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Universidade do Vale do Itajaí

Escola de Ciências da Saúde


Curso de Psicologia
Estágio Básico

RELATO DE EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO BÁSICO

Identificação de registro documental

Atendendo à Resolução n° 004/CONSUN-CaEn/09 referente ao Regulamento dos Estágios


Obrigatório e Não-Obrigatório do Curso de Psicologia, bem como em respeito à Resolução
CFP nº 001/2009, alterada pela Resolução CFP nº5/2010, que dispõe sobre a
obrigatoriedade do registro documental decorrente da prestação de serviços psicológicos,
submetemos à consideração superior o presente Relatório realizado no período de
_____________ a _____________ de _________, bem como as considerações a seu respeito.

Acadêmico(as) Estagiário(as):

Assinaturas
Nomes dos acadêmicos
__________________________
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Professor (a) Orientador (a):


Nome: __________________________________ (CRP: _________)
Assinatura: _______________________________

Itajaí (SC), _________.


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Curso de Psicologia
Estágio Básico

A observação, o acolhimento e a escuta qualificada do psicólogo no cenário


de Urgência e Emergência: um relato de experiência.

Acadêmicos do Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI),


Pietra Schreiber Lahm - pi.pb@hotmail.com
Adriano Amaro Mariano - adriano.mariano@edu.univali.br
Carolina Mosna Pretto - carolinamosnapretto@gmail.com
Carlos Eduardo de Oliveira Salvalaggio - cadu.oliggio@gmail.com

Resumo

Este trabalho relata as experiências vivenciadas durante o Estágio Básico


Supervisionado em Psicologia, no contexto de uma Unidade de Pronto atendimento
(UPA), onde foram realizados processos terapêuticos de acolhimento. O propósito foi
explorar a atuação do psicólogo por meio de situações práticas, compreendendo o
campo de atuação da Psicologia Clínica. Foram conduzidos acolhimentos
terapêuticos e uma análise sobre os aspectos ético-políticos envolvidos nessa prática.
Além disso, foram observadas as diretrizes que guiam a estrutura de atendimento
multiprofissional na UPA. Essa experiência não apenas contribuiu para o crescimento
pessoal e profissional como aprimorou o conhecimento da dinâmica do ser humano
em sofrimento e também possibilitou a integração com profissionais da UPA,
resultando em um aumento significativo na motivação pessoal e novas visões do
campo de atuação do psicólogo.

Palavras-chave: Psicologia, Unidade de Pronto Atendimento, Urgência e


Emergência, Acolhimento.

1.0 Introdução

A psicologia surge como ciência atuante nas UPA's e hospitais pra atender as
demandas e o auxílio no enfrentamento de sofrimento e doenças, onde se da o
suporte para as pessoas, familiares e equipe profissional envolvidos. A psicologia
hospitalar foi reconhecida como profissão em 2001, depois regulamentada pela
Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 13/2007. Ela é uma área
fundamental nos contextos de urgência e emergência, pois oferece suporte emocional
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e psicológico para as pessoas que estão passando por situações de crise e trauma.
A presença de profissionais de psicologia nesses cenários é crucial para garantir o
acolhimento e a escuta qualificada das pessoas que estão enfrentando momentos de
grande estresse e vulnerabilidade.

Por muito tempo as Unidade de Urgência e emergência encontram-se


sobrecarregadas de trabalho de acordo com a demanda, o que compromete o
acolhimento, pois "A sobrecarga de trabalho compromete o principal papel do
Acolhimento com Classificação de Risco, que é a escuta qualificada e
estabelecimento de prioridade para atendimentos emergenciais, orientação quanto ao
papel da atenção básica e importância de existir um vínculo entre as unidades de
saúde e o paciente." (OLIVEIRA, et al. 2015, p. 4). Desse modo, a escuta qualificada
e o acolhimento são umas das principais ferramentas nos contextos de urgência e
emergência, pois permite que as pessoas expressem suas emoções, medos e
angústias, o que é fundamental para o processo de recuperação e superação. Além
disso, também contribui para a identificação de possíveis transtornos psicológicos que
podem surgir em decorrência da situação de urgência ou emergência, possibilitando
a intervenção precoce e o encaminhamento para o tratamento adequado.

O acolhimento permite que as pessoas se sintam amparadas e compreendidas


em meio a situações de grande impacto emocional. O acolhimento proporciona
conforto e segurança, contribuindo para a redução do estresse e o fortalecimento da
resiliência das pessoas que estão enfrentando momentos difíceis.

O contexto de urgência e emergência do Brasil se pauta através de um sistema


de saúde pública. Esta é uma política pública do Sistema Único de Saúde (SUS)
garantida pela Constituição de 1988. O sistema de saúde do Brasil se estrutura em
por três níveis hierárquicos, sendo atenção básica, média e alta complexidade. Dessa
forma, a Urgência e emergência trona-se necessário para demandas de acordo com
seu nível de suporte.‘’A falta de articulação, no entanto, entre esses setores, somado
ao aumento dos casos de acidentes e violência urbana, nos últimos anos, causou a
superlotação das emergências hospitalares e pronto-socorros, transformando essa
área numa das mais problemáticas do sistema de saúde’’. (OLIVEIRA, et. al, 2015, p.
2). Com essa sobrecarga, a psicologia nunca se fez tão essencial para atuar na prática
destes contextos.
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A psicologia surge como ciência atuante nas UPA's e hospitais pra atender as
demandas e o auxilio no enfrentamento de sofrimento e doenças, onde se da o suporte
para as pessoas, familiares e equipe profissional envolvidos. A psicologia hospitalar
foi reconhecida como profissão em 2001, depois regulamentada pela Resolução do
Conselho Federal de Psicologia nº 13/2007.

A atuação do psicólogo nas unidades de pronto atendimento (UPA) é um tema


muito debatido e importante. No entanto, é importante analisar criticamente estas
conquistas, a fim de identificar os desafios e limitações enfrentados pelos profissionais
e identificar estratégias para melhorar a eficácia da psicoterapia neste contexto. Um
dos maiores desafios enfrentados pelos psicólogos da UPA é a carga de trabalho.
Esses profissionais lidam com um grande número de necessidades de pacientes em
situações de urgência e emergência, dificultando uma abordagem individualizada e
aprofundada. Além disso, a falta de infra-estruturas adequadas e de recursos dificulta
a implementação de intervenções mais eficazes.

Outro desafio enfrentado pelos psicólogos da UPA é prevenir a presença de


psicose, principalmente nos ambientes de saúde. Os profissionais de saúde muitas
vezes não compreendem a importância do apoio psicológico em situações de crise e
emergência, o que pode dificultar a integração e a cooperação entre as diferentes
áreas de trabalho. Além disso, a continuidade dos cuidados médicos e do apoio
psicológico mesmo após a alta dos pacientes é uma limitação importante que precisa
ser considerada. Muitas vezes, os pacientes são encaminhados para serviços de
saúde mental que não estão incluídos na UPA, dificultando a manutenção da eficácia
do tratamento e o acesso à continuidade do cuidado durante o tratamento. Porém,
apesar desses desafios e limitações, a atuação do psicólogo na UPA é importante e
pode trazer grandes benefícios aos pacientes e seus familiares.

O apoio emocional e a psicoterapia podem promover a saúde mental e o bem-


estar emocional, reduzindo a depressão e a ansiedade em tempos de crise. Para
melhorar o trabalho dos psicólogos da UPA é importante investir em recursos
humanos e estruturais para garantir a eficácia do apoio psicológico. Além disso, é
importante promover a integração e a colaboração entre os diferentes profissionais de
saúde, e reconhecer a importância do apoio psicológico em situações de urgência e
emergência.
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1.1 A necessidade do psicólogo no âmbito de Urgência e Emergência

A saúde mental e emocional foi um tema ignorado pelas políticas públicas até
os anos 2000. Tornar mais confortável e humano o atendimento durante o contato é
uma perspectiva que a psicologia traz para campos como esse. Com o contexto
demandas por atendimento e surgimento de diversos casos que comprometem o
atendimento da equipe profissional, viu-se necessário uma nova política dentro dos
ponto-socorros públicos brasileiros. Desse modo surgiu a Política Nacional de
Humanização (PNH), com o objetivo de diminuir as filas e qualificar o atendimento
humanizado durante os seviços das unidades que prestam atendimento especializado
e que demandam a área da emergência (BRITO, 2015).
Com a PNH, o acolhimento passa a ser visto como intervenção e promoção de
saúde durante os atendimentos, encaminhamentos e filas de espera. Assim, "...esta
prática restrita de acolhimento tem sido percebida pelos profissionais de saúde, como
mais uma tarefa a ser realizada, entre tantas outras das UAPS, causando sobrecarga
de trabalho, cansaço, estresse e conflitos nas equipes, dificultando a qualificação do
SUS" (BRITO, 2015, p.109). Percebe-se, que com o reconhecimento do acolhimento
não só os pacientes se beneficiaram, mas toda a equipe
"Ao iniciar um trabalho de psicologia no ambiente hospitalar é necessário
conhecer bem o local, portanto é de extrema importância fazer um primeiro momento
de observação das particularidades do local de trabalho, conhecendo as pessoas que
freqüentam o local, a rotina de atendimentos, as características da população atendido
e a divisão das tarefas." (SILVA, Suelem, 2012). Dessa forma, a construção do vínculo
inicial é algo muito necessário dentro de contextos de urgência e emergência, evitando
abordagens bruscas e invasivas para acelerar algum processo. É preciso ter cautela
e ética profissional para a condução do acolhimento, sempre é necessária uma
apresentação e deixar estabelecido o carater sigiloso dos atendimentos e
compreender as estruturas do ambiente e da equipe.
Ao longo das observações dentro do campo pode-se perceber que a atuação do
psicólogo na UPA é complexa e desafiadora, mas importante. É necessário promover
a integração e o investimento em recursos humanos e infraestruturas, compreender
os desafios e limitações enfrentados pelos profissionais e explorar estratégias para
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melhorar a eficácia da psicologia neste contexto. Portanto, as experiências no campo


introduziram os estagiários à temática dentro das práticas da saúde pública e
Unidades de Pronto Atendimento.

2 Materiais e Métodos

O campo de experiência foi realizado em uma Unidade do Pronto Atendimento


da cidade de Balneário Camboriú, no período de setembro a novembro de 2023. A
intenção do estágio básico se pauta na necessidade da imersão dos acadêmicos nos
campos de atuação, possibilitando a correlação entre teoria e prática. Para
fundamentação teórica os estagiários realizaram leitura de 23 artigos nacionais que
introduziram a literatura da psicologia e os campos de Urgência e Emergência, para
assim ambientar-se da prática dentro do campo com o principal intuito da escuta
qualificada e o acolhimento.

O objetivo principal das duplas na Unidade de Pronto Atendimento em


Balneário Camboriú era atender às necessidades dos usuários oferecendo atenção e
suporte durante a espera por atendimento, resultados de exames ou administração
de medicação. Esse suporte envolvia um processo de acolhimento baseado em
escuta ativa e respeitosa, buscando compreender os motivos da visita e possíveis
condições médicas do paciente.

O processo de acolhimento envolve a estratégia de proporcionar escuta e


assistência em situações que envolvem angústia humana e a busca por
transformações. Através de um diálogo reflexivo, utilizando perguntas e
direcionamentos, os estagiários irão ajudar o indivíduo a compreender mais
profundamente seus problemas, promovendo maior consciência sobre si e a
realidade. O acolhimento em ambientes médico-hospitalares durante períodos de
espera possibilita aos pacientes criar vínculos com a instituição, estabelecer confiança
na equipe de saúde e comprometer-se com seu próprio cuidado. Essa abordagem
contribui significativamente para a humanização desses espaços e para o bem-estar
dos pacientes, amenizando o estresse associado à espera.
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2.1 Pesquisa e seleção de literatura

Foi utilizado uma revisão da literatura para fundamentar a prática no campo. A


partir dos 21 artigos selecionados pela professora orientadora do campo, os
estagiários realizaram leitura para a compreensão teórica e ambientação de como se
estrutura o campo de Urgência e emergência. Dessa forma, foi atribuído os manejos
corretos e a ética envolvendo o processo de atendimentos e a responsabilidade do
psicólogo. Porém, o objetivo dos estagiários foi experienciar na prática o
desenvolvimento da escuta qualificada e do acolhimento.

2.2 Participantes

O grupo de estagiários era constituído por quatro membros, composto por


duas mulheres e dois homens, frequentemente atuando em pares ou em trios.

2.3 Procedimentos e instrumentos

Foram conduzidas 16 sessões de orientação, nas quais foram guiados a


análise de 23 publicações nacionais que discutiam tópicos da psicologia com foco no
cenário de urgência e emergência e outros campos da saúde. Após a análise das
publicações, foram apresentados os resumos, e somente após a análise e debate das
publicações, foi possível ingressar no campo. Na parte aplicada, foram feitas 11 visitas
à UPA, onde ocorreram acolhimentos realizados por meio de escuta atenta.

O experimento concentrou-se nos conhecimentos adquiridos dos artigos e nos


feedbacks das orientações. As interações com os pacientes eram realizadas após a
observação e introdução dos estagiários, que estavam prontos para acolhê-los. A
escuta atenta era sempre realizada por duplas de estagiários, que estavam à
disposição dos pacientes. Outros profissionais de saúde que estavam no local se
mostraram muito prestativos, e quando possível recorriam aos estagiários para que
pudessem acolher determinados pacientes, principalmente quando se tratava de
queixas psicológicas.

Ao longo dessa prática, foram conduzidos aproximadamente 46 acolhimentos,


sem uma seleção específica, dedicados a acolher indivíduos que pareciam estar
enfrentando momentos de angústia e se mostravam receptivos a dialogar. Alguns
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desses acolhimentos se sobressaíram e deixaram uma forte impressão na equipe,


merecendo destaque e menção neste contexto.

2.4 Descrição do Campo

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA), gerenciada pelo Instituto Maria


Schmitt (IMAS) está situada na rua Israel, no Bairro das Nações, em Balneário
Camboriú, Santa Catarina. Começou suas operações em 03/02/2020, com a
capacidade de atender até 150 pacientes diariamente, e conta com 80 colaboradores.
Oferece serviços de exames de raio-x, eletrocardiograma e laboratório 24 horas.

O quadro de profissionais inclui: 3 médicos clínicos gerais por turno, um médico


pediatra, 4 enfermeiros por turno e 8 técnicos de enfermagem durante o dia, reduzindo
para 7 à noite. Além disso, a equipe conta com técnicos de radiologia, recepcionistas,
vigias, auxiliares de limpeza e um farmacêutico.

Em termos de estrutura física, a UPA possui 1 sala de triagem, 4 consultórios


médicos (3 para clínicos gerais e 1 para pediatria), leitos para adultos e crianças em
observação, sala de medicação, sala para casos de trauma, sala para sutura, leito de
isolamento, área de recepção, refeitório e espaço de descanso para os colaboradores.
Há também uma sala de óbito e uma rouparia disponíveis.

2.5 Principais casos

Paciente do gênero feminino, de 53 anos, foi trazida pelo Corpo de Bombeiros


Militar após uma tentativa de suicídio por meio de automutilação nos dois pulsos. Após
ter sido suturada pela equipe médica, a paciente foi encaminhada para a sala de
observação, na qual os estagiários prestaram apoio e acolhimento. Durante esse
período, demonstrou-se extremamente sensível e fragilizada. Relatou estar
enfrentando problemas relacionados ao uso de drogas por parte de sua filha, que
passou por uma mudança drástica. O conflito entre ambas culminou no ato cometido
pela paciente. O acompanhamento pela equipe de estagiários se deu até a paciente
adormecer.
Paciente do sexo feminino, 33 anos, diagnosticada com psicose. Ao chegar, a
paciente estava em estado de surto e foi encontrada amarrada pela equipe de
estagiários, embora não estivesse demonstrando agressividade. Ela expressava a
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crença em um complô contra si, alegando ter conhecimento de informações que não
poderia ter. Mencionava que a cidade de Balneário Camboriú enfrentaria uma grande
queda elétrica, e que ela era a única capaz de evitar tal acontecimento, porém estava
restrita e incapaz de intervir. A paciente foi transferida para o Instituto de Psiquiatria
de Santa Catarina (IPQ), no município de São José.
Paciente do sexo masculino, 40 anos, procurou a Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) alegando estar sofrendo uma crise de ansiedade demonstrando
muito nervosismo. Durante a realização de uma eletrocardiograma, o médico
suspeitou inicialmente de uma possível intoxicação medicamentosa. No entanto, após
o paciente manifestar uma crise adicional, foi identificada como crise conversiva.
Durante as conversas com a equipe, constatou-se que ele estava enfrentando o
término de um relacionamento e com dificuldades nas relações com a ex-parceira e a
sogra. A medida em que conversava parecia se acalmar.
Paciente do sexo masculino, 25 anos, foi trazido à Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) pela equipe da Samu devido a um surto causado pelo uso de
substância psicoativa. Neste caso, a equipe realizou o manejo somente quando o
paciente já estava medicado e mais calmo. O paciente era uma pessoa que se
encontrava em situação de rua, por uso de drogas, segundo ele. Os estagiários
receberam a mãe do paciente, que foi acionada pela equipe da UPA, mesmo ela
possuindo Medida Protetiva contra o filho. Houve tentativa de contato entre os dois
mas acabaram se envolvendo em uma discussão, levando-a a optar por deixar a
unidade. Foi oferecido acolhimento a essa mãe em um momento de grande aflição.

2.4 Procedimentos éticos

As atividades foram desenvolvidas de acordo com as especificações do Plano


de Ensino da disciplina e em conformidade com o Código de Ética Profissional do
Psicólogo, guiando-se pela Regulamentação das Atividades do curso de Psicologia,
representada pela Resolução N.º 022/CONSUN-CaEn/2016.
O Código de Ética Profissional do Psicólogo está fundamentado nos valores da
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em seus artigos 6º, 9º e 10º, ressalta-se
a importância do sigilo profissional, destinado a salvaguardar a pessoa atendida, ou
seja, o psicólogo não pode e não deve divulgar informações sobre o que foi discutido
e descoberto, mantendo assim a confidencialidade dos fatos e dados.
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Após o dia de atendimentos, os estagiários realizaram anotações em um diário


de campo para contabilizar os casos e ter um contexto da demanda atendida em cada
dia no campo.
Todas as etapas foram realizadas com cautela, com o objetivo de evitar
interferências pessoais nos acolhimentos. O foco primordial foi estabelecer uma
relação adequada entre os acadêmicos e os usuários das Unidades de Pronto
Atendimento (UPA), pautando os procedimentos éticos na responsabilidade de
acolher os significantes que surgem pelos pacientes, que muitas vezes não serão
vistos pelo resto da equipe, dado ao cenário ágil que a mesma precisa seguir para
conseguir suportar a demanda.

3 Resultados e Discussão
Ao que se observa os 44 casos atendidos demonstraram em sua maior parte
grande demanda por suporte psicológico e acolhimento. Como se observa os dados
coletados na tabela abaixo:

Casos atendidos pelos estagiários na UPA-Nações. Setembro – novembro


2023.
Tipos de casos Número de casos Frequência (%)

Observados

Uso de substâncias 6 13,64%

químicas

Tentativa de suicídio 1 2,27%

Ideação Suicida 3 6,82%

Automutilação 2 4,55%

Alzheimer 3 6,82%

Psicóticos 3 6,82%
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Comunicação de óbito 1 2,27%

Triagem sem emergência 13 29,55%

Crise de ansiedade 4 9,09%

Convulsão 1 2,27%

Crise convulsiva 1 2,27%

Acidentes de trânsito 2 4,55%

Acidentes domésticos 2 4,55%

Pressão alta 3 6,82%

Abuso sexual 1 2,27%

3.1 Situações de risco

Apesar dó cenário estar relacionado à aprendizagem, os estagiários


experienciaram manejo com pacientes em situação de risco onde os casos que mais
acentuavam risco de vida foram evidenciados por uso de substâncias químicas e
dependência química como álcool e drogas ilícitas. Nestes casos o impulsionador para
o vício foi observado na escuta que todos os casos refletem uma realidade financeira
precatório e uma história de vida baseada em traumas e dificuldades. Muitos desses
pacientes já foram usuários de CAPS, mas ocorreram desistências frente esse meio
de serviço.
Outro fator de risco evidenciados foram as situações de ideação suicida e uma
tentativa de suicídio, que em todos os casos apresentavam sofrimento em relação aos
familiares que convivem em mesmo ambiente. Com isso, os estagiários acolheram os
sofrimentos, em um cenário isolado onde essas pessoas pudessem se sentir
confortáveis e possibilitaram que elas expressassem tudo aquilo que estavam
sentindo, sempre respeitando os procedimentos da equipe de enfermagem.
Os casos de surtos psicóticos foi um grande aprendizado para os estagiários,
pois vivenciaram na prática toda a teoria de psicopatologia. Os pacientes com estas
condições necessitaram ser amarrados devido a segurança da equipe e proteção da
integridade física daquele indivíduo. Com isso, os estagiários realizaram observação
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ativa e interações com estes pacientes, respeitando as normas de segurança e ética


profissional.

4 Considerações Finais
A atuação da Psicologia nas Unidades de Pronto Atendimento é de suma
importância para a promoção da saúde mental e o suporte emocional em situações
de crise. No entanto, é fundamental reconhecer os desafios e limitações enfrentados
pelos profissionais nesse contexto e buscar estratégias para aprimorar a efetividade
do cuidado psicológico nas UPAs. A integração interdisciplinar, o investimento em
recursos e a implementação de novas práticas são essenciais para garantir um
suporte psicológico eficaz e de qualidade nesses ambientes de urgência e
emergência.

A experiência do estágio na unidade de pronto atendimento foi fundamental


para o questionamento do lugar tradicional do psicólogo, auxiliando um processo de
compreensão da ação psicológica a partir do contexto amplo de experiência,
abrangendo as condições concretas nas quais o paciente se encontra.

O contato imediato com o paciente durante a intervenção, a interligação com o


contexto existencial do paciente, a cooperação com outros profissionais de saúde e a
percepção da singularidade de cada encontro desafiaram as normas estabelecidas na
prática clínica convencional, enriquecendo notavelmente o processo de formação.

Certamente a presença do psicólogo na Unidade de Pronto Atendimento (UPA)


é de suma importância, considerando diversas esferas cruciais, como o apoio
emocional em situações de crise, em ambientes de emergência, como a UPA, as
pessoas frequentemente chegam em momentos de grande estresse e ansiedade. O
psicólogo pode oferecer suporte emocional, ajudando a lidar com o impacto
psicológico da emergência, visando assim uma atenção integral ao paciente, na qual
é essencial considerar o bem-estar psicológico dos pacientes. O psicólogo pode
contribuir para uma abordagem holística do tratamento.

Com o acolhimento psicólogo desempenha um papel fundamental ajudando a


reduzir o estresse dos pacientes e suas famílias, tornando o ambiente mais
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humanizado. A presença do psicólogo na UPA é essencial para oferecer suporte


emocional, promover uma abordagem integral do paciente e garantir que as
necessidades psicológicas também sejam atendidas em momentos de emergência
médica. No entanto, é notável a dificuldade que as equipes técnicas vêm passando
com a sobrecarga nos atendimentos, e que muitas dessas demandas necessitam o
papel do psicólogo. Por isso, é importante continuar lutando pelo aumento do espaço
da psicologia dentro de campos como esse.

5 Referências

OLIVEIRA, Saionara. Et al. UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO – UPA


24h: PERCEPÇÃO DA ENFERMAGEM. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2015
Jan-Mar; 24(1): 238-44.
BRITO, Kleidy. A DIMENSÃO DO ACOLHIMENTO EM UNIDADE DE PRONTO
ATENDIMENTO (UPA): UM OLHAR NA PERSPECTIVA DO SERVIÇO SOCIAL.
Revista Saúde e Desenvolvimento |vol. 7, n.4 | jan – dez 2015.
SILVA, Suelem Lopes; KRUEL, Cristina Saling. INTERVENÇÕES
PSICOLÓGICAS NO ÂMBITO AMBULATORIAL. UNIFRA, maio de 2012.
CECILIO, Luiz. A Atenção Básica à Saúde e a construção das redes temáticas
de saúde: qual pode ser o seu papel?. Ciência & Saúde Coletiva, 17(11):2893-2902,
2012.

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