscal a que se refere o artigo 130.º, a documentação respeitante à
política adotada em matéria de preços de transferência.”

• De acordo com o disposto no n.º 7 do artigo 63.º do Código do IRC, “os sujeitos
passivos devem indicar, na declaração anual de informação contabilística e fiscal a
que se refere o artigo 121.º, a existência ou inexistência, no período de tributação a
que aquela respeita, de operações com entidades com as quais está em situação 59
de relações especiais, devendo ainda, no caso de declarar a sua existência, desig-
nadamente:

a) Identificar as entidades em causa;

b) Identificar e declarar o montante e a tipologia das operações realizadas com


cada uma;

Dossier de Preços
de Transferência
c) Identificar as metodologias de determinação dos preços de transferência
utilizadas e as alterações ocorridas às metodologias adotadas;

IV.04
d) Indicar o valor das correções efetuadas na determinação do lucro tributável
pela não observância do princípio da plena concorrência na fixação dos termos
e condições das operações;

e) Declarar se organizou, ao tempo em que as operações tiveram lugar, e man-


tém, a documentação relativa aos preços de transferência praticados.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Arquivo permanente baseado numa dupla estrutura, conforme o artigo 17.º da Por-
taria n.º 268/2021, de 26 de novembro, que faz parte integrante do processo de
documentação fiscal previsto no artigo 130.º do Código do IRC (dossier fiscal).

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

“preparação e manutenção de um Dossier Principal (Master File) e um


Dossier Específico (Local File), na esteira das recomendações internacio-
nais, quer a um aumento dos limites que dispensam a organização do
processo de documentação, que passam a atender a uma dualidade de
critérios, aferidos em função do montante anual de rendimentos e do
montante das operações vinculadas do sujeito passivo” (Preâmbulo da
Portaria n.º 268/2021, de 26 de novembro)

O primeiro deverá conter informação relativa ao grupo e o segundo focar-se-á es-


sencialmente na atividade do sujeito passivo.

Estabelece-se, de forma expressa, que a obrigação de elaboração do dossier de


preços de transferência só se considera cumprida quando o processo de docu-
mentação apresentado contenha todos os elementos relevantes respeitantes às
operações vinculadas em que o sujeito passivo tenha estado envolvido.

E, ainda, os seguintes elementos informativos a incluir no processo de documenta-


ção, conforme a Portaria n.º 268/2021, de 26 de novembro:
60
“Anexo I – conforme os requisitos do n.º 8 do artigo 17.º
Anexo II – conforme os requisitos do n.º 11 do artigo 17.º
Anexo III – conforme os requisitos do n.º 2 do artigo 18.º
Anexo IV – conforme os requisitos do n.º 3 do artigo 18.º”

Por último, nos termos do n.º 3 e n.º 5 do artigo 17.º da Portaria n.º 268/2021, de 26
Dossier de Preços

de novembro, a elaboração deste relatório pode ser dispensada.


de Transferência

Ficam dispensados desta obrigação de elaboração do dossiê os sujeitos passivos


que, no período a que respeita a obrigação, tenham atingido um montante total
anual de rendimentos inferior a 10.000.000 euros (a anterior regulamentação pre-
IV.04

via o limite de 3.000.000 euros e tinha como referência o exercício anterior).

Ainda que ultrapassado este novo limite, a referida dispensa aplicar-se-á para as
operações vinculadas cujo valor no período não tenha excedido, por contraparte,
100.000 euros e, na sua globalidade, 500.000 euros, considerando o respetivo va-
lor de mercado.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Porém, as dispensas referidas nos parágrafos anteriores não compreendem as ope-


rações vinculadas realizadas com entidades residentes fora do território português
e aí submetidas a um regime fiscal claramente mais favorável e também não im-

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

pedem a obrigação de comprovação, sempre que o sujeito passivo seja notificado


para esse efeito, de que os termos e condições praticados nas operações vincula-
das cumprem o princípio de plena concorrência.

Dossier simplificado para os sujeitos passivos que sejam qualificados como peque-
na ou média empresa, no âmbito do artigo 19.º da Portaria n.º 268/2021, de 26 de
novembro.

Os sujeitos passivos que não beneficiem de nenhuma destas dispensas, mas que se
qualifiquem como pequenas ou médias empresas (PME) e não sejam acompanha-
dos pela Unidade dos Grandes Contribuintes (UGC), devem dispor, em alternativa,
de um dossiê simplificado de documentação relativa à política adotada em matéria
de preços de transferência. A possibilidade de elaboração deste dossiê simplifica-
do também não obsta à obrigação de fornecer à Autoridade Tributária e Aduaneira,
sempre que o sujeito passivo seja notificado para tal, toda a informação relevante
tendo em vista a comprovação de que os termos e condições praticados nas ope-
rações vinculadas estão conformes ao princípio de plena concorrência.

61

Dossier de Preços
de Transferência
IV.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

4.5. Penalidades por incumprimento do regime dos pre-


ços de transferência

A falta de apresentação da documentação respeitante à política adotada em maté-


ria do regime dos preços de transferência, bem como a falta de apresentação, no
prazo legalmente previsto, da declaração de comunicação da identificação da en-
tidade declarante ou da declaração financeira e fiscal por país relativa às entidades
de um grupo multinacional é punível com coima prevista no n.º 6 do artigo 117.º do
Regime Geral das Infrações Tributárias.

62
Dossier de Preços
de Transferência
IV.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

4.6. Papel do Contabilista Certificado

No que respeita ao Regime dos Preços de Transferência e às tarefas necessárias


para determinar e avaliar as operações realizadas com entidades relacionadas à
luz do princípio de plena concorrência, o Contabilista Certificado, ao agregar co-
nhecimentos técnicos, conceptuais e normativos, é certamente o profissional mais
qualificado para o efeito. Esta preocupação deverá ser considerada mesmo em
situações dispensadas de elaboração dossier, mas cujas relações são consideradas
especiais.

No âmbito das suas funções, o Contabilista Certificado deve obter juntos dos clien-
tes informações sobre as entidades relacionadas, operações que com estas são
efetuadas, deve colocar a questão dos Preços de Transferência na agenda e nas
preocupações da administração da empresa e promover, se aplicável, a elaboração
do respetivo relatório.

Contudo, dado o volume e o conteúdo da informação a analisar, consideramos que


este exercício deve ser desenvolvido por uma equipa pluridisciplinar, com compe-
tência e aptidão para o efeito. Assim, são vários os departamentos da entidade que
possuem informações relevantes para o processo de Regime de Preços de Transfe-
rência, pelo que se deve considerar todas as fontes de informação disponíveis e a 63

capacidade técnica dos demais profissionais envolvidos.

Nesta perspetiva, o Contabilista Certificado deve auxiliar os seus clientes na liga-


ção com os demais intervenientes, facilitando o conhecimento das atividades de
cada departamento, moderar o processo de obtenção, analisar a construção da in-
formação e contribuir, numa perspetiva rigorosa e neutral, para a leitura adequada

Dossier de Preços
dos dados obtidos.

de Transferência
O Regime dos Preços de Transferência, sobretudo o diálogo que desencadeia o
seu processo de análise, funcionam como um instrumento que permite avaliar os
fluxos entre as várias empresas do grupo, transformando-se neste sentido numa

IV.04
verdadeira medida de desempenho. Importa salientar que este tipo de análise,
independentemente das obrigações que decorrem da lei, é um fator crítico para a
gestão, na medida em que compara desempenhos, analisa funções e posiciona a
entidade no seio do grupo.

Ainda de notar que, apesar de a preparação do dossier do regime dos preços de


Ordem dos Contabilistas Certificados

transferência, não ser da responsabilidade direta do Contabilista Certificado, mas


da administração/gerência da entidade, compete-lhe a validação dos elementos
que constam nas declarações que resultam do cumprimento das normas legais/
fiscais aplicáveis, designadamente na declaração periódica de rendimentos, de-

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

claração anual de informação contabilística e fiscal e na declaração de informação


financeira e fiscal de grupos multinacionais.

Face à responsabilidade que decorre das suas funções, bem como dos aspetos que
podem resultar da realização, sendo o caso, de eventuais ajustamentos no apura-
mento do resultado, é essencial que a organização, designadamente a gestão de
topo, perceba e compreenda a problemática associada ao regime dos preços de
transferência.

A necessidade de precaver possíveis ajustamentos, caso não se encontre cumprido


o princípio da plena concorrência, pode ser determinante para definir os preços e
as condições de determinada operação vinculada e alterar os pressupostos defi-
nidos previamente por outros departamentos da empresa. Assim, no que toca ao
estabelecimento das condições e preços a praticar em operações vinculadas, esta
reflexão deve acontecer antes da ocorrência das transações e contar com a parti-
cipação ativa do Contabilista Certificado.

Em conclusão, a obtenção e o tratamento da informação necessária ao correto en-


quadramento da questão, tem de ser devidamente planeada e sistematizada, reali-
zada por profissionais qualificados e devidamente suportada pela gestão de topo.
64 Ao Contabilista cabe avaliar se há lugar a ajustamentos fiscais a efetuar para efeitos
de apuramento do lucro tributável, pelo que deve solicitar, e obter, toda a informa-
ção necessária quer ao cumprimento das meras obrigações declarativas (modelos
54 ou 55, conforme aplicável) que à avaliação de eventuais ajustamentos fiscais
para efeitos de apuramento do lucro tributável.

A informação relativa a transações com partes relacionadas constante do anexo


Dossier de Preços

deve ser consistente com a reportada no dossier de preços de transferência e nas


de Transferência

referidas obrigações declarativas.


IV.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

4.7. Pontos-chave

• O Contabilista Certificado pode, ou não, ser chamado a intervir na preparação


do dossier de preços de transferência, quando aplicável. Contudo, o facto de não
intervir ou apenas colaborar na sua preparação não o dispensa de ter em conta a
observância do princípio de plena concorrência na preparação de demonstrações
financeiras e declarações fiscais, já que este é um critério fiscal de correção de
preços em que a lei, em determinadas circunstâncias, obriga ao seu cumprimento.
Quando não seja o preparador desta obrigação, deve auxiliar os seus clientes na
ligação com os demais intervenientes, facilitando o conhecimento das atividades
de cada departamento, moderando o processo de obtenção da informação e con-
tribuir para a prestação dos esclarecimentos necessários.

• A intervenção do Contabilista Certificado pode implicar o cumprimento de diver-


sas obrigações declarativas, relativas a transações e/ou relações entre entidades.
Para o efeito, é importante que o Contabilista conheça não só essas relações como
seja capaz de identificar as transações com relevância declarativa.

65

Dossier de Preços
de Transferência
IV.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


Guia de Procedimentos do Contabilista Certificado

4.8. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Independentemente de o Contabilista intervir na preparação da do-


cumentação de preços de transferência, ou de se verificar a sua dis-
pensa, o Contabilista conhece suficientemente o negócio do Clien-
te para poder identificar a relevância dos preços de transferência?

Havendo conhecimento do negócio e das operações entre partes


relacionadas, é possível identificar riscos nesta matéria a partir
do relatório? A existência de documentação organizada e de um
relatório não significa a ausência de riscos nesta matéria.

O facto de não ser aplicável a obrigação de organização da docu-


mentação de preços de transferência, não significa a ausência de
riscos nesta matéria. Havendo operações relevantes, o Contabi-
lista questionou o Cliente, como requisito mínimo, a metodologia
de preço adotada?

Ocorrendo alterações relevantes da atividade ou do modelo de


negócio com origem em operações entre partes relacionadas, e
independentemente da obrigação de organização da documenta-
ção de preços de transferência, o Contabilista questionou o Clien-
66 te sobre a metodologia de preço adotada?

Observações
Dossier de Preços
de Transferência

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


IV.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IV. Competências exclusivas - Declarações fiscais


[Página propositamente deixada em branco]
[Página propositamente deixada em branco]
Guia de Boas Práticas Profissionais

V
Prestação
de Contas

2023
Guia de Boas Práticas Profissionais

FICHA TÉCNICA

GUIA DE BOAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS

Volume V: Prestação de Contas

Autoria da Ordem dos Contabilistas Certificados com a colaboração de vários autores

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2023


Ordem dos Contabilistas Certificados

Não é permitida a utilização desta Coleção, para qualquer outro fim que não o
indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certifi-
cados, entidade que detém os direitos de autor.

Volume V. Prestação de Contas


Índice
Apresentação 5
Introdução 9

V.01 Processo de prestação de contas 11


1.1. Enquadramento 11
1.2. Documentos que compõem a prestação de contas 13
1.3. Procedimentos do contabilista certificado no âmbito da prestação de contas 15
1.4. Pontos-chave 16
1.5. Autoavaliação 17

V.02 Relato Financeiro 19


2.1. Enquadramento 19
2.2. Procedimentos do Contabilista Certificado no âmbito do relato financeiro 20
2.3. Pontos-chave 21
2.4. Autoavaliação 22
3
V.03 Relatório de Gestão 23
3.1. Enquadramento 23
3.2. Procedimentos do contabilista certificado 25
3.3. Pontos-chave 26
3.4. Autoavaliação 27

V.04 Relatório sobre a estrutura e as práticas de governo societário 29


4.1. Enquadramento 29
4.2. Pontos-chave 30
4.3. Autoavaliação 31

V.05 Relato não financeiro 33


5.1. Enquadramento 33
5.2. Relatório não financeiro e evolução para relato de sustentabilidade 36
5.3. Procedimentos do Contabilista Certificado neste âmbito 40
5.4. Pontos-chave 41
5.5. Autoavaliação 42

V.06 Relato Integrado 43


Ordem dos Contabilistas Certificados

6.1. Enquadramento 43
6.2. Pontos-chave 44
6.3. Autoavaliação 45

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

V.07 Certificação legal de contas e Parecer do órgão de fiscalização 47


7.1. Enquadramento 47
7.2. Procedimentos do Contabilista Certificado 49
7.3. Pontos-chave 50
7.4. Autoavaliação 51

V.08 Divulgação a terceiros 53


8.1. Enquadramento 53
8.2. Divulgação ao Instituto dos Registos e do Notariado, à Autoridade Tributária e 54
Aduaneira, ao Instituto Nacional de Estatística, ao Banco de Portugal e à Direção Geral
das Atividades Económicas
8.2.1. Obrigações relacionadas com a IES 54
8.2.2. Procedimentos do Contabilista Certificado no registo de prestação de contas 58
através da IES
8.3. Divulgação à Autoridade Tributária e Aduaneira 61
8.4. Divulgação à Inspeção-Geral de Finanças - Autoridade de Auditoria (IGF) 62
8.5. Divulgação ao Tribunal de Contas 63
8.6. Divulgação à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários 64
8.7. Divulgação ao Gabinete de Estratégia e Planeamento 65
8.7.1. Relatório único 65
8.8. Divulgação à Segurança Social 66
4 8.9. Pontos-chave 67
8.10. Autoavaliação 68

V.09 Entidades do setor não lucrativo 69


9.1. Enquadramento em IRC 69
9.2. Obrigações declarativas de IRC 70
9.3. Enquadramento e obrigações em IVA 72
9.4. Enquadramento e obrigações em Imposto do Selo 73
9.5. Prestação de contas 74
9.6. Pontos-chave 75
9.7. Autoavaliação 76

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Apresentação
O sucesso nasce do querer, do trabalho persistente, do empenho constante, da
união, do espírito de equipa, da motivação altruísta e alegria para se alcançar o
objetivo traçado. Por mais ambiciosos que sejam os objetivos, com a atitude cor-
reta, conseguimos alcançar os nossos sonhos. É este o mote de mais um grande
projeto da Ordem dos Contabilistas Certificados, diria mesmo, o grande projeto da
Ordem para a reformulação, reorganização e reconstrução das bases necessárias
para mais uma elevação da profissão de Contabilista Certificado.

Hoje, temos uma Ordem presente na vida dos seus membros, disponível para os
apoiar profissional, técnica, pessoal e socialmente. Uma Ordem transparente, ri-
gorosa e financeiramente saudável. Uma Ordem com a maior notoriedade social e
política. Uma Ordem que regula uma profissão de interesse público, valorizando-a
e apoiando os membros no cumprimento dos seus deveres e obrigações profissio-
nais. Uma Ordem que reforçou o quadro normativo para o exercício da profissão.
5
Os profissionais são hoje, inegavelmente, os agentes económicos mais capacita-
dos e que melhor apoiam e mais valor acrescentam ao tecido empresarial. Somos
profissionais de interesse público numa sociedade civil cada vez mais exigente em
termos sociais, ambientais e de governance. Somos vistos pela sociedade civil,
tecido empresarial e poder político, como os mais confiáveis, tecnicamente co-
nhecedores e qualificados profissionais nas áreas económica e financeira. Somos
os agentes que permanentemente acrescentam valor aos seus clientes e que mais
rapidamente encontram soluções para os problemas e questões dos contribuintes.
Somos agentes de interesse e fé pública, sinónimo de transparência e credibilida-
de, o nosso valor é incomensurável.

Hoje, não somos meros homens e mulheres de contas, mas homens e mulheres
integrados na dinâmica de uma sociedade em constante mudança. Somos uma
profissão de interesse público, e isso significa que, no exercício das nossas funções,
o trabalho que produzimos influencia toda a sociedade nos seus mais variados inte-
resses, isto é, financeiros, ambientais, sociais, de boa gestão, familiares e lúdicos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Devemos exaltar a nossa profissão, devemos orgulhar-nos do que representamos


para o tecido empresarial e a sociedade, devemos valorizar a nossa carteira profis-
sional, os nossos conhecimentos, qualificações e valor acrescentado.

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Paralelamente, temos de nos preocupar cada vez mais com as consequências que o
nosso trabalho tem nos mais diferentes níveis, perspetivas e setores da sociedade.
Temos e devemos querer ter ainda mais responsabilidade ambiental, social e de
boa gestão.

Reinventámos a nossa profissão. Reorganizámo-nos. Reforçámos o nosso interes-


se público. Triplicámos a nossa reputação. Reposicionámo-nos e hoje, melhor que
nunca, podemos olhar em frente conscientes e motivados que, por maior que seja
o desafio, temos as ferramentas e conhecimentos necessários para os ultrapassar.

À Ordem, cumpre acompanhar os seus membros, percebendo, com perspicácia,


imparcialidade e isenção técnica, emocional e política, qual a melhor orientação
para a profissão. Como entidade que regula a profissão, cumpre à Ordem defender
os seus membros e o valor do trabalho que estes produzem com base no interesse
público da profissão, deixando de lado quaisquer outros interesses.

Cientes do atual cenário profissional e dos desafios que temos pela frente, lança-
mos o projeto Guia de Boas Práticas Profissionais, uma verdadeira revolução para
a nossa profissão, uma ferramenta que pretende dotar todos os contabilistas cer-
tificados dos conhecimentos, conselhos e dicas, que permitam aos profissionais
6 crescer para novos patamares de excelência.

Este guia fornece orientação prática para os contabilistas certificados por forma
a que estes consigam melhor gerir as suas práticas profissionais e os seus negó-
cios, para terem melhores condições de vida pessoal e profissional e operarem de
forma mais lucrativa, feliz, competitiva, ética, sustentável e valorizada. Elaborado
com uma forte componente prática, este guia apresenta casos para ilustrar noções,
listas e exercícios de autoavaliação, tabelas, conceitos e orientações para as boas
práticas profissionais sendo uns legalmente obrigatórios e outros facultativos, que
tendem à valorização do profissional, da sua prática e do seu negócio.

Seguindo este guia, os contabilistas certificados podem melhor construir um am-


biente propício à prestação de serviços de alta qualidade e assim reforçamos nova-
mente junto de toda a sociedade o nosso valor e interesse público.

Destinando-se a todos os profissionais, independentemente da idade, qualifica-


ções ou modelo em que exercem a profissão, o Guia deve ser lido, estudado, im-
plementado e consultado diariamente, sempre tendo em vista o aperfeiçoamento
Ordem dos Contabilistas Certificados

contínuo do profissional e das boas práticas profissionais.

O Guia cobre uma gama diversificada de tópicos, tanto estratégicos como ope-
racionais, com maior detalhe nas matérias que, nesta primeira edição, entende-

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

mos ser mais relevantes para a profissão e os seus membros. Organizado em dez
volumes, o Guia foi projetado para ser o mais independente possível entre cada
volume, permitindo a sua utilização individual sempre sem afastar a interligação e
relação global de toda a coleção.

Assim, o Guia apresenta a seguinte estrutura: I. Relação do Contabilista com a Ordem


e com os Colegas; II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente; III.
Relato Financeiro; IV. Competências Exclusivas - Declarações Fiscais; V. Prestação de
Contas; VI. Outras Competências; VII. Gestão de Riscos; VIII. Controlo sobre a Ativida-
de; IX. Gestão de Recursos Humanos; X. Gestão Estratégica e Orçamental.

No volume I, dá-se articular atenção às funções do Contabilista Certificado, ao se-


guro de responsabilidade civil profissional, formação profissional contínua, respon-
sabilidade disciplinar e ao relacionamento entre colegas. No volume II, olhamos
detalhadamente para a política de comunicação e publicidade, modos de exer-
cício da atividade, processo de estimativa da avença/honorários, justo impedi-
mento e relacionamento com os vários intervenientes na relação profissional dos
contabilistas certificados. No volume III, entramos na determinação do normativo
contabilístico, planos de contas, procedimentos de organização e controlo conta-
bilísticos, demonstrações financeiras e consolidação de contas. No volume IV, o
7
guia apresenta tudo o que os membros precisam de saber sobre as obrigações de-
clarativas fiscais correntes e não correntes, o dossier fiscal e o dossier de preços de
transferência. No volume V, temos tudo sobre o processo de prestação de contas,
relato financeiro, de gestão, não financeiro, integrado, certificação legal de con-
tas e entidades do setor não lucrativo. Avançando para o volume VI, entramos na
área dos recursos humanos, certificação de informação, consultoria e planeamento
fiscal, gestão, projetos e outras novas áreas de negócio. No volume VII, tratamos
o registo central do beneficiário efetivo, o risco de branqueamento de capitais e
financiamento do terrorismo e os riscos inerentes à segurança e saúde no traba-
lho, recursos humanos, dados pessoais até ao risco reputacional e societário. No
volume VIII, abordamos o controlo interno, desempenho, gestão e produtividade
da atividade. No volume IX, apresentamos detalhada informação sobre a gestão de
recursos humanos no escritório de contabilidade, políticas salariais, formação de
trabalhadores e contraordenações laborais. Por fim, no último volume, o X, aborda-
mos a gestão estratégica e orçamental.

Cada volume foi construído especialmente para os contabilistas certificados e ten-


do em consideração os conhecimentos e experiência padrão da classe. O con-
Ordem dos Contabilistas Certificados

teúdo é projetado para o seu estudo, autoavaliação, implementação concreta de


melhores práticas profissionais e posterior monotorização e acompanhamento das
mesmas.

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Com base neste Guia, a Ordem desenvolverá vários programas de formação pro-
fissional contínua, de presença obrigatória, em diferentes modelos e ambientes,
proporcionando a todos os contabilistas certificados as melhores condições para
uma evolução profissional do membro e do seu negócio.

Posteriormente, serão desenvolvidos e disponibilizados a todos os contabilistas


certificados, programas e ferramentas de acompanhamento e monitorização da
implementação das melhores práticas previstas neste Guia. Estes programas de
Certificação de Qualidade serão pedagógicos e terão como objetivo apoiar os
membros na elevação dos padrões de qualidade da nossa profissão.

Este Guia é o novo desafio que lanço a toda a nossa classe, o primeiro passo para
um novo e melhor enquadramento profissional, é o mote para começarmos a cons-
truir mais um capítulo na já riquíssima história da nossa profissão. Com este Guia
como farol, estou certa que continuaremos a acentuada tendência de crescimento
profissional e que conseguiremos elevar a nossa profissão mais um patamar na já
elevada escala de excelência profissional em que nos encontramos.

Paula Franco, Bastonária


8

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Introdução
Guia de Boas Práticas Profissionais

Prestação de Contas

A prestação de contas desempenha, na maior parte dos serviços contratados ao


Contabilista Certificado, o produto final do seu trabalho.

O objetivo deste capítulo é dar nota dos procedimentos a adotar para garantir não
só o cumprimento das obrigações legais como a gestão dos riscos associados à
execução das tarefas em causa, garantindo que omissões ou atrasos não são impu-
táveis ao trabalho do Contabilista Certificado.

Nessa medida, esta capítulo também deve ser lido em conjunto com o Capítulo III,
que é o seu complemento.

Uma vez que a temática da prestação de contas é multidisciplinar, sendo de base


jurídico-comercial, importa delimitar as tarefas do Contabilista Certificado e de
outros profissionais, como os advogados e revisores oficiais de contas. A articu-
lação dos profissionais no processo de prestação de contas permite assegurar a
execução da delimitação legal de funções que cada um desses profissionais tem 9

assegurada por lei.

Vem ganhando cada vez maior relevância o relato não financeiro, uma área onde o
Contabilista Certificado pode e deve posicionar-se como um profissional habilitado
a desenvolver parte das tarefas que o relato não financeiro determina. Dada a am-
plitude do objeto do relato não financeiro e a evolução regulamentar nesta matéria,
as indicações dadas neste capítulo não constituem um manual de procedimentos
de elaboração de relato não financeiro, mas tão só, meras indicações de que o rela-
to não financeiro pode ser uma parte integrante do procedimento de prestação de
contas e, nessa medida, o Contabilista Certificado pode ser chamado a intervir na
sua preparação, o que poderá justificar necessidades formativas não endereçadas
neste manual.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


[Página propositamente deixada em branco]
prestação de contas
V.01
Guia de Boas Práticas Profissionais

Processo de
V.01
Processo de prestação de contas

1.1. Enquadramento

O presente capítulo centra-se no processo de prestação de contas que após o exercí-


cio económico é efetuado pelas entidades, dando ênfase às Sociedades Comerciais.

A prestação de contas numa perspetiva mais ampla compreende a apresentação


a terceiros dos resultados obtidos durante o período de relato, bem como a posi-
ção financeira no final desse período. Já num sentido mais restrito, a prestação de
contas comporta o cumprimento de determinadas obrigações de exigência legal.

Atualmente, a prestação de contas envolve informação a nível da gestão, de relato


financeiro e não financeiro, bem como outras exigências de relato associadas às
características particulares das entidades.

11
À luz do artigo 18.º Código Comercial (CC) “Os comerciantes são especialmente
obrigados: (…)

4.º A dar balanço, e a prestar contas.”

Os membros da administração/órgão de gestão devem elaborar e submeter aos


órgãos competentes da sociedade o relatório de gestão, incluindo a informação
não financeira, as contas do exercício e os demais documentos de prestação de
contas previstos na lei, relativos a cada exercício anual.

Quem está obrigado a prestar contas?

• As sociedades comerciais e civis sob forma comercial;

• As sociedades anónimas europeias;

• As empresas públicas;
Ordem dos Contabilistas Certificados

• As sociedades com sede no estrangeiro e representação permanente em Por-


tugal (presta contas apenas a representação);

• Os estabelecimentos de responsabilidade limitada.

Volume V. Prestação de Contas


prestação de contas

Guia de Boas Práticas Profissionais


Processo de

Pese embora, estas sejam as entidades obrigadas à prestação de contas através


V.01

do registo da prestação de contas, que será analisado no subcapítulo 8, existem


entidades com outras obrigações, na qual faremos apenas uma breve abordagem,
como por exemplo o caso das entidades do setor não lucrativo.

No âmbito da prestação de contas, o papel do contabilística certificado é


fundamental, embora as competências não sejam exclusivas, uma vez que a res-
ponsabilidade da prestação de contas é das próprias entidades. No entanto as
entidades não conseguirão cumprir essa obrigação sem a intervenção do conta-
bilista certificado, quer por força da sua formação/experiência, quer por força das
exigências legais, que obrigam à intervenção do mesmo.

Figura 1 – Cronologia do Processo de Prestação de Contas

12

Fonte: Elaboração própria

Os objetivos da prestação de contas passam por:

1. Exibir toda a informação financeira, através da apresentação das Demonstra-


ções Financeiras, e não financeira, quer por obrigação legal quer por opção;

2. Verificar as deliberações em Assembleia sobre a aprovação dos resultados


do período;

3. Compilar toda a informação reunida nos documentos que compõem a pres-


tação de contas;
Ordem dos Contabilistas Certificados

4. Divulgar as contas publicamente através do seu registo.

Volume V. Prestação de Contas


prestação de contas
Guia de Boas Práticas Profissionais

Processo de
1.2. Documentos que compõem a prestação de contas

V.01
No âmbito das sociedades comerciais, conforme o artigo 70.º do Código das Socie-
dade Comerciais (CSC), para além das Demonstrações Financeiras, a serem elabo-
radas de acordo com o normativo utilizado pelas entidades, deve-se incluir o Rela-
tório de Gestão, o Relatório sobre a estrutura e as práticas de governo societário,
quando não faça parte integrante do relatório de gestão, a certificação legal das
contas e o parecer do órgão de fiscalização.

Apesar do diploma não se referir quanto à ata de aprovação das contas do período
e da aplicação dos resultados, não é possível prestar contas sem a mesma, pelo
que deve ser um documento complementar a deter no momento do registo da
prestação de contas.

Por outro lado, com a crescente necessidade de divulgação de informação não


financeira, pode integrar-se nos documentos de prestação de contas informação
sobre o Relato de sustentabilidade, seja por opção ou imposição legal.

O papel do contabilista nesta fase do seu trabalho, não passa pela realização de re-
gistos contabilísticos ou conferências, uma vez que se espera que todo o trabalho
13
contabilístico esteja realizado antes da assembleia geral de aprovação de contas,
conforma a Figura 1.

Embora a obrigação da elaboração dos documentos que compõem a prestação


de contas não seja do contabilista certificado (exceto na elaboração das Demos-
trações financeiras), é importante a colaboração ao longo de todo o processo de
prestação de contas.

No âmbito em particular das Sociedade Comerciais, o registo da prestação de


contas por transmissão eletrónica de dados é exclusivamente da competência do
contabilista certificado, através do depósito das contas, por via da submissão da
Informação Empresarial Simplificada (IES)1, até ao 15.º dia do 7.º mês posterior à
data do termo do período económico (cf. artigo 15.º do Código do Registo Comer-
cial (CRC) e artigo 121.º do CIRC).

Para além do tratamento da informação para efeitos estatísticos, cujo resultado


pode ser consultado no Portal Estatístico de Informação Empresarial do Instituto
dos Registos e Notariado (IRN), o registo e depósito têm um caráter público, po-
Ordem dos Contabilistas Certificados

1
Consultar os modelos oficiais no Site do Portal das Finanças> Apoio ao Contribuinte > Mo-
delos e Formulários > IES / Declaração Anual de Informação Contabilística e Fiscal

Volume V. Prestação de Contas


prestação de contas

Guia de Boas Práticas Profissionais


Processo de

dendo, qualquer pessoa, pedir certidões dos atos de registo e dos documentos
V.01

arquivados, bem como obter informações verbais ou escritas sobre o conteúdo de


uns e outros (cf. artigo 73.º CRC).

Salienta-se o parecer da Comissão de Normalização Contabilística, no qual enten-


de que os documentos que constituam o Dossier fiscal (abordagem detalhada no
Capítulo IV) e a IES não substituem os documentos exigidos pelo artigo 11.º do
Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º
98/2015, de 2 de junho.2

Algumas entidades possuem a obrigação de prestação de contas prevista em ou-


tros diplomas, como é caso das entidades com títulos admitidos à negociação
nos mercados de capitais, que estão obrigadas a prestar contas à Comissão do
Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), e com uma periodicidade intercalar.

Figura 2 – Documentos de prestação de contas das Sociedade Comerciais

Tipo de entidade Microentidades Pequenas entidades Restantes entidades


Demostracões Balanço para Balanço (modelo Balanço
Financeiras microentidades reduzido) Demonstração dos
Demonstração dos Demonstração dos resultados por natureza
14 resultados por natureza resultados por natureza Demonstração das
para microentidades (modelo reduzido) alterações no capital
lnformação adicional/ Anexo (modelo redu- pr6prio
complementar zido) Demonstração de flu-
Demonstração dos xos de caixa Anexo
resultados por Funções Demonstração dos
(modelo reduzido) - resultados por funções
Opcional - Opcional
Relatório sobre a es- Quando existir Quando existir Quando existir
trutura e as práticas de
governo societário
Relatório de Gestão Dispensadas Obrigatório Obrigatório

Certificação legal das Quando existir Quando existir Quando existir


contas
Parecer do órgão de Quando existir Quando existir Quando existir
fiscalização

Fonte: Elaboração própria

Ordem dos Contabilistas Certificados

2
FAQS – Questões Frequentes – Setor Empresarial – Normativo (https://www.cnc.min-finan-
cas.pt/faqs_empresarial.html)

Volume V. Prestação de Contas


prestação de contas
Guia de Boas Práticas Profissionais

Processo de
1.3. Procedimentos do contabilista certificado no âmbito

V.01
da prestação de contas

Os procedimentos a realizar podem ser:

1. Preparação das Demonstrações Financeiras em conformidade com a Estrutura


Conceptual e com o normativo utilizado [SNC (NC-ME, NCRF – PE ou NCRF) ou/e
Normas Internacionais de Contabilidade (IAS/IFRS)], individuais e/ou consoli-
dadas;

2. Efetuar testes de conformidade à correspondência dos códigos das taxono-


mias (Portaria n.º 302/2016, de 2 de dezembro) com o plano de contas utilizado
pela entidade3;

3. Conferência dos saldos esperados de cada taxonomia de acordo com a legis-


lação em vigor3;

Verificação da estrutura das Demonstrações Financeiras através da construção


das mesmas com o SAF-T da contabilidade (Standard Audit File for Tax Purpo-
ses)4.
15

4. Confirmação da disponibilização pelo órgão da administração/órgão de ges-


tão do Relatório de Gestão e do Relatório sobre a estrutura e as práticas de
governo societário;

5. Confirmação da disponibilização pelo órgão da administração/órgão de ges-


tão da Ata de aprovação das contas do exercício e da aplicação dos resultados,
individual e/ou consolidadas;

6. Confirmação da disponibilização da Certificação Legal das Contas, se apli-


cável;

7. Confirmação da disponibilização do Parecer do órgão de fiscalização, se apli-


cável.
Ordem dos Contabilistas Certificados

3
Consultar no site do Portal das Finanças o selo de Validação (SVAT): Apoio ao Contribuinte>
SAF-T (PT)> Selo de Validação AT (SVAT)> Saldos e Demonstrações Financeiras por Taxonomia
4
https://www.occ.pt/pt-pt/noticias/saf-t-pt-da-contabilidade-conversor-e-minuta

Volume V. Prestação de Contas


prestação de contas

Guia de Boas Práticas Profissionais


Processo de

1.4. Pontos-chave
V.01

• A obrigação da elaboração dos documentos que compõem a prestação de contas


não é exclusiva do contabilista certificado, a quem apenas compete a preparação
das demostrações financeiras (incluindo anexo, caso aplicável). Contudo, é impor-
tante a colaboração ao longo de todo o processo de prestação de contas quer
com o empresário quer com outros profissionais que elaborem documentos que
integrem a prestação de contas.

• A elaboração e entrega da IES não substitui a obrigação de preparação das de-


mostrações financeiras e demais documentos exigíveis em função do normativo
contabilístico aplicável.

16

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


prestação de contas
Guia de Boas Práticas Profissionais

Processo de
1.5. Autoavaliação

V.01
Assunto Sim Não N/A
Já iniciou o procedimento de introdução das taxonomias associa-
das às contas?
Efetuou testes de conformidade das regras do SVAT (regras das
taxonomias e saldos esperados)?
Preparou e disponibilizou as demonstrações financeiras ao órgão
de gestão (gerência ou administração) atempadamente para se-
rem disponibilizadas aos sócios no prazo legal para a apreciação
em assembleia geral?
Verificou o cumprimento das obrigações legais do processo de
prestação de contas (p.e. convocatória, realização da assembleia
geral, aprovação de contas, etc.)?
Solicitou e obteve todos os documentos de prestação de contas
(demonstrações financeiras assinadas, relatório de gestão, cópia
da ata da aprovação de contas, certificação legal de contas, pare-
cer do órgão de fiscalização, etc.)?
Utilizou a informação dos documentos da prestação de contas (có-
pia da ata) no preenchimento e submissão do anexo A da IES?
Observações 17

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


[Página propositamente deixada em branco]
V.02
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relato Financeiro

2.1. Enquadramento

Financeiro
Relato
O relato financeiro faz parte integrante de todo o processo de prestação de contas
e é indiscutível a sua importância. Por relato financeiro, entende-se a apresentação

V.02
de informação financeira acerca de uma entidade ou de um grupo de entidades aos
potenciais utilizadores, tal como teremos a oportunidade de analisar, em particular,
no subcapítulo V.08.

O relato financeiro deve respeitar as bases para a apresentação das demonstrações


financeiras (cf. capítulo 2 do Anexo ao Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, com
a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho), enquanto instrumento
do Sistema de Normalização Contabilística, bem como as características qualita-
tivas da informação financeira enunciadas na Estrutura Conceptual do Sistema de
Normalização Contabilística (cf. §§ 24 a 46), sob pena de poder ser questionada a
19
sua utilidade, para os diferentes interessados.

O relato financeiro é composto por um conjunto completo de demonstrações finan-


ceiras (ou contas), em conformidade com o artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 158/2009,
de 13 de julho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho,
e com §8 da Estrutura Conceptual do Sistema de Normalização Contabilística, tal
como já detalhado no volume III. Naturalmente, não podem ser omitidas as dispo-
sições específicas presentes nas International Accounting Standards (IAS) e nas
International Financial Reporting Standards (IFRS) e, adicionalmente, em docu-
mentos emitidos pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, às quais estão
sujeitas entidades referenciadas no artigo 4.º e no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º
158/2009, de 13 de julho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2
de junho.

Refira-se também, que o relato financeiro não tem uma periodicidade restrita, con-
tudo, nos termos do § 9 da NCRF 1, deve ser apresentado pelo menos anualmente.

Uma abordagem adequada por parte do contabilista certificado pressupõe um tra-


Ordem dos Contabilistas Certificados

balho minucioso de acompanhamento das condições subjacentes ao setor a que


cada entidade está associada, permitindo uma perceção clara das implicações das
transações e dos acontecimentos, em termos de reconhecimento contabilístico e
do efeito nas demonstrações financeiras.

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.2. Procedimentos do Contabilista Certificado no âmbito


do relato financeiro

Procedimentos do Contabilista Certificado no âmbito do relato financeiro:


Financeiro

a) Seja concretizada uma análise aprofundada e criteriosa das disposições do


Relato

artigo 4.º, do artigo 5.º e do artigo 9.º e 9º-A a 9º-E do Decreto-Lei n.º 158/2009,
de 13 de julho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho,
V.02

no que concerne ao enquadramento da entidade, relativamente ao nível de


normalização contabilística aplicável;

b) Seja concretizada uma análise aprofundada e criteriosa das disposições do


artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, com a redação dada
pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho, da Portaria n.º 220/2015, de 24 de
julho, das International Accounting Standards (IAS), das International Finan-
cial Reporting Standards (IFRS) e dos documentos emitidos pela Comissão do
Mercado de Valores Mobiliários, relativamente aos modelos de demonstrações
financeiras aplicáveis;
20
c) Sejam respeitadas as bases para a apresentação de demonstrações financei-
ras (cf. capítulo 2 do Anexo ao Decreto-Lei n.º158/2009, de 13 de julho, com a
redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho) com destaque para
o regime do acréscimo (periodização económica), para a informação compa-
rativa, atentas às disposições da Norma Contabilística e de Relato Financeiro
4 - Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros,
e para a compensação;

d) Sejam respeitadas as características qualitativas da informação financeira,


com destaque para a compreensibilidade, para a materialidade, para a substân-
cia sobre a forma e para a prudência, tal como definido na Estrutura Conceptual.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.3. Pontos-chave

• O relato financeiro é base da prestação de contas, sendo constituído pelas de-


monstrações financeiras preparadas de acordo com o normativo contabilístico apli-
cável (tendo em conta aquelas de preparação obrigatória e facultativa).

• As demonstrações financeiras são preparadas e apresentadas de acordo com as

Financeiro
bases do SNC, com destaque para o pressuposto do regime do acréscimo e da

Relato
continuidade, bem como para a informação comparativa.

V.02
• As demonstrações financeiras são preparadas e apresentadas de acordo as carac-
terísticas qualitativas da informação financeira, com destaque para a compreensi-
bilidade, para a materialidade, para a substância sobre a forma e para a prudência,
tal como definido na Estrutura Conceptual.

21
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.4. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Efetua periodicamente (pelo menos anualmente) a verificação


dos limites das categorias de entidades contabilísticas do SNC
(microentidade, pequena entidade, média entidade e grande en-
tidade)?
Financeiro
Relato

Efetua a escolha do normativo contabilístico do SNC aplicável à


entidade (em conjunto com o órgão de gestão)?
V.02

Verifica a possibilidade de adoção das normas internacionais de


contabilidade na preparação das demonstrações financeiras indi-
viduais e/ou consolidadas?

Verifica quais e prepara as demonstrações financeiras obrigató-


rias aplicáveis a cada entidade?

Prepara demonstrações financeiras facultativas para as entida-


des, com o objetivo de fornecer informação adicional para me-
lhorar a tomada de decisão do órgão de gestão?

Prepara as demonstrações financeiras tendo em conta o pressu-


posto do regime do acréscimo e da continuidade?
22
Atende às caraterísticas qualitativas da informação financeira na
preparação das demonstrações financeiras?

Utilizou a informação das demonstrações financeiras aprovadas


em Assembleia Geral no preenchimento e submissão do anexo
A da IES?

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


V.03
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relatório de Gestão

3.1. Enquadramento

Nos documentos que integram a prestação de contas, conforme referido no sub-


capítulo 1 do capítulo V.01, as entidades comerciais são obrigadas à elaboração e
divulgação pública do relatório de gestão.

O relatório de gestão5 é um documento que evidência a evolução dos negócios,


do desempenho e da posição de uma sociedade, bem como uma descrição dos
principais riscos e incertezas com que a mesma se defronta, conforme o artigo 66º
do CSC. Quando necessário, poderá abranger tanto os aspetos financeiros como,

de Gestão
Relatório
quando adequado, referências de desempenho não financeiro relevantes para as
atividades específicas da sociedade, incluindo informações sobre questões am-

V.03
bientais e questões relativas aos trabalhadores.

23
A exposição deve apresentar uma análise equilibrada e global da evolução dos
negócios, dos resultados e da posição da sociedade, em conformidade com a di-
mensão e complexidade da sua atividade.

O relatório da gestão deve, quando adequado, incluir uma referência aos mon-
tantes inscritos nas contas do exercício e explicações adicionais relativas a esses
montantes.

Salienta-se em especial, a necessidade de conter a informação referida no n.º 5 do


mesmo artigo, e no caso das sociedades anónimas, o disposto no n.º 2 do artigo
324.º do CSC e no 397.º do CSC.

De notar que o artigo 210.º do Código dos Regimes Contributivos do Sistema


Previdencial de Segurança social (vulgo Código Contributivo) refere que o rela-
tório de gestão das empresas privadas, públicas ou cooperativas deve indicar o
valor da divida vencida, caso exista. No caso de ter sido autorizado o pagamento
prestacional da dívida, devem ser incluídas no referido relatório as condições do
mesmo.
Ordem dos Contabilistas Certificados

5
Ver o artigo 508.º-C – Relatório consolidado de gestão

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Ficam dispensadas da obrigação de elaborar o relatório de gestão as microentida-


des, desde que procedam à divulgação, quando aplicável, no final do balanço, so-
bre o número e o valor nominal ou, na falta de valor nominal, o valor contabilístico
das quotas ou ações próprias adquiridas ou alienadas durante o período, a fração
do capital subscrito que representam, os motivos desses atos e o respetivo preço,
bem como o número e valor nominal ou contabilístico de todas as quotas e ações
próprias detidas no fim do período (cf. a alínea d) do n.º 5 do artigo 66.º do CSC).

O objetivo do relatório de gestão será o de espelhar todas as informações, quer


passadas e a sua evolução, quer as perspetivas futuras, por parte dos órgãos de
administração/gestão em relação às suas estratégias planeadas e implementadas
e as estratégias futuras em relação às várias vertentes do negócio da entidade.

Não faz parte das competências do contabilista certificado a elaboração do relató-


rio de gestão, contudo, conforme já referido, faz parte da elaboração da informa-
ção financeira, pelo que poderá ser indispensável a colaboração no fornecimento
de Gestão
Relatório

dos dados financeiros aos órgãos da administração/gestão.


V.03

24

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.2. Procedimentos do contabilista certificado

1. Disponibilização da informação financeira atempadamente, de acordo com as


necessidades da administração/gestão;

2. Validar a dispensa de elaborar o relatório de gestão, e caso não seja apresentado


pela administração/órgão de gestão, solicitar o mesmo a fim de espelhar essa in-
formação na submissão da IES (quadro 08 do Anexo A).

3. Nas entidades obrigadas o elaborar o relatório gestão, verificar a conformidade


da informação financeira e da informação constante nas demonstrações financeiras
aprovadas;

4. Quando por força do seu enquadramento a entidade esteja dispensada da elabo-


ração de contas e por esse motivo não seja apresentado, verificar, quando aplicá-

de Gestão
vel, a divulgação sobre os elementos mínimos obrigatórios (cf. a alínea d) do n.º 5

Relatório
do artigo 66.º do CSC) na Informação Adicional/Complementar do Balanço.

V.03
25
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.3. Pontos-chave

• Relatório de gestão é um dos documentos obrigatório da prestação de contas


(exceto microentidades).

• O relatório de gestão é um documento que evidencia a evolução dos negócios,


do desempenho e da posição de uma sociedade, bem como, uma descrição dos
principais riscos e incertezas com que a mesma se defronta.

• Pode abranger tanto os aspetos financeiros como, quando adequado, referências


de desempenho não financeiro.

• Não faz parte das competências do contabilista certificado, sendo elaborado pelo
órgão de gestão.
de Gestão
Relatório
V.03

26

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.4. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Disponibilizou a informação financeira atempadamente para a ela-


boração do relatório de gestão pelo órgão de gestão?

Validou a obrigação ou dispensa de elaborar do relatório de gestão?

Estando a entidade obrigada, verificou se o relatório de gestão foi


preparado e se foi apresentado como documento na prestação
de contas?

Verificou a conformidade da informação financeira constante no


relatório de gestão com a informação constante nas demonstra-
ções financeiras aprovadas?

Verificou a necessidade de e efetuou a divulgação da informação


mínima obrigatória para as microentidades, dispensada de apre-

de Gestão
sentação do relatório de gestão e anexo?

Relatório
Utilizou a informação do relatório de gestão no preenchimento e
submissão do anexo A da IES?

V.03
Observações
27

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


[Página propositamente deixada em branco]
V.04
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relatório sobre a estrutura


e as práticas de governo societário

4.1. Enquadramento

As sociedades emitentes de ações admitidas à negociação em mercado regula-


mentado situado ou a funcionar em Portugal são obrigadas a elaborar um relatório
anual de gestão, especialmente elaborado para o efeito, ou em anexo a este, um
relatório detalhado sobre a estrutura e as práticas de governo societário, conforme
o artigo 29.º-H do Decreto-Lei n.º 486/99, de 13 de novembro, aditado pela Lei n.º
99-A/2021, de 31 de dezembro (Código dos valores Mobiliários).

O relatório sobre a estrutura e as práticas de governo societário insere-se, assim,


no dever de divulgação do relatório de gestão da sociedade e é considerado um
elemento essencial ao bom funcionamento do mercado. Esta obrigação legal é
concretizada pelo Regulamento da CMVM n.º 4/2013, onde dispõe um Modelo de
Relatório de Governo Societário.
29

Tal como o relatório de gestão, também o relatório sobre a estrutura e as práticas


de governo societário é elaborado pela administração/órgão de gestão, todavia,

governo societário
devem os contabilistas certificados colaborar com a disponibilização de informa-

Relatório sobre
ção que se encontre no seio da sua alçada.

V.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.2. Pontos-chave

• O relatório sobre a estrutura e as práticas de governo societário é obrigatório


para as sociedades emitentes de ações admitidas à negociação em mercado regu-
lamentado situado ou a funcionar em Portugal.

• O CC deve colaborar na disponibilização de informação para a preparação deste


relatório pelo órgão de gestão.

30
governo societário
Relatório sobre
V.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Disponibilizou a informação financeira atempadamente para a


elaboração do relatório sobre a estrutura e as práticas de gover-
no societário pelo órgão de gestão?

Validou a obrigação ou dispensa de elaborar do relatório de


gestão?

Verificou a conformidade da informação financeira constante


no relatório sobre a estrutura e as práticas de governo societá-
rio com a informação constante nas demonstrações financeiras
aprovadas?

Observações

31

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

governo societário
Relatório sobre
V.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


[Página propositamente deixada em branco]
V.05
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relato não financeiro

5.1. Enquadramento

O relato não financeiro, não existindo uma norma específica para o efeito, pode
apresentar-se de diferentes formas e com estruturas diversas, ao contrário do que
sucede, por exemplo, com o relatório sobre a estrutura e as práticas de governo
societário onde existe uma estrutura definida. Apesar de ser bastante abrangente
sobre o seu conteúdo, poderemos aqui incluir também o relato de sustentabilida-
de, pese embora este último ser composto por informação financeira e não finan-
ceira, contudo parece atualmente ganhar maior relevância sobre o relatório não
financeiro, que será analisado de seguida.

O Decreto-Lei n.º 89/2017, de 28 de julho refere-se à divulgação de informação


não financeira e de informações sobre a diversidade por parte de certas grandes
empresas e grupos. Este Decreto-Lei transpôs para a ordem jurídica a Diretiva (UE)
2014/95/EU do Parlamento Europeu e do Conselho, e altera o Código das Socieda- 33

des Comerciais e o Código dos Valores Mobiliários.

Com esta Diretiva, o Código das Sociedades Comerciais passou a incluir os artigos
66.º-B e 508.º-G, referentes à demonstração não financeira e demonstração não
financeira consolidada. Desta forma, e para os exercícios anuais que se iniciaram
em, ou após, 1 de janeiro de 2017, devem ser incluídos no relatório de gestão uma
demonstração não financeira ou no relatório de gestão consolidado uma demons-
tração não financeira consolidada, respetivamente:

• As grandes empresas que sejam entidades de interesse público e que à data


do respetivo balanço excedam o critério do número médio de 500 trabalhado-
res empregados durante o exercício; e,

não financeiro
• As empresas-mãe de um grande grupo que sejam entidades de interesse pú- Relato
blico, que à data do respetivo balanço consolidado excedam o critério do nú-
mero médio de 500 trabalhadores durante o exercício anual.
V.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

Relembramos que nos termos do n.º 3 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 158/2009,
de 13 de julho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho,
uma grande empresa é aquela que à data do balanço, não ultrapasse dois dos três
limites seguintes:

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

a) Total do balanço: 20 milhões de euros;

b) Volume de negócios líquido: 40 milhões de euros;

c) Número médio de empregados durante o período: 250.

Salienta-se que para efeitos do mesmo diploma, as entidades de interesse público


são consideradas grandes entidades, independentemente dos referidos limites.

Por sua vez, consideram-se entidades de interesse público, as cinco entida-


des identificadas pelo artigo 3.º do Regime Jurídico de Supervisão de Auditoria
(aprovado nos termos do artigo 2.º da Lei n.º 148/2015, de 9 de setembro), nas
quais destacamos:

• As emitentes de valores mobiliários admitidos à negociação num mercado


regulamentado;

• As instituições de crédito;

• As empresas de seguros e de resseguros.


34
No que se refere ao conceito de grandes grupos, determina a alínea b) do n.º 11
do 508.º-G do CSC que são os grupos constituídos pela empresa-mãe e pelas em-
presas filiais a incluir na consolidação e que, em base consolidada, excedam pelo
menos dois dos três limites definidos no n.º 3 do artigo 9.º, apurados nos termos
do artigo 9.º-A, ambos do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, com a redação
dada pelo Decreto-Lei n.º 98/2015, de 2 de junho.

Segundo o n.º 2 do artigo 66.º-B do Código das Sociedades Comerciais a demons-


tração não financeira deve conter informação bastante para uma compreensão da
evolução, do desempenho, da posição e do impacto das suas atividades, referen-
tes, no mínimo, às questões ambientais, sociais e relativas aos trabalhadores, à
igualdade entre mulheres e homens, à não discriminação, ao respeito dos direitos
não financeiro

humanos, ao combate à corrupção e às tentativas de suborno. O mesmo artigo de-


fine alguns temas obrigatórios que devem estar patentes no relato não financeiro.
Relato

No caso da demonstração não financeira consolidada as obrigações são as mes-


V.05

mas, mas com referência ao grupo.


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

A CMVM disponibiliza um modelo6 de relatório para divulgação de informação não


financeira, que é de adesão voluntária, no qual se procura um formato e estrutura
uniformes, para que a informação seja de qualidade e comparável.

Para além deste referencial e do Decreto-Lei n.º 89/2017, de 28 de julho, deverão


ter-se em consideração as recomendações da Comunicação da Comissão 2017/C
215/01, de 5 de julho7, relativa às Orientações sobre a comunicação de informação
não financeiras, detalhando a metodologia a seguir para a comunicação de infor-
mações não financeiras.

Não sendo obrigatório o uso de qualquer referencial em concreto, representa uma


boa prática, o uso de referenciais reconhecidos internacionalmente para a elabora-
ção do relato não financeiro.

35

não financeiro
Relato
V.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

6
https://www.cmvm.pt/pt/Comunicados/comunicados_mercado/Pages/20210202a.aspx?v=
7
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=uriserv%3AOJ.C_.2017.215.01.0001.01.
POR &toc=OJ%3AC%3A2017%3A215%3AFULL

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.2. Relatório não financeiro


e evolução para relato de sustentabilidade

A 14 de dezembro foi publicada a Diretiva 2022/2464, relativa ao Relato de Susten-


tabilidade Corporativo, comummente designada por CSRD (Corporate Sustainabi-
lity Reporting Directive), que veio alterar a Diretiva 2014/95/EU, relativa ao reporte
de informação não financeira, tendo entrado em vigor no início de 2023.

Decorre das considerações iniciais da Diretiva 2022/2464, que muitas partes in-
teressadas consideraram que a expressão «não financeiras» era inexata, nomea-
damente por implicar que as informações em questão não se revestissem de
importância financeira. Pelo facto, dos temas objeto de relato até então assu-
mirem cada vez maior importância financeira, considerou-se necessário alterar
a terminologia, por conseguinte, a Diretiva 2013/34/UE é alterada para ter em
conta esta particularidade.

Embora a CSRD possa parecer uma mera obrigação de reporte, a diretiva foi proje-
tada para incrementar a sustentabilidade e a resiliência a longo prazo das empresas
e da economia europeia em geral, razão pela qual se pretende equiparar o relato de
sustentabilidade das empresas ao seu relato financeiro.
36

Em termos sintéticos, prevê-se o seguinte cronograma de implementação das no-


vas regras:

Relatório relativo ao exercício de: Entidades abrangidas


Para entidades já abrangidas pela Non-Financial
2024 (a preparar em 2025)
Reporting Directive.
Para grandes empresas que não estavam abrangi-
2025 (a preparar em 2026)
das pela Non-Financial Reporting Directive.
Para PME cotadas (com possibilidade de opt-out
por dois anos se indicarem no relatório de gestão
2026 (a preparar em 2027) as razões que motivaram a ausência de relato de
sustentabilidade), instituições de crédito e segu-
não financeiro

radoras pequenas e não complexas.


Para algumas empresas de países terceiros com
Relato

2028 (a preparar em 2029)


filiais ou sucursais na União Europeia.
Fonte: Elaboração própria
V.05

Tendo em conta o nível de detalhe de informação exigido, prevê-se que muitas


Ordem dos Contabilistas Certificados

outras empresas não diretamente impactadas pela CSRD, tenham igualmente de


se preparar para reportar informação de sustentabilidade quando se encontrem
na cadeia de valor de entidades (stakeholders) diretamente abrangidas pela nova
diretiva (trickle-down effect).

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Com base no princípio da dupla materialidade, as entidades abrangidas pela CSRD


devem incluir no relatório de gestão as informações necessárias para compreender
o impacto da empresa nas questões de sustentabilidade (nas pessoas e no meio
ambiente), bem como as informações necessárias para compreender de que forma
as questões de sustentabilidade afetam a evolução, o desempenho e a posição
financeira da empresa e dos seus negócios.

Estas informações devem ser claramente identificáveis no relatório de gestão, atra-


vés da sua apresentação numa secção específica, devendo constar divulgações e
indicadores pertinentes, designadamente, sobre os seguintes aspetos:

a) Resiliência do modelo e da estratégia empresariais aos riscos relacionados


com questões de sustentabilidade, assim como as oportunidades para a empre-
sa relacionadas com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS);

b) Os planos da empresa, incluindo as ações de execução e os planos financei-


ros e de investimento conexos, para assegurar que o seu modelo empresarial e
a sua estratégia são compatíveis com a transição para uma economia susten-
tável e com a limitação do aquecimento global a 1,5º C, em consonância com o
Acordo de Paris, bem como com o objetivo de alcançar a neutralidade climática
até 2050 e, se for caso disso, a exposição da empresa a atividades relacionadas 37

com o carvão, o petróleo e o gás;

c) Calendarização dos objetivos de sustentabilidade definidos pela empresa,


incluindo, se for caso disso, objetivos absolutos de redução das emissões de
gases com efeito de estufa, pelo menos para 2030 e 2050, e uma descrição dos
progressos realizados na consecução desses objetivos;

d) Descrição do papel dos órgãos de administração, de direção e de supervisão


no respeitante às questões de sustentabilidade, bem como dos seus conheci-
mentos especializados e competências para desempenhar esse papel ou do
acesso de que esses órgãos dispõem a tais conhecimentos e competências;

não financeiro
e) Descrição das políticas da empresa relativamente às questões de sustenta-
bilidade; Relato

f) Informações sobre eventuais esquemas de incentivos associados a questões


V.05
de sustentabilidade destinados aos membros dos órgãos de administração, de
Ordem dos Contabilistas Certificados

direção e de supervisão;

g) Descrição do processo relativo ao dever de diligência aplicado pela empresa


no respeitante a questões de sustentabilidade e os principais efeitos adversos,

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

reais ou potenciais, relacionados com as suas próprias operações e com a sua


cadeia de valor, incluindo os seus produtos e serviços, as suas relações comer-
ciais e a sua cadeia de abastecimento, bem como quaisquer medidas tomadas
pela empresa para prevenir, atenuar, corrigir ou pôr cobro a impactos adversos
reais ou potenciais, bem como o resultado dessas medidas.

A CSRD também prevê o relato de sustentabilidade a nível consolidado para em-


presas-mãe de grandes grupos abrangidos pela diretiva.

Adicionalmente, o relato de sustentabilidade terá de ser preparado em conformi-


dade com as normas de relato de sustentabilidade europeias que estão a ser de-
senvolvidas pelo EFRAG (European Financial Reporting Advisory Group).

Já se encontram disponíveis no site do EFRAG8, em Sustainability Reporting Stan-


dards, para consulta, as 12 normas transversais propostas, em versão draft.

Prevê-se também o desenvolvimento de normas específicas para PME cotadas e


empresas de países terceiros abrangidas pela diretiva.

A Comissão Europeia também propôs o desenvolvimento de normas específicas


38 para que as PME não cotadas possam vir a divulgar voluntariamente este tipo de
informações, adequadas à sua estrutura e capacidade, de modo a facilitar o repor-
te destas entidades aos seus stakeholders (instituições financeiras, investidores,
clientes e outras entidades interessadas), no âmbito da transição para uma econo-
mia sustentável, que implica a recolha e partilha de dados referentes à sustentabi-
lidade ao longo da cadeia de valor.

O relato de sustentabilidade das empresas terá de ser divulgado em formato ele-


trónico, de modo a facilitar o seu acesso e comparabilidade.

E é ainda introduzida a obrigação de verificação do relato de sustentabilidade das


entidades por um auditor ou certificador independente. Inicialmente, deverá as-
segurar-se um âmbito de garantia de fiabilidade limitada, mas que evoluirá gra-
não financeiro

dualmente, nos exercícios seguintes, para um âmbito de garantia de fiabilidade


razoável.
Relato

Muitas empresas já abrangidas pela Non-Financial Reporting Directive estarão ra-


V.05

zoavelmente preparadas e alinhadas com as obrigações previstas na CSRD. Porém,


Ordem dos Contabilistas Certificados

outras sentirão uma maior pressão na implementação de um programa de sus-

8
https://www.efrag.org/

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

tentabilidade corporativa, pelo que será relevante acompanhar o desenvolvimento


destas temáticas.

As competências do Contabilista Certificado quer no âmbito do Relato não Finan-


ceiro quer no Relato de Sustentabilidade não estão delineadas, uma vez que em
ambas situações se trata de informações a constar do Relatório de Gestão.

Os temas abrangidos pela Diretiva são de tal forma impactantes no planeta, que as
ações e as consequentes divulgações por parte das empresas farão parte integran-
te da sua forma consciente de estar.

A obrigação por parte de determinadas empresas, ou necessidade por parts das


restantes, da implementação de ações no âmbito da sustentabilidade, vai trazer
um impacto financeiro nas empresas, motivo pela qual, este relato também é a
nível financeiro.

A IFRS Foundation criou o ISSB - International Sustainability Standards Board com


o objetivo de desenvolver normas internacionais de relato de divulgações relativas
a sustentabilidade.

Atualmente já foram publicadas 2 IFRS de sustentabilidade: 39

- IFRS S1 - Requisitos Gerais para a Divulgação de Informações Financeiras rela-


cionadas com a Sustentabilidade;

- IFRS S2 - Divulgações relacionadas com o clima.

A tradução para português pode ser consultada em:

https://portal.occ.pt/pt-pt/noticias/normas-de-sustentabilidade-ifrs-s1-e-ifrs-s2

não financeiro
Relato
V.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.3. Procedimentos do Contabilista Certificado


neste âmbito

O Contabilista Certificado deve intervir na elaboração do documento através da


criação dos indicadores, bem como, na forma como estes serão alimentados. Estes
indicadores devem ir ao encontro dos objetivos estratégicos das empresas. O con-
tabilista Certificado deve ser o principal elemento independente para a validação
dos indicadores e assim “dar” credibilidade para os leitores das demonstrações
financeiras. Consideramos assim, ser este o novo posicionamento do Contabilista
Certificado.

É importante, atendendo à complexidade, a obtenção de formação técnica para


que em conjunto com os objetivos da administração/gestão, seja possível delinear
um plano de trabalho ao longo do exercício, para ser possível extrair informação
útil para a preparação do relato de sustentabilidade do exercício económico.

É importante referir que podem surgir outras responsabilidades, entre o Contabilista


Certificado e as empresas, não contratualizadas, pelo que deverá ser revisto e alte-
rado o contrato de prestação de serviços em conformidade com esta necessidade.

40
não financeiro
Relato
V.05

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.4. Pontos-chave

• O Contabilista Certificado pode ser chamado a intervir na preparação do relato


não financeiro, competindo-lhe contribuir com informação contabilística e financei-
ra para a construção dos indicadores relevantes.

• A expansão do relato não financeiro para relato de sustentabilidade pode também


convocar o contabilista a intervir na preparação de informação relevante, assumin-
do especial relevância a sua independência técnica na qualidade e transparência
da informação a prestar.

41

não financeiro
Relato
V.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.5. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Participou ativamente na preparação do relato não financeiro (de


sustentabilidade)?

Disponibilizou a informação financeira atempadamente para a ela-


boração do relato não financeiro (de sustentabilidade)?

Validou a obrigação ou dispensa de elaborar o relato não financeiro


(de sustentabilidade)?

Verificou a conformidade da informação financeira constante no


relato não financeiro (de sustentabilidade) com a informação cons-
tante nas demonstrações financeiras aprovadas?

Observações

42

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


não financeiro
Relato
V.05

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


V.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Relato Integrado

6.1. Enquadramento

O Relato Integrado é um instrumento de comunicação, que terá como base os


seguintes objetivos:

1. Garantir a eficácia do processo comunicativo: assegurar que as diferentes


partes interessadas entendem corretamente a mensagem que avalia o desem-
penho financeiro e não financeiro (estratégico) da empresa e as suas perspeti-
vas futuras;

2. Sinónimo de abertura, transparência, partilha, humildade e honestidade da


empresa relativamente às diferentes partes interessadas com os quais se rela-
ciona;

3. Dimensão essencial para alcançar a confiança, o compromisso, a harmonia, a 43

boa vontade e a aceitação por parte das diferentes partes interessadas.

O relato integrado tem vindo a ser desenvolvido pelo Internacional Integrated Re-
porting Council (IIRC)9, que considera que este relatório deve ser um documento
conciso sobre como a estratégia, a governação, o desempenho e as perspetivas de
uma organização levam, no contexto do seu ambiente externo, à criação de valor
no curto, médio e longo prazos.

Em termos práticos, na ótica do contabilista certificado, o seu papel poderá asse-


melhar-se aos restantes relatos já abordados, designadamente no que concerne à
parte da colaboração com a administração/gestão, bem como à responsabilidade
do conteúdo da informação financeira.
Ordem dos Contabilistas Certificados

9
https://www.integratedreporting.org/
integrado
Relato

Volume V. Prestação de Contas


V.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.2. Pontos-chave

• O Relato Integrado deve ser um documento conciso sobre como a estratégia, a


governação, o desempenho e as perspetivas da organização levam, no contexto do
seu ambiente externo, à criação de valor no curto, médio e longo prazos.

• O CC colabora na disponibilização de informação para a preparação deste relató-


rio pelo órgão de gestão.

44

Ordem dos Contabilistas Certificados


integrado
Relato

Volume V. Prestação de Contas


V.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Participou ativamente na preparação do relato integrado?

Disponibilizou a informação financeira atempadamente para a


elaboração do relato integrado?

Verificou a conformidade da informação financeira constante


no relato não financeiro (de sustentabilidade) com a informação
constante nas demonstrações financeiras aprovadas?

Observações

45
Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?
Ordem dos Contabilistas Certificados

integrado
Relato

Volume V. Prestação de Contas


V.06
[Página propositamente deixada em branco]
de contas e Parecer...
V.07

Certificação legal
Guia de Boas Práticas Profissionais

Certificação legal de contas

V.07
e Parecer do órgão de fiscalização

7.1. Enquadramento

Por fim, no âmbito do processo de prestação de contas, há ainda a analisar dois dos
documentos que podem integrar a prestação de contas:

• Certificação legal das contas (CLC)/relatório de auditoria; e,

• Parecer do órgão de fiscalização.

A obrigatoriedade das demonstrações financeiras de uma sociedade estarem sujei-


tas a certificação legal das contas, emitida por um revisor oficial de contas (ROC)
ou por uma sociedade de revisores oficiais de contas (SROC), decorre, numa pri-
meira análise, da legislação comercial nacional.
47

A certificação legal das contas é de elaboração obrigatória, designadamente, nas


sociedades anónimas, nas sociedades em comandita por ações e nas sociedades
por quotas que possuam órgão de fiscalização. É também de elaboração obriga-
tória nas sociedades por quotas, que não possuam órgãos de fiscalização, bem
como nas cooperativas de comercialização, desde que ultrapassem dois dos três
seguintes limites:

a) Total do balanço: 1.500.000 euros;

b) Total das vendas líquidas e outros proveitos: 3.000.000 euros;

c) Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 50.

As empresas públicas, que não estão enquadradas pelo CSC, não têm as suas con-
tas sujeitas a certificação, sendo esta substituída por um parecer da Inspeção-Geral
de Finanças.
Ordem dos Contabilistas Certificados

A certificação legal das contas é da competência exclusiva do revisor oficial de


contas (ROC) ou de sociedade de revisores oficiais de contas (SROC), o(a) qual dá
a sua opinião sobre se as demonstrações financeiras apresentam de forma verda-
deira e apropriada, em todos os aspetos materiais, a posição financeira da empresa

Volume V. Prestação de Contas


de contas e Parecer...
Certificação legal

Guia de Boas Práticas Profissionais

numa determinada data, o seu desempenho financeiro e os fluxos de caixa no ano


V.07

findo naquela data, de acordo com o referencial contabilístico aplicável.

Nos termos do artigo 420.º n.º 1 da alínea g) do CSC, além da certificação legal das
contas, deve ser apresentado um relatório e parecer do órgão de fiscalização, que
deve exprimir a sua concordância ou não com o relatório anual de gestão e com as
contas do exercício, para além de incluir a declaração subscrita por cada um dos
seus membros, prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 29.º-G do Código dos Valores
Mobiliários.

No caso das sociedades que não têm uma obrigação contabilística, legal ou esta-
tutária de sujeitar as demonstrações financeiras a certificação legal das contas, não
têm obrigação de juntar ao processo de prestação de contas a certificação legal
das contas e, consequentemente, de designar um ROC. Contudo, pode ser sempre
uma opção da administração/gestão.

A competência da execução da certificação legal das contas/relatório de auditoria


e do parecer do órgão de fiscalização, é exclusiva do(a) ROC/SROC conforme já
referido, todavia não será possível a sua realização sem a colaboração do contabi-
lista certificado.
48

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


de contas e Parecer...
Certificação legal
Guia de Boas Práticas Profissionais

7.2. Procedimentos do Contabilista Certificado

V.07
1. A informação financeira objeto da certificação será exclusivamente executada e
preparada pelo Contabilista Certificado, pelo que deve facultar as demostrações
financeiras, bem como outras informações complementares de apoio à auditoria,
que sejam necessárias para a revisão das contas.

2. Na maioria das sociedades por quotas, não está implícita a obrigação de existir
um(a) ROC/SROC, pelo que será importante o contabilista certificado aferir a cada
data de balanço os limites anteriormente referidos, e informar a gestão dessa obri-
gação, caso passe a existir.

3. No âmbito do registo das contas, por meio da submissão da IES, conforme será
analisado no subcapítulo 8, o contabilista certificado tem de ter na sua posse o
certificado legal das contas e o parecer do órgão de fiscalização, de forma a dar
cumprimento às exigências de registo sobre esta matéria. Caso não esteja na posse
dessa informação, deverá ter um documento justificativo da não emissão do certi-
ficado legal das contas e o parecer.

4. Após a emissão da certificação legal das contas, verificar se foram emitidas re-
49
servas ou ênfases e se as mesmas se encontram legíveis e completas para o registo
da prestação de contas (Quadro 08 do Anexo A da IES).
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


de contas e Parecer...
Certificação legal

Guia de Boas Práticas Profissionais

7.3. Pontos-chave
V.07

• A CLC é um dos documentos obrigatórios da prestação de contas (exceto mi-


croentidades).

• O relatório de gestão é um documento que evidência a evolução dos negócios,


do desempenho e da posição de uma sociedade, bem como uma descrição dos
principais riscos e incertezas com que a mesma se defronta.

• Pode abranger tanto os aspetos financeiros como, quando adequado, referências


de desempenho não financeiro.

• É elaborado pelo ROC/SROC ou órgão de fiscalização, não pelo órgão de gestão.

50

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


de contas e Parecer...
Certificação legal
Guia de Boas Práticas Profissionais

7.4. Autoavaliação

V.07
Assunto Sim Não N/A

Disponibilizou a informação financeira atempadamente para a ela-


boração da certificação legal das contas ou do parecer do órgão
de fiscalização?

Validou a obrigação ou dispensa de elaborar a certificação legal


das contas ou do parecer do órgão de fiscalização?

Estando a entidade obrigada, verificou se a CLC ou o parecer do


órgão de fiscalização foi preparado e se foi apresentado como
documento na prestação de contas?

Verificou a conformidade da informação financeira constante na


CLC ou no parecer do órgão de fiscalização com a informação
constante nas demonstrações financeiras aprovadas?

Utilizou a informação da CLC ou parecer do órgão de fiscalização


no preenchimento e submissão do Anexo A da IES?

Observações

51

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


[Página propositamente deixada em branco]
V.08
Guia de Boas Práticas Profissionais

Divulgação a terceiros

Divulgação
a terceiros
8.1. Enquadramento

V.08
A divulgação a terceiros consiste em efetuar a apresentação da informação aborda-
da ao longo do presente capítulo de diferentes formas atendendo às especificidades
das entidades. Neste subcapítulo é dada enfâse à prestação de contas das Socie-
dades Comerciais.

Após a apreciação e aprovação da informação respeitante às contas do exercício e


aos demais documentos de prestação de contas, pelos sócios ou acionistas, existe
a obrigação de a tornar pública.

Formas de tornar pública a prestação de contas:

1. Por transmissão eletrónica de dados: Através da submissão da Informação 53

Empresarial Simplificada e respetivo pagamento da taxa;

2. Disponibilização de cópia integral na sede da sociedade e no sítio da internet,


quando exista, sem quaisquer encargos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

8.2. Divulgação ao Instituto dos Registos e do Notariado,


à Autoridade Tributária e Aduaneira, ao Instituto Nacional
de Estatística, ao Banco de Portugal e à Direção Geral
das Atividades Económicas

8.2.1. Obrigações relacionadas com a IES


Divulgação
a terceiros

Com a publicação do Decreto-Lei n.º 8/2007, de 17 de janeiro e com todas as altera-


ções posteriores (por exemplo Lei n.º 89/2017, de 21 de agosto e, DL n.º 87/2018, de
V.08

31 de outubro), foi criada a Informação Empresarial Simplificada (IES), que agrega


num único ato o cumprimento das seguintes obrigações:

- A entrega da declaração anual de informação contabilística e fiscal, junto da


Autoridade Tributária e Aduaneira prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 117.º e
121.º do CIRC;

- Registo da prestação de contas junto das conservatórias do registo comercial


(n.º 1 do artigo 15.º do Código do Registo Comercial);

- Prestação de informação de natureza estatística ao Instituto Nacional de Esta-


54
tística (n.º 1 do artigo 6.º da Lei do Sistema Estatístico Nacional);

- Prestação de informação relativa a dados contabilísticos anuais para fins esta-


tísticos ao Banco de Portugal (artigo 13.º da Lei Orgânica do Banco de Portugal);

- A prestação de informação de natureza estatística à Direção-Geral das Ativida-


des Económicas (DGAE) (DL n.º 10/2015, de 16 de janeiro);

- E, a confirmação anual da informação sobre o beneficiário efetivo (Artigo 15.º


da Lei n.º 89/2017, de 21 de agosto).

No âmbito do processo de prestação de contas, é no registo da prestação de con-


tas através da submissão da IES, que o contabilista certificado tem competência
exclusiva, uma vez que os modelos obrigatórios são preenchidos e submetidos
apenas pelo contabilista certificado.

O registo da prestação de contas consiste no seu depósito, pela submissão da IES


de acordo com os modelos oficiais em vigor, preenchida com a informação cons-
Ordem dos Contabilistas Certificados

tante nos seguintes documentos que compõem a prestação de contas, de acordo


com o previsto no n.º 1 do artigo 42.º do CRC, e que foram desenvolvidos ao longo
deste capítulo:

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

a) Ata de aprovação das contas do exercício e da aplicação dos resultados;

b) Balanço, demonstração de resultados e anexo ao balanço e demonstração


de resultados;

c) Demonstração dos resultados;

Divulgação
a terceiros
d) Demonstração das alterações no capital próprio/património líquido;

V.08
e) Demonstração de fluxos de caixa;

f) Anexo às demonstrações financeiras;

g) Certificação legal das contas;

h) Parecer do órgão de fiscalização, quando exista.

As entidades que tenham elaborado as suas contas consolidadas em conformidade


com o Sistema de Normalização Contabilística, devem submeter na IES, os seguintes
documentos respeitantes às contas aprovadas, referidos no n.º 2 do artigo 42.º do CRC:
55

a) Ata da deliberação de aprovação das contas consolidadas do exercício, de


onde conste o montante dos resultados consolidados;

b) Balanço consolidado, demonstração consolidada dos resultados, demonstra-


ção das alterações no capital próprio/património líquido, demonstração conso-
lidada de fluxos de caixa e anexo às demonstrações financeiras;

c) Certificação legal das contas consolidadas;

d) Parecer do órgão de fiscalização, quando exista.

Estes documentos deverão ser submetidos na IES através dos anexos A1, B1 ou C1
juntamente com o rosto (atendo ao modelo em vigor), em um só ficheiro com as
seguintes características:

• Formato pdf com capacidade máxima de 15 MB;


Ordem dos Contabilistas Certificados

• Documentos digitalizados a preto e branco;

• Não pode ter qualquer proteção com password ou qualquer outra forma de
proteção (por ex. certificados digitais) que impossibilite a sua visualização.

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Quer na prestação de contas individuais quer na prestação de contas consolida-


das, só serão consideradas validamente submetidas a registo após confirmação do
pagamento da taxa devida, o qual pode ser concretizado através da utilização das
referências de multibanco geradas após a entrega da IES10.

Na elaboração das demonstrações financeiras consolidadas e/ou nas demonstra-


Divulgação
a terceiros

ções financeiras individuais com base nas Normas Internacionais de Contabilidade


(IAS/IFRS)11, o Sistema de Normalização Contabilística (cf. n.º 8 do artigo 4.º do
Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, com a redação dada pelo Decreto-Lei
V.08

n.º 98/2015, de 2 de junho) estabelece que a aplicação das IAS/IFRS não preju-
dica que, para além das informações e divulgações inerentes a estas normas, as
entidades abrangidas sejam obrigadas a divulgar outras informações previstas na
legislação nacional.

As empresas sujeitas ao SNC, que adotem a IAS/IFRS nos termos referidos ficam
obrigadas a submeter o Anexo A da IES com os elementos contabilísticos elabora-
dos nos termos do SNC.

Na prática, ficam obrigadas ao preenchimento dos quadros do Anexo A referente


às demonstrações financeiras, que estão preparadas e no formato previsto para as
56 NCRF nacionais do SNC (cf. O n.º 2 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 8/2007, de 17 de
janeiro, redação dada pelo artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 292/2009, de 13 de outubro).

Refira-se que, o Decreto-Lei n.º 87/2018, de 31 de outubro, que entrou em vigor no


dia 1 de novembro de 2018, introduziu o novo procedimento de submissão prévia
do SAF-T relativo à contabilidade com o objetivo de pré-preenchimento do Balanço
e Demonstração de Resultados e outros campos de informação contabilística e
fiscal dos Anexos A e I da IES.

Atualmente, no registo da prestação de contas ainda não se encontra em vigor a


comunicação do SAF-T relativo à contabilidade para pré preenchimento da IES. Re-
centemente, o Decreto-Lei n.º 85/2022, de 21 de dezembro, veio adiar novamente
a comunicação do SAF-T relativo à contabilidade para o período de tributação de
2024, a entregar em 2025.

Ordem dos Contabilistas Certificados

10
As referências apenas tem 5 dias de validade. Para Pedir segunda via de referência Multi-
banco aceder https://eportugal.gov.pt/ > Empresa Online | Serviços do registo comercial>
SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO EMPRESARIAL SIMPLIFICADA E CERTIDÃO DE PRESTAÇÃO DE
CONTAS> Pedir segunda via de referência Multibanco
11
A informação sobre as entidades que adotam as IAS/IFRS encontra-se detalhada no volume III.

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

Até ser aplicado este novo modelo, à semelhança do que se tem sucedido, a IES
continua a ser preenchida e submetida com os modelos anteriores, sem necessida-
de de submissão do SAF-T relativo à contabilidade.

Atendendo a tais circunstâncias, para efeitos de obrigação de registo, na figura 3


são tidas em consideração as obrigações associadas aos modelos da IES atualmente

Divulgação
a terceiros
utilizados.

Figura 3 – Anexos da IES

V.08
Contas
Contas individuais
consolidadas
Normativo Anexos a submeter Anexos dispensados
utilizado Anexos a
Imposto Imposto submeter
IRC IVA Estatistica IRC IVA
selo selo
Rosto Rosto
NC- ME - - - - LMNOP O
AGH Al/Bl/Cl
Rosto Rosto
NCRF - PE LMNP Q R - O -
AGH Al/Bl/Cl
Rosto Rosto
NCRF LMNP Q R - O -
AGH Al/Bl/Cl
Rosto Rosto 57
IAS/IFRS LMNP Q R - O -
AGH Al/Bl/Cl

Figura 4 – Documentos e forma de registo da prestação de contas das entidades

Normativo NC IFRS

> Submissao da IES- Anexos aplicáveis


(excepto A1, B1 e C1) - Preenchido
Prestação de contas > Submissão da IES- Anexos com base em informação financeira
individuais aplicáveis (excepto A1, B1 e elaborada segundo as NCRFs do SNC
(separadas) C1) - com informação dos e nos documentos referidos no n.º 1
documentos previstos no n.º1 do artigo 42.º do CRC;
do artigo 42.º do CRC.
> Submissão de ficheiro com os
mesmos documentos de prestação
de contas mas elaborados com base
nas IAS/IFRS ( submissão do ficheiro
no campo 16 do quadro 07 do Anexo
A da IES).

Prestação de contas >Submissão da IES - Anexo > Submissao da IES - Anexo A1, B1
consolidadas A1, B1 ou C1 -ficheiro com os ou C1 - ficheiro com os documentos
documentos previstos no n.º 2 elaborados com base em informação
Ordem dos Contabilistas Certificados

do artigo 42.º do CRC. financeira baseada nas IAS/IFRS e


os documentos referidos no n.º 2 do
artigo 42.º do CRC.

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

8.2.2. Procedimentos do Contabilista Certificado


no registo de prestação de contas através da IES

1. Verificação dos modelos em vigor para a submissão da IES;


Divulgação
a terceiros

2. Averiguação sobre a forma de submissão da IES (através do Portal das Finanças


(aplicação offline) ou através do sistema webservice IES) e verificar o seu estado de
atualização informática;
V.08

3. Preenchimento dos anexos da IES atendendo ao normativo aplicado no exercício


a que se reporta a prestação de contas;

4. Nas entidades obrigadas a prestar contas consolidadas, deverá ser aferida a exis-
tência de toda a informação financeira sobre as entidades que formam o perímetro
da consolidação;

5. Atendendo às especificidades das operações efetuadas no exercício, deverá ser


verificado se todos os anexos foram preenchidos (por exemplo: o anexo G apenas
será preenchido pelos sujeitos passivos de IRC abrangidos pelo regime de transpa-
58 rência fiscal, logo as demais entidades não abrangidas por este regime não devem
preencher o referido anexo);

6. Observar a conformidade dos valores e dos saldos transcritos nos anexos, aten-
dendo às diferenças existentes entre as instruções de preenchimento dos for-
mulários (FAQ’s)12 e os normativos. Não se deve confundir o cumprimento das
obrigações para finalidades tributárias e outras, como o das obrigações de índole
contabilística para efeitos societários. Normalmente, o cumprimento das obriga-
ções em matéria de normalização contabilística para fins societários deve preceder
o cumprimento das obrigações para finalidades tributárias e outras. Acresce que
a quantidade e detalhe das informações exigidas para essas duas finalidades, não
são justapostas;

7. Existem determinados campos da IES que são de preenchimento obrigatório,


mas não existem parametrizações do sistema que detetem erros, pelo que deverão
ser identificados e preenchidos os referidos campos (por exemplo: Quadro 06 – 063
OUTRAS INFORMAÇÕES CONTABILÍSTICAS E FISCAIS – Suprimentos (saldo credor)
– A0672; Quadro 05-A (0517-A a 0532-A) - Imposto diferido; etc);
Ordem dos Contabilistas Certificados

12
FAQs (perguntas & respostas): https://www.occ.pt/pt-pt/noticias/ies-perguntas-e-respostas

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

8. Verificação da conformidade entre o preenchimento das divulgações e as notas


do Anexo (Modelo Geral) (cf. Anexo 6 da Portaria n.º 220/2015, de 24 de julho) ou
do Anexo (Modelo Reduzido) (cf. Anexo 10 da Portaria n.º 220/2015, de 24 de julho)
de acordo com o normativo utilizado; No caso das microentidades, assegurar que
sejam efetuadas as divulgações obrigatórias quando existam, nomeadamente no
que se refere à Informação Adicional/Complementar (cf. Anexo 18 da Portaria n.º

Divulgação
a terceiros
220/2015, de 24 de julho);

9. Obtenção de informação junto da administração/gestão sobre a confirmação

V.08
anual do beneficiário efetivo para preenchimento do quadro 11 do Rosto e das áreas
dos estabelecimentos para o Anexo R13;

10. Identificar os acontecimentos marcantes que devem ser declarados no quadro


10 da IES;

11. No âmbito das partes relacionadas e outras participações, devem à data de


prestação de contas possuir evidência de alterações atendendo à informação atua-
lizada constante na certidão permanente;

12. Atender às exigências extra contabilísticas que possam ser objeto de divulga-
ção obrigatória (por exemplo: Benefícios Fiscais utilizados no período de prestação 59

de contas) e efetuar as devidas divulgações;

13. O n.º 8 do artigo 4.º do referido diploma do SNC estabelece que a aplicação
das normas internacionais de contabilidade não prejudica que, para além das in-
formações e divulgações inerentes a estas normas, as entidades abrangidas sejam
obrigadas a divulgar outras informações previstas na legislação nacional, pelo que
devem ser verificadas essas exigências;

14. Verificar a conformidade do ficheiro que contem os documentos da prestação


de contas de acordo com as instruções dos modelos, sempre que seja obrigatório
ser submetidos;

15. Verificar se foi elaborado o relatório de gestão para prestar essa informação no
quadro 08 do Anexo A da IES;

16. Ter na sua posse o certificado legal das contas e o parecer do órgão de fisca-
lização, quando aplicável, por forma a dar cumprimento às exigências de registo
Ordem dos Contabilistas Certificados

sobre esta matéria (quadro 08 do Anexo A da IES). Caso não esteja na possa dessa

13
https://www.occ.pt/pt-pt/noticias/rcbe-confirmacao-anual

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

informação, deverá ter um documento justificativo da não emissão do certificado


legal das contas e o parecer;

17. Após a emissão da certificação legal das contas, proceder à verificação se foram
emitidas reservas ou ênfases e se as mesmas se encontram legíveis e completas
para o registo da prestação de contas (quadro 08 do Anexo A da IES);
Divulgação
a terceiros

18. No caso de falta ou atraso na submissão da IES, verificação dos factos que
determinaram o incumprimento e validar a possibilidade de acionar o justo impedi-
V.08

mento. Nas situações em que o atraso ou a falta de entrega não lhes seja imputável
a qualquer título, devem comunicar até 30 dias após o termo do prazo de entrega
da declaração, à Autoridade Tributária e Aduaneira as razões que impediram o cum-
primento atempado da obrigação (cf. n.º 3 do artigo 8.º do RGIT).

60

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

8.3. Divulgação à Autoridade Tributária e Aduaneira

O legislador determinou o cumprimento por parte das sociedades de muitas obri-


gações de natureza fiscal, que se traduzem na submissão de diversa informação
à Autoridade Tributária e Aduaneira, como é o caso da submissão da IES. Através
desta declaração, é possível divulgar através dos anexos de índole fiscal diversas

Divulgação
a terceiros
informações.

Contudo, e de grande importância, é de facto a entrega da declaração periódica de

V.08
rendimentos (declaração Modelo 22), que além do apuramento do imposto a pagar,
espelha as diferenças existentes entre a contabilidade e a fiscalidade.

A submissão da declaração Modelo 22, prevista no artigo 120.º do CIRC, é da


competência do contabilista certificado, pelo que é fundamental preparar essa
informação para que seja corretamente divulgada junto da Autoridade Tributária
e Aduaneira.

Verificar informação detalhada sobre Modelo 22 no volume IV.

61
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

8.4. Divulgação à Inspeção-Geral de Finanças -


Autoridade de Auditoria (IGF)

As sociedades gestoras de participações sociais (SGPS) devem comunicar anual-


mente à Inspeção-Geral de Finanças - Autoridade de Auditoria (IGF), até dia 30 de
junho, o inventário das partes de capital incluídas nos investimentos financeiros
Divulgação
a terceiros

constantes do último balanço aprovado, (cf. n.º 2 do art.º 9.º do Decreto-Lei n.º
495/88, de 30 de dezembro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º
318/94, de 24 de dezembro e pelo Decreto-Lei n.º 378/98, de 27 de novembro),
V.08

através de plataforma eletrónica disponibilizada para o efeito.

Os procedimentos de registo e comunicação podem ser consultados em https://


www.igf.gov.pt/14.

Nos casos em que as comunicações sejam efetuadas pelos contabilistas certifi-


cados, devem ser indicados os endereços eletrónicos para contacto direto dos
gerentes/administradores das SGPS.

Acresce ainda referir que as Sociedades de Gestão e investimento imobiliário (SGII)


estão sujeitas à supervisão da Inspeção-Geral de Finanças, a quem devem, anual-
62
mente, até 30 de abril, enviar o relatório e contas do ano anterior (cf. artigo 13.º do
Decreto-Lei n.º 135/91, de 4 abril, alterado pela Lei n.º 51/91, de 3 de agosto e pela
Lei n.º 2/92, de 9 de março).

Ordem dos Contabilistas Certificados

14
https://www.igf.gov.pt/deveres-de-comunicacao/sgps-interna.aspx

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8.5. Divulgação ao Tribunal de Contas

As entidades mencionadas no artigo 2.º da Lei n.º 98/97 de 26 de agosto, que


sofreu várias alterações, a última das quais pela Lei n.º 12/2022, de 27 de junho
(Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas) sujeitas à jurisdição e aos
poderes de controlo financeiro do Tribunal de Contas, são obrigadas à elaboração

Divulgação
a terceiros
e prestação de contas.

A prestação de contas deve ser remetida ao Tribunal de Contas até 30 de abril

V.08
do ano seguinte àquele a que respeitam, sem prejuízos das contas consolidadas
serem remetidas até 30 de junho, para verificação interna e externa (cf. artigo 52.º
do mesmo diploma).

De salientar que estão ainda sujeitas à jurisdição e ao controlo financeiro do Tri-


bunal de Contas as entidades de qualquer natureza que tenham participação de
capitais públicos ou sejam beneficiárias, a qualquer título, de dinheiros ou outros
valores públicos, na medida necessária à fiscalização da legalidade, regularidade
e correção económica e financeira da aplicação dos mesmos dinheiros e valores
públicos.

63
De referir que existem ESNL que estão sob a jurisdição e controlo financeiro do
Tribunal de Contas. Estas entidade são obrigadas à aplicação da Norma Conta-
bilística e de Relato Financeiro para as Entidades do Setor não Lucrativo (SNC
-ESNL) devem, independentemente do seu regime jurídico e natureza, pres-
tar contas ao Tribunal de Contas, por transmissão eletrónica de dados, em
https://econtas.tcontas.pt/extgdoc/login/login.aspx.
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8.6. Divulgação à Comissão do Mercado de Valores


Mobiliários

As entidades com valores detidos à negociação em mercado regulamentado estão


obrigadas a prestar contas, bem como outras informações, à Comissão do Mercado
de Valores Mobiliários.
Divulgação
a terceiros

Recentemente foram revogados ao Decreto-Lei n.º 486/99, de 13 de novembro, os


artigos que continham as obrigações de prestação de contas, tendo sido aditados
V.08

pela Lei n.º 99-A/2021, de 31 de dezembro, os seguintes artigos:

Artigo 29.º-G - Relatório e contas anuais;

Artigo 29.º-H - Relatório anual sobre governo das sociedades;

Artigo 29.º-I - Relatório sobre os pagamentos efetuados a Administrações Pú-


blicas;

Artigo 29.º-J - Informação semestral;

64
Artigo 29.º-K - Outras informações.

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8.7. Divulgação ao Gabinete de Estratégia e Planeamento

8.7.1. Relatório único

Embora não seja da competência do Contabilista Certificado, muitos são os casos


em que a obrigação da entrega do Relatório Único sobre este recai. Este relatório

Divulgação
a terceiros
consiste na divulgação de informação sobre a atividade social da empresa, que se
encontra a cargo dos empregadores (empresas com trabalhadores ao abrigo do
Código do Trabalho), com conteúdo e prazo de apresentação regulados na Por-

V.08
taria n.º 55/2010, de 21 de janeiro. É enviado anualmente, geralmente entre 16 de
março e 15 de abril do ano seguinte, por transmissão eletrónica de dados, através
do seguinte site: https://www.relatoriounico.pt/ru/login.seam, sendo os dados
fornecidos geridos pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento.

65
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Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

8.8. Divulgação à Segurança Social

As Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e equiparadas são obri-


gadas a preparar as contas do exercício (artigo 14.º-A do Decreto-Lei n.º 119/83, de
25 de fevereiro) de acordo com o Regime da Normalização Contabilística para as
entidades do setor não lucrativo, sendo aprovadas pelos respetivos órgãos nos
Divulgação
a terceiros

termos estatutários.

O Contabilista Certificado deve estar particularmente atento a todas as envolven-


V.08

tes do negócio que, de uma forma ou de outra, afetem procedimentos contabilísti-


cos ou possam vir a afetar as demonstrações financeiras.

As contas anuais e outros documentos devem ser submetidos, até 31 de maio do


ano seguinte, por via eletrónica, através da aplicação OCIP, obrigatoriamente atra-
vés do seguinte site: https://app.seg-social.pt/ocip/Login.jsp

66

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Volume V. Prestação de Contas


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8.9. Pontos-chave

• A Informação Empresarial Simplificada (IES) agrega num único ato o cumprimento


de 4 seguintes obrigações (fiscais, prestação de contas, estatística e obrigação no
combate ao branqueamento de capitais.

Divulgação
a terceiros
• A obrigação fiscal corresponde à submissão da declaração anual de informação
contabilística e fiscal dos vários impostos (IRC, IRS, IVA e Imposto do Selo), bem
como de obrigações acessórias (regime de transparência fiscal, preços de transfe-

V.08
rência, regimes particulares de IVA, etc.).

• A obrigação de prestação de contas corresponde ao depósito e registo dos do-


cumentos de prestação de contas na conservatória do registo comercial para as
entidades a isso obrigadas.

• A obrigação estatística corresponde a disponibilizar informação ao INE, banco de


Portugal e DGAE, substituindo alguns relatórios anuais anteriormente solicitados
por essas entidades.

• A obrigação no combate ao branqueamento de capitais consiste na possibilidade


67
de efetuar a confirmação anual do beneficiário efetivo.

• A prestação de contas das IPSS é efetuada através do OCIP (Segurança Social).


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Volume V. Prestação de Contas


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8.10. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A


Obteve todos os elementos de prestação de contas, contabilísti-
cos e fiscais, e outros para a submissão atempada da IES?
Submeteu a IES dentro do prazo legal?
Divulgação
a terceiros

Verificou todos os anexos obrigatórios da IES a submeter?


Submeteu a prestação de contas e outros documentos económi-
V.08

cos e financeiros da IPSS através do OCIP de forma atempada?


Observações

68

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

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Volume V. Prestação de Contas


V.09
Guia de Boas Práticas Profissionais

Entidades do setor não lucrativo

9.1. Enquadramento em IRC

As entidades do setor não lucrativo são consideradas como sujeitos passivos de


IRC, que não exercem, a título principal, atividade comercial, industrial ou agrícola.

Por essa razão, estas entidades nunca entregam o Anexo A (ou anexo A2), B ou C,
bem como os anexos R, S ou T da IES.

setor não lucrativo


Quanto ao IRC, em termos de determinação do rendimento tributável, imposto a
pagar e obrigações declarativas, os procedimentos são substancialmente distintos

Entidades do
de outros sujeitos passivos deste imposto, como por exemplo, das empresas.

Para se atender aos procedimentos e obrigações declarativas de IRC dessas entida-

V.09
des, há, em primeiro lugar, que identificar o tipo e natureza de rendimentos obtidos
em cada período de tributação, bem como do enquadramento fiscal da entidade 69
em causa, nomeadamente a identificação de isenções que se lhe possam aplicar
em função da natureza da própria entidade e dos rendimentos que obtém.

Identificados os rendimentos obtidos, há que efetuar a respetiva classificação


quanto à sujeição a IRC, dividindo-os entre rendimentos não sujeitos, rendimentos
isentos e rendimentos tributáveis.

Esta identificação e compartimentação do tipo de rendimentos obtidos são funda-


mentais para se aferir das obrigações declarativas em sede de IRC.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

9.2. Obrigações declarativas de IRC

- Rendimentos não sujeitos: quotas definidas nos estatutos e subsídios destinados


a financiar a realização dos fins estatutários;

Estes rendimentos não sujeitos não são incluídos em qualquer declaração fiscal de
IRC (Modelo 22 ou Anexo D da IES);

- Rendimentos isentos: rendimentos abrangidos pelas isenções do artigo 10.º e 11.º,


doações de bens imediata e diretamente afetos à atividade estatutária, EBF e outra
legislação avulsa (concordata com Santa Sé, Lei da Liberdade Religiosa);

Estes rendimentos são incluídos no Anexo D da Modelo 22 (quadro 03) e no campo


324 do Quadro 09 da Folha de Rosto da Modelo 22, se forem positivos;
setor não lucrativo
Entidades do

- Rendimentos tributáveis: os restantes rendimentos obtidos, não enquadráveis


na não sujeição ou isenções de IRC, incluindo incrementos patrimoniais obtidos a
título gratuito não isentos;
V.09

Estes rendimentos devem ser determinados de acordo com as regras das catego-
70
rias de IRS, sendo incluídos e declarados no Anexo D da IES.

Desde logo, há a salientar que as entidades do setor não lucrativo apenas terão de
submeter o Anexo D da IES quando obtenham no ano rendimentos tributáveis em
sede de IRC.

Adicionalmente, estas entidades do setor não lucrativo são obrigadas à entrega do


Anexo H da IES, quando tenham efetuado operações com entidades relacionadas
residentes ou não residentes, com entidades sedeadas em paraísos fiscais ou te-
nham obtido rendimentos no estrangeiro.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Ordem dos Contabilistas Certificados

Quadro de apuramento da matéria coletável

Não tributáveis Tributáveis


Doações e
Rendimentos Total Não sujeitos Isentos Empresariais Prediais Capitais Mais-valias Total
outros
Quotas associados
Subsídios afetos à atividade estatutária
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Prestações de serviços
Transmissões de bens
Rendas de imóveis
Juros de depósitos
Doações
Total (1)
Gastos
Específicos
Total (2)
Rendimento global (1) - (2)
Gastos comuns
N.º 7 do artigo 53.º do CIRC
Matéria coletável

Volume V. Prestação de Contas


71

Entidades do
V.09 setor não lucrativo
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9.3. Enquadramento e obrigações em IVA

Nos termos do n.º 3 do artigo 29.º do CIVA, estão dispensados de entregar os Ane-
xos L e M os sujeitos passivos que pratiquem exclusivamente operações isentas
sem direito à dedução (artigo 9.º e artigo 53.º do CIVA). O Anexo N não fica aqui
dispensado pois é entregue por entidades que não estejam enquadradas em regi-
me de isenção (artigo 9.º ou 53.º).

Se a entidade do setor não lucrativo exercer exclusivamente atividades isentas sem


direito à dedução de IVA está dispensada de entregar o Anexo L e M.

Se essa entidade estiver enquadrada no regime normal ou misto de IVA é obrigada


a entregar o Anexo L (e Anexo M, caso efetue operações em espaços geográficos
diferentes da sede).
setor não lucrativo
Entidades do

Estão também dispensadas da entrega do Anexo O, as entidades com sede ou es-


tabelecimento em território nacional.

O Anexo P é obrigatoriamente entregue por estas entidades do setor não lucrativo,


V.09

estejam enquadradas no regime normal, misto ou de isenção para efeitos de IVA,


72
desde que tenham realizado operações com incidência real em IVA, com fornece-
dores de valor superior a 25.000 euros, no ano anterior.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


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9.4. Enquadramento e obrigações em Imposto do Selo

As entidades do setor não lucrativo são obrigadas à entrega do Anexo Q , quando:

- Tenham liquidado Imposto do Selo no ano em causa;

- Ou detenham imóveis a 31/12 desse ano, desde que possuam contabilidade


organizada.

setor não lucrativo


Entidades do
V.09
73
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

9.5. Prestação de contas

As entidades do setor não lucrativo não estão sujeitas a registo de prestação de


contas na conservatória, como por exemplo, as associações, fundações, entidades
religiosas, IPSS e outras entidades.

Todavia, existem outras entidades que são obrigadas a prestar contas a determi-
nadas entidades oficiais ou indicadas legalmente, mas não na Conservatória do
Registo Comercial.

As fundações e associações, às quais foi atribuído o estatuto de utilidade pública,


nos termos da Lei-quadro Lei n.º 36/2021, de 14 de junho, que veio substituir o De-
creto-Lei n.º 460/77, de 7 de novembro, com redação do Decreto-Lei n.º 391/2007,
de 13 de dezembro, são obrigadas a entregar a prestação de contas na Secretaria-
setor não lucrativo

-Geral da Presidência do Conselho de Ministros, através do sítio de internet: http://


Entidades do

www.sg.pcm.gov.pt/

Estas entidades, sendo sujeitos passivos de IRC que não exercem, a título principal,
atividade comercial, industrial ou agrícola, não entregam o Anexo A, nem efetuam
V.09

a prestação de contas à referida entidade através da submissão da IES.


74

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

9.6. Pontos-chave

• As entidades do setor não lucrativo são sujeitos passivos de IRC que não exercem
a título principal atividade comercial, industrial ou agrícola.

• O IRC é determinado pelo rendimento global, que é determinado pela soma al-
gébrica dos rendimentos líquidos dos rendimentos tributáveis determinados de
acordo com as regras das categorias do IRS.

• É necessário identificar e compartimentalizar os diferentes rendimentos obtidos


pelas ESNL, efetuando a separação entre rendimentos não sujeitos, isentos e tribu-
táveis em termos de IRC.

• As ESNL não submetem o Anexo A da IES (não efetuam prestação de contas atra-

setor não lucrativo


vés da IES), podendo submeter o Anexo D da IES caso obtenham rendimentos tri-

Entidades do
butáveis em IRC.

• Os rendimentos isentos positivos são declarados no Anexo D da Modelo 22 e no


quadro 09 dessa declaração.

V.09
75
• A prestação de contas pode ser efetuada através da submissão no site do SGPCM
(entidades com estatuto de utilidade pública), no OCIP (IPSS).
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


Guia de Boas Práticas Profissionais

9.7. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A


Efetua a identificação e separação dos vários rendimentos,
compartimentalizando por rendimentos não sujeitos, isen-
tos e tributáveis?
Cumpriu com as obrigações declarativas da IES e Modelo
22 da ESNL?
A matéria coletável determinada no quadro 07 do Anexo D
da IES é indicado no Anexo 9 da Modelo 22?
Submeteu a prestação de contas e outros documentos eco-
nómicos e financeiros da IPSS através do site da SGPCM de
forma atempada?
setor não lucrativo

Observações
Entidades do
V.09

76

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume V. Prestação de Contas


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Guia de Boas Práticas Profissionais

VI
Outras
Competências

2023
Guia de Boas Práticas Profissionais

FICHA TÉCNICA

GUIA DE BOAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS

Volume VI: Outras Competências

Autoria da Ordem dos Contabilistas Certificados com a colaboração de vários autores

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2023


Ordem dos Contabilistas Certificados

Não é permitida a utilização desta Coleção, para qualquer outro fim que não o
indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certifi-
cados, entidade que detém os direitos de autor.

Volume VI. Outras Competências


Índice
Apresentação 5
Introdução 9

VI.01 Recursos Humanos 11


1.1. Enquadramento 11
1.2. Processamento de salários 13
1.2.1. Procedimentos de conferência mensal (antes do processamento) 13
1.2.2. Procedimentos de conferência mensal (após o processamento) 14
1.2.3. Procedimentos de conferência anual (final do período de tributação) 15
1.3. Declarações Mensais de Remunerações (DMR) 16
1.4. Admissão e Cessação de Colaboradores na Segurança Social 17
1.5. Dossier do Processamento de Salários, e a sua atualização permanente em virtu- 18
de de alterações dos trabalhadores 3
1.6. Relatório único 19
1.7. Pontos-chave 20
1.8. Autoavaliação 21

VI.02 Certificação de Informação 23


2.1. Certificação de Créditos de Cobrança Duvidosa ou Incobráveis de IVA 23
2.1.1. Modelo de Relatório de Certificação 24
2.1.2. Modelo de Relatório de certificação do CC relativo ao PAP de IVA 26
2.1.3. Modelo de Relatório de certificação do CC relativo a créditos incobráveis de IVA 28
2.2. Aumentos de Capital 31
2.2.1. Entradas em Dinheiro 32
2.2.2. Entradas em Espécie 32
2.3. Prestações acessórias ou suplementares 34
2.4. Cobertura de prejuízos 35
2.4.1. Modelo de declaração de conversão de suprimentos para cobertura de prejuízos 36
2.5. Outras certificações 38
Ordem dos Contabilistas Certificados

2.6. Pontos-chave 39
2.7. Autoavaliação 40

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

VI.03 Consultoria e planeamento fiscal 41


3.1. Enquadramento 41
3.2. Emissão de parecer 43
3.3. Defesa de Pretensões Fiscais - Reclamações 44
3.4. Planeamento Fiscal 46
3.5. Emissão e comunicação de documentos de transporte 48
3.6. Pontos-chave 49
3.7. Autoavaliação 50

VI.04 Contabilidade de gestão 51


4.1. Enquadramento 51
4.2. Pontos-chave 53
4.3. Autoavaliação 54

VI.05 Candidaturas e projetos 55


5.1. Enquadramento 55
5.2. Pontos-chave 57
5.3. Autoavaliação 58
4
VI.06 Novas áreas de negócio 59
6.1. Enquadramento 59
6.2. INTRASTAT 60
6.3. Comunicação de Operações e Posições com o Exterior (COPE) 61
6.4. Comunicação do inventário das partes de capital das sociedades SGPS 62
6.5. Comunicação Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção 63
(IMPIC)
6.6. Pontos-chave 64
6.7. Autoavaliação 65

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

Apresentação
O sucesso nasce do querer, do trabalho persistente, do empenho constante, da
união, do espírito de equipa, da motivação altruísta e alegria para se alcançar o
objetivo traçado. Por mais ambiciosos que sejam os objetivos, com a atitude cor-
reta, conseguimos alcançar os nossos sonhos. É este o mote de mais um grande
projeto da Ordem dos Contabilistas Certificados, diria mesmo, o grande projeto da
Ordem para a reformulação, reorganização e reconstrução das bases necessárias
para mais uma elevação da profissão de Contabilista Certificado.

Hoje, temos uma Ordem presente na vida dos seus membros, disponível para os
apoiar profissional, técnica, pessoal e socialmente. Uma Ordem transparente, ri-
gorosa e financeiramente saudável. Uma Ordem com a maior notoriedade social e
política. Uma Ordem que regula uma profissão de interesse público, valorizando-a
e apoiando os membros no cumprimento dos seus deveres e obrigações profissio-
nais. Uma Ordem que reforçou o quadro normativo para o exercício da profissão.
5

Os profissionais são hoje, inegavelmente, os agentes económicos mais capacita-


dos e que melhor apoiam e mais valor acrescentam ao tecido empresarial. Somos
profissionais de interesse público numa sociedade civil cada vez mais exigente em
termos sociais, ambientais e de governance. Somos vistos pela sociedade civil,
tecido empresarial e poder político, como os mais confiáveis, tecnicamente co-
nhecedores e qualificados profissionais nas áreas económica e financeira. Somos
os agentes que permanentemente acrescentam valor aos seus clientes e que mais
rapidamente encontram soluções para os problemas e questões dos contribuintes.
Somos agentes de interesse e fé pública, sinónimo de transparência e credibilida-
de, o nosso valor é incomensurável.

Hoje, não somos meros homens e mulheres de contas, mas homens e mulheres
integrados na dinâmica de uma sociedade em constante mudança. Somos uma
profissão de interesse público, e isso significa que, no exercício das nossas funções,
o trabalho que produzimos influencia toda a sociedade nos seus mais variados inte-
resses, isto é, financeiros, ambientais, sociais, de boa gestão, familiares e lúdicos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Devemos exaltar a nossa profissão, devemos orgulhar-nos do que representamos


para o tecido empresarial e a sociedade, devemos valorizar a nossa carteira profis-
sional, os nossos conhecimentos, qualificações e valor acrescentado.

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

Paralelamente, temos de nos preocupar cada vez mais com as consequências que o
nosso trabalho tem nos mais diferentes níveis, perspetivas e setores da sociedade.
Temos e devemos querer ter ainda mais responsabilidade ambiental, social e de
boa gestão.

Reinventámos a nossa profissão. Reorganizámo-nos. Reforçámos o nosso interes-


se público. Triplicámos a nossa reputação. Reposicionámo-nos e hoje, melhor que
nunca, podemos olhar em frente conscientes e motivados que, por maior que seja
o desafio, temos as ferramentas e conhecimentos necessários para os ultrapassar.

À Ordem, cumpre acompanhar os seus membros, percebendo, com perspicácia,


imparcialidade e isenção técnica, emocional e política, qual a melhor orientação
para a profissão. Como entidade que regula a profissão, cumpre à Ordem defender
os seus membros e o valor do trabalho que estes produzem com base no interesse
público da profissão, deixando de lado quaisquer outros interesses.

Cientes do atual cenário profissional e dos desafios que temos pela frente, lança-
mos o projeto Guia de Boas Práticas Profissionais, uma verdadeira revolução para
a nossa profissão, uma ferramenta que pretende dotar todos os contabilistas cer-
tificados dos conhecimentos, conselhos e dicas, que permitam aos profissionais
6 crescer para novos patamares de excelência.

Este guia fornece orientação prática para os contabilistas certificados por forma
a que estes consigam melhor gerir as suas práticas profissionais e os seus negó-
cios, para terem melhores condições de vida pessoal e profissional e operarem de
forma mais lucrativa, feliz, competitiva, ética, sustentável e valorizada. Elaborado
com uma forte componente prática, este guia apresenta casos para ilustrar noções,
listas e exercícios de autoavaliação, tabelas, conceitos e orientações para as boas
práticas profissionais sendo uns legalmente obrigatórios e outros facultativos, que
tendem à valorização do profissional, da sua prática e do seu negócio.

Seguindo este guia, os contabilistas certificados podem melhor construir um am-


biente propício à prestação de serviços de alta qualidade e assim reforçamos nova-
mente junto de toda a sociedade o nosso valor e interesse público.

Destinando-se a todos os profissionais, independentemente da idade, qualifica-


ções ou modelo em que exercem a profissão, o Guia deve ser lido, estudado, im-
plementado e consultado diariamente, sempre tendo em vista o aperfeiçoamento
Ordem dos Contabilistas Certificados

contínuo do profissional e das boas práticas profissionais.

O Guia cobre uma gama diversificada de tópicos, tanto estratégicos como ope-
racionais, com maior detalhe nas matérias que, nesta primeira edição, entende-

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

mos ser mais relevantes para a profissão e os seus membros. Organizado em dez
volumes, o Guia foi projetado para ser o mais independente possível entre cada
volume, permitindo a sua utilização individual sempre sem afastar a interligação e
relação global de toda a coleção.

Assim, o Guia apresenta a seguinte estrutura: I. Relação do Contabilista com a Ordem


e com os Colegas; II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente; III.
Relato Financeiro; IV. Competências Exclusivas - Declarações Fiscais; V. Prestação de
Contas; VI. Outras Competências; VII. Gestão de Riscos; VIII. Controlo sobre a Ativida-
de; IX. Gestão de Recursos Humanos; X. Gestão Estratégica e Orçamental.

No volume I, dá-se articular atenção às funções do Contabilista Certificado, ao se-


guro de responsabilidade civil profissional, formação profissional contínua, respon-
sabilidade disciplinar e ao relacionamento entre colegas. No volume II, olhamos
detalhadamente para a política de comunicação e publicidade, modos de exer-
cício da atividade, processo de estimativa da avença/honorários, justo impedi-
mento e relacionamento com os vários intervenientes na relação profissional dos
contabilistas certificados. No volume III, entramos na determinação do normativo
contabilístico, planos de contas, procedimentos de organização e controlo conta-
bilísticos, demonstrações financeiras e consolidação de contas. No volume IV, o
7
guia apresenta tudo o que os membros precisam de saber sobre as obrigações de-
clarativas fiscais correntes e não correntes, o dossier fiscal e o dossier de preços de
transferência. No volume V, temos tudo sobre o processo de prestação de contas,
relato financeiro, de gestão, não financeiro, integrado, certificação legal de con-
tas e entidades do setor não lucrativo. Avançando para o volume VI, entramos na
área dos recursos humanos, certificação de informação, consultoria e planeamento
fiscal, gestão, projetos e outras novas áreas de negócio. No volume VII, tratamos
o registo central do beneficiário efetivo, o risco de branqueamento de capitais e
financiamento do terrorismo e os riscos inerentes à segurança e saúde no traba-
lho, recursos humanos, dados pessoais até ao risco reputacional e societário. No
volume VIII, abordamos o controlo interno, desempenho, gestão e produtividade
da atividade. No volume IX, apresentamos detalhada informação sobre a gestão de
recursos humanos no escritório de contabilidade, políticas salariais, formação de
trabalhadores e contraordenações laborais. Por fim, no último volume, o X, aborda-
mos a gestão estratégica e orçamental.

Cada volume foi construído especialmente para os contabilistas certificados e ten-


do em consideração os conhecimentos e experiência padrão da classe. O con-
Ordem dos Contabilistas Certificados

teúdo é projetado para o seu estudo, autoavaliação, implementação concreta de


melhores práticas profissionais e posterior monotorização e acompanhamento das
mesmas.

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

Com base neste Guia, a Ordem desenvolverá vários programas de formação pro-
fissional contínua, de presença obrigatória, em diferentes modelos e ambientes,
proporcionando a todos os contabilistas certificados as melhores condições para
uma evolução profissional do membro e do seu negócio.

Posteriormente, serão desenvolvidos e disponibilizados a todos os contabilistas


certificados, programas e ferramentas de acompanhamento e monitorização da
implementação das melhores práticas previstas neste Guia. Estes programas de
Certificação de Qualidade serão pedagógicos e terão como objetivo apoiar os
membros na elevação dos padrões de qualidade da nossa profissão.

Este Guia é o novo desafio que lanço a toda a nossa classe, o primeiro passo para
um novo e melhor enquadramento profissional, é o mote para começarmos a cons-
truir mais um capítulo na já riquíssima história da nossa profissão. Com este Guia
como farol, estou certa que continuaremos a acentuada tendência de crescimento
profissional e que conseguiremos elevar a nossa profissão mais um patamar na já
elevada escala de excelência profissional em que nos encontramos.

Paula Franco, Bastonária


8

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Introdução
Guia de Boas Práticas Profissionais

Outras Competências

O volume de Outras Competências compreende a abordagem profissional a seguir


em áreas que não são da competência exclusiva do Contabilista Certificado, mas
que correspondem a serviços contratados na qualidade de profissional habilitado
à sua prestação.

O objetivo deste capítulo é dar nota dos procedimentos a adotar para garantir não
só o cumprimento das obrigações contratualmente assumidas como a gestão dos
riscos associados à execução das tarefas em causa.

Tratando-se de áreas que, pela sua sua habitualidade e relevância para o negócio
do Contabilista Certificado, justificam que aqui se deixem orientações na execução
destas tarefas.

A área de recursos humanos, na vertente do processamento de salários, é aquela a


que é dedicada uma maior atenção na vertente da sua interação com a contabili-
dade, devendo também ser lida em articulação com o capítulo III. 9

Os múltiplos serviços de certificação exigem procedimentos e relatórios especí-


ficos, alguns dos quais padronizáveis e dos quais se juntam minutas, mas outros
obrigam à elaboração de planos específicos de trabalho, que devem ser definidos
para em função das necessidades do trabalho contratado.

Os serviços elencados no presente capítulo não esgotam os que podem ser contra-
tados, fornecendo indicações para os mais comummente solicitados pelos clientes.

Tal como no capítulo II, a ênfase deste capítulo é colocada na gestão da relação
contratual e do risco, aplicando-se os mesmos procedimentos relativamente à ne-
gociação, contratação, contratualização, execução e monitorização dos serviços
relativos às competências exclusivas estatutariamente definidas.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


[Página propositamente deixada em branco]
VI.01
Guia de Boas Práticas Profissionais

Humanos
Recursos
VI.01
Recursos Humanos

1.1. Enquadramento

A importância da Gestão de Recursos Humanos no meio empresarial e na Socie-


dade em geral surge de forma lógica pelo facto de se tratar de uma ferramenta
estratégica no desenvolvimento e consolidação das organizações, mas também
pela contrapartida decorrente do trabalho prestado pelos colaboradores, nomea-
damente a remuneração que lhes é devida.

O processamento de salários é, por isso, uma prática mensal obrigatória para todas
as empresas que, em muitos dos casos, acaba por ser assegurada pelo CC, a não
ser que a organização disponha de um departamento interno para o efeito ou opte
por subcontratar empresas/entidades especializadas nas matérias relacionadas
com a Gestão dos Recursos Humanos.

11
As relações de trabalho são regidas e contratualizadas segundo o previsto no Códi-
go de Trabalho, no Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de
Segurança Social e de determinadas Convenções Coletivas acessíveis e atualizadas
no Boletim do Trabalho e do Emprego.

Atualmente, o processamento de salários é informatizado com recurso a software


especializado, pelo que normalmente, engloba as seguintes atividades:

• Abertura de fichas de colaboradores;

• Automatização de pagamentos por transferência bancária;

• Gestão de férias, feriados e faltas com integração direta no processamento


de salários;

• Criação de mapas oficiais, relatório único e relatórios para entidades segura-


doras;
Ordem dos Contabilistas Certificados

• Vasto leque de análises possíveis do absentismo e outros indicadores relevantes;

• Listagens e relatórios configuráveis por utilizador;

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais
Humanos
Recursos
VI.01

• Configuração de funções a serem realizadas automaticamente;

• Fichas de colaboradores personalizáveis com informação adicional;

• Integração na contabilidade;

• Cálculo de duodécimos e descontos se aplicável;

• Simulações de vencimentos ou aumentos;

• Criação de alertas e notificações definidos individualmente ou por grupo de


utilizadores;

• Integração com outras plataformas ou sistemas (portais web, gestão de assi-


duidades).

O processamento de salários implica sempre a gestão de dados pessoais, como


por exemplo, aqueles que constam no cartão de cidadão, os relacionados com
justificação de faltas, controlos de assiduidade e cumprimento de horários.

12 Os avanços tecnológicos acabam por permitir a circulação destes dados pessoais


na União Europeia, bem como a sua transferência para países terceiros e organi-
zações internacionais, o que exige cada vez mais que se adotem medidas de alto
nível para a proteção de dados pessoais. Só através deste sistema sólido de se-
gurança é possível gerar a confiança necessária ao desenvolvimento da economia
digital, num mercado cada vez mais globalizado. Deste modo, os CC devem sem-
pre ter em atenção o Regulamento Geral de Proteção de Dados no tratamento dos
dados pessoais dos colaboradores que laboram nas empresas dos seus clientes.

Acerca desta temática, pode ainda ser consultado o manual da ação de formação da
Ordem dos Contabilistas Certificados, com a designação “Implementação do RGPD
e segurança da informação”, disponível em occ.pt (materiais de apoio à formação).

Por fim, nenhum trabalhador pode ser admitido a exercer determinada ativida-
de sem estar segurado em caso de acidente de trabalho. Desta forma, exige-se
sempre o número da apólice de seguro aquando da admissão do trabalhador e
consequente abertura da ficha de colaborador. A exigência de um seguro em caso
de acidente de trabalho está prevista no regime jurídico dos acidentes de trabalho,
Ordem dos Contabilistas Certificados

conforme a Portaria n.º 256/2011, de 5 de julho, que aprova a parte uniforme das
condições gerais da apólice de seguro obrigatório de acidentes de trabalho para
trabalhadores por conta de outrem, bem como as respetivas condições especiais
uniformes, bem como no próprio contrato de trabalho.

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

Humanos
Recursos
1.2. Processamento de salários

VI.01
O processamento de salários rege-se por normas específicas do Código do IRS,
Código de Trabalho, do Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial
de Segurança Social e de determinadas Convenções Coletivas acessíveis e atualiza-
das no Boletim do Trabalho e do Emprego.

A consulta da legislação é uma etapa essencial no processamento de salários,


não só porque nela constam os métodos a adotar para esse processamento, mas
também porque apenas através da consulta regular da legislação é possível es-
tar permanentemente atualizado acerca das disposições constantes das normas
laborais e sociais, de forma que o processamento não contenha qualquer erro ou
irregularidade.

Independentemente do normativo contabilístico que possa ser adotado pela enti-


dade, é importante ter em atenção os procedimentos de conferência que abaixo
se evidenciam.

1.2.1. Procedimentos de conferência mensal (antes do processamento)


13

O processamento de salários parte sempre das instruções que são fornecidas pela
entidade empregadora, no caso, partem do cliente. Estas instruções de um modo
geral são enviadas no final ou início de cada mês, dependendo da data em que se
pretende o processamento dos respetivos salários, e devem conter as seguintes
informações:

• Identificação do colaborador;

• N.º de dias de trabalho efetivamente prestado;

• N.º de faltas justificadas, e quais aquelas que serão remuneradas e as que não
o serão;

• N.º de faltas injustificadas;

• N.º de dias de férias;


Ordem dos Contabilistas Certificados

• Atribuição ou não de algum prémio ou outra prestação não regular;

• No caso de atribuição de prémio, indicar a espécie e o valor;

Volume VI. Outras Competências


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Humanos
Recursos
VI.01

• Atribuição de vales sociais (vales infância ou vales educação);

• Pagamento de subsídio de alimentação em dinheiro ou em vales refeição;

• Pagamento de despesas.

Mensalmente, de um modo geral, verificam-se nas empresas novas contratações


de trabalhadores, deste modo, é necessário que se proceda à abertura de fichas
desses novos trabalhadores, não apenas para que os seus dados possam ser in-
seridos no sistema de processamento de salários, mas também para que sejam
admitidos na Segurança Social.

Antes de se iniciar o processamento salarial, com base na informação transmitida


pelo cliente, deve ser aferido se:

- Foram admitidos novos trabalhadores e proceder à abertura de ficha do(s)


trabalhador(es);

- Comunicar à SS a admissão de novos trabalhadores ou a cessação de ativida-


de de algum/alguns trabalhador(es);
14
- Atualizar o dossier dos salários.

1.2.2. Procedimentos de conferência mensal (após o processamento)

Assim, na conferência mensal dos procedimentos relativos ao processamento sala-


rial, importa aferir se:

• O processamento foi efetuado com base nos dados fornecidos pelo cliente e
nos elementos da ficha de colaborador respeitantes à sua situação cadastral;

• Foram aplicadas as disposições previstas no Código do IRS, no Código dos


Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social e de deter-
minadas Convenções Coletivas de Trabalho que possam ser aplicáveis;

• Foram enviados ao cliente os respetivos recibos de vencimento para sua vali-


dação e aprovação;
Ordem dos Contabilistas Certificados

• Foram entregues as respetivas declarações mensais de remunerações à Segu-


rança Social e à Autoridade Tributária e Aduaneira;

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

Humanos
Recursos
VI.01
• Foram enviados ao cliente os documentos de pagamentos do montante das
retenções na fonte de IRS e das contribuições para a Segurança Social.

• Todos os gastos com o pessoal e os impostos (retenções IRS) e as contribui-


ções para a Segurança social (ou subsistema equivalente) se encontram conta-
bilizados.

1.2.3. Procedimentos de conferência anual (final do período de tributação)

Na conferência anual dos procedimentos relativos ao processamento salarial, im-


porta:

• Verificar se estão contabilizados 12 meses de salários mais os subsídios;

• Analisar relativamente à estimativa de férias e subsídio de férias:

- Anulação da estimativa do ano anterior; e,

- Critérios de constituição da estimativa do ano.


15

• Cruzamento e decomposição dos saldos do balancete com o balanço, nomea-


damente se existirem remunerações em dívida aos trabalhadores;

• Análise de saldos devedores e credores e eventual não compensação;

• Verificar eventuais saldos em imparidade;

• Verificar se os impostos (retenções IRS) e as contribuições para a Segurança


Social (ou subsistema equivalente) relativo ao último mês do período em causa
se encontram contabilizados como passivo e refletidos no balanço;

• Analisar requisitos contabilísticos e fiscais relacionados com as gratificações


de balanço, realizações de utilidade social, ajudas de custo e Kms, etc;

• No caso de remunerações diferidas (benefícios de reforma), deve ser verifica-


do se o saldo é adequado e se foi determinado com base em cálculos atuariais
fidedignos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


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Humanos
Recursos

1.3. Declarações Mensais de Remunerações (DMR)


VI.01

Após o processamento dos salários e a sua validação por parte da entidade, devem
ser criados os ficheiros inerentes às declarações mensais de remunerações a entre-
gar pela entidade, nomeadamente:

- A Declaração Mensal de Remunerações a enviar à Autoridade Tributária e


Aduaneira destina-se a declarar os rendimentos do trabalho dependente au-
feridos por sujeitos passivos residentes em território português e respetivas
retenções na fonte, entre outros elementos relativos a esta categoria de rendi-
mentos, que deve ser entregue pelas entidades devedoras daqueles rendimen-
tos, nos termos do disposto na subalínea i) da alínea c) e na alínea d) do n.º 1 do
artigo 119.º do Código do IRS.

O último modelo da declaração mensal de remunerações (DMR) e respetivas ins-


truções de preenchimento foi aprovado pela Portaria n.º 307/2022, de 27 de de-
zembro.

- A Declaração Mensal de Remunerações a enviar à Segurança Social (DRi) des-


tina-se a declarar os rendimentos do trabalho dependente que estão sujeitos
16 a descontos, os tempos de trabalho e a taxa contributiva aplicável, nos termos
do disposto no artigo 40.º do Código dos Regimes Contributivos do Sistema
Previdencial de Segurança Social.

Os documentos comprovativos destas submissões, bem como o draft das decla-


rações entregues devem integrar o arquivo dos documentos de suporte à conta-
bilidade.

Adicionalmente, para que a Autoridade Tributária e Aduaneira possa ter conheci-


mento dos rendimentos obtidos em território português por entidades não resi-
dentes sem estabelecimento estável, bem como para possibilitar algum controlo
sobre as retenções efetuadas pelas entidades pagadoras, foi introduzida na legis-
lação interna (n.º 7 do art.º 119.º do CIRS e art.º 128.º do CIRC) a obrigação de co-
municação dos rendimentos pagos a sujeitos passivos não residentes em território
português, através do preenchimento e envio da declaração Modelo 30.

Assim, caso sejam pagos rendimentos do trabalho dependente a sujeitos passivos


não residentes em território nacional, pode haver lugar à entrega da declaração
Ordem dos Contabilistas Certificados

Modelo 30 até ao fim do 2.º mês seguinte àquele em que ocorreu o pagamento ou
a colocação à disposição dos rendimentos. (ver volume IV)

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

Humanos
Recursos
1.4. Admissão e Cessação

VI.01
de Colaboradores na Segurança Social

As entidades empregadoras são obrigadas a comunicar aos serviços da Segurança


Social competentes a admissão de trabalhadores:

· Nos 15 dias anteriores ao início da produção de efeitos do contrato de trabalho ou,

· Excecionalmente, nas vinte e quatro horas seguintes ao início da atividade,


apenas nos casos de:

- Contratos de muito curta duração (atividades sazonais agrícolas ou realiza-


ção de eventos turísticos) ou

- Prestação de trabalho por turnos.

A comunicação deve ser feita online no serviço Segurança Social Direta.

Deve ser indicado o Número de Identificação da Segurança Social (NISS) se o


houver e a modalidade de contrato de trabalho a termo resolutivo ou sem ter-
mo, a tempo parcial.

As falsas declarações prestadas pelo contribuinte, nomeadamente por não ser


verdadeira a relação laboral comunicada, determina a anulação do enquadra- 17
mento dos trabalhadores.

As entidades empregadoras devem, ainda, entregar uma declaração aos trabalha-


dores ou cópia da comunicação de declaração de admissão, onde conste o respeti-
vo NISS, o número de identificação fiscal (NIF) e a data da admissão do trabalhador.

As entidades empregadoras devem comunicar aos serviços da Segurança So-


cial a suspensão ou a cessação de atividade dos trabalhadores ao seu serviço.

A comunicação deve ser feita, até ao dia 10 do mês seguinte ao da ocorrência


para os trabalhadores por conta de outrem ou equiparados (exceto membros
de órgãos estatutários), através da Segurança Social Direta pelo caminho Em-
prego > Vínculos de trabalhadores > Consultar trabalhadores > Consultar Víncu-
lo > Ver Detalhe > Cessar Vínculo

Devem ser conservados em suporte físico ou digital, sempre que possível, os


documentos que comprovem as comunicações efetuadas junto do Instituto da
Segurança Social.

Acerca dos procedimentos práticos para a comunicação e da cessação dos vínculos


Ordem dos Contabilistas Certificados

dos trabalhadores junto do Instituto da Segurança social, poderá ser consultado o


Guia Prático em https://www.seg-social.pt/documents/10152/14964/1001_inscri-
cao_admissao_cessacao_actividade_tco/064e4aa3-1935-4b28-af4b-2a94352f0f5c

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais
Humanos
Recursos

1.5. Dossier do Processamento de Salários,


VI.01

e a sua atualização permanente em virtude


de alterações dos trabalhadores

O processamento de salários pressupõe uma atualização permanente dos dados


de cada colaborador. Ao longo do mês ou no final de cada mês, é comum o envio
por parte dos clientes de novas informações sobre os seus colaboradores que in-
fluenciam o processamento dos salários. Uma forma de atualização desses dados
é a impressão de todos os e-mails com novas informações enviadas pelos clientes
e o devido arquivo na ficha do respetivo trabalhador, o que torna imperativo a
existência de um dossier para o processamento de salários, seja em suporte físico
ou digital.

O dossier deve ser organizado por clientes, e em cada cliente, ser dividido por em-
presas pertencentes ao mesmo. Em cada empresa, deve existir uma ficha de cada
colaborador que é atualizada mensalmente mediante novas informações transmiti-
das pelo cliente como por exemplo: processos de estágio profissional, alterações
de remuneração, alteração da situação familiar ou alteração do estado civil. Todas
as comunicações com novas informações enviadas pelos clientes são devidamente
arquivadas na ficha do respetivo trabalhador.
18

Existem situações em que a não atualização permanente dos dados do trabalhador


pode originar problemas de difícil resolução, como por exemplo, quando estão
em causa penhoras de salários, em que a entidade empregadora é notificada para
proceder à entrega do valor penhorado ao credor. Nesta situação, caso os dados
não estejam atualizados, pode originar penhoras de valores incorretos (menores
ou mais elevadas do que o devido), ou ainda, o trabalhador já não exercer funções
na empresa, caso em que entidade empregadora deve responder à comunicação,
declarando que o trabalhador já não se encontra a exercer funções na sua empresa,
caso contrário, presume-se que a situação do contrato de trabalho se mantém e,
portanto, a entidade empregadora é responsável pela entrega do valor penhorado.

Estas novas informações podem gerar alterações na Segurança Social, pelo que
devem ser comunicadas quaisquer alterações aos vínculos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


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Humanos
Recursos
1.6. Relatório único

VI.01
O Relatório Único (RU), referente à informação sobre a atividade social da empresa,
constitui uma obrigação anual, a cargo dos empregadores (empresas com traba-
lhadores por conta de outrem), com conteúdo e prazo de apresentação regulados
na Portaria n.º 55/2010, de 21 de janeiro.

Neste sentido, compete aos empregadores prestarem informações sobre: a ativi-


dade da empresa; quadro de pessoal; comunicação de celebração e cessação de
contratos de trabalho a termo; relação dos trabalhadores que prestaram trabalho
suplementar; relatório da formação profissional contínua; relatório anual da ativida-
de dos serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho; Balanço social.

Quando o serviço de submissão do Relatório Único esteja igualmente contratualiza-


do com o CC, pode este apoiar a entidade na sua preparação e submissão junto da
Gabinete de Estratégia e Planeamento (mtsss.gov.pt). Caso não esteja abrangido,
deve contratualizar os serviços adicionais.

Acerca desta temática e dos procedimentos de comunicação, devem ser consulta-


das as FAQ’s disponíveis no portal do Relatório único, em https://www.relatoriou-
19
nico.pt/ru/documents.seam.
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Volume VI. Outras Competências


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Humanos
Recursos

1.7. Pontos-chave
VI.01

• O processamento de salários implica a gestão de dados pessoais, pelo que se


impõe o tratamento desses dados em conformidade com a legislação aplicável,
visando assegurar a segurança da informação tratada.

• É essencial que o contrato de prestação de serviços delimite o âmbito dos servi-


ços a prestar e os demais termos e condições da prestação de serviços, pois está
em causa a assunção de responsabilidade contratual, pelo contabilista, não cober-
ta pelo seguro de responsabilidade civil profissional, já que processamento salarial
não é uma competência exclusiva do contabilista certificado.

• O processamento salarial não é uma competência exclusiva do contabilista certifi-


cado, mas a contratualização destes serviços implica o conhecimento da legislação
fiscal, contributiva e laboral. Em matéria laboral, o contabilista certificado não se
pode substituir a outros profissionais, nomeadamente da área jurídica, devendo
assegurar que obtém as informações relevantes do cliente e dos profissionais con-
tratados pelo cliente para as integrar no processamento salarial.

• O processamento de salários assenta nas informações e instruções que são for-


20 necidas pela entidade empregadora, a quem compete cumprir com a legislação
laboral em vigor.

• É imprescindível estabelecer procedimentos de prestação de informação entre o


contabilista e o cliente que permitam assegurar a receção completa e atempada da
informação para tratamento no processamento salarial.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


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Humanos
Recursos
1.8. Autoavaliação

VI.01
Assunto Sim Não N/A

Verificou se foram seguidos os procedimentos acima descritos em


matéria de processamento salarial desde a recolha da informação
para processamento até ao pagamento dos impostos e contribui-
ções devidos pelo empregador?

Caso tenha sido acordado com o cliente a prestação de servi-


ços de pagamento de impostos e contribuições, a transferir pelo
cliente para o contabilista certificado, verificou se esse serviço se
encontra contratualizado e com os termos e condições em que
ocorre essa prestação de serviços, a qual pressupõe riscos acres-
cidos para ambas as partes?

Verificando-se acréscimos significativos de pessoal, tarefas ad-


ministrativas ou aumento da complexidade do processamento,
o contabilista apresentou ao cliente uma proposta de revisão do
contrato de prestação de serviços, que reflita o tempo e comple-
xidade adicionais despendidos?

Verificando-se que o empregador contrata trabalhadores não re- 21


sidentes ou aos quais se apliquem regimes e taxas especiais, as-
segurou que o cliente se encontra obrigado a prestar informação
cadastral atualizada e correta sobre a situação dos trabalhadores,
antes da sua admissão, sob pena de erros no apuramento das re-
tenções na fonte e contribuições que apenas poderão ser corrigi-
dos subsequentemente por via de reclamações ou procedimentos
extraordinários?

O contabilista assegurou que os serviços contratados com o clien-


te respeitam a atividades que se encontra legalmente habilitado a
exercer, não contratando nem prestando serviços cuja competên-
cia legal esteja incumbida a outros profissionais?

O contabilista assegurou que apenas representa o cliente se e


quando devidamente habilitado para o efeito, pelo que não deve
fornecer os seus dados para representação ou contacto quando
não se encontre habilitado e autorizado para o efeito; se autoriza-
do, deve ter evidência dessa autorização e dos termos em que a
mesma ocorre?
Ordem dos Contabilistas Certificados

Tendo em conta que a responsabilidade emergente da prestação


de serviços nesta área é contratual e não decorrente de obrigação
legal, foram acordadas com o cliente cláusulas de limitação da
responsabilidade adequadas ao risco a assumir?

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais
Humanos
Recursos
VI.01

Assunto Sim Não N/A

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


22

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


VI.02
Guia de Boas Práticas Profissionais

Certificação de Informação

de Informação
2.1. Certificação de Créditos de Cobrança Duvidosa

Certificação
ou Incobráveis de IVA

VI.02
Os artigos 78.º e 78.º-A a 78.º-D do Código do IVA determinam as condições para a
regularização do IVA relativo a créditos incobráveis ou de cobrança duvidosa, bem
como as circunstâncias em que é necessária a certificação de um revisor oficial de
contas (ROC) ou contabilista certificado independente (CCI).

Desde 2013 o sujeito passivo vendedor de bens ou prestador de serviços pode re-
gularizar a seu favor o IVA relativo a créditos que titulem aquelas operações e que
sejam de cobrança duvidosa, considerando-se como tal, aqueles que apresentem
um risco de incobrabilidade devidamente justificado, nomeadamente quando:

- O crédito esteja em mora há mais de 12 meses desde a data do respetivo ven-


cimento e existam provas objetivas de imparidade e de terem sido efetuadas 23
diligências para o seu recebimento; ou,

- O crédito esteja em mora há mais de seis meses desde a data do respetivo


vencimento, o valor do mesmo não seja superior a (euro) 750, IVA incluído, e o
devedor seja particular ou sujeito passivo que realize exclusivamente operações
isentas que não confiram direito à dedução.

Desta forma, atualmente os sujeitos passivos podem deduzir o imposto respeitante


a créditos considerados de cobrança duvidosa, evidenciados como tal na contabi-
lidade, bem como o respeitante a créditos considerados incobráveis.

Em qualquer uma das situações é exigida a certificação por revisor oficial de contas
(ROC) ou contabilista certificado independente (CCI).

A identificação da fatura relativa a cada crédito de cobrança duvidosa, a identifica-


ção do adquirente, o valor da fatura e o imposto liquidado, a realização de diligências
de cobrança por parte do credor e o insucesso, total ou parcial, de tais diligências,
bem como outros elementos que evidenciem a realização das operações em causa,
Ordem dos Contabilistas Certificados

devem encontrar-se documentalmente comprovados e ser certificados:

• Por ROC ou CCI, nas situações em que a regularização de imposto não exceda
€ 10.000,00 por pedido de autorização prévia (PAP), e nas situações de créditos

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

de cobrança duvidosa de valor não superior a € 750,00, IVA incluído e o devedor


seja particular ou sujeito passivo que realize exclusivamente operações isentas
que não confiram direito à dedução (al. b) do n.º 2 do artigo 78.º-A do CIVA);

• Exclusivamente por ROC em pedidos de autorização prévia com regularização


de imposto superior aos € 10.000,00.
de Informação
Certificação

O ROC ou o CCI devem, ainda, certificar que se encontram verificados os requisitos


legais para a dedução do imposto respeitante a créditos considerados incobráveis.
VI.02

Assim, o CCI pode certificar a regularização de IVA em créditos vencidos desde 1


de janeiro de 2013 nas seguintes situações:

• Em pedidos de autorização prévia com regularização de imposto até aos


€10.000,00;

• Créditos de cobrança duvidosa de valor não superior a €750,00, com IVA incluído ,
e o devedor seja particular ou sujeito passivo que realize exclusivamente operações
isentas que não confiram direito à dedução;

• Créditos considerados incobráveis nos termos do n.º 4 do artigo 78.º-A do CIVA.


24
A certificação da regularização de IVA em créditos incobráveis vencidos até 31 de
dezembro de 2012 só pode ser feita por ROC.

No caso da certificação do PAP exige-se muito mais do que um “pisco” e um “click”


no botão “certificar” no Portal das Finanças. Esta certificação tem que ser bastante
minuciosa e todos os elementos atrás referidos devem encontrar-se documental-
mente comprovados e ser certificados pelo CCI, devendo ainda ser elaborado um
relatório de certificação para o efeito.

O relatório de certificação deverá começar pela identificação dos intervenientes e


pelo enquadramento legal da certificação, como exemplo abaixo:

2.1.1. Modelo de Relatório de Certificação

No relatório de certificação devem ser indicados os documentos ou elementos


verificados e certificados:
Ordem dos Contabilistas Certificados

• Identificação do devedor, e faturas emitidas (data de emissão, data de venci-


mento, número e valores: sem IVA, IVA liquidado, valor em dívida e valor do IVA
a regularizar);

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

• Elementos que confirmam a identificação do devedor (por exemplo, consulta


ao Portal das Finanças ou à Publicação de Atos de Registo Comercial no Portal
da Justiça, Certidão Permanente);

• Diligências de cobrança realizadas pelo credor (cópia das cartas enviadas ao de-
vedor, registos postais e avisos de receção; reclamação judicial dos créditos ou em

de Informação
Certificação
tribunal arbitral; reclamação dos créditos em processo especial de revitalização);

• Declaração de responsabilidade do sujeito passivo (ou da gerência ou admi-

VI.02
nistração da organização) onde se confirma a realização daquelas diligências de
cobrança e o insucesso de cobrança, total ou parcial;

• Extratos de conta e balancetes da contabilidade que mostrem os saldos das


dívidas em causa e a sua evidenciação como créditos de cobrança duvidosa.

Só depois da elaboração deste relatório, o CCI deve ir ao Portal das Finanças infor-
mar que já certificou cada fatura do PAP bem como toda a documentação exigida.

Relativamente aos créditos de cobrança duvidosa sujeitos à apresentação de pedido


de autorização prévia (PAP), a certificação é efetuada para cada um dos documentos
e períodos a que se refere a dedução e até à entrega do corresponde pedido de 25

autorização prévia, sob pena de o mesmo ser considerado como não apresentado.

No caso desta regularização não depender do pedido de autorização prévia, a certifica-


ção tem de estar concluída até ao termo do prazo estabelecido para a entrega da decla-
ração periódica ou até à data da entrega da mesma, quando esta ocorra fora de prazo.

Este relatório deve sofrer as necessárias adaptações quando o CCI certificar a regu-
larização de IVA nas outras possibilidades previstas e deve ainda atender-se ao n.º 6
do artigo 78.º-A onde estão identificados os créditos que nunca serão considerados
incobráveis ou de cobrança duvidosa e, por esta razão, se verifica a impossibilidade
de regularizar o IVA contido nos mesmos.

A Portaria n.º 303/2020, de 28 de dezembro, regulamenta a apresentação do PAP


no procedimento de regularização previsto nos artigos 78.º-B e 78.º-C do CIVA,
aprova os modelos e respetivas instruções, e define - a contrário - CCI.

Como prevê o artigo 3.º daquela Portaria n.º 303/2020, de 28 de dezembro, consi-
Ordem dos Contabilistas Certificados

dera-se «CCI» o contabilista certificado que reúna os seguintes requisitos:

a) Não seja o contabilista certificado responsável pelas obrigações contabilísticas


e fiscais, com nomeação no Portal das Finanças, do sujeito passivo fornecedor de

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

bens ou prestador de serviços ou do sujeito passivo adquirente, independente-


mente do exercício dessas funções a título dependente ou independente;

b) Não seja membro dos órgãos sociais, ou membro de quaisquer órgãos de


administração, direção, gerência ou fiscalização do sujeito passivo fornecedor
de bens ou prestador de serviços ou do sujeito passivo adquirente;
de Informação
Certificação

c) Não seja detentor de capital ou partes sociais, direta ou indiretamente apura-


do nos termos do n.º 6 do artigo 69.º do Código do Imposto sobre o Rendimento
VI.02

das Pessoas Coletivas, no sujeito passivo fornecedor de bens ou prestador de


serviços ou no sujeito passivo adquirente;

d) Não tenha relações especiais com o sujeito passivo fornecedor de bens ou


prestador de serviços, com o sujeito passivo adquirente ou com o respetivo
contabilista certificado, nos termos do n.º 4 do artigo 63.º do CIRC.

Assim, só poderá certificar o PAP, ou o processo de regularização de IVA nas restan-


tes situações, o CCI que não tenha, qualquer uma das ligações indicadas (no que
for aplicável) com os sujeitos passivos credor ou devedor, nem com o contabilista
certificado do credor ou com o contabilista certificado do devedor.
26
O controlo da mora nos créditos de cobrança duvidosa, para efeitos de apresenta-
ção do PAP deve ser feito pelo sujeito passivo ou pelo CC. O PAP também pode ser
apresentado pelo sujeito passivo ou pelo seu CC. Caso seja o CC a assumir estas
tarefas, deverá ser bem definido se o valor da avença inclui a sua execução ou se, a
serem necessárias, será proposto honorário específico para cada situação.

Já a certificação de um PAP ou de outro processo de regularização de IVA pelo


CCI surge sempre numa relação de prestação de serviço autónoma, cujo honorário
proposto poderá ter em conta o volume de faturas e restante documentação a
certificar, mas também a responsabilidade envolvida.

2.1.2. Modelo de Relatório de certificação do CC relativo ao PAP de IVA

Certificação de créditos considerados de cobrança duvidosa nos termos do


Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA)
Ordem dos Contabilistas Certificados

Ao… (a) de ……(b)

Introdução
Nos termos dos ….(c), os sujeitos passivos podem deduzir o imposto respeitante a

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

créditos considerados de cobrança duvidosa, nas condições previstas no referido


Código, exigindo-se que determinados elementos relativos a esses créditos e as
diligências de cobrança efetuadas sejam objeto de certificação por Contabilista
certificado independente (CCI).

A presente certificação respeita aos créditos vencidos conforme lista anexa, de-

de Informação
Certificação
tidos por (b)…., com sede em …., número de pessoa coletiva …., e registada na
Conservatória do Registo Comercial de …. sob o mesmo número.

VI.02
Responsabilidades
O …. (a) é responsável pela preparação e disponibilização da lista dos créditos
vencidos para recuperação do IVA objeto da presente certificação, e dos docu-
mentos que suportam a sua elegibilidade para esse fim e da prova que sustenta
a realização de diligências de cobrança nos termos das disposições legais acima
referidas.

A nossa responsabilidade consiste em executar os procedimentos descritos na sec-


ção Âmbito abaixo e expressar uma conclusão profissional e independente sobre se
os créditos considerados de cobrança duvidosa constantes da lista anexa cumprem
os requisitos e condições previstos nas disposições legais acima referidas.
27

Âmbito
O nosso trabalho foi efetuado de acordo com as normas e orientações técnicas
e éticas da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), as quais exigem que o
mesmo seja planeado e executado com o objetivo de garantia razoável de fiabili-
dade sobre se os créditos considerados de cobrança duvidosa constantes da lista
anexa cumprem os requisitos e condições previstos no …..(c).

Os trabalhos que executamos limitaram-se à verificação do seguinte:

a) Da elegibilidade dos créditos considerados de cobrança duvidosa constantes


da lista anexa para efeitos de recuperação do IVA;

b) Da documentação de suporte dos referidos créditos;

c) Da existência de prova quanto à realização de diligências de cobrança sobre


estes créditos e do insucesso de tais diligências; e,
Ordem dos Contabilistas Certificados

d) De outros elementos que evidenciam a realização das operações em causa.

Entendemos que o trabalho efetuado proporciona uma base aceitável para a


emissão desta certificação.

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

Conclusão
Com base no trabalho efetuado, certificamos que:

a) Os créditos considerados de cobrança duvidosa constantes da lista anexa


cumprem as condições de elegibilidade previstas no ….(c);
de Informação
Certificação

b) O valor global destes créditos, IVA incluído, totaliza ….. euros;

c) O valor do IVA a deduzir relativo a estes créditos totaliza ….. euros; e,


VI.02

d) A sociedade/entidade mantém documentação que confirma que realizou,


sem sucesso, as diligências que considerou adequadas nas circunstâncias para
a cobrança desses créditos, incluindo as diligências de cobrança por via judicial.

Restrições de uso e distribuição


Este relatório foi preparado unicamente para dar cumprimento ao ….(c) e para
a finalidade nele expressa não devendo ser utilizado, nem distribuído a terceiros,
para qualquer outro fim.

Data, nome do CCI e assinatura (incluir endereço profissional quando não conste
28 noutro sítio do documento)

Referências:

a) Identificar concretamente o órgão de gestão, por exemplo, “Ao conselho de


Administração” ou “À Gerência”;

b) Nome da Sociedade ou Entidade;

c) Indicar, consoante o caso, os números dos artigos 78.º-A a 78.º-D do Código


do IVA aplicáveis.

2.1.3. Modelo de Relatório de certificação do CC relativo a créditos


incobráveis de IVA.

Certificação de créditos incobráveis nos termos do Código do Imposto sobre o


Valor Acrescentado (CIVA)

Ao… (a) de ……(b)


Ordem dos Contabilistas Certificados

Introdução
Nos termos dos …. (c), os sujeitos passivos podem deduzir o imposto respeitante
a créditos incobráveis, nas condições previstas no referido Código, exigindo-se

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

que os requisitos legais para a dedução do imposto relativo a esses créditos


sejam verificados e objeto de certificação por Contabilista cCrtificado indepen-
dente (CCI).

A presente certificação respeita aos créditos vencidos conforme lista anexa, de-
tidos por (b) …., com sede em …., número de pessoa coletiva …., e registada na

de Informação
Certificação
Conservatória do Registo Comercial de …. sob o mesmo número.

Responsabilidades

VI.02
O ….. (a) é responsável pela preparação e disponibilização da lista dos créditos
vencidos para recuperação do IVA objeto da presente certificação, e dos docu-
mentos que suportam a sua elegibilidade para esse fim e da prova que sustenta
a realização de diligências de cobrança nos termos das disposições legais acima
referidas.

A nossa responsabilidade consiste em executar os procedimentos descritos


na secção Âmbito abaixo e expressar uma conclusão profissional e indepen-
dente sobre se os créditos considerados incobráveis constantes da lista ane-
xa cumprem os requisitos e condições previstos nas disposições legais acima
referidas.
29

Âmbito
O nosso trabalho foi efetuado de acordo com as normas e orientações técnicas e
éticas da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), as quais exigem que o mes-
mo seja planeado e executado com o objetivo de garantia razoável de fiabilidade
sobre se os créditos considerados incobráveis constantes da lista anexa cumprem
os requisitos e condições previstos no …..(c).

Os trabalhos que executamos limitaram-se à verificação do seguinte:

a) Da elegibilidade dos créditos considerados incobráveis constantes da lista


anexa para efeitos de recuperação do IVA;

b) Da documentação de suporte dos referidos créditos; e,

c) Análise do processo…. (d).

Entendemos que o trabalho efetuado proporciona uma base aceitável para a


Ordem dos Contabilistas Certificados

emissão desta certificação.

Conclusão
Com base no trabalho efetuado, certificamos que:

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

a) Encontram-se verificados os requisitos legais, previstos na(s) alínea(s)… (e)


do código do IVA para a dedução do imposto respeitante aos referidos créditos,
considerados incobráveis no âmbito do(s) processo(s) anteriormente referido.

b) O valor global destes créditos, IVA incluído, totaliza ….. euros;


de Informação
Certificação

O valor do IVA a deduzir relativo a estes créditos totaliza ….. euros; e,

A sociedade/entidade mantém documentação que confirma que realizou, sem


VI.02

sucesso, as diligências que considerou adequadas nas circunstâncias para a co-


brança desses créditos, incluindo as diligências de cobrança por via judicial.

Restrições de uso e distribuição


Este relatório foi preparado unicamente para dar cumprimento ao ….(c) e para
a finalidade nele expressa não devendo ser utilizado, nem distribuído a terceiros,
para qualquer outro fim.

Data, nome do CCI e assinatura (incluir endereço profissional quando não cons-
te noutro sítio do documento)

30
Referências:

a) Identificar concretamente o órgão de gestão, por exemplo, “Ao conselho de


Administração” ou “À Gerência”;

b) Nome da Sociedade ou Entidade;

c) Indicar, consoante o caso, os números dos artigos 78.º-A a 78.º-D do Código


do IVA aplicáveis;

d) Indicar o(s) tipo(s) de processo(s) em que a entidade se envolveu conforme


elencados no número 4 do art.º 78.º-A do Código do IVA (“processo de execu-
ção”, “processo de insolvência”, “processo especial de revitalização” ou “nos
termos do Sistema de Recuperação de Empresa por Via extrajudicial”);

e) Indicar a(s) alínea(s) apropriadas do n.º 4 do art.º 78.º-A do Código do IVA.


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.2. Aumentos de Capital

Os procedimentos genéricos para o aumento de capital nas sociedades comerciais


estão regulados nos artigos 87.º a 93.º do Código das Sociedades Comerciais (CSC).
O aumento de capital representa uma alteração do contrato da sociedade (pacto
social), pelo que, deve ser consultado um advogado ou jurista, de modo a garantir

de Informação
Certificação
que todos os formalismos a observar para a concretização desta modificação são
cumpridos.

VI.02
O artigo 87.º do CSC exige que a deliberação de aumento do capital deve mencio-
nar expressamente:

• A modalidade do aumento do capital;

• O montante do aumento do capital;

• O montante nominal das novas participações;

• A natureza das novas entradas;

31
• O ágio, se o houver;

• Os prazos dentro dos quais as entradas devem ser efetuadas, sem prejuízo do
disposto no artigo 89.º do Código das Sociedades Comerciais;

• As pessoas que participarão nesse aumento.

Relativamente aos aumentos de capital, recomenda-se que sejam efetuados os se-


guintes procedimentos de conferência anual:

- Confirmar o valor do capital social através da certidão permanente da conser-


vatória do Registo Comercial;

- Confirmar no livro de atas a ata de aprovação do aumento de capital (consoan-


te a sua tipologia), em dinheiro ou em espécie;

- Declaração da administração, informando que as subscrições já se encontram


realizadas;
Ordem dos Contabilistas Certificados

- Confirmar a efetiva subscrição do capital (consoante a tipologia, em dinheiro


ou em espécie, se aplicável);

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

- Confirmar a contabilização efetuada relativamente ao aumento de capital


(consoante a sua tipologia, em dinheiro ou em espécie);

- Declaração de conformidade com os estatutos da sociedade, quando estamos


perante a admissão de novos sócios (aplicável nas sociedades por quotas).
de Informação
Certificação

As realizações das entradas podem ser efetuadas em dinheiro ou em espécie (bens


ou direitos).
VI.02

2.2.1. Entradas em Dinheiro

O aumento de capital social por novas entradas em dinheiro é a modalidade mais


frequente de aumento de capital. Esta operação deve ser deliberada pela Assem-
bleia geral ou pelo órgão de administração, e, em qualquer destes casos, a delibe-
ração deverá conter, no mínimo o conteúdo previsto no artigo 87.º do CSC.

A deliberação de aumento de capital por novas entradas em dinheiro deve mencionar


expressamente o montante do aumento de capital social, o montante nominal das
novas participações, o ágio, se o houver, os prazos em que as entradas devem ser
32 efetuadas, bem como, quais as pessoas que participarão do aumento (n.º 1 do artigo
87.º). Para tanto, bastará que a deliberação mencione que participarão do aumento
os sócios que exerçam seu direito de preferência, ou que participarão somente os
sócios, embora sem aquele direito, ou que será efetuada subscrição pública.

Quanto à exigibilidade das entradas em dinheiro que a lei permite diferir, se a delibera-
ção nada prever quanto a esse respeito, são elas exigíveis a partir do registo definitivo
do aumento de capital (alínea f) do n.º 1 do artigo 87.º e n.º 2 do artigo 89.º do CSC).

2.2.2. Entradas em Espécie

As entradas em bens diferentes de dinheiro devem ser objeto de um relatório ela-


borado por um revisor oficial de contas sem interesses na sociedade, designado
por deliberação dos sócios, na qual estão impedidos de votar os sócios que efe-
tuam as entradas, tratando-se de um aumento de capital por realização em espé-
cie, deve atender-se ao disposto no artigo 28.º do CSC.
Ordem dos Contabilistas Certificados

O revisor que elabore o relatório referido não pode, durante dois anos contados
da data do registo do contrato de sociedade, exercer quaisquer cargos ou funções
profissionais nessa sociedade ou em sociedades que com ela se encontrem em
relação de domínio ou de grupo.

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

O relatório do revisor para efeitos de aumentos de capital em espécie deve, pelo


menos:

• Descrever os bens;

• Identificar os seus titulares;

de Informação
Certificação
• Avaliar os bens, indicando os critérios utilizados para a avaliação;

VI.02
• Declarar se os valores encontrados atingem ou não o valor nominal da parte,
quota ou ações atribuídas aos sócios que efetuaram tais entradas, acrescido
dos prémios de emissão, se for caso disso, ou a contrapartida a pagar pela
sociedade;

• No caso de ações sem valor nominal, deve também declarar se os valores en-
contrados atingem ou não o montante do capital social correspondentemente
emitido.

O relatório deve reportar-se a uma data não anterior a 90 dias à data do contrato
de sociedade, mas o seu autor deve informar os fundadores da sociedade de al-
terações relevantes de valores, ocorridas durante aquele período, de que tenha 33

conhecimento. O relatório do revisor deve ser posto à disposição dos fundadores


da sociedade pelo menos 15 dias antes da celebração do contrato.

O contabilista deve munir-se deste relatório para efeitos do registo contabilístico


do aumento de capital, pelo que deve solicitar o mesmo ao cliente, que não lho
poderá omitir.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.3. Prestações acessórias ou suplementares

Nas entradas para o capital próprio através de realização de prestações suplemen-


tares ou prestações acessórias, deve ter-se em atenção o seguinte:

• Deliberação em Assembleia-Geral de sócios (comprovada através de ata dessa


de Informação
Certificação

assembleia-geral) da exigência da sociedade aos sócios para a realização das


prestações suplementares ou acessórias;
VI.02

• Comprovativo da respetiva realização com a entrada em dinheiro nas contas


bancárias da sociedade.

A exigência das prestações suplementares pela sociedade aos sócios tem de estar
previamente prevista no contrato de sociedade, com a respetiva indicação dos
montantes que podem ser exigidos aos sócios.

Caso tal não aconteça, em primeiro lugar, terá de existir uma alteração ao contrato
de sociedade, com o respetivo registo na Conservatória, sendo que os documentos
comprovativos:

34 • Cópia da ata da deliberação;

• Comprovativo do depósito em contas bancárias da sociedade da realização


das prestações suplementares ou acessórias (com data até ao momento da
apresentação da candidatura); e

• Comprovativo da alteração ao contrato de sociedade da possibilidade de exi-


gência de prestações suplementares (caso não exista).

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.4. Cobertura de prejuízos

Por vezes, os sócios devem proceder a entradas em dinheiro ou espécie para a co-
bertura de prejuízos, nomeadamente, para a manutenção do capital da sociedade e,
tratando-se de uma sociedade em que tenha sido perdido metade do capital social,
ou seja, que os capitais próprios sejam iguais ou inferiores a metade do seu capital

de Informação
Certificação
social, os gerentes (ou administradores) são obrigados a convocar de imediato uma
Assembleia-geral, com o objetivo de informar os sócios (ou acionistas) dessa situa-
ção e para que estes tomem as medidas necessárias para ultrapassar essa situação,

VI.02
conforme previsto no artigo 35.º do Código das Sociedades Comerciais (CSC).

Essa cobertura de prejuízos pode ser realizada pelos sócios através de entradas
em dinheiro ou através de bens (ou direitos), sendo necessários os seguintes docu-
mentos nas entradas de sócios para cobertura de prejuízos:

• Deliberação em Assembleia-Geral de sócios (comprovada através de ata dessa


assembleia-geral);

• Comprovativo do depósito em contas bancárias da sociedade da realização


da cobertura de prejuízo;
35

• Comprovativo da cedência a título definitivo de direitos a favor da sociedade


efetuada pelos sócios (p.e. dívidas a receber de terceiros, ativos intangíveis e
outros similares);

• Comprovativo da cedência a título definitivo de bens para a sociedade pelos


sócios (se os bens estiverem sujeitos a registo, apresentar comprovativo do
registo a favor da sociedade).

No caso concreto da conversão dos suprimentos e outros mútuos a favor da socie-


dade para cobertura de prejuízos:

• Deliberação em Assembleia-Geral de sócios (comprovada através de ata dessa


assembleia-geral, com indicação de cedência a título definitivo a favor da socie-
dade para cobertura de prejuízos);

• Declaração de CC (artigo 89.º do Código das Sociedades Comerciais);


Ordem dos Contabilistas Certificados

• Cópia da ata da deliberação;

• Cópia do registo contabilístico de transferência do passivo (conta 25) para


capitais próprios (contas 56 ou 59);

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

Tratando-se de um aumento de capital diferente de dinheiro, o n.º 4 do artigo 89.º


do Código das Sociedades Comerciais estabelece que, para efeitos de verificação
das entradas, no caso de conversão de suprimentos, é suficiente declaração do CC
ou do revisor oficial de contas, sempre que a revisão de contas seja legalmente
exigida, mencionando que a quantia consta dos regimes contabilísticos bem como
a proveniência e a data.
de Informação
Certificação

Atendendo, ao estipulado no artigo 89.º do CSC e à Informação da DSIRC n.º


960/09, de 11 de maio, deve o CC comprovar através de declaração a emitir para o
VI.02

efeito, que os suprimentos têm natureza pecuniária originária. Isto é, o CC deverá


comprovar que os suprimentos ou outros mútuos utilizados na cobertura de pre-
juízos, no passado, foram realizados por intermédio de entradas em dinheiro. O CC
para emitir a certificação deverá ter na sua posse os documentos que comprovem
a entrada do dinheiro no momento em que foram efetuados os suprimentos ou
outros mútuos (cópias as entradas ou depósitos bancários).

Acerca desta temática, pode ainda ser consultado o manual da ação de formação
da Ordem dos Contabilistas Certificados, com a designação “Aspectos societá-
rios relevantes para a contabilidade”, disponível em occ.pt (materiais de apoio à
formação).
36

2.4.1. Modelo de declaração de conversão de suprimentos para


cobertura de prejuízos

DECLARAÇÃO RELATIVA À CONVERSÃO DE SUPRIMENTOS EM CAPITAL SOCIAL


(Artigo 89.º, n.º 4 do CSC)

[NOME CC], contabilista certificado, com a cédula profissional n.º [n.º membro],
com o número de identificação fiscal [NIF CC], vem, para os efeitos previstos do n.º
4 do artigo 89.º do Código das Sociedades Comerciais, declarar que, relativamente
à sociedade [Designação da sociedade], com o NIF [n.º NIF da sociedade], com
sede em [morada da sociedade], procedeu à conversão de suprimentos em capital
social, nos seguintes termos:

(i) Conforme ata n.º [n.º da ata] da Assembleia Geral da sociedade [designação
da sociedade], realizada em [data da AG], foi deliberado por [maioria/unanimi-
Ordem dos Contabilistas Certificados

dade] a conversão dos suprimentos realizados pelos sócios [identificação dos


sócios], no valor de [quantia convertida] euros em capital social, perfazendo o
capital social a totalidade de [quantia capital social] euros;

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

(ii) Os suprimentos foram realizados pelos sócios, nos seguintes termos:

a) Suprimentos realizados pelo sócio [nome do sócio], em [data], conforme


registo de entrada na conta bancária da sociedade com o n.º [n.º da conta
da sociedade], do banco [nome do banco da sociedade], acompanhada de
declaração do próprio [ou contrato de suprimento assinado pelas partes];

de Informação
Certificação
[Acrescentar ponto idêntico ao anterior para cada uma das entradas dos
sócios]

VI.02
(iii) A presente conversão dos suprimentos foi reconhecida e registada contabi-
listicamente em [data].

Por ser verdade, emite-se a presente declaração que vai por mim assinada na qua-
lidade de contabilista certificado.

[local], [data]

37
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.5. Outras certificações

Além das situações suprarreferidas, podem existir outras em que seja necessária
a intervenção de contabilística certificado para efeitos de alguma certificação
que venha a ser requerida relativamente a matéria da área de intervenção do
contabilista.
de Informação
Certificação

Tendo em conta o incremento excecional e anormal dos subsídios e apoios às


empresas por parte do Estado durante o período da pandemia COVID-19, foi fre-
VI.02

quentemente solicitada a intervenção do contabilista certificado, seja para a cer-


tificação da verificação de quebras de faturação ou de quebra das cadeias de for-
necimento. Ainda assim, também em alguns dos auxílios de Estado se pode impor
a certificação de que a empresa/entidade não é de considerar como empresa em
dificuldade, tendo em conta o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.

Outras instituições, como por exemplo as instituições financeiras, por vezes tam-
bém requerem que alguma da informação financeira que lhes é disponibilizada
pelas empresas/entidades seja, também esta, alvo de certificação por parte do
contabilística certificado, por forma a reforçar a veracidade e fiabilidade dessa in-
formação.
38

Nestes casos, consoante o teor da informação e da certificação que lhe é requeri-


da, deve por isso o contabilista certificado definir um plano de trabalho para efe-
tuar essa mesma certificação, bem como de proceder à criação de um Relatório de
Certificação (ou adaptação do Modelo referido no ponto 1 do capítulo VI.02) que
lhe permita conservar o histórico do trabalho efetuado, bem como os elementos
que serviram de base às conclusões que determinaram, ou não, a certificação da-
quela informação por parte do contabilista certificado.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.6. Pontos-chave

• A intervenção do Contabilista Certificado como certificador de factos e situações,


incluindo a sua atuação como contabilista certificado independente, deve seguir
procedimentos que assegurem que a emissão da declaração está documentalmen-
te suportada e que tal documentação foi objeto de revisão por amostragem. As

de Informação
Certificação
minutas fornecidas devem ser adaptadas aos casos concretos.

• Nas situações em que haja lugar a certificação de factos e situações por outros

VI.02
profissionais, nomeadamente revisor oficial de contas, para efeitos societários, o
Contabilista Certificado tem o direito de exigir ao Cliente que lhe seja fornecida
essa informação e outra que seja relevante relacionada com essas certificações,
de modo a poder proceder ao registo contabilístico das operações e fazer o seu
julgamento profissional sobre essas certificações.

39
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.7. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Verificou se a prestação de serviços de certificação foi con-


tratada e se os termos e condições se encontram adequa-
de Informação

dos ao risco assumido? Os honorários podem ser fixados


Certificação

com componente fixa e/ou variável, sendo de evitar as


situações de total contingência de honorários, através da
fixação de honorários variáveis, que não assegurem uma re-
VI.02

muneração mínima do trabalho executado compatível com


o risco assumido. Podem ser consideradas cláusulas de li-
mitação de responsabilidade.
Quando seja tratada informação que envolva quantidades
massivas de dados, deve ser definido um procedimento
de preparação do trabalho que inclua uma metodologia
de definição da amostra a analisar e procedimentos ado-
tados para assegurar que as tarefas executadas asseguram
um nível mínimo de controlo. Tal procedimento foi tido em
consideração?
40
Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


VI.03
Guia de Boas Práticas Profissionais

Consultoria e planeamento fiscal

3.1. Enquadramento

Para além de serviços específicos de contabilidade, um CC poderá também prestar


serviços de gestão e consultoria fiscal. A área da consultoria fiscal envolve a pres-
tação de serviços diversos, nomeadamente:

1. Emissão de pareceres sobre determinado assunto, através de pesquisa e


análise de certas questões específicas, bem como determinar, entre as opções

planeamento fiscal
possíveis, qual a que melhor se adequa às necessidades da empresa em causa;

Consultoria e
2. Apresentação de propostas para a otimização dos seus procedimentos;

3. Aconselhamento permanente às empresas, com particular ênfase no que res-

VI.03
peita às obrigações fiscais;
41
4. Análise das implicações fiscais que possam surgir de uma transação econó-
mica específica, sugerindo a alternativa que se revele mais eficaz do ponto de
vista fiscal;

5. Aconselhamento fiscal na reestruturação de empresas e de grupos de empresas;

6. Determinação das implicações fiscais que possam surgir das reestruturações


das empresas, em particular, nas fusões e aquisições;

7. Avaliação das implicações fiscais no património pessoal e familiar dos sócios


das empresas;

8. Análise das implicações fiscais para as operações de entidades sem fins lucra-
tivos, como fundações e associações;

9. Defesa das pretensões fiscais, nomeadamente no acompanhamento e elabo-


ração de Reclamações Graciosas, no âmbito da legitimidade processual que lhe
é conferida pelas normas legais.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Embora não constituam serviços no âmbito das competências exclusivas do CC, as


atividades de consultoria e planeamento fiscal podem, por isso, ser desenvolvidas
pelos contabilistas certificados.

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

Neste âmbito, o contabilista certificado atua como consultor, mas encontra-se su-
jeito a deveres legais no que respeita a obrigações de comunicação, tal como defi-
nidas na Lei n.º 26/2020, de 21 de julho, no que respeita a mecanismos internos ou
transfronteiriços com relevância fiscal.

Os deveres de comunicação apenas são aplicáveis se o contabilista atuar como


“Intermediário”, estando, nesse caso, sujeito à obrigação de comunicação dos me-
canismos com relevância fiscal através da declaração Modelo 58.

“Intermediário” corresponde a uma noção legal de qualquer pessoa que conce-


ba, comercialize, organize ou disponibilize para aplicação ou administre a apli-
cação de um mecanismo a comunicar, não integrando estas atuações a mera
comunicação de informação estritamente descritiva de regimes tributários exis-
tentes, incluindo benefícios fiscais, e o aconselhamento estritamente prestado
planeamento fiscal

quanto a uma situação tributária já existente do contribuinte relevante, incluindo


Consultoria e

o exercício do mandato no âmbito do procedimento administrativo tributário, do


processo de impugnação tributária, do processo penal tributário ou do processo
de contraordenação tributária, incluindo o aconselhamento relativo à condução
dos respetivos trâmites.
VI.03

42 Tendo em conta a elevada complexidade das definições subjacentes a este meca-


nismo de comunicação e que a Ordem dos Contabilistas Certificados é parte do
Fórum DAC 6, criado pelo Decreto-Lei n.º 53/2020, de 11 de agosto, com vista à mo-
nitorização da aplicação da Lei n.º 26/2020, recomenda-se que, em caso de dúvida,
o contabilista consulte a Ordem dos Contabilistas Certificados para obtenção de
esclarecimentos sobre a sua eventual atuação como intermediário e da relevância
dos mecanismos nos quais tenha intervenção.

Importa ainda notar que, por corresponderem a serviços fora do âmbito das com-
petências exclusivas, os riscos emergentes da prestação de serviços de consultoria
e planeamento fiscal não se encontram abrangidos pelo seguro de responsabilida-
de profissional.

Deste modo, podemos referir que estes serviços podem ser divididos em três ca-
tegorias principais:

A. Pesquisa e análise de questões específicas - Pareceres;


Ordem dos Contabilistas Certificados

B. Defesa de Pretensões Fiscais - Reclamações;

C. Planeamento Fiscal.

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.2. Emissão de parecer

A prestação de serviços de consultoria fiscal exige do CC um estudo aprofundado


sobre a matéria em análise, uma vez que, o que se exige nestes casos do CC é
uma espécie de “orientação” de como proceder, partindo dos seus conhecimentos
profissionais, pelo que apenas com um conhecimento consolidado de tudo o que
poderá envolver a questão, como, por exemplo, a legislação pela qual é abrangida,
qual a opinião geral de especialistas nessa matéria, e em que sentido vão as deci-
sões que têm sido tomadas nesse âmbito pela doutrina e pela jurisprudência, é que
o CC poderá dar uma opinião consciencializada sobre a questão.

planeamento fiscal
Consultoria e
VI.03
43
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.3. Defesa de Pretensões Fiscais - Reclamações

Os meios de reação, de natureza administrativa, ao procedimento tributário, estão


previstos no Código do Procedimento e Processo Tributário (CPPT) e na Lei Geral
Tributária (LGT).

São cinco os meios de reação de natureza administrativa ou graciosa:

a) A reclamação graciosa (art.os 68.º a 70.º do CPPT);

b) O recurso hierárquico (art.ºs 66.º e 67.º do CPPT);

c) A revisão de ato tributário (art.º 78.º da LGT);


planeamento fiscal

d) Pedido de Revisão de Matéria Tributável (art.º 81.º a 93.º da LGT);


Consultoria e

e) Procedimento para Correção de Erros da Administração Tributária (95.º-A a


95.º C do CPPT).
VI.03

Já a impugnação judicial é o meio judicial de defesa com fundamento em qual-


44 quer ilegalidade, ao abrigo do art.º 99.º do CPPT, a apresentar no prazo de três
meses, nos termos do art.ºs 97.º e 102.º, ambos do CPPT, no Tribunal Tributário/
Tribunal Administrativo e Fiscal competente. O contribuinte pode em alterna-
tiva apresentar um pedido de constituição do tribunal arbitral junto do CAAD
– Centro de Arbitragem Administrativa no prazo de 90 dias >>www.caad.org.
pt/requerimentos.

Os atos tributários consideram-se sempre praticados na área do domicílio ou sede


do contribuinte, da situação dos bens ou da liquidação. No caso de a petição ser
apresentada em serviço periférico local, este procederá ao seu envio ao tribunal
tributário competente no prazo de cinco dias após o pagamento da taxa de justiça
inicial. A impugnação tem efeito suspensivo quando for prestada garantia adequa-
da nos termos do CPPT.

O contabilista certificado pode intervir, em representação dos sujeitos passivos,


por cujas contabilidades seja responsável, no âmbito de questões relacionadas
com as suas competências específicas, desde que a ação não exceda os 5.000
euros (art.º 10.º, n.º 2, al. b) do Estatuto da OCC). Por exemplo quando resultem de
Ordem dos Contabilistas Certificados

um erro num registo contabilístico ou preenchimento de uma declaração fiscal.

Será necessária procuração assinada pelo representante legal do sujeito passivo.

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

Nestes casos, o que se pretende é colocar em causa a decisão emitida pela Au-
toridade Tributária e Aduaneira. Para esse efeito, o CC deve ter conhecimento de
alguns elementos, nomeadamente:

• A decisão a reclamar;

• A versão dos factos que se pretende demonstrar;

• A disposição legal que legitime a reclamação.

Acerca desta temática, deve ser consultado o manual “Meios de defesa graciosos
do contribuinte” preparado e divulgado pela Ordem dos Contabilistas Certificados,
disponível em occ.pt.

planeamento fiscal
Consultoria e
VI.03
45
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.4. Planeamento Fiscal

O planeamento fiscal consiste numa técnica de redução da carga fiscal e, pode


ser lícito ou ilícito, pelo que poderemos falar em planeamento fiscal ou em figuras
abusivas do mesmo, como por exemplo, elisão fiscal, abuso de confiança fiscal e
fraude fiscal.

O planeamento fiscal legítimo traduz-se numa técnica de redução da carga fiscal pela
qual o sujeito passivo renuncia a um certo comportamento por este estar ligado a
uma obrigação tributária ou escolhe, entre as várias soluções que lhe são proporcio-
nadas pelo ordenamento jurídico (ex: benefícios fiscais), aquela que, por ação inten-
cional ou omissão do legislador fiscal, está acompanhada de menos encargos fiscais.

Por outro lado, o planeamento fiscal ilegítimo consiste em qualquer comporta-


planeamento fiscal

mento de redução indevida, por contrariar princípios ou regras do ordenamento


Consultoria e

jurídico-tributário, das onerações fiscais de um determinado sujeito passivo.

Este planeamento é feito, naturalmente, para obter vantagens fiscais, porém, as


VI.03

intenções do planeamento podem, ou não, extravasar os limites que a lei fiscal


permite. Consoante estes limites podemos estar na iminência de práticas que re-
46 queiram de comunicação às autoridades competentes.

Como já referido, tendo em conta a elevada complexidade das definições subja-


centes a este mecanismo de comunicação e que a Ordem dos Contabilistas Certifi-
cados é parte do Fórum DAC 6, criado pelo Decreto-Lei n.º 53/2020, de 11 de agos-
to, com vista à monitorização da aplicação da Lei n.º 26/2020, recomenda-se que,
em caso de dúvida, o contabilista consulte a Ordem dos Contabilistas Certificados
para obtenção de esclarecimentos sobre a sua eventual atuação como intermediá-
rio e da relevância dos mecanismos nos quais tenha intervenção.

Além do já referido, impõe-se evidenciar ainda a Cláusula Geral Anti Abuso prevista
no n.º 2 do artigo 38.º da Lei Geral Tributária, cuja redação determina o seguinte:

“As construções ou séries de construções que, tendo sido realizadas com


a finalidade principal de obter uma vantagem fiscal que fruste o objeto
ou a finalidade do direito fiscal aplicável, sejam realizados com o abuso
das formas jurídicas ou não sejam consideradas genuínas, tendo em con-
ta todos os factos e circunstâncias relevantes, são desconsideradas para
Ordem dos Contabilistas Certificados

efeitos tributários, efetuando-se a tributação de acordo com as normas


aplicáveis aos negócios ou atos que correspondam à substancia ou reali-
dade económica, e não se produzindo as vantagens fiscais pretendidas.”

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

Assim, de forma que o CC percecione qual a via pela qual o cliente pretende seguir
para planear fiscalmente a situação da empresa, é necessário:

• Uma primeira reunião com o cliente de forma a perceber a situação fiscal em


que a empresa se encontra, e para determinar quais as vias possíveis;

• Um estudo aprofundado de formas de planeamento fiscal aplicadas à situação


concreta, bem como da licitude das mesmas, de forma a percecionar se neces-
sitará de algum apoio de especialistas na área legal;

• Uma segunda reunião com o cliente em que apresenta as diversas opções de


planeamento, e qual a forma mais viável.

Por um lado, no primeiro momento, quando reúne com o cliente, o CC deve clarifi-

planeamento fiscal
car se este serviço se encontra abrangido pelo contrato de prestação de serviços

Consultoria e
anteriormente celebrado. Caso não esteja abrangido, deverá contratualizar os ser-
viços adicionais.

VI.03
47
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.5. Emissão e comunicação de documentos de transporte

O contabilista certificado pode prestar apoio às entidades pelas quais é responsá-


vel na emissão e comunicação à AT dos documentos de transporte nos termos do
Regime dos Bens em Circulação de transações entre sujeitos passivos de IVA nos
termos do Decreto-Lei n.º 147/2003, de 11 de julho.

Os sujeitos passivos de IVA que efetuem expedições de bens em território nacional


são obrigados a emitir e comunicar à AT os documentos de transporte (tais como
faturas, guias de remessa, guias de transporte e outros) para acompanhar os bens
durante essa circulação.

Esta obrigação é de cada sujeito passivo, podendo o contabilista certificado atuar


como mero consultor prestando apoio e aconselhamento fiscal na explicação e
planeamento fiscal

clarificação dos requisitos e obrigações associadas à emissão e comunicação dos


Consultoria e

documentos de transporte.

Os sujeitos passivos podem ainda delegar no contabilista certificado a responsa-


bilidade pela emissão e/ou comunicação dos documentos de transporte, dando
VI.03

permissão através da respetiva funcionalidade de subutilizadores no Portal das fi-


48 nanças.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.6. Pontos-chave

• Por corresponderem a serviços fora do âmbito das competências exclusivas do


Contabilista Certificado, os riscos emergentes da prestação de serviços de consul-
toria e planeamento fiscal não se encontram abrangidos pelo seguro de responsa-
bilidade profissional.

• O Contabilista Certificado tem competências legais para intervir nas fases gracio-
sas do procedimento tributário que respeitem ao exercício das suas competências
exclusivas, mas devem respeitar-se as competências exclusivas de outros profissio-
nais, nomeadamente no processo tributário.

planeamento fiscal
Consultoria e
VI.03
49
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.7. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Verificou se a prestação de serviços de certificação foi con-


tratada e se os termos e condições se encontram adequa-
dos ao risco assumido? Os honorários podem ser fixados
com componente fixa e/ou variável, sendo de evitar as
situações de total contingência de honorários, através da
fixação de honorários variáveis, que não assegurem uma
remuneração mínima do trabalho executado compatível
com o risco assumido. Podem ser consideradas cláusulas
de limitação de responsabilidade.
Identificou claramente na proposta de prestação de servi-
planeamento fiscal

ços quais os resultados a apresentar ao Cliente (relatórios,


Consultoria e

memorandos, petições) e assegurou o prazo de entrega


dos mesmos, calendarizando as obrigações de ambas as
partes (Cliente e Contabilista), por forma a evitar a presta-
ção de serviços fora de prazo, sobretudo quando está em
VI.03

causa o cumprimento de prazos legais?


50
Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


VI.04
Guia de Boas Práticas Profissionais

Contabilidade de gestão

4.1. Enquadramento

Quanto mais aumenta a complexidade das empresas, maior é a necessidade que


os empresários têm de informações atempadas que permitam auxiliar a tomada de
decisões. Para que se consiga produzir essa informação, é imperioso que todos os
aspetos da gestão estejam devidamente organizados, programados e controlados,
com vista a facultarem o conhecimento profundo da empresa em tempo oportuno.

Deste modo, a gestão de uma empresa necessita de informação suficiente, oportuna,


clara, concisa e relevante, com o objetivo de dar suporte à tomada de decisão, ao
planeamento das tarefas e ao controlo. É a contabilidade de gestão, e consequente-
mente o CC, quem tem o papel de produzir a informação capaz de dar respostas a
estas necessidades. De notar que a contabilidade de gestão pode aplicar-se a qual-
quer tipo de atividade económica, não se limitando às empresas industriais.
51

A contabilidade de gestão apresenta as seguintes características:

• Em termos de forma, não tem constrangimentos e cada empresa tem uma

Contabilidade
organização própria de acordo com as suas necessidades;

de gestão
• É dirigida a qualquer responsável de uma área da empresa (gestores, diretores);

VI.04
• É feita com base na contabilidade geral;

• Deve estar atualizada para ser útil;

• Deve ser organizada de forma a permitir definir as responsabilidades de cada


área da empresa.

Desta forma, a contabilidade de gestão tem um vasto âmbito, tem alguma liberda-
de de escolha, não obedece a normas de contabilidade, preocupa-se com os aspe-
tos futuros da organização, reporta elementos quando solicitados e usa informação
Ordem dos Contabilistas Certificados

de outras fontes.

Relativamente às entidades de direito privado não existe nenhuma obrigação para


a adoção e/ou utilização da contabilidade de gestão. Não obstante, o artigo 11.º do

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, prevê que as entidades poderão apresen-


tar adicionalmente uma Demonstração dos Resultados por Funções.

A contabilidade de gestão é utilizada, tal como já referido, por qualquer organiza-


ção, mas ganha mais importância nas empresas produtivas, independentemente
do seu tipo de produção. Uma vez que a correta valorização dos seus inventários
(custos de produção) está muito dependente das técnicas e ferramentas utilizadas
pela contabilidade de gestão e existem diversos fatores que condicionam a forma-
ção do preço dos produtos, sendo o seu custo, um dos fatores fundamentais. É fun-
damental que o preço de venda final permita compensar a totalidade dos custos,
pois de outra forma, a empresa obtém prejuízos.

Assim, quanto melhor for a contabilidade de gestão, melhor será o detalhe dos
custos que permite uma melhor tomada de decisão, conducente a melhores resul-
tados. Quanto mais pormenorizada for esta informação, melhor será o resultado
obtido, mas também será maior o custo da informação. De notar que, é necessário
encontrar aqui um ponto de equilíbrio entre a informação que é pertinente e o
custo de a obter, para que seja compensador para a empresa.

No exercício das suas funções, o Contabilista Certificado pode solicitar ao seu


52 cliente o acesso a esta informação na medida em que ela contribua para melhorar a
preparação dos elementos contabilísticos para efeitos da elaboração das demons-
trações financeiras.
Contabilidade

Nesse caso, deve assegurar-se que existe correspondência patrimonial entre a con-
de gestão

tabilidade analítica e a geral.

O CC também pode fazer esta prestação de serviços.


VI.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.2. Pontos-chave

• No exercício das suas funções, o Contabilista Certificado pode solicitar ao Cliente


o acesso à contabilidade de gestão, na medida em que ela contribua para me-
lhorar a preparação dos elementos contabilísticos para efeitos da elaboração das
demonstrações financeiras.

• Nesse caso, deve assegurar-se que existe correspondência patrimonial entre a


contabilidade analítica e a geral.

53

Contabilidade
de gestão
VI.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A


Verificou a existência e relevância de contabilidade de gestão do
Cliente para a execução do trabalho do Contabilista?
Se a execução do trabalho do Contabilista estiver dependente da
criação de sistemas de contabilidade analítica, os mesmos devem
ser parametrizados de acordo com as necessidades de negócio do
Cliente, pelo que os serviços de configuração, implementação e
reporte devem ser acordados com o Cliente e contratualizados.
Teve em atenção tal procedimento?
Verificou se a preparação de contabilidade analítica adaptada às
necessidades de negócio do Cliente exige investimentos em tec-
nologias da informação, software ou serviços de implementação?
Em caso afirmativo, essas necessidades devem ser quantificadas
e contratualizada a sua faturação ou incorporação no preço dos
restantes serviços. Uma vez que a customização de sistemas pode
implicar a sua inaplicabilidade para outros clientes, devem ser
avaliados os riscos para o Contabilista da assunção de custos por
períodos que excedam os do prazo do contrato de prestação de
serviços com o Cliente.
Observações
54
Contabilidade
de gestão
VI.04

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


VI.05
Guia de Boas Práticas Profissionais

Candidaturas e projetos

5.1. Enquadramento

Embora não constituam serviços no âmbito das competências exclusivas do CC, as


atividades de consultoria financeira e de apoio aos negócios podem ser desenvol-
vidas pelos contabilistas. No âmbito de candidaturas a incentivos financeiros e fis-
cais, não é possível estabelecer procedimentos universais aplicáveis a todos estes
serviços, dada a grande variedade de tarefas que podem ser solicitadas.

No entanto, importa ter em consideração, pelo menos, os seguintes procedimen-


tos mínimos a adotar:

• Análise prévia do pedido de prestação de serviços pelo cliente, para identifi-


car se o contabilista tem competências técnicas para a execução da candida-
tura, se é necessária a contratação ou subcontratação de outros profissionais
de áreas técnicas e se o modelo de negócio e os sistemas de informação do 55

cliente são suficientemente conhecidos pelo contabilista para permitir apresen-


tar uma proposta de prestação de serviços em conformidade com os requisitos
da candidatura;

• Contratualização dos serviços por escrito, com definição clara das tarefas sob
responsabilidade do contabilista, prazos de execução dos trabalhos, determi-
nação dos honorários e articulação com o cliente e outros consultores e profis-
sionais que possam ser necessários à execução da candidatura. Nas propostas,
importa ainda assegurar que é incluída a assistência na fase de auditoria das
candidaturas por parte das entidades públicas responsáveis, tendo em conta
que é possível que as candidaturas sejam objeto de auditoria nas fases subse-
quentes à execução dos projetos;

Candidaturas
e projetos
• Caso a candidatura exija apenas a intervenção parcial do contabilista, na valida-
ção ou certificação de informação financeira, a proposta deve especificar esta de-
limitação do âmbito, de forma a salvaguardar a responsabilidade do contabilista;
VI.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

• Em regra, a maioria das entidades públicas gestoras de incentivos publica


guias, manuais de procedimentos e check lists que devem ser seguidos pelos
candidatos na preparação e avaliação das candidaturas;

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

• O contabilista, consultor, deve ainda verificar se deve conhecer regras de con-


tratação pública para as candidaturas que se propõe realizar, caso aplicável.

Importa ainda notar que, por corresponderem a serviços fora do âmbito das com-
petências exclusivas, os riscos emergentes da prestação de serviços de consulto-
ria neste domínio não se encontram abrangidos pelo seguro de responsabilidade
profissional.

56
Candidaturas
e projetos
VI.05

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.2. Pontos-chave

• Avaliar as competências técnicas e os recursos disponíveis para a realização dos


serviços.

• Definir procedimentos e programas de trabalho para a realização dos serviços, as-


segurando a intervenção de especialistas, caso necessário, bem como a obtenção
de informação especializada do negócio junto do Cliente.

57

Candidaturas
e projetos
VI.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Verificou se a prestação de serviços foi contratada e se os termos


e condições se encontram adequados ao risco assumido? Os ho-
norários podem ser fixados com componente fixa e/ou variável,
sendo de evitar as situações de total contingência de honorários,
através da fixação de honorários variáveis, que não assegurem
uma remuneração mínima do trabalho executado compatível com
o risco assumido. Podem ser consideradas cláusulas de limitação
de responsabilidade.

Identificou claramente na proposta de prestação de serviços


quais os resultados a apresentar ao Cliente (submissão de candi-
datura, relatórios, memorandos) e assegurar o prazo de entrega
dos mesmos, calendarizando as obrigações de ambas as partes
(Cliente e Contabilista), por forma a evitar a prestação de servi-
ços fora de prazo?

Observações

58

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Candidaturas
e projetos
VI.05

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VI. Outras Competências


VI.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Novas áreas de negócio

6.1. Enquadramento

Com a expansão das áreas e do volume de negócios de uma entidade, pode ser
necessário cumprir com obrigações declarativas adicionais que, apesar de não se
tratar de competências do CC, podem os serviços de apoio à sua preparação e
submissão por este serem igualmente desempenhados, ainda que a título de con-
sultoria.

Mais uma vez se realça que, logo no primeiro momento, quando reúne com o clien-
te, o CC deve clarificar se este serviço se encontra abrangido pelo contrato de
prestação de serviços anteriormente celebrado. Caso não esteja abrangido, deverá
indicar contratualizar os serviços adicionais.

Importa ainda notar que, por corresponderem a serviços fora do âmbito das com-
petências exclusivas, os riscos emergentes da prestação de serviços de consulto- 59

ria neste domínio não se encontram abrangidos pelo seguro de responsabilidade


profissional.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Novas áreas
de negócio

Volume VI. Outras Competências


VI.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.2. INTRASTAT

O INTRASTAT constitui um sistema de recolha de informação estatística sobre as


trocas de bens entre os países da União Europeia (UE). Criado em 1993, permite
assegurar a existência de uma base de dados com indicadores comparáveis e fiá-
veis sobre as trocas comerciais de bens realizadas pelas empresas da UE dentro do
espaço comunitário.

O INTRASTAT veio, portanto, substituir as declarações aduaneiras enquanto princi-


pal fonte de dados comerciais, sendo um instrumento fundamental para o desen-
volvimento de políticas relacionadas com o mercado único da UE.

Nem todas as empresas que realizam trocas de bens dentro da União Europeia
estão sujeitas ao preenchimento do INTRASTAT, sendo esta obrigação declarativa
aplicável apenas às pessoas singulares ou coletivas, sujeitos passivos de IVA, que
ultrapassem os limiares estatísticos de assimilação por fluxo definidos anualmente
pelo INE.

A submissão da declaração INTRASTAT, quando aplicável, é de envio mensal pelo


responsável pelo fornecimento da informação estatística ao Instituto Nacional de
60 Estatística (INE) até ao dia 15 do mês seguinte, contendo os dados relativos a cada
mês civil e a cada fluxo.

Acerca desta temática e dos procedimentos de comunicação, devem ser consulta-


das as FAQ’s disponíveis no portal do INE, em https://webinq.ine.pt/home.aspx .

Ordem dos Contabilistas Certificados


Novas áreas
de negócio

Volume VI. Outras Competências


VI.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.3. Comunicação de Operações e Posições com o


Exterior (COPE)

A comunicação de informação estatística ao Banco de Portugal sobre operações e


posições com o exterior é regulamentada pela Instrução do Banco de Portugal n.º
27/2012 de 17 de setembro, alterada pelas Instruções n.º 56/2012, de 28 de dezem-
bro e n.º 3/2013, de 27 de fevereiro.

COPE são operações com o exterior efetuadas pela própria entidade, devendo ser
comunicadas as operações intermediadas pelo sistema bancário residente, as efe-
tuadas diretamente com entidades não residentes através de contas externas ou
contas de compensação, assim como as operações no âmbito de contas correntes.
São também consideradas, no âmbito deste reporte, as posições relativas a em-
préstimos, créditos comerciais ou depósitos do/no exterior, registadas em final de
período.

O reporte do COPE é mensal, respeitando o prazo máximo de receção da informa-


ção no Banco de Portugal até ao final do 15.º dia útil após o final do mês a que se
reportam os dados.

61
Estão abrangidas pelo COPE todas as pessoas coletivas residentes em Portugal, ou
que nele exerçam a sua atividade, que efetuem operações económicas ou financei-
ras com o exterior ou que realizem operações cambiais.

Estão isentas desta obrigação declarativa as entidades que apresentem um total


anual de operações económicas e financeiras com o exterior inferior a 100.000 €,
considerando o total de entradas e de saídas.

Contudo, entidades que iniciem atividade ao longo do ano corrente, ou que este-
jam abrangidas pela isenção acima referida, e que apresentem num determinado
mês um total de operações com o exterior igual ou superior a 100.000 € devem
iniciar o reporte num prazo de quatro meses.

Como se constata, caso a pessoa coletiva esteja obrigada a reportar a informação


do COPE, deverá indicar as referidas operações económicas e financeiras com en-
tidades estrangeiras, sejam entidades da União Europeia ou de países terceiros.

Acerca desta temática e dos procedimentos de comunicação, devem ser consul-


Ordem dos Contabilistas Certificados

tadas as FAQs disponíveis no portal do Banco de Portugal (BdP), em https://www.


bportugal.pt/page/comunicacao-de-operacoes-e-posicoes-com-o-exterior .
Novas áreas
de negócio

Volume VI. Outras Competências


VI.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.4. Comunicação do inventário das partes de capital das


sociedades SGPS

As sociedades gestoras de participações sociais (SGPS) devem comunicar anual-


mente à Inspeção-Geral de Finanças – Autoridade de Auditoria (IGF), até 30 de
junho, o inventário das partes de capital incluídas nos investimentos financeiros
constantes do último balanço aprovado, conforme determina o n.º 2 do artigo 9.º
do Decreto-Lei n.º 495/88, de 30 de dezembro.

As sociedades que adotem um exercício anual diferente do ano civil devem enviar
o inventário das partes de capital até 6 meses após o encerramento do exercício.

Esta comunicação do inventário das partes de capital das sociedades SGPS deve
ser efetuada, preferencialmente, através da plataforma eletrónica disponibilizada
em https://sired.igf.gov.pt/.

Acerca desta temática e dos procedimentos de comunicação, devem ser consul-


tadas as FAQ’s disponíveis no portal da Autoridade de Auditoria (IGF), em https://
www.igf.gov.pt/deveres-de-comunicacao/sgps-interna.aspx .

62

Ordem dos Contabilistas Certificados


Novas áreas
de negócio

Volume VI. Outras Competências


VI.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.5. Comunicação Instituto dos Mercados Públicos, do


Imobiliário e da Construção (IMPIC)

Nos termos da Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto (regime da prevenção e combate


do branqueamento de capitais e do financiamento do terrorismo), as entidades,
independentemente da sua natureza financeira ou não financeira que exerçam as
seguintes atividades imobiliárias, estão sujeitas ao dever de comunicar ao IMPIC,
os elementos sobre cada transação imobiliária e contrato de arrendamento efetua-
dos, numa base trimestral.

Por atividades imobiliárias deve entender-se i) Mediação imobiliária; ii) Compra,


venda, compra para revenda ou permuta de imóveis; iii) Arrendamento; iv) Promo-
ção imobiliária.

Apenas são comunicados os contratos de arrendamento de bens imóveis cujo mon-


tante de renda seja igual ou superior a 2.500 € mensais.

Esta comunicação obrigatória efetua-se até ao final do trimestre seguinte àquele a


que respeitam as operações, exclusivamente por transmissão eletrónica de dados
para o IMPIC, através do portal www.impic.pt, tendo-se como não efetuadas as
63
comunicações apresentadas por qualquer outra via.

Acerca desta temática e dos procedimentos de comunicação, devem ser consul-


tadas as FAQs disponíveis no portal do IMPIC, em https://www.impic.pt/impic/
pt-pt/comunicacoes-obrigatorias/comunicacoes-obrigatorias-de-atividades-imo-
biliarias-lei-no-832017-de-18-de-agosto .
Ordem dos Contabilistas Certificados

Novas áreas
de negócio

Volume VI. Outras Competências


VI.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.6. Pontos-chave

• Avaliar as competências técnicas e os recursos disponíveis para a realização dos


serviços.

• Definir procedimentos para a realização dos serviços, assegurando a obtenção de


informação especializada do negócio junto do Cliente.

64

Ordem dos Contabilistas Certificados


Novas áreas
de negócio

Volume VI. Outras Competências


VI.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.7. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A


Verificou se a prestação de serviços foi contratada e se os termos
e condições se encontram adequados ao risco assumido, tendo
em conta que a totalidade ou parte dos serviços a prestar pode
estar dependente de informação cuja preparação está totalmente
dependente do Cliente?
Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

65
Ordem dos Contabilistas Certificados

Novas áreas
de negócio

Volume VI. Outras Competências


VI.06
[Página propositamente deixada em branco]
[Página propositamente deixada em branco]
[Página propositamente deixada em branco]
Guia de Boas Práticas Profissionais

VII
Gestão
de Riscos

2023
Guia de Boas Práticas Profissionais

FICHA TÉCNICA

GUIA DE BOAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS

Volume VII: Gestão de Riscos

Autoria da Ordem dos Contabilistas Certificados com a colaboração de vários autores

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2023


Ordem dos Contabilistas Certificados

Não é permitida a utilização desta Coleção, para qualquer outro fim que não o
indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certifi-
cados, entidade que detém os direitos de autor.

Volume VII. Gestão de Riscos


Índice
Apresentação 5
Introdução 9

VII.01 Risco Legislativo 11


1.1. Enquadramento 11
1.2. Pontos-chave 12
1.3. Autoavaliação 13

VII.02 Registo Central de Beneficiário Efetivo 15


2.1. Enquadramento 15
2.2. Pontos-chave 21
2.3. Autoavaliação 22

VII.03 Análise de Risco de Branqueamento de Capitais e de Financiamento Terrorismo 23 3

3.1. Enquadramento 23
3.2. Pontos-chave 27
3.8. Autoavaliação 28

VII.04 Risco de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho 29


4.1. Enquadramento 29
4.2. Pontos-chave 30
4.3. Autoavaliação 31

VII.05 Risco de Responsabilidade Profissional 33


5.1. Enquadramento 33
5.2. Pontos-chave 36
5.3. Autoavaliação 37

VII.06 Risco de Recursos Humanos 39


6.1. Enquadramento 39
Ordem dos Contabilistas Certificados

6.2. Pontos-chave 41
6.3. Autoavaliação 42

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

VII.07 Risco de Tratamento de Dados Pessoais 43


7.1. Enquadramento 43
7.2. Enquadramento legal, estatutário e deontológico 44
7.3. As medidas de implementação prática no caso de tratamento manual e trata- 50
mento digital
7.3.1. A componente Jurídica 51
7.3.2. A componente Processual 52
7.3.3. A componente Tecnológica 53
7.4. Pontos-chave 58
7.5. Auto-avaliação 59

VII.08 Risco reputacional e societário 61


8.1. Enquadramento 61
8.2. Pontos-chave 64
8.3. Autoavaliação 65

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Apresentação
O sucesso nasce do querer, do trabalho persistente, do empenho constante, da
união, do espírito de equipa, da motivação altruísta e alegria para se alcançar o
objetivo traçado. Por mais ambiciosos que sejam os objetivos, com a atitude cor-
reta, conseguimos alcançar os nossos sonhos. É este o mote de mais um grande
projeto da Ordem dos Contabilistas Certificados, diria mesmo, o grande projeto da
Ordem para a reformulação, reorganização e reconstrução das bases necessárias
para mais uma elevação da profissão de Contabilista Certificado.

Hoje, temos uma Ordem presente na vida dos seus membros, disponível para os
apoiar profissional, técnica, pessoal e socialmente. Uma Ordem transparente, ri-
gorosa e financeiramente saudável. Uma Ordem com a maior notoriedade social e
política. Uma Ordem que regula uma profissão de interesse público, valorizando-a
e apoiando os membros no cumprimento dos seus deveres e obrigações profissio-
nais. Uma Ordem que reforçou o quadro normativo para o exercício da profissão.
5

Os profissionais são hoje, inegavelmente, os agentes económicos mais capacita-


dos e que melhor apoiam e mais valor acrescentam ao tecido empresarial. Somos
profissionais de interesse público numa sociedade civil cada vez mais exigente em
termos sociais, ambientais e de governance. Somos vistos pela sociedade civil,
tecido empresarial e poder político, como os mais confiáveis, tecnicamente co-
nhecedores e qualificados profissionais nas áreas económica e financeira. Somos
os agentes que permanentemente acrescentam valor aos seus clientes e que mais
rapidamente encontram soluções para os problemas e questões dos contribuintes.
Somos agentes de interesse e fé pública, sinónimo de transparência e credibilida-
de, o nosso valor é incomensurável.

Hoje, não somos meros homens e mulheres de contas, mas homens e mulheres
integrados na dinâmica de uma sociedade em constante mudança. Somos uma
profissão de interesse público, e isso significa que, no exercício das nossas funções,
o trabalho que produzimos influencia toda a sociedade nos seus mais variados inte-
resses, isto é, financeiros, ambientais, sociais, de boa gestão, familiares e lúdicos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Devemos exaltar a nossa profissão, devemos orgulhar-nos do que representamos


para o tecido empresarial e a sociedade, devemos valorizar a nossa carteira profis-
sional, os nossos conhecimentos, qualificações e valor acrescentado.

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Paralelamente, temos de nos preocupar cada vez mais com as consequências que o
nosso trabalho tem nos mais diferentes níveis, perspetivas e setores da sociedade.
Temos e devemos querer ter ainda mais responsabilidade ambiental, social e de
boa gestão.

Reinventámos a nossa profissão. Reorganizámo-nos. Reforçámos o nosso interes-


se público. Triplicámos a nossa reputação. Reposicionámo-nos e hoje, melhor que
nunca, podemos olhar em frente conscientes e motivados que, por maior que seja
o desafio, temos as ferramentas e conhecimentos necessários para os ultrapassar.

À Ordem, cumpre acompanhar os seus membros, percebendo, com perspicácia,


imparcialidade e isenção técnica, emocional e política, qual a melhor orientação
para a profissão. Como entidade que regula a profissão, cumpre à Ordem defender
os seus membros e o valor do trabalho que estes produzem com base no interesse
público da profissão, deixando de lado quaisquer outros interesses.

Cientes do atual cenário profissional e dos desafios que temos pela frente, lança-
mos o projeto Guia de Boas Práticas Profissionais, uma verdadeira revolução para
a nossa profissão, uma ferramenta que pretende dotar todos os contabilistas cer-
tificados dos conhecimentos, conselhos e dicas, que permitam aos profissionais
6 crescer para novos patamares de excelência.

Este guia fornece orientação prática para os contabilistas certificados por forma
a que estes consigam melhor gerir as suas práticas profissionais e os seus negó-
cios, para terem melhores condições de vida pessoal e profissional e operarem de
forma mais lucrativa, feliz, competitiva, ética, sustentável e valorizada. Elaborado
com uma forte componente prática, este guia apresenta casos para ilustrar noções,
listas e exercícios de autoavaliação, tabelas, conceitos e orientações para as boas
práticas profissionais sendo uns legalmente obrigatórios e outros facultativos, que
tendem à valorização do profissional, da sua prática e do seu negócio.

Seguindo este guia, os contabilistas certificados podem melhor construir um am-


biente propício à prestação de serviços de alta qualidade e assim reforçamos nova-
mente junto de toda a sociedade o nosso valor e interesse público.

Destinando-se a todos os profissionais, independentemente da idade, qualifica-


ções ou modelo em que exercem a profissão, o Guia deve ser lido, estudado, im-
plementado e consultado diariamente, sempre tendo em vista o aperfeiçoamento
Ordem dos Contabilistas Certificados

contínuo do profissional e das boas práticas profissionais.

O Guia cobre uma gama diversificada de tópicos, tanto estratégicos como ope-
racionais, com maior detalhe nas matérias que, nesta primeira edição, entende-

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

mos ser mais relevantes para a profissão e os seus membros. Organizado em dez
volumes, o Guia foi projetado para ser o mais independente possível entre cada
volume, permitindo a sua utilização individual sempre sem afastar a interligação e
relação global de toda a coleção.

Assim, o Guia apresenta a seguinte estrutura: I. Relação do Contabilista com a Ordem


e com os Colegas; II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente; III.
Relato Financeiro; IV. Competências Exclusivas - Declarações Fiscais; V. Prestação de
Contas; VI. Outras Competências; VII. Gestão de Riscos; VIII. Controlo sobre a Ativida-
de; IX. Gestão de Recursos Humanos; X. Gestão Estratégica e Orçamental.

No volume I, dá-se articular atenção às funções do Contabilista Certificado, ao se-


guro de responsabilidade civil profissional, formação profissional contínua, respon-
sabilidade disciplinar e ao relacionamento entre colegas. No volume II, olhamos
detalhadamente para a política de comunicação e publicidade, modos de exer-
cício da atividade, processo de estimativa da avença/honorários, justo impedi-
mento e relacionamento com os vários intervenientes na relação profissional dos
contabilistas certificados. No volume III, entramos na determinação do normativo
contabilístico, planos de contas, procedimentos de organização e controlo conta-
bilísticos, demonstrações financeiras e consolidação de contas. No volume IV, o
7
guia apresenta tudo o que os membros precisam de saber sobre as obrigações de-
clarativas fiscais correntes e não correntes, o dossier fiscal e o dossier de preços de
transferência. No volume V, temos tudo sobre o processo de prestação de contas,
relato financeiro, de gestão, não financeiro, integrado, certificação legal de con-
tas e entidades do setor não lucrativo. Avançando para o volume VI, entramos na
área dos recursos humanos, certificação de informação, consultoria e planeamento
fiscal, gestão, projetos e outras novas áreas de negócio. No volume VII, tratamos
o registo central do beneficiário efetivo, o risco de branqueamento de capitais e
financiamento do terrorismo e os riscos inerentes à segurança e saúde no traba-
lho, recursos humanos, dados pessoais até ao risco reputacional e societário. No
volume VIII, abordamos o controlo interno, desempenho, gestão e produtividade
da atividade. No volume IX, apresentamos detalhada informação sobre a gestão de
recursos humanos no escritório de contabilidade, políticas salariais, formação de
trabalhadores e contraordenações laborais. Por fim, no último volume, o X, aborda-
mos a gestão estratégica e orçamental.

Cada volume foi construído especialmente para os contabilistas certificados e ten-


do em consideração os conhecimentos e experiência padrão da classe. O con-
Ordem dos Contabilistas Certificados

teúdo é projetado para o seu estudo, autoavaliação, implementação concreta de


melhores práticas profissionais e posterior monotorização e acompanhamento das
mesmas.

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Com base neste Guia, a Ordem desenvolverá vários programas de formação pro-
fissional contínua, de presença obrigatória, em diferentes modelos e ambientes,
proporcionando a todos os contabilistas certificados as melhores condições para
uma evolução profissional do membro e do seu negócio.

Posteriormente, serão desenvolvidos e disponibilizados a todos os contabilistas


certificados, programas e ferramentas de acompanhamento e monitorização da
implementação das melhores práticas previstas neste Guia. Estes programas de
Certificação de Qualidade serão pedagógicos e terão como objetivo apoiar os
membros na elevação dos padrões de qualidade da nossa profissão.

Este Guia é o novo desafio que lanço a toda a nossa classe, o primeiro passo para
um novo e melhor enquadramento profissional, é o mote para começarmos a cons-
truir mais um capítulo na já riquíssima história da nossa profissão. Com este Guia
como farol, estou certa que continuaremos a acentuada tendência de crescimento
profissional e que conseguiremos elevar a nossa profissão mais um patamar na já
elevada escala de excelência profissional em que nos encontramos.

Paula Franco, Bastonária


8

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Introdução
Guia de Boas Práticas Profissionais

Gestão de Riscos

A gestão de riscos no exercício da atividade de Contabilista Certificado é crucial


para garantir a qualidade e a integridade dos serviços prestados, a conformidade
legislativa e a continuidade das operações. Ao identificar, avaliar e mitigar riscos, o
Contabilista Certificado pode proteger os seus clientes, a sua reputação e os seus
próprios interesses financeiros.

Os riscos associados a um escritório de contabilidade podem variar dependen-


do de vários fatores, incluindo a dimensão do escritório, a natureza dos serviços
prestados, a localização geográfica e a eficácia das práticas de gestão de riscos
implementadas.

No contexto do exercício da atividade de Contabilista Certificado, os riscos podem


incluir erros contabilísticos, não conformidades com regulamentações fiscais, di-
vulgação de informações financeiras confidenciais, falhas nos sistemas de TI, pro-
blemas de segurança de dados e até mesmo riscos reputacionais. É importante
realizar uma análise detalhada para identificar todos os riscos específicos que a 9

atividade de Contabilista Certificado possa enfrentar.

De seguida apresentamos algumas orientações específicas para implementar pro-


cedimentos de gestão de riscos por parte do Contabilista Certificado, destacando
que a mesma é um processo contínuo e iterativo orientado para a melhoria. É im-
portante verificar continuamente e ajustar as estratégias de gestão de riscos às
constantes mudanças, principalmente, legislativas e tecnológicas.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


[Página propositamente deixada em branco]
VII.01
Guia de Boas Práticas Profissionais

Legislativo
Risco
VII.01
Risco Legislativo

1.1. Enquadramento

O exercício da atividade de contabilidade está sujeito a regulamentações com-


plexas, incluindo normas contabilísticas, fiscais e demais legislação aplicável. O
não cumprimento dessas regulamentações pode resultar em penalidades e ações
legais. Mudanças nas leis e regulamentos também podem criar desafios para os
Contabilistas Certificados se manterem atualizados e em conformidade.

Seguidamente apresentamos as várias causas e fatores relacionados com o risco


legislativo:

• Complexidade legislativa
- As legislações contabilísticas e fiscais frequentemente são complexas e es-
tão sujeitas a mudanças. A interpretação incorreta ou a falta de conhecimento
das regulamentações podem levar a erros; 11

• Falta de atualização
- As leis e regulamentos podem mudar ao longo do tempo. Se os profissionais
do escritório de contabilidade não se mantiverem atualizados, podem inad-
vertidamente violar as novas regras;

• Interpretação divergente
- A interpretação da legislação pode variar, o que pode levar a diferentes
abordagens em diferentes situações. Escolhas erradas de interpretação po-
dem resultar em não conformidade;

• Mudanças legais inesperadas


- Mudanças súbitas nas leis, não acompanhadas pelo Contabilista Certificado
podem conduzir a erros e não conformidade.

De forma a mitigar as consequências, será necessário o Contabilista Certificado


manter-se atualizado, recorrendo a formação contínua, considerada vital para man-
Ordem dos Contabilistas Certificados

ter a relevância e a competência dos contabilistas num ambiente legislativo em


constante mudança. A formação contínua permite ao CC adaptar-se e estar sempre
atualizado, de forma a prestar um serviço de qualidade aos seus clientes.

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais
Legislativo
Risco
VII.01

1.2. Pontos-chave

• O risco legislativo é um dos mais suscetíveis de afetar o exercício da profissão.

• A prevenção e mitigação deste risco exigem formação contínua.

12

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Legislativo
Risco
VII.01
1.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

O contabilista tem em conta as alterações legislativas como risco


que pode afetar o negócio?

Em caso afirmativo, adota estratégias de prevenção e mitigação


deste risco?

A formação contínua dos colaboradores é fomentada?

Observações

13
Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


[Página propositamente deixada em branco]
VII.02
Guia de Boas Práticas Profissionais

Registo Central de Beneficiário Efetivo

Beneficiário Efetivo
Registo Central de
2.1. Enquadramento

A integridade do sistema financeiro da União Europeia depende da transparência

VII.02
das estruturas societárias e de outras pessoas coletivas. O sistema legal dá res-
posta a esta necessidade através de medidas destinadas a prevenir a utilização do
sistema financeiro para efeitos de branqueamento de capitais ou de financiamento
do terrorismo (BC/FT).

Uma vez que o Contabilista Certificado exerce uma profissão de interesse público,
é visado na aplicação das medidas legais de BC/FT.

Neste âmbito, tem especial relevância a identificação e registo do beneficiário efetivo.

A obrigação conexa ao Registo Central de Beneficiário Efetivo resulta da aplicação


da Lei n.º 89/2017, de 21 de agosto, posteriormente alterada pela Lei n.º 58/2020, 15
de 31 de agosto e regulamentada pela Portaria n.º 233/2018, de 21 de agosto, e pela
Portaria n.º 200/2019, de 28 de junho.

Esta legislação transpôs para a ordem jurídica portuguesa a diretiva comunitária


sobre branqueamento de capitais. O objetivo é que o Registo Central de Benefi-
ciário Efetivo seja uma base de dados que reúne informações concretas e constan-
temente atualizadas sobre as pessoas singulares que de forma direta ou indireta,
detenham a propriedade ou o controlo efetivo das entidades constituídas em Por-
tugal ou entidades que aqui pretendam realizar negócios.

De acordo com a Lei n.º 58/2020, de 31 de agosto, a primeira declaração referente


ao Registo Central de Beneficiário Efetivo deve ser efetuada no prazo de 30 dias:

• após a constituição de entidades que sejam sujeitas a registo comercial;

• após a inscrição definitiva no Ficheiro Central de Pessoas Coletivas de entida-


des que não estejam sujeitas a registo comercial;
Ordem dos Contabilistas Certificados

• após a atribuição de NIF pela Autoridade Tributária e Aduaneira, quando se


trate de entidades que não deva ter inscrição no Ficheiro Central de Pessoas
Coletivas.

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Após a declaração inicial, em que foi efetuada a identificação do beneficiário efe-


tivo, há obrigatoriedade de atualizar a informação que consta dessa declaração
sempre que existam alterações a qualquer um dos dados declarados, no prazo de
Beneficiário Efetivo
Registo Central de

30 dias a contar do facto que as originam.

Não existindo alterações aos dados anteriormente declarados que determinem a


sua atualização, é, pelo menos, devida a sua confirmação anual, até 31 de dezem-
bro do ano a que diga respeito, diretamente junto do IRN, no portal do RCBE ou,
VII.02

por opção, através da IES.

Assim, a confirmação do beneficiário efetivo terá de ocorrer, a menos que possa


beneficiar de dispensa dessa confirmação, sendo a IES apenas um dos meios pos-
síveis para o fazer, ficando ao critério da entidade declarante escolher através de
que meio pretende fazê-lo.

A declaração do RCBE pode ser preenchida por advogados, solicitadores, notários,


contabilistas certificados e membros dos órgãos de administração, como gerentes
e administradores.

16 Os sócios de entidades obrigadas ao preenchimento do Registo Central de Bene-


ficiário Efetivo que não disponibilizem os seus dados, devem ser notificados pelas
entidades para que no prazo máximo de 10 dias se proceda à atualização dos seus
elementos de identificação. O incumprimento injustificado do dever de informação
por parte dos sócios, após a notificação enviada pela entidade, poderá resultar na
amortização das respetivas participações sociais dos sócios incumpridores, nos
termos previstos no Código das Sociedades Comerciais.

Mais importa referir que o incumprimento por parte das sociedades do dever de
manter o Registo Central de Beneficiário Efetivo atualizado com todos os elemen-
tos de identificação dos beneficiários efetivos constitui contraordenação punível
com uma coima variável entre €1.000,00 a €50.000,00.

O Contabilista Certificado é considerado “entidade obrigada” para efeitos de apli-


cação do RCBE. Com efeito, os auditores, contabilistas certificados e consultores
fiscais, constituídos em sociedade ou em prática individual, bem como qualquer
outra pessoa que se comprometa a prestar, diretamente ou por intermédio de ou-
tras pessoas com as quais tenha algum tipo de relação, ajuda material, assistência
Ordem dos Contabilistas Certificados

ou consultoria em matéria fiscal, como principal atividade comercial ou profissio-


nal, estão sujeitos aos deveres do RCBE.

Quadro síntese dos deveres do Contabilista Certificado no âmbito do RCBE

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Assunto Observação

Entidade obrigada O contabilista certificado é entidade obrigada para efeitos dos


deveres legais de BC/FT, tendo legitimidade para intervir no cum-

Beneficiário Efetivo
Registo Central de
primento da obrigação de declaração do RCBE das entidades su-
jeitas

Declaração inicial • Efetuada na sequência do registo de constituição da pessoa co-


letiva, se sujeita a registo comercial
• Efetuada na sequência da primeira inscrição no Ficheiro Central

VII.02
de Pessoas Coletivas, se não sujeita a registo comercial
• Efetuada na sequência de atribuição de um NIF pela AT, no caso
dos fundos
Prazo: 30 dias

Declaração de Após ter sido efetuada a declaração inicial, sempre que existam
alterações alterações a qualquer dos dados declarados nessa declaração, in-
dependentemente de serem dados relativos à entidade declarante
ou beneficiários efetivos, devem os mesmos ser atualizados.
Prazo: 30 dias a contar dos factos que lhes deram origem
Nota: qualquer elemento que tenha sido recolhido na declaração e
que, entretanto, tenha sido alterado, deve ser atualizado no RCBE,
incluindo a data dos documentos de identificação (bilhete de iden-
17
tidade, cartão de cidadão, passaporte ou outro).

Declaração anual A confirmação anual da informação constante no RCBE é devida


quando não existam alterações aos dados anteriormente declara-
dos e deve ser efetuada até ao dia 31 de dezembro de cada ano.
Esta é dispensada sempre que a entidade tenha, em momento
anterior do mesmo ano civil, efetuado uma atualização da infor-
mação.
A confirmação anual pode ser submetida:
- com a IES (Informação Empresarial Simplificada), com refe-
rência ao ano civil anterior, ou,
- através da submissão de uma declaração de atualização, na
página do RCBE, para o ano corrente.

Apresentação da Ao contabilista certificado é permitido efetuar a declaração (ini-


declaração do cial, atualização ou anual) de beneficiário efetivo de determinada
RCBE pelo conta- entidade.
bilista certificado O sistema de autenticação a ser disponibilizado no RCBE para
acesso dos contabilistas certificados vem definido no artigo 3.º,
n.º 6, da Portaria n.º 233/2018, de 21 de agosto, e ainda não se
encontra disponível.
Não obstante, o contabilista certificado pode autenticar-se com
Ordem dos Contabilistas Certificados

o seu cartão de cidadão ou com a chave móvel digital efetuar a


declaração indicando que é procurador e juntar em anexo a cópia
da sua cédula profissional.

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Sanções
O regime sancionatório do RCBE, na esfera da sociedade ou entidade obrigada,
tem implicações muito relevantes, constantes dos artigos 37.º e 38.º da Lei n.º
89/2017 e que devem ser conhecidas pelo Contabilista Certificado caso este as-
Beneficiário Efetivo
Registo Central de

suma responsabilidade pelo cumprimento dos deveres declarativos, conforme


apresentado. Note-se que mesmo o incumprimento da obrigação de declaração
de beneficiário efetivo está sujeito a registo comercial, o que evidencia a im-
portância que o legislador pretendeu dar ao incumprimento, tendo em conta as
graves consequências associadas ao mesmo. Por isso, o contabilista que assuma
VII.02

responsabilidade pelo cumprimento dos deveres declarativos no âmbito do RCBE


deve ter presentes as implicações que lhe estão associadas e que podem gerar,
para si, responsabilidade.

Enquanto não se verificar o cumprimento das obrigações declarativas do RCBE, é


vedado às respetivas entidades:

a) Distribuir lucros do exercício ou fazer adiantamentos sobre lucros no decurso


do exercício;

b) Celebrar contratos de fornecimentos, empreitadas de obras públicas ou aqui-


18 sição de serviços e bens com o Estado, regiões autónomas, institutos públicos,
autarquias locais e instituições particulares de solidariedade social maioritaria-
mente financiadas pelo Orçamento do Estado, bem como renovar o prazo dos
contratos já existentes;

c) Concorrer à concessão de serviços públicos;

d) Admitir à negociação em mercado regulamentado instrumentos financeiros


representativos do seu capital social ou nele convertíveis;

e) Lançar ofertas públicas de distribuição de quaisquer instrumentos financeiros


por si emitidos;

f) Beneficiar dos apoios de fundos europeus estruturais e de investimento e


públicos;

g) Intervir como parte em qualquer negócio que tenha por objeto a transmis-
são da propriedade, a título oneroso ou gratuito, ou a constituição, aquisição
Ordem dos Contabilistas Certificados

ou alienação de quaisquer outros direitos reais de gozo ou de garantia sobre


quaisquer bens imóveis.

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Comunicação de mecanismos por intermediários (Lei n.º 26/2020)


Importa ainda referir que estão sujeitos a comunicação pelos intermediários os me-
canismos que tenham um possível impacto na identificação do beneficiário efetivo.

Beneficiário Efetivo
Registo Central de
Os mecanismos que envolvam uma cadeia não transparente de propriedade jurídi-
ca ou de beneficiários efetivos, com recurso a pessoas, mecanismos ou estruturas
legais em que não seja possível identificar os beneficiários efetivos dessas pessoas,
mecanismos ou estruturas legais, podem estar sujeitos a deveres de comunicação
à Autoridade Tributária para efeitos da legislação referida.

VII.02
Atuação do Contabilista Certificado em caso de incumprimento do dever de de-
claração do RCBE
Esta matéria será desenvolvida no ponto seguinte, mas constitui o corolário do
cumprimento dos deveres declarativos relativos ao RCBE, i.e., porque tem de ser
cumprido este dever e como deve o Contabilista Certificado atuar quando se ma-
terializar um risco relativo ao RCBE.

Em particular, deve ter-se em conta o dever de recusa, constante do artigo 50.º da


Lei n.º 83/2017 e que se pode sintetizar do seguinte modo:

Se o Cliente não fornecer a identificação do beneficiário efetivo da sociedade ou 19

entidade obrigada, o Contabilista deve:

• Recusar iniciar relações de negócio, realizar transações ocasionais ou efetuar


outras operações;

• Pôr termo à relação de negócio;

• Efetuar comunicação ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal


da Procuradoria-Geral da República (DCIAP) e a Unidade de Informação Finan-
ceira (UIF) sempre que saibam, suspeitem ou tenham razões suficientes para
suspeitar que certos fundos ou outros bens, independentemente do montante
ou valor envolvido, provêm de atividades criminosas ou estão relacionados com
o financiamento do terrorismo.

Atuação do Contabilista Certificado em caso de divergência entre o proprietário


legal e o beneficiário efetivo
Verificando-se esta situação, e sem prejuízo do cumprimento dos deveres im-
Ordem dos Contabilistas Certificados

postos pela Lei n.º 83/2017, que se detalham no ponto seguinte, a atuação do
Contabilista Certificado deve ser orientada para a compreensão do efeito que a
divergência entre a propriedade legal e o beneficiário efetivo tem na atuação da
sociedade ou entidade.

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Há que efetuar uma avaliação objetiva dos riscos que esta divergência implica para
a atuação da entidade e equacionar a ativação de deveres de comunicação às au-
toridades competentes (DCIAP/UIF).
Beneficiário Efetivo
Registo Central de
VII.02

20

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.2. Pontos-chave

• A identificação do beneficiário efetivo, seja de sociedades seja de outras entida-


des, é considerada uma medida essencial para rastrear os agentes do crime que,

Beneficiário Efetivo
Registo Central de
de outro modo poderão dissimular a sua identidade numa estrutura societária. O
Contabilista Certificado é entidade obrigada no âmbito do cumprimento dos deve-
res legais relativos a esta matéria.

• O cumprimento dos deveres declarativos no âmbito do RCBE não é da competên-

VII.02
cia exclusiva do Contabilista Certificado, podendo ser cumprido por advogados,
solicitadores, notários e membros dos órgãos de administração.

• A prestação destes serviços deve ser contratada como serviço adicional, por não
corresponder ao exercício de competências exclusivas, de forma a evitar omissões
ou sobreposições na apresentação de declarações relevantes.

• O Contabilista Certificado não se encontra obrigado a efetuar a declaração anual


através da IES. Poderá fazê-lo, se aplicável (ou seja, quando não existam altera-
ções aos dados anteriormente declarados), e se não for feita por outras entidades
(incluindo membros dos órgãos de administração, como gerentes e administra-
21
dores). Recomenda-se que o contabilista questione o cliente sobre a atribuição
desta responsabilidade (tal como o deve fazer em relação à declaração inicial e
atualizações).

• Por não se encontrar ainda disponível o sistema de autenticação no RCBE para


acesso dos contabilistas certificados, estes têm de adotar procedimentos distintos
dos das demais entidades que podem cumprir com estes deveres.

• As sanções por incumprimento do dever declarativo, para a sociedade ou entida-


de, são graves e incluem diversas áreas, incluindo a proibição de compra e venda
de imóveis, impossibilidade de atuar no domínio da contratação pública (por exem-
plo, impedindo a cobrança financeira de operações contratadas e faturadas neste
âmbito) e outras com relevância na vida societária. É importante que o Contabilista
Certificado que atue no cumprimento do dever declarativo assegure a execução
atempada e completa dessas obrigações.

• O dever de declaração, além da sua vertente formal e declarativa, obriga o Con-


tabilista Certificado a uma análise substantiva do seu conteúdo e a deveres adicio-
Ordem dos Contabilistas Certificados

nais em caso de incumprimento ou divergência da informação.

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Face à possibilidade de o dever de declaração do RCBE poder ser


Beneficiário Efetivo
Registo Central de

cumprido por outros profissionais e pelos órgãos de administra-


ção, o Contabilista definiu com o cliente a quem compete cumprir
os deveres declarativos no âmbito do RCBE?

Em caso afirmativo, a contratação do serviço foi formalizada e es-


tabelecidos os prazos de envio da informação por parte do Cliente
VII.02

e a eventual repartição do dever com outros profissionais e/ou


órgãos de administração?

O Contabilista efetua consulta à certidão permanente para verifi-


car se foi feito registo comercial do incumprimento do dever de-
clarativo do RCBE? Verificando a existência deste registo, ou tendo
contratado com o Cliente a prestação de serviços nesta matéria,
informou o Cliente das sanções que podem ser aplicadas?

Havendo divergência entre o proprietário legal e o beneficiário


efetivo da sociedade ou entidade, o contabilista obteve justifica-
ção para tal facto?

Observações
22

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


VII.03
Guia de Boas Práticas Profissionais

Análise de Risco de Branqueamento


de Capitais e de Financiamento Terrorismo

3.1. Enquadramento

O Regime de Prevenção do Branqueamento de Capitais e Financiamento do Ter-


rorismo (BC/FT) está previsto na Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto, que estabelece
medidas de natureza preventiva e repressiva de combate ao branqueamento de
capitais e ao financiamento do terrorismo, transpondo para a ordem jurídica inter-
na as Diretivas 2015/849/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de maio

de Branqueamento...
de 2015, e 2016/2258/UE, do Conselho, de 6 de dezembro de 2016. Este diploma

Análise de Risco
foi alterado pela Lei n.º 58/2020, de 31 de agosto.

Conforme já referido, esta lei determina múltiplos e complexos deveres para os


contabilistas certificados.

VII.03
Os Contabilistas Certificados são considerados “Entidade obrigada – não finan-
ceira”. 23

Por outro lado, a OCC é considerada “autoridade setorial”, cabendo-lhe verificar


e adotar as medidas necessárias para assegurar o cumprimento pelos respetivos
membros, dos deveres e obrigações previstos na Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto
e diplomas regulamentares.

Cabe notar que o BC/FT consiste no procedimento através do qual o produto de


operações criminosas ilícitas é investido em atividades aparentemente lícitas, me-
diante dissimulação da origem dessas operações.

Materializando-se num processo de transformação de atividade criminosa em le-


gítima, a intervenção do contabilista só pode justificar-se pelo facto de este ser
um agente económico com um elevado conhecimento das transações dos seus
clientes, com acesso a informação transacional de que os agentes de investigação
criminal não só não dispõem como poderão, potencialmente, não ter a mesma
aptidão técnica para a avaliar.
Ordem dos Contabilistas Certificados

O pagamento de impostos não elimina nem mitiga os riscos de BC/FT.

As funções tradicionais do contabilista são o controlo da regularidade técnica das


operações dos seus clientes. Contudo, cada vez mais a regularidade técnica tem

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

uma dimensão material e substantiva, que excede os controlos formais de validação


das condições de emissão e receção de documentos e do seu registo contabilístico.
Nesta matéria do BC/FT está em causa não só a deteção de situações de risco
efetivo de BC/FT, mas um dever de vigilância reforçado, que obriga o contabilista
ao exercício de múltiplos deveres com o intuito de identificar suspeitas de BC/FT.

O contabilista deve implementar metodologias de controlo interno para identi-


ficar, avaliar e mitigar os riscos de BC/FT, sendo essencial conhecer o cliente e
o seu negócio, para que, em caso de suspeita possa ser feita a comunicação da
mesma às entidades competentes (DCIAP/UIF).

Assim, o Contabilista Certificado, enquanto entidade abrangida por deveres no


âmbito do BC/FT, tem de instituir procedimentos de aceitação do cliente que ga-
de Branqueamento...

rantam, numa fase pré-contratual, que é obtido um conhecimento do potencial


Análise de Risco

cliente e da sua atividade que garantam os mínimos para a sua aceitação, ficando
impedido de iniciar uma relação contratual se suspeitar que a atividade do poten-
cial cliente tem indicadores criminais. Tem também de assegurar que, nas relações
já existentes com clientes, as transações em curso ou planeadas são materialmente
VII.03

avaliadas e, em caso de suspeita, comunicá-las às autoridades competentes.

24 Poderão constituir indícios de risco do cliente alguns comportamentos caracte-


rísticos, como o cliente recusar-se a apresentar-se de forma presencial, a inter-
mitência na resposta aos pedidos de informação, respondendo apenas às ques-
tões convenientes, a existência de intermediários difusos nas operações e na
comunicação com o contabilista, o desconhecimento de quem toma as decisões
relevantes, as estruturas corporativas injustificadamente complexas e difusas, as
frequentes e inexplicáveis mudanças nas equipas de gestão e de assessores le-
gais, fiscais, contabilísticos e financeiros.

Deveres dos Contabilistas Certificados no âmbito da Lei n.º 83/2017

Na tabela abaixo elencam-se todos os deveres legais que impendem sobre os


Contabilistas Certificados no âmbito da Lei n. 83/2017, o seu conteúdo e implica-
ções para o trabalho, que obrigam a desenvolver procedimentos que permitam
cumprir a legislação. Esta tabela apresenta esses conteúdos de forma resumida,
pelo que não dispensa a consulta da legislação.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Dever Âmbito Implicações para o contabilista


Dever de controlo Sistema de controlo • Definição de um modelo eficaz de gestão
(Cap. IV, Secção II) interno de gestão de de risco, incluindo riscos de tratamento de
riscos de BC/FT informação
• Desenvolvimento de políticas, procedi-
mentos e controlos em matéria de aceita-
ção de clientes
• Definição de programas adequados de
formação contínua dos colaboradores
• Designação de responsável pelo cumpri-
mento normativo
Dever • Identificação • Identificação dos clientes e dos respetivos
de identificação e diligência normal representantes de acordo com os requisitos
e diligência específicos da Lei (e não requisitos à escolha

de Branqueamento...
(Art. 23.º) • Meios do CC)

Análise de Risco
comprovativos dos • Apenas são válidos os meios comprovati-
elementos vos de acordo com os requisitos específicos
identificativos da Lei (e não requisitos à escolha do CC)
• Antes do estabelecimento da relação de
• Momento negócio ou da realização de qualquer tran-

VII.03
da verificação da sação ocasional
identidade • Quando o perfil de risco do cliente ou as
características da operação o justifiquem, o 25
• Procedimentos CC está obrigado à obtenção de informação
complementares de sobre a origem e o destino dos fundos mo-
diligência vimentados no âmbito de uma relação de
negócio ou na realização de uma transação
• Conhecimento dos ocasional
beneficiários efetivos • Identificação dos beneficiários efetivos e
consulta ao RCBE
• Procedimentos adicionais de identificação
para pessoas politicamente expostas e titu-
lares de outros cargos políticos ou públicos
Dever Comunicação Comunicação das entidades obrigadas que
de comunicação de operações saibam, suspeitem ou tenham razões sufi-
(Art. 43.º) suspeitas cientes para suspeitar que certos fundos ou
outros bens, independentemente do mon-
tante ou valor envolvido, provêm de ativi-
dades criminosas ou estão relacionados
com o financiamento do terrorismo.
Dever de abstenção Suspensão Suspensão de execução de qualquer ope-
(Art. 47.º) de execução ração ou conjunto de operações, presentes
ou futuras, que saibam ou que suspeitem
Ordem dos Contabilistas Certificados

poder estar associadas a fundos ou outros


bens provenientes ou relacionados com a
prática de atividades criminosas ou com o
financiamento do terrorismo.

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Dever Âmbito Implicações para o contabilista


Dever de recusa Recusa relativa Recusar iniciar relações de negócio, reali-
(Art. 50.º) a procedimentos zar transações ocasionais ou efetuar outras
de informação operações, quando não obtenham identifi-
e diligência cação do cliente e do beneficiário efetivo e
sobre a natureza, o objeto e a finalidade da
relação de negócio
Dever Identificação Prazo: 7 anos
de conservação do cliente
(Art. 51.º) e relações de negócio
Dever de exame Exame e acompanha- Incide sobre conduta, atividade ou opera-
(Art. 52.º) mento de conduta, ção suscetível de poder estar relacionada
atividade ou opera- com fundos ou outros bens provenientes
ção de financiamento do terrorismo ou de ou-
tras atividades criminosas
de Branqueamento...

Dever Colaboração As entidades obrigadas prestam a colabo-


Análise de Risco

de colaboração entre entidades ração que lhes for requerida pelo DCIAP e
(Art. 53.º) obrigadas pela UIF, bem como pelas demais autorida-
e autoridades des judiciárias e policiais, pelas autorida-
des setoriais e pela Autoridade Tributária e
Aduaneira.
VII.03

Dever Não divulgação Não divulgação a clientes ou a terceiros das


de não divulgação a clientes comunicações a que as entidades obriga-
26
(Art. 54.º) ou a terceiros das se encontram sujeitas e de investiga-
ções, inquéritos, averiguações, análises ou
procedimentos legais
Dever de formação Formação Formação sobre BC/FT para dirigentes, tra-
(Art. 55.º) adequada balhadores e demais colaboradores cujas
ao risco e dimensão funções sejam relevantes para efeitos da
da atividade prevenção do BC/FT

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.2. Pontos-chave

• O BC/FT constitui um risco não negligenciável a considerar nas relações de negó-


cios do contabilista certificado, seja numa ótica preventiva, antes das transações
ou relações de negócios se iniciarem, seja em resultado da realização das relações
de negócios ou transações.

• O pagamento de impostos não elimina nem mitiga os riscos de BC/FT.

• O Contabilista Certificado, enquanto entidade abrangida por deveres no âmbito


do BC/FT, tem de instituir procedimentos de aceitação do cliente que garantam,
numa fase pré-contratual, que é obtido um conhecimento do potencial cliente e da
sua atividade que garantam os mínimos para a sua aceitação, ficando impedido de

de Branqueamento...
iniciar uma relação contratual se suspeitar que a atividade do potencial cliente tem

Análise de Risco
indicadores criminais. Tem também de assegurar que, nas relações já existentes
com clientes, as transações em curso ou planeadas são materialmente avaliadas e,
em caso de suspeita, comunicá-las às autoridades competentes.

VII.03
• O Contabilista Certificado deve implementar metodologias de controlo interno
para identificar, avaliar e mitigar os riscos de BC/FT, sendo essencial conhecer o
27
cliente e o seu negócio, para que, em caso de suspeita possa ser feita a comunica-
ção às entidades competentes.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.8. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

O risco de BC/FT pode ser relevante na carteira de clientes do


contabilista? Se sim, existe algum conhecimento sobre a legis-
lação nesta matéria ou o contabilista toma agora conhecimento
deste assunto, de forma estruturada?

Independentemente do nível de risco da sua carteira de clientes,


o contabilista tomou conhecimento dos deveres legais que lhe
incumbem? Se sim, está comprometido com a adoção dos proce-
dimentos associados aos deveres legais?

O contabilista está consciente de que, mesmo na ausência de ris-


co da sua carteira de clientes, tem deveres legais a cumprir no
de Branqueamento...

âmbito da Lei n.º 83/2017?


Análise de Risco

Observações
VII.03

28

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


VII.04
Guia de Boas Práticas Profissionais

Risco de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

4.1. Enquadramento

Como em todas as atividades económicas, o CC deve zelar pela higiene, saúde e


segurança dos seus colaboradores. Neste aspeto, a medicina do trabalho é uma
obrigação legal e é legislada pela Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, como o re-
gime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho. Esta lei tem sofrido
posteriores alterações, com a Lei n.º 42/2012, de 28 de agosto, Lei n.º 3/2014, de 28
de janeiro, Decreto-Lei nº 88/2015, de 28 de maio, Lei nº 146/2015, de 9 de setem-
bro, Lei n.º 28/2016, de 23 de agosto, Lei n.º 79/2019, de 2 de setembro e, ainda,
as Portarias n.º 55/2010, de 21 de janeiro, Portaria n.º 108-A/2011, de 14 de março.

O n.º 2 do artigo 44. º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro detalha os procedi-


mentos e registos que devem ser feitos pela organização:

2 - A vigilância da saúde referida no número anterior deve permitir a aplicação dos 29


conhecimentos de medicina do trabalho mais recentes, ser baseada nas condições

Segurança e Saúde...
ou circunstâncias em que cada trabalhador tenha sido ou possa ser sujeito à exposi-

Risco de Higiene,
ção a agentes ou fatores de risco e incluir, no mínimo, os seguintes procedimentos:

a) Registo da história clínica e profissional de cada trabalhador;

b) Entrevista pessoal com o trabalhador;

VII.04
c) Avaliação individual do seu estado de saúde;

d) Vigilância biológica sempre que necessária;

e) Rastreio de efeitos precoces e reversíveis.

O n.º 1 do artigo 46. º da Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro detalha o registo,


arquivo e conservação:
Ordem dos Contabilistas Certificados

“1 - Sem prejuízo das obrigações gerais do serviço de segurança e de saúde no


trabalho, em matéria de registos de dados e conservação de documentos, o em-
pregador deve organizar e conservar arquivos atualizados, nomeadamente por
via eletrónica.”

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.2. Pontos-chave

• Os princípios gerais de prevenção de riscos de higiene, segurança e saúde no tra-


balho devem integrar o núcleo de riscos e obrigações do contabilista empregador.

• Os trabalhadores têm direito a prestar o seu trabalho em condições que respei-


tem a sua segurança e saúde.

• A segurança no trabalho visa a prevenção de acidentes de trabalho, através da


identificação, avaliação e controlo dos riscos profissionais.

• A saúde no trabalho visa garantir a proteção e promoção da saúde dos trabalha-


dores.

30
Segurança e Saúde...
Risco de Higiene,
VII.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

O contabilista, enquanto empregador, tem em conta os riscos de


higiene, segurança e saúde no trabalho como parte do risco de
negócio?

Caso existam riscos identificados, são relevantes para a continui-


dade e sustentabilidade do negócio?

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


31

Segurança e Saúde...
Risco de Higiene,
VII.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


[Página propositamente deixada em branco]
VII.05
Guia de Boas Práticas Profissionais

Risco de Responsabilidade Profissional

5.1. Enquadramento

Na área da contabilidade, a responsabilidade profissional é um factor crítico a ser


considerado. Os CC têm a responsabilidade de fornecer informações financeiras
precisas e orientações fiáveis aos seus clientes. No entanto, há sempre o risco de
erros, omissões ou interpretações incorretas que podem resultar em perdas finan-
ceiras para os clientes.

De seguida, aprofundaremos o risco de responsabilidade profissional enfrentado pe-


los CC, explorando as causas e consequências, e formas estratégicas eficazes para
gerir o risco de maneira a proteger tanto os contabilistas como os seus clientes.

As causas mais comuns do risco de responsabilidade profissional são as seguintes:

• Erro humano 33
- A natureza minuciosa do trabalho contabilístico é propensa a erros de digi-
tação, cálculos incorretos ou até mesmo à omissão acidental de informações;

• Falta de conhecimento/ atualização e interpretação incorreta da legislação:


- A complexidade em constante evolução da legislação fiscal e contabilísti-
ca pode levar a interpretações incorretas ou desatualizadas, resultando em
aconselhamento inadequado;

• Pressões de tempo
- Prazos apertados e cargas de trabalho excessivas podem levar a atalhos e
a uma análise menos detalhada dos dados, aumentando a probabilidade de
erros;

Risco de Resp.
Profissional
• Dependência de tecnologia
- A automatização das tarefas contabilísticas traz enormes vantagens, mas
também introduz o risco de erros técnicos e falhas de software.
VII.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

As consequências do risco de responsabilidade profissional e o impacto no CC e


nos seus clientes, são várias, nomeadamente, as seguintes:

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

• Danos Financeiros para Clientes:


- Erros contabilísticos e fiscais podem resultar em declarações financeiras in-
corretas, levando os clientes a tomar decisões prejudiciais aos negócios, para
além de eventuais multas e coimas;

• Litígios e processos legais


- Clientes insatisfeitos que sofram perdas financeiras devido a erros podem
processar o CC e procurar uma compensação por meio de ações legais, resul-
tando em litígios dispendiosos e danos à reputação;

• Impacto na reputação profissional


- Erros contabilísticos graves podem prejudicar a reputação tanto do conta-
bilista quanto do cliente, consequentemente afetando a sua credibilidade,
levando à perda de confiança, negócios e relacionamentos.

As estratégias de mitigação e prevenção do risco profissional são fundamentais para


garantir que o CC esteja preparado para enfrentar desafios e evitar consequências
adversas na sua atividade. De seguida, apresentamos algumas estratégias-chave que
podem ser implementadas para gerir o risco profissional de forma eficaz:

34 • Código Deontológico do CC
- O CC deve adotar e estar sempre atualizado sobre os princípios de ética e
padrões profissionais estabelecidos no nosso Código Deontológico do CC;

• Formação contínua
- Investir na formação contínua é uma das estratégias mais importantes para
mitigar o risco profissional. Manter-se atualizado sobre as mudanças na legis-
lação fiscal, contabilística e práticas recomendadas ajuda o CC a aperfeiçoar
os conhecimentos necessários para lidar com desafios emergentes e garantir
a competência na prestação dos serviços;

• Desenvolvimento de políticas e procedimentos internos padronizados


- Estabelecer políticas internas e procedimentos padronizados é fundamental
Risco de Resp.

para criar uma abordagem consistente para as tarefas e responsabilidades


Profissional

profissionais. Essas políticas devem ser documentadas e comunicadas clara-


mente a todos os membros do escritório de contabilidade;
VII.05

• Revisões cruzadas e auditorias internas


Ordem dos Contabilistas Certificados

- Implementar revisões regulares por pares ou realizar auditorias internas


pode ajudar a identificar erros e inconsistências antes que os mesmos afetem
os clientes. Esta abordagem aumenta a probabilidade de identificar proble-
mas antes que eles se tornem mais graves;

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

• Comunicação transparente
- Manter uma comunicação aberta e transparente com os clientes é essencial
para evitar mal-entendidos e assegurar que as expectativas sejam alinhadas.
Discutir limitações, riscos potenciais e possíveis cenários adversos ajuda a
construir confiança;

• Seguro de responsabilidade profissional


- O seguro de responsabilidade profissional oferece uma proteção adicional
em caso de litígios, reclamações ou erros que possam resultar em perdas
para os clientes;

• Gestão de tempo adequada


- Gerir o tempo de forma eficaz é crucial para evitar a pressão excessiva que
pode levar a erros. Dar prioridade a determinadas tarefas, definir prazos rea-
listas e evitar sobrecarrega contribuem para a entrega atempada de um tra-
balho de alta qualidade;

• Adoção de tecnologia adequada


- O CC deve adotar tecnologias seguras para armazenar, processar e compar-
tilhar informações financeiras dos clientes. Isso ajuda a proteger contra riscos 35

cibernéticos e violações de dados.

• Avaliação de riscos prévios


- Antes de iniciar a prestação de serviços a um novo cliente ou oferecer um
novo serviço, deve realizar uma avaliação detalhada dos riscos envolvidos
de forma a identificar potenciais desafios e preparar medidas adequadas de
mitigação.

• Atitude de aprendizagem e autocrítica


- Manter uma atitude de aprendizagem constante e estar aberto à autocríti-
ca são componentes fundamentais para a melhoria contínua. Aprender com
erros passados e estar disposto a fazer ajustes é crucial para evoluir como

Risco de Resp.
profissional.

Para o CC, a mitigação e prevenção do risco profissional são uma parte intrínseca Profissional
VII.05
do cumprimento dos padrões éticos e responsabilidades. Ao adotar estratégias
que incluem a formação contínua, a adoção de padrões éticos e profissionais, a
Ordem dos Contabilistas Certificados

comunicação transparente e uso adequado de tecnologia, os CC podem proteger


a sua reputação, cumprir as suas obrigações e oferecer serviços fiáveis e de alta
qualidade aos seus clientes.

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.2. Pontos-chave

• A responsabilidade profissional é um factor crítico do negócio.

• Este risco pode resultar em perdas financeiras para o contabilista e para os seus
clientes.

• As causas do risco são múltiplas, mas podem ser prevenidas e mitigadas.

• Neste capítulo, são indicados alguns meios e ferramentas de prevenção e mitiga-


ção do risco.

36
Risco de Resp.
Profissional
VII.05

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

O contabilista redige ou cria políticas e procedimentos de preven-


ção e mitigação do risco profissional?

As perdas resultantes do risco profissional podem ser seguradas?


Se sim, o contabilista contratou algum seguro adicional ao que
integra o seguro de responsabilidade da OCC?

Dos meios e ferramentas de prevenção e mitigação do risco indi-


cados, o contabilista adota algum(ns)?

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar? 37

Risco de Resp.
Profissional
VII.05
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


[Página propositamente deixada em branco]
VII.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

Risco de Recursos Humanos

6.1. Enquadramento

O risco de recursos humanos representa um desafio significativo para os CC, uma


vez que a excelência nos serviços prestados depende não apenas da competência
técnica, mas também da gestão eficaz da equipa e do desenvolvimento pessoal. Ao
explorar de maneira mais aprofundada os riscos associados aos recursos humanos,
podemos compreender melhor a complexidade e a importância na atividade do CC.

O processo de contratação traz consigo o risco de escolher candidatos inadequa-


dos. Uma escolha equivocada pode resultar em problemas de qualidade do traba-
lho, erros contabilísticos e possíveis conflitos internos. Além disso, a falta de for-
mação adequada pode levar a lacunas de conhecimento e à falta de competência,
aumentando o risco de erros contabilísticos e não conformidade com questões
legislativas. Portanto, o risco de contratação inadequada é substancial, causando
impacto tanto na qualidade do trabalho, quanto no ambiente de trabalho. 39

A retenção de talentos é um desafio contínuo e uma preocupação importante, já


que a perda de colaborados valiosos pode interromper processos e fluxos de tra-
balho, e resultar na perda de conhecimento crítico. A concorrência por profissionais
qualificados também pode dificultar a retenção de talentos, levando a desafios na
formação de equipas de trabalho sólidas.

A sobrecarga de trabalho é um risco que pode ter sérias consequências. Ao exigir


demais dos colaborados, existe o risco de esgotamento, aumento da pressão e,
consequentemente, erros contabilísticos. A qualidade do trabalho pode ser com-
prometida quando os profissionais estão constantemente sobrecarregados, afe-
tando negativamente o desempenho geral. Além disso, pode afetar a moral dos
colaboradores e levar ao surgimento de conflitos internos entre os colaboradores
ou com o próprio CC, que poderão prejudicar a colaboração, comunicação e, con-
sequentemente, a qualidade do trabalho realizado.

A falta de desenvolvimento profissional para os colaboradores pode resultar em


Ordem dos Contabilistas Certificados

desmotivação e, consequentemente, à estagnação profissional. A ausência de


oportunidades de aprendizagem e crescimento pode resultar em colaboradores
desmotivados e incapazes de acompanhar as tendências e inovações da profissão.
Risco de Recursos
Humanos

Volume VII. Gestão de Riscos


VII.06
Guia de Boas Práticas Profissionais
Legislativo
Risco
VII.01

Uma gestão de desempenho inadequada pode levar a uma série de problemas. Se


os colaboradores do CC não receberem feedback regular, objetivos claros e avalia-
ções justas, a motivação e o alinhamento com os objetivos organizacionais podem
ser comprometidos.

O CC também enfrenta riscos em relação a sua própria carreira. A estagnação pro-


fissional, a falta de oportunidades de crescimento e as dificuldades em se manter
atualizado com as mudanças na profissão são ameaças reais.

Em resumo, a gestão eficaz dos riscos de recursos humanos é crucial para o CC.
Práticas como contratação criteriosa, formação contínua, gestão de desempenho
e promoção de um ambiente de trabalho saudável são essenciais para minimizar os
riscos e promover o sucesso profissional sustentável.

40

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Legislativo
Risco
VII.01
6.2. Pontos-chave

• A gestão de recursos humanos comporta riscos, em particular decorrentes de


deficiências e omissões na execução técnica e na gestão de equipas.

• A retenção de talento é um desafio e um risco que pode interromper processos e


fluxos de trabalho e pode ser prejudicada pela concorrência.

41
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais
Legislativo
Risco
VII.01

6.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

O contabilista empregador enfrenta riscos de recursos humanos?

Em caso afirmativo, implementa medidas para prevenir e mitigar


esses riscos?

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

42

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Volume VII. Gestão de Riscos


Risco de Tratamento
de Dados Pessoais
VII.07
Guia de Boas Práticas Profissionais

VII.07
Risco de Tratamento de Dados Pessoais

7.1. Enquadramento

Apesar do Regulamento Geral de Proteção de Dados - Regulamento (UE) 2016/679


do Parlamento e do Conselho, de 27 de abril de 2016 ter entrado em vigor há mais
de 4 anos, e a Lei de execução nacional, Lei n.º 58/2019, de 8 de agosto, desde
2019, ainda subsistem dúvidas e tarefas a cumprir nesta matéria.

O contabilista certificado tanto assume a posição de Responsável pelo tratamento


dos dados pessoais, determinando as finalidades e os meios de tratamento, quer
por meios automatizados quer não automatizados, como assume a posição de Sub-
contratante, quando trata os dados em nome e por conta do Responsável pelo
tratamento, ou seja, o seu Cliente.

Quem procede ao tratamento de dados pessoais, tem um vasto conjunto de obri-


gações legais a cumprir no que diz respeito ao tratamento e livre circulação desses 43
dados, em defesa dos direitos e liberdades fundamentais das pessoas singulares,
quer ao abrigo do RGPD quer da Lei de execução nacional.

Neste subcapítulo conferimos ao contabilista certificado toda a informação neces-


sária ao rigoroso conhecimento e cumprimento das regras legais aplicáveis ao tra-
tamento de dados pessoais, defendendo a segurança e confidencialidade desses
dados.
Ordem dos Contabilistas Certificados

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Risco de Tratamento
de Dados Pessoais

Guia de Boas Práticas Profissionais


VII.07

7.2. Enquadramento legal, estatutário e deontológico

O Regulamento Geral de Proteção de Dados, Regulamento (UE) 2016/679 do Parla-


mento e do Conselho, de 27 de abril de 2016 (doravante RGPD), relativo à proteção
das pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais e à li-
vre circulação desses dados, com entrada em vigor no dia 25 de maio de 2018, e de
aplicação direta no nosso ordenamento jurídico, veio implementar um novo quadro
legal para o tratamento de dados pessoais. Todos os direitos fundamentais de li-
berdade e princípios reconhecidos na Carta dos Direitos Fundamentais da União
Europeia, são defendidas pelo RGPD, nomeadamente, o respeito pela vida privada
e familiar, pelo domicílio e pelas comunicações, a proteção dos dados pessoais, a
liberdade de pensamento, de consciência e de religião, a liberdade de expressão e
de informação e a diversidade cultural, religiosa e linguística.

Aplicando-se a todas as organizações privadas e públicas que se encontrem nos


Estados-Membros da União Europeia ou organizações subcontratadas por estas,
que tratem dados pessoais, veio o RGPD trazer novas obrigações legais a estas
entidades.

Para efeitos do RGPD considera-se como dado pessoal, qualquer informação re-
44 lativa a uma pessoa singular, como nome, qualquer número de identificação, ou
elemento específico de identidade física, fisiológica, genética, mental, económica,
cultural ou social dessa pessoa que a identifica ou torna identificável – alínea 1 do
artigo 4.º.

O RGPD dá-nos também a definição do que é fazer tratamento de dados pessoais,


na alínea 2 do artigo 4.º, como sendo uma operação ou um conjunto de operações
efetuadas sobre dados pessoais ou sobre conjuntos de dados pessoais, por meios
automatizados ou não automatizados, tais como a recolha, o registo, a organiza-
ção, a estruturação, a conservação, a adaptação ou alteração, a recuperação, a
consulta, a utilização, a divulgação por transmissão, difusão ou qualquer outra for-
ma de disponibilização, a comparação ou interconexão, a limitação, o apagamento
ou a destruição.

Qualquer entidade que proceda, no exercício da sua atividade, ao tratamento de


dados pessoais tem a obrigação de informar o titular dos dados:

(i) Da identidade e contactos do Responsável pelo tratamento, e encarregado


Ordem dos Contabilistas Certificados

de proteção de dados, se nomeado;

(ii) As finalidades do tratamento a que os dados pessoais se destinam, isto é, a


razão pela qual se tratam dados pessoais, qual o objetivo que se pretende atingir;

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de Dados Pessoais
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VII.07
(iii) O fundamento jurídico para o tratamento: *consentimento do titular, *exe-
cução de um contrato ou diligências pré-contratuais, *cumprimento de uma
obrigação jurídica, *defesa de interesses vitais do titular dos dados ou de ou-
tra pessoa singular, *interesses legítimos prosseguidos pelo responsável pelo
tratamento ou por terceiros, *se o tratamento for necessário à declaração, ao
exercício ou à defesa de um direito num processo judicial, ou sempre que os
tribunais atuem no exercício da sua função jurisdicional, *se o tratamento for
necessário para efeitos de medicina preventiva ou do trabalho, *se o tratamen-
to for necessário por motivos de interesse público no domínio da saúde pública,
ou * for necessário para fins de arquivo de interesse público, para fins de inves-
tigação científica ou histórica ou para fins estatísticos;

(iv) As categorias dos dados pessoais e o prazo da sua conservação;

(v) Os destinatários desses dados pessoais, se os houver;

(vi) A intenção de transferir esses dados para um país terceiro ou organização


internacional;

(vii) Os direitos dos titulares dos dados, que elencaremos adiante, incluindo o
de apresentar reclamação à autoridade nacional de controlo (Comissão Nacio- 45

nal de Proteção de Dados) caso o titular dos dados considere que o tratamento
dos seus dados pessoais, da forma como é efetuada, viola o RGPD.

Esta obrigação de informação pode ser cumprida, de forma global, num único
documento, mediante a elaboração daquilo que denominamos como “Política de
Privacidade e Proteção de Dados Pessoais”, o que recomendamos. Tal documento
deve ser disponibilizado (no website caso exista ou em formato papel no escritó-
rio/gabinete de contabilidade) para conhecimento de todas as pessoas singulares
cujos dados pessoais sejam tratados no âmbito da atividade do Responsável pelo
tratamento.

Para além dos Considerandos e Artigos do RGPD, temos também de conhecer a


Lei n.º 58/2019, de 8 de agosto, que veio assegurar a execução na ordem jurídica
nacional do tratamento de dados de situações específicas, indicadas no Capítulo IX
do RGPD, as quais obrigatoriamente têm de ser definidas de forma autonomizada
por cada um dos Estados-membros, designadamente:
Ordem dos Contabilistas Certificados

*Tratamento de dados pessoais e liberdade de expressão e informação; *Trata-


mento e acesso do público aos documentos administrativos; *Publicação de dados
pessoais em jornal oficial; *Publicação de dados no âmbito da contratação pública;
*Tratamento de dados pessoais nas relações laborais; *Tratamento de dados de

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de Dados Pessoais

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VII.07

saúde e dados genéticos; *Tratamento para fins de arquivo de interesse público,


fins de investigação científica, ou histórica, ou fins estatísticos e obrigações de
sigilo.

O contabilista certificado tanto assume a posição de Responsável pelo tratamento


dos dados pessoais, determinando as finalidades e os meios de tratamento, quer
automatizados quer não automatizados, como assume a posição de Subcontra-
tante, quando trata os dados pessoais em nome e por conta do Responsável pelo
tratamento/seu Cliente, nomeadamente quando procede à execução de tarefas de
processamento salarial da estrutura organizativa do seu cliente. Veja-se que a Lei
n.º 58/2019, no seu artigo 28.º com epígrafe “Relações Laborais menciona expres-
samente o papel do contabilista certificado.

Nos termos do Estatuto da Ordem dos Contabilistas Certificados, aprovado pelo


Decreto-Lei n.º 452/99, de 5 de novembro, com as alterações introduzidas pelas
Leis n.ºs 139/2015, de 7 de setembro, n.º 119/2019, de 18 de setembro, n.º 12/2022,
de 27 de junho, e n.º 24-D/2022, de 30 de dezembro, e que se encontra na atuali-
dade a ser objeto de iniciativa legislativa para revisão de redação, dispõe no seu
artigo 70.º que o contabilista certificado tem o dever de contribuir para o prestígio
da profissão, desempenhando consciente e diligentemente as suas funções, abs-
46 tendo-se de qualquer atuação contrária à dignidade da mesma, devendo celebrar
por escrito, um contrato de prestação de serviços. O contabilista certificado deve
guardar segredo profissional sobre os factos e documentos de que tome conheci-
mento no exercício das suas funções, deles não se servindo, em proveito próprio
ou de terceiros – artigo 71.º.

Também o artigo 9.º do Código Deontológico dos Contabilistas Certificados,


aprovado pelo Decreto-lei n.º 310/2009, de 26 de outubro, prescreve que o contra-
to entre os contabilistas certificados e as entidades a quem prestam serviços deve
ser sempre reduzido a escrito, quer se trate de trabalho dependente quer se trate
de trabalho independente.

A necessidade de celebração de um contrato de prestação de serviços entre o con-


tabilista certificado e o seu Cliente, em matéria de tratamento de dados pessoais,
decorre também, como já afirmámos, do disposto no artigo 28.º da Lei n.º 58/2019
que versa sobre o tratamento de dados pessoais inerentes às relações laborais.
Dispõe a norma que o empregador pode tratar os dados pessoais dos seus traba-
lhadores, para as finalidades e com os limites definidos no Código do Trabalho e
Ordem dos Contabilistas Certificados

na respetiva legislação complementar ou noutros regimes setoriais, aqui se abran-


gendo o tratamento efetuado pelo subcontratante ou contabilista certificado, em
nome do empregador, desde que realizado ao abrigo de um contrato de prestação
de serviços e sujeito a iguais garantias de sigilo.

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de Dados Pessoais
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VII.07
Na sua qualidade de Responsável pelo tratamento de dados, é exigido pelo RGPD
(artigo 24.º) que tendo em conta a natureza, o âmbito, o contexto e as finalidades
do tratamento dos dados, bem como os riscos para os direitos e liberdades das
pessoas singulares, sejam implementadas medidas técnicas e organizativas que
assegurem e possam comprovar que o tratamento dos dados pessoais é realizado
em conformidade com o RGPD, isto é, que os dados pessoais são:

- objeto de um tratamento lícito, leal e transparente;

- recolhidos para finalidades determinadas, explícitas e legítimas;

- adequados, pertinentes e limitados ao que é necessário relativamente às fina-


lidades para as quais são tratados;

- exatos e atualizados sempre que necessário, sendo conservados apenas durante


o período necessário para as finalidades para as quais são tratados, podendo ser
conservados por períodos mais longos exclusivamente para fins de arquivo de in-
teresse público, fins de investigação científica ou histórica ou para fins estatísticos;

- tratados de forma a que se garanta a sua segurança, incluindo a proteção con-


tra o seu tratamento não autorizado ou ilícito, e contra a sua perda, destruição 47

ou danificação acidental.

Na qualidade de Subcontratante, compete ao contabilista certificado garantir ao


Responsável pelo tratamento dos dados/seu Cliente, tal como prescreve o artigo
28.º do RGPD, que adota na execução das suas funções, medidas técnicas e orga-
nizativas adequadas à segurança dos dados e à defesa dos direitos dos titulares
dos dados.

Reforçamos a importância de celebração de um Contrato de prestação de servi-


ços, para assegurar o objeto e a duração do tratamento, a natureza e finalidade do
tratamento, o tipo de dados pessoais e as categorias dos titulares dos dados, e as
obrigações e direitos das partes contratantes.

O Subcontratante tem de garantir que,

i) os dados são tratados apenas mediante instruções do Responsável pelo tra-


tamento;
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ii) assegurando que os seus colaboradores autorizados a tratar os dados assu-


miram um compromisso de confidencialidade ou estão sujeitos a adequadas
obrigações legais de confidencialidade;

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VII.07

iii) não contrata outro Subcontratante, sem que o Responsável pelo tratamento
tenha dado o seu consentimento prévio e por escrito;

iv) apaga ou devolve-lhe todos os dados pessoais a que teve acesso na execu-
ção de funções, consoante a escolha do Responsável pelo tratamento;

v) prestará toda a assistência no sentido de assegurar a confidencialidade, inte-


gridade, disponibilidade e resiliência permanentes dos serviços de tratamento,

vi) e bem assim o acesso aos dados pessoais de forma atempada no caso de um
incidente físico ou técnico.

Diga-se que caso o contabilista certificado recorra a outras entidades, para pres-
tação de serviços ou produtos através dos quais acedam a dados pessoais, como
por exemplo programas de faturação, deve solicitar a essas entidades a emissão
da Declaração de conformidade enquanto Subcontratante, nos termos do artigo
28.º do RGPD.

Quanto à muito discutida questão de nomeação obrigatória no setor privado de um


Encarregado de proteção de dados, figura esta prevista nos artigos 37.º e seguintes
48 do RGPD e 9.º e seguintes da Lei n.º 58/2019, entendemos que tal obrigatoriedade
de nomeação, apenas pode ser aferida casuisticamente.

O RGPD dispõe no Considerando 97 que, sempre que no setor privado, o tratamen-


to de dados for efetuado por um Responsável pelo tratamento cujas atividades
principais consistam em operações de tratamento que exijam o controlo regular e
sistemático do titular dos dados em grande escala, ou sempre que as atividades
principais do Responsável pelo tratamento ou do Subcontratante consistam em
operações de tratamento em grande escala de categorias especiais de dados pes-
soais e de dados relacionados com condenações penais e infrações, o Responsável
pelo tratamento destes dados ou o Subcontratante deve ser assistido por um espe-
cialista em legislação e prática de proteção dados no controlo do cumprimento do
presente regulamento a nível interno – Encarregado de proteção de dados.

O conceito de grande escala está ligado ao número de titulares, volume de dados


objeto de tratamento, duração ou permanência da atividade e âmbito geográfico,
pelo que apenas por análise de cada caso concreto se pode aferir da obrigatorieda-
de desta nomeação. Considerando-se um escritório de contabilidade, defendemos
Ordem dos Contabilistas Certificados

que não é obrigatória a nomeação de um Encarregado de proteção de dados.

Todavia, somos do entendimento de que, em qualquer organização, grande ou


pequena, que trate dados pessoais, ainda que não seja obrigatório nomear um

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de Dados Pessoais
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VII.07
Encarregado de proteção de dados, é essencial designar alguém responsável pelo
conhecimento das regras de tratamento de dados pessoais, que devem ser di-
vulgadas por toda a equipa de trabalho. É essencial que se garanta e resguarde a
confidencialidade dos dados pessoais, não tornando pública a informação a que
se acede no exercício de funções, adotando todas as medidas de segurança no
acesso à informação.

Fazemos notar que o RGPD dedica o Capítulo VIII às vias de recurso, responsabilidade
e sanções, pela violação das regras legais, razão pela qual as obrigações a que estão
vinculadas as entidades que procedem ao tratamento de dados pessoais, seja um
contabilista certificado em prática individual ou integrado numa estrutura organizati-
va, não pode ser descurada no dia-a-dia do exercício da atividade profissional.

Para além da aplicação das coimas, a autoridade nacional de controlo pode fazer
advertências, repreensões, impor limitações ao tratamento, entre outras ações em
substituição à aplicação da coima (artigo 58.º RGPD).

As medidas sancionatórias de ações que violem as regras legais devem ser efetivas,
proporcionadas e dissuasivas, sendo que cada penalização deve ter em conta os
seguintes aspetos: natureza, gravidade e duração da infração, o seu caráter inten-
cional ou negligente, as medidas tomadas para atenuar os danos sofridos, o grau 49

de responsabilidade, a via pela qual a infração chegou ao conhecimento da auto-


ridade de controlo, o cumprimento das medidas ordenadas contra o Responsável
pelo tratamento ou Subcontratante, o cumprimento de um código de conduta ou
quaisquer outros fatores agravantes ou atenuantes.

O incumprimento das regras legais no tratamento de dados pessoais pode dar


lugar à aplicação pela autoridade de controlo nacional- CNPD, de coimas até 10
milhões de euros ou 2% do volume de negócios anual (por violação das regras
procedimentais na defesa da confidencialidade dos dados pessoais) ou mesmo 20
milhões de euros ou 4% do volume de negócios anual, no caso de violações graves
(violação dos princípios básicos do tratamento, incluindo as condições do consen-
timento, nos termos dos artigos 5.º, 6.º, 7.º e 9.º do RGPD, violação dos direitos dos
titulares, etc.).

Diga-se que é exonerado de responsabilidade o Responsável pelo tratamento de


dados pessoais ou o Subcontratante, que prove que o facto que causou o dano não
lhe é de modo algum imputável. E isto porque é impossível a qualquer entidade
Ordem dos Contabilistas Certificados

garantir a inviolabilidade dos dados pessoais que trata, apenas lhe sendo exigido
que o seu comportamento seja pautado pelo escrupuloso cumprimento das regras
legais, adotando todas as medidas adequadas à proteção dos dados pessoais, quer
eles sejam objeto de tratamento automatizado quer não automatizado.

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de Dados Pessoais

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VII.07

7.3. As medidas de implementação prática


no caso de tratamento manual e tratamento digital

É essencial que todas as entidades que procedam ao tratamento de dados


pessoais, consigam demonstrar a conformidade da sua atuação com as regras
legais aplicáveis, apresentando as evidências de tal atuação.

O registo das atividades de tratamento é uma obrigação imposta pelo artigo 30.º
do RGPD para os Responsáveis pelo tratamento e para os Subcontratantes com
mais de 250 trabalhadores, ou cujo tratamento efetuado seja suscetível de implicar
um risco para os direitos e liberdades do titular dos dados, não seja ocasional ou
abranja as categorias especiais de dados a que se refere o artigo 9.º, n.º 1 ou dados
pessoais relativos a condenações penais e infrações do artigo 10.º.

Ainda que possa não ser obrigatório, para o escritório de contabilidade proceder
ao registo dos dados, consideramos que o preenchimento do template de “Mo-
delo de registo para Responsáveis pelo tratamento” ou “Modelo de registo para
Subcontratantes” disponibilizados no website da Comissão Nacional de Proteção
de Dados, é o primeiro grande passo para a implementação do RGPD em todas as
entidades, pelo que aconselhamos o seu download e preenchimento.
50

Fazer o mapeamento do circuito das operações de tratamento de dados, conhe-


cendo a estrutura da organização é essencial.

O segundo grande passo é a elaboração da Política de Privacidade, dela constando:


Identificação do responsável pelo tratamento; que dados pessoais são recolhidos e
tratados; o fundamento da utilização dos dados pessoais e o prazo de conservação;
como são protegidos os dados pessoais; se há transferências para outros países
fora da União Europeia; os direitos dos titulares dos dados pessoais.

Salientamos os direitos dos titulares dos dados expressamente dispostos no RGPD,


que cumpre conhecer: direito de acesso (15.º), direito de retificação (16.º), direito
ao apagamento dos dados (17.º), direito à limitação do tratamento (18.º), direito
de portabilidade dos dados (20.º), direito de oposição (21.º), direito de oposição a
decisões individuais automatizadas, incluindo definição de perfis (22.º), e direito de
apresentar reclamação a uma autoridade de controlo (77.º).

O terceiro grande passo é a adequação formal de todos os contratos em vigor,


Ordem dos Contabilistas Certificados

com a introdução de uma cláusula referente ao tratamento de dados pessoais nos


contratos de prestação de serviços celebrado com os Clientes, e bem assim nos
contratos celebrados com os trabalhadores, vinculando-os ao sigilo profissional.

Volume VII. Gestão de Riscos


Risco de Tratamento
de Dados Pessoais
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VII.07
Para garantir a conformidade do tratamento dos dados pessoais com a legislação
em vigor, propomos assim que cada entidade responsável pelo tratamento de da-
dos pessoais, desenvolva e implemente um Programa composto por três compo-
nentes: Jurídica, Processual e Tecnológica.

Cada entidade que procede ao tratamento de dados pessoais deve, consoante o


que for adequado às características e sensibilidade dos tratamentos de dados pes-
soais efetuados, e às especificidades da sua organização, adotar as medidas práti-
cas que aqui apresentamos, com vista a dar cumprimento às obrigações previstas
no RGPD quanto à segurança e tratamento de dados pessoais.

7.3.1. A componente Jurídica

1 - Avaliar a licitude do tratamento dos dados, isto é, se o tratamento tem funda-


mento legal nalguma das alíneas abaixo, tal como previsto nos artigos 6.º (dados
comuns) ou 9.º (dados sensíveis - origem racial ou étnica, opiniões políticas, con-
vicções religiosas ou filosóficas, filiação sindical, dados genéticos, biométricos,
de saúde ou relativos à vida sexual ou orientação sexual):

i. se é feito no âmbito da execução de um contrato ou de diligências pré-con- 51

tratuais (por ex: contrato de trabalho com a equipa de trabalhadores; contrato


de prestação de serviços com os clientes);

ii. Se o titular dos dados deu o seu consentimento livre, explícito e informado;

iii. Se é necessário para o cumprimento de uma obrigação jurídica;

iv. Se é necessário para a defesa de interesses vitais de pessoa singular;

v. Necessário ao exercício de funções de interesse público ou de autoridade


pública;

vi. Para efeito dos interesses legítimos prosseguidos pelo responsável pelo tra-
tamento;

vii. Se os dados foram manifestamente tornados públicos pelo seu titular;


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viii. Para efeitos de medicina preventiva ou do trabalho;

ix. Interesse público no domínio da saúde pública;

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VII.07

x. Necessário para fins de arquivo ou de interesse público, investigação


científica ou histórica ou para fins estatísticos.

2 - Salvaguarda dos direitos dos titulares dos dados: averiguar se os direitos são
do conhecimento de toda a equipa de trabalho.

3 - Adequação contratual com Clientes e Subcontratados: inclusão em todos os


contratos de cláusula relativa a dados pessoais. A Ordem tem, no seu website uma
minuta de Contrato de prestação de serviços, que pode ser consultada para melhor
orientação.

4 - Garantia de cumprimento da legislação: conhecer as regras e princípios basi-


lares do RGPD e da Lei de execução nacional, bem como as Diretrizes da Comissão
Nacional de Proteção de Dados, ministrando formação aos colaboradores.

7.3.2. A componente Processual

1 - Identificação, recolha, processamento e armazenamento: realizar o mapea-


mento dos dados pessoais tratados, definindo o fundamento para tratamento,
52 quem lhes acede, regras de tratamento, onde e como são guardados; verificar se
existem fluxos transfronteiriços – este passo fica cumprido com o preenchimento
do template do website da CNPD.

2 - Manuais de políticas e processos de tratamento de dados: definir as regras de


tratamento de dados, fomentando junto de toda a equipa de trabalho uma cultu-
ra de privacidade e segurança da informação, para que cada colaborador esteja
capacitado para reconhecer potenciais ameaças e agir em conformidade, e como
forma de reduzir a ocorrência e o impacto do erro humano, dando a conhecer aos
trabalhadores o dever de confidencialidade a que estão sujeitos pelo facto de tra-
tarem dados pessoais.

3 - Criação de procedimento de notificação: definir o responsável pela notificação


às autoridades em caso de quebra de segurança e/ou violação dos dados. A notifi-
cação deve ser realizada à autoridade de controlo (CNPD) sem demora injustificada
e se possível, até 72 horas após ter tido conhecimento do facto, e aos titulares dos
dados sem demora injustificada se implicar um elevado risco para os titulares dos
dados ou no caso de a CNPD o ordenar.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Uma violação de dados pessoais é «uma violação da segurança que provoque, de


modo acidental ou ilícito, a destruição, a perda, a alteração, a divulgação ou o
acesso, não autorizados, a dados pessoais transmitidos, conservados ou sujeitos a

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de Dados Pessoais
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VII.07
qualquer outro tipo de tratamento», conforme definição constante da alínea 12 do
artigo 4.º do RGPD. Mesmo que o responsável pelo tratamento considere que não é
exigível a notificação à CNPD, está obrigado a documentar quaisquer violações de
dados, nos termos do n.º 5 do artigo 33.º do RGPD.

4 - Identificação de responsabilidades: cada colaborador tem conhecimento das


suas obrigações no circuito do tratamento de dados.

5 - Armazenamento de documentos em papel que contenham dados pessoais:

a. Utilizar papel e impressão que seja durável;

b. Conservar documentação em local com controlo de humidade e temperatura;

c. Armazenar, devidamente organizados, os documentos que contêm dados


pessoais sensíveis em local fechado, não acessível a terceiros, promovendo a
cultura de secretária limpa de documentos com dados pessoais no final de cada
dia de trabalho;

d. Controlar os acessos, com registo das respetivas data e hora, de quem acede
e do(s) específico(s) documento(s) acedido(s); 53

e. Destruir os documentos através de equipamento específico que garanta a


destruição “segura”.

7.3.3. A componente Tecnológica

1 - Privacidade by design (desde a concepção) e Privacidade by default (por de-


feito): o Responsável pelo tratamento e o Subcontratante têm de poder demons-
trar que os dados pessoais que tratam são legítimos e limitados ao que é necessá-
rio; atualizados, seguros e confidenciais e que têm implementados procedimentos
internos de segurança da informação do conhecimento de todos os colaboradores.

2 - Segurança e confidencialidade dos dados: deve garantir-se a segurança digital


dos dados; devem ser detetados ataques de códigos maliciosos não autorizados,
acesso não autorizado ou intrusão ao sistema, divulgação ou recolha não autoriza-
da de dados, catástrofes naturais, acidentais ou negligentes que afetem os siste-
Ordem dos Contabilistas Certificados

mas informáticos:

a. Garantir que os sistemas operativos de servidores e terminais se encontram


atualizados, bem como todas as aplicações (por exemplo, browser e plugins);

Volume VII. Gestão de Riscos


Risco de Tratamento
de Dados Pessoais

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VII.07

b. Manter atualizado o firmware dos equipamentos de rede;

c. Desenhar e organizar os sistemas e a infraestrutura por forma a segmentar ou


isolar os sistemas e as redes de dados para prevenir a propagação de malware
(qualquer tipo de programa ou código malicioso criado para invadir, danificar
ou incapacitar computadores e outros dispositivos, sistemas ou redes, ou até
para roubar, encriptar ou apagar dados) dentro da organização e para siste-
mas externos, com especial relevância para os ataques de ransomware (tipo
específico de malware que encripta os ficheiros armazenados em servidores
ou computadores, tornando-os inacessíveis, e exigindo um pagamento para a
sua desencriptação. Alguns tipos de ransomware também extraem dados dos
computadores afetados, enviando-os para os atacantes);

d. Robustecer a segurança dos postos de trabalho e servidores, nomeadamente:

i. bloquear o acesso a websites que sejam suscetíveis de constituir um risco


para a segurança;

ii. bloquear os redireccionamentos suspeitos através de motores de busca;

54 iii. bloquear de imediato os ficheiros e aplicações infetadas com malware;

iv. realizar inspeção periódica do estado e utilização dos recursos do sistema;

v. monitorizar a utilização do software instalado;

vi. ativar e conservar os registos de auditoria (log).

3 - Partilha e acesso dos dados: cada utilizador deve ter palavra-passe de acesso,
pessoal e intransmissível; o acesso às funções do sistema deve ser refletido em
perfis de acesso diferenciados em razão da necessidade de conhecer e da segrega-
ção de funções; utilizar credenciais fortes com palavras-passe longas (pelo menos
12 caracteres), únicas, complexas e com números, símbolos, letras maiúsculas e
minúsculas, alterando-as com frequência; Equacionar, designadamente face à sen-
sibilidade da informação, aos privilégios dos utilizadores ou à forma de acesso (v.g.
remota), a aplicação de autenticação multifator.

4 - Ferramenta de correio eletrónico


Ordem dos Contabilistas Certificados

a. Definir de forma clara e com linguagem acessível as políticas e procedimentos


internos sobre o específico envio de mensagens de correio eletrónico contendo da-
dos pessoais, que introduzam as verificações adicionais necessárias, no sentido de:

Volume VII. Gestão de Riscos


Risco de Tratamento
de Dados Pessoais
Guia de Boas Práticas Profissionais

VII.07
i. garantir a inserção dos endereços de correio eletrónico dos destinatários no
campo ‘Bcc:’, nos casos de múltiplos destinatários;

ii. prevenir erros na introdução manual de endereços de correio eletrónico;

iii. assegurar que os ficheiros enviados em anexo contêm apenas os dados


pessoais que se pretendem comunicar.

b. Equacionar a criação de listas de distribuição ou grupos de contacto, com o


objetivo de prevenir a divulgação dos endereços dos destinatários em opera-
ções de envio massivo de mensagens de correio eletrónico;

c. Equacionar a criação de regras com o objetivo de adiar/atrasar a entrega de


mensagens de correio eletrónico contendo dados pessoais, mantendo-as na
‘Caixa de Saída’ por um tempo determinado, permitindo verificações de confor-
midade, após clique em ‘Enviar’;

d. Encriptar com código, ao qual só o destinatário tenha acesso, os emails e/ou


anexos enviados que contenham dados pessoais;

e. Confirmar com o destinatário, antes de envio de e-mail contendo dados pes- 55

soais, o endereço de e-mail preferencial para contacto;

f. Realizar ações de formação no sentido de capacitar os trabalhadores a operar


os mecanismos de envio de mensagens de correio eletrónico de acordo com os
procedimentos definidos, sensibilizando-os para os erros mais comuns;

g. Reforçar o sistema de alerta da ferramenta alarmística utilizada pela enti-


dade, para assegurar visibilidade imediata sobre a criação por utilizadores de
regras de encaminhamento automático de e-mails para contas externas;

h. Reforçar o sistema com ferramentas antiphishing (phishing é um tipo de ataque


que tem como objetivo capturar informação sensível de uma vítima, tentando
enganá-la de modo que esta forneça informação sensível, seja por clicar em
anexos ou links maliciosos de correio eletrónico, seja por partilhar dados em pá-
ginas fraudulentas) e antispam (spam são mensagens de correio eletrónico não
solicitadas e em regra com publicidade que podem ter intuito fraudulento), que
permitam bloquear ligações e/ou anexos com código malicioso, dando ainda for-
Ordem dos Contabilistas Certificados

mação aos utilizadores de correio eletrónico sobre a proteção e cuidados a ter;

i. Adotar controlos de segurança que permitam classificar e proteger as men-


sagens de correio eletrónico sensíveis.

Volume VII. Gestão de Riscos


Risco de Tratamento
de Dados Pessoais

Guia de Boas Práticas Profissionais


VII.07

5. Proteção contra malware

a. Utilizar encriptação segura especialmente no caso de credenciais de acesso,


de dados especiais (dados sensíveis do n.º 1 do artigo 9.º do RGPD), de dados
de natureza altamente pessoal (dados pessoais relacionados com condenações
penais e infrações (artigo 10.º do RGPD), ou com dimensões da vida provada ou
familiar) ou de dados financeiros;

b. Criar um sistema de cópias de segurança (backup) atualizado, seguro e tes-


tado, totalmente separado das bases de dados principais e sem acessibilidade
externa;

c. Reforçar o sistema com ferramentas antimalware que inclua a capacidade


de o verificar e detetar, bem como o bloqueio em tempo real de ameaças do
tipo ransomware, dando formação aos utilizadores, nomeadamente, para que
consigam identificar links suspeitos e endereços de e-mail falsos.

6. Utilização de equipamentos em ambiente externo:

a. Armazenar dados em sistemas internos, protegidos com medidas de segu-


56 rança apropriadas, e acessíveis remotamente através mecanismos de acesso
seguro (VPN);

b. Permitir acessos apenas por VPN;

c. Bloquear as contas após várias tentativas inválidas de login;

d. Ativar a autenticação multifatorial para os utilizadores dos equipamentos;

e. Aplicar cifragem dos dados armazenados no disco local;

f. Sempre que for aplicável, ativar a funcionalidade de “remote wipe” e “find


my device”;

g. Efetuar cópias de segurança automáticas das pastas de trabalho, quando o


equipamento se encontra ligado à rede da entidade;

h. Definir regras claras e adequadas para a utilização de equipamentos em am-


Ordem dos Contabilistas Certificados

biente externo, designadamente quando há utilização de portáteis, deve ser


disponibilizada uma área de armazenamento de documentos, proibindo-se os
utilizadores de colocar documentos de trabalho no disco local do portátil.

Volume VII. Gestão de Riscos


Risco de Tratamento
de Dados Pessoais
Guia de Boas Práticas Profissionais

VII.07
7. Transporte de informação que integre dados pessoais

a. Adotar medidas para impedir que, no transporte de informação com dados


pessoais, estes possam ser lidos, copiados, alterados ou eliminados de forma
não autorizada;

b. Utilizar encriptação segura no transporte, em dispositivos de massa ou arqui-


vo potencialmente permanente (CD/DVD/PEN USB).

57
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Risco de Tratamento
de Dados Pessoais

Guia de Boas Práticas Profissionais


VII.07

7.4. Pontos-chave

• O contabilista certificado deve guardar segredo profissional sobre toda e qual-


quer informação de que tome conhecimento no exercício das suas funções, de-
signadamente dos dados pessoais que trata, devendo conhecer as regras legais
impostas ao tratamento desses dados, quando assume a qualidade de responsável
pelo tratamento dos dados e quando assume a qualidade de subcontratante.

• Os contratos de prestação de serviços celebrados com os seus clientes e os con-


tratos de trabalho celebrados com a sua equipa, devem ter uma cláusula sobre o
tratamento de dados pessoais, criando a Política de Privacidade e Tratamento de
Dados Pessoais.

• O contabilista certificado deve determinar as finalidades do tratamento dos da-


dos, cingindo-se aos dados necessários ao cumprimento da sua atividade profis-
sional, implementando no dia-a-dia de trabalho uma cultura de proteção desses
dados, mediante medidas técnicas e organizativas que garantam a sua segurança.

• Ainda que não seja obrigatório, aconselha-se o registo das operações de trata-
mento de dados mediante preenchimento do template disponibilizado no website
58 da CNPD.

• A implementação do Programa composto pela componente Jurídica, Processual e


Tecnológica permite comprovar a conformidade legal da prática do escritório com
a legislação em vigor.

• É essencial dotar toda a equipa de trabalho de formação, por forma a garantir o


cumprimento das regras legais e defender o armazenamento dos dados de perda
ou destruição ainda que acidental, ou de acessos indevidos de terceiros.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Risco de Tratamento
de Dados Pessoais
Guia de Boas Práticas Profissionais

VII.07
7.5. Auto-avaliação

Assunto Sim Não N/A

As operações de tratamento dos dados pessoais têm fundamento


legal? Qual?

Os dados pessoais são adequados, pertinentes e limitados à fi-


nalidade?

Todos os contratos em vigor têm cláusula de tratamento de dados


pessoais?

Estão definidos prazos para a conservação dos dados?

Existem procedimentos de segurança no tratamento de dados


pessoais?

Todos os colaboradores que tratam dados pessoais estão infor-


mados das suas obrigações?

Os sistemas de tratamento automatizados e não automatizados


garantem a confidencialidade, integridade e disponibilidade dos
dados?

É possível detetar uma violação de dados e comunicá-la no prazo


de 72 horas à CNPD? 59

Existe Política de Privacidade e Proteção de dados?

É possível a recolha de evidências e demonstração do cumpri-


mento do RGPD?

Obervações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


[Página propositamente deixada em branco]
VII.08
Guia de Boas Práticas Profissionais

Risco reputacional e societário

Risco reputacional
e societário
8.1. Enquadramento

O risco reputacional é um aspeto crucial a ser considerado pelo CC, uma vez que

VII.08
a sua reputação profissional é um ativo valioso e pode influenciar diretamente o
sucesso da sua carreira e a confiança dos seus clientes.

A criação de uma cultura de identificação e de gestão de risco reputacional por


parte dos CC tem como objetivo promover a análise do seu impacto, bem como
a probabilidade de ocorrência, de forma que se tomem decisões mais assertivas
acerca da aceitação ou não de um determinado cliente. Em segundo lugar, é im-
portante distinguir se estamos perante um cliente que iniciou a sua atividade pela
primeira vez ou se optou por transferir os serviços de contabilidade para outro CC.

No caso da primeira situação, a identificação do risco é baseada em determinados


factos indiciários, nomeadamente, identificar os sócios, verificar nas bases de da- 61
dos públicas através do seu NIF, se existem antecedentes com estruturas empre-
sariais, pois esses antecedentes, existindo, poderão indiciar, ou não, a existência
de problemas passados e a possibilidade de problemas futuros. Para além disso,
análise do setor económico em que se insere a organização é, fundamental, na me-
dida em que estando inserida num setor de risco, por exemplo, setores facilmente
abaláveis pela situação atual de pandemia, a aceitação desse cliente terá de ser
ponderada na medida em que poderá o negócio ficar sem sustentabilidade, e ser
visto publicamente como indício negativo da gestão da contabilidade da organiza-
ção, o que pode afetar a reputação do CC.

Na segunda situação, o potencial cliente é uma organização que decidiu transferir


os serviços de contabilidade para outro CC, sendo que a análise de risco é facili-
tada através da consulta ao CC anterior de forma a percecionar o que ocorreu e
quais os motivos para transferência dos serviços de contabilidade. Contudo, se a
situação for de litígio, será necessário adotar medidas reforçadas de diálogo e de
informação através das partes interessadas (trabalhadores, clientes, fornecedores,
bancos, entre outros).
Ordem dos Contabilistas Certificados

Face ao exposto, apresenta-se um modelo delista de verificação – Análise do Risco


Reputacional – para averiguar através dos sócios, os antecedentes de cada orga-
nização são importantes, quer na situação de uma organização em início de ativi-

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

dade, quer na situação de uma organização que apenas transferiu os serviços de


contabilidade.
Análise do risco reputacional
1 Empresa iniciou atividade durante os últimos 365 dias?
Risco reputacional

2 Os sócios têm antecedentes de estruturas empresariais?


e societário

3 Consulta de dados dos sócios através do NIF numa base de dados pública?

4 Nas bases de dados públicas, foi possível identificar algum problema anterior afeto
direta ou indiretamente a algum dos sócios?
VII.08

5 Empresa optou pela transferência dos serviços para outro CC?

6 Se a empresa optou pela transferência dos serviços para outro CC, existe algum
problema anterior associado à mesma?

7 Se a empresa optou pela transferência dos serviços para outro CC, existe algum
honorário em atraso ao anterior CC?

O risco reputacional para o CC é um fator que não pode ser subestimado. A reputa-
ção é um ativo valioso que pode levar anos para construir, mas pode ser prejudicada
rapidamente por ações inadequadas. Adotar práticas profissionais éticas, manter a
62
excelência nos serviços prestados e gerir o risco de forma proativa são estratégias
essenciais para proteger a reputação e garantir uma carreira bem-sucedida.

O risco societário refere-se à possibilidade de ocorrerem problemas ou desafios


relacionados à estrutura, governance e as operações das empresas dos clientes. O
CC desempenha um papel crucial na avaliação e gestão deste risco, pois lida dire-
tamente com as informações financeiras e contabilísticas das empresas. A análise
risco societário implica avaliar a relação com cada potencial cliente. Esta análise
do risco realizar-se-á através da consulta do histórico fiscal dos sócios e da entida-
de, de forma a confirmar se existiu algum incumprimento anterior, quer por parte
dos mesmos, quer por parte da entidade.

Para além disso, existe sempre o risco de as entidades contratantes apresentarem


uma reduzida capacidade financeira, o que poderá conduzir a aumentar o risco de
incumprimento das obrigações fiscais. Por exemplo, a análise do procedimento
inerente à Declaração de Rendimentos - Modelo 22 do IRC e à Informação Empre-
sarial Simplificada (IES) – Declaração Anual de Informação Contabilista e Fiscal, de
anos anteriores, poderão constituir-se como fortes indícios da sustentabilidade da
organização.
Ordem dos Contabilistas Certificados

No âmbito do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE) cumpre


ainda, ressalvar a necessidade de consulta da existência ou não de processos judi-

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

ciais, quer dos sócios, quer da sociedade, nomeadamente, se existem processos de


insolvência ou se alguma vez implementou um Processo Especial de Revitalização
(PER) da organização.

Por último, será importante recorrer a um Cartório Notarial para obter acesso des-

Risco reputacional
materializado a informação sobre pessoas declaradas como contumazes, o que irá

e societário
aumentar a segurança jurídica da atividade profissional do CC.

O CC desempenha um papel fundamental na gestão e mitigação do risco societário

VII.08
enfrentado pelos clientes. Ao trabalhar em estreita colaboração com os clientes,
fornecendo aconselhamento, os contabilistas podem ajudar a prevenir problemas
societários, proteger a reputação das empresas e garantir que as operações este-
jam em conformidade com a legislação e práticas adequadas, contribuindo para o
sucesso sustentável das empresas e a manutenção de relacionamentos de confian-
ça com seus stakeholders.

63
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

8.2. Pontos-chave

• Os escritórios de contabilidade enfrentam múltiplos riscos que, para serem


geridos, obrigam à implementação de políticas, procedimentos e tecnologias
adequados.
Risco reputacional
e societário

• Para mitigar os riscos, os escritórios de contabilidade devem implementar práti-


cas de gestão de riscos sólidas, com a adoção de políticas e procedimentos sim-
ples, investindo na segurança de dados e tecnologia, na formação contínua dos
VII.08

funcionários, na diversificação dos serviços e clientes, além de um foco constante


na qualidade do trabalho e na ética profissional.

64

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


Guia de Boas Práticas Profissionais

8.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

O contabilista conhece os riscos do seu negócio? Se sim, conse-

Risco reputacional
gue avaliá-los objetivamente e determinar o impacto que podem
ter na continuidade e sustentabilidade do seu negócio?

e societário
Observações

VII.08
Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

65
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VII. Gestão de Riscos


[Página propositamente deixada em branco]
[Página propositamente deixada em branco]
[Página propositamente deixada em branco]
Guia de Boas Práticas Profissionais

VIII
Controlo
sobre
a Atividade

2023
Guia de Boas Práticas Profissionais

FICHA TÉCNICA

GUIA DE BOAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS

Volume VIII: Controlo sobre a atividade

Autoria da Ordem dos Contabilistas Certificados com a colaboração de vários autores

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2023


Ordem dos Contabilistas Certificados

Não é permitida a utilização desta Coleção, para qualquer outro fim que não o
indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certifi-
cados, entidade que detém os direitos de autor.

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Índice
Apresentação 5
Introdução 9

VIII.01 Controlo Interno 11


1.1. Enquadramento 11
1.2. Matriz de controlo interno 14
1.3. Definição de padrões de controlo 16

VIII.02 Avaliação do Desempenho 19


2.1. Enquadramento 19
2.2. Avaliação dos clientes 20
2.3. Avaliação dos fornecedores 24
2.3. Avaliação dos colaboradores 30
3

VIII.03 Gestão da melhoria 39


3.1. Enquadramento 39

VIII.04 Contribuição para a produtividade 45


4.1. Enquadramento 45
4.2. Pontos-chave 47
4.3. Autoavaliação 48
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


[Página propositamente deixada em branco]
Guia de Boas Práticas Profissionais

Apresentação
O sucesso nasce do querer, do trabalho persistente, do empenho constante, da
união, do espírito de equipa, da motivação altruísta e alegria para se alcançar o
objetivo traçado. Por mais ambiciosos que sejam os objetivos, com a atitude cor-
reta, conseguimos alcançar os nossos sonhos. É este o mote de mais um grande
projeto da Ordem dos Contabilistas Certificados, diria mesmo, o grande projeto da
Ordem para a reformulação, reorganização e reconstrução das bases necessárias
para mais uma elevação da profissão de Contabilista Certificado.

Hoje, temos uma Ordem presente na vida dos seus membros, disponível para os
apoiar profissional, técnica, pessoal e socialmente. Uma Ordem transparente, ri-
gorosa e financeiramente saudável. Uma Ordem com a maior notoriedade social e
política. Uma Ordem que regula uma profissão de interesse público, valorizando-a
e apoiando os membros no cumprimento dos seus deveres e obrigações profissio-
nais. Uma Ordem que reforçou o quadro normativo para o exercício da profissão.
5
Os profissionais são hoje, inegavelmente, os agentes económicos mais capacita-
dos e que melhor apoiam e mais valor acrescentam ao tecido empresarial. Somos
profissionais de interesse público numa sociedade civil cada vez mais exigente em
termos sociais, ambientais e de governance. Somos vistos pela sociedade civil,
tecido empresarial e poder político, como os mais confiáveis, tecnicamente co-
nhecedores e qualificados profissionais nas áreas económica e financeira. Somos
os agentes que permanentemente acrescentam valor aos seus clientes e que mais
rapidamente encontram soluções para os problemas e questões dos contribuintes.
Somos agentes de interesse e fé pública, sinónimo de transparência e credibilida-
de, o nosso valor é incomensurável.

Hoje, não somos meros homens e mulheres de contas, mas homens e mulheres
integrados na dinâmica de uma sociedade em constante mudança. Somos uma
profissão de interesse público, e isso significa que, no exercício das nossas funções,
o trabalho que produzimos influencia toda a sociedade nos seus mais variados inte-
resses, isto é, financeiros, ambientais, sociais, de boa gestão, familiares e lúdicos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Devemos exaltar a nossa profissão, devemos orgulhar-nos do que representamos


para o tecido empresarial e a sociedade, devemos valorizar a nossa carteira profis-
sional, os nossos conhecimentos, qualificações e valor acrescentado.

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Paralelamente, temos de nos preocupar cada vez mais com as consequências que o
nosso trabalho tem nos mais diferentes níveis, perspetivas e setores da sociedade.
Temos e devemos querer ter ainda mais responsabilidade ambiental, social e de
boa gestão.

Reinventámos a nossa profissão. Reorganizámo-nos. Reforçámos o nosso interes-


se público. Triplicámos a nossa reputação. Reposicionámo-nos e hoje, melhor que
nunca, podemos olhar em frente conscientes e motivados que, por maior que seja
o desafio, temos as ferramentas e conhecimentos necessários para os ultrapassar.

À Ordem, cumpre acompanhar os seus membros, percebendo, com perspicácia,


imparcialidade e isenção técnica, emocional e política, qual a melhor orientação
para a profissão. Como entidade que regula a profissão, cumpre à Ordem defender
os seus membros e o valor do trabalho que estes produzem com base no interesse
público da profissão, deixando de lado quaisquer outros interesses.

Cientes do atual cenário profissional e dos desafios que temos pela frente, lança-
mos o projeto Guia de Boas Práticas Profissionais, uma verdadeira revolução para
a nossa profissão, uma ferramenta que pretende dotar todos os contabilistas cer-
tificados dos conhecimentos, conselhos e dicas, que permitam aos profissionais
6 crescer para novos patamares de excelência.

Este guia fornece orientação prática para os contabilistas certificados por forma
a que estes consigam melhor gerir as suas práticas profissionais e os seus negó-
cios, para terem melhores condições de vida pessoal e profissional e operarem de
forma mais lucrativa, feliz, competitiva, ética, sustentável e valorizada. Elaborado
com uma forte componente prática, este guia apresenta casos para ilustrar noções,
listas e exercícios de autoavaliação, tabelas, conceitos e orientações para as boas
práticas profissionais sendo uns legalmente obrigatórios e outros facultativos, que
tendem à valorização do profissional, da sua prática e do seu negócio.

Seguindo este guia, os contabilistas certificados podem melhor construir um am-


biente propício à prestação de serviços de alta qualidade e assim reforçamos nova-
mente junto de toda a sociedade o nosso valor e interesse público.

Destinando-se a todos os profissionais, independentemente da idade, qualifica-


ções ou modelo em que exercem a profissão, o Guia deve ser lido, estudado, im-
plementado e consultado diariamente, sempre tendo em vista o aperfeiçoamento
Ordem dos Contabilistas Certificados

contínuo do profissional e das boas práticas profissionais.

O Guia cobre uma gama diversificada de tópicos, tanto estratégicos como ope-
racionais, com maior detalhe nas matérias que, nesta primeira edição, entende-

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

mos ser mais relevantes para a profissão e os seus membros. Organizado em dez
volumes, o Guia foi projetado para ser o mais independente possível entre cada
volume, permitindo a sua utilização individual sempre sem afastar a interligação e
relação global de toda a coleção.

Assim, o Guia apresenta a seguinte estrutura: I. Relação do Contabilista com a Ordem


e com os Colegas; II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente; III.
Relato Financeiro; IV. Competências Exclusivas - Declarações Fiscais; V. Prestação de
Contas; VI. Outras Competências; VII. Gestão de Riscos; VIII. Controlo sobre a Ativida-
de; IX. Gestão de Recursos Humanos; X. Gestão Estratégica e Orçamental.

No volume I, dá-se articular atenção às funções do Contabilista Certificado, ao se-


guro de responsabilidade civil profissional, formação profissional contínua, respon-
sabilidade disciplinar e ao relacionamento entre colegas. No volume II, olhamos
detalhadamente para a política de comunicação e publicidade, modos de exer-
cício da atividade, processo de estimativa da avença/honorários, justo impedi-
mento e relacionamento com os vários intervenientes na relação profissional dos
contabilistas certificados. No volume III, entramos na determinação do normativo
contabilístico, planos de contas, procedimentos de organização e controlo conta-
bilísticos, demonstrações financeiras e consolidação de contas. No volume IV, o
7
guia apresenta tudo o que os membros precisam de saber sobre as obrigações de-
clarativas fiscais correntes e não correntes, o dossier fiscal e o dossier de preços de
transferência. No volume V, temos tudo sobre o processo de prestação de contas,
relato financeiro, de gestão, não financeiro, integrado, certificação legal de con-
tas e entidades do setor não lucrativo. Avançando para o volume VI, entramos na
área dos recursos humanos, certificação de informação, consultoria e planeamento
fiscal, gestão, projetos e outras novas áreas de negócio. No volume VII, tratamos
o registo central do beneficiário efetivo, o risco de branqueamento de capitais e
financiamento do terrorismo e os riscos inerentes à segurança e saúde no traba-
lho, recursos humanos, dados pessoais até ao risco reputacional e societário. No
volume VIII, abordamos o controlo interno, desempenho, gestão e produtividade
da atividade. No volume IX, apresentamos detalhada informação sobre a gestão de
recursos humanos no escritório de contabilidade, políticas salariais, formação de
trabalhadores e contraordenações laborais. Por fim, no último volume, o X, aborda-
mos a gestão estratégica e orçamental.

Cada volume foi construído especialmente para os contabilistas certificados e ten-


do em consideração os conhecimentos e experiência padrão da classe. O con-
Ordem dos Contabilistas Certificados

teúdo é projetado para o seu estudo, autoavaliação, implementação concreta de


melhores práticas profissionais e posterior monotorização e acompanhamento das
mesmas.

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Com base neste Guia, a Ordem desenvolverá vários programas de formação pro-
fissional contínua, de presença obrigatória, em diferentes modelos e ambientes,
proporcionando a todos os contabilistas certificados as melhores condições para
uma evolução profissional do membro e do seu negócio.

Posteriormente, serão desenvolvidos e disponibilizados a todos os contabilistas


certificados, programas e ferramentas de acompanhamento e monitorização da
implementação das melhores práticas previstas neste Guia. Estes programas de
Certificação de Qualidade serão pedagógicos e terão como objetivo apoiar os
membros na elevação dos padrões de qualidade da nossa profissão.

Este Guia é o novo desafio que lanço a toda a nossa classe, o primeiro passo para
um novo e melhor enquadramento profissional, é o mote para começarmos a cons-
truir mais um capítulo na já riquíssima história da nossa profissão. Com este Guia
como farol, estou certa que continuaremos a acentuada tendência de crescimento
profissional e que conseguiremos elevar a nossa profissão mais um patamar na já
elevada escala de excelência profissional em que nos encontramos.

Paula Franco, Bastonária


8

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Introdução
Guia de Boas Práticas Profissionais

Controlo sobre a atividade

O processo de controlo sobre a atividade desempenha um papel crucial na garantia


da eficiência, precisão e integridade dos processos nos escritórios de contabilida-
de. Ao estabelecer padrões, avaliar o desempenho e contribuir para a produtivida-
de, o controlo interno torna-se basilar para a o sucesso das empresas da área da
contabilidade. Este trabalho, para este volume, explora a importância e as etapas
envolvidas no processo de controlo interno, a definição de padrões, a avaliação do
desempenho e a sua influência na produtividade.

9
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


[Página propositamente deixada em branco]
VIII.01
Guia de Boas Práticas Profissionais

Controlo
Interno
VIII.01
Controlo Interno

1.1. Enquadramento

O sistema de controlo interno de uma organização é composto por um conjunto de


ferramentas de apoio e pelo desenvolvimento de boas práticas de procedimentos
internos que mitiguem os riscos.

O objetivo principal de um sistema de controlo interno é o de auxiliar a gestão da


organização, através da definição de procedimentos, instruções de trabalho, bem
como de modelos que podem ser adotados, perante a ocorrência de determinada
situação ou desenvolvimento de determinada atividade.

O controlo interno é definido como um conjunto de processos, políticas e proce-


dimentos pela gerência ou administração, por forma a assegurar a viabilidade da
operação e do relato financeiro, devendo minimizar o risco de negócio e fraude que
possam colocar em causa o alcance dos objetivos definidos. 11

A definição de controlo interno reflete conceitos fundamentais, sendo:

• Desenhado para alcançar objetivos em uma ou mais áreas;

• Um processo de tarefas e atividades (um meio para um fim e não o fim);

• Posto em prática por pessoas, não limitado a normas e manuais, mas a ações
tomadas por pessoas de cada nível da organização;

• Que deve fornecer segurança razoável;

• Adaptável à estrutura da organização (flexível face a cada departamento ou


localização).
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais
Controlo
Interno
VIII.01

Figura 1 – Conceitos fundamentais no controlo interno

Objetivos
concretos

Segurança Tarefas
razoável e atividades

Controlo
interno

Adaptável Execução
a cada estrutura objetiva
controladas e pessoal

Fonte: adaptado de Auditoria Interna: função e processo - Morais, G., e Martins, I. (2007)

O controlo interno poderá ser caracterizado como controlo interno administrativo


12 e controlo interno contabilístico.

Para o primeiro, estão elencados o plano da organização e os procedimentos e re-


gistos que se relacionam com os processos de decisão, conduzindo à autorização
das transações pelo órgão de gestão. No que respeita ao segundo tipo de controlo
interno, o contabilístico, compreende o plano de organização e procedimentos que
se relacionam com a salvaguarda dos ativos e com a confiabilidade dos registos
contabilísticos em relação ao registo adequado das transações e transposição para
as demonstrações financeiras.

Elencamos de seguida, os tipos de controlo interno, considerando a sua finalidade,


adaptando Morais e Martins1:

• Controlo preventivo: Previne a ocorrência de factos indesejáveis;

- Como por exemplo, a criação de um procedimento de validação múltipla de


ações, no circuito documental do processo de compras ou vendas, desde a
apresentação orçamental até ao pagamento/recebimento;
Ordem dos Contabilistas Certificados

1
Morais, G., e Martins, I. (2007). Auditoria Interna: função e processo (3.ª Ed.). Áreas Ed.

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Controlo
Interno
VIII.01
• Controlo detetivo: Deteta factos indesejáveis já ocorridos;

- Como por exemplo a elaboração regular de reconciliações bancárias e de


caixa, contas de terceiros;

• Controlo corretivo: Corrige factos indesejáveis já ocorridos;

- Como por exemplo a elaboração de relatórios de incidências com medidas


corretivas, como pagamentos indevidos ou atrasados;

• Controlo orientativo: Transmite orientações para ocorrência de factos inde-


sejáveis;

- Como por exemplo a criação de manuais de procedimentos e regulamentos;

• Compensatórios: Compensa fraquezas em diferentes áreas.

- Como por exemplo a validação interdisciplinar entre departamentos diferen-


tes, com áreas relacionadas.
13

Resumidamente, o controlo interno abrange uma série de políticas e procedimen-


tos implementados para salvaguardar os ativos, manter a precisão dos registos e
garantir a conformidade com as normas e regulamentos. Envolve a identificação e
avaliação de riscos, a implementação de controlos preventivos e a monitorização
contínua para detetar e corrigir desvios. O objetivo é mitigar riscos e assegurar que
os processos contabilísticos sejam executados de forma consistente e confiável.
Através da segregação de funções, revisões independentes e a criação de proce-
dimentos de auditoria, os escritórios de contabilidade garantem a viabilidade das
informações financeiras.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais
Controlo
Interno
VIII.01

1.2. Matriz de controlo interno

A matriz de controlo interno, conceptualmente, correlaciona os defeitos de quali-


dade com as várias etapas do processo, com identificação do parâmetro que deve
ser mantido sob controlo, por forma a evitar ações corretivas. Esta matriz permite
o apuramento das não conformidades com base na importância para o cliente.
É possível também, a estratificação das não conformidades baseadas na relação
entre estes e o processo de produção de informação.

Figura 2 – Matriz de controlo interno

Gestão estratégica e planeamento

Avaliação de Parâmetros

Serviços de Contabilidade

Controlo Critério Avaliação


Expetativa de Entrega
Ambiente Externo

de Serviço
Avaliação inicial
Acompanhamento Cliente

14 Necessidades Externas
Fornecedores Avaliação de conformidade do critério definido
Requisitos do cliente

Suporte informatico occ

Satisfação do cliente
Recursos Humanos
Distribuição e planeamento
Satisfação dos colaboradores
Definição Critério

Conhecimento Técnico
Formação

Equipamentos
Adequados Segurança
Ambiente Interno

Instalações
Racio por trabalhador
Adequação de seg. e higiene

Procedimentos lnternos
Procedimentos de execução
Procedimentos de revisao
Procedimentos de controlo

Não
Conforme
Ordem dos Contabilistas Certificados

Ações corretivas
PG01-Resolução de problemas

Fonte: Elaboração própria

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Controlo
Interno
VIII.01
Geralmente, a causa para um serviço prestado fora dos padrões previamente defi-
nidos, com falha na sua entrega, está relacionada com quatro tipo de ocorrências:

• Erro humano;

• Falhas no equipamento;

• Uso incorreto de métodos e procedimentos de produção;

• Falha na verificação/auditoria.

Neste contexto, são várias as áreas onde a gestão deverá avaliar os elementos con-
dicionantes ou potenciais para a produção de serviços de qualidade, sendo no caso
dos CC, composto pelos colaboradores, fornecedores e clientes.

15
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais
Controlo
Interno
VIII.01

1.3. Definição de padrões de controlo

Os padrões são critérios que estabelecem a referência para o desempenho espe-


rado, servindo como base para avaliar o desempenho real em relação ao ideal.
Em termos contabilísticos, os padrões podem incluir normas contabilísticas in-
ternacionais, normas fiscais, prazos de relatórios e procedimentos internos. Ao
estabelecer padrões claros, os escritórios de contabilidade podem definir expec-
tativas claras de qualidade e conformidade.

Na área da contabilidade, existem três principais tipos de padrões:

• Padrões ideais: Representam o desempenho esperado em condições ideais,


onde não há desperdícios, atrasos ou erros. São utilizados como referência para
medir o desempenho máximo possível;

• Padrões normativos: Refletem o desempenho médio esperado com base em


práticas e experiências anteriores. São úteis para avaliar a conformidade com
padrões históricos;

• Padrões-chave: Estabelecem metas de desempenho realistas e alcançáveis,


16 baseadas em considerações práticas e objetivos específicos do escritório de
contabilidade;

De seguida são identificados os padrões mais frequentemente usados pelo CC:

• Padrões de tempo: servem para mensurar o tempo gasto para executar uma
determinada tarefa.

- O tempo-padrão para executar determinada tarefa contabilística.

• Padrões de produtividade: medem a quantidade de serviço prestado num


determinado período temporal.

- Elaboração e envio para o cliente de Demonstrações Financeiras recorrentes


ao longo do ano, prevendo e adiantando a elaboração da Modelo 22 e IES
evitando a subcarga horária no final do prazo da submissão.

• Padrões de custo: definem os custos associados na prestação de determina-


Ordem dos Contabilistas Certificados

do serviço.

- Custo-padrão de utilização de papel num determinado período.

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Controlo
Interno
VIII.01
• Padrões de qualidade: baseiam-se na eficiência, na eficácia e no aperfeiçoa-
mento do serviço prestado.

- Não entrega de declarações obrigatórias fora dos prazos previsto por lei.

• Padrões de comportamento: determinam o tipo de comportamento desejado


nos colaborados do escritório de contabilidade

- Relação cooperativa com os colegas e cortesia com o cliente, utilizando


diariamente vestuário adequado.

• Padrões de instalações: adequabilidade das instalações ao exercício da ativi-


dade do CC.

- Rácio de área ocupada por cada colaborador.

Ao serem definidos os padrões de controlo para o desempenho organizacional, é


estabelecido um guia claro para as expectativas em relação ao trabalho contabilís-
tico. Estes padrões devem ser claros e regularmente avaliados por forma a garantir
que o contabilista esteja a cumprir com os seus compromissos profissionais de
forma eficaz e relevante para os seus clientes. 17
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


[Página propositamente deixada em branco]
VIII.02
Guia de Boas Práticas Profissionais

Avaliação do Desempenho

Desempenho
Avaliação do
2.1. Enquadramento

A avaliação do desempenho é o processo de comparar os resultados reais obtidos

VIII.02
com os padrões estabelecidos. Na contabilidade, isso envolve avaliar a precisão
das demonstrações financeiras, a conformidade com as normas contabilísticas, a
exatidão dos registos e a eficiência operacional. Além disso, a avaliação do desem-
penho pode incluir a análise da satisfação do cliente, a resolução de problemas e a
identificação de oportunidades de melhoria.

19
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.2. Avaliação dos clientes

No que respeita à relação com os clientes, no âmbito da avaliação de desempenho,


é de extrema importância para o contabilista perceber se o serviço que presta, está
ou não de acordo com o contratado e cumpre com as expectativas dos clientes.
Desempenho
Avaliação do

Esta relação, em última análise é o culminar de todo o trabalho do contabilista em-


presário, já que é a área basilar de negócio, geradora de cash-flows.

A avaliação do cliente, relativamente aos serviços prestados, deve ser analisada


VIII.02

casuisticamente já que cada cliente terá a sua expectativa e necessidade de acom-


panhamento. Esta avaliação pode ser informal ou formal:

Avaliação informal: acompanhamento do cliente com reuniões regulares por forma


a avaliar a sua satisfação geral com a performance da equipa. Este procedimento é
essencial para a gestão da expectativa do cliente e a própria organização dos tra-
balhos incluídos nos serviços contratados, permitindo também o ajuste de algum
procedimento de forma célere e adequada;

Avaliação formal: é efetuada pela solicitação de uma avaliação por parte do clien-
te aos serviços prestados, com critérios claros e tempestivos para a realidade da
20 atividade do cliente. Esta avaliação deve ser efetuada de forma regular no tempo,
sendo em última análise a formalização da avaliação do cliente, que informalmente
é acompanhada na avaliação informal.

Quanto a esta última forma de avaliação, propomos de seguida três modelos de


avaliação, a título de exemplo, a ser preenchida por cada cliente do contabilista.
Mais especificamente, o modelo 2 e 3 correspondem a uma avaliação de uma situa-
ção específica da relação contabilista-cliente, e o modelo 1 com um âmbito mais
genérico da atividade.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Modelo 1 - Questionário de satisfação relativamente aos serviços a prestados

Prestação de serviços: Em: / /

Cliente:

Desempenho
Avaliação do
Muito A
QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE: Bom
Bom Suficiente N/A
Melhorar
Interação com o Cliente

VIII.02
Clareza nas propostas apresentadas □ □ □ □ □
□ □ □ □ □
Correspondência das propostas às necessida-
des do cliente
Alternativas apresentadas face às expetativas □ □ □ □ □
Educação e cortesia □ □ □ □ □
Eficácia dos Serviços

□ □ □ □ □
Cumprimento dos requisitos legais, técnicos
e outros
Cumprimento de prazos □ □ □ □ □
Adaptabilidade às necessidades do cliente □ □ □ □ □ 21

Atendimento telefónico □ □ □ □ □
□ □ □ □ □
Facilidade de contacto com o interlocutor
direto
Atividades posteriores à entrega/colocação □ □ □ □ □
Colaboradores da Organização

Prontidão na execução das tarefas □ □ □ □ □


Cumprimento dos procedimentos □ □ □ □ □
Atitude profissional e pessoal □ □ □ □ □
Opinião Global

□ □ □ □
Grau de satisfação global pelos serviços
prestados

Registe aqui eventuais comentários ou sugestões de melhoria:


Ordem dos Contabilistas Certificados

Obrigado pela sua colaboração!

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Modelo 2 - Questionário de satisfação de clientes

Indique qual o grau de satisfação relativamente à informação disponibilizada, uma escala de


1 a 4, em que 1 = Muito insatisfeitos e 4 = Muito satisfeito.
Desempenho
Avaliação do

1 2 3 4
Serviço de Atendimento
Simpatia e disponibilidade para o atendimento
VIII.02

Tempo de resposta a pedidos de orçamento


Tempo de resposta a pedidos de informação
Serviço de Faturação
Exatidão das faturas relativamente aos orçamentos fornecidos
Disponibilidade para a resolução de problemas relativos à faturação
Serviço/Qualidade
Qualidade do serviço fornecido
Cumprimento dos prazos de entrega
Disponibilidade para a resolução de problemas, nomeadamente
de reclamações
Relação preço/qualidade
22
Alguma vez efetuou uma reclamação na nossa empresa?
Sim
Não

Se respondeu sim à questão anterior, ficou satisfeito com o


tratamento da mesma?
Sim
Não

Indique porque escolheu a nossa empresa para prestar os seus serviços


Localização
Preço
Qualidade do serviço
Atitude da entidade
Confiança na entidade
Prazo de execução
Recomendação
Outros
Ordem dos Contabilistas Certificados

Sugestões

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Modelo 3 - Questionário de satisfação relativamente à informação disponibilizada

Numa escala de 1 a 5, em que 1 = Muito insatisfeito e 5 = Muito satisfeito, indique qual o


grau de satisfação relativamente à informação disponibilizada:

1 2 3 4 5

Desempenho
Avaliação do
Qualidade da Informação
Relevância da informação
Atualização da informação

VIII.02
Clareza da informação
Fiabilidade da informação
AVALIAÇÃO GLOBAL da qualidade técnica
da informação disponibilizada

Registe aqui eventuais comentários ou sugestões de melhoria:

Obrigado pela sua colaboração!


23

Tendo o Contabilista Certificado uma visão abrangente da avaliação dos seus clien-
tes, é possível a identificação de algumas situações de potencial de risco de quali-
dade, podendo implementar ações corretivas ou preventivas com foco no serviço
a prestar.

Não é, como já visto no presente documento, o único critério de avaliação da sua


atividade, devendo ser complementado por outras áreas, como a avaliação interna
aos fornecedores, como veremos de seguida.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.3. Avaliação dos fornecedores

A avaliação de fornecedores é uma prática crucial para a gestão eficaz das ope-
rações de uma empresa, independentemente do setor em que ela atua. Para um
contabilista, a avaliação de fornecedores é importante por várias razões:
Desempenho
Avaliação do

• Controlo de Custos

- A avaliação regular interna de fornecedores ajuda a identificar aqueles que


VIII.02

oferecem os melhores preços e condições, sendo fundamental para manter


os custos sob controlo e otimizar os gastos da empresa.

• Qualidade dos Produtos e Serviços

- Permite a garantia de que os produtos ou serviços adquiridos aos fornece-


dores cumprem com os padrões de qualidade necessários para o exercício da
sua função. Avaliar os fornecedores ajuda a identificar aqueles que consisten-
temente entregam produtos ou serviços de alta qualidade.

• Relação Custo-Benefício
24

- A avaliação de fornecedores permite que o contabilista analise a relação entre


o custo dos produtos/serviços e os benefícios que representam para a empresa.

• Prazos de Pagamento

- O contabilista deve avaliar a capacidade dos fornecedores de cumprir pra-


zos de pagamento e fornecimento, essencial para manter o equilíbrio finan-
ceiro da empresa e evitar interrupções nas operações devido a atrasos.

• Sustentabilidade e Ética

- A avaliação de fornecedores também inclui a consideração de práticas éticas


e sustentáveis. É importante para garantir que a empresa esteja associada
a fornecedores que compartilham valores semelhantes e operam de forma
sustentável e responsável.

• Redução de Riscos
Ordem dos Contabilistas Certificados

- A avaliação de fornecedores ajuda a identificar e mitigar riscos associados


a problemas como interrupções no fornecimento, qualidade inconsistente e
flutuações de preços.

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

• Eficiência Operacional

- Fornecedores confiáveis e eficientes contribuem para a eficiência das ope-


rações da empresa como um todo, podendo o contabilista decidir sobre a
seleção de fornecedores que otimizem os processos internos, essenciais à

Desempenho
Avaliação do
sua atividade.

Tendo em consideração o apresentado, demonstram-se de seguida três modelos


de avaliação interna de fornecedores, a título de exemplo, a serem preenchidos

VIII.02
pela equipa do contabilista responsável pela adjudicação de serviços externos.

25
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Modelo 4 – Análise interna de fornecedores

Data: / /

Solicitado por:
Desempenho
Avaliação do

Descrição:

Prazo de Qualidade AmbienteApreciação


Preço (5)
VIII.02

Entrega (3) (3) (1-2-3) Global Recomendação/


Fornecedor
Decisão
€ Pontuação Dias Pontuação Pontuação Pontuação Pontuação

O peso será multiplicado pela posição relativa do fornecedor em cada item a fim de obter
a pontuação:

Exemplo: 3 fornecedores
26
Melhor: 3 valor / 5x3 = 15 pontos

2.º Melhor: 2 valor / 5x3 = 10 pontos

3.º Melhor: 1 valor /5x3 = 5 pontos

Data: / /

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Modelo 5 - Questionário interno de satisfação de fornecedores

Colaborador:

QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE: Fraco Médio Bom M. Bom


Relativamente ao serviço de atendimento

Desempenho
Avaliação do
Simpatia e disponibilidade para o atendimento □ □ □ □
Tempo de resposta a pedidos de orçamento □ □ □ □

VIII.02
Tempo de resposta a pedidos de informação □ □ □ □
Relativamente ao serviço de faturação
Exatidão das faturas face aos orçamentos fornecidos □ □ □ □
□ □ □ □
Disponibilidade para a resolução de problemas
relativos à faturação
Relativamente ao serviço/qualidade
Qualidade do serviço fornecido □ □ □ □
Cumprimento dos prazos □ □ □ □
□ □ □ □
Disponibilidade para a resolução de problemas,
nomeadamente de reclamações
27
Relação preço/qualidade □ □ □ □
Alguma vez efetuou uma reclamação? □ Sim □ Não
Se sim, ficou satisfeito com o tratamento da mesma?

Indique porque escolheu a nossa empresa para prestar os seus serviços?

□ Localização □ Qualidade do serviço □ Confiança na entidade


□ Preço □ Atitude da entidade □ Outro Qual?
SUGESTÕES:
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Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


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Modelo 6 - Questionário de qualificação de fornecedores

1. Informações Gerais
Nome da Empresa: NIF:
Morada:
Localidade: Código Postal:
Desempenho
Avaliação do

Nome para Contacto: Função:

1.1. Contactos Comerciais


Telefone: Telemóvel:
VIII.02

E-mail:
Página web:

2. Responsável pelo Departamento de Qualidade


Nome: Telefone:
Função: E-mail:

3. Produtos Fornecidos
Coloque um “X” nos produtos fornecidos:

28
Por favor, envie a Ficha Técnica dos produtos

4. Sistema de Gestão Evidências Sim Não N/A


1. Existe uma política de gestão divulgada por toda a empresa?
2. Existe uma estrutura organizacional definida, com respon-
sabilidades estabelecidas em todos os níveis da organização?
3. São realizadas auditorias ao Sistema de Gestão?
4. São monitorizados índices para avaliação do desempenho da
empresa quanto à qualidade, prazos de entrega, níveis de rejei-
ção, índice de satisfação dos clientes?
5. A empresa possui Código de Boas Práticas?
6. Existem procedimentos de higiene e limpeza adequados ao
processo de fabrico, armazenagem e expedição?
7. Tem a V/ empresa, fichas técnicas dos produtos comercializados?
8. É ministrada formação, por funcionário, um número igual ou
superior a 36h por ano?
9. Os funcionários têm ficha de aptidão médica?
10. Têm medicina no trabalho?
11. Têm higiene e segurança no trabalho?
Ordem dos Contabilistas Certificados

12. A empresa está certificada? NP EN ISO 9001:2015?

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

5. Observações

Desempenho
Avaliação do
VIII.02
Nome:

Função:

Rúbrica:

Data: / / 29

Em suma, a avaliação de fornecedores é fundamental para que um contabilista


possa gerir os recursos financeiros e operacionais da empresa de maneira eficaz,
garantindo a qualidade, conformidade e eficiência dos produtos e serviços adquiri-
dos. Isso, por sua vez, contribui para o sucesso geral da organização, sendo um dos
elementos essenciais para o seu bom funcionamento.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.3. Avaliação dos colaboradores

A avaliação da empresa pelos colaboradores, muitas vezes conhecida como avalia-


ção do ambiente organizacional, é uma prática importante para entender como os
membros da equipa percebem o ambiente de trabalho, a cultura organizacional e
Desempenho
Avaliação do

outros aspetos da empresa. São algumas razões, as seguintes, pelas quais a avalia-
ção da empresa pelos colaboradores é de extrema importância:

• Feedback direto
VIII.02

- A avaliação permite que os colaboradores expressem suas opiniões de forma


direta sobre o funcionamento da empresa, incluindo cultura, liderança, co-
municação, oportunidades de desenvolvimento e outros fatores relevantes;

• Identificação de Pontos Fortes e Fracos


- Através das avaliações dos colaboradores, a empresa pode identificar seus
pontos fortes e áreas de melhoria, promovendo a formulação de estratégias
para melhorar a cultura organizacional e criar um ambiente de trabalho posi-
tivo e produtivo;

• Retenção de talento
30 - Colaboradores que se sentem ouvidos e valorizados tendem a estar mais
comprometidos e têm maior probabilidade de permanecer na empresa a lon-
go prazo. Esta avaliação da empresa pelos colaboradores pode revelar fatores
que afetam o compromisso e a retenção da equipa;

• Melhoria contínua
- As opiniões dos colaboradores podem oferecer insights valiosos para a me-
lhoria contínua da empresa. Ao identificar áreas problemáticas, a empresa
pode implementar mudanças positivas com base nas sugestões dos colabo-
radores;

• Alinhamento cultural
- A avaliação ajuda a entender se a cultura organizacional está alinhada com
os valores e expectativas dos colaboradores. Isso é fundamental para criar um
ambiente onde os funcionários se sintam parte integrante da empresa;

• Avaliação da liderança
- As opiniões dos colaboradores sobre a liderança da empresa podem ser ava-
Ordem dos Contabilistas Certificados

liadas através deste processo, permitindo que a empresa identifique líderes


eficazes e áreas em que a liderança pode ser aprimorada;

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

• Monitorização da mudança
- À medida que a empresa implementa mudanças, seja em políticas, processos
ou estrutura organizacional, a avaliação dos colaboradores ajuda o acompa-
nhamento do impacto dessas mudanças e a ajustá-las conforme necessário;

Desempenho
Avaliação do
• Tomada de decisões estratégicas
- As opiniões dos colaboradores podem influenciar as decisões estratégicas
da empresa. Por exemplo, se muitos colaboradores expressarem insatisfação
com determinadas situações especificas, isso pode sinalizar a necessidade de

VIII.02
revisão das mesmas;

• Transparência e comunicação
- Realizar avaliações regulares mostra que a empresa valoriza a opinião dos
colaboradores e promove um ambiente de transparência e comunicação
aberta, estando a organização como um todo num determinado caminho.

Como forma exemplificativa do apresentado, propõem-se de seguida três mo-


delos de avaliação interna de colaboradores, a título de exemplo.

31
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Modelo 7 - Questionário de motivação de funcionários

Numa escala de [1 a 5], classifique o seu grau de motivação, sendo 1 = Muito desmotivado; 2
= Pouco desmotivado; 3 = Indiferente; 4 = Pouco motivado; 5 = Muito motivado

Satisfação com a gestão e sistemas de gestão


Desempenho
Avaliação do

Grau de Satisfação O que falta para


Indicador que o grau de
1 2 3 4 5
satisfação seja 5?
Aptidão do gerente para comunicar
VIII.02

Aptidão para conduzir a entidade


Manual de procedimentos
Sistema de avaliação de desempenho,
relativamente aos objetivos fixados
Postura da entidade face à mudança
e à modernização

Motivação com as condições de trabalho


Grau de Satisfação
Indicador Evidência
1 2 3 4 5
Condições de bem-estar
Condições de higiene
32
Condições de saúde
Condições de segurança

Motivação com a carreira


Grau de Satisfação
Indicador Evidência
1 2 3 4 5
Ações de formação realizadas
Oportunidades para desenvolver
novas competências

Motivação com as condições de trabalho


Grau de Satisfação
Indicador Evidência
1 2 3 4 5
Motivação para aprender novos métodos
de trabalho
Motivação para trabalho em equipa
Motivação para frequentar ações de formação
Motivação para participar em projetos
de mudança na entidade
Ordem dos Contabilistas Certificados

Motivação para sugerir melhorias


Gestão da igualdade de oportunidades
e igualdade de tratamento, na entidade

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Motivação com as condições de trabalho


Grau de Satisfação
Indicador Evidência
1 2 3 4 5
Forma como a entidade lida com
os problemas pessoais dos colaboradores
Disposição e distribuição do espaço

Desempenho
Avaliação do
no local de trabalho
Atmosfera de trabalho e cultura da entidade
Tratamento dado às questões sociais,

VIII.02
ambientais e de higiene e segurança
Flexibilidade do horário de trabalho
e a possibilidade de conciliar o trabalho
com a vida familiar e os assuntos pessoais

Satisfação global
Grau de Satisfação O que falta para
Indicador que o grau de
1 2 3 4 5
satisfação seja 5?
Imagem global da entidade
Desempenho global da entidade
Papel da entidade na sociedade
Relações da entidade com os clientes
33
e a sociedade
Nível de envolvimento das pessoas
na entidade e na respetiva missão

Muito obrigado pela colaboração!


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Modelo 8 - Autoavaliação de desempenho de funcionários

Nome:

Para cada objetivo definido, assinale com X o nível que considera adequado ao seu desem-
penho ao longo do período.
Desempenho
Avaliação do

Superei o Atingi o Não atingi


objetivo objetivo o objetivo
Objetivos Comuns
VIII.02

Reduzir a ocorrência de conflitos entre colegas e clientes


Uso racional do equipamento, consumíveis e poupança
de energia elétrica
Objetivos específicos
Proceder, diariamente, de acordo com o horário de trabalho,
tendo em consideração as necessidades dos clientes
Assegurar uma correta e total elaboração das tarefas
diárias propostas pelo gerente ou supervisor

Fatores que mais influenciaram a concretização dos objetivos:

Adaptação ao próprio Instalações e outros recursos materiais


34 Orientação/direção Informação
Formação Outros

Muito Necessita
Competências Excelente Bom Insuficiente
Bom Desenvolvimento
Adaptação e melhoria contínua
Conhecimentos especializados
e experiência
Iniciativa e autonomia
Orientação para os resultados
Relação com o cliente
Responsabilidade
e compromisso com o serviço
Trabalho de equipa e cooperação

Data da Avaliação Período da Avaliação Tempo na Função Função


/ / a
/ /
/ /
Ordem dos Contabilistas Certificados

Excelente – Excedi claramente o modelo de comportamentos definido para a competência,


sendo que me destaquei com um desempenho relevante no conjunto de colaboradores da
mesma categoria.

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Muito bom – Superei o modelo de comportamentos definido para a competência, revelando


uma grande qualidade de desempenho e uma atuação ativa.

Bom – Enquadrei-me no modelo de comportamentos definido para a competência, revelan-


do a capacidade de desempenho e atuando de forma positiva.

Desempenho
Avaliação do
Necessita desenvolvimento – Não atingi o modelo de comportamentos definido para a
competência, atuando de forma irregular e variável, revelando algumas dificuldades de de-
sempenho.

VIII.02
Insuficiente – Estou claramente abaixo do modelo de comportamentos definido para a com-
petência, evidenciando deficiências graves de desempenho e revelando comportamentos
desadequados à função.

Comentários e Propostas:

35

Total da Ponderação/
Classificação (70%)

O Avaliado:
Ordem dos Contabilistas Certificados

O Gerente:

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Modelo 9 – Questionário de satisfação de funcionários

Classificação Classificação
1 2 3 4
Quantitativa Qualitativa
Satisfação global
Imagem global da entidade
Desempenho
Avaliação do

Desempenho global da entidade


Papel da entidade na sociedade
Relações da entidade com os clientes
e a sociedade
VIII.02

Nível de envolvimento das pessoas na entidade


e na respetiva missão
Satisfação com a gestão e sistemas de gestão
Aptidão do gerente para comunicar
Aptidão para conduzir a entidade
Manual de procedimentos
Sistema de avaliação de desempenho,
relativamente aos objetivos fixados
Postura da entidade face à mudança
e à modernização
Satisfação com as condições de trabalho
Disposição e distribuição do espaço
36 no local de trabalho
Atmosfera de trabalho e cultura da entidade
Tratamento dado às questões sociais,
ambientais e de higiene e segurança
Gestão da igualdade de oportunidades
e igualdade de tratamento, na entidade
Forma como a entidade lida com os problemas
pessoais dos colaboradores
Condições de higiene
Condições de segurança
Satisfação com o desenvolvimento da carreira e das competências
Ações de formação realizadas
Oportunidades para desenvolver
novas competências
Níveis de motivação
Motivação para aprender novos métodos
de trabalho
Motivação para desenvolver trabalho em equipa
Motivação para participar em ações de formação
Motivação para participar em projetos
de mudança na entidade
Ordem dos Contabilistas Certificados

Motivação para sugerir melhorias

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Em resumo, a avaliação da empresa pelos colaboradores é uma ferramenta valiosa


para a gestão de recursos humanos, ajudando a empresa a entender a perceção
dos funcionários, a identificar áreas de melhoria e a tomar decisões informadas
para criar um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo, essencial para o
normal funcionamento da empresa e na entrega do serviço prestado.

Desempenho
Avaliação do
VIII.02
37
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a Atividade


[Página propositamente deixada em branco]
VIII.03
Guia de Boas Práticas Profissionais

Gestão da melhoria

3.1. Enquadramento

Seguidamente, propõe-se o procedimento de metodologia a utilizar para garantir o


processo de melhoria contínua e de controlo interno, por forma a garantir que são
tomadas as medidas para prevenir a ocorrência de não conformidades, impedindo
assim a sua repetição e introduzindo melhorias.

O processo de melhoria inicia-se sempre que sejam detetados problemas internos


(não conformidade), exista uma reclamação ou uma sugestão ou sempre que sejam

da melhoria
detetadas oportunidades de melhoria da eficácia e eficiência.

Gestão
No caso de potenciais problemas, a gestor define a equipa que procederá à identi-

VIII.03
ficação das causas que poderão estar na origem do problema. Após a identificação
do problema, bem como as suas causas, deve o gestor definir as ações mitigantes
por forma a que este seja solucionado, tendo como objetivo a melhoria do serviço 39
prestado. As ações definidas pelo gestor classificam-se da seguinte forma:

• Ações Corretivas – quando se pretende evitar a repetição de um problema


ocorrido;

• Ações Preventivas – quando se pretende prevenir a ocorrência de um poten-


cial problema;

• Ações de Melhoria – quando se pretende melhorar o desempenho.

Havendo sido identificadas as ações a tomar para promover a melhoria da quali-


dade, deve o gestor acompanhar e implementar as ações definidas, verificando a
eficácia da sua implementação. Nesta avaliação, no caso de as ações não promo-
verem a resolução do problema identificado, deve o gestor verificar as causas do
problema de forma a definir ações alternativas para a sua resolução.

Propõe-se, esquematicamente, o seguinte procedimento de melhoria contínua a


Ordem dos Contabilistas Certificados

ser implementado pelo gestor:

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Figura 3 – Processo de melhoria contínua

Documentos de origem

Sugestões e reclamações - Questionário à prestação de serviços


- Relatório de não conformidade - Questionário de satisfação de clientes
- Relatório de oportunidade de melhoria - Questionário de satisfação
- Questionário de Satisfação relativamente de colaboradores
à informação disponibilizada

Análise dos documentos de origem, com a identificação do problema

Identificação da causa da reclamação OU não conformidade

No caso de nao
Avaliação da mensurabilidade da sugestão ou oportunidade identificada a causa
de forma clara ou a
ação sugerida não
da melhoria

Input dos intervenientes do processo resolver o problema


Gestão

original, devem
ser analisados os
Solução preventiva das não conformidades documentos de
VIII.03

origem

lmplementação
40

Avaliação da implementação

Problema solucionado Problema parcialmente solucionado ou nao


solucionado

Fonte: Elaboração própria

A metodologia a utilizar para garantir o processo de melhoria contínua e de con-


trolo interno por forma a garantir que são tomadas as medidas para prevenir a
ocorrência de não conformidades, impedindo assim a sua repetição e introduzindo
melhorias.

No caso de se tratar de uma não conformidade ou de uma reclamação, deve pro-


ceder-se de acordo com a Figura 3.
Ordem dos Contabilistas Certificados

No caso de potenciais problemas, o gestor define a equipa que irá proceder à


identificação das causas que poderão estar na origem e sobre quais as decisões a
serem tomadas.

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Normalmente, os problemas surgem de reclamações ou da falha de prestação do


serviço com a qualidade esperada. Cabe ao CC analisar a proveniência do proble-
ma, através dos modelos apresentados neste módulo, sejam eles de avaliação de
uma área em específico como os clientes, fornecedores ou colaboradores, ou de
reclamações cujo modelo se apresenta neste volume, a título exemplificativo.

É importante destacar que a melhoria contínua não é um evento único, mas sim
uma mentalidade e uma abordagem à cultura da própria empresa. Envolve o
compromisso de toda a equipa na procura de formas de melhoria dos processos
e dos resultados, com o objetivo de criar uma organização mais eficiente, ágil e
capaz de corresponder às necessidades dos clientes.

da melhoria
Gestão
VIII.03
41
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Modelo 10 - Sugestões e Reclamações

No sentido de aumentar a satisfação dos seus clientes e de corresponder às suas necessida-


des, agradecemos a comunicação de todas as sugestões e reclamações.

□Sugestão □ Reclamação
Sugestão ou Reclamação apresentada por:

□Cliente □Colaborador □Comunidade Externa


Todas as sugestões ou reclamações serão depois analisadas e respondidas diretamente ao
reclamante.
da melhoria
Gestão

CONTACTOS
VIII.03

Telf:
42
E-mail:

Data: / /

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

Modelo 11 - Relatório de Não Conformidade

Cliente: Relatório Nº
Identificação:

Descrição:

1. Fornecimento:

□Material □Item Comercial □Outros

da melhoria
Nome do Fornecedor:

Gestão
Pedido de Compra:

VIII.03
2. Descritivo:

43

3. Disposições:

□ Aceitar □
Corrigir □Fornecer novo produto □Corrigir produto
4.Análise da Causa: Responsável: Data:

5. Ação Corretiva: Responsável: Data:


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

6. Comprovativo da Responsável: Data:


Eficácia da Ação Corretiva

7. Grupo de Análise
Função: Nome: Assinatura: Data:
da melhoria
Gestão
VIII.03

44

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


VIII.04
Guia de Boas Práticas Profissionais

Contribuição para a produtividade

4.1. Enquadramento

A constituição de um sólido sistema de controlo interno e a avaliação eficaz do


desempenho contribuem significativamente para a produtividade dos serviços
prestados pelo CC, afetando positivamente diversos aspetos das operações e dos
resultados financeiros. Nomeadamente através da:

• Identificação de ineficiências
- A avaliação do desempenho é um olhar crítico sobre os processos contabilís-
ticos existentes, permitindo a identificação de áreas de ineficiência. Por meio
desta análise, os escritórios podem evidenciar etapas que consomem mais
tempo do que o necessário, identificar redundâncias e identificar pontos que
prejudicam o fluxo das operações. A identificação precoce das ineficiências
oferece a oportunidade de reestruturar processos, simplificar fluxos de tra-
balho e implementar ferramentas tecnológicas que automatizem tarefas re- 45
petitivas. Ao eliminar os obstáculos que impedem a eficiência, os escritórios

para a produtividade
de contabilidade aumentam sua produtividade geral, economizando tempo
e recursos;

Contribuição
• Prevenção de erros
- O controlo interno reduz a ocorrência de erros e inconsistências, minimizan-

VIII.04
do a necessidade de correções demoradas. Processos bem definidos, revisões
rigorosas e verificações de conformidade reduzem significativamente a proba-
bilidade de erros e inconsistências. A deteção precoce e a correção de erros
minimizam a necessidade de gastar tempo e recursos valiosos na resolução de
problemas que poderiam ser evitados. Isso resulta em maior eficiência ope-
racional, uma vez que a equipa pode concentrar-se em tarefas de maior valor
agregado, em vez de lidar com erros que poderiam ter sido evitados;

• Gestão de riscos
- O controlo interno não se trata apenas de eficiência operacional, mas tam-
bém de gestão de riscos. Identificar e avaliar riscos potenciais nos processos
Ordem dos Contabilistas Certificados

contabilísticos é uma maneira proativa de proteger os ativos da organiza-


ção e evitar perdas financeiras. Através de controlos internos apropriados, é
possível reduzir a probabilidade de erros graves, fraudes ou outras irregula-
ridades que poderiam prejudicar a reputação do escritório e comprometer a

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

sua estabilidade financeira. Ao identificar e mitigar riscos, o controlo interno


reduz a probabilidade de erros graves que poderiam resultar em perdas finan-
ceiras significativas. Ao minimizar esses riscos, os escritórios de contabilidade
garantem uma base sólida para operações sustentáveis e lucrativas;

• Melhoria da qualidade
- A avaliação constante do desempenho, parte integrante do controlo interno,
está intrinsecamente ligada à melhoria da qualidade dos serviços prestados.
Através da análise rigorosa das demonstrações financeiras, verificações de
conformidade e revisões detalhadas, os escritórios de contabilidade assegu-
ram que as informações financeiras apresentadas sejam precisas, confiáveis
e em conformidade com o normativo contabilístico. Essa qualidade reflete-se
diretamente na confiança dos stakeholders, incluindo clientes, investidores e
reguladores. A reputação de fornecer serviços de alta qualidade não só gera
satisfação do cliente, mas também atrai novos negócios e fortalece a posição
competitiva no mercado. A avaliação do desempenho garante a precisão e a
integridade das informações contabilísticas, resultando em demonstrações
financeiras confiáveis e de alta qualidade;

• Conformidade legal
46 - O controlo interno rigoroso assegura que os escritórios de contabilidade
estejam em conformidade com as normas contabilísticas e a legislação, evi-
para a produtividade

tando penalizações legais. A conformidade com as regulamentações é uma


preocupação crítica na área da contabilidade, onde o não cumprimento pode
Contribuição

resultar em multas substanciais e penalizações legais. Um sistema de controlo


interno bem definido garante que os processos contabilísticos estão em con-
sonância com as normas contabilísticas, legislação fiscais e outras exigências
VIII.04

legislativas. Isto, não só evita possíveis consequências financeiras adversas,


mas também constrói uma reputação de responsabilidade e integridade, que
é inestimável para a confiança dos clientes e parceiros comerciais.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.2. Pontos-chave

• O processo de controlo interno na área da contabilidade, aliado aos diferentes


tipos de padrões, à avaliação do desempenho e à promoção da produtividade,
formam um sistema holístico que sustenta a excelência operacional e a integridade
das informações financeiras.

• Ao adotar padrões claros, monitorizando de perto o desempenho e implemen-


tado melhorias baseadas em evidências, os escritórios de contabilidade podem
oferecer serviços confiáveis, eficientes e de alta qualidade, ao mesmo tempo em
que fortalecem a sua posição competitiva no mercado.

47

para a produtividade
Contribuição
VIII.04
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.3. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

O contabilista adota processos de controlo interno


da sua atividade?

Em caso afirmativo, esses controlos são manuais ou através de


sistemas de gestão da informação?

Os resultados do controlo interno são usados como medidas de


desempenho financeiro, deteção de erros ou também para avalia-
ção do desempenho dos colaboradores e outros fins relevantes?

Observações

48
Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?
para a produtividade
Contribuição
VIII.04

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume VIII. Controlo sobre a atividade


Guia de Boas Práticas Profissionais

IX
Gestão
de Recursos
Humanos

2023
Guia de Boas Práticas Profissionais

FICHA TÉCNICA

GUIA DE BOAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS

Volume IX: Gestão de Recursos Humanos

Autoria da Ordem dos Contabilistas Certificados com a colaboração de vários autores

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2023


Ordem dos Contabilistas Certificados

Não é permitida a utilização desta Coleção, para qualquer outro fim que não o
indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certifi-
cados, entidade que detém os direitos de autor.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Índice
Apresentação 5
Introdução 9

IX.01 Exercício da profissão de Contabilista Certificado 11


1.1. Enquadramento 13

IX.02 A gestão dos recursos humanos no escritório de contabilidade 13


2.1. Contrato de trabalho vs. Contrato de prestação de serviços 13
2.1.1. As 4 principais características do contrato de trabalho 14
2.1.2 Informação obrigatória 16
2.1.3. Minuta de Contrato de Trabalho 19
2.2. A regulação da relação laboral 29
2.2.1 O contrato de trabalho 29
3
2.2.2 Articulação entre o contrato de trabalho e o instrumento de regulamentação
29
coletiva aplicável
2.2.3 O Contrato Coletivo de Trabalho na área da contabilidade 32
2.3. Outras formalidades legais na contratação 37
2.3.1. Medicina do Trabalho 37
2.3.2. Apólice de seguro de acidentes de trabalho 38
2.3.3. Comunicação da admissão do trabalhador à Segurança Social 39
2.4. Pontos-chave 40
2.5. Autoavaliação 41

IX.03 Política Salarial e Regalias 43


3.1. A retribuição 43
3.2. Prestações complementares ou acessórias 47
3.3. Compensações e descontos 49
3.4. Pontos-Chave 50
3.5. Autoavaliação 51
Ordem dos Contabilistas Certificados

IX.04 A Formação contínua dos trabalhadores 53


4.1. Princípios orientadores da formação profissional contínua 53
4.2. Obrigações da Entidade Empregadora 54

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.3. Pontos-chave 60
4.4. Autoavaliação 61

IX.05 A relação da Entidade Empregadora com a ACT e com a Inspeção Regional


63
do Trabalho
5.1. A missão da ACT e da Inspeção Regional do Trabalho 63
5.2. Portugal Continental 64
5.3. Região Autónoma da Madeira 70
5.4. Região Autónoma dos Açores 76
5.5. Pontos-chave 82
5.6. Autoavaliação 83

IX.06 As contraordenações laborais 85


6.1 Responsabilidades Penal e Contraordenacional no Código do Trabalho 85
6.2. Regime contraordenacional no Código dos Regimes Contributivos do Sistema
89
Previdencial da Segurança Social
6.3. Pontos-chave 92
6.4. Auto-avaliação 93

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Apresentação
O sucesso nasce do querer, do trabalho persistente, do empenho constante, da
união, do espírito de equipa, da motivação altruísta e alegria para se alcançar o
objetivo traçado. Por mais ambiciosos que sejam os objetivos, com a atitude cor-
reta, conseguimos alcançar os nossos sonhos. É este o mote de mais um grande
projeto da Ordem dos Contabilistas Certificados, diria mesmo, o grande projeto da
Ordem para a reformulação, reorganização e reconstrução das bases necessárias
para mais uma elevação da profissão de Contabilista Certificado.

Hoje, temos uma Ordem presente na vida dos seus membros, disponível para os
apoiar profissional, técnica, pessoal e socialmente. Uma Ordem transparente, ri-
gorosa e financeiramente saudável. Uma Ordem com a maior notoriedade social e
política. Uma Ordem que regula uma profissão de interesse público, valorizando-a
e apoiando os membros no cumprimento dos seus deveres e obrigações profissio-
nais. Uma Ordem que reforçou o quadro normativo para o exercício da profissão.
5

Os profissionais são hoje, inegavelmente, os agentes económicos mais capacita-


dos e que melhor apoiam e mais valor acrescentam ao tecido empresarial. Somos
profissionais de interesse público numa sociedade civil cada vez mais exigente em
termos sociais, ambientais e de governance. Somos vistos pela sociedade civil,
tecido empresarial e poder político, como os mais confiáveis, tecnicamente co-
nhecedores e qualificados profissionais nas áreas económica e financeira. Somos
os agentes que permanentemente acrescentam valor aos seus clientes e que mais
rapidamente encontram soluções para os problemas e questões dos contribuintes.
Somos agentes de interesse e fé pública, sinónimo de transparência e credibilida-
de, o nosso valor é incomensurável.

Hoje, não somos meros homens e mulheres de contas, mas homens e mulheres
integrados na dinâmica de uma sociedade em constante mudança. Somos uma
profissão de interesse público, e isso significa que, no exercício das nossas funções,
o trabalho que produzimos influencia toda a sociedade nos seus mais variados inte-
resses, isto é, financeiros, ambientais, sociais, de boa gestão, familiares e lúdicos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Devemos exaltar a nossa profissão, devemos orgulhar-nos do que representamos


para o tecido empresarial e a sociedade, devemos valorizar a nossa carteira profis-
sional, os nossos conhecimentos, qualificações e valor acrescentado.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Paralelamente, temos de nos preocupar cada vez mais com as consequências que o
nosso trabalho tem nos mais diferentes níveis, perspetivas e setores da sociedade.
Temos e devemos querer ter ainda mais responsabilidade ambiental, social e de
boa gestão.

Reinventámos a nossa profissão. Reorganizámo-nos. Reforçámos o nosso interes-


se público. Triplicámos a nossa reputação. Reposicionámo-nos e hoje, melhor que
nunca, podemos olhar em frente conscientes e motivados que, por maior que seja
o desafio, temos as ferramentas e conhecimentos necessários para os ultrapassar.

À Ordem, cumpre acompanhar os seus membros, percebendo, com perspicácia,


imparcialidade e isenção técnica, emocional e política, qual a melhor orientação
para a profissão. Como entidade que regula a profissão, cumpre à Ordem defender
os seus membros e o valor do trabalho que estes produzem com base no interesse
público da profissão, deixando de lado quaisquer outros interesses.

Cientes do atual cenário profissional e dos desafios que temos pela frente, lança-
mos o projeto Guia de Boas Práticas Profissionais, uma verdadeira revolução para
a nossa profissão, uma ferramenta que pretende dotar todos os contabilistas cer-
tificados dos conhecimentos, conselhos e dicas, que permitam aos profissionais
6 crescer para novos patamares de excelência.

Este guia fornece orientação prática para os contabilistas certificados por forma
a que estes consigam melhor gerir as suas práticas profissionais e os seus negó-
cios, para terem melhores condições de vida pessoal e profissional e operarem de
forma mais lucrativa, feliz, competitiva, ética, sustentável e valorizada. Elaborado
com uma forte componente prática, este guia apresenta casos para ilustrar noções,
listas e exercícios de autoavaliação, tabelas, conceitos e orientações para as boas
práticas profissionais sendo uns legalmente obrigatórios e outros facultativos, que
tendem à valorização do profissional, da sua prática e do seu negócio.

Seguindo este guia, os contabilistas certificados podem melhor construir um am-


biente propício à prestação de serviços de alta qualidade e assim reforçamos nova-
mente junto de toda a sociedade o nosso valor e interesse público.

Destinando-se a todos os profissionais, independentemente da idade, qualifica-


ções ou modelo em que exercem a profissão, o Guia deve ser lido, estudado, im-
plementado e consultado diariamente, sempre tendo em vista o aperfeiçoamento
Ordem dos Contabilistas Certificados

contínuo do profissional e das boas práticas profissionais.

O Guia cobre uma gama diversificada de tópicos, tanto estratégicos como ope-
racionais, com maior detalhe nas matérias que, nesta primeira edição, entende-

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

mos ser mais relevantes para a profissão e os seus membros. Organizado em dez
volumes, o Guia foi projetado para ser o mais independente possível entre cada
volume, permitindo a sua utilização individual sempre sem afastar a interligação e
relação global de toda a coleção.

Assim, o Guia apresenta a seguinte estrutura: I. Relação do Contabilista com a Ordem


e com os Colegas; II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente; III.
Relato Financeiro; IV. Competências Exclusivas - Declarações Fiscais; V. Prestação de
Contas; VI. Outras Competências; VII. Gestão de Riscos; VIII. Controlo sobre a Ativida-
de; IX. Gestão de Recursos Humanos; X. Gestão Estratégica e Orçamental.

No volume I, dá-se articular atenção às funções do Contabilista Certificado, ao se-


guro de responsabilidade civil profissional, formação profissional contínua, respon-
sabilidade disciplinar e ao relacionamento entre colegas. No volume II, olhamos
detalhadamente para a política de comunicação e publicidade, modos de exer-
cício da atividade, processo de estimativa da avença/honorários, justo impedi-
mento e relacionamento com os vários intervenientes na relação profissional dos
contabilistas certificados. No volume III, entramos na determinação do normativo
contabilístico, planos de contas, procedimentos de organização e controlo conta-
bilísticos, demonstrações financeiras e consolidação de contas. No volume IV, o
7
guia apresenta tudo o que os membros precisam de saber sobre as obrigações de-
clarativas fiscais correntes e não correntes, o dossier fiscal e o dossier de preços de
transferência. No volume V, temos tudo sobre o processo de prestação de contas,
relato financeiro, de gestão, não financeiro, integrado, certificação legal de con-
tas e entidades do setor não lucrativo. Avançando para o volume VI, entramos na
área dos recursos humanos, certificação de informação, consultoria e planeamento
fiscal, gestão, projetos e outras novas áreas de negócio. No volume VII, tratamos
o registo central do beneficiário efetivo, o risco de branqueamento de capitais e
financiamento do terrorismo e os riscos inerentes à segurança e saúde no traba-
lho, recursos humanos, dados pessoais até ao risco reputacional e societário. No
volume VIII, abordamos o controlo interno, desempenho, gestão e produtividade
da atividade. No volume IX, apresentamos detalhada informação sobre a gestão de
recursos humanos no escritório de contabilidade, políticas salariais, formação de
trabalhadores e contraordenações laborais. Por fim, no último volume, o X, aborda-
mos a gestão estratégica e orçamental.

Cada volume foi construído especialmente para os contabilistas certificados e ten-


do em consideração os conhecimentos e experiência padrão da classe. O con-
Ordem dos Contabilistas Certificados

teúdo é projetado para o seu estudo, autoavaliação, implementação concreta de


melhores práticas profissionais e posterior monotorização e acompanhamento das
mesmas.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Com base neste Guia, a Ordem desenvolverá vários programas de formação pro-
fissional contínua, de presença obrigatória, em diferentes modelos e ambientes,
proporcionando a todos os contabilistas certificados as melhores condições para
uma evolução profissional do membro e do seu negócio.

Posteriormente, serão desenvolvidos e disponibilizados a todos os contabilistas


certificados, programas e ferramentas de acompanhamento e monitorização da
implementação das melhores práticas previstas neste Guia. Estes programas de
Certificação de Qualidade serão pedagógicos e terão como objetivo apoiar os
membros na elevação dos padrões de qualidade da nossa profissão.

Este Guia é o novo desafio que lanço a toda a nossa classe, o primeiro passo para
um novo e melhor enquadramento profissional, é o mote para começarmos a cons-
truir mais um capítulo na já riquíssima história da nossa profissão. Com este Guia
como farol, estou certa que continuaremos a acentuada tendência de crescimento
profissional e que conseguiremos elevar a nossa profissão mais um patamar na já
elevada escala de excelência profissional em que nos encontramos.

Paula Franco, Bastonária


8

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Introdução
Guia de Boas Práticas Profissionais

Gestão de Recursos Humanos

Este volume tem como propósito guiar o contabilista certificado na construção de


uma equipa de trabalho coesa e empenhada, na qual cada um dos elementos seja
chamado a colaborar para a obtenção da melhor e maior produtividade, e se sinta
valorizado na sua promoção humana e profissional.

Compete ao contabilista certificado líder da equipa do escritório de contabilida-


de conhecer e implementar as melhores práticas de gestão de recursos humanos,
cumprindo as suas obrigações legais em matéria laboral, ficando dessa forma apto
a disponibilizar informações e comprovativos de cumprimento dos seus deveres
perante os seus trabalhadores, sempre que solicitados por qualquer entidade pú-
blica, nomeadamente o serviço com competência inspetiva da área laboral – Auto-
ridade para as Condições do Trabalho em Portugal continental e Inspeção Regional
do Trabalho nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

A inclusão de exemplos de cláusulas de contratos de trabalho ou cláusulas de ins- 9

trumentos de regulamentação coletiva deve ser considerada como material de


apoio, não dispensando a consulta da legislação aplicável, nem a sua adaptação
ao caso concreto.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


[Página propositamente deixada em branco]
profissão de CC
IX.01
Guia de Boas Práticas Profissionais

Exercício da
IX.01
Exercício da profissão de Contabilista Certificado

1.1. Enquadramento

Os contabilistas certificados podem exercer a sua atividade, conforme disposto


no Estatuto da Ordem dos Contabilistas Certificados (artigo 11.º) da seguinte forma:

a) como profissionais independentes;

b) como sócios, administradores ou gerentes de uma sociedade profissional


de contabilistas certificados, de uma sociedade de contabilidade ou de uma
sociedade multidisciplinar cujo objeto social abranja o exercício das atividades
do artigo 10.º do Estatuto da OCC;

c) no âmbito de uma relação jurídica de emprego público, como trabalhadores


que exercem funções públicas, desde que exerçam a profissão de contabilista
certificado na administração direta e indireta do Estado ou na administração 11

regional ou local;

d) no âmbito de uma relação contratual celebrada com outro contabilista certi-


ficado, com uma sociedade de profissionais, com uma sociedade de contabili-
dade ou com uma sociedade multidisciplinar, com outra pessoa coletiva ou com
um empresário em nome individual.

Dirigindo-se este Guia de Boas Práticas Profissionais, em especial, aos escritórios


de contabilidade, centraremos a nossa análise nas relações contratuais celebradas
para o desempenho da atividade profissional de contabilista certificado por conta
de outrem, e na criação de uma equipa de trabalho que em regra, para além dos
próprios contabilistas certificados, também integra técnicos de contabilidade e
assistentes administrativos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


[Página propositamente deixada em branco]
IX.02
Guia de Boas Práticas Profissionais

A gestão dos recursos humanos


no escritório de contabilidade

no escritório....
gestão dos recursos
2.1. Contrato de trabalho vs.

IX.02 Ahumanos
Contrato de prestação de serviços

Um escritório de contabilidade é normalmente constituído por uma equipa de traba-


lho, que de maior ou menor dimensão, é composta por trabalhadores por conta de
outrem e/ou prestadores de serviços, para o exercício das funções de contabilista
certificado, técnico de contabilidade ou assistente administrativo, entre outras.

Neste sentido e para a melhor enquadramento das relações contratuais existentes


no escritório de contabilidade, cumpre distinguir estes dois tipos de contrato.

O contrato individual de trabalho é aquele pelo qual uma pessoa se obriga, me-
diante retribuição, a prestar a sua atividade intelectual ou manual a outra ou outras
pessoas, no âmbito de organização e sob a autoridade e direção destas – artigo 11.º
13
do Código do Trabalho (CT) e artigo 1152.º do Código Civil.

Define-se como contrato de prestação de serviços aquele em que, uma das partes
se obriga a proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou
manual, com ou sem retribuição – artigo 1154.º do Código Civil.

O contrato de trabalho e o contrato de prestação de serviços diferenciam-se, es-


sencialmente, (i) pelo respetivo objeto, tratando-se da prestação de uma atividade
em benefício da entidade empregadora, no caso do contrato de trabalho, ou da
obtenção de um resultado, no caso do contrato de prestação de serviços, e (ii) pelo
relacionamento entre as partes, isto é, a existência de uma relação de subordinação
jurídica, no caso do contrato de trabalho, cumprindo o trabalhador por conta de ou-
trem as ordens e instruções da entidade empregadora, ficando sujeito ao seu poder
disciplinar, ou uma relação de total autonomia no caso da prestação de serviços.

A lei presume a existência de um contrato de trabalho, quando na relação con-


tratual e ainda que as partes a denominem como prestação de serviços, se verifi-
quem determinadas características, como as elencadas no artigo 12.º CT:
Ordem dos Contabilistas Certificados

a) A atividade seja realizada em local pertencente ao seu beneficiário ou por ele


determinado;

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

b) Os equipamentos e instrumentos de trabalho utilizados pertençam ao bene-


ficiário da atividade;

c) O prestador de atividade observe horas de início e de termo da prestação,


no escritório....

determinadas pelo beneficiário da mesma;


gestão dos recursos

d) Seja paga, com determinada periodicidade, uma quantia certa ao prestador


IX.02 Ahumanos

de atividade, como contrapartida da mesma;

e) O prestador de atividade desempenhe funções de direção ou chefia na estru-


tura orgânica da empresa.

A realidade da maioria dos escritórios de contabilidade traduz-se numa equipa


constituída por trabalhadores por conta de outrem, cuja relação laboral é regulada
no âmbito:

- das cláusulas do contrato individual de trabalho,

- das regras legais do Código do Trabalho e

14 - das Cláusulas do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) celebrado entre a APE-


CA - Associação Portuguesa das Empresas de Contabilidade e Administração
e a FEPCES - Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio, Escritórios
e Serviços e outro – revisão global, publicado no Boletim do Trabalho e do
Emprego n.º 1 de 8/01/2023, no caso das entidades empregadoras serem em-
presas representadas pela APECA, e, os trabalhadores ao seu serviço, serem
representados pelas associações sindicais outorgantes,

ou independentemente de qualquer filiação, a todas as empresas e seus tra-


balhadores que prestam serviços de contabilidade, fiscalidade e administração
de empresas, desde que se situem no território de Portugal continental, por
aplicação da Portaria de Extensão n.º 152/2023, de 6 de junho, como veremos
detalhadamente no Ponto 2.2.3.

2.1.1. As 4 principais características do contrato de trabalho

Concentramos a nossa análise nos contratos individuais de trabalho, uma vez ser
Ordem dos Contabilistas Certificados

esta a regra de contratação das empresas que prestam serviços de contabilidade,


fiscalidade e administração.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

1. Negócio jurídico de direito privado, ainda que com liberdade de estipulação de


conteúdo e objeto está sujeito, em especial, aos instrumentos de regulamentação
coletiva (IRCT), assim como aos usos laborais que não contrariem o princípio da
boa-fé – artigo 1.º CT.

no escritório....
gestão dos recursos
2. Não estar sujeito a forma especial, salvo quando a lei determina o contrário
– artigo 110.º CT. Quer isto dizer que, o contrato de trabalho pode ser verbal, só

IX.02 Ahumanos
havendo obrigação de o reduzir escrito, caso se verifiquem determinadas especi-
ficidades:

a) contrato de trabalho a termo certo ou incerto – artigos 140.º, 141.º e 142.º CT

Só podem ser celebrados para satisfação de necessidades temporárias, objeti-


vamente definidas pela entidade empregadora e apenas pelo período estrita-
mente necessário à sua satisfação.

A duração do contrato de trabalho a termo certo não pode ser superior a dois
anos e a duração do contrato a termo incerto não pode ser superior a 4 anos
(artigo 148.º CT).

O contrato de trabalho a termo certo pode ser renovado até três vezes e a 15
duração total das renovações não pode exceder a do período inicial daquele
(artigo 149.º CT). Por exemplo: um contrato a termo celebrado por 1 ano, pode
ser objeto de 3 renovações, desde que a soma dos períodos de renovação não
ultrapasse 1 ano; um contrato de 6 meses, pode ter uma renovação de 1 mês, 1
renovação por 3 meses e outra renovação por 2 meses.

b) contrato de trabalho temporário – artigo 181.º CT

Só pode ser celebrado a termo resolutivo, certo ou incerto, nas situações pre-
vistas para a celebração de utilização (artigo 175.º CT).

c) contrato de trabalho com trabalhador estrangeiro – artigo 5.º CT

d) comissão de serviço – artigo 162.º

e) contrato com pluralidade de empregadores – artigo 101.º CT


Ordem dos Contabilistas Certificados

f) cláusulas que instituam o regime de teletrabalho - artigo 166.º CT.

Caso a forma escrita não seja respeitada, tal determina a consolidação dos con-
tratos como contratos por tempo indeterminado.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

3. Típico e bilateral, criando direitos e obrigações que vinculam quer a entidade


empregadora quer o trabalhador – artigos 126.º, 127.º 128.º e 129.º CT.
no escritório....
gestão dos recursos

4. Duradouro e de execução continuada, pois não se esgota numa única prestação


e vai alternando períodos de laboração com períodos de descanso.
IX.02 Ahumanos

2.1.2 Informação obrigatória

O facto de não ser obrigatória a redução do contrato de trabalho a escrito, não de-
sonera o empregador de dar informação obrigatória ao trabalhador sobre aspetos
relevantes do contrato (artigo 106.º CT).

Informação* Prazo

a) Identificação da entidade empregadora Até ao 7.º dia subsequente ao


início da execução do contrato;

b) Local de trabalho Até ao 7.º dia subsequente ao


início da execução do contrato;
16
c) Categoria do trabalhador ou funções Até ao 7.º dia subsequente ao
início da execução do contrato;

d) Contrato: data de celebração e início de vigência Até ao 7.º dia subsequente ao


início da execução do contrato;

e) Contratos a termo: data da caducidade (certo) ou Até ao 7.º dia subsequente ao


duração previsível (incerto) início da execução do contrato;

f) Férias: duração ou critério para sua determinação No prazo de 1 mês contado a


partir do início da execução do
contrato;

Informação pode ser substi-


tuída pelas disposições da lei,
IRCT ou regulamento interno de
empresa.

g) Aviso prévio: prazos e requisitos formais para a ces- No prazo de 1 mês contado a
sação dos contratos ou critério para sua determinação partir do início da execução do
contrato;
Ordem dos Contabilistas Certificados

Informação pode ser substi-


tuída pelas disposições da lei,
IRCT ou regulamento interno de
empresa.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Informação* Prazo

h) Retribuição: valor, periodicidade e forma de paga- Até ao 7.º dia subsequente ao


mento; discriminação de parcelas início da execução do contrato;

no escritório....
gestão dos recursos
Informação pode ser substi-
tuída pelas disposições da lei,
IRCT ou regulamento interno de

IX.02 Ahumanos
empresa.

i) Período normal de trabalho: diário e semanal, es- Até ao 7.º dia subsequente ao
pecificando os casos em que é definido em termos início da execução do contrato;
médios; regime do trabalho suplementar e de organi-
zação por turnos Informação pode ser substi-
tuída pelas disposições da lei,
IRCT ou regulamento interno de
empresa.

j) Acidentes de trabalho: identificação da seguradora No prazo de 1 mês contado a


e número de apólice partir do início da execução do
contrato;

l) Instrumento de regulamentação coletiva de traba- No prazo de 1 mês contado a


lhoe designação das respetivas entidades celebrantes partir do início da execução do
contrato;
17

m) Fundo de garantia de compensação do trabalho: No prazo de 1 mês contado a


identificação partir do início da execução do
contrato;

n) Trabalho temporário: identificação do utilizador No prazo de 1 mês contado a


partir do início da execução do
contrato;

o) Período experimental: duração e condições Até ao 7.º dia subsequente ao


início da execução do contrato;

Informação pode ser substi-


tuída pelas disposições da lei,
IRCT ou regulamento interno de
empresa.

p) Formação contínua: direitos No prazo de 1 mês contado a


partir do início da execução do
contrato;
Ordem dos Contabilistas Certificados

Informação pode ser substi-


tuída pelas disposições da lei,
IRCT ou regulamento interno de
empresa.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Informação* Prazo

q) Trabalho intermitente: número anual de horas de Até ao 7.º dia subsequente ao


trabalho ou dias de trabalho a tempo completo; dura- início da execução do contrato;
ção da prestação de trabalho, de modo consecutivo
no escritório....
gestão dos recursos

ou interpolado (mínimo de 5 meses a tempo completo


por ano, dos quais 3 consecutivos), bem como início
e termo de cada período ou a antecedência com que
IX.02 Ahumanos

o empregador o deve informar (30 dias no caso do


trabalhador nos períodos de inatividade exercer ou-
tra atividade, ou 20 dias noutros casos); informando
o trabalhador de que caso o empregador não cumpra
estes prazos o trabalhador não é obrigado a prestar
trabalho; qual a compensação retributiva a pagar nos
períodos de inatividade, conforme IRCT ou não exis-
tindo, 20% da retribuição base.

r) Os regimes de proteção social: incluindo os bene- No prazo de 1 mês contado a


fícios complementares ou substitutivos dos assegura- partir do início da execução do
dos pelo regime geral de segurança social contrato;

Informação pode ser substi-


tuída pelas disposições da lei,
IRCT ou regulamento interno de
18
empresa.

s) Algoritmos ou sistemas de inteligência artificial: No prazo de 1 mês contado a


parâmetros, critérios, regras e instruções em que se partir do início da execução do
baseiam e que possam afetar a tomada de decisões contrato;
sobre o acesso e a manutenção do emprego, assim
como as condições de trabalho, incluindo a elabora-
ção de perfis e o controlo da atividade profissional

* Quando a informação seja prestada em mais do que 1 documento, 1 deles deve obrigato-
riamente conter as alíneas a), b), c), d) e), h), i), o) e q).
A informação é prestada em suporte papel ou em formato eletrónico e considera-se cumpri-
da quando a informação em causa conste de contrato de trabalho reduzido a escrito ou de
contrato-promessa de contrato de trabalho.

A exigência legal de prestação de informação ao trabalhador, e sempre que so-


licitada pelas entidades públicas, requer a criação e manutenção de arquivos
atualizados da informação. Estes repositórios não se limitam aos recibos dos sa-
lários, mas a todo o conjunto de informação relativa à relação contratual laboral.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Adiante apresentaremos uma listagem das obrigações das entidades emprega-


doras (Ponto 05. A relação da Entidade Empregadora com a ACT e com a Inspe-
ção Regional do Trabalho) que se traduz numa ferramenta essencial na criação do
repositório, e que consta como módulo autonomizado no Toconline.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.1.3. Minuta de Contrato de Trabalho

Consideramos como boa prática a celebração de um contrato de trabalho por escri-


to, na medida em que é essencial vincular os trabalhadores por conta de outrem a

no escritório....
gestão dos recursos
determinados deveres fundamentais. Apresentamos, de forma meramente exempli-
ficativa, uma Minuta de Contrato de Trabalho, por entendermos que existem muitas
cláusulas específicas para os trabalhadores dos escritórios de contabilidade, nomea-

IX.02 Ahumanos
damente, no que se refere ao dever de confidencialidade e às regras do tratamento
de dados pessoais (tratado no Volume VII do Guia de Boas Práticas Profissionais).

CONTRATO DE TRABALHO POR TEMPO INDETERMINADO

Entre: X, com sede …, pessoa coletiva n.º…, representada por…, que inter-
vém no presente contrato na qualidade de Entidade Empregadora,
E
X, solteiro, maior, residente …, portador do cartão do cidadão n.º…, contri-
buinte fiscal n.º…, beneficiário da segurança social n.º…, que intervém no
presente contrato na qualidade de Trabalhador,

19
É celebrado e mutuamente aceite o presente CONTRATO DE TRABALHO, o
qual se rege de acordo com o disposto nas cláusulas seguintes, bem como
na regulamentação coletiva e legislação geral aplicáveis:

Cláusula Primeira
(Objeto)
1. A Entidade Empregadora contrata o Trabalhador para exercer, sob a sua
autoridade e direção, as funções correspondentes à categoria profissional
de Contabilista certificado, competindo-lhe entre outras as seguintes fun-
ções: assumir a responsabilidade pela regularidade técnica, na área conta-
bilística, incluindo a assinatura das demonstrações financeiras e das declara-
ções fiscais que tenham por base informação contabilística, das entidades,
públicas ou privadas, clientes da Entidade Empregadora, que possuam ou
devam possuir contabilidade organizada, respeitando as normas legais, os
princípios contabilísticos vigentes e as orientações aplicáveis.
2. Sempre que o interesse da Entidade Empregadora o determine, o Traba-
lhador poderá ser temporariamente encarregue por aquela do desempenho
de quaisquer outras funções ou tarefas não compreendidas na atividade para
Ordem dos Contabilistas Certificados

a qual foi contratado, quando necessidades ou conveniências de serviço o


justifiquem e tal seja solicitado pela Entidade Empregadora, pelo período de
tempo necessário.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

3. O Trabalhador fica obrigado a desempenhar as atividades acima refe-


ridas de forma diligente e de acordo com os princípios da boa-fé, mútua
colaboração e confiança recíproca, bem como de acordo com as regras,
no escritório....
gestão dos recursos

regulamentos, políticas e procedimentos da Entidade Empregadora, em


vigor a cada momento.
IX.02 Ahumanos

Cláusula Segunda
(Período experimental)
1. O período experimental é de 180 (cento e oitenta) dias, atendendo a que
se trata do exercício de funções de complexidade técnica e elevado grau de
responsabilidade.

2. Durante o período experimental qualquer uma das partes pode denunciar


o presente Contrato sem aviso prévio nem necessidade da invocação de
justa causa, não havendo direito a indemnização ou compensação.

3. A Entidade Empregadora, caso pretenda denunciar o Contrato, avisará


o Trabalhador com 7 (sete) dias de antecedência, caso o Contrato já tenha
atingido uma duração superior a 60 (sessenta) dias.
20
4. Tendo o período experimental durado mais de 120 (cento e vinte) dias, a
denúncia do contrato por parte da Primeira Contraente depende de aviso
prévio de 30 (trinta) dias.

Cláusula Terceira
(Formação contínua)
A Entidade Empregadora obriga-se a proporcionar ao Trabalhador, formação
contínua adequada à melhoria das aptidões profissionais e do trabalho a
desenvolver, assegurando formação mínima de 40 (quarenta) horas anuais.

Cláusula Quarta
(Local de trabalho)
1. O Trabalhador deve prestar o seu trabalho, sob as ordens, direção e fisca-
lização da Entidade Empregadora ou de quem legitimamente a represente,
em qualquer estabelecimento, escritório ou unidade de negócio desta, ou
estabelecimento de qualquer seu cliente onde seja requerida a prestação de
serviços, sito na área metropolitana da sede, ficando inicialmente adstrito a
prestar funções no estabelecimento sede da Entidade Empregadora em ….
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

2. A eventual permanência do Trabalhador num determinado local não equi-


vale à renúncia da possibilidade de o mesmo ser deslocado para qualquer
outro estabelecimento, escritório, unidade de negócio da Entidade Empre-

no escritório....
gestão dos recursos
gadora, ou estabelecimento de qualquer seu cliente onde seja requerida
a prestação de serviços, no âmbito da área geográfica que constitui o seu
local de trabalho.

IX.02 Ahumanos
3. O Trabalhador estará disponível para realizar deslocações e estadas em
Portugal ou no estrangeiro no âmbito das suas funções profissionais ou com
vista à participação nas ações de formação profissional ou estágios que a
Entidade Empregadora entenda necessários ou convenientes.

Cláusula Quinta
(Período normal de trabalho e horário de trabalho)
1. O período normal de trabalho do Trabalhador será de 40 (quarenta) horas
em cada semana.

2. A Entidade Empregadora estabelecerá, em cada momento, e nos termos


legais e convencionais eventualmente aplicáveis, o horário de trabalho do
21
Trabalhador.

3. Sempre que se mostrar necessário ou conveniente, a Entidade Emprega-


dora poderá promover a alteração do horário de trabalho da Trabalhadora.

4. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o Trabalhador ficará


inicialmente sujeito ao seguinte horário de trabalho: entre as […]h[…]m e as
[…]h[…], de segunda a sexta-feira, com o intervalo de almoço entre as […]
h[…] e as […]h[…].

5. O Trabalhador, caso tal venha a ser decidido pela Entidade Empregado-


ra, desde já presta o seu acordo à prestação de trabalho em regime de
isenção de horário de trabalho, em qualquer das suas modalidades, à sua
inclusão num regime de jornada contínua, num regime de adaptabilidade,
num regime de banco de horas, num regime de horário diferenciado, num
regime de horário por turnos ou num regime de horário flexível, nos termos
e condições previstos na lei ou em instrumento de regulamentação coletiva
de trabalho aplicável, devendo subscrever a documentação necessária para
Ordem dos Contabilistas Certificados

a respetiva formalização.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Cláusula Sexta
(Retribuição e Outras prestações patrimoniais)
1. O Trabalhador auferirá a retribuição base mensal ilíquida de € ,00 (… eu-
no escritório....

ros) sujeita os descontos legais aplicáveis.


gestão dos recursos

2. O desempenho do cargo de Diretor Técnico dá direito ao subsídio de


IX.02 Ahumanos

chefia, no valor mensal ilíquido de € ,00 (… euros) sujeito aos descontos


legais aplicáveis. As eventuais atribuições patrimoniais concedidas ao Tra-
balhador em virtude da prestação de trabalho em condições especiais po-
derão deixar de ser pagas pela Entidade Empregadora, sempre que essas
condições especiais deixem de existir, salvo expresso acordo das partes
em sentido diverso.

3. O Trabalhador tem direito a um subsídio de refeição no montante de € 6,20


(seis euros e vinte cêntimos), por cada dia de trabalho efetivamente prestado.

4. O Trabalhador tem direito a subsídio de férias e subsídio de Natal, nos


termos legalmente previstos.

22 5. A remuneração deverá ser satisfeita em dinheiro, podendo a Entidade


Empregadora efetuar o pagamento por qualquer forma, nomeadamente em
numerário, por meio de cheque bancário ou depósito ou transferência ban-
cária à ordem do Trabalhador.

Cláusula Sétima
(Férias)
1. O Trabalhador tem direito a gozar, anualmente, um período de férias re-
muneradas de 22 (vinte e dois) dias úteis, sem prejuízo do disposto nos
Números seguintes.

2. No ano da contratação, o Trabalhador tem direito, após 6 (seis) meses


completos de execução do presente Contrato, a 2 (dois) dias úteis de fé-
rias por cada mês da respetiva duração, até ao máximo de 20 (vinte) dias
úteis.

3. As férias deverão ser marcadas por comum acordo entre o Trabalhador e


a Entidade Empregadora. Na falta de acordo, caberá à Entidade Emprega-
Ordem dos Contabilistas Certificados

dora a elaboração do mapa de férias.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Cláusula Oitava
(Obrigações Especiais do Trabalhador)
1. Para além das demais obrigações previstas na lei, o Trabalhador ficará

no escritório....
gestão dos recursos
sujeito às seguintes obrigações:

(a) Quer durante a vigência do contrato, quer após a cessação do mesmo,

IX.02 Ahumanos
deverá guardar absoluto segredo sobre quaisquer informações ou conheci-
mentos de natureza técnica, empresarial ou outra, adquiridos, necessária ou
involuntariamente, durante a relação laboral ou por causa desta, respeitan-
tes à Entidade Empregadora ou a quaisquer outras pessoas, singulares ou
coletivas, que com estas se relacionem, nomeadamente administradores,
diretores, outros trabalhadores, clientes, parceiros e fornecedores, salvo se
previamente autorizado por escrito pela Entidade Empregadora.

(b) Quer durante a vigência do presente contrato, quer após a cessação do


mesmo, reconhece e aceita a proibição de efetuar quaisquer reproduções,
cópias, modificações, comunicações públicas, distribuição ou qualquer ou-
tro tipo de cedência, gratuita ou onerosa, de quaisquer documentos, in-
cluindo programas informáticos, publicações, informações contidas em
23
base de dados, na “intranet”, em qualquer tipo de comunicação interna ou
nas redes informáticas, ou qualquer outro material intelectual pertencente
ou relativo à Entidade Empregadora ou a qualquer terceiro que com estes
se relacionem, nomeadamente clientes e parceiros, salvo se previamente
autorizado por escrito pela Entidade Empregadora.

(c) Durante a vigência do presente contrato, não poderá exercer qualquer


outra atividade, remunerada ou não remunerada, por conta própria ou
alheia, ao abrigo de contrato de trabalho, contrato de prestação de servi-
ços, desempenho de funções em cargos sociais societários ou de qualquer
outro tipo contratual, por si ou por interposta pessoa, em Portugal ou no
estrangeiro, concorrente com as atividades da Entidade Empregadora, salvo
se previamente autorizado por esta.

(d) Em caso algum poderá aceitar quaisquer comissões, prémios ou gratifi-


cações de quaisquer terceiros com os quais a Entidade Empregadora man-
tenha relações comerciais, profissionais ou de parceria.
(e) Deverá cumprir e respeitar os procedimentos, políticas, normas ou regu-
Ordem dos Contabilistas Certificados

lamentos em vigor em cada momento na Entidade Empregadora, bem como


nos clientes desta em que preste serviços.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

(f) Obriga-se a zelar pela conservação e boa utilização dos bens relacionados
com o seu trabalho, incluindo quaisquer equipamentos ou documentos que
no escritório....
gestão dos recursos

lhe sejam confiados pela Entidade Empregadora ou por quaisquer terceiros,


designadamente clientes da Entidade Empregadora, assegurando proteção
adequada aos mesmos contra perda, extravio, furto, roubo, reprodução ou
IX.02 Ahumanos

divulgação indevida.

(g) Não poderá contratar trabalhador ou prestador de serviços da Entidade


Empregadora por si ou interposta pessoa, durante o período de vigência do
contrato e num período de dois anos após a sua cessação, e independente-
mente da causa da sua cessação.

2. Considerando o tipo de funções desempenhadas pelo Trabalhador e o grau


de responsabilidade e confiança que as mesmas envolvem, fica acordado que o
incumprimento das obrigações constantes desta cláusula constituirá infração dis-
ciplinar grave e impeditiva da subsistência da relação de trabalho, sem prejuízo de
fazer incorrer o Trabalhador na obrigação de indemnizar a Entidade Empregadora
ou terceiros pelos prejuízos patrimoniais e/ou não patrimoniais sofridos.
24

Cláusula Nona
(Equipamento Eletrónico/Correspondência Eletrónica)
1. O Trabalhador declara e reconhece que todos os equipamentos, materiais
e serviços eletrónicos, informáticos ou de comunicação, nomeadamente
computadores, impressoras, equipamentos de telecópia, telefones, endere-
ços de correio eletrónico e acessos à “internet”, por si utilizados no âmbito
das suas funções, são propriedade da Entidade Empregadora e apenas de-
verão ser utilizados para fins profissionais.

2. O Trabalhador obriga-se, na data de cessação do contrato, por qualquer


motivo, a entregar todos os objetos e equipamentos que tenha em seu po-
der, sob pena de incorrer em responsabilidade civil.

Cláusula Décima
(Dados Pessoais)
1. Para cumprimento das obrigações legais de processamento de salários e
de gestão de recursos humanos e demais obrigações no âmbito da relação
Ordem dos Contabilistas Certificados

laboral entre Entidade Empregadora e Trabalhador, este tem conhecimento


de que são tratados dados pessoais que lhe pertencem, nos seguintes termos:

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

a) Dados de identificação: nome, data de nascimento, naturalidade, filiação,


sexo, nacionalidade, morada e telefone, habilitações literárias, número de
cartão de cidadão, número de contribuinte e número de beneficiário da Se-

no escritório....
gestão dos recursos
gurança Social, passaporte, título de residência, entre outros que se venham
a revelar necessários;

IX.02 Ahumanos
b) Situação familiar: estado civil, nome do cônjuge, filhos ou pessoas a cargo
e outras informações suscetíveis de determinar a atribuição de complemen-
tos de retribuição;

c) Sobre a atividade profissional: horário e local de trabalho, número de


identificação interno, data de admissão, antiguidade, categoria profissional,
antiguidade na categoria, nível/escalão salarial, natureza do Contrato;

d) Elementos relativos à retribuição: retribuição de base, outras prestações


certas ou variáveis, subsídios, férias, assiduidade e absentismo, licenças,
outros elementos relativos à atribuição de complementos de retribuição,
montante ou taxa em relação aos descontos obrigatórios ou facultativos;

25
e) Outros dados: eventual grau de incapacidade respetivo ou de membro do
seu agregado familiar, eventual incapacidade temporária resultante de aci-
dente de trabalho ou de doença profissional, local de pagamento, número
de conta bancária e identificação da instituição.

2. O tratamento dos dados é efetuado para os seguintes fins:

a) Cálculo e pagamento de retribuições, prestações acessórias, outros abo-


nos e gratificações;

b) Cálculo da retenção na fonte e operações relativas a descontos na retri-


buição, obrigatórios ou facultativos, decorrentes de disposição legal;

c) Realização de operações estatísticas não nominativas relacionadas com o


processamento de salários;

d) Acionamento de apólices de seguros e pagamento de respetivos prémios;


Ordem dos Contabilistas Certificados

e) Avaliação e progressão na carreira;

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

f) Quaisquer outros fins aqui não referidos, mas inerentes ao exercício dos
direitos e deveres compreendidos na relação laboral entre Trabalhador e
Entidade Empregadora.
no escritório....
gestão dos recursos

3. Pelo presente Contrato, o Trabalhador tem conhecimento de que a En-


tidade Empregadora comunica e/ou transfere os seus dados pessoais às
IX.02 Ahumanos

seguintes entidades:

a) IGFSS – Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social;

b) AT – Autoridade Tributária e Aduaneira;

c) Instituições bancárias e seguradoras;

d) INE – Instituto Nacional de Estatística;

e) ACT – Autoridade para as Condições de Trabalho;

f) Qualquer outra entidade administrativa nacional ou internacional a quem


26
seja necessária a comunicação dos dados para os fins de processamento
salarial e cumprimento dos deveres legais inerentes à legislação laboral ou
ao cumprimento de outras obrigações legais.

4. O Trabalhador declara expressamente ter sido informado pela Entidade


Empregadora dos seus direitos em matéria de tratamento de dados pes-
soais, nomeadamente de consulta e acesso, retificação e eliminação dos
seus dados pessoais.

5. O Trabalhador tem conhecimento de que a Entidade Empregadora poderá


delegar em terceiros as suas obrigações em matéria da gestão de recursos
humanos, sempre e só a subcontratantes que igualmente respeitem as re-
gras legais de tratamento de dados pessoais.

6. O Trabalhador tem conhecimento que a Entidade Empregadora procederá


ao tratamento dos seus dados enquanto se mantiver a relação laboral, de-
correndo tal situação das obrigações decorrentes da própria relação laboral,
bem como os conservará pelo período de dez anos após a cessação da
Ordem dos Contabilistas Certificados

relação laboral, podendo tal período ser prorrogado unilateralmente caso


obrigações legais assim o exijam.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


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Cláusula Décima-primeira
(Início e duração do contrato)
1. O contrato tem início na data de….

no escritório....
gestão dos recursos
2. O prazo de aviso prévio a observar pelo Trabalhador para a denúncia do
contrato de trabalho, independentemente de justa causa, é de 30 ou 60

IX.02 Ahumanos
(trinta ou sessenta) dias, consoante o contrato tenha duração até dois anos
ou mais de dois anos de antiguidade, respetivamente.

3. Em caso de denúncia sem justa causa e sem observância do prazo legal de


aviso prévio por iniciativa do Trabalhador, este pagará à Entidade Emprega-
dora, a título de indemnização, o valor da remuneração de base correspon-
dente ao período de aviso prévio em falta, sem prejuízo da responsabilidade
civil pelos danos eventualmente causados em virtude da inobservância do
prazo de aviso prévio.

Cláusula Décima-segunda
(Seguro de Acidentes de Trabalho e Fundo de Compensação)
1. A responsabilidade emergente de acidente de trabalho encontra-se trans-
27
ferida para a companhia de Seguros __, através da apólice número __.

2. Nos termos e para os efeitos previstos no artigo 106.º, n.º 3, alínea m), do
Código do Trabalho, a Entidade Empregadora declara que aderiu ao Fundo
de Garantia de Compensação do Trabalho, previsto em legislação específica.

Cláusula Décima-terceira
(Notificações e comunicações)
1. Quaisquer notificações ou comunicações a efetuar entre as Partes, nos ter-
mos e ao abrigo do presente Contrato, serão suficientes, válidas e eficazes,
a partir da data da sua receção, quando não seja outra a forma especialmen-
te prevista, desde que feitas por escrito e entregues em mão ou enviadas
por correio registado ou expresso, ou por correio eletrónico confirmado, nos
3 (três) dias seguintes, por correio registado ou expresso, para as moradas
constantes do cabeçalho do presente Contrato ou para os seguintes emails:

Entidade Empregadora: …
Ordem dos Contabilistas Certificados

Trabalhador: …

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


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2. Em alternativa às moradas atrás referidas, são válidas quaisquer outras


moradas que as Partes venham a indicar entre si mediante comunicação
prévia, pela mesma forma, com antecedência não inferior a 5 (cinco) dias.
no escritório....
gestão dos recursos

3. Caso não venha a ser recebida a notificação ou comunicação enviada para


as moradas atrás referidas ou alteradas nos termos dos números anteriores,
IX.02 Ahumanos

tal notificação ou comunicação será suficiente, válida e eficaz, a partir da


data do envio de segunda carta, sem registo, em simultâneo com o envio
de correio eletrónico, para as mesmas moradas, ainda que as mesmas sejam
devolvidas ou não recebidas por motivo não imputável ao notificante.

Cláusula Décima-quarta
(Lei aplicável e regulamentação coletiva)
Em tudo o que estiver omisso no presente Contrato aplicar-se-á a regula-
mentação coletiva de trabalho aplicável, em especial o Contrato Coletivo
de Trabalho celebrado entre a APECA - Associação Portuguesa das Empre-
sas de Contabilidade e Administração e a FEPCES - Federação Portuguesa
dos Sindicatos do Comércio, Escritórios e Serviços e outro – revisão global,
publicado no Boletim do Trabalho e do Emprego n.º 1 de 8/01/2023 e (caso
28
aplicável) pela Portaria de Extensão n.º 152/2023 de 6 de junho do Contrato
Coletivo de Trabalho entre a APECA - Associação Portuguesa das Empresas
de Contabilidade e Administração e a FEPCES - Federação Portuguesa dos
Sindicatos do Comércio, Escritórios e Serviços e outro, e, subsidiariamente,
o Código do Trabalho e demais legislação aplicável.

O presente contrato é feito em duas vias de igual valor e conteúdo, ficando


um exemplar na posse da Entidade Empregadora e outro na posse do Tra-
balhador.

Cidade, data.

Pela Entidade Empregadora Pelo Trabalhador

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.2. A regulação da relação laboral

2.2.1 O contrato de trabalho

no escritório....
O contrato de trabalho na sua formulação e vigência está sujeito, em especial, aos

gestão dos recursos


instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho (IRCT), assim como aos usos
laborais que não contrariem o princípio da boa-fé – artigo 1.º do CT.

IX.02 Ahumanos
Esta norma, porque inserida em legislação especial, não menciona as fontes co-
muns, cuja aplicação aos contratos de trabalho é automática.

Ou seja, para além da legislação especial (Código do Trabalho e legislação conexa),


dos IRCT’s e dos usos de empresa, são diretamente aplicáveis às relações laborais,
a Constituição da República Portuguesa, de 2 de abril de 1976 (CRP), a Lei geral que
se articule com o Direito do Trabalho, e as fontes internacionais, entre as quais, as
convenções e os tratados internacionais, bem como as normas das organizações
de que Portugal é membro, como a OIT (Organização Internacional do Trabalho).

2.2.2 Articulação entre o contrato de trabalho e o instrumento de


regulamentação coletiva aplicável 29

A importância dos IRCT é reconhecida no próprio Código do Trabalho que os elen-


ca como fontes de Direito, regulamentando algumas das matérias relativamente às
quais o Código é omisso, como sucede por exemplo, com a definição das carreiras
e categorias profissionais e respetivo conteúdo funcional, sua progressão, tabelas
salariais, e alguns suplementos remuneratórios como o subsídio de refeição.

No caso das empresas que prestam serviços de contabilidade, fiscalidade e admi-


nistração de empresas, está em vigor o Contrato Coletivo de Trabalho celebrado
entre a APECA - Associação Portuguesa das Empresas de Contabilidade e Adminis-
tração e a FEPCES - Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio, Escritórios
e Serviços e outro – revisão global, publicado no Boletim do Trabalho e do Em-
prego n.º 1 de 8/01/2023, que obriga as empresas representadas pela APECA, em
todo o território nacional e, os trabalhadores ao seu serviço, representados pelas
associações sindicais outorgantes, a cumprir as Cláusulas aí dispostas e que anali-
saremos adiante. Avançamos desde já que por Portaria de Extensão de 6 de junho
de 2023, grande parte das Cláusulas deste CCT se aplicam a todas as empresas
Ordem dos Contabilistas Certificados

que prestam serviços de contabilidade, fiscalidade e administração de empresas,


e consequentemente aos seus trabalhadores, no território de Portugal continental.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

A regulação da relação entre Entidade Empregadora e Trabalhador implica conhe-


cer as regras de articulação entre o que diz o Código do Trabalho e o IRCT aplicável,
nos seguintes termos (artigo 3.º CT):
no escritório....
gestão dos recursos

1 - As normas legais reguladoras de contrato de trabalho podem ser afastadas


por IRCT, salvo quando delas resultar o contrário, ou seja, desde que essas nor-
IX.02 Ahumanos

mas não sejam imperativas.

Se a lei contiver uma norma:

• Imperativa de conteúdo fixo, sendo exemplo no n.º 2 do artigo 236.º do CT, isto
quer dizer que não é possível um IRCT fixar feriados diferentes dos que o Código
apresenta.

• Imperativa-permissiva, sendo exemplo o n.º 1 do artigo 238.º do CT, isto quer


dizer que o período anual de férias tem impreterivelmente, a duração mínima de
22 dias úteis, mas podem ser negociadas condições para atribuição de mais dias
de férias.

30 • Supletiva, o IRCT pode dispor sobre determinadas matérias, como sejam a mobi-
lidade geográfica e funcional, a organização do tempo de trabalho e a retribuição.

• Convénio-dispositiva, sendo exemplo o n.º 9 do artigo 131.º CT, isto quer dizer
que o IRCT pode adaptar as regras da formação contínua, tendo em conta as ca-
racterísticas do sector de atividade, a qualificação dos trabalhadores e a dimensão
da empresa.

• IRCT-dispositivas, sendo exemplo o artigo 208.º CT, isto quer dizer que só por
IRCT pode ser instituído um regime de banco de horas.

• Contrato-dispositivas, sendo exemplo o n.º 3 do artigo 111.º: CT, isto quer di-
zer que o período experimental só pode ser excluído por acordo escrito entre as
partes.

2 - As normas legais reguladoras de contrato de trabalho não podem ser afasta-


das por portaria de condições de trabalho.
Ordem dos Contabilistas Certificados

3 - As normas legais reguladoras de contrato de trabalho só podem ser afastadas


por IRCT que, sem oposição daquelas normas, disponha em sentido mais favorá-
vel aos trabalhadores quando respeitem às seguintes matérias:

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

a) Direitos de personalidade, igualdade e não discriminação;

b) Proteção na parentalidade;

no escritório....
c) Trabalho de menores;

gestão dos recursos


d) Trabalhador com capacidade de trabalho reduzida, com deficiência ou doen-

IX.02 Ahumanos
ça crónica;

e) Trabalhador-estudante;

f) Dever de informação do empregador;

g) Limites à duração dos períodos normais de trabalho diário e semanal;

h) Duração mínima dos períodos de repouso, incluindo a duração mínima do


período anual de férias;

i) Duração máxima do trabalho dos trabalhadores noturnos;

j) Forma de cumprimento e garantias da retribuição, bem como pagamento de 31

trabalho suplementar;

k) Teletrabalho;

l) Capítulo sobre prevenção e reparação de acidentes de trabalho e doenças


profissionais e legislação que o regulamenta;

m) Transmissão de empresa ou estabelecimento;

n) Direitos dos representantes eleitos dos trabalhadores;

o) Uso de algoritmos, inteligência artificial e matérias conexas, nomeadamente


no âmbito do trabalho nas plataformas digitais.

4 - As normas legais reguladoras de contrato de trabalho só podem ser afastadas


por contrato individual que estabeleça condições mais favoráveis para o traba-
lhador, se delas não resultar o contrário.
Ordem dos Contabilistas Certificados

5 - Sempre que uma norma legal reguladora de contrato de trabalho determine


que a mesma pode ser afastada por IRCT entende-se que o não pode ser por
contrato de trabalho.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Não podemos deixar de elencar, de forma sucinta, as diferentes modalidades de


IRCT vigentes no nosso ordenamento jurídico.
no escritório....
gestão dos recursos

NEGOCIAIS NÃO NEGOCIAIS

Convenção coletiva (443.º CT) Portaria de extensão (514.º CT)


- Contrato Coletivo: convenção celebrada (alarga o âmbito de aplicação de uma con-
IX.02 Ahumanos

entre associação sindical e associação de venção coletiva ou de uma decisão arbitral


empregadores. pré-existentes, no todo ou em parte, a um
- Acordo Coletivo: convenção celebrada grupo de destinatários, trabalhadores ou
entre associação sindical e uma pluralida- empregadores, integrados no âmbito do
de de empregadores para diferentes em- setor de atividade e profissional definido
presas. naquele instrumento
- Acordo de empresa: convenção celebra-
da entre associação sindical e um empre-
gador para uma empresa ou estabeleci-
mento.

Acordo de Adesão (504.º CT) Portaria de condições de trabalho (517.º


CT)

Decisão Arbitral em processo de arbitra- Decisão arbitral em processo de arbitra-


32
gem voluntária (505.º CT) gem obrigatória ou necessária (529.ºCT)

Ou seja, a ordem de fontes entre IRCT’s será sempre esta:

1 - Preferência dos IRCT negociais

2 - Na ausência de IRCT negocial, pode um outro IRCT aplicável ao setor de ativi-


dade e profissional, ser aplicado por força de portaria de extensão;

3 - Inexistindo IRCT prévio e não sendo, por esse motivo, viável recorrer à Porta-
ria de extensão, o governo pode regulamentar as lacunas existentes através da
Portaria de condições de trabalho.

2.2.3 O Contrato Coletivo de Trabalho na área da contabilidade

Tal como referimos, na área da contabilidade, está em vigor o Contrato Coletivo de


Trabalho (CCT) celebrado entre a APECA - Associação Portuguesa das Empresas
Ordem dos Contabilistas Certificados

de Contabilidade e Administração e a FEPCES - Federação Portuguesa dos Sindi-


catos do Comércio, Escritórios e Serviços e outro – revisão global, publicado no
Boletim do Trabalho e do Emprego n.º 1 de 8/01/2023, que obriga as empresas

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

representadas pela APECA, que prestam serviços de contabilidade, fiscalidade e


administração em todo o território nacional e, os trabalhadores ao seu serviço,
representados pelas associações sindicais outorgantes.

no escritório....
As partes signatárias do CCT requereram a sua extensão, em Portugal continental,

gestão dos recursos


às empresas não filiadas nas associações outorgantes e aos trabalhadores ao seu
serviço, bem como aos trabalhadores ao serviço das empresas filiadas, mas que

IX.02 Ahumanos
não são filiados nas organizações sindicais outorgantes.

Assim, veio a Portaria de Extensão n.º 152/2023, de 6 de junho, alargar o âmbi-


to de aplicação deste CCT, com o efeito de uniformizar as condições mínimas de
trabalho dos trabalhadores e, de aproximar as condições de concorrência entre
empresas do mesmo setor, com aplicação em Portugal continental, aguardando-se
que os Governos Regionais de Açores e Madeira façam operar a mesma extensão
de aplicação.

Salientamos, porém, que a Portaria de extensão não faz aplicar o CCT no seu todo,
não havendo aplicação das Cláusulas do CCT se estas conflituarem com regras
legais imperativas do Código do Trabalho.

Exemplo de Cláusulas do CCT não aplicáveis pela Portaria de extensão: 33

Cláusula 14.ª n.º 3: “O contabilista certificado, quando cesse o seu contrato indi-
vidual de trabalho, não pode assumir qualquer vínculo contratual relativamente a
clientes do seu empregador, até ao termo do exercício seguinte ao da cessação do
contrato de trabalho.” Em bom rigor, esta é uma limitação à liberdade de trabalho,
que assiste a um trabalhador por conta de outrem quando cessa a sua relação con-
tratual – artigo 47.º da Constituição da República Portuguesa.

O artigo 136.º do Código do Trabalho que trata dos Pactos de não concorrência,
estabelece que só é lícita a limitação da atividade do trabalhador subsequente à
cessação do contrato se durante o período de limitação da atividade for atribuída
uma compensação ao trabalhador. Tratando-se de norma imperativa, não permite
que o n.º 3 da Cláusula 14.ª do CCT seja estendido, pelo que qualquer limitação à
liberdade de exercício da profissão de contabilista certificado só pode ser estabe-
lecida mediante compensação pecuniária.

Cláusula 27.ª n.º 2: “Os trabalhadores que tenham trabalhado nos dias de descanso
Ordem dos Contabilistas Certificados

semanal ou nos feriados têm direito a um dia de descanso compensatório num


dos 3 dias úteis seguintes.” O Código do Trabalho impõe o pagamento do trabalho
prestado como trabalho suplementar e não apenas a descanso compensatório –
veja-se artigo 229.º e 268.º CT).

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Ou seja:
Empregadores que prestam serviços de Aplicam o CCT celebrado entre a APECA -
contabilidade, fiscalidade e administra- Associação Portuguesa das Empresas de
ção de empresas, que sejam associados Contabilidade e Administração e a FEPCES
no escritório....
gestão dos recursos

da APECA (Portugal continental e re- - Federação Portuguesa dos Sindicatos do


giões autónomas) Comércio, Escritórios e Serviços e outro

Trabalhadores sindicalizados e repre- Aplicam o CCT celebrado entre a APECA -


IX.02 Ahumanos

sentados pela Federação Portuguesa Associação Portuguesa das Empresas de


dos Sindicatos do Comércio, Escritórios Contabilidade e Administração e a FEPCES
e Serviços, que prestam trabalho em - Federação Portuguesa dos Sindicatos do
empresas que prestam serviços de con- Comércio, Escritórios e Serviços e outro
tabilidade, fiscalidade e administração de
empresas (Portugal continental e regiões
autónomas)

Empregadores que prestem serviços de Por Portaria de extensão n.º 152/2023, de


contabilidade, fiscalidade e de admi- 6 de junho aplicam o CCT celebrado entre
nistração de empresas, não filiados na a APECA - Associação Portuguesa das Em-
APECA, com trabalhadores ao seu servi- presas de Contabilidade e Administração e
ço, das profissões e categorias profissio- a FEPCES - Federação Portuguesa dos Sindi-
nais previstas no CCT (exclusivo Portugal catos do Comércio, Escritórios e Serviços e
34 continental) outro, com exceção das cláusulas contrárias
a normas legais imperativas

Trabalhadores das profissões e cate- Por Portaria de extensão n.º 152/2023, de


gorias profissionais previstas no CCT, 6 de junho aplicam o CCT celebrado entre
não representados pelas associações a APECA - Associação Portuguesa das Em-
sindicais outorgantes, que prestem tra- presas de Contabilidade e Administração e
balho em benefício de empregadores a FEPCES - Federação Portuguesa dos Sindi-
que sejam filiados na APECA (exclusivo catos do Comércio, Escritórios e Serviços e
Portugal continental) outro, com exceção das cláusulas contrárias
a normas legais imperativas

Sucintamente, salientamos as Cláusulas e Anexos mais relevantes do CCT:

- Cláusula 4.ª - Categoria e reclassificação profissional


As categorias profissionais abrangidas pelo presente CCT são as que se enumeram
e definem no Anexo I.

- Cláusula 14.ª - Deveres específicos dos contabilistas certificados


Ordem dos Contabilistas Certificados

1 - Os contabilistas certificados deverão pautar o exercício da sua atividade no res-


peito pela lei, pelas normas contabilísticas em vigor, assim como pelas diretivas do
seu empregador que não colidam com aquelas normas e princípios, que deverão

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

sempre respeitar, salvo se arguirem, por escrito, a sua ilegalidade. 2- As relações


entre os contabilistas certificados e as empresas clientes do seu empregador de-
verão limitar-se apenas ao estritamente necessário para a execução dos serviços
contabilístico-fiscais, de que estão incumbidos e pelos quais são responsáveis. 3- O

no escritório....
contabilista certificado, quando cesse o seu contrato individual de trabalho, não

gestão dos recursos


pode assumir qualquer vínculo contratual relativamente a clientes do seu empre-
gador, até ao termo do exercício seguinte ao da cessação do contrato de trabalho

IX.02 Ahumanos
(não aplicável pela Portaria de extensão).

- Cláusula 25.ª - Horário de trabalho


1 - O período normal de trabalho para o pessoal abrangido por este contrato será
somente de segunda-feira a sexta-feira, não podendo exceder 40 horas semanais,
sem prejuízo de horários de menor duração que já estejam a ser praticados. 2- O
período de trabalho diário deverá ser interrompido, por um período não inferior a
1 hora nem superior a 2horas, não podendo o trabalhador prestar mais de cinco
horas de trabalho consecutivas.

- Cláusula 27.ª – Descanso semanal e feriados


1 - Os dias de descanso semanal são o sábado e o domingo. 2- Os trabalhadores
que tenham trabalhado nos dias de descanso semanal ou nos feriados têm direito
a um dia de descanso compensatório num dos 3 dias úteis seguintes (não aplicável 35

pela Portaria de extensão havendo lugar ao pagamento como trabalho suplementar


e não apenas a descanso compensatório – veja-se artigo 229.º e 268.º CT). 3- Além
dos feriados obrigatórios, serão observados o feriado municipal da localidade ou,
quando este não existir, o feriado da capital do distrito e a Terça-feira de Carnaval.

- Cláusula 46.ª - Retribuição do trabalho suplementar


1 - O trabalho suplementar dá direito a remuneração especial, a qual será igual à
retribuição normal acrescida das seguintes percentagens: a) 100% se o trabalho for
diurno; b) 150% se o trabalho for noturno, c) 150% se o trabalho for prestado em
dias de descanso semanal, descanso complementar ou em feriados. 2- Considera-
-se trabalho noturno o prestado entre as 20h00 e as 7h00.

- Cláusula 47.ª - Subsídio de refeição


Os trabalhadores abrangidos pelo presente contrato têm direito a um subsídio de
alimentação no valor de € 6,20 por cada dia completo de trabalho.

- Cláusula 52.ª – Isenção de horário de trabalho


Ordem dos Contabilistas Certificados

1 - Os trabalhadores isentos de horário de trabalho têm direito a retribuição espe-


cial correspondente a 25% da remuneração base mensal. Podem renunciar a esta
retribuição especial os trabalhadores que exerçam funções integradas nos níveis I,
II, e III do Anexo II.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

- Cláusula 53.ª - Diuturnidades


1- A retribuição auferida será acrescida de uma diuturnidade de 6 % indexada ao valor
do salário do grupo V do Anexo III por cada 3 anos de permanência nas categorias
sem acesso obrigatório. 2- Para este efeito conta-se o tempo de antiguidade na ca-
no escritório....

tegoria que o trabalhador tiver à data da entrada em vigor da presente convenção.


gestão dos recursos

- Anexo I - Categorias Profissionais – Definição funcional


IX.02 Ahumanos

Assessor ou Consultor; Assistente administrativo; Auxiliar de serviços gerais; Chefe


de secção ou departamento; Contabilista; Contabilista Certificado; Contínuo; Di-
retor de serviços; Estagiário; Rececionista de secretariado; secretário de direção;
Técnico de contabilidade; Técnico de informática; Técnico de recursos humanos;
Técnico de serviços externos;

- Anexo II- Enquadramento por níveis de retribuição e Anexo III – Tabela salarial
Nível Categoria Profissional Remuneração

I Contabilista Certificado, Diretor de serviços 1.092,00

II Assessor ou Consultor 994,00

III Chefe de secção ou departamento, Contabilista 843,00

Secretário de direção, Técnico de contabilidade; Técnico de


36 IV 779,00
informática; Técnico de recursos humanos;

Assistente administrativo, Estagiário do 3.º ano de técnico


714,00 *
V de contabilidade, Rececionista de secretariado, Técnico de
serviços externos

VI Contínuo, Estagiário do 2.º ano; 705,00*

VII Estagiário do 1.º ano 705,00 *

VIII Auxiliar de serviços gerais e Trabalhadores de limpeza 705,00*


*atualizar para o SMN

Salientamos que os valores apresentados na tabela salarial do CCT deverão ser


considerados como o valor mínimo, não podendo ser praticados valores inferiores
aos apresentados, nem abaixo do salário mínimo nacional, conforme dispõe o ar-
tigo 273.º do CT, cujo valor é determinado anualmente por legislação específica,
ouvida a Comissão Permanente de Concertação Social. O valor fixado para o ano
de 2023, pelo Decreto-Lei n.º 85-A/2022, de 22 de dezembro, é de € 760,00 (sete-
centos e sessenta euros), para Portugal continental. O Decreto Legislativo Regional
Ordem dos Contabilistas Certificados

n.º 11/2023/M, de 14 de fevereiro, fixou para a Região Autónoma da Madeira o valor


de € 785,00 para o ano de 2023, e o Decreto Legislativo Regional n.º 8/2002/A, de
10 de abril fixou o valor em € 798,00 para o ano de 2023.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.3. Outras formalidades legais na contratação

Para além da formalização do Contrato de trabalho entre a entidade empregadora


e o trabalhador, há outras formalidades a cumprir, como a obrigação imputada à

no escritório....
gestão dos recursos
entidade empregadora de prevenir riscos e doenças profissionais, tendo em conta
a proteção da segurança e saúde do trabalhador, a inclusão do trabalhador numa
apólice de seguro de acidentes de trabalho (artigo 283.º CT) e a comunicação da

IX.02 Ahumanos
sua admissão à Segurança Social nos termos do Código dos Regimes Contributivos
do Sistema Previdencial da Segurança Social.

2.3.1. Medicina do Trabalho

As normas fundamentais do regime de segurança e saúde no trabalho foram pre-


vistas pelo legislador no artigo 281.º CT, mas a extensão e complexidade do tema
não se compagina com a estabilidade no tempo do Código do Trabalho, razão pela
qual se remeteu este tema para legislação específica.

Assim, nesta matéria, recorremos à Lei n.º 102/2009, de 10/9, a qual estabelece o re-
gime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho, obrigatoriamente apli-
cável a todas as entidades empregadoras e seus trabalhadores por conta de outrem. 37

Para além de outras obrigações aí dispostas, e porque orientamos a nossa análise


para o momento da admissão de trabalhador por conta de outrem, salientamos a
obrigação da entidade empregadora de promover a realização de exames de saúde
adequados a comprovar e avaliar a aptidão física e psíquica do trabalhador para o
exercício da atividade, bem como a repercussão desta e das condições em que é
prestada na saúde do mesmo.

As consultas de vigilância da saúde devem ser efetuadas por médico e sem prejuízo do
disposto em legislação especial, devem ser realizados os seguintes exames de saúde:

a) Exames de admissão, antes do início da prestação de trabalho ou, se a urgên-


cia da admissão o justificar, nos 15 dias seguintes;

b) Exames periódicos, anuais para os menores e para os trabalhadores com


idade superior a 50 anos, e de 2 em 2 anos para os restantes trabalhadores;
Ordem dos Contabilistas Certificados

c) Exames ocasionais, sempre que haja alterações substanciais nos componen-


tes materiais de trabalho que possam ter repercussão nociva na saúde do tra-
balhador, bem como no caso de regresso ao trabalho depois de uma ausência
superior a 30 dias por motivo de doença ou acidente.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

A responsabilidade pela reparação dos danos emergentes de doenças profissionais


é assumida pela Segurança Social, nos termos da lei, com exceção daquelas que
resultem da prática de assédio por parte do empregador.
no escritório....
gestão dos recursos

2.3.2. Apólice de seguro de acidentes de trabalho


IX.02 Ahumanos

A entidade empregadora é obrigada a ter todos os trabalhadores abrangidos por apó-


lice de seguro de acidentes de trabalho, celebrada com uma Seguradora, para a qual é
transferida a obrigação de reparação de acidente de trabalho – artigo 283.º CT. Tal como
explicámos no ponto anterior, e pelos mesmos motivos, a matéria de regulamentação
da prevenção e reparação de acidente de trabalho é definida em legislação específica.

É nestes termos que recorremos à Lei n.º 98/2009, de 4 de setembro. Estabelece


o artigo 23.º com epígrafe “Princípio geral”, que o direito à reparação de acidente
compreende as seguintes prestações:

a) Em espécie - prestações de natureza médica, cirúrgica, farmacêutica, hospi-


talar e quaisquer outras, seja qual for a sua forma, desde que necessárias e ade-
quadas ao restabelecimento do estado de saúde e da capacidade de trabalho
38 ou de ganho do sinistrado e à sua recuperação para a vida ativa;

b) Em dinheiro - indemnizações, pensões, prestações e subsídios previstos na


presente lei.

No que concretamente se refere às prestações em dinheiro, dispõe o artigo 47.º


deste diploma legal que, entre outras, está prevista a indemnização por incapaci-
dade temporária para o trabalho, o que nos termos do artigo 48.º se destina a com-
pensar o sinistrado, durante um período de tempo limitado, pela perda ou redução
da capacidade de trabalho ou de ganho resultante de acidente de trabalho.

Quer isto dizer que durante o período de impedimento para o trabalho, por motivo de
acidente de trabalho, é a Seguradora obrigada a assumir todas as prestações a que o
trabalhador teria direito caso não se tivesse verificado a eventualidade do acidente.

Concluímos dizendo que o Código do Trabalho expressamente dispõe no artigo


255.º que a ausência do trabalhador do local em que devia desempenhar a sua ati-
vidade durante o período normal de trabalho, por motivo de acidente, é considera-
Ordem dos Contabilistas Certificados

da falta justificada [alínea d) do n.º 2 do artigo 249.º], não afetando qualquer direito
do trabalhador, exceto a perda de retribuição, pois que por motivo de acidente de
trabalho é o seguro de acidentes de trabalho que compensa o trabalhador pela
perda da capacidade de trabalho, nos termos supra expostos.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.3.3. Comunicação da admissão do trabalhador à Segurança Social

No que respeita ao enquadramento em termos de Código dos Regimes Contributi-

no escritório....
vos do Sistema Previdencial de Segurança Social (Lei n.º 110/2009, de 16 de setem-

gestão dos recursos


bro – Código Contributivo) não podemos esquecer que este tem de ser articulado
com o Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de janeiro.

IX.02 Ahumanos
A admissão dos trabalhadores, tal como dispõe o artigo 29.º do Código Contributi-
vo, é obrigatoriamente comunicada no website da segurança social:

a) Nos 15 dias anteriores ao início da produção de efeitos do contrato de trabalho;

b) Nas vinte e quatro horas seguintes ao início da atividade sempre que, por ra-
zões excecionais e devidamente fundamentadas, ligadas à celebração de con-
tratos de trabalho de muito curta duração ou à prestação de trabalho por tur-
nos a comunicação não possa ser efetuada no prazo previsto na alínea anterior.

Com a comunicação a entidade empregadora declara o NISS, se o houver, se o


contrato de trabalho é a termo resolutivo ou sem termo e os demais elementos
necessários ao enquadramento do trabalhador. 39

Na falta de cumprimento da obrigação de comunicação da admissão, presume-se


que o trabalhador iniciou a prestação de trabalho ao serviço da entidade emprega-
dora faltosa no primeiro dia do décimo segundo mês anterior ao da verificação do
incumprimento. Esta presunção é ilidível se for prestada prova da efetiva data de
admissão do trabalhador. Caso a presunção não seja ilidida, a entidade emprega-
dora terá assim de entregar as contribuições e quotizações devidas pelos últimos
12 meses a contar da verificação do incumprimento.

A Segurança Social comunicará a verificação da situação à Autoridade para as Con-


dições do Trabalho.

A omissão de comunicação passa a ser punida com a moldura penal aplicável ao


crime de abuso de confiança fiscal, caso não seja cumprida no prazo de 6 meses
após o termo do prazo legalmente previsto, nos termos do artigo 106.º-A do Regi-
me Geral das Infrações Tributárias.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Mensalmente, deverá a entidade empregadora proceder ao envio da Declaração


Mensal de Remunerações à Segurança Social e à Autoridade Tributária e Aduaneira.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.4. Pontos-chave

• Na gestão de recursos humanos é essencial destrinçar o contrato de trabalho do


no escritório....
gestão dos recursos

contrato de prestação de serviços.

• Na situação de trabalho por conta de outrem aconselhamos a celebração de um


IX.02 Ahumanos

contrato de trabalho por escrito, que vincule os trabalhadores ao dever de sigilo e


confidencialidade e outras obrigações especiais, no exercício de funções, no qual
a entidade empregadora cumpre a obrigação de prestar um conjunto de informa-
ções obrigatórias ao trabalhador, sob pena de incumprimento da legislação laboral.

• Na área da contabilidade, fiscalidade e administração de empresas é essencial co-


nhecer o CCT celebrado entre a APECA - Associação Portuguesa das Empresas de
Contabilidade e Administração e a FEPCES - Federação Portuguesa dos Sindicatos
do Comércio, Escritórios e Serviços e outro.

40

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.5. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A


Os trabalhadores celebraram contratos de trabalho?

no escritório....
Os trabalhadores receberam as informações obrigatórias (artigo

gestão dos recursos


106.º CT)
Os trabalhadores estão vinculados ao dever de confidencialidade?
O CCT celebrado entre a APECA e a FEPCES é aplicável à sua empre-

IX.02 Ahumanos
sa de contabilidade?
Todos os trabalhadores estão incluídos na apólice de seguro de aci-
dentes de trabalho?
Todos os trabalhadores realizaram a consulta de medicina do tra-
balho?
Observações

41

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


[Página propositamente deixada em branco]
IX.03
Guia de Boas Práticas Profissionais

Política Salarial e Regalias

3.1. A retribuição

A retribuição de um trabalhador é normalmente fixada por recurso a uma multipli-


cidade de fatores, definidos pela entidade empregadora, sem que deva descurar
que todos eles em conjunto obedeçam ao princípio constitucional de “retribuição
do trabalho, segundo a quantidade, natureza e qualidade, observando-se o prin-
cípio de que para trabalho igual salário igual, de forma a garantir uma existência
condigna;” versado quer no artigo 59.º da Constituição da República Portuguesa,
como no artigo 270.º do próprio Código do Trabalho: “Na determinação do valor

Política Salarial
da retribuição deve ter-se em conta a quantidade, natureza e qualidade do tra-

e Regalias
balho, observando-se o princípio de que, para trabalho igual ou de valor igual,
salário igual.”

IX.03
Os empregadores estão naturalmente condicionados pelas regras legais aplicáveis
43
à definição daquilo que se considera retribuição e outras prestações patrimoniais -
artigos 258.º a 280.º do CT e, no caso das empresas que prestam serviços de conta-
bilidade, fiscalidade e administração, também pelo Contrato Coletivo de Trabalho
celebrado entre a APECA - Associação Portuguesa das Empresas de Contabilidade
e Administração e a FEPCES - Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio,
Escritórios e Serviços e outro – revisão global, publicado no Boletim do Trabalho e
do Emprego n.º 1 de 8/01/2023, diretamente aplicável aos associados das partes
outorgantes ou em Portugal continental por aplicação da Portaria de extensão n.º
152/2023, de 6 de junho.

Considera-se retribuição (artigo 258.º CT) a prestação a que, nos termos do con-
trato, das normas que o regem ou dos usos, o trabalhador tem direito em con-
trapartida do seu trabalho. A retribuição compreende a retribuição base e outras
prestações regulares e periódicas feitas, direta ou indiretamente, em dinheiro ou
em espécie, presumindo-se constituir retribuição qualquer prestação do emprega-
dor ao trabalhador.

A retribuição pode ser certa, variável ou mista, sendo esta constituída por uma par-
Ordem dos Contabilistas Certificados

te certa e outra variável. A parte certa é calculada em função do tempo de trabalho,


estando a fórmula de cálculo do valor da retribuição horária fixada no artigo 271.º
CT e Cláusula 44.ª CCT:
(Rm x 12) : (52 x n)

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Sendo Rm o valor da retribuição mensal e n o período normal de trabalho semanal,


definido em termos médios em caso de adaptabilidade.

Não se considera como prestação incluída na retribuição, tal como disposto no


artigo 260.º CT:

a) As importâncias recebidas a título de ajudas de custo, abonos de viagem, des-


pesas de transporte, abonos de instalação e outras equivalentes, devidas ao tra-
balhador por deslocações, novas instalações ou despesas feitas em serviço do
empregador, salvo quando, sendo tais deslocações ou despesas frequentes, es-
sas importâncias, na parte que exceda os respetivos montantes normais, tenham
sido previstas no contrato ou se devam considerar pelos usos como elemento
integrante da retribuição do trabalhador; - aplica-se o mesmo entendimento com
as necessárias adaptações ao subsídio de refeição e ao abono para falhas.
Salarial

(Ou seja, até determinado valor considerado “normal” não se considera tal
e Regalias

montante como integrante da retribuição sujeita a tributação e contribuição


IX.03 Política

para carreira contributiva. Estes valores são definidos por Portaria, qua analisa-
mos de seguida).

44 b) As gratificações ou prestações extraordinárias concedidas pelo empregador


como recompensa ou prémio dos bons resultados obtidos pela empresa;

c) As prestações decorrentes de factos relacionados com o desempenho ou


mérito profissionais, bem como a assiduidade do trabalhador, cujo pagamento,
nos períodos de referência respetivos, não esteja antecipadamente garantido;

d) A participação nos lucros da empresa, desde que ao trabalhador esteja as-


segurada pelo contrato uma retribuição certa, variável ou mista, adequada ao
seu trabalho.

O disposto nas alíneas b) e c) não se aplica:

i) Às gratificações que sejam devidas por força do contrato ou das normas que
o regem, ainda que a sua atribuição esteja condicionada aos bons serviços do
trabalhador, nem àquelas que, pela sua importância e carácter regular e perma-
nente, devam, segundo os usos, considerar-se como elemento integrante da
retribuição daquele;
Ordem dos Contabilistas Certificados

ii) Às prestações relacionadas com os resultados obtidos pela empresa quando,


quer no respetivo título atributivo quer pela sua atribuição regular e permanente,
revistam carácter estável, independentemente da variabilidade do seu montante.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Prestações que se encontram sujeitas a incidência contributiva - Artigo 46.º Có-


digo Contributivo, nos mesmos termos previstos no Código do IRS – Artigo 2.º:

- Valores dos subsídios de refeição, quer sejam atribuídos em dinheiro, quer em


títulos de refeição;

- Abonos para falhas;

- Retribuições a cujo recebimento os trabalhadores não tenham direito em con-


sequência de sanção disciplinar - (não há interrupção na carreira contributiva
nem descontos para o empregador);

- Compensação por cessação do contrato de trabalho por acordo, situações com


direito a prestações de desemprego – articular com Decreto-Lei n.º 220/2006,
de 3 de novembro;

Política Salarial
e Regalias
- Importâncias auferidas pela utilização de automóvel próprio em serviço da
entidade empregadora;

IX.03
- Os valores atribuídos pela entidade patronal ao trabalhador em vales de trans-
portes públicos coletivos; 45

- Importâncias atribuídas a título de ajudas de custo, abonos de viagem, despe-


sas de transporte e outras equivalentes.

No caso das importâncias atribuídas a título de ajudas de custos, abonos de via-


gem, despesas de transportes, abonos para falhas, compensação pela cessação do
contrato de trabalho por acordo com direito a subsídio de desemprego e utilização
de automóvel próprio ao serviço da entidade empregadora, o limite de isenção de
IRS pode ser acrescido até 50% desde que tal acréscimo resulte de aplicação, de
forma geral por parte da entidade empregadora, de IRCT.

No que respeita àquilo que se considera ser então a parte excluída de tributa-
ção das ajudas de custo, subsídio de refeição, abonos de viagem e despesas de
transporte, as entidades privadas seguem os valores definidos para o setor público
fixadas por Portaria. Assim, nos termos da Portaria 1553-D/2008, de 31/12, após
Decreto-Lei 137/2010, de 28/12, e Lei 66-B/2012, de 31/12, é atribuída isenção até
aos seguintes valores:
Ordem dos Contabilistas Certificados

Transporte em veículo próprio: 0,36€/km

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Já o valor relativo às estadias varia consoante o cargo do trabalhador e se é uma


estadia nacional ou internacional:

• Estadia nacional: Trabalhadores: 50,20€;

• Estadia nacional: Administradores, gerentes, membros do Governo e qua-


dros superiores: 69,19€;

• Estadia internacional - Trabalhadores: 89,35€;

• Estadia internacional: Administradores, gerentes, membros do Governo e


quadros superiores: 100,24€.

De acordo com o Decreto-Lei n.º 106/98, quanto a ajudas de custo: nas desloca-
ções diárias para além de 20 quilómetros do domicílio necessário abonam-se as
Salarial

seguintes percentagens:
e Regalias
IX.03 Política

• Se a deslocação abranger, ainda que parcialmente, o período compreendido


entre as 13 e as 14 horas – 25 por cento;

46 • Se a deslocação abranger, ainda que parcialmente, o período compreendido


entre as 20 e as 21 horas – 25 por cento;

• Se a deslocação implicar alojamento – 50 por cento e não dispuser de trans-


porte coletivo que lhe permitam regressar até às 22 horas.

Nas deslocações por dias sucessivos para além de 50 quilómetros do domicílio


necessário abonam-se as seguintes percentagens:

• Dia da partida: Até às 13 horas - 100 por cento


- Depois das 13 e até às 21 horas – 75 por cento
- Depois das 21 horas – 50 por cento

• Dia de regresso - Até às 13 horas 0 por cento


- Depois das 13 e até às 20 horas – 25 por cento
- Depois das 20 horas – 50 por cento

• Restantes dias 100 – 100 por cento


Ordem dos Contabilistas Certificados

A Portaria n.º 107-A/2023 de 18 de abril fixou o subsídio de alimentação para


2023 em € 6,00 (seis euros) pago em numerário e € 9,60 se for pago em cartão,
como valores de isenção.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.2. Prestações complementares ou acessórias

No que respeita à base de cálculo das prestações complementares ou acessórias,


quando disposição legal, convencional ou contratual não disponha em contrário, a
base de cálculo de prestação complementar ou acessória é constituída pela retri-
buição base e diuturnidades.

a) Retribuição base, é a prestação correspondente à atividade do trabalhador no


período normal de trabalho (veja-se Cláusula 44.ª CCT);

b) Diuturnidade, é a prestação de natureza retributiva a que o trabalhador tenha


direito com fundamento na antiguidade (veja-se Cláusula 53.ª CCT).

Como prestações complementares temos:


Subsídio de Natal: artigo Prestação de valor igual a um mês de retribuição (remu-

Política Salarial
263.º CT e Cláusula 50.ª CCT neração base e diuturnidades), que deve ser pago até 15

e Regalias
de dezembro de cada ano, sendo proporcional ao tempo
de serviço prestado no ano civil de admissão do trabalha-
dor, de cessação do contrato de trabalho, ou em caso de

IX.03
suspensão de contrato de trabalho por facto respeitante
ao trabalhador. 47

Retribuição de férias e sub- A retribuição corresponde à que o trabalhador receberia


sídio de férias: artigo 264.º se estivesse em serviço efetivo. O subsídio compreende
CT e Cláusula 51.ª CCT a retribuição base e outras prestações retributivas que
sejam contrapartida do modo específico da execução do
trabalho, correspondentes à duração mínima das férias.

Retribuição por isenção de Retribuição específica, estabelecida no CCT correspon-


horário de trabalho: artigo dente a 25% da remuneração base mensal. Não se apli-
265.º CT e 52.ª CCT cando o CCT, não inferior a:

a) Uma hora de trabalho suplementar por dia [alíneas a) e


b) do artigo 219.º CT];

b) Duas horas de trabalho suplementar por semana, quan-


do se trate de regime de isenção de horário com obser-
vância do período normal de trabalho [alínea c) do n.º 1 do
artigo 219.º CT].
Ordem dos Contabilistas Certificados

Pagamento de trabalho Trabalho pago com acréscimo de 25 % relativamente ao


noturno: artigo 266.º CT e pagamento de trabalho equivalente prestado durante o
Cláusula 46.ª n.º 2 CCT dia.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Retribuição por exercício Retribuição mais elevada que corresponda a essas fun-
de funções afins ou fun- ções, enquanto tal exercício se mantiver.
cionalmente ligadas: artigo
267.º CT e Cláusula 9.ª CCT.

Pagamento de trabalho su- Remuneração especial igual à retribuição normal acresci-


plementar: artigo 268.º CT e da das seguintes percentagens: a) 100% se o trabalho for
Cláusula 46.ª CCT. diurno; b) 150% se o trabalho for noturno, c) 150% se o tra-
balho for prestado em dias de descanso semanal, descan-
so complementar ou em feriados. Considera-se trabalho
noturno o prestado entre as 20H00 e as 7H00.

Prestações relativas a dia O trabalhador que presta trabalho em dia feriado ou de


feriado ou de descanso se- descanso semanal em empresa que está obrigada a en-
manal: artigo 229.º e 268.º cerrar, tem direito a retribuição calculada nos termos
CT e Cláusula 27.ª CCT do pagamento de trabalho suplementar e sendo dia de
descanso obrigatório, tem direito a um dia de descanso
compensatório remunerado a gozar num dos 3 dias úteis
Salarial

seguintes, caso o CCT lhe seja aplicável apenas pela Por-


e Regalias

taria de extensão. Se o CCT é diretamente aplicável o tra-


IX.03 Política

balhador tem direito a 1 dia de descanso compensatório


num dos 3 dias úteis seguintes.

Gratificações e prémios: ar- São concedidas pelo empregador a título de liberalidade,


48 tigo 260.º n.º 1 b) e c) CT como recompensa ou prémio dos bons resultados obti-
dos pela empresa, bom desempenho profissional, pela
assiduidade ou pelo mérito. Não integram a retribuição,
exceto, se o seu valor, a sua consagração contratual (no
contrato individual de trabalho ou em convenção coletiva
de trabalho) ou os usos de empresa lhe concederem cará-
ter regular e constante.

Participação nos lucros: ar- A definir pela entidade empregadora


tigo 260.º n.º 1 d) CT.

Prestações em espécie: ar- Atribuição da utilização de veículos, determinado plafond


tigo 259.º CT de cartão de crédito, seguro de saúde, habitação, ou ou-
tros benefícios. Se as prestações se afigurarem essenciais
ao desempenho das funções do trabalhador (ex: auto-
móvel concedido a vendedor-distribuidor, passe social,
habitação concedida a trabalhador deslocado) são con-
siderados instrumentos de trabalho, não integrando a re-
muneração. Caso sejam concedidos sem qualquer ligação
intrínseca ao exercício de funções, desligados da natureza
do trabalho desempenhado, integrarão a retribuição.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.3. Compensações e descontos

Diga-se que, nos termos do artigo 279.º CT e Cláusula 49.ª CCT, o empregador
durante a vigência do contrato, não pode compensar a retribuição em dívida com
crédito que tenha sobre o trabalhador, nem fazer desconto ou dedução no montan-
te daquela, salvo algumas exceções:

a) A desconto a favor do Estado, da segurança social ou outra entidade, or-


denado por lei, decisão judicial transitada em julgado ou auto de conciliação,
quando o empregador tenha sido notificado da decisão ou do auto;

b) A indemnização devida pelo trabalhador ao empregador, liquidada por deci-


são judicial transitada em julgado ou auto de conciliação;

c) À sanção pecuniária a que se refere a alínea c) do n.º 1 do artigo 328.º;

Política Salarial
e Regalias
d) A amortização de capital ou pagamento de juros de empréstimo concedido
pelo empregador ao trabalhador;

IX.03
e) A preço de refeições no local de trabalho, de utilização de telefone, de for-
49
necimento de géneros, de combustíveis ou materiais, quando solicitados pelo
trabalhador, ou outra despesa efectuada pelo empregador por conta do traba-
lhador com o acordo deste;

f) A abono ou adiantamento por conta da retribuição.

Os referidos descontos, com exceção do mencionado na alínea a), não podem ex-
ceder, no seu conjunto, um sexto da retribuição.

No que respeita ao cumprimento de obrigações legais, de enquadramento da re-


muneração dos trabalhadores, reportamo-nos aos artigos 44.º e seguintes do Có-
digo Contributivo em sede de contribuições e quotizações perante a Segurança
Social, e aos artigos 2.º e 2.º-A do Código do Imposto sobre o Rendimento das
Pessoas Singulares, em sede de tributação do rendimento.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.4. Pontos-Chave

• Para uma boa gestão de recursos humanos é essencial definir de forma objeti-
va a remuneração dos trabalhadores, com base no princípio de “trabalho igual,
salário igual”, segundo critérios de quantidade, natureza e qualidade do trabalho
prestado.

• Na boa gestão de recursos humanos é essencial dominar os conceitos de retri-


buição base, diuturnidades e prestações complementares, para definição objetiva
do quadro remuneratório da equipa de trabalho, conhecendo as regras do Código
do Trabalho e do Contrato Coletivo de Trabalho aplicável diretamente ou por via
da Portaria de extensão (salvaguardando neste caso as regras legais imperativas).
Salarial
e Regalias
IX.03 Política

50

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.5. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

As regras legais de remuneração salarial são aplicadas?

Há lugar ao pagamento de diuturnidades?

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Política Salarial
e Regalias
IX.03
51
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


[Página propositamente deixada em branco]
IX.04
Guia de Boas Práticas Profissionais

A Formação contínua dos trabalhadores

4.1. Princípios orientadores da formação profissional


contínua

Todos os empregadores são obrigados a proporcionar aos seus trabalhadores, for-


mação contínua adequada à melhoria das suas aptidões profissionais e do trabalho
a desenvolver.

É a própria legislação e a contratação coletiva que o impõem (artigo 127.º CT e


Cláusula 21.ª CCT APECA) ao estabelecer que é dever do empregador contribuir
para a elevação da produtividade e empregabilidade dos seus trabalhadores, no-
meadamente proporcionando-lhes formação profissional adequada a desenvolver
a sua qualificação.

OBJETIVOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL


53
Proporcionar qualificação inicial a jovem que ingresse no mercado de trabalho

Assegurar a formação contínua dos trabalhadores da empresa

contínua
trabalhadores
Promover a qualificação ou reconversão profissional de trabalhador em risco de desem-
prego

IX.04 AdosFormação
Promover a reabilitação profissional de trabalhador com deficiência, em particular da-
quele cuja incapacidade resulta de acidente de trabalho

Promover a integração sócio-profissional de trabalhador pertencente a grupo com parti-


culares dificuldades de inserção.

ELABORAÇÃO DO PLANO DE FORMAÇÃO

Desenvolvimento e adequação da qualificação do trabalhador, tendo em vista melhorar a


sua empregabilidade e aumentar a produtividade e a competitividade da empresa

Desenvolver ações na empresa ou conceder ao trabalhador tempo para frequência de


formação por iniciativa própria

Organizar a formação com plano anual ou plurianual, assegurando o direito a informação


e consulta dos trabalhadores
Ordem dos Contabilistas Certificados

Reconhecer e valorizar a qualificação adquirida pelo trabalhador

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.2. Obrigações da Entidade Empregadora

O trabalhador tem direito, em cada ano, a um número mínimo de 40 horas de for-


mação contínua ou, sendo contratado a termo, por período igual ou superior a 3
meses, a um número mínimo de horas proporcional à duração do contrato nesse
ano. Por exemplo, um trabalhador contratado a termo por 9 meses, tem direito a
receber 30 horas de formação contínua.

É obrigatório que em cada ano civil a entidade empregadora dê formação a pelo


menos 10% dos trabalhadores da empresa, podendo antecipar até dois anos ou,
desde que o plano de formação o preveja, diferir por igual período, a efetivação da
formação anual, imputando-se a formação realizada ao cumprimento da obrigação
mais antiga. O período de antecipação é de cinco anos no caso de frequência de
processo de reconhecimento, validação e certificação de competências, ou de for-
mação que confira dupla certificação.

A formação contínua que seja assegurada pelo utilizador ou pelo cessionário, no


caso de, respetivamente, trabalho temporário ou cedência ocasional de trabalha-
dor, exonera o empregador, podendo haver lugar a compensação por parte deste
em termos a acordar.
54

As ações de formação podem ser ministradas:


contínua

- pela própria entidade empregadora,


trabalhadores
IX.04 AdosFormação

- por entidade formadora certificada para o efeito,

- por estabelecimento de ensino.

As horas de formação que não sejam asseguradas pelo empregador até ao termo
dos dois anos posteriores ao seu vencimento, transformam-se em crédito de horas
em igual número para formação por iniciativa do trabalhador. O crédito de horas
para formação é referido ao período normal de trabalho, confere direito a retribui-
ção e conta como tempo de serviço efetivo.

O crédito de horas para formação que não seja utilizado cessa passados três anos
sobre a sua constituição.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Cumpre referir que cessando o contrato de trabalho, o trabalhador tem direito a


receber a retribuição correspondente ao número mínimo anual de horas de forma-
ção que não lhe tenha sido proporcionado, ou ao crédito de horas para formação
de que seja titular à data da cessação.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

O website da Autoridade para as Condições do Trabalho tem um simulador para


aferir o número de horas de formação a que um trabalhador tem direito, durante
a vigência e em caso de cessação do contrato de trabalho, cuja consulta aconse-
lhamos.

Fazemos notar que a Ordem dos Contabilistas Certificados é uma entidade reco-
nhecida para ministrar ações de formação profissional, promovendo pela excelên-
cia e capacitação profissional dos contabilistas certificados, por forma a prestarem
os melhores serviços aos seus clientes e assim reforçarem o interesse público, re-
putação e dignificação da profissão, bem como o seu valor junto da economia e
sociedade civil.

A formação profissional contínua tem por objetivo facultar aos contabilistas cer-
tificados os conhecimentos necessários para um exercício da profissão pautado
pelos mais elevados padrões de excelência e rigor técnico, que contribua para o
interesse público da profissão, permitindo uma permanente atualização em maté-
rias de natureza técnica e deontológica. Está disponível para consulta no website
da Ordem dos Contabilistas Certificados o Plano anual de formação, cuja consulta
se recomenda.
55

contínua
trabalhadores
IX.04 AdosFormação
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


contínua
trabalhadores
IX.04 AdosFormação

56
Levantamento das Necessidades de Formação

Necessidade Ação de Formação/ Estimativa de


Nome Função Área Data Objetivo Tipo de Formação Motivo Entidade
Identificada Curso Indicado Custo
Posto de trabalho
Em sala (interna)
Em sala (externa)
Teórica
Teórico-prática
Posto de trabalho
Em sala (interna)

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Em sala (externa)
Teórica
Teórico-prática
Posto de trabalho
Em sala (interna)
Em sala (externa)
Teórica
Teórico-prática
Teórica
Teórico-prática
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Ordem dos Contabilistas Certificados

Necessidades de Formação

Ano: 202_
Área de Formação/
Objetivos Formando N.º Horas Data Entidade Formadora
Formação
Guia de Boas Práticas Profissionais

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


57

contínua
trabalhadores
IX.04 AdosFormação
contínua
trabalhadores
IX.04 AdosFormação

58
Relatório de Ações de Formação

* Anexar relatório (Informar se é interna ou externa)

Ação de Formação
Data Local Relatório Tipo de Ação Nº de formandos Assinatura
Formação Interna/Externa Empresa/Formador

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


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Ordem dos Contabilistas Certificados


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Avaliação da Eficácia da Formação

Nome: ________________________________________________________________

Ação de formação frequentada: _________________________________________

Formador/Entidade: ___________________________________________________

Data de realização da ação: ____/____/________

AVALIAÇÃO

Colaborador Responsável Hierárquico


Negativo Nulo Positivo Negativo Nulo Positivo
Os objetivos da ação de formação foram
atingidos
Aplicação prática dos conhecimentos
Capacidade de resolução de problemas
Participação/Envolvimento nas atividades
59
Diminuição do número de falhas
Apreciação Global

contínua
Rúbrica:

trabalhadores
Data: ____/____/______ ____/____/______

IX.04 AdosFormação
Positivo – Em acordo com as expectativas
Nulo – Sem quaisquer expetativas
Negativo – em desacordo com as expectativas

OBSERVAÇÕES/SUGESTÕES:

Avaliação da eficácia pela análise de questionários ao funcionamento de cada função


(preenchido pela Gerência)

Apreciação Global Ano N: ________ Ano N+1: ___________


Ordem dos Contabilistas Certificados

Aconselharia a frequência desta ação de formação a outros colaboradores da entidade?

Sim Não

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.3. Pontos-chave

• Ministrar formação profissional contínua aos trabalhadores por conta de outrem,


é uma obrigação legal das entidades empregadoras, desde que os contratos de
trabalho tenham um período igual ou superior a 3 meses de duração.

• A formação profissional promove a qualificação do trabalhador, sendo uma mais-


-valia para a produtividade, competitividade e sucesso da própria entidade empre-
gadora.

60
contínua
trabalhadores
IX.04 AdosFormação

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

4.4. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Há plano de formação anual?

Todos os trabalhadores recebem formação profissional adequada?

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

61

contínua
trabalhadores
IX.04 AdosFormação
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


[Página propositamente deixada em branco]
IX.05
Guia de Boas Práticas Profissionais

A relação da Entidade Empregadora com


a ACT e com a Inspeção Regional do Trabalho

5.1. A missão da ACT e da Inspeção Regional do Trabalho

A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), a Inspeção Regional do Traba-


lho da Região Autónoma da Madeira e a Inspeção Regional do Trabalho da Região
Autónoma dos Açores (IRT), representam um serviço do Estado que tem como mis-
são a promoção da melhoria das condições de trabalho, através da:

- Fiscalização do cumprimento das normas em matéria laboral;

- Promoção de políticas de prevenção dos riscos profissionais;

- Controlo do cumprimento da legislação relativa à segurança e saúde no trabalho.

As pessoas singulares, coletivas e entidades equiparadas podem ser visitadas por


estas entidades, para exibição, apresentação ou entrega de documentos ou outros 63
registos ou cópia dos mesmos, devendo apresentá-los no prazo e local identifica-
dos na notificação – artigo 107.º CT e artigo 11.º n.º 1 alínea e) do Estatuto da Inspe-
ção-Geral do Trabalho.

Fazemos notar que perante a imposição legal de determinadas afixações obriga-


tórias da responsabilidade da entidade empregadora, deverá considerar-se que
o termo “afixação” deve ser interpretado como “informação facilmente acedida
por todos os trabalhadores”, ou seja, em vez de se exigir a “afixação” no sentido
literal do termo, deverá considerar-se a obrigação de afixação cumprida, perante a
disponibilização da referida informação a todos os trabalhadores, nomeadamente

com a ACT
mediante utilização de qualquer meio, como por exemplo a intranet.

relação da Entidade
Com o intuito de auxiliar os escritórios de contabilidade no cumprimento das obri-

IX.05 AEmpregadora
gações a que estão sujeitos, na qualidade de entidade empregadora, apresenta-
mos uma checklist para validação, autonomizando as obrigações a cumprir no Con-
tinente, na Região Autónoma da Madeira e Região Autónoma dos Açores.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


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5.2. Portugal Continental

Principal
Afixações obrigatórias
Há registo?
da responsabilidade de todas as Entidade Empregadoras:
Mapa de horário de trabalho - Artigos 215.º afixação durante a vigência,
e 216.º CT disponível e atualizado em
cada estabelecimento
Mapa de férias - Artigo 241.º n.º 9 CT afixação permanente, entre 15
de abril e 31 de outubro
Indicação do Instrumento de Regulamen- afixação permanente
tação Coletiva de Trabalho (se aplicável)
Artigo 480.º n.º 1 CT
Informação relativa aos direitos e deveres afixação permanente
do trabalhador em matéria de igualdade e
não discriminação – Artigo 24.º n.º 4 CT
Informação referente ao direito de paren- afixação permanente
talidade – Artigo 127.º n.º 4 CT
Disposições legais relativas a direitos e afixação permanente
obrigações do sinistrado e dos responsá-
veis – Artigo 177.º n.º 1 da Lei n.º 98/2009,
64
de 4 de setembro

Secundário
Outras afixações obrigatórias
Há registo?
em determinadas eventualidades ou áreas de atividade:
Alteração do horário de trabalho, caso tal afixação com a antecedência
alteração seja de duração superior a uma de 7 dias, ou 3 dias, no caso
semana – Artigo 217.º n.º 2 CT de microempresas.
Código de Boa Conduta para a prevenção afixação durante a vigência
e combate ao assédio no trabalho em em-
presa com 7 ou mais trabalhadores
Artigo 127.º n.º 1 alínea k);
com a ACT
relação da Entidade

Regulamento interno (caso exista) afixação permanente


Artigo 99.º n.º 3 CT
IX.05 AEmpregadora

Informação relativa à existência de postos afixação enquanto houver


de trabalho permanentes que estejam dis- postos de trabalho perma-
poníveis na empresa ou estabelecimento nentes disponíveis na em-
quando existam presa ou no estabelecimento
Artigo 144.º n.º 4 CT;
Ordem dos Contabilistas Certificados

Despacho e decisão do Tribunal Arbitral afixação após a sua comu-


que definem os serviços mínimos, a asse- nicação aos representantes
gurar em período de greve - Artigo 538.º dos trabalhadores e aos em-
n.º 6 CT pregadores

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


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Outras afixações obrigatórias


Há registo?
em determinadas eventualidades ou áreas de atividade:
Utilização de meios eletrónicos de vigi- afixação permanente
lância à distância (caso existam tendo
por finalidade a proteção e segurança de
pessoas e bens ou quando particulares exi-
gências inerentes à natureza da atividade o
justifiquem) – Artigo 20.º n.º 3 CT

Principal
Comunicações obrigatórias
Há registo?
da responsabilidade de todas as Entidades Empregadoras:
Adesão ao Fundo de compensação do tra- obrigação revogada com
balho ou mecanismo equivalente – Artigo entrada em vigor da Agen-
127.º n.º 5 da do Trabalho Digno, mas
para os contratos celebrados
em data anterior a 1 de maio
2023 tem de ser mantida a
evidência do cumprimento
da comunicação à ACT
Relatório Único (inclui trabalho suple- deve ser comunicado entre
mentar e contratos a termo) – Portaria n.º 16 de março e 15 de abril. 65
55/2010, de 21 de janeiro

Secundário
Outras Comunicações obrigatórias
Há registo?
em determinadas eventualidades ou áreas de atividade:
Obrigação de comunicação à ACT da de- comunicação a enviar nos 15
núncia de contrato de trabalho durante o dias posteriores à denúncia
período experimental de trabalhadores à do contrato; incumprimento
procura do 1.º emprego e Desempregados é contraordenação grave
de longa duração – n.º 6 do artigo 114.ºCT
Acidente de trabalho mortal ou grave – Ar- o empregador deve comu-

com a ACT
tigo 111.º n.º 1 da Lei n.º 102/2009, de 10 de nicar à ACT os acidentes

relação da Entidade
setembro mortais, bem como aqueles
que evidenciem lesão física

IX.05 AEmpregadora
grave, nas 24 horas a seguir
à ocorrência
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


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Outras Comunicações obrigatórias


Há registo?
em determinadas eventualidades ou áreas de atividade:
Decisão de despedimento por extinção de comunicação com antece-
posto de trabalho – Artigo 371.º n.º 3 CT dência mínima, relativamen-
te à data de cessação do
contrato de: a) 15 dias, no
caso de trabalhador com an-
tiguidade inferior a um ano;
b) 30 dias, no caso de traba-
lhador com antiguidade igual
ou superior a um ano e infe-
rior a cinco anos; c) 60 dias,
no caso de trabalhador com
antiguidade igual ou superior
a cinco anos e inferior a 10
anos; d) 75 dias, no caso de
trabalhador com antiguidade
igual ou superior a 10 anos.
Autorização para redução de categoria deve ser solicitada antes da
profissional do trabalhador quando deter- alteração.
mine diminuição da retribuição – Artigo
119.º CT
66 Autorização para redução ou exclusão de deve ser solicitada antes da
intervalo de descanso - Artigo 213.º n.º 3 CT alteração
Comunicação da admissão e/ou cessação a comunicação da admissão
de contrato com trabalhadores estrangei- é anterior ao início do con-
ros (nacionais de estados terceiros à EU, trato e a cessação nos 15 dias
EEE ou a países com regime idêntico) ou seguintes
apátridas – Artigo 5.º n.º 5 CT
Comunicação de trabalho no estrangeiro a comunicação deve ser feita
(identidade dos trabalhadores a destacar com 5 dias de antecedência
para o estrangeiro, o utilizador, o local de
trabalho, o início e o termo previsíveis da
deslocação) - Artigo 8.º n.º 2 CT
com a ACT
relação da Entidade

Comunicações obrigatórias à
Há registo?
CITE – Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego:
IX.05 AEmpregadora

A entidade empregadora deve comunicar, no prazo de cinco dias úteis a


contar da data da denúncia, a denúncia do contrato de trabalho durante
o período experimental sempre que estiver em causa uma trabalhadora
grávida, puérpera ou lactante, um trabalhador no gozo de licença paren-
tal ou trabalhador cuidador- Artigo 114.º CT.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Comunicações obrigatórias à
Há registo?
CITE – Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego:
A entidade empregadora deve comunicar, com a antecedência mínima
de cinco dias úteis à data do aviso prévio, o motivo da não renovação de
contrato de trabalho a termo sempre que estiver em causa uma trabalha-
dora grávida, puérpera ou lactante, um trabalhador no gozo de licença
parental ou trabalhador cuidador – Artigo 144.º CT.

Comunicação obrigatória à DGERT Há registo?


Na instrução dos processos de despedimento coletivo, o empregador
deve dar conhecimento à DGERT – enquanto serviço com competência
para acompanhamento e fomento da contratação coletiva – da comunica-
ção da intenção de despedimento, no início (artigo 360.º, n.º 5 CT), e dos
termos da sua conclusão, incluindo a lista nominativa dos trabalhadores a
despedir, no final do respetivo processo [artigo 363.º, n.º 3, al. a) CT].

Numa ação de fiscalização, a ACT pode solicitar a apresentação de documentos


ou registos que comprovem a atuação da entidade empregadora em conformi-
dade legal.

Previsto no Código do Trabalho Há registo?


67
Comunicação do início de atividade à ACT (adesão ao FCT) – Artigo 127.º
n.º 5.
Mapa de horário de trabalho – Artigos 215.º e 216.º (afixação obrigatória).
Registo dos Trabalhadores – Artigo 127.º n.º 1 alínea j) (tem de estar dispo-
nível e atualizado em cada estabelecimento).
Registo do número de horas prestadas por trabalhador por dia, com indi-
cação de início e termo – Artigo 202.º (tem de estar disponível e atualizado
em cada estabelecimento).
Registo de trabalho suplementar – Artigo 231.º (tem de estar disponível e
atualizado em cada estabelecimento).
Mapa de férias – Artigo 241.º n.º 9 (afixação obrigatória).

com a ACT
relação da Entidade
Recibos de retribuição – Artigos 276.º n.º 3 e 177.º n.º 2 da Lei 98/2009
(devem ser entregues ao trabalhador).

IX.05 AEmpregadora
Contratos de trabalho sem termo – Artigo 11.º.
Contratos de trabalho a termo – Artigos 140.º e seguintes.
Contratos de utilização de trabalho temporário e Contratos de trabalho
temporário – Artigo 175.º
Ordem dos Contabilistas Certificados

Contratos de trabalho de cidadãos estrangeiros e respetiva comunica-


ção à ACT– Artigo 5.º.
Informação escrita aos trabalhadores sobre as condições do contrato de
trabalho – Artigo 106.º

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Previsto no Código do Trabalho Há registo?


Obrigação especial dos empregadores disponibilizarem à ACT, sempre
que solicitadas, informações decorrentes do cumprimento dos artigos
106.º e 107.º do Código do Trabalho – n.º 5 e 6 do artigo 107.º CT
Registo dos processos de recrutamento efetuados- Artigo32.º n.º 1
Registo de sanções disciplinares- Artigo 332.º

Previsto na Lei n.º 105/2009, de 14 de setembro (Regulamenta matérias do


Código do Trabalho) e Portaria n.º 55/2010, de 21 de janeiro (Regula o con-
teúdo do relatório anual referente à informação sobre a atividade social da Há registo?
empresa e o prazo da sua apresentação, por parte do empregador, ao servi-
ço com competência inspetiva do ministério responsável pela área laboral)
Plano de Formação – Artigo 13.º
Relatório Único – Artigo 32.º

Previsto no Decreto-Lei n.º 110/2009, de 16 de setembro de 2009 (Código


Há registo?
dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social)
Comunicação da admissão de trabalhadores – Artigo 29.º
Declaração de remunerações enviada à Segurança Social – Artigo 34.º

68
Previsto na Lei n.º 98/2009, de 4 de setembro (Regulamenta o Regime de
Há registo?
Reparação de Acidentes de Trabalho e de Doenças Profissionais)
Apólice de acidentes de trabalho, último recibo pago e declaração de
retribuições à Seguradora – Artigo 79.º.

Previsto na Lei n.º 102/2009, de 2 de junho


Há registo?
(Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho)
Fichas de aptidão dos últimos exames de saúde dos trabalhadores – Ar-
tigo 110.º
Relatórios de avaliação de riscos – Artigos 15.º e 98.º n.º 2 alínea a).
Lista de acidentes de trabalho e de doenças profissionais – Artigo 98.º n.º
com a ACT
relação da Entidade

2 alínea b).
Relatórios sobre acidentes de trabalho – Artigo 98.º n.º 2 alínea c).
IX.05 AEmpregadora

Lista das medidas propostas e recomendações formuladas pelos serviços


de Saúde e Segurança no Trabalho – Artigo 98.º n.º 2 alínea e).
Identificação dos trabalhadores responsáveis pela estrutura interna de
primeiros socorros, combate a incêndios e evacuação de instalações –
Artigos 15.º n.º 9 e 75.º.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Consulta, formação e informação dos trabalhadores em Saúde e Segu-


rança no Trabalho – Artigos 18.º, 19.º, 20.º e 43.º.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Estatuto da Inspeção-Geral do Trabalho – Decreto-Lei 102/2000,


de 2 de junho - Artigo 11.º n.º 1 e): Requisitar, com efeitos imediatos
ou para apresentação nos serviços da Inspeção-Geral do Trabalho,
examinar e copiar documentos e outros registos que interessem para o
esclarecimento das relações de trabalho e das condições de trabalho, Há registo?
nomeadamente da avaliação dos riscos profissionais, do planeamento
e programação da prevenção e dos seus resultados, bem como do
cumprimento das normas sobre emprego, desemprego e pagamento
das contribuições para a segurança social
Declaração de rendimentos IRS / IRC
Pacto social e últimas alterações
Balancete indicativo do volume de negócios

69

com a ACT
relação da Entidade
IX.05 AEmpregadora
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.3. Região Autónoma da Madeira

Estatuto da Inspeção Regional do Trabalho – Decreto Regulamentar n.º 12/2012/M

Principal
Afixações obrigatórias
Há registo?
da responsabilidade de todas as Entidade Empregadoras:
Mapa de horário de trabalho afixação durante a vigência,
Artigos 215.º e 216.º CT disponível e atualizado em
cada estabelecimento
Mapa de férias afixação permanente, entre 15
Artigo 241.º n.º 9 CT de abril e 31 de outubro
Indicação do Instrumento de Regula- afixação permanente
mentação Coletiva de Trabalho (se apli-
cável)
Artigo 480.º n.º 1 CT
Informação relativa aos direitos e deve- afixação permanente
res do trabalhador em matéria de igual-
dade e não discriminação – Artigo 24.º
n.º 4 CT
Informação referente ao direito de pa- afixação permanente
70
rentalidade – Artigo 127.º n.º 4 CT
Disposições legais relativas a direitos afixação permanente
e obrigações do sinistrado e dos res-
ponsáveis – Artigo 177.º n.º 1 da Lei n.º
98/2009, de 4 de setembro

Secundário
Outras afixações obrigatórias
Há registo?
em determinadas eventualidades ou áreas de atividade:
Alteração do horário de trabalho, caso afixação com a antecedência
tal alteração seja de duração superior a de 7 dias, ou 3 dias, no caso de
uma semana – Artigo 217.º n.º 2 CT microempresas.
com a ACT
relação da Entidade

Código de Boa Conduta para a preven- afixação durante a vigência


ção e combate ao assédio no trabalho
IX.05 AEmpregadora

em empresa com 7 ou mais trabalhado-


res
Artigo 127.º n.º 1 alínea k);
Regulamento interno (caso exista) afixação permanente
Artigo 99.º n.º 3 CT
Ordem dos Contabilistas Certificados

Informação relativa à existência de postos afixação enquanto houver pos-


de trabalho permanentes que estejam dis- tos de trabalho permanentes
poníveis na empresa ou estabelecimento disponíveis na empresa ou no
quando existam Artigo 144.º n.º 4 CT; estabelecimento

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Outras afixações obrigatórias


Há registo?
em determinadas eventualidades ou áreas de atividade:
Despacho e decisão do Tribunal Arbitral afixação após a sua comuni-
que definem os serviços mínimos, a as- cação aos representantes dos
segurar em período de greve – Artigo trabalhadores e aos emprega-
538.º n.º 6 CT dores
Utilização de meios eletrónicos de vigi- afixação permanente
lância à distância (caso existam tendo
por finalidade a proteção e segurança de
pessoas e bens ou quando particulares
exigências inerentes à natureza da ativi-
dade o justifiquem) – Artigo 20.º n.º 3 CT

Principal:
Comunicações obrigatórias
Há registo?
da responsabilidade de todas as Entidades Empregadoras:
- Adesão ao Fundo de compensação do obrigação revogada com en-
trabalho ou mecanismo equivalente – trada em vigor da Agenda do
Artigo 127.º n.º 5 Trabalho Digno, mas para os
contratos celebrados em data
anterior a 1 de maio 2023 tem
de ser mantida a evidência do 71
cumprimento da comunicação
à ACT
Relatório Único (inclui trabalho suple- deve ser comunicado entre
mentar e contratos a termo) – Portaria 16 de março e 15 de abril. De-
n.º 55/2010, de 21 de janeiro creto Legislativo Regional n.º
24/2010/A, de 22 de julho e
Resolução do Conselho e do
Governo n.º 157/2011, de 23 de
dezembro.

Secundário:
Outras Comunicações obrigatórias

com a ACT
Há registo?

relação da Entidade
em determinadas eventualidades ou áreas de atividade:
Obrigação de comunicação à ACT da de- comunicação a enviar nos 15

IX.05 AEmpregadora
núncia de contrato de trabalho durante o dias posteriores à denúncia
período experimental de trabalhadores à do contrato; incumprimento é
procura do 1.º emprego e Desempregados contraordenação grave
de longa duração – n.º 6 do artigo 114.ºCT
Acidente de trabalho mortal ou grave – o empregador deve comunicar
Ordem dos Contabilistas Certificados

Artigo 111.º n.º 1 da Lei n.º 102/2009, de 10 à ACT os acidentes mortais,


de setembro bem como aqueles que eviden-
ciem lesão física grave, nas 24
horas a seguir à ocorrência

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Outras Comunicações obrigatórias


Há registo?
em determinadas eventualidades ou áreas de atividade:
Decisão de despedimento por extinção comunicação com antecedên-
de posto de trabalho – Artigo 371.º n.º 3 cia mínima, relativamente à
CT data de cessação do contrato
de: a) 15 dias, no caso de tra-
balhador com antiguidade in-
ferior a um ano; b) 30 dias, no
caso de trabalhador com anti-
guidade igual ou superior a um
ano e inferior a cinco anos; c)
60 dias, no caso de trabalhador
com antiguidade igual ou su-
perior a cinco anos e inferior a
10 anos; d) 75 dias, no caso de
trabalhador com antiguidade
igual ou superior a 10 anos.
Autorização para redução de categoria deve ser solicitada antes da al-
profissional do trabalhador quando de- teração.
termine diminuição da retribuição – Ar-
tigo 119.º CT
Autorização para redução ou exclusão deve ser solicitada antes da al-
72 de intervalo de descanso - Artigo 213.º teração
n.º 3 CT
Comunicação da admissão e/ou ces- a comunicação da admissão é
sação de contrato com trabalhadores anterior ao início do contrato e
estrangeiros (nacionais de estados ter- a cessação nos 15 dias seguin-
ceiros à EU, EEE ou a países com regime tes
idêntico) ou apátridas – Artigo 5.º n.º 5 CT
Comunicação de trabalho no estrangei- a comunicação deve ser feita
ro (identidade dos trabalhadores a des- com 5 dias de antecedência
tacar para o estrangeiro, o utilizador, o
local de trabalho, o início e o termo previ-
síveis da deslocação) - Artigo 8.º n.º 2 CT
com a ACT
relação da Entidade

Comunicações obrigatórias
Há registo?
à CRITE – Comissão Regional para a Igualdade no Trabalho e no Emprego:
IX.05 AEmpregadora

A entidade empregadora deve comunicar, no prazo de cinco dias úteis a


contar da data da denúncia, a denúncia do contrato de trabalho durante
o período experimental sempre que estiver em causa uma trabalhadora
grávida, puérpera ou lactante, um trabalhador no gozo de licença paren-
tal ou trabalhador cuidador- Artigo 114.º CT.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Comunicações obrigatórias
Há registo?
à CRITE – Comissão Regional para a Igualdade no Trabalho e no Emprego:
A entidade empregadora deve comunicar, com a antecedência mínima
de cinco dias úteis à data do aviso prévio, o motivo da não renovação de
contrato de trabalho a termo sempre que estiver em causa uma traba-
lhadora grávida, puérpera ou lactante, um trabalhador no gozo de licen-
ça parental ou trabalhador cuidador – Artigo 144.º CT.

Comunicação obrigatória à DGERT Há registo?


Na instrução dos processos de despedimento coletivo, o empregador
deve dar conhecimento à DGERT – enquanto serviço com competência
para acompanhamento e fomento da contratação coletiva – da comunica-
ção da intenção de despedimento, no início (artigo 360.º, n.º 5 CT), e dos
termos da sua conclusão, incluindo a lista nominativa dos trabalhadores a
despedir, no final do respetivo processo [artigo 363.º, n.º 3, al. a) CT].

Numa ação de fiscalização, a IRT pode solicitar a apresentação de documentos


ou registos que comprovem a atuação da entidade empregadora em conformi-
dade legal.

Previsto no Código do Trabalho Há registo?


73
Comunicação do início de atividade à IRT (adesão ao FCT) – Artigo 127.º n.º 5.
Mapa de horário de trabalho – Artigos 215.º e 216.º (afixação obrigatória).
Registo dos Trabalhadores – Artigo 127.º n.º 1 alínea j) (tem de estar dispo-
nível e atualizado em cada estabelecimento).
Registo do número de horas prestadas por trabalhador por dia, com indi-
cação de início e termo – Artigo 202.º (tem de estar disponível e atualizado
em cada estabelecimento).
Registo de trabalho suplementar – Artigo 231.º (tem de estar disponível e
atualizado em cada estabelecimento).
Mapa de férias – Artigo 241.º n.º 9 (afixação obrigatória).

com a ACT
Recibos de retribuição – Artigos 276.º n.º 3 e 177.º n.º 2 da Lei 98/2009

relação da Entidade
(devem ser entregues ao trabalhador).
Contratos de trabalho sem termo – Artigo 11.º.

IX.05 AEmpregadora
Contratos de trabalho a termo – Artigos 140.º e seguintes.
Contratos de utilização de trabalho temporário e Contratos de trabalho
temporário – Artigo 175.º.
Contratos de trabalho de cidadãos estrangeiros e respetiva comunica-
Ordem dos Contabilistas Certificados

ção à IRT– Artigo 5.º.


Informação escrita aos trabalhadores sobre as condições do contrato de
trabalho – Artigo 106.º

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Previsto no Código do Trabalho Há registo?


Obrigação especial dos empregadores disponibilizarem à ACT, sempre
que solicitadas, informações decorrentes do cumprimento dos artigos
106.º e 107.º do Código do Trabalho – n.º 5 e 6 do artigo 107.º CT
Registo dos processos de recrutamento efetuados - Artigo 32.º n.º 1
Registo de sanções disciplinares - Artigo 332.º

Previsto na Lei n.º 105/2009, de 14 de setembro (Regulamenta matérias


do Código do Trabalho) e Portaria n.º 55/2010, de 21 de janeiro (Regula
o conteúdo do relatório anual referente à informação sobre a atividade
Há registo?
social da empresa e o prazo da sua apresentação, por parte do empre-
gador, ao serviço com competência inspetiva do ministério responsável
pela área laboral)
Plano de Formação – Artigo 13.º
Relatório Único – Artigo 32.º

Previsto no Decreto-Lei n.º 110/2009, de 16 de setembro de 2009


(Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Há registo?
Segurança Social)
Comunicação da admissão de trabalhadores – Artigo 29.º
74 Declaração de remunerações enviada à Segurança Social – Artigo 34.º

Previsto na Lei n.º 98/2009, de 4 de setembro (Regulamenta o Regime


Há registo?
de Reparação de Acidentes de Trabalho e de Doenças Profissionais)
Apólice de acidentes de trabalho, último recibo pago e declaração de
retribuições à Seguradora – Artigo 79.º.

Previsto na Lei n.º 102/2009, de 2 de junho


Há registo?
(Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho)
Fichas de aptidão dos últimos exames de saúde dos trabalhadores –
Artigo 110.º
com a ACT

Relatórios de avaliação de riscos – Artigos 15.º e 98.º n.º 2 alínea a).


relação da Entidade

Lista de acidentes de trabalho e de doenças profissionais – Artigo 98.º


IX.05 AEmpregadora

n.º 2 alínea b).


Relatórios sobre acidentes de trabalho – Artigo 98.º n.º 2 alínea c).
Lista das medidas propostas e recomendações formuladas pelos servi-
ços de Saúde e Segurança no Trabalho – Artigo 98.º n.º 2 alínea e).
Identificação dos trabalhadores responsáveis pela estrutura interna de
Ordem dos Contabilistas Certificados

primeiros socorros, combate a incêndios e evacuação de instalações –


Artigos 15.º n.º 9 e 75.º.
Consulta, formação e informação dos trabalhadores em Saúde e Segu-
rança no Trabalho – Artigos 18.º, 19.º, 20.º e 43.º.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Estatuto da Inspeção-Geral do Trabalho – Decreto-Lei 102/2000,


de 2 de junho - Artigo 11.º n.º 1 e): Requisitar, com efeitos imediatos
ou para apresentação nos serviços da Inspeção-Geral do Trabalho,
examinar e copiar documentos e outros registos que interessem
para o esclarecimento das relações de trabalho e das condições de Há registo?
trabalho, nomeadamente da avaliação dos riscos profissionais, do
planeamento e programação da prevenção e dos seus resultados,
bem como do cumprimento das normas sobre emprego, desemprego
e pagamento das contribuições para a segurança social
Declaração de rendimentos IRS / IRC
Pacto social e últimas alterações
Balancete indicativo do volume de negócios

75

com a ACT
relação da Entidade
IX.05 AEmpregadora
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.4. Região Autónoma dos Açores

Estatuto da Inspeção Regional do Trabalho – Decreto Regulamentar n.º 14/2001/A,


de 9 de novembro

Principal
Afixações obrigatórias
Há registo?
da responsabilidade de todas as Entidade Empregadoras:
Mapa de horário de trabalho afixação durante a vigência, dis-
Artigos 215.º e 216.º CT ponível e atualizado em cada es-
tabelecimento
Mapa de férias afixação permanente, entre 15 de
Artigo 241.º n.º 9 CT abril e 31 de outubro
Indicação do Instrumento de Regu- afixação permanente
lamentação Coletiva de Trabalho (se
aplicável)
Artigo 480.º n.º 1 CT
Informação relativa aos direitos e de- afixação permanente
veres do trabalhador em matéria de
igualdade e não discriminação – Arti-
go 24.º n.º 4 CT
76
Informação referente ao direito de afixação permanente
parentalidade – Artigo 127.º n.º 4 CT
Disposições legais relativas a direitos afixação permanente
e obrigações do sinistrado e dos res-
ponsáveis – Artigo 177.º n.º 1 da Lei n.º
98/2009, de 4 de setembro

Secundário
Outras afixações obrigatórias
Há registo?
em determinadas eventualidades ou áreas de atividade:
Alteração do horário de trabalho, caso afixação com a antecedência de
com a ACT

tal alteração seja de duração superior 7 dias, ou 3 dias, no caso de mi-


relação da Entidade

a uma semana – Artigo 217.º n.º 2 CT croempresas.


Código de Boa Conduta para a pre- afixação durante a vigência
IX.05 AEmpregadora

venção e combate ao assédio no


trabalho em empresa com 7 ou mais
trabalhadores
Artigo 127.º n.º 1 alínea k);
Regulamento interno (caso exista) afixação permanente
Ordem dos Contabilistas Certificados

Artigo 99.º n.º 3 CT

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Outras afixações obrigatórias


Há registo?
em determinadas eventualidades ou áreas de atividade:
Informação relativa à existência de afixação enquanto houver postos
postos de trabalho permanentes que de trabalho permanentes dispo-
estejam disponíveis na empresa ou níveis na empresa ou no estabe-
estabelecimento quando existam Ar- lecimento
tigo 144.º n.º 4 CT;
Despacho e decisão do Tribunal Arbi- afixação após a sua comunicação
tral que definem os serviços mínimos, aos representantes dos trabalha-
a assegurar em período de greve – Ar- dores e aos empregadores
tigo 538.º n.º 6 CT
Utilização de meios eletrónicos de vigi- afixação permanente
lância à distância (caso existam tendo
por finalidade a proteção e segurança de
pessoas e bens ou quando particulares
exigências inerentes à natureza da ativi-
dade o justifiquem) – Artigo 20.º n.º 3 CT

Comunicações obrigatórias
Há registo?
da responsabilidade de todas as Entidades Empregadoras:
Adesão ao Fundo de compensação obrigação revogada com entrada
do trabalho ou mecanismo equiva- em vigor da Agenda do Trabalho 77
lente – Artigo 127.º n.º 5 Digno, mas para os contratos ce-
lebrados em data anterior a 1 de
maio 2023 tem de ser mantida a
evidência do cumprimento da co-
municação à ACT
Relatório Único (inclui trabalho su- deve ser comunicado entre 16 de
plementar e contratos a termo) – Por- março e 15 de abril.
taria n.º 55/2010, de 21 de janeiro

Secundário:
Outras Comunicações obrigatórias
Há registo?

com a ACT
em determinadas eventualidades ou áreas de atividade:

relação da Entidade
Obrigação de comunicação à ACT da comunicação a enviar nos 15 dias
denúncia de contrato de trabalho du- posteriores à denúncia do contra-

IX.05 AEmpregadora
rante o período experimental de tra- to; incumprimento é contraorde-
balhadores à procura do 1.º emprego nação grave
e Desempregados de longa duração
– n.º 6 do artigo 114.ºCT
Acidente de trabalho mortal ou grave o empregador deve comunicar à
Ordem dos Contabilistas Certificados

– Artigo 111.º n.º 1 da Lei n.º 102/2009, ACT os acidentes mortais, bem
de 10 de setembro como aqueles que evidenciem
lesão física grave, nas 24 horas a
seguir à ocorrência

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Outras Comunicações obrigatórias


Há registo?
em determinadas eventualidades ou áreas de atividade:
Decisão de despedimento por ex- comunicação com antecedência
tinção de posto de trabalho – Artigo mínima, relativamente à data de
371.º n.º 3 CT cessação do contrato de: a) 15
dias, no caso de trabalhador com
antiguidade inferior a um ano; b)
30 dias, no caso de trabalhador
com antiguidade igual ou supe-
rior a um ano e inferior a cinco
anos; c) 60 dias, no caso de tra-
balhador com antiguidade igual
ou superior a cinco anos e infe-
rior a 10 anos; d) 75 dias, no caso
de trabalhador com antiguidade
igual ou superior a 10 anos.
Autorização para redução de catego- deve ser solicitada antes da alte-
ria profissional do trabalhador quan- ração.
do determine diminuição da retribui-
ção – Artigo 119.º CT
Autorização para redução ou exclu- deve ser solicitada antes da alte-
são de intervalo de descanso - Artigo ração
78 213.º n.º 3 CT
Comunicação da admissão e/ou ces- a comunicação da admissão é
sação de contrato com trabalhadores anterior ao início do contrato e
estrangeiros (nacionais de estados a cessação nos 15 dias seguintes
terceiros à EU, EEE ou a países com
regime idêntico) ou apátridas – Artigo
5.º n.º 5 CT
Comunicação de trabalho no estran- a comunicação deve ser feita
geiro (identidade dos trabalhadores com 5 dias de antecedência
a destacar para o estrangeiro, o utili-
zador, o local de trabalho, o início e o
termo previsíveis da deslocação) - Ar-
tigo 8.º n.º 2 CT
com a ACT
relação da Entidade

Comunicações obrigatórias à CRITE – Comissão Regional para a Igualda-


IX.05 AEmpregadora

Há registo?
de no Trabalho e no Emprego DLR n.º 3/2011/A, de 3 de março:
A entidade empregadora deve comunicar, no prazo de cinco dias úteis a
contar da data da denúncia, a denúncia do contrato de trabalho durante
o período experimental sempre que estiver em causa uma trabalhadora
grávida, puérpera ou lactante, um trabalhador no gozo de licença paren-
Ordem dos Contabilistas Certificados

tal ou trabalhador cuidador- Artigo 114.º CT.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Comunicações obrigatórias à CRITE – Comissão Regional para a Igualda-


Há registo?
de no Trabalho e no Emprego DLR n.º 3/2011/A, de 3 de março:
A entidade empregadora deve comunicar, com a antecedência mínima
de cinco dias úteis à data do aviso prévio, o motivo da não renovação de
contrato de trabalho a termo sempre que estiver em causa uma traba-
lhadora grávida, puérpera ou lactante, um trabalhador no gozo de licen-
ça parental ou trabalhador cuidador – Artigo 144.º CT

Comunicação obrigatória à DGERT Há registo?


Na instrução dos processos de despedimento coletivo, o empregador
deve dar conhecimento à DGERT – enquanto serviço com competência
para acompanhamento e fomento da contratação coletiva – da comunica-
ção da intenção de despedimento, no início (artigo 360.º, n.º 5 CT), e dos
termos da sua conclusão, incluindo a lista nominativa dos trabalhadores a
despedir, no final do respetivo processo [artigo 363.º, n.º 3, al. a) CT].

Numa ação de fiscalização, a IRT pode solicitar a apresentação de documentos


ou registos que comprovem a atuação da entidade empregadora em conformi-
dade legal
Previsto no Código do Trabalhoa Há registo?
Comunicação do início de atividade à ACT (adesão ao FCT) – Artigo 127.º 79
n.º 5.
Mapa de horário de trabalho – Artigos 215.º e 216.º (afixação obrigatória).
Registo dos Trabalhadores – Artigo 127.º n.º 1 alínea j) (tem de estar dispo-
nível e atualizado em cada estabelecimento).
Registo do número de horas prestadas por trabalhador por dia, com indi-
cação de início e termo – Artigo 202.º (tem de estar disponível e atualizado
em cada estabelecimento).
Registo de trabalho suplementar – Artigo 231.º (tem de estar disponível e
atualizado em cada estabelecimento).
Mapa de férias – Artigo 241.º n.º 9 (afixação obrigatória).
Recibos de retribuição – Artigos 276.º n.º 3 e 177.º n.º 2 da Lei 98/2009 (de-

com a ACT
relação da Entidade
vem ser entregues ao trabalhador).
Contratos de trabalho sem termo – Artigo 11.º.

IX.05 AEmpregadora
Contratos de trabalho a termo – Artigos 140.º e seguintes.
Contratos de utilização de trabalho temporário e Contratos de trabalho
temporário – Artigo 175.º.
Contratos de trabalho de cidadãos estrangeiros e respetiva comunicação
Ordem dos Contabilistas Certificados

à ACT– Artigo 5.º.


Informação escrita aos trabalhadores sobre as condições do contrato de
trabalho – Artigo 106.º

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Previsto no Código do Trabalhoa Há registo?


Obrigação especial dos empregadores disponibilizarem à ACT, sempre
que solicitadas, informações decorrentes do cumprimento dos artigos
106.º e 107.º do Código do Trabalho – n.º 5 e 6 do artigo 107.º CT
Registo dos processos de recrutamento efetuados- Artigo32.º n.º 1
Registo de sanções disciplinares- Artigo 332.º

Previsto na Lei n.º 105/2009, de 14 de setembro (Regulamenta matérias do


Código do Trabalho) e Portaria n.º 55/2010, de 21 de janeiro (Regula o con-
teúdo do relatório anual referente à informação sobre a atividade social da Há registo?
empresa e o prazo da sua apresentação, por parte do empregador, ao servi-
ço com competência inspetiva do ministério responsável pela área laboral)
Plano de Formação – Artigo 13.º
Relatório Único – Artigo 32.º

Previsto no Decreto-Lei n.º 110/2009, de 16 de setembro de 2009 (Código


Há registo?
dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social)
Comunicação da admissão de trabalhadores – Artigo 29.º
Declaração de remunerações enviada à Segurança Social – Artigo 34.º

80
Previsto na Lei n.º 98/2009, de 4 de setembro (Regulamenta o Regime de
Há registo?
Reparação de Acidentes de Trabalho e de Doenças Profissionais)

Apólice de acidentes de trabalho, último recibo pago e declaração de


retribuições à Seguradora – Artigo 79.º.

Previsto na Lei n.º 102/2009, de 2 de junho


Há registo?
(Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho)
Fichas de aptidão dos últimos exames de saúde dos trabalhadores – Ar-
tigo 110.º
Relatórios de avaliação de riscos – Artigos 15.º e 98.º n.º 2 alínea a).
com a ACT

Lista de acidentes de trabalho e de doenças profissionais – Artigo 98.º n.º


relação da Entidade

2 alínea b).
IX.05 AEmpregadora

Relatórios sobre acidentes de trabalho – Artigo 98.º n.º 2 alínea c).


Lista das medidas propostas e recomendações formuladas pelos serviços
de Saúde e Segurança no Trabalho – Artigo 98.º n.º 2 alínea e).
Identificação dos trabalhadores responsáveis pela estrutura interna de
primeiros socorros, combate a incêndios e evacuação de instalações –
Ordem dos Contabilistas Certificados

Artigos 15.º n.º 9 e 75.º.


Consulta, formação e informação dos trabalhadores em Saúde e Seguran-
ça no Trabalho – Artigos 18.º, 19.º, 20.º e 43.º.

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

Estatuto da Inspeção-Geral do Trabalho – Decreto-Lei 102/2000,


de 2 de junho - Artigo 11.º n.º 1 e): Requisitar, com efeitos imediatos
ou para apresentação nos serviços da Inspeção-Geral do Trabalho,
examinar e copiar documentos e outros registos que interessem para o
esclarecimento das relações de trabalho e das condições de trabalho, Há registo?
nomeadamente da avaliação dos riscos profissionais, do planeamento
e programação da prevenção e dos seus resultados, bem como do
cumprimento das normas sobre emprego, desemprego e pagamento das
contribuições para a segurança social.
Declaração de rendimentos IRS / IRC
Pacto social e últimas alterações
Balancete indicativo do volume de negócios

81

com a ACT
relação da Entidade
IX.05 AEmpregadora
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.5. Pontos-chave

• Assumir a posição de entidade empregadora é assumir um conjunto de obriga-


ções legais para com os trabalhadores e o Estado, que não podem ser descuradas,
sob pena da prática de contraordenação (facto típico ilícito e censurável que con-
substancie a violação de uma norma que consagre direitos ou imponha deveres a
qualquer sujeito no âmbito de relação laboral e que seja punível com coima) ou
mesmo crime (ex: não apresentar ao serviço com competência inspetiva documen-
to ou outro registo por este solicitado que interesse ao esclarecimento de qualquer
situação laboral).

• É essencial criar um repositório de afixações e comunicações obrigatórias no âm-


bito da legislação laboral, para agilizar qualquer resposta a solicitação da entidade
inspetiva.

82
com a ACT
relação da Entidade
IX.05 AEmpregadora

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


Guia de Boas Práticas Profissionais

5.6. Autoavaliação

Requisitos Sim Não N/A

Há registo do cumprimento das formalidades legais?

Há registo das comunicações obrigatórias?

Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

83

com a ACT
relação da Entidade
IX.05 AEmpregadora
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


[Página propositamente deixada em branco]
IX.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

As contraordenações laborais

6.1 Responsabilidades Penal e Contraordenacional no


Código do Trabalho

A última alteração ao Código do Trabalho (Lei n.º 13/2023, de 1 de maio), denomi-


nada como Agenda do Trabalho Digno, que alterou mais de 100 artigos do Código,
e legislação conexa, reforçou os poderes da ACT e trouxe um alargamento das
normas cujo incumprimento se traduz na prática de contraordenação, assim como
o agravamento de outras já previstas, das quais salientamos:

1 - Prevista como contraordenação muito grave a violação das seguintes regras:

- A disponibilização de serviços de trabalhadores mediante plataformas digitais,


de forma aparentemente autónoma, que possa causar prejuízo ao trabalhador
ou ao Estado;
85

- Recurso a outsourcing após despedimento coletivo ou despedimento por ex-


tinção de posto de trabalho;

- Direito à atividade sindical na empresa.

2 - Prevista como contraordenação grave a violação das seguintes regras:

- Direito ao luto gestacional;

- Licença, direito a trabalhar a tempo parcial, direito ao trabalho em horário


flexível, e dispensa de prestação de trabalho suplementar por parte do traba-
lhador cuidador informal;

- Limite máximo da duração média do trabalho;

- Substituição de faltas por dias de férias ou acréscimo de trabalho;


Ordem dos Contabilistas Certificados

- Direitos do trabalhador em caso de lay-off;

- Atos proibidos em caso de encerramento temporário da empresa fora das


As contraordenações

situações de crise empresarial;


laborais

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


IX.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

- Aplicação das regras de IRCT da empresa beneficiária de serviços prestados


por entidade terceira para o desempenho de atividades correspondentes ao
objeto social da empresa;

- Suspensão preventiva prévia à Nota de culpa no âmbito de processo discipli-


nar, não justificada, ou por período superior a 30 dias;

- Pagamento da compensação e créditos laborais até ao termo do aviso prévio,


em caso de despedimento por extinção do posto de trabalho;

- Direito de informação do delegado sindical;

- Transmissão de trabalhadores em caso de transmissão de estabelecimento;

- Procedimento em caso de transferência definitiva do local de trabalho, sendo


contraordenação leve no caso de transferência temporária.

3 - Agravada de contraordenação leve para grave a violação das seguintes re-


gras:
86
- Comunicações obrigatórias aos trabalhadores e representantes de trabalha-
dores em caso de despedimento coletivo;

- Participação da DGERT nas negociações em caso de despedimento coletivo;

- Envio da comunicação à DGERT da data da decisão de despedimento coletivo.

Salientamos ainda que a omissão de comunicação de admissão de trabalhadores


à Segurança Social no prazo de seis meses subsequentes ao termo do prazo pre-
visto, passou a ser enquadrada como crime de abuso de confiança fiscal, sendo
punido com pena de prisão até 3 anos ou pena de multa – artigo 106.º-A do Regi-
me Geral da Infrações Tributárias.

O Código do Trabalho define a responsabilidade penal e contraordenacional no


artigo 546.º e seguintes, definindo o valor das coimas pela prática de contraorde-
nações, ainda que de forma negligente.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Artigo 554.º Valores das coimas

1 - A cada escalão de gravidade das contraordenações laborais corresponde uma


As contraordenações

coima variável em função do volume de negócios da empresa e do grau da culpa


laborais

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


IX.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

do infrator, salvo o disposto no artigo seguinte.

2 - Os limites mínimo e máximo das coimas correspondentes a contraordenação


leve são os seguintes:
a) Se praticada por empresa com volume de negócios inferior a (euro) 10 000
000, de 2 UC a 5 UC em caso de negligência e de 6 UC a 9 UC em caso de dolo;

b) Se praticada por empresa com volume de negócios igual ou superior a (euro)


10 000 000, de 6 UC a 9 UC em caso de negligência e de 10 UC a 15 UC em caso
de dolo.

3 - Os limites mínimo e máximo das coimas correspondentes a contraordenação


grave são os seguintes:

a) Se praticada por empresa com volume de negócios inferior a (euro) 500


000, de 6 UC a 12 UC em caso de negligência e de 13 UC a 26 UC em caso de
dolo;

b) Se praticada por empresa com volume de negócios igual ou superior a


(euro) 500 000 e inferior a (euro) 2 500 000, de 7 UC a 14 UC em caso de
negligência e de 15 UC a 40 UC em caso de dolo; 87

c) Se praticada por empresa com volume de negócios igual ou superior a


(euro) 2 500 000 e inferior a (euro) 5 000 000, de 10 UC a 20 UC em caso de
negligência e de 21 UC a 45 UC em caso de dolo;

d) Se praticada por empresa com volume de negócios igual ou superior a


(euro) 5 000 000 e inferior a (euro) 10 000 000, de 12 UC a 25 UC em caso de
negligência e de 26 UC a 50 UC em caso de dolo;

e) Se praticada por empresa com volume de negócios igual ou superior a


(euro) 10 000 000, de 15 UC a 40 UC em caso de negligência e de 55 UC a 95
UC em caso de dolo.

4 - Os limites mínimo e máximo das coimas correspondentes a contraordenação


muito grave são os seguintes:

a) Se praticada por empresa com volume de negócios inferior a (euro) 500


Ordem dos Contabilistas Certificados

000, de 20 UC a 40 UC em caso de negligência e de 45 UC a 95 UC em caso


de dolo;
As contraordenações

b) Se praticada por empresa com volume de negócios igual ou superior a


laborais

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


IX.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

(euro) 500 000 e inferior a (euro) 2 500 000, de 32 UC a 80 UC em caso de


negligência e de 85 UC a 190 UC em caso de dolo;

c) Se praticada por empresa com volume de negócios igual ou superior a


(euro) 2 500 000 e inferior a (euro) 5 000 000, de 42 UC a 120 UC em caso de
negligência e de 120 UC a 280 UC em caso de dolo;

d) Se praticada por empresa com volume de negócios igual ou superior a


(euro) 5 000 000 e inferior a (euro) 10 000 000, de 55 UC a 140 UC em caso
de negligência e de 145 UC a 400 UC em caso de dolo;

e) Se praticada por empresa com volume de negócios igual ou superior a


(euro) 10 000 000, de 90 UC a 300 UC em caso de negligência e de 300 UC a
600 UC em caso de dolo.

5 - O volume de negócios reporta-se ao ano civil anterior ao da prática da infração.

6 - Caso a empresa não tenha atividade no ano civil anterior ao da prática da


infração, considera-se o volume de negócios do ano mais recente.

88 7 - No ano de início de atividade são aplicáveis os limites previstos para empresa


com volume de negócios inferior a (euro) 500 000.

8 - Se o empregador não indicar o volume de negócios, aplicam-se os limites pre-


vistos para empresa com volume de negócios igual ou superior a (euro) 10 000 000.

9 - A sigla UC corresponde à unidade de conta processual.

Ordem dos Contabilistas Certificados


As contraordenações
laborais

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


IX.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.2. Regime contraordenacional no Código dos Regimes


Contributivos do Sistema Previdencial da Segurança
Social

Constitui contraordenação para efeitos do presente Código (CRC) todo o facto


ilícito e censurável, nele previsto e na legislação que o regulamenta, que preencha
um tipo legal para o qual se comine uma coima. O facto considera-se praticado
no momento em que o agente atuou ou, no caso de omissão, deveria ter atuado,
independentemente do momento em que o resultado típico se tenha produzido,
sendo que a negligência é punível.

Para determinação da coima aplicável as contraordenações classificam-se em le-


ves, graves e muito graves.

Salientamos que a falta de comunicação à Segurança Social da admissão dos tra-


balhadores nos prazos previstos no artigo 29.º do CRC, constitui contraordenação
leve, se for cumprida nas 24 horas seguintes ao termo do prazo, ou contraordena-
ção grave nas restantes circunstâncias (n.º 7 do artigo 29.º do CRC).

A falta da comunicação da admissão do trabalhador no caso deste se encontrar a


89
receber prestações de doença ou de desemprego, presume-se que a prestação
de trabalho teve início na data em que começaram a ser concedidas as referidas
prestações, sendo a entidade empregadora responsável solidária pela restituição
da totalidade dos montantes indevidamente recebidos pelo trabalhador.

Sempre que as obrigações previstas nos

- n.os 1 e 2 do artigo 29.º (comunicação da admissão de trabalhador),

- n.º 1 do artigo 32.º (comunicação da cessação ou suspensão de contrato de


trabalho, ou comunicação da alteração da modalidade de contrato de trabalho)

- n.os 1 e 2 do artigo 36.º (comunicação da alteração de qualquer elemento iden-


tificativo da entidade empregadora),

- n.º 1 do artigo 40.º (comunicação da Declaração mensal de remunerações), e

- artigo 153.º (declaração enquanto entidade contratante),


Ordem dos Contabilistas Certificados

sejam cumpridas dentro dos primeiros 30 dias seguintes ao último dia do prazo,
os limites máximos das coimas aplicáveis não podem exceder em mais de 75 % o
As contraordenações
laborais

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


IX.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

limite mínimo previsto para o tipo de contraordenação praticada (artigo 241.º CRC).

Dispõe o artigo 233.º com epígrafe “Montante das coimas”:

1 - As contraordenações leves são puníveis com coima de (euro) 50 a (euro) 250


se praticadas por negligência e de (euro) 100 a (euro) 500 se praticadas com dolo.

2 - As contraordenações graves são puníveis com coima de (euro) 300 a (euro) 1200
se praticadas por negligência e de (euro) 600 a (euro) 2400 se praticadas com dolo.

3 - As contraordenações muito graves são puníveis com coima de (euro) 1250 a


(euro) 6250 se praticadas por negligência e de (euro) 2500 a (euro) 12 500 se pra-
ticadas com dolo.

4 - Os limites mínimos e máximos das coimas previstas nos diferentes tipos legais
de contraordenação são elevados:

a) Em 50 % sempre que sejam aplicados a uma pessoa coletiva, sociedade, ain-


da que irregularmente constituída, ou outra entidade equiparada com menos
de 50 trabalhadores;
90
b) Em 100 % sempre que sejam aplicados a uma pessoa coletiva, sociedade,
ainda que irregularmente constituída, ou outra entidade equiparada com 50 ou
mais trabalhadores.

Considera-se reincidente quem pratica uma contraordenação grave com dolo ou


uma contraordenação muito grave, no prazo de dois anos após ter sido condenado
por outra contraordenação grave praticada com dolo ou contraordenação muito
grave.

No caso de reincidência em contraordenações graves ou muito graves podem ser


aplicadas ao agente sanções acessórias de privação do acesso a medidas de estí-
mulo à criação de postos de trabalho e à reinserção profissional de pessoas afasta-
das do mercado de trabalho, com a duração máxima de 24 meses.

Determina a aplicação de sanção acessória de privação do acesso a medidas de


estímulo à criação de postos de trabalho e à reinserção profissional de pessoas
afastadas do mercado de trabalho em simultâneo com a respetiva coima:
Ordem dos Contabilistas Certificados

a) A falta de comunicação a que se refere o artigo 29.º relativamente a traba-


lhadores que se encontram a beneficiar de prestações de desemprego ou de
As contraordenações

doença;
laborais

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


IX.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

b) A não inclusão na declaração de remunerações de trabalhadores que se en-


contram a receber prestações de desemprego ou de doença.

Em caso de reincidência na prática das contraordenações muito graves previstas


nos artigos 29.º e 40.º são aplicadas ao empregador as seguintes sanções acessórias:

a) Privação do direito a apoio, subsídio ou benefício outorgado por entidade ou


serviço público, designadamente de natureza fiscal ou contributiva ou prove-
niente de fundos europeus, por período até dois anos;

b) Privação do direito de participar em arrematações ou concursos públicos,


por um período até dois anos.

Nos casos de contraordenação leve pode a instituição de segurança social compe-


tente dispensar a aplicação de coima, desde que se verifiquem cumulativamente
as seguintes circunstâncias:

a) A prática da infração não ocasione prejuízo efetivo ao sistema de segurança


social nem ao trabalhador;
91

b) Esteja regularizada a falta cometida;

c) A infração tenha sido praticada por negligência.

O processo e o procedimento das contraordenações previstas no CRC, compete ao


Instituto da Segurança Social, I. P. (ISS, I. P.), no território continental e, nas Regiões
Autónomas, ao Centro de Segurança Social da Madeira e ao Instituto de Gestão de
Regimes de Segurança Social nos Açores.
Ordem dos Contabilistas Certificados

As contraordenações
laborais

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


IX.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.3. Pontos-chave

• O desconhecimento da legislação laboral, a prática ou omissão de qualquer ato


que se revele ilícito, ainda que praticado de forma negligente, pode trazer graves
consequências financeiras e danos reputacionais à empresa.

• É essencial para a boa e prudente gestão de recursos humanos respeitar os direi-


tos dos trabalhadores, e cumprir todas as obrigações legais inerentes à qualidade
de entidade empregadora.

92

Ordem dos Contabilistas Certificados


As contraordenações
laborais

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


IX.06
Guia de Boas Práticas Profissionais

6.4. Auto-avaliação

Requisitos Sim Não N/A

São respeitados e cumpridos os direitos dos trabalhadores?

Há registo da prática de qualquer contraordenação?

Há registo de ação de fiscalização da ACT/IRT?


Observações

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

93
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As contraordenações
laborais

Volume IX. Gestão de Recursos Humanos


IX.06
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Guia de Boas Práticas Profissionais

X
Gestão
Estratégica
e Orçamental

2023
Guia de Boas Práticas Profissionais

FICHA TÉCNICA

GUIA DE BOAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS

Volume X: Gestão Estratégica e Orçamental

Autoria da Ordem dos Contabilistas Certificados com a colaboração de vários autores

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2023


Ordem dos Contabilistas Certificados

Não é permitida a utilização desta Coleção, para qualquer outro fim que não o
indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certifi-
cados, entidade que detém os direitos de autor.

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Índice
Apresentação 5
Introdução 9

X.01 Gestão estratégica 11


1.1. Enquadramento 11
1.2. Planeamento estratégico 13
1.3. Análise da situação estratégica 16
1.4. Formulação e execução da estratégica 19
1.5. Pontos-chave 22
1.6. Autoavaliação 24

X.02 Gestão Orçamental 25


2.1. Enquadramento 25
3
2.2. Orçamentação 28
2.3. Processo orçamental 32
2.4. Controlo Orçamental 36
2.5. Pontos-chave 43
2.6. Autoavaliação 45

X.03 Sinergias entre a Estratégia e o Orçamento 47


3.1. Enquadramento 47
3.2. Pontos-chave 49

X.04 Conclusão 51
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


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Guia de Boas Práticas Profissionais

Apresentação
O sucesso nasce do querer, do trabalho persistente, do empenho constante, da
união, do espírito de equipa, da motivação altruísta e alegria para se alcançar o
objetivo traçado. Por mais ambiciosos que sejam os objetivos, com a atitude cor-
reta, conseguimos alcançar os nossos sonhos. É este o mote de mais um grande
projeto da Ordem dos Contabilistas Certificados, diria mesmo, o grande projeto da
Ordem para a reformulação, reorganização e reconstrução das bases necessárias
para mais uma elevação da profissão de Contabilista Certificado.

Hoje, temos uma Ordem presente na vida dos seus membros, disponível para os
apoiar profissional, técnica, pessoal e socialmente. Uma Ordem transparente, ri-
gorosa e financeiramente saudável. Uma Ordem com a maior notoriedade social e
política. Uma Ordem que regula uma profissão de interesse público, valorizando-a
e apoiando os membros no cumprimento dos seus deveres e obrigações profissio-
nais. Uma Ordem que reforçou o quadro normativo para o exercício da profissão.
5
Os profissionais são hoje, inegavelmente, os agentes económicos mais capacita-
dos e que melhor apoiam e mais valor acrescentam ao tecido empresarial. Somos
profissionais de interesse público numa sociedade civil cada vez mais exigente em
termos sociais, ambientais e de governance. Somos vistos pela sociedade civil,
tecido empresarial e poder político, como os mais confiáveis, tecnicamente co-
nhecedores e qualificados profissionais nas áreas económica e financeira. Somos
os agentes que permanentemente acrescentam valor aos seus clientes e que mais
rapidamente encontram soluções para os problemas e questões dos contribuintes.
Somos agentes de interesse e fé pública, sinónimo de transparência e credibilida-
de, o nosso valor é incomensurável.

Hoje, não somos meros homens e mulheres de contas, mas homens e mulheres
integrados na dinâmica de uma sociedade em constante mudança. Somos uma
profissão de interesse público, e isso significa que, no exercício das nossas funções,
o trabalho que produzimos influencia toda a sociedade nos seus mais variados inte-
resses, isto é, financeiros, ambientais, sociais, de boa gestão, familiares e lúdicos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Devemos exaltar a nossa profissão, devemos orgulhar-nos do que representamos


para o tecido empresarial e a sociedade, devemos valorizar a nossa carteira profis-
sional, os nossos conhecimentos, qualificações e valor acrescentado.

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

Paralelamente, temos de nos preocupar cada vez mais com as consequências que o
nosso trabalho tem nos mais diferentes níveis, perspetivas e setores da sociedade.
Temos e devemos querer ter ainda mais responsabilidade ambiental, social e de
boa gestão.

Reinventámos a nossa profissão. Reorganizámo-nos. Reforçámos o nosso interes-


se público. Triplicámos a nossa reputação. Reposicionámo-nos e hoje, melhor que
nunca, podemos olhar em frente conscientes e motivados que, por maior que seja
o desafio, temos as ferramentas e conhecimentos necessários para os ultrapassar.

À Ordem, cumpre acompanhar os seus membros, percebendo, com perspicácia,


imparcialidade e isenção técnica, emocional e política, qual a melhor orientação
para a profissão. Como entidade que regula a profissão, cumpre à Ordem defender
os seus membros e o valor do trabalho que estes produzem com base no interesse
público da profissão, deixando de lado quaisquer outros interesses.

Cientes do atual cenário profissional e dos desafios que temos pela frente, lança-
mos o projeto Guia de Boas Práticas Profissionais, uma verdadeira revolução para
a nossa profissão, uma ferramenta que pretende dotar todos os contabilistas cer-
tificados dos conhecimentos, conselhos e dicas, que permitam aos profissionais
6 crescer para novos patamares de excelência.

Este guia fornece orientação prática para os contabilistas certificados por forma
a que estes consigam melhor gerir as suas práticas profissionais e os seus negó-
cios, para terem melhores condições de vida pessoal e profissional e operarem de
forma mais lucrativa, feliz, competitiva, ética, sustentável e valorizada. Elaborado
com uma forte componente prática, este guia apresenta casos para ilustrar noções,
listas e exercícios de autoavaliação, tabelas, conceitos e orientações para as boas
práticas profissionais sendo uns legalmente obrigatórios e outros facultativos, que
tendem à valorização do profissional, da sua prática e do seu negócio.

Seguindo este guia, os contabilistas certificados podem melhor construir um am-


biente propício à prestação de serviços de alta qualidade e assim reforçamos nova-
mente junto de toda a sociedade o nosso valor e interesse público.

Destinando-se a todos os profissionais, independentemente da idade, qualifica-


ções ou modelo em que exercem a profissão, o Guia deve ser lido, estudado, im-
plementado e consultado diariamente, sempre tendo em vista o aperfeiçoamento
Ordem dos Contabilistas Certificados

contínuo do profissional e das boas práticas profissionais.

O Guia cobre uma gama diversificada de tópicos, tanto estratégicos como ope-
racionais, com maior detalhe nas matérias que, nesta primeira edição, entende-

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

mos ser mais relevantes para a profissão e os seus membros. Organizado em dez
volumes, o Guia foi projetado para ser o mais independente possível entre cada
volume, permitindo a sua utilização individual sempre sem afastar a interligação e
relação global de toda a coleção.

Assim, o Guia apresenta a seguinte estrutura: I. Relação do Contabilista com a Ordem


e com os Colegas; II. Relacionamento do Contabilista Certificado com o Cliente; III.
Relato Financeiro; IV. Competências Exclusivas - Declarações Fiscais; V. Prestação de
Contas; VI. Outras Competências; VII. Gestão de Riscos; VIII. Controlo sobre a Ativida-
de; IX. Gestão de Recursos Humanos; X. Gestão Estratégica e Orçamental.

No volume I, dá-se articular atenção às funções do Contabilista Certificado, ao se-


guro de responsabilidade civil profissional, formação profissional contínua, respon-
sabilidade disciplinar e ao relacionamento entre colegas. No volume II, olhamos
detalhadamente para a política de comunicação e publicidade, modos de exer-
cício da atividade, processo de estimativa da avença/honorários, justo impedi-
mento e relacionamento com os vários intervenientes na relação profissional dos
contabilistas certificados. No volume III, entramos na determinação do normativo
contabilístico, planos de contas, procedimentos de organização e controlo conta-
bilísticos, demonstrações financeiras e consolidação de contas. No volume IV, o
7
guia apresenta tudo o que os membros precisam de saber sobre as obrigações de-
clarativas fiscais correntes e não correntes, o dossier fiscal e o dossier de preços de
transferência. No volume V, temos tudo sobre o processo de prestação de contas,
relato financeiro, de gestão, não financeiro, integrado, certificação legal de con-
tas e entidades do setor não lucrativo. Avançando para o volume VI, entramos na
área dos recursos humanos, certificação de informação, consultoria e planeamento
fiscal, gestão, projetos e outras novas áreas de negócio. No volume VII, tratamos
o registo central do beneficiário efetivo, o risco de branqueamento de capitais e
financiamento do terrorismo e os riscos inerentes à segurança e saúde no traba-
lho, recursos humanos, dados pessoais até ao risco reputacional e societário. No
volume VIII, abordamos o controlo interno, desempenho, gestão e produtividade
da atividade. No volume IX, apresentamos detalhada informação sobre a gestão de
recursos humanos no escritório de contabilidade, políticas salariais, formação de
trabalhadores e contraordenações laborais. Por fim, no último volume, o X, aborda-
mos a gestão estratégica e orçamental.

Cada volume foi construído especialmente para os contabilistas certificados e ten-


do em consideração os conhecimentos e experiência padrão da classe. O con-
Ordem dos Contabilistas Certificados

teúdo é projetado para o seu estudo, autoavaliação, implementação concreta de


melhores práticas profissionais e posterior monotorização e acompanhamento das
mesmas.

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

Com base neste Guia, a Ordem desenvolverá vários programas de formação pro-
fissional contínua, de presença obrigatória, em diferentes modelos e ambientes,
proporcionando a todos os contabilistas certificados as melhores condições para
uma evolução profissional do membro e do seu negócio.

Posteriormente, serão desenvolvidos e disponibilizados a todos os contabilistas


certificados, programas e ferramentas de acompanhamento e monitorização da
implementação das melhores práticas previstas neste Guia. Estes programas de
Certificação de Qualidade serão pedagógicos e terão como objetivo apoiar os
membros na elevação dos padrões de qualidade da nossa profissão.

Este Guia é o novo desafio que lanço a toda a nossa classe, o primeiro passo para
um novo e melhor enquadramento profissional, é o mote para começarmos a cons-
truir mais um capítulo na já riquíssima história da nossa profissão. Com este Guia
como farol, estou certa que continuaremos a acentuada tendência de crescimento
profissional e que conseguiremos elevar a nossa profissão mais um patamar na já
elevada escala de excelência profissional em que nos encontramos.

Paula Franco, Bastonária


8

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Introdução
Guia de Boas Práticas Profissionais

Gestão Estratégica e Orçamental

No atual cenário empresarial dinâmico e competitivo, a gestão estratégica e a ges-


tão orçamental desempenham papéis cruciais no sucesso e na sustentabilidade
das empresas, nomeadamente na da área da contabilidade. A interligação entre
estas duas áreas permite uma abordagem holística para a concretização dos ob-
jetivos organizacionais, ao alinhar as metas estratégicas, com a distribuição dos
recursos financeiros.

No primeiro ponto, será abordado a gestão estratégica, explorando as etapas do


planeamento estratégico, a análise do ambiente externo e a formulação e execução
da estratégia. Num segundo momento, serão descritos os processos de orçamen-
tação, o ciclo orçamental e o controlo orçamental. Finalizando, com a análise das
sinergias entre a estratégia e o orçamento e a forma como estas duas áreas podem
ser otimizadas para promover a eficiência operacional e a realização dos objetivos
de longo prazo das empresas de contabilidade. Neste contexto, este trabalho visa
não apenas explicar conceitos fundamentais nestes domínios, mas também realçar 9

a importância da sua integração para uma gestão eficaz e uma tomada de decisão
assertiva.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


[Página propositamente deixada em branco]
X.01
Guia de Boas Práticas Profissionais

Estratégica
Gestão
X.01
Gestão estratégica

1.1. Enquadramento

A estratégia empresarial refere-se ao conjunto de planos e ações deliberadamente


concebidos e executados por uma organização para alcançar os objetivos de longo
prazo. É um guia abrangente que orienta as decisões e a alocação de recursos da
empresa em direção ao cumprimento da visão, missão e objetivos definidos.

A visão empresarial delineia uma aspiração ousada e futura para a empresa. Repre-
senta uma imagem ideal e inspiradora que a empresa procura alcançar em termos
de crescimento, desenvolvimento e impacto. Serve como um farol que orienta as
decisões estratégicas, o desenvolvimento de produtos, a cultura organizacional e
outras áreas-chave. Um exemplo da aplicação do conceito de visão empresarial a
uma empresa de contabilidade poderá ser o seguinte:

“Ser reconhecido como a principal referência na prestação de serviços 11

contabilísticos e consultoria fiscal, impulsionando o sucesso financeiro


e o crescimento sustentável dos nossos clientes por meio da excelência
e da inovação.”

Uma missão empresarial é uma declaração concisa que descreve o propósito fun-
damental e a razão de ser de uma empresa. Ela é uma parte importante da identi-
dade e estratégia de uma organização, pois define o que a empresa procura reali-
zar, os valores pelos quais se guia e o impacto que deseja ter na sociedade.

A missão de uma empresa de contabilidade de ser eficaz e clara, inspiradora e


abrangente o suficiente será guiar as decisões e ações da empresa em todas as
áreas, desde a cultura organizacional até as operações diárias e o planeamento es-
tratégico. Uma empresa de contabilidade poderá ter o seguinte exemplo de missão:

“A nossa missão é fornecer soluções contabilísticas de alta qualidade e


consultoria financeira personalizada para todas empresas, de todos os
tamanhos e setores de atividade. O nosso compromisso é ajudar os nos-
Ordem dos Contabilistas Certificados

sos clientes a tomar decisões financeiras informadas, simplificar proces-


sos contabilísticos e ajudar a alcançar os objetivos dos nossos clientes,
enquanto mantemos os mais altos padrões de ética e profissionalismo.”

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais
Estratégica
Gestão

Assim como a visão, a missão empresarial pode evoluir ao longo do tempo à medida
X.01

que a empresa cresce e se adapta ao ambiente de negócios em constante mudança.


Os objetivos empresariais são metas específicas e mensuráveis que uma empresa
procura alcançar num determinado período temporal. Fornecem uma direção clara
e um propósito para o trabalho e as atividades, permitindo que as pessoas se con-
centrem em resultados tangíveis. Os objetivos são essenciais para orientar o pla-
neamento, a execução e a avaliação do progresso nas empresas de contabilidade.

Os objetivos estratégicos ajudam a definir a rota que a empresa deve seguir para
alcançar a sua visão de longo prazo, auxiliando na alocação de recursos, priori-
zação de esforços e avaliação de desempenho ao longo do tempo. Exemplos de
objetivos estratégicos numa empresa de contabilidade incluem:

• Aumentar o volume de serviços prestados em 15% nos próximos três anos;

• Reduzir o tempo médio de processamento das declarações de impostos em


20% até o final do ano, implementando novos sistemas informáticos de auto-
matização e processamento;

• Durante o ano de 2023, garantir que 100% das declarações fiscais sejam entre-
12 gues dentro dos prazos legais, evitando penalizações para os clientes;

• Proporcionar pelo menos dois cursos de desenvolvimento profissional para


cada colaborador da equipa até o final do ano, visando melhorar as suas apti-
dões técnicas e de comunicação.

Os objetivos mencionados são meros exemplos que abordam áreas diversas da


contabilidade. Salientamos que os objetivos devem ser adaptados à situação espe-
cífica da empresa e às metas que deseja alcançar.

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

Estratégica
Gestão
1.2. Planeamento estratégico

X.01
O planeamento estratégico desempenha um papel fundamental no sucesso e cres-
cimento de qualquer empresa. Nas empresas de contabilidade, é considerado um
processo complexo e abrangente que define o rumo da empresa, alinha recursos
e a capacidade às procuras do mercado e estabelece um caminho para alcançar
os objetivos a longo prazo (Figura 1). Este processo é fundamental para o sucesso
contínuo da empresa, permitindo-lhe adaptar-se às constantes mudanças, explorar
novas oportunidades e prestar serviços valiosos aos clientes.

Figura 1 – Planeamento estratégico

Visão
VisãoeeMissão
Missão

Análise do
Estratégia
ambiente externo

13

Definição Análise do
dos objetivos ambiente interno

Fonte: adaptado de Gestão das Organizações – Teixeira, S. (2022)

O planeamento estratégico ajuda o CC a gerir de forma mais eficiente e eficaz


a sua empresa. O facto de ser tecnicamente um bom CC não significa automa-
ticamente que seja bom gestor de uma empresa de contabilidade. Gerir uma
empresa requer um conjunto próprio de capacidades e conhecimentos que são
bastante distintas das aptidões da própria profissão de CC. Alguns profissionais
visualizam as suas empresas como algo diferente de um negócio, talvez como
uma extensão do seu desenvolvimento ou vocação profissional. Consequente-
mente, transforma-se apenas num emprego e, não num negócio sustentável a
longo prazo. Implementar um planeamento estratégico constante ajuda o CC a
Ordem dos Contabilistas Certificados

evitar este problema.

O planeamento nas empresas de contabilidade é crucial por diversas razões que


afetam tanto a eficácia interna quanto a capacidade de satisfazer às necessidades

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais
Estratégica
Gestão

dos clientes de forma eficiente. De seguida elencamos algumas das principais ra-
X.01

zões pelas quais o planeamento é fundamental em empresas de contabilidade:

• Gestão eficiente dos recursos


- O planeamento ajuda a alocar os recursos da empresa, como pessoal, tempo
e tecnologia, de forma eficiente e eficaz, sendo essencial para cumprir pra-
zos, atender às solicitações dos clientes e garantir que todas as tarefas sejam
concluídas de forma adequada;

• Cumprimento de prazos
- A contabilidade envolve prazos rigorosos, especialmente quando se trata de
declarações fiscais, relatórios financeiros e outras obrigações legais. O pla-
neamento adequado permite que a empresa se organize para cumprir prazos
e evitar coimas e penalizações;

• Gestão da carga de trabalho


- O planeamento ajuda a distribuir o trabalho de forma equitativa entre os
colaboradores, evitando sobrecargas ou ociosidade, resultando numa maior
produtividade e satisfação da equipa;

14 • Adaptação às constantes mudanças


- A atividade contabilística está em constante mudança devido principalmen-
te as alterações fiscais e tecnológicas. O planeamento permite que o empresa
se antecipe e se adapte a essas mudanças, garantindo que a equipa esteja
preparada para enfrentar novos desafios;

• Melhoria da qualidade
- O planeamento inclui a definição de padrões de qualidade para os serviços
prestados, resultando num trabalho mais consistente e preciso, o que, por
sua vez, aumenta a satisfação do cliente e a reputação da empresa de con-
tabilidade;

• Identificação de oportunidades de crescimento


- O planeamento estratégico ajuda a identificar oportunidades para expandir
os serviços prestados, segmentar novos mercados ou desenvolver especializa-
ções, impulsionando o crescimento e a rentabilidade da empresa;

• Gestão financeira sólida


Ordem dos Contabilistas Certificados

- O planeamento financeiro permite que a empresa de contabilidade gira as


suas finanças de forma eficaz, definindo orçamentos, controlando despesas e
garantindo uma saúde financeira sustentável;

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

Estratégica
Gestão
• Prevenção de problemas

X.01
- O planeamento antecipa possíveis problemas e riscos, permitindo que a
empresa de contabilidade adote medidas preventivas, são exemplo disso os
possíveis conflitos de interesses, os problemas de conformidade ou os desa-
fios tecnológicos;

• Tomada de decisão assertiva


- O planeamento fornece uma base sólida para tomar decisões informadas.
Por exemplo: decisões sobre investimentos em tecnologia, contratação de
pessoal adicional e desenvolvimento de novos serviços;

• Satisfação do cliente
- Um planeamento bem executado resulta num atendimento mais eficiente e
personalizado aos clientes, fortalece os relacionamentos, melhorando a satisfa-
ção do cliente e o que pode levar a recomendações a potenciais novos clientes
e consequentemente a um aumento de volume de serviços prestados;

• Crescimento sustentável
- O planeamento estratégico orienta o crescimento da empresa de contabi-
lidade de forma sustentável. Isto significa expandir a capacidade de atendi-
mento e os serviços prestados de forma que não comprometa a qualidade ou 15

a eficiência.

O desenvolvimento de um planeamento estratégico incentiva a empresa a conside-


rar diferentes opções, a agir, controlar a evolução e a compartilhar informação com
todos os colaboradores. Um plano sólido identificará as questões críticas para o ne-
gócio e identificará os indicadores que demonstrarão o sucesso, permitindo tam-
bém destacar se existem desvios ao rumo pretendido, e atuar sobre os mesmos.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais
Estratégica
Gestão

1.3. Análise da situação estratégica


X.01

A análise da situação estratégica de uma empresa de contabilidade envolve a ava-


liação profunda de vários aspetos que influenciam o funcionamento e o sucesso da
empresa. Essa análise é essencial para identificar pontos fortes, fraquezas, oportu-
nidades e ameaças, a fim de desenvolver estratégias eficazes para o crescimento
e a adaptação contínua.

No ambiente externo, é essencial considerar os factores políticos e legais que mol-


dam o cenário legislativo em que a empresa presta os serviços. Mudanças cons-
tantes nas leis fiscais e normas contabilísticas podem ter um impacto significativo
nas operações e nos serviços oferecidos. Além disso, as tendências económicas
influenciam a procura por serviços contabilísticos, com ciclos económicos e flutua-
ções financeiras afetando as necessidades dos clientes. As mudanças sociais, por
sua vez, podem refletir nas preferências dos clientes e nas suas expectativas em re-
lação à responsabilidade social das empresas. As tecnologias emergentes também
não podem ser ignoradas, pois a automatização da informação contabilística e as
soluções baseadas em software estão em constante mudança e alteram a forma
como os serviços de contabilidade são realizados.

16 Uma análise PEST (Política, Económica, Social e Tecnológica) é uma ferramenta


usada para compreender o ambiente externo em que uma empresa ou organização
opera. Seguidamente, apresentamos uma análise PEST (Figura 2) com as respetivas
variáveis a ter em consideração numa empresa de contabilidade.

Figura 2 - Variáreis da análise PEST numa empresa de contabilidade

Político-legal Económico
• Avalie os regulamentos e as leis • Analise a situação económica atual
governamentais que afetam a área e as tendências que podem afetar o
da contabilidade, como legislação setor contabilidade, tais como: o PIB,
fiscal, legislação laboral e outros as taxas de juros, a inflação, níveis de
regulamentos de conformidade. desemprego, custo da energia e a
evolução de investimento.

Sócio-cultural Tecnológico
• Considere as mudanças na socieda- • Avalie as tecnologias emergentes
de que podem influenciar o negócio, que podem ter impacto no setor,
como a procura por serviços como softwares de contabilidade
de contabilidade, comportamentos avançados, automatização de pro-
Ordem dos Contabilistas Certificados

de consumo, preocupações éticas cessos e segurança cibernética.


e de sustentabilidade.

Fonte: adaptado de Gestão das Organizações – Teixeira, S. (2022)

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

Estratégica
Gestão
X.01
Salientamos que a análise PEST é uma ferramenta de alto nível para entender o
ambiente externo. Para uma análise completa e precisa, deve-se combinar as infor-
mações da análise PEST com uma análise interna dos pontos fortes, fracos, opor-
tunidades e ameaças (análise SWOT) da empresa de contabilidade. Em conjunto,
fornecem uma visão mais completa da situação e das possíveis estratégias a serem
adotadas.

Internamente, a análise das competências da equipa é fundamental. Avaliar as ap-


tidões, experiências e adaptabilidade dos colaboradores da equipa ajuda a identi-
ficar áreas de força e lacunas que precisam ser abordadas por meio de formação
ou contratações. A infraestrutura tecnológica desempenha um papel crucial na efi-
ciência operacional. A adoção de sistemas avançados de contabilidade e softwares
especializados podem melhorar a precisão e a rapidez dos processos contabilísti-
cos, permitindo um melhor atendimento ao cliente.

A análise SWOT é uma ferramenta de planeamento estratégico utilizada para avaliar


os pontos fortes (Strengths), as fraquezas (Weaknesses), as oportunidades (Oppor-
tunities) e as ameaças (Threats) de uma empresa ou organização num determinado
contexto. Numa empresa de contabilidade, a análise SWOT ajuda a identificar os
factores internos e externos que podem causar impacto na capacidade de alcançar 17
os objetivos e metas delineados. De seguida, apresentamos um exemplo de uma
análise SWOT realizada numa empresa de contabilidade (Figura 3).

A análise SWOT permite que a empresa de contabilidade avalie a sua posição no


mercado, identifique áreas de melhoria e determine estratégias para capitalizar
oportunidades e enfrentar ameaças. Serve como base para o desenvolvimento de
planos de ação e tomada de decisões assertivas para melhorar o desempenho e a
competitividade da empresa de contabilidade.

A análise PEST e a análise SWOT são ferramentas estratégicas poderosas que de-
vem ser utilizadas em conjunto, numa empresa de contabilidade, para avaliar o
ambiente externo e interno. Estas ferramentas podem ajudar a identificar factores
que afetam o negócio, forças, fraquezas, oportunidades e ameaças e agir em con-
formidade.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais
Estratégica
Gestão

Figura 3 - Exemplo de análise SWOT numa empresa de contabilidade


X.01

Força

• Especialista em contabilidade e finanças.


• Equipa qualificada e experiente.
• Reputação sólida no mercado.
• Relações duradouras com os clientes.
Factores internos

• Tecnologia avançada de contabilidade e sistemas eficientes.


• Excelente atendimento ao cliente.
• Conhecimento profundo das normas contabilísticas e legislação fiscal.

Fraquezas

• Dependência excessiva de sistemas de software.


• Falta de diversificação de serviços.
• Necessidade de apefeiçoar a presença e a comunicação online.
• Limitações orçamentais para marketing e expansão.
• Falta de atualização constante sobre as últimas tendências tecnológicas.

Oportunidades
18
• Expansão dos serviços oferecidos para consultoria fiscal, planeamento
fiscal avançado, relatórios de sustentabilidade.
• Integração de tecnologias inovadoras, como automatização e inteligência
artificial.
• Aproveitar as mudanças legislativas fiscais para oferecer serviços de
consultoria específicos.
Factores externos

Ameaças

• Avanços tecnológicos que podem diminuir a procura por serviços manuais


de contabilidade.
• Intensa concorrência de outras empresas de contabilidade e soluções
tecnológicas.
• Mudanças frequentes nas leis fiscais e regulamentações.
• Possíveis crises económicas que afetam a procura por serviços
de contabilidade.
• Vulnerabilidades de segurança cibernética devido à natureza sensível
dos dados financeiros.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Fonte: adaptado de Estratégia – Freire, A. (2020)

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


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Estratégica
Gestão
1.4. Formulação e execução da estratégica

X.01
No contexto da formulação de estratégicas para uma empresa de contabilidade,
existem várias estratégias genéricas que podem ser aplicadas para alcançar suces-
so e diferenciação no mercado. Estas estratégias são baseadas nos conceitos clás-
sicos de estratégia propostos por Michael Porter (Figura 4): diferenciação, liderança
em custo e foco.

Figura 4 – Estratégicas genéricas

Vantagem competitiva

Especialização Baixo custo


Mercado
amplo

Diferenciação Liderança em custo


Alvo estratégico

de mercado
Segmento

Foco
19

Fonte: adaptado de Estratégia – Freire, A. (2020)

Na estratégia de diferenciação, o foco está em diferenciar os serviços da empresa de


contabilidade de maneira única e valiosa para os clientes. Isso pode ser alcançado
oferecendo serviços especializados, em setores específicos, atendimento personali-
zado, soluções tecnológicas inovadoras ou mesmo uma abordagem muito centrada
no cliente. A vantagem competitiva baseia-se na perceção dos clientes de que os ser-
viços oferecidos são únicos e atendem às suas necessidades de maneira excecional.

Na estratégia de liderança em custo, a empresa de contabilidade procura a lide-


rança através do custo mais baixo para proporcionar o serviço ao cliente, ou seja,
procura prestar o serviço de forma mais eficiente e económica do que os concorren-
tes. Isto envolve otimizar os processos internos, adotar tecnologias eficientes para
automatização de tarefas, negociar com fornecedores para obter preços melhores
e oferecer serviços contabilísticos a preços competitivos. A vantagem competitiva
está na capacidade de oferecer serviços de qualidade a preços mais baixos do que
Ordem dos Contabilistas Certificados

a concorrência.

A estratégia de foco envolve concentrar os esforços da empresa de contabilidade


num nicho de mercado específico. Pode ser um setor da indústria, um tipo parti-

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais
Estratégica
Gestão

cular de serviço contabilístico ou um grupo demográfico específico de clientes. A


X.01

ideia é considerar profundamente as necessidades desse nicho, construindo uma


reputação sólida e estabelecendo um relacionamento estreito com os clientes des-
se segmento. A vantagem competitiva deriva da especialização profunda e do co-
nhecimento íntimo do nicho de mercado.

É importante notar que, em muitos casos, uma combinação das 3 estratégias pode
ser mais eficaz do que aderir especificamente apenas uma delas. Por exemplo, uma
empresa de contabilidade pode procurar liderança em custo, enquanto se diferen-
cia através de um atendimento altamente personalizado.

Antes de escolher uma estratégia, é essencial entender o mercado, os clientes, a


concorrência e as capacidades internas da empresa de contabilidade. Além disso, a
estratégia deve ser flexível o suficiente para se adaptar às mudanças nas condições
do mercado ao longo do tempo.

Muitas empresas investem bastantes recursos (tempo, dinheiro) na definição da


estratégia, mas fracassam na execução e implementação da mesma, consequen-
temente não conseguem atingir os objetivos e resultados ambicionados. Após a
escolha da estratégia ou da combinação estratégica é fundamental conseguir pôr
20 em prática a mesma, através da fase designada por execução da estratégia.

Figura 5 – Ciclo estratégico

Análise
do ambiente
interno

Análise Formulação
Objetivos
do ambiente da estratégia e estratégia
externo

Ciclo
estratégico

Execução
Controlo Planeamento
da estratégia

Implementação
Ordem dos Contabilistas Certificados

Fonte: adaptado de Estratégia – Freire, A. (2020)

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


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Estratégica
Gestão
O ciclo estratégico (Figura 5) de uma empresa de contabilidade refere-se ao pro-

X.01
cesso contínuo de planeamento, implementação, controlo e ajuste das estratégias
utilizadas pela empresa para atingir os objetivos de negócio a longo prazo. Este
ciclo envolve várias etapas interligadas que permitem à empresa adaptar-se às mu-
danças no ambiente empresarial e a melhorar o desempenho ao longo do tempo.

Uma vez que as estratégias são definidas, é importante criar um plano de ação
detalhado que inclua a identificação das tarefas específicas, alocação de recursos,
definição de responsabilidades, cronograma e orçamento necessário para imple-
mentar cada estratégia.

Na fase da implantação da estratégia, a empresa de contabilidade põe em prática


o plano de ação. Esta fase pode envolver a contratação de pessoal adicional, de-
senvolvimento de sistemas de suporte, formação dos colaboradores, campanhas
de marketing e outras atividades planeadas. A implementação da estratégia duma
empresa de contabilidade é fundamental para transformar os objetivos e planos
em ações tangíveis que levem ao sucesso.

É fundamental acompanhar de perto a implementação das estratégias e a concre-


tização dos objetivos. A fase de controlo envolve a recolha de dados relevantes, o
acompanhamento do progresso e a comparação dos resultados com os objetivos 21

estabelecidos. Se existirem desvios deverão ser feitos os ajustes necessários.

Ao longo de todo o ciclo estratégico, é importante manter uma comunicação clara


e aberta com a equipa interna e os clientes. O envolvimento da equipa e a comuni-
cação com os clientes podem influenciar o sucesso das estratégias implementadas.
Cada ciclo estratégico oferece a oportunidade de aprender ensinamentos valiosos.
A empresa de contabilidade deve aproveitar essas conclusões para melhorar conti-
nuamente as suas operações e abordagens estratégicas.

De destacar que o ciclo estratégico é um processo contínuo e constante. À medida


que o ambiente de negócios evolui, a empresa de contabilidade deve ser flexível e
adaptável para garantir a relevância e sucesso a longo prazo.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais
Estratégica
Gestão

1.5. Pontos-chave
X.01

• A estratégia empresarial refere-se ao conjunto de planos e ações deliberadamen-


te concebidos e executados por uma organização para alcançar os objetivos de
longo prazo.

• A visão empresarial delineia uma aspiração ousada e futura para a empresa. Re-
presenta uma imagem ideal e inspiradora que a empresa procura alcançar em ter-
mos de crescimento, desenvolvimento e impacto.

• A missão empresarial é uma declaração concisa que descreve o propósito funda-


mental e a razão de ser de uma empresa.

• A missão de uma empresa de contabilidade deve ser eficaz e clara, inspiradora


e abrangente o suficiente, permitindo guiar as decisões e ações da empresa em
todas as áreas, desde a cultura organizacional até as operações diárias e o planea-
mento estratégico.

• Os objetivos empresariais são metas específicas e mensuráveis que uma empresa


procura alcançar num determinado período temporal.
22

• Os objetivos estratégicos ajudam a definir a rota que a empresa deve seguir para
alcançar a sua visão de longo prazo, auxiliando na alocação de recursos, prioriza-
ção de esforços e avaliação de desempenho ao longo do tempo.

• O planeamento estratégico nas empresas de contabilidade é um processo comple-


xo e abrangente que define o rumo da empresa, alinha recursos e a capacidade às
procuras do mercado e estabelece um caminho para alcançar os objetivos a longo
prazo.

• O planeamento nas empresas de contabilidade deve focar-se na eficácia in-


terna, na capacidade de satisfazer às necessidades dos clientes de forma efi-
ciente (gestão eficiente dos recursos, cumprimento de prazos, gestão da carga
de trabalho, adaptação às constantes mudanças, melhoria da qualidade, identi-
ficação de oportunidades de crescimento, gestão financeira sólida, prevenção
de problemas, tomada de decisão assertiva, satisfação do cliente, crescimento
sustentável).
Ordem dos Contabilistas Certificados

• A análise da situação estratégica de uma empresa de contabilidade envolve a


avaliação profunda de vários aspetos que influenciam o funcionamento e o sucesso
da empresa (análise PEST e SWOT).

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

Estratégica
Gestão
• O ciclo estratégico de uma empresa de contabilidade refere-se ao processo con-

X.01
tínuo de planeamento, implementação, controlo e ajuste das estratégias utilizadas
pela empresa para atingir os objetivos de negócio a longo prazo.

• Na fase da implantação da estratégia, a empresa de contabilidade põe em prática


o plano de ação (contratação de pessoal adicional, desenvolvimento de sistemas
de suporte, formação dos colaboradores, campanhas de marketing e outras
atividades planeadas).

• A fase de controlo envolve a recolha de dados relevantes, o acompanhamento


do progresso e a comparação dos resultados com os objetivos estabelecidos. Se
existirem desvios deverão ser feitos os ajustes necessários.

23
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais
Estratégica
Gestão

1.6. Autoavaliação
X.01

Assunto Sim Não N/A

Delineou uma estratégia empresarial para a sua empresa de con-


tabilidade?

Tem definidas a visão e missão da empresa de contabilidade?

Estabeleceu os objetivos estratégicos da sua empresa de conta-


bilidade?

Já definiu o planeamento estratégico da empresa de contabilidade?

Efetua com regularidade análises estratégicas através das análises


PEST, SWOT ou similar?

Controla o ciclo estratégico da empresa de contabilidade? Pondo


em prática a sua estratégia e criando mecanismos de controlo de
implementação da mesma?

Observações

24

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


X.02
Guia de Boas Práticas Profissionais

Gestão Orçamental

2.1. Enquadramento

Orçamental
Gestão
A gestão orçamental para o empresário CC envolve o planeamento, criação, acom-
panhamento e controlo de um orçamento da empresa.

X.02
Um orçamento refere-se a um plano financeiro detalhado que estabelece as esti-
mativas dos rendimentos e gastos, fluxos de caixa e financeiros esperados para um
determinado período, sendo uma ferramenta fundamental para o planeamento e
controlo financeiro.

Sendo uma ferramenta essencial para suportar os empresários a gerir as finanças,


tomando decisões informadas para atingir os objetivos financeiros ou operacionais
definidos na sua estratégia empresarial. Para a implementação e execução de um
controlo orçamental eficaz, é necessário ter em conta alguns elementos, que pas-
samos a discriminar: 25

• Definição de objetivos claros


- Deve ser o primeiro passo na gestão orçamental, onde o CC deve identificar
os objetivos financeiros e operacionais da sua empresa, para um determinado
período. Por exemplo, poderão ser definidas metas de vendas, lucro, expansão
ou redução de gastos. Com esta definição clara e objetiva, o CC define a estra-
tégia empresarial para alcançar o objetivo, num determinado período temporal;

• Análise histórica
- Na construção de uma estratégia orçamental, todas as variáveis deverão ser
consideradas, nomeadamente os dados financeiros históricos da empresa ou
mesmo da atividade. Quer isto dizer, que a estratégia implementada deve
considerar, por exemplo, a tendência de receitas e despesas, volume de tran-
sações e de trabalho para o cliente, por forma a construir uma base sólida do
orçamento futuro;

• Estimativa de rendimentos e gastos


Ordem dos Contabilistas Certificados

- Com base nas tendências históricas nas projeções resultantes da análise


estratégica do CC, devem ser estimados os rendimentos e gastos, as receitas
e despesas e os fluxos de caixa para o período orçamental;

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

• Criação do orçamento
- O desenvolvimento de um plano detalhado que inclua todas as categorias
de rendimentos e gastos, receitas e despesas, como prestação de serviços,
serviços de marketing, recursos humanos, investimento em ativos fixos, de-
vem ser previstos tanto os gastos fixos como os variáveis, e respetivo impac-
to nos fluxos de caixa futuros;
Orçamental

• Alocação de recursos
Gestão

- A distribuição dos recursos de forma eficiente, alinhando os gastos com os


objetivos definidos para a sua atividade, devendo dar prioridade aos gastos
X.02

de acordo com a importância estratégica de cada área;

• Controlo e acompanhamento
- Uma vez que o orçamento esteja em execução, deve o CC acompanhar re-
gularmente o seu desempenho real, em comparação com as estimativas de-
finidas no orçamento;

• Analise de desvios
- Comparação entre os resultados reais com as estimativas do orçamento,
identificando as variações com as justificações para que estas ocorram. Este
26 exercício resultará na aferição da situação real da empresa, quando compa-
rando com o orçamento definido, percebendo se a orçamentação foi efetua-
da com pressupostos longe da realidade ou se houve alguma condicionante
não prevista que origine o desvio identificado no controlo orçamental;

• Tomada de decisões
- Com base nas análises de variação, as estratégias devem ser ajustadas e
os recursos podem ser alocados de forma diferente, caso se justifique. Por
exemplo, a realocação de recursos para áreas mais produtivas ou aproveitar
oportunidades emergentes;

• Comunicação e envolvimento
- Devem ser mantidas informadas todas as partes interessadas sobre o pro-
cesso do orçamento, incluindo a equipa de gestão, investidores e parceiros
comerciais;

• Flexibilidade
- Um orçamento deve ser flexível o suficiente para se adaptar às mudanças
Ordem dos Contabilistas Certificados

nas circunstâncias do negócio, como por exemplo, quando surgem novas


oportunidades ou desafios inesperados. Nestes casos o orçamente deve ser
ajustado para considerar estas mudanças.

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

Propõe-se de forma estrutural o processo de gestão orçamental (Figura 6), confor-


me descrito anteriormente.

Figura 6 – Processo de gestão orçamental

Definição de Objetivos e políticas empresariais

Orçamental
Gestão
Definição de metas e ações a desenvolver
a médio/longo prazo

X.02
Definição de programas de atividades
a desenvolver a curto prazo (1 ano)

Orçamento anual

Desvios
Resultados
27
Decisões corretivas

Fonte: adaptado de “O controlo de gestão”, Neves e Rodrigues (2003)

A gestão orçamental não deve ser um processo estático, sendo um ciclo continuo
de planeamento e execução. Ao ser utilizada como ferramenta de gestão, a gestão
orçamental permite que o CC possa maximizar o uso dos seus recursos, tomar de-
cisões informadas e trabalhar na direção do sucesso a longo prazo.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


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2.2. Orçamentação

A orçamentação nas empresas de contabilidade refere-se ao processo de planear e


estimar os recursos económicos e financeiros necessários para a operação e cres-
cimento da empresa. Envolve a previsão de receitas, despesas, investimentos e
outras atividades financeiras, bem como os fluxos de caixa, ao longo de um período
específico, geralmente um ano. A orçamentação é uma ferramenta essencial para
Orçamental

a gestão financeira, pois ajuda as empresas a controlar os gastos, tomar decisões


Gestão

informadas e acompanhar o desempenho em relação às metas estabelecidas.


X.02

O orçamento envolve a alocação de recursos limitados de forma estratégica para


atingir objetivos específicos. Este deve ser construído por área de negócio, isto é,
dentro da atividade do CC podendo este ter atividades de contabilidade, recursos
humanos e consultadoria.

A estrutura dos orçamentos nas empresas de contabilidade pode variar de acordo


com o tamanho da empresa, a gama de serviços oferecidos e as necessidades
específicas do negócio. No entanto, existem elementos comuns que geralmente
estão presentes na maioria dos orçamentos da empresa de contabilidade. Apre-
sentamos de forma sistemática as principais componentes da estrutura de um or-
28 çamento numa empresa de contabilidade:

• Rendimentos (Tabela 1)
- Lista de todas as fontes de receita da empresa, devendo ser estimadas com
base em dados históricos, projeções e contratos preestabelecidos. Neste caso,
os rendimentos devem ser a base de construção do orçamento, tendo em con-
sideração que muitas vezes refletem a estratégia definida para a atividade;

- São alguns exemplos de rendimentos os honorários da contabilidade e da con-


sultoria fiscal que podem ser orçamentados com base no histórico dos serviços
prestados.

• Gastos variáveis (Tabela 2)


- Os gastos variáveis de uma empresa de contabilidade estão sistematicamente
relacionados com as vendas e serviços prestados, com flutuações em relação
à atividade desenvolvida. Na orçamentação, estes gastos devem acompanhar a
projeção de vendas e prestação de serviços, tendo em conta a sua relação dire-
ta. Estes gastos estão diretamente relacionados com a natureza da atividade da
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empresa, tendo como exemplo concreto no caso do contabilista, as licenças de


software, formação especifica, material de escritório ou despesas de deslocação;

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


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• Gastos fixos:
- Definidos como despesas empresariais que permanecem relativamente cons-
tantes, independentemente das flutuações das vendas que possam ocorrer.
Estes são consistentes e previsíveis, facilitando o planeamento financeiro e a
elaboração do orçamento;

- São alguns exemplos de gastos fixos, os gastos com arrendamento ou outras

Orçamental
despesas com instalações, os salários dos colaboradores, seguros ou manuten-

Gestão
ção de equipamentos;

X.02
- A estrutura do orçamento pode ser adaptada às necessidades específicas de
cada empresa de contabilidade. A chave é garantir que todas as áreas financei-
ras relevantes sejam abordadas e que o orçamento seja um reflexo realista das
operações e metas do negócio.

Tabela 1 - Rubricas de um orçamento de rendimentos

Orçamento Orçamento Plurianual


Plano Período Período % Rendi- Período Período Período
Designação
Contas n-1 n mentos n+1 n+2 n+3
Receita corrente
29
72 Prestação de Serviços
721 Avenças
722 Recursos Humanos
723 Consultadoria Fiscal
75 Subsídios à Exploração
751 Subsídio de Entidades Públicas
752 Subsídios de outras Entidades
Receita extraordinária
78 Outros Rendimentos
78… Outros
Venda de Ativos

Soma de Controlo
Total dos Receitas da Atividade
Total Subsídios à Exploração
Total de Outros Rendimentos e Venda
de Ativos
Total das Receitas Orçamentais anuais
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Tabela 2 - Rubricas de um de orçamento de Gastos

Orçamento Orçamento Plurianual


Plano Período Período Período Período Período
Designação % gastos
Contas n-1 n n+1 n+2 n+3
Despesa corrente
62 Fornecimentos e Serviços Externos
Orçamental

621 F.S.E. – Subcontratos


F.S.E. – Serviços especializados
Gestão

6221
– Trabalhos especializados
F.S.E. – Serviços especializados
6222
X.02

– Publicidade e propaganda
F.S.E. – Serviços especializados
6223
– Vigilância e segurança
F.S.E. – Serviços especializados
6224
– Honorários
F.S.E. – Serviços especializados
6225
– Comissões
F.S.E. – Serviços especializados
6226
– Conservação e reparação
F.S.E. – Serviços especializados
6228
– Outros
F.S.E. – Materiais – Ferramentas e
6231
utensílios de desgaste rápido
30 F.S.E. – Materiais
6232
– Livros e documentação técnica
F.S.E. – Materiais
6233
– Material de escritório
6234 F.S.E. – Materiais – Artigos para oferta
6238 F.S.E. – Materiais – Outros
6241 F.S.E. – Energia e fluidos – Eletricidade
F.S.E. – Energia e fluidos
6242
– Combustíveis
6243 F.S.E. – Energia e fluidos – Água
6248 F.S.E. – Energia e fluidos – Outros
F.S.E. – Deslocações, estadas e trans-
6251
portes – Deslocações e estadas
F.S.E. – Deslocações, estadas e trans-
6252
portes – Transportes de pessoal
F.S.E. – Deslocações, estadas e trans-
6253
portes – Transportes de mercadorias
F.S.E. – Deslocações, estadas e trans-
6258
portes – Outros
F.S.E. – Serviços diversos
6261
– Rendas e alugueres
F.S.E. – Serviços diversos
6262
Ordem dos Contabilistas Certificados

– Comunicação
6263 F.S.E. – Serviços diversos – Seguros
6264 F.S.E. – Serviços diversos – Royalties
F.S.E. – Serviços diversos
6265
– Contencioso e notariado

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Orçamento Orçamento Plurianual


Plano Período Período Período Período Período
Designação % gastos
Contas n-1 n n+1 n+2 n+3
F.S.E. – Serviços diversos
6266
– Despesas de representação
F.S.E. – Serviços diversos
6267
– Limpeza, higiene e conforto
F.S.E. – Serviços diversos
6268

Orçamental
– Outros serviços

Gestão
63 Gastos com o pessoal
631 Remunerações Órgãos Sociais
632 Remunerações do Pessoal

X.02
633 Benefícios pós-emprego
634 Indemnizações
635 Encargos sobre remunerações
Seguros de A.T.
636
e doenças profissionais
637 Gastos de Ação Social
638 Outros Gastos com o pessoal
65 Perdas Por Imparidade
651 Dividas a receber – Clientes
68 Outros Gastos
681 Impostos e taxas
Descontos Pronto Pagamento 31
682
Concedidos
683 Dividas incobráveis
688 Outros
69 Gastos de Financiamento
691 Juros Suportados
698 Outros Gastos de Financiamento
Investimentos
Investimento

Imposto Sobre o Lucro a Pagar


Tributações Autónomas a Pagar

Soma de Controlo
Total das Necessidades Orçamentais
anuais
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2.3. Processo orçamental


O processo orçamental é o conjunto de etapas que uma empresa segue para criar
o orçamento financeiro. Este processo é essencial para a correta definição do orça-
mento, devendo seguir uma estrutura e ordem lógica para que os dados calculados
e previstos sejam fiáveis e o mais aproximado à realidade possível. Propõe-se de
seguida um processo de elaboração de orçamento anual (Figura 7), especificamen-
te relacionado com a atividade do contabilista.
Orçamental
Gestão

Figura 7 – Orçamento anual


X.02

• Identificação dos objetivos financeiros e operacionais de empresa.


Por exemplo a definição da margem do lucro ou um valor total de serviços.
Definição
de objetivos

• Reunião de dados históricos. tendências de merdado ou projeções


Recolha económicas.
de dados

De forma espelhada,
• Estimativa dos rendimentos com base na projeção de serviçosprestados,
deve ser feito
Previsão contratos ou novos clientes. Por exemplo a definição do total de clientes com
o mesmo exercício
de rendimentos avenças num ano, considerando novos clientes e eventual saída de clientes.
32 do ponto
de vista da tesouraria,
considerando
• Estimar e calcular os gastos variáveis , relacionando com a prestação os prazos
Estimativa de serviços estimadas no ponto anterior. Por exemplo os gastos com licenças de pagamento
de gastos adicionais de software devido ao aumento de vendas estimado. e recebimento,
variavéis prevendo
a posição
da tesouraria,
• Estimativa de investimentos a efetuar no decorrer do ano em análise, de
considerando
acordo com os objectivos estratégia definidos. Por exemplo, renovação e
Investimentos o previsto
aquyisição de equipamento informático, mobiliário.
no orçamento.

• Estimar e calcular os gastos fixos, considerando o normal funcionamemto


da empresa, não estando diretamente relacionado com a evolução
Estimativa
dos rendimentos. Por exemplo o valor do arrendamento das instalações,gastos
de gastos
com eletricidade ou financiamento.
fixos

Documento detalhado, com a descrição dos rendimentos, receitas,


Orçamento
investimentos e tesouraria, para um determinado período de tempo.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Fonte: elaboração própria

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O processo orçamental desempenha um papel vital na gestão financeira de uma


empresa de contabilidade. É um procedimento estruturado que envolve várias eta-
pas interligadas, todas com o objetivo de criar um plano financeiro abrangente
para um determinado período, geralmente um ano fiscal. Esse plano não é apenas
um conjunto de números; é um guia estratégico que orienta a empresa na procura
dos objetivos financeiras e operacionais.

Orçamental
Para começar, o processo orçamental começa com a definição de metas e objeti-

Gestão
vos, envolvendo uma análise cuidadosa das ambições da empresa para o próximo
ano, que podem variar desde aumentar a base de clientes até expandir a oferta de

X.02
serviços. Estas metas precisam ser realistas e alinhadas com a visão de longo prazo
da empresa.

Em seguida, o processo entra na fase de recolha de dados históricos. Olhar para


trás e analisar o desempenho financeiro e operacional do ano anterior é funda-
mental para entender as tendências e os padrões que influenciam as finanças da
empresa. Esta análise permite que os colabores do orçamento identifique factores
sazonais, flutuações de rendimentos e de gastos que podem causar impacto no
próximo período.

Um dos aspetos críticos do processo é envolver todas as partes interessadas, sen- 33

do fulcral todos os colaboradores das empresas de contabilidade porque possuem


informações valiosos sobre as operações diárias e podem fornecer informações
importantes sobre as necessidades operacionais que devem ser consideradas ao
elaborar o orçamento.

A previsão dos rendimentos (Tabela 1) é um componente central do processo dado


que prever as receitas que a empresa espera gerar no próximo ano, com base em
projeções de prestação de serviços, contratos existentes e novas oportunidades
de negócios. Esta estimativa forma a base para a construção de todo o plano fi-
nanceiro.

Da mesma forma, a estimativa de gastos operacionais (Tabela 2) é uma parte


fundamental do processo orçamental, podendo ser divididos entres gastos variáveis
e gastos fixos. O CC deve identificar e listar todas as despesas operacionais, desde
os salários, as rendas, gastos tecnológicos, energia, consumíveis e outras despesas
relacionadas às operações diárias, de forma a garantir um orçamento realista.
Ordem dos Contabilistas Certificados

Outro aspeto importante é o planeamento de investimentos. Se a empresa preten-


de investir em novas tecnologias, equipamentos ou expansão física, esses investi-
mentos precisam ser integrados no orçamento, e requerem uma avaliação cuida-
dosa dos gastos envolvidos e dos possíveis retornos desses investimentos.

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

Com todas as informações e estimativas efetuadas, a próxima etapa é a criação do


orçamento propriamente dito. Isso envolve a compilação de todas os rendimentos,
gastos, investimentos e outros itens relevantes num documento abrangente, de for-
ma a tornar-se o plano financeiro que a empresa seguirá ao longo do próximo ano.

Após a criação do orçamento anual, será submetido a uma revisão e aprovação


pela administração e outras partes interessadas, sendo crucial garantir que o orça-
Orçamental

mento está alinhado com as metas e objetivos da empresa.


Gestão

Uma vez aprovado, o orçamento é comunicado a todos os colaboradores, garan-


X.02

tindo que todos compreendem os objetivos financeiros da empresa e os esforços


necessários para alcançá-los. À medida que o ano fiscal avança, o desempenho fi-
nanceiro real é comparado ao orçamentado, permitindo que a empresa identifique
desvios e tome medidas corretivas quando sejam necessárias.

É importante ressaltar que o processo orçamental não é um evento único, mas sim
um ciclo contínuo. Avaliações regulares devem ser realizadas para analisar o de-
sempenho em relação ao orçamentado e identificar áreas que estão de acordo com
os objetivos traçados e áreas em que será necessário efetuar ajustes. Se ocorrerem
mudanças significativas no ambiente de negócios, o orçamento pode ser revisto e
34 ajustado ao longo do ano para refletir essas mudanças.

No final do período do orçamento, é realizada uma análise final para analisar des-
vios e avaliar a assertividade do orçamento, em comparação com a real situação
financeira da empresa de contabilidade. Este processo ajuda a identificar conclu-
sões históricas valiosas, sucessos alcançados e áreas que podem precisar de aper-
feiçoamento no próximo ciclo orçamental.

No processo orçamental, deve ser ainda considerada a interdependência dos siste-


mas funcionais, como finanças, recursos humanos e marketing. Estes sistemas es-
tão interligados de várias formas no processo orçamental, garantindo que o orça-
mento seja mais realista e coeso, alinhado com os objetivos da empresa. Deixa-se
alguns exemplos no que respeita à interdependência dos subsistemas funcionais,
aplicados às empresas de contabilidade:

• Receitas e recursos humanos


- As projeções de prestação de serviços estão diretamente relacionadas aos
Recursos Humanos disponíveis, sendo a atividade do contabilista intimamen-
Ordem dos Contabilistas Certificados

te dependente dos seus recursos humanos, na projeção das prestações de


serviços aos seus clientes, devem ser considerados os recursos humanos ne-
cessários para efetivar esses serviços, ou da necessidade de aumentar os
seus recursos humanos;

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• Gastos com pessoal e recursos humanos


- Os gastos com pessoal, como os salários e benefícios são calculados pela
equipa de recursos humanos, considerando aumentos eventuais ou novos be-
nefícios;

• Gastos com tecnologia e projeção de rendimentos


- À medida que as empresas investem em tecnologia e inovação, os investi-

Orçamental
mentos em tecnologias poderão estar dependentes da projeção de prestação

Gestão
de serviços, considerando as necessidades tecnológicas dos clientes, como
por exemplo a automatização de processos, os portais digitais de entrega de

X.02
documentos e arquivo digital.

A colaboração e a comunicação entre os diferentes subsistemas funcionais são es-


senciais para garantir que todas as partes estejam alinhadas e que o orçamento
reflita as metas e estratégias da organização como um todo. Erros ou desalinha-
mentos podem levar a desafios operacionais, financeiros e estratégicos. Portanto,
a integração dos sistemas é um componente critico do sucesso do processo orça-
mental.

Em resumo, o processo orçamental de uma empresa de contabilidade é um pro-


cesso complexo e interligado que exige uma análise crítica, colaboração e flexibi- 35

lidade, sendo considerado um guia estratégico que ajuda a empresa a atingir os


objetivos financeiras de forma controlada, eficaz e sustentável, permitindo uma
gestão financeira mais informada e orientada para o futuro.
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2.4. Controlo orçamental

Tão importante como a definição e estruturação do orçamento anual, é o acompa-


nhamento e avaliação da sua execução. Assumir que é possível planear e executar o
orçamento sem a sua monitorização (controlo) presume que o método de trabalho
é limitado e ineficiente. Este controlo é a ferramenta de gestão que permite a ava-
liação pertinente da performance da atividade face ao orçamento proposto, com
Orçamental

as suas inevitáveis variações.


Gestão

Este exercício de avaliação não se traduz no objetivo de igualar o resultado da


X.02

atividade com o orçamento definido, mas sim na avaliação da evolução da ativi-


dade considerando os pressupostos definidos no orçamento. Neste sentido, esta
ferramenta permite ao empresário a tomada de decisão face a eventuais alterações
na evolução da atividade. Por exemplo, a aquisição/angariação de novos clientes
originará um desvio positivo nos rendimentos, no entanto, deverá ser avaliado o
impacto nos recursos necessários para prestar os serviços adicionais ou a alocação
diferenciada destes. Neste sentido, o controlo orçamental permite:

• A definição de objetivos realistas e atingíveis considerando o conhecimento


externo envolvente à empresa / atividade;
36

• A monitorização constante da atividade, com a comparação dos resultados


versus orçamento, com determinação de desvios avaliando o desempenho da
atividade e apoiando a tomada de decisões corretivas;

• A identificação de desvios, sendo crucial para entender os motivos por trás


das variações entre o orçamento e o desempenho real. Os desvios podem ser
positivos, como quando as receitas excedem as estimativas, ou negativos,
quando as despesas são maiores do que o planeado. Compreender a natureza
dos desvios é o primeiro passo para tomar medidas corretivas eficazes;

• Efetuar uma análise aprofundada das causas dos desvios para tomar decisões
informadas. Os desvios podem ser resultado de diversos factores, como mudan-
ças nas condições do mercado, variações sazonais, ineficiências operacionais ou
eventos imprevistos. A análise das causas ajuda a empresa a adquirir uma visão
clara das razões por trás dos desvios e a planear as ações corretivas apropriadas;

• Tomar decisões estratégicas com base na análise das causas dos desvios,
Ordem dos Contabilistas Certificados

que podem envolver uma variedade de ações, como reavaliar as estratégias


de vendas, ajustar as despesas, otimizar a alocação de recursos ou até mesmo
procurar novas oportunidades de negócios. A tomada de decisões assertiva é
crucial para direcionar a empresa de volta ao rumo do sucesso financeiro;

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


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• Implementar ações corretivas com o objetivo de trazer o desempenho


financeiro de volta ao alinhamento inicialmente previsto no orçamento. São
exemplos destas ações a redução de despesas não essenciais, a procura de
eficiências operacionais, o realinhamento das estratégias de marketing ou até
mesmo o investimento em áreas que superam as expectativas;

• Implementar uma gestão ágil e atempada, consoante a periodicidade dos

Orçamental
relatórios de execução orçamental.

Gestão
Os desvios apurados no controlo de execução orçamental são um meio de avalia-

X.02
ção do desempenho da atividade, devendo estes ser encarados como uma ferra-
menta estratégica para apoiar a tomada de decisão para atingir o objetivo definido
do negócio através de ações corretivas e preventivas.

Os desvios orçamentais nas empresas de contabilidade podem ocorrer por uma va-
riedade de razões, muitas das quais são comuns aos diferentes tipos de negócios.
No entanto, devido à natureza específica dos serviços de contabilidade, algumas
causas podem ser particularmente relevantes. De seguida identificamos algumas
das causas dos desvios orçamentais nas empresas de contabilidade:

• Variações na procura dos serviços 37

- A procura por serviços de contabilidade pode variar ao longo do ano, muitas


vezes devido a factores sazonais. Por exemplo, a época de entrega do Imposto
sobre os Rendimentos Pessoas Singulares (IRS) pode levar a um aumento na
procura, num determinado, enquanto em anos anteriores pode ter sido menor.
Variações na procura podem levar a desvios entre as receitas previstas e as
receitas reais;

• Mudanças na legislação fiscal


- Alterações nas leis fiscais e regulamentos podem causar impacto diretamente
na forma como os serviços contabilísticos são prestados. Se ocorrerem mu-
danças significativas nas regras fiscais, as empresas de contabilidade podem
precisar ajustar os processos, formar os colaboradores e até mesmo alterar os
honorários cobrados;

• Indevida determinação do preço dos serviços


- A determinação de preços inadequada dos serviços pode levar a desvios
entre rendimentos orçamentados e aos rendimentos reais. Se os honorários
Ordem dos Contabilistas Certificados

forem definidos muito baixos, as empresas de contabilidade podem não gerar


rendimentos suficientes para cobrir as despesas. Por outro lado, preços muito
altos podem levar à perda de clientes;

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


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• Variações nos custos operacionais


- As despesas operacionais podem flutuar por várias razões, como são exem-
plos o aumento nos gastos de energia ou salários. As variações podem ser
provocadas pela alteração do preço unitário ou pelo consumo superior ao
orçamentado originando desvios negativos em relação ao orçamentado e
causar impacto direto no resultado;
Orçamental

• Ineficiência operacional
Gestão

- Ineficiências nos processos internos podem levar a custos mais altos do que
os planeados. Se os processos não forem otimizados, pode haver um aumen-
X.02

to nas despesas operacionais que afetam a margem de lucro;

• Ciclo de pagamento de clientes


- Atrasos nos pagamentos de clientes podem resultar em desvios temporá-
rios entre os recebimentos planeados e os recebimentos reais. Se os clientes
demorarem a pagar, isso pode afetar o fluxo de caixa e, consequentemente,
o desempenho financeiro;

• Mudanças tecnológicas
- A adoção de novas tecnologias pode exigir investimentos iniciais e mudan-
38 ças nos processos, o que pode afetar os gastos. Além disso, se as empresas
de contabilidade não acompanharem as mudanças tecnológicas, isso pode
afetar sua competitividade;

• Eventos Imprevistos
- Eventos imprevistos, como pandemias, desastres naturais ou mudanças eco-
nómicas significativas, podem ter um impacto imprevisível nas finanças da
empresa e resultar em desvios não planeados.

É importante que as empresas de contabilidade estejam preparadas para en-


frentar as causas potenciais de desvios orçamentais. Uma análise contínua, a
tomada de decisões assertivas e a capacidade de ajustar rapidamente as estra-
tégias são elementos essenciais para mitigar e gerir os desvios orçamentais de
maneira eficaz.

A execução e análise orçamental nas empresas de contabilidade envolve a imple-


mentação prática do plano financeiro definido no orçamento. É o processo de gerir
as atividades financeiras e operacionais de acordo com as estimativas e os objeti-
Ordem dos Contabilistas Certificados

vos estabelecidas no orçamento. Para a concretização da referida análise, é essen-


cial a definição do detalhe, periodicidade e o âmbito dos relatórios de execução
orçamental. Dependendo do volume e da complexidade da atividade em questão,
deve o empresário CC avaliar as áreas que são objeto de maior detalhe e da sua

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periodicidade. Quanto maior for a complexidade da atividade, maior o detalhe do


relatório de gestão deve conter.

Os relatórios devem conter informação precisa e de acordo com a complexidade


exigida da atividade, sendo, permitindo aos órgãos de gestão a avaliação da
eficiência organizacional. Devem também ter uma periodicidade definida, sendo
aconselhável o acompanhamento mensal ou trimestral, por forma a permitir o

Orçamental
acompanhamento e tomada de decisão corretiva para eventuais desvios signifi-

Gestão
cativos.

X.02
No entanto, o controlo orçamental poderá apresentar algumas limitações tendo em
conta a natureza volátil do ambiente empresarial. Há que considerar que qualquer
orçamento está sujeito a suposições que poderão não corresponder à execução.
Haverá sempre o factor surpresa do negócio, por mais detalhado que o orçamento
seja efetuado, devido às flutuações de mercado ou de negócio.

- Em suma, pode-se afirmar que a gestão baseada num sistema orçamental


(definição e controlo) permite planear e coordenar a atividade, melhorar pla-
nos de comunicação e ação, motivar para alcançar objetivos empresariais,
acompanhar o desempenho da atividade e analisar e avaliar o desempenho.
Desta forma exemplifica-se nos dois quadros de execução orçamental (Tabela 39

3 e 4), com indicação do valor real da execução orçamental, comparando com


o valor orçamentado e a variação identificada em valor e percentagem.
Ordem dos Contabilistas Certificados

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Tabela 3 - Exemplo de execução orçamento de rendimentos

Real Ano N Execução Orçamental


Plano % Variação Variação
Designação Valor Rendimentos Orçamento
Contas € %
Receita corrente
72 Prestação de Serviços
Orçamental

721 Avenças
Gestão

722 Recursos Humanos


723 Consultadoria Fiscal
75 Subsídios à Exploração
X.02

751 Subsídio de Entidades Públicas


752 Subsídios de outras Entidades
Receita extraordinária
78 Outros Rendimentos
78… Outros
Venda de Ativos

Soma de Controlo
Total dos Receitas da Atividade
Total Subsídios à Exploração
Total de Outros Rendimentos e Venda de Ativos
Total das Receitas Orçamentais anuais
40

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Tabela 4 - Exemplo de execução orçamento de gastos

Real Ano N Execução Orçamental


Plano % Variação Variação
Designação Valor Orçamento
Contas gastos € %
Despesa corrente
62 Fornecimentos e Serviços Externos
621 F.S.E. – Subcontratos

Orçamental
F.S.E. – Serviços especializados

Gestão
6221
– Trabalhos especializados
F.S.E. – Serviços especializados
6222
– Publicidade e propaganda

X.02
F.S.E. – Serviços especializados
6223
– Vigilância e segurança
6224 F.S.E. – Serviços especializados – Honorários
6225 F.S.E. – Serviços especializados – Comissões
F.S.E. – Serviços especializados
6226
– Conservação e reparação
6228 F.S.E. – Serviços especializados – Outros
F.S.E. – Materiais – Ferramentas e utensílios
6231
de desgaste rápido
F.S.E. – Materiais – Livros e documentação
6232
técnica
6233 F.S.E. – Materiais – Material de escritório
6234 F.S.E. – Materiais – Artigos para oferta 41
6238 F.S.E. – Materiais – Outros
6241 F.S.E. – Energia e fluidos – Eletricidade
6242 F.S.E. – Energia e fluidos – Combustíveis
6243 F.S.E. – Energia e fluidos – Água
6248 F.S.E. – Energia e fluidos – Outros
F.S.E. – Deslocações, estadas e transportes
6251
– Deslocações e estadas
F.S.E. – Deslocações, estadas e transportes
6252
– Transportes de pessoal
F.S.E. – Deslocações, estadas e transportes
6253
– Transportes de mercadorias
F.S.E. – Deslocações, estadas e transportes
6258
– Outros
F.S.E. – Serviços diversos
6261
– Rendas e alugueres
6262 F.S.E. – Serviços diversos – Comunicação
6263 F.S.E. – Serviços diversos – Seguros
6264 F.S.E. – Serviços diversos – Royalties
F.S.E. – Serviços diversos
6265
– Contencioso e notariado
F.S.E. – Serviços diversos
6266
Ordem dos Contabilistas Certificados

– Despesas de representação
F.S.E. – Serviços diversos
6267
– Limpeza, higiene e conforto
6268 F.S.E. – Serviços diversos – Outros serviços
63 Gastos com o pessoal

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

Real Ano N Execução Orçamental


Plano % Variação Variação
Designação Valor Orçamento
Contas gastos € %
631 Remunerações Órgãos Sociais
632 Remunerações do Pessoal
633 Benefícios pós-emprego
634 Indemnizações
635 Encargos sobre remunerações
Orçamental

636 Seguros de A.T. e doenças profissionais


Gestão

637 Gastos de Ação Social


638 Outros Gastos com o pessoal
X.02

65 Perdas Por Imparidade


651 Dividas a receber – Clientes
68 Outros Gastos
681 Impostos e taxas
682 Descontos Pronto Pagamento Concedidos
683 Dividas incobráveis
688 Outros
69 Gastos de Financiamento
691 Juros Suportados
698 Outros Gastos de Financiamento
Investimentos
Investimento
42 …

Imposto Sobre o Lucro a Pagar


Tributações Autónomas a Pagar

Soma de Controlo
Total das Necessidades Orçamentais anuais

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.5. Pontos-chave

• A gestão orçamental para o empresário CC envolve o planeamento, criação,


acompanhamento e controlo de um orçamento da empresa.

• O orçamento refere-se a um plano financeiro detalhado que estabelece as esti-


mativas dos rendimentos e gastos, fluxos de caixa e financeiros esperados para um

Orçamental
determinado período, sendo uma ferramenta fundamental para o planeamento e

Gestão
controlo financeiro.

X.02
• Elementos para o controlo orçamental (definição de objetivos claros, análise his-
tórica, estimativa de rendimentos e gastos, criação do orçamento, alocação de
recursos, controlo e acompanhamento, analise de desvios, tomada de decisões,
comunicação e envolvimento, flexibilidade).

• A orçamentação nas empresas de contabilidade refere-se ao processo de planear


e estimar os recursos económicos e financeiros necessários para a operação e cres-
cimento da empresa.

• Principais componentes da estrutura de um orçamento numa empresa de conta-


bilidade (rendimentos, gastos variáveis e fixos, fluxos de caixa, plano financeiro). 43

• O processo orçamental é o conjunto de etapas que uma empresa segue para criar
o orçamento financeiro (definição de objetivos, recolha de dados, previsão de ren-
dimentos, estimativa de gastos variáveis, investimentos, estimativa de gastos fixos,
estimativa de receitas e despesas e previsão de fluxos de tesouraria).

• Com a criação do orçamento anual, este será submetido a uma revisão e aprova-
ção pela administração e outras partes interessadas, sendo crucial garantir que o
orçamento está alinhado com as metas e objetivos da empresa

• O orçamento é comunicado a todos os colaboradores, garantindo que todos


compreendem os objetivos financeiros da empresa e os esforços necessários para
alcançá-los.

• À medida que o ano fiscal avança, o desempenho financeiro real é comparado


ao orçamentado, permitindo que a empresa identifique desvios e tome medidas
corretivas quando sejam necessárias.
Ordem dos Contabilistas Certificados

• No final do período do orçamento, é realizada uma análise final para analisar des-
vios e avaliar a assertividade do orçamento, em comparação com a real situação
financeira da empresa de contabilidade.

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

• No processo orçamental, deve ser ainda considerada a interdependência dos sis-


temas funcionais, como finanças, recursos humanos e marketing.

• Controlo orçamental é o acompanhamento e avaliação da sua execução.

• O controlo orçamental permite a definição de objetivos realistas e atingíveis, a


Orçamental

monitorização constante da atividade, a identificação de desvios, efetuar uma aná-


Gestão

lise aprofundada das causas dos desvios, tomar decisões estratégicas com base na
análise das causas dos desvios, implementar ações corretivas com o objetivo de
X.02

trazer o desempenho financeiro de volta ao alinhamento inicialmente previsto no


orçamento, implementar uma gestão ágil e atempada.

• Desvios orçamentais nas empresas de contabilidade (variações na procura dos


serviços, mudanças na legislação fiscal, indevida determinação do preço dos servi-
ços, variações nos custos operacionais, ineficiência operacional, ciclo de pagamen-
to de clientes, mudanças tecnológicas, eventos Imprevistos).

• A execução e análise orçamental nas empresas de contabilidade envolve a imple-


mentação prática do plano financeiro definido no orçamento.
44

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

2.6. Autoavaliação

Assunto Sim Não N/A

Efetua gestão orçamental na sua empresa de contabilidade?

Tem definidos os elementos necessários para o controlo orçamental?

Orçamental
Efetua um orçamento anual?

Gestão
Faz revisões periódicas do orçamento?

Efetua controlo orçamental, apurando e analisando os desvios?

X.02
Implementa medidas de identificação, controlo dos desvios e apli-
ca medidas corretivas?

Efetua uma análise aos resultados finais face ao orçamentado, ti-


rando as respetivas conclusões para tomadas de decisão?

Observações

45

Quais os procedimentos de melhoria que pretende implementar?


Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


[Página propositamente deixada em branco]
X.03
Guia de Boas Práticas Profissionais

Sinergias entre a Estratégia e o Orçamento

3.1. Enquadramento

As sinergias entre a gestão estratégica e a gestão orçamental na empresa de con-


tabilidade são fundamentais para garantir que os objetivos de longo prazo da em-
presa sejam alcançados de forma eficaz e financeiramente sustentável. Quando
estas duas áreas de gestão estão alinhadas e colaboram de forma harmoniosa, per-
mite à empresa maximizar os recursos, alinhando-os com os objetivos estratégicos

Estratégia e Orçamento
e consegue obter resultados significativamente melhores.

Sinergias entre
A gestão estratégica define os objetivos de longo prazo da empresa, enquanto a
gestão orçamental traduz esses objetivos em termos financeiros concretos. Quan-
do há alinhamento entre essas metas estratégicas e a distribuição dos recursos no
orçamento, a empresa pode direcionar os esforços e investimentos para atingir os

X.03
objetivos de forma focada.
47

A gestão estratégica ajuda a identificar as áreas prioritárias para o crescimento e


desenvolvimento da empresa. A gestão orçamental, por sua vez, permite alocar
recursos financeiros de forma eficiente para essas áreas prioritárias, evitando a
dispersão de recursos em atividades que não contribuem diretamente para os ob-
jetivos estratégicos.

A colaboração entre a gestão estratégica e a gestão orçamental também permite


uma análise profunda de oportunidades e riscos. A gestão estratégica identifica
tendências de mercado, concorrência e mudanças legislativas, enquanto a ges-
tão orçamental avalia o impacto financeiro desses factores, resultando em deci-
sões financeiras informadas e uma capacidade maior de explorar oportunidades
estratégicas.

A adaptabilidade também é uma característica-chave desta sinergia. À medida que


as circunstâncias mudam, seja devido a mudanças no mercado ou a outros factores
externos, a colaboração entre a gestão estratégica e a gestão orçamental permite
que a empresa ajuste rapidamente os recursos financeiros e prioridades para se
Ordem dos Contabilistas Certificados

manter alinhada com os objetivos de longo prazo.

Uma coordenação sólida entre os colaboradores da gestão estratégica e orçamen-


tal facilita a comunicação eficaz entre essas áreas. Isso promove um entendimento

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

compartilhado dos objetivos, desafios e oportunidades, resultando em decisões


mais informadas e coordenadas.

A gestão estratégica estabelece indicadores-chave de desempenho que refletem


os progressos na concretização dos objetivos definidos. A gestão orçamental utiliza
esses indicadores para monitorizar e controlar o desempenho financeiro. A combi-
nação destas perspetivas ajuda a avaliar se os recursos são usados efetivamente
para alcançar os resultados desejados.

As sinergias entre a gestão estratégica e a gestão orçamental permitem um ciclo


de aprendizagem contínuo e, por sua vez, a análise das execuções e dos desvios
ajuda a identificar o que funciona e o que precisa de ser ajustado em ambos os
processos.
Estratégia e Orçamento

Em conjunto, esta sinergia garante que a empresa de contabilidade não esteja ape-
Sinergias entre

nas focada nos objetivos ambiciosos, mas também consiga os meios financeiros
para os alcançar, suportando um crescimento sustentável, uma utilização otimizada
de recursos e uma maior capacidade de adaptação às mudanças do mercado.
X.03

48

Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


Guia de Boas Práticas Profissionais

3.2. Pontos-chave

• As sinergias entre a gestão estratégica e a gestão orçamental na empresa de


contabilidade são fundamentais para garantir que os objetivos de longo prazo da
empresa sejam alcançados de forma eficaz e financeiramente sustentável.

• A gestão estratégica define os objetivos de longo prazo da empresa, enquanto a


gestão orçamental traduz esses objetivos em termos financeiros concretos.

• O alinhamento entre as metas estratégicas e a distribuição dos recursos no or-


çamento permitem à empresa poder direcionar os esforços e investimentos para
atingir os objetivos de forma focada.

Estratégia e Orçamento
• A colaboração entre a gestão estratégica e a gestão orçamental também permite
uma análise profunda de oportunidades e riscos.

Sinergias entre
• A gestão estratégica estabelece indicadores-chave de desempenho que refletem
os progressos na concretização dos objetivos definidos. A gestão orçamental utiliza
esses indicadores para monitorizar e controlar o desempenho financeiro.

X.03
49
Ordem dos Contabilistas Certificados

Volume X. Gestão Estratégica e Orçamental


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X.04
Guia de Boas Práticas Profissionais

Conclusão

Ao longo deste volume, explorou-se com profundidade os elementos essenciais da


gestão estratégica e da gestão orçamental, reconhecendo a importância vital que
ambos desempenham no panorama empresarial contemporâneo. A gestão estra-
tégica, envolvendo o planeamento estratégico, a análise da situação estratégica
e a formulação e execução da estratégia, estabelece a base para a concretização
dos objetivos das empresas de contabilidade. Por outro lado, a gestão orçamen-
tal, com a orçamentação, processo orçamental e controlo orçamental, proporciona
uma abordagem estruturada para a distribuição eficiente de recursos financeiros.

Um aspeto notável é a abordagem da estreita interligação entre a estratégia e o or-


çamento. A sinergia entre esses dois pilares é vital para garantir que a execução da
estratégia seja sustentada pelos recursos financeiros necessários. A estratégia sem
recursos adequados pode ser limitada na sua conclusão e um orçamento desco-
nectado da estratégia pode levar a decisões incoerentes, desvios e desperdícios.
51
No mundo empresarial, a integração da gestão estratégica e orçamental é mais do
que apenas uma prática recomendada, é uma abordagem necessária para atingir
os objetivos organizacionais e maximizar o desempenho. Através da colaboração
entre os departamentos estratégicos e financeiro/orçamental, as empresas de con-

Conclusão
tabilidade podem garantir que os recursos financeiros são direcionados para as
iniciativas estratégicas mais cruciais, enquanto a estratégia é moldada para ser
concretizada dentro das restrições orçamentais.

X.04
Em síntese, a gestão estratégica e a gestão orçamental não são domínios isolados,
mas sim elos intrinsecamente ligados na procura do sucesso organizacional. Uma
estratégia sólida necessita de uma base financeira sólida para se materializar, e
um orçamento eficaz deve refletir os objetivos e o rumo estratégico das empresas
de contabilidade. Ao unir estas componentes, as empresas de contabilidade e o
próprio CC podem alcançar um crescimento sustentável e obter uma vantagem
competitiva duradoura.
Ordem dos Contabilistas Certificados

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