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Esta é uma revista gratuita. Sua circulação (física ou digital) é permitida e in-
centivada. Uso comercial não permitido.

Edição: B. Torres (edição e diagramação), Kenny Campos (edição e revisão).


Autorias de matérias: Bruno Torres, Licorne Negro (Lucas Emanoel
Constantino), Davi Paiva (detonerds), Alon Rúrik.
Título: Lagarto RPGista N° 2.
Arte e Imagens: Esta Revista é produzida sem fins lucrativos, e possui distri-
buição gratuita. As imagens e exibidas nela pertencem aos seus respectivos donos.

Quer ter um texto seu publicado na Revista? Manda


um email! C A M A R A D A B R U N O @ Y A N D E X . C O M

2
SUMÁRIO!
LAGARTIXA
Quem não quer
FOFOQUEIRA (jogos da casa)
uma ajudinha, né?
5 • RABISCO DE GRIMÓRIO
Fico muito feliz com a receptividade do TORRES DO DRAGÃO
número 1 da LAGARTO RPGISTA.
(jogos de fora)
Apesar de ser um tanto “amadora”,
nos esforçamos para fazer uma revista
digital que se aproximasse minima-
11 • ONE D&D: nova OGL
mente da qualidade das revistas pro-
fissionais de RPG.
16 • OS LEAKS DA WOTC
No Brasil existem pelo menos três re- OSGA SOLITÁRIA
vistas assim (que exigem assinaturas
(jogos-solo)
mensais ou a compra do arquivo digi-
tal). São elas DRAGÃO Brasil, New Or-
der Magazine e ROLEPUNKERS.
21 • D.A.D.O.S: Oráculos
É óbvio que ainda não conseguimos
chegar ao nível de estrutura dessas re-
24 • 101Games Campeã!
vistas, que possuem colaboradores re- ALÉM DO RPG
munerados e que se alimentam total
(filmes, séries, livros,
ou parcialmente de assinaturas (ou da
jogos eletrônicos e outros)
venda/compra dos arquivos PDFs). Nós
também aceitamos contribuições, mas
elas são voluntárias! Tanto o nosso
28 • ADAPTAÇÕES E
APOIA.se quanto as doações PIX, não
são condições para aquisição da re-
FIDELIDADES ÀS OBRAS
vista. E isso ajuda a nossa difusão, mas
faz nosso APOIA.se ser muito menor CAPA

34 • DRAGÕES !!!
(assim como reduz nossa estrutura de
trabalho).
Por isso fazemos um apelo para que
assinem ou realizem doações! Personagem do Mês:
Para uma revista amadora, acredito
que entregamos um bom material.
Mas isso, é óbvio, só vocês podem ou
42 • BRUCE WAYNE
não afirmar. EXTRA:
Queremos manter nossa revista mul-
tissistema gratuita, mas também que-
remos melhorar ainda mais a quali-
48 • FORTUNA &
dade dela. E isso é algo que só vocês
podem concretizar!
INFORTÚNIO: REGRA
— Bruno Torres, autor do Camaleão VARIANTE DO CAMALEÃO3
notícias de jogos da “casa”

Quais novidades a prima de


língua-solta do camaleão
traz para nós, nesta edição?
Esta é uma seção organizada por Bruno Torres, autor do Camaleão e edi-
tor da revista Lagarto RPGista. Nesta seção sempre iremos expor alguns
progressos dos materiais do Camaleão e de outros títulos da casa que ainda
não foram publicados, assim vocês terão uma prévia e poderão “sentir o gos-
tinho” do que ainda está por vir!

4
RABISCO DE GRIMÓRIO!
Na edição passada da revista eu expus
que não havíamos iniciado ainda os
suplementos Camaleão Grimório
nem o Camaleão Bestiário.
Temos dado foco total ao anda-
mento do Camaleão Medieval e, por
isso, esses outros suplementos fica-
ram “encostados” como projetos futu-
ros. Todavia, chegamos a um impasse
no próprio Camaleão Medieval.
Como estamos na fase de elabora-
ção dos arquétipos (análogos às “clas-
ses” de D&D), precisamos aprofundar
as regras de magia para finalizarmos AINDA não tem prévia
os arquétipos conjuradores (como o
Bardo, o Mago, etc.). da capa do GRIMÓRIO.
Isso me “obrigou” a adiantar uma Mas deverá ter uma capa
parte do Camaleão Grimório... seguindo este mesmo padrão

MAGIA ADAPTADA
Para não reinventar a roda, tomei
DO D&D emprestado um modelo de magia
com regras e descrições já consisten-
No Livro do Narrador do Camaleão tes (as magias de D&D) e iniciei um es-
rascunhei três modelos possíveis de forço de conversão e adaptação para
regras de magia. Essas sugestões ser- o Sistema Camaleão.
vem para os narradores elaborarem Essas magias não são muito adequa-
seus próprios modelos de forma cria- das para um cenário imersivo de hor-
tiva e em harmonia com o cenário de ror lovecraftiano e muito menos para
cada um. as dominações elementais da Avatar: A
Mas já que não é obrigação de qual- Lenda de Aang. Mas elas atendem as
quer mestre criar sistemas de magias demandas da comunidade internacio-
para seus jogos, incumbi a mim nal de RPG suficientemente bem.
mesmo a missão de elaborar regras Paralelo a isso, suplementos de ma-
de magia plenamente compatíveis gia com regras distintas também fo-
com o Camaleão e que fossem ade- ram idealizados (Magia de Sangue, Ar-
quadas ao estilo de jogo mais popular kannus e para o Moinho Vermelho te-
do RPG: a Fantasia Medieval. mos o Magia: A Arte Primordial).

5
por exemplo, adquire-se feitiços do 8º
O QUE PODEMOS círculo gratuitamente.
ADIANTAR NA FOFOCA 6) Apesar da “gratuidade”, estas ma-
gias não serão muitas. Sendo assim, o
DA LAGARTIXA?
jogador pode optar por aprender feiti-
Sabendo que D&D é nosso referen- ços adicionais, em troca de mais al-
cial para as regras de magia do suple- guns pontos (simulando o tempo de-
mento Camaleão GRIMÓRIO, já pode- dicado a seus estudos e aprendizado).
mos apresentar alguns dos conceitos
que usaremos. ESCOLAS DE MAGIAS
1) Classificaremos as magias em SÃO COMO FOCOS
“Oito Escolas”.
Outra questão a ser destacada é a
2) Diferente de D&D, não teremos
maneira como adaptamos as Escolas
classes e “níveis”. O Camaleão é um
de Magia. Além de catalogar as ma-
sistema mais aberto, que usa um
“pool” de pontos universal (como gias, elas têm finalidades diversas.
3DeT, GURPS e afins). Primeiramente, elas são tratadas
agora como “focos”, são graduadas
3) Apesar dessa diferença, envol-
(com 1 ponto por nível), e represen-
vendo o “pool” de pontos, as magias
tam o treinamento e/ou conheci-
ainda terão nove círculos. Os três ti-
mento do personagem naquele tipo
pos de habilidade de conjuração po-
de Escola em específico (inclusive, por
dem ser adquiridos como uma quali-
conta disto, o personagem NÃO PRE-
dade. As três qualidades são: Conjura-
CISA ser conjurador para se graduar
ção Minguante (até 4 círculos), Conjura-
ção Crescente (até 6 círculos) ou Conju- em uma Escola de Magia).
ração Absoluta (até 9 círculos).
4) Essas qualidades terão diferentes
custos e poderão ser melhoradas gas-
tando mais pontos para aumentar seu
poder. Ao invés de passar de nível
(como no D&D), o personagem terá
acesso a mais círculos de magia, em
troca dos pontos gastos (que foram
adquiridos durante a campanha).
5) Sempre que aumentar o nível de
uma das três (Minguante, Crescente ou
Absoluta), pode-se adquirir novos feiti-
ços equivalentes ao nível da qualidade
que acabou de adquirir (sem gastar
pontos adicionais). Ao gastar pontos
para aumentar a qualidade Conjura-
ção Absoluta de nível 7 para nível 8,

6
Outro ponto importante a esse res-
peito no Camaleão GRIMÓRIO, é que
as graduações nelas (como focos), são
REQUISITOS para que se possa apren-
der e/ou executar aquele feitiço de
acordo com o círculo dela.
Por exemplo: A magia ALIADO EX-
TRAPLANAR é uma magia de Invoca-
ção de 6° Círculo. Portanto, seu requi-
sito mínimo é que o conjurador tenha
6 graduações em Invocação.

FLEXIBILIDADE NA
CRIAÇÃO DE
CONJURADORES
Apesar de ser suspeito para falar, re-
almente acredito que o maior mérito
desta adaptação é ser muito mais ver-
sátil que D&D e seus similares.
Digo isso pois, graças a estas mecâ-
nicas, fazer um simples feiticeiro seria
tão fácil quanto criar um arqueiro con-
jurador ou um bárbaro ilusionista.
Tudo isso dispensando o conceito de
Multiclasse e até das antigas Classes
de Prestígio (ou de regras análogas).
Como o Sistema Camaleão traz um
método distinto para criação dos per-
sonagens, os jogadores estarão muito
mais livres para usar e abusar de sua
criatividade, sem a necessidade de
prender-se a níveis e classes para
manter o jogo balanceado.
Afinal, cada ponto recebido após
uma aventura pode ser gasto, literal-
mente, com qualquer coisa.
É uma missão longa e árdua e nós
mal começamos, mas estamos dando
duro para chega lá. Cruzem os dedos
e aguardem mais fofocas da nossa la-
gartixa linguaruda.
— Bruno Torres
7
O selo “Camarada JOGOS” está criando
jogos GRATUITOS. A presente revista
também faz parte desse projeto!!

Para que possamos criar mais materiais e


para melhorar nossos projetos, você pode
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Alguns dos nossos projetos:

• Revista LAGARTO RPGista;


• CAMALEÃO (sistema versátil de RPG);
• Moinho Vermelho RPG (low fantasy);
• CH: Contando Histórias (sistema minimalista);
• IMPERIUS Boardgame (jogo de estratégia);
• Entre Outros.

Qualquer doação (ou assinatura mensal) nos ajuda a fa-


zer mais e a manter nossos projetos vivos e GRATUITOS!

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RPGs, Boardgames e Cardgames
no mercado local
e internacional

O camaleão, por acaso, tem um


primo poderoso: Um calango
metido a dragão que propaga
notícias sobre jogos lá em suas torres!

Torres do Dragão” é uma loja de Pernambuco especializada em


RPG e outros jogos de mesa. Somando-se ao Lagarto RPGista, a
loja vem à nossa revista trazer novidades do mercado de RPG naci-
onal e internacional. E, claro, falando também das novidades da
LOJA Torres do Calango, digo, do Dragão!

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O.G.L. PARA TODOS DOMINAR
( E QUE PEGOU MAL PRA C@R# . . . )
“Vazou” por aí que a OGL 1.0 do usando o selo “D20System” na capa
D&D vai ser revogada e será substi- dos livros, ou poderia até mesmo
tuída pela OGL 1.1. E o que isso mu- publicar jogos integrais, que podem
daria no mercado do RPG? ser jogados sem nenhum livro bá-
sico do D&D (mas neste caso você
NÃO SABE O QUE É A não pode usar o selo D20System).
OGL?! A GENTE EXPLICA Nestes últimos casos, se enqua-
dram Tormenta RPG e Tormenta 20,
Resumidamente, na 3ª Edição de
o Old Dragon 1ª edição, o Pathfinder
D&D, a Wizards of the Coast (Magos
1ª e 2ª Edição, World of Warcraft
da Costa, para os íntimos) criou uma
RPG 2ª Edição, etc.
“Licença de Jogo Aberto” que permi-
Bastava que o livro tivesse por es-
tia que outras pessoas e editoras
crito a Open Game License (OGL) no
publicassem materiais compatíveis
começo ou final de suas páginas, e
ou derivados do D&D 3.5.
aí você poderia publicar um jogo de-
Isso significa que, você poderia pu-
rivado do D&D sem entraves.
blicar suplementos de D&D 3.5

11
Mas tudo isso poderia mudar de editoras minúsculas (ou até sem
acordo com a nova OGL vazada. editoras) com os termos da OGL 1.1,
a WotC passa a ter direitos (ainda
“VAZAMENTO”? que não-exclusivos) sobre sua obra.
Devemos ter clareza que as infor- E a OGL 1.0 passa a não ser mais
mações sobre a OGL 1.1 não foram passível de ser utilizada.
oficiais, mas sim “vazamentos” (sem Tecnicamente, qualquer OGL de
conformação e sem credibilidade). 2024 para frente agora pode ter
Mas é comum o meio corporativo parte de seu conteúdo “apropriado”
vazar esse tipo de coisa, para son- pela WotC. Por sua vez, ela pode pe-
dar a opinião pública e testar limites gar conteúdo de um OGL brasileiro
do que o mercado editorial e os con- e publicar (eles mesmos) em outros
sumidores aceitam. países sem obrigação de pagar um
A OGL 1.0 foi usada por uma gama centavo aos autores.
de autores independentes, editoras Em um exemplo hipotético: Se o
pequenas e até por editoras de mé- Old Dragon 1ª Edição fosse publi-
dio e grande porte (como a Jambô cado em 2024, a WotC poderia pu-
no Brasil ou a Paizo nos EUA). blicar o Old Dragon nos EUA sem fa-
Mas a OGL 1.1 postula que todos zer nenhum repasse à Editora BURÓ
os termos da 1.0 serão REVOGADOS e aos autores.
até o fim de 2023. O que significa Qualquer produto OGL de 2024
que, se esses autores e editoras qui- pra frente (de editoras grandes ou
serem continuar vendendo e produ- pequenas) são afetadas, mas ela é
zindo materiais OGL a partir de ainda mais perigosa para os peque-
2024, estarão aceitando os novos nos autores e pequenas editoras.
termos, que podem envolver desde E, em tese, isso não será conside-
a apropriação intelectual (que afeta rado “roubo” nem violação de propri-
sobretudo os “pequenos”) quanto edade intelectual, pois ao usar a li-
pagamento de royalties de 25% de fa- cença, consideram que você estaria
turamento para os “grandes”. consentindo com os termos dela.

O QUE MUDA? 25% EM ROYALTIES?

De uma forma “universal”, todos Além do perigo imenso em termos


os produtores de conteúdo, que fa- de Propriedade Intelectual, que recai
zem materiais com mecânicas deri- com mais peso nos pequenos pro-
vadas do D&D ou na OGL 1.0, esta- dutores, as grandes editoras tam-
rão submetidos aos novos termos bém são afetadas financeiramente.
de direito do uso da obra. Criadores de produtos licenciados
Se você publicar um livro, mesmo (isso é, que escolheram voluntaria-
que de forma independente, com mente a OGL na sua obra) que fatu-
rem menos de 750 mil dólares por

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ano, não serão impactados por essa rou 1 milhão de dólares com produ-
medida. Todavia, editoras ou auto- tos OGL dentro de um ano... com lu-
res que faturem mais de 750 mil dó- cro baixo, sem lucro e até com dívidas
lares anuais (apenas com seus pro- e em total prejuízo, você ainda vai es-
dutores OGL), terão de pagar royal- tar devendo... Se o faturamento
ties de 25% do faturamento adicio- passar 750 mil dólares, os Magos da
nal. Exemplo: Se você faturou 750 Costa vão mandar alguns agiotas
mil no ano, você não paga nada, bater na sua porta...
mas se faturou 900 mil dólares, es-
COMO ISSO AFETA
ses 150 mil a mais fará você pagar
U$ 37.500 (que é 25% de 150 mil). O MERCADO?
Os royalties não incidem sobre o
Em geral, dos pequenos aos gran-
faturamento total, mas apenas so-
des, os produtores de RPG reagiram
bre o faturamento que ultrapassa
muito mal ao vazamento. Afinal,
este teto estipulado.
desde meados dos anos 2000, a
O pulo do gato, todavia, é que esta- OGL “atraiu à sua teia” uma enormi-
mos falando aqui de faturamento e dade de autores e editoras que cria-
não do lucro. Isso significa que, ram novos conteúdos.
mesmo que você tenha obtido um
No final, depois de anos, essa de-
lucro irrisório ou até que tenha fi-
pendência que as próprias editoras
cado em prejuízo (sem lucro ne-
construíram em torno da OGL virou
nhum por conta de imprevistos),
uma verdadeira armadilha...
ainda assim, você vai continuar de-
Editoras como a Kobold Press do
vendo para a WotC.
Tome of Beasts e a Paizo de Pathfin-
Se, por exemplo, você obteve o
der (EUA) e a Jambô de Tormenta
equivalente a 800 mil dólares num
(Brasil), provavelmente serão afeta-
Financiamento Coletivo, ou se fatu-
das pela taxa de royalties, e se veem

13
no desafio de driblar isso até 2024. D&D como o sistema dominante na
Outras editoras tiveram um timing fase do 3.5, que é a amplitude e o
perfeito, como a BURÓ, editora bra- incentivo à criação da OGL 1.0.
sileira de Old Dragon. Ela fez um Fi- A OGL 1.1 pode até não promover
nanciamento Coletivo da 2ª edição do o mesmo nível de fiasco comercial
jogo se livrando da OGL (que havia que houve no D&D 4ª edição, mas
na 1ª edição) e promovendo uma li- pode frear o crescimento da WotC,
cença CC By (Creative Commons) re- e fazer milhões de consumidores,
almente irrevogável, que permite produtores e editoras do mundo
outros autores usarem o Old Dra- todo correrem deles.
gon como base de seus jogos sem Afinal, qual autor independente
precisar pagar royalties ou perder quer produzir um jogo para ter o
propriedade intelectual. risco de ter sua propriedade intelec-
Como reação à notícia, a Kobold tual usada por uma gigante do mer-
Press disse que mudará o sistema cado que não vai te pagar um cen-
de seus livros (que era D&D 5), para tavo pelo seu trabalho criativo?
o sistema Basic Fantasy. A Paizo E que editora vai querer produzir
(Pathfinder) disse que iria lançar a algo que, mesmo possivelmente
ORC License (ou Open RPG Creative tendo prejuízo financeiro, terá de
License). A Jambô (Brasil) apenas pagar royalties do faturamento?
disse que iria “consultar o setor jurí-
dico da editora” e está estudando VOLTARAM ATRÁS?
possibilidades. Essa nova OGL pegou muito mal
DEU RUIM PRO D&D? com autores, editoras e jogadores
de RPG em toda internet.
O nome OneD&D realmente com- A parcimônia da Wizards após o
bina muito com a ganância irrefreá- vazamento corroborou para a tese
vel do One Ring e foi uma escolha de que o documento é verdadeiro.
apropriada para a 6ª edição (ou 5.5). Milhares de assinantes da plata-
É possível que a WotC saia into- forma D&D Beyond cancelaram
cada das críticas e, como seus exe- suas assinaturas e eles se viram
cutivos desejam, seus lucros au- “obrigados” a derrubar o próprio
mentem exponencialmente? Difícil. site para reformá-lo, escondendo o
Além da OGL eles estão apos- botão de cancelamento.
tando muitas fichas na publicidade Depois disso, a Wizards se pro-
que o filme de D&D pode promover. nunciou afirmando que não haverá
Mas eles podem estar dando passos nenhuma OGL 1.1... Agora estão fa-
maiores que a perna, matando sem lando é de uma futura OGL 2.0 que
perceber aquilo que justamente aju- teriam outros termos. Mas como
dou a consolidar o confiar nos Magos da Costa?

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0

Para compras online ou para entrar em contato:

+55 (81) 9 9763-3141

Loja de RPG e tabuleria Endereço da Loja Física:


Rua Noventa e Seis, N° 227
Maranguape I, Paulista (PERNAMBUCO),
15
53441-460
↓ Matéria Bônus ↓

UM ATAQUE DE OPORTUNIDADE,
(DIGO, RESUMO) DO EDUARDO LUIZ PINTO
SOBRE OS VAZAMENTOS DA WotC
Funcionários da WotC vazaram uma enxurrada
de informações sobre os rumos de D&D.
Aqui está um resumo geral das informações.

É sabido que há vários RPGistas ou- para “A era digital”. Ele previu que o
sados que trabalham na WotC e es- maior competidor seria o D&D Be-
tão vazando informação para influ- yond e montou um time para criar
encers na comunidade. Essas pes- um competidor contra eles. Só que
soas arriscam sua carreira e finan- a empresa decidiu comprar o pró-
ças, pois, se forem pegos, podem prio D&D Beyond. Isso irrritou o
esperar por um processo brutal e Cao, porque ele não via utilidade no
demissão. Beyond e queria focar no seu pro-
Recentemente o canal DnD jeto pessoal. Memorandos internos
Shorts, que está no meio disso tudo, falam sobre destruir o Beyond, para
fez um vídeo listando todos os leaks focar no outro projeto.
que eles confirmaram e eu colocarei Os Executivos além de substituir o
um resumo aqui. Beyond, também têm interesse em
enfraquecer o Heroforge, o Roll20, o
SOBRE BEYOND e VTTs Foundry e qualquer site que dispo-
Chris Cao, o VP da WOTC, é o res- nibiliza ao público algum serviço li-
ponsável pela atualização de D&D gado a D&D. Chris Cao e Stutzman
(Diretor de Jogos da WotC) estão

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focados em criar um projeto que
MAIS DETALHES DO VTT
faça tudo que o Beyond faz.
O novo VTT vai tentar possibilitar
NOVO VTT e ADEUS
que grupos joguem sem um narra-
AOS LIVROS FÍSICOS dor, ou que um jogador solitário
possa jogar sem um grupo. O plano
Stutzman tem um background em
é que um jogador compre o mó-
Unreal Engine, logo o novo VTT de
dulo, abra o VTT e jogue.
D&D também usará este motor (ma-
A ideia de lançamentos de livros a
neira similar ao Talespire, inclusive).
cada 4 meses é ultrapassada. O
Portanto, o futuro de D&D é digital.
novo foco são lançamentos mensais
Os executivos estão focados ape-
de conteúdo direto no VTT. Como
nas no digital e o termo Treasure
um Raid Shadow Legend. Além da
Collectables (algo como “tesouros co-
venda de cosméticos (skins) para
lecionáveis”) está sendo usados para
ataques, magias, etc. na AppStore.
referir-se aos livros físicos, já que a
Pessoas que pagarem a mensali-
ideia é que livros sejam apenas para
dade mais cara, cerca de 30 dólares,
colecionadores.
vão ter “drops de conteúdo”.
Chris Cao tem um background em
Vai ser aquele lance: todo mundo
jogos digitais. Trabalhou na Sony e
está vestido como um camponês,
na Zynga, e é esse o destino que ele
mas o jogador com grana tem um
quer dar ao D&D: um futuro de um
personagem que brilha no escuro
jogo online digital. Ele quer colocar
de tantos itens ousados e anima-
os homebrews que existem no Be-
ções customizadas.
yond atrás de uma PayWall, onde
Nota: Recentemente a Wizards
apenas usuários que pagam podem
fez um post no twitter falando que
ter acesso.

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eles não planejam jogos sem Mes-
CYNTHIA WILLIAMS E SEU
tres, mas isso possivelmente é ape-
nas uma reação aos protestos que FUTURO MONETIZADO
aconteceram quando isso vazou ini- A CEO Cynthia Williams simples-
cialmente. mente não fala com a equipe, e
Para se pensar: A ideia do joga- deixa isso para seu segundo em co-
dor ser obrigado a comprar um mó- mando, Chris Cao, que faz o que
dulo é mais assombrosa que pa- bem quer.
rece. Em um grupo de 6 pessoas, to- Cynthia está preocupada com o
dos vão ter que comprar o módulo? fato de que a Hasbro está “perdendo
dinheiro” e a nova estratégia é igno-
MOTIVO REAL
rar todas as marcas da empresa,
DA NOVA OGL que não geram lucros absurdos e fa-
zer a Hasbro manter apenas as mar-
Aparentemente a atual OGL per-
cas ultra lucrativas.
mite que sites como a 5E Tools exis-
tam, e os executivos acham que isso D&D faz hoje 150 milhões por ano
está levando à perda de vendas, e Cynthia quer seguir o exemplo de
Magic (lucrativo pra c#...) e de algum
Outro ponto que deixa os executi-
modo fazer D&D bater lucros anuais
vos com medo é a criação de Apps
de 500 milhões por ano.
para celular de D&D, que é permi-
tido pela OGL. E como a Hasbro só vai focar nas
marcas gigantes, D&D precisaria,
O objetivo deles é mudar a OGL
necessariamente, gerar lucros ab-
para tornar mais fácil processar
surdos. A análise mostra que ven-
VTTs, aplicativos e sites (mesmo que
der livros físicos não gera lucros, e
aleguem que era para “lutar contra o
embora D&D esteja batendo recor-
racismo e preconceitos”).
des de vendas, não é o bastante.
CHRIS CAO NÃO JOGA D&D É preciso criar um sistema de assi-
natura, venda de cosméticos (skins),
Kale Stutzman, o Diretor de Jogos,
Season Pass e outras compras digi-
joga D&D toda sexta. Mas Chris Cao
tais mais ligadas e derivadas dos
que está por trás das mudanças
próprios videogames para gerar lu-
para o digital não joga D&D e, apa-
cros vultuosos e absurdos.
rentemente, em toda reunião ele
aponta que ele entende de jogos e O QUE AS PESSOAS QUE
cita seu histórico trabalhando para VAZARAM INFORMAÇÕES
vários MMOs e jogos mobile.
Outra fonte informa que Cao vê jo-
ACHAM DA WOTC?
gadores de RPG como o mesmo tipo Ninguém faz vazamentos e arrisca
de grupo de jogadores de MMO sua vida financeira à toa. Algumas
para celular, ou “MMO mobile”. frases ditas por quem trabalha lá:

18
“Você pode ver no Glassdoor (site de
avaliações de empregos), uma vez que
você entra aqui é um clubinho fechado
da gerência. A única exceção são os
game designers, mas nós somos explici-
tamente banidos de interagir com os
executivos”.
“Cao é um gerente aterrador, e muitas
das demissões que abalaram Arena (o
site de Magic) são graças a seus ataques
ameaçadores”.
“Eu nunca antes ouvi a gerência se re-
ferir ao consumidor de modo positivo, a
comunicação deles dá a entender que o
consumidor é um obstáculo entre eles e
o dinheiro”.
“A ganância e arrogância dos executi- Acesse o canal de youtube
vos é absurda. Eles honestamente veem
a comunidade de D&D como seu cofri- POR UM PUNHADO
nho particular e querem impedir que ou-
tras empresas tenham qualquer mínimo DE DADOS
acesso [a esse cofre]”.
“Cao verbalmente atacou muitas pes-
soas na empresa. Até onde sei, quase to-
das as pessoas que ele atacou saíram da
NEM TUDO É
empresa, já que ficou claro que o RH ou TÃO SINISTRO!
a liderança, não farão nada a respeito”.
“Não é um bom ambiente. Eu tenho Alguns vazamentos mostram que
contato com pessoas em todas as áreas, ainda há algo de “bom“ dentro da
incluindo o time de MTG, D&D Beyond, besta corporativa.
D&D Sandcastle e D&D Studio. Mesmo “Jeremy Crawford é um sujeito amá-
que os executivos digam que se impor- vel, com uma paixão verdadeira para
tam, eles diversas vezes mostraram que o Dungeons & Dragons”.
eles veem pessoas como recursos a se- “Dan Rawson (o VP Senior) é f#da.
rem usados e depois descartados Ele contornou Cao e Stutzman e está
quando perdem utilidade. Funcionários
tentando erguer o D&D Beyond”.
têm grupos secretos no Microsoft Teams,
para discutir informações que não de-
vem chegar nos executivos ou RH. Isso — Luiz Eduardo Pinto,
não é algo que acontece num ambiente criador da “Academia do RPG”
feliz. Pessoas estão sobrecarregadas e e do canal de youtube
são desvalorizadas. [Mas] muitos temem
por seus empregos. Na minha opinião a “Por um Punhado de Dados”
atmosfera não é feliz”.
19
notícias de
jogos-solo

A lagartixinha de parede, em
sua sina solitária, acha meios
de se entreter sozinha...
Esta é uma seção organizada por Alon Rúrik, grande colaborador do Ca-
maleão e entusiasta dos jogos de modalidade SOLO. Nesta seção, Alon traz
novidades – e suas próprias impressões – sobre jogos solo e cooperativos (sem
narradores) do mercado nacional e internacional. E, claro, também falará de
títulos FANMADE que vão além do próprio mercado de jogos.

20
D.A.D.O.S.: DESTINOS
ALEATÓRIOS DE ORDEM SUPERIOR!
Desde que entrei no mundo do
RPG desenvolvi a vontade de jogar
todos os fins de semana e, para re-
alizar meu desejo, fui em busca de
campanhas longas.
Todavia, sempre rolavam uns em-
pecilhos, frustrações e até abando-
nos de mesa por motivos A ou B.
E, apesar dos preconceitos que a
comunidade tem para com jogos
solo, vai dizer que não é mais prá-
tico jogar sozinho?!

Problema 1: O MESTRE
Uma das premissas básicas de
nosso querido hobby é a presença
de um narrador para interpretar os
Personagens Não Jogáveis (mais co-
nhecidos como NPCs), suas reações
e motivações, além de descrever
todo o restante do cenário. DE DELFOS À SUA MESA
Tudo para tornar o mundo mais
rico e vivo, fazendo os jogadores Lembram-se de suas aulas de his-
imergirem profundamente na tória da 5ª série, quando o(a) profes-
trama do jogo. Por outro lado, em sor(a) falava da Grécia Antiga e de
jogos solo essa prerrogativa (ter um um tal de Oráculo de Delfos?!
mestre) pode ser substituída pelos Pessoas viajavam para a cidade de
Oráculos (o que, para mim, é até Delfos em busca de revelações so-
mais divertido e útil). bre seu destino, vaticinadas pelo
Na primeira edição desta revista, Oráculo de Apolo que lá vivia. Sacer-
fiz uma pequena introdução sobre dotes intermediavam o vai e vem
jogos Solo. Agora desenvolveremos das perguntas e respostas entre o
melhor esse papo. oráculo e o infeliz que perguntava

21
(afinal, ninguém que soube seu fu- Eu costumo escolher por Par para
turo se deu bem, pelo menos não “Sim” e Ímpar para “Não”.
nos mitos gregos). • O NPC tem cara de durão? → d6=3: NÃO
Aqui a Lógica é bem parecida. Po- • Parece querer cooperar? → d6=4: SIM
rém, você não perguntará aos deu- • Eu tenho uma pasta com informações re-
ses sobre quando e como você vai levantes ao caso? → d6=6: SIM
morrer (não que não se possa ten-
– E então, Al Addin, vejo que nossos ra-
tar, mas aí já foge um pouco do pazes já deram um trato em você. Se eu
nosso assunto). Ao invés disso, Orá- quiser ter uma conversa civilizada, você
culos em RPGs respondem toda e responderá minhas perguntas? → D6=2:
qualquer pergunta que o jogador SIM
faça (de preferência sobre algo me- – Temos informações confiáveis de
nos fúnebre). que seu grupo se esconde nos arredores
Estes questionamentos normal- da região mostrada nesse mapa. Você
mente são de SIM ou NÃO, sobre pode confirmar estas informações e me
qualquer coisa em cena. Elas confir- apontar onde exatamente vocês se es-
mam ou negam a presença de ele- condem? → D6=2: SIM
mentos no ambiente, descrições de E assim sucessivamente. E olha
coisas e pessoas, estamos de humor que esta é a forma mais básica de
e personalidades e até respostas e utilizar um Oráculo, hein.
reações em conversas com NPCs.
Deixar que os dados decidam al- QUAL O LIMITE?
gumas coisas sobre sua “contação
Por se tratar de uma ferramenta
de história” trará o fator ALEATORI-
que permite ter respostas apenas
EDADE à toda sua experiência, tor-
entre duas opções, o método ante-
nando-a sempre inédita e única.
rior pode parecer simplório demais,
COMO FUNCIONA? mas não se engane! Só com isso já é
possível montar uma cena inteira e
Imagine que você é um investiga- estudar os seus detalhes o quão mi-
dor do FBI que está interrogando nuciosamente seu usuário desejar.
um terrorista capturado, em busca Para aqueles que anseiam por
de informações sobre os alvos, es- uma lista de alternativas mais com-
conderijos, aliados, etc. Faça per- pletas, tratarei disso numa outra
guntas que podem ser respondidas oportunidade.
com Sim ou Não, Norte, Sul, Leste ou
Oeste, etc. usando qualquer dado (do EXISTEM OUTROS
d4 ao d20). Determine quais núme- TIPOS DE ORÁCULOS?
ros estarão vinculados a cada res-
posta e pronto, você acabou de criar Após o dado, que é o mais conhe-
seu próprio Oráculo. Fácil não?! cido, a comunidade brasileira já fez
oráculos a partir do Baralho. Estes

22
contendo descrições, cores, núme-
ros e diversas outras informações
em suas cartas. Quem saca pode
tanto tirar dúvidas simples, quanto
interpretar o que estiver escrito de
modo a dar mais vida à cena.
Contanto que que se tenha meios
para tirar dúvidas, até mesmo uma
moeda já serve. Isto é, desde que o
resultado não seja, de forma al-
guma, influenciado por você, ape-
nas pelo objeto usado como Orá-
culo (dado, baralho, moeda).

USOS ALÉM DO SOLO


Oráculos são muito mais que me-
ras ferramentas para suprir a au-
sência de outras pessoas em jogos
Solo. Eles também podem ser usa-
dos em mesas regulares, caso o
Narrador precise (ou deseje) salpi-
car um pouco de aleatoriedade e
obter resultados imprevistos até
mesmo para ele.
Quando se está numa bifurcação,
num dilema moral, ou simples-
mente caso não queria tomar as ré-
deas do jogo naquele momento... se
o “terrível estripador do pântano”
está acordado e faminto; se o infor-
mante misterioso é realmente um
aliado ou um agente duplo traidor...
utilize o Oráculo e dê mais vida à sua
mesa. Permita que Destinos Aleató-
rios De Ordem Superior (D.A.D.O.S.)
decidam por você.
Bons jogos e boas rolagens ;)

— Alon Rúrik,
jogador, preguiçoso e
mestre quando dá vontade

23
101 GAMES CAMPEÃ!
EDITORA INDEPENDENTE VENCE DA GALÁPAGOS!
ELEIÇÃO DO
BOARDBRAZUCA
Durante este mês, a página de ins-
tagram @BoardBrazuca iniciou uma
votação aberta ao público, intitu-
lada “Copa das Editoras”.
Nesta votação eles perguntaram
qual era a editora mais querida. No-
mes como Galápagos, Devir, New
Order e outras gigantes do mercado
editorial estavam no páreo. (grupo sem mestre) e Com Narrador
Foi uma acirrada disputa e, por (o típico jogo de RPG com mestre).
fim, a 101 GAMES saiu vencedora! A política padrão da 101 GAMES é
que cada título lançado por eles
OBRA DA 101GAMES possa ser jogado em todas as três
modalidades acima citadas.
Formada por apenas duas pes-
soas, Jefferson Pimentel e Bruno FOR THE QUEST:
Sattler, eles levaram a 101 GAMES a
um nível nacional e, recentemente,
O BOARDGAME
internacional, fechando parcerias O For The Quest, além de ser o
com editoras estrangeiras para tra- mais recente lançamento deles, é o
duzir seus jogos a outros idiomas! primeiro boardgame do Pimentel e
Com um trabalho mais que com- Sathler. E foi este jogo que qualifi-
petente, os dois já lançaram os títu- cou a 101 GAMES a participar da
los “Vampiro: Sozinho na Escuri- “Copa das Editoras” já que a votação
dão”, “Aventuras na Era Hiboriana”, se tratava apenas das editoras vol-
“A Herança de Chtulhu” dentre ou- tadas aos boardgames.
tros, sendo estes títulos de RPG com O FTQ foi lançado por meio de Fi-
sistemas focados em Solo (você jo- nanciamento Coletivo no Catarse e
gando consigo mesmo), Cooperativo suas regras e demais peças já foram

24
disponibilizadas aos apoiantes (caso lidades: Solo, Coop. e “Narrador”
queiram imprimir e experimentar o (que não é exatamente com um nar-
jogo desde já), onde o público rador, já que se trata de um board-
aguarda apenas a chegada da caixa. game e não um RPG).
O Financiamento Coletivo bateu
NOSSOS PARABÉNS A
todas as metas extras e atingiu mais
de 400 mil reais. Um feito inédito BRUNO & JEFFERSON!
para autores independentes e para
Finalizamos com uma menção
um boardgame totalmente criado e
honrosa a 101 GAMES que, em
produzido por brasileiros.
pouco tempo, já mostrou a que
SEGUINDO A TRADIÇÃO veio. Esperamos que outros autores
ganhem relevância com este exem-
DA 101 GAMES
plo e que mais autores independen-
Tal como nos jogos de RPG que tes sejam citados aqui na revista.
eles já lançaram anteriormente, o Vida Longa às Produções Nacionais!
For The Quest também foi proje- E vida Longa ao RPG aos Boardga-
tado para ser jogado nas três moda- mes do Brasil!

Com direito a Meme...

25
Bruno Sathler & Jefferson Pimentel

Os nomes por traz da 101 Games,


uma editora independente focada
em RPGs simples com modalidades
“Solo” e “Cooperativo”

ACESSE:

101GAMES.com.br
26
Quer transformar seu PDF em um livro físico como
uma “brochura simples”? Faça um orçamento fa-
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27
filmes, séries, livros,
jogos eletrônicos e outros

Quem disse que o LAGARTO


não comenta de tudo?!
Vamos conversar aqui um pouco sobre as obras que estão mais ba-
dalados no momento, ou falemos também de obras antigas que são
boas para ler/assistir/jogar em qualquer época de nossas vidas!

28
ADAPTAÇÕES E FIDELIDADES:
UMA QUESTÃO “POLÊMICA”
NAS OBRAS DE FANTASIA

Anéis de Poder e SANDMAN: séries alvos de polê-


mica pela “mudança” de fenótipo de personagens

Este é um tema bastante “espinhoso” Minha opinião é um pouco particu-


(para dizer o mínimo). Quando anun- lar, e destoa de ambos os públicos, in-
ciaram as séries “Anéis do Poder” clusive no fato de que eles abordam
(Amazon) e também “Sandman” (Net- unilateralmente as adaptações das
flix), a internet entrou em polvorosa obras de Gaiman e Tolkien como se
por razões distintas. fossem a mesma coisa... Não são!
Parte do público mais alinhado ao Um lado adula unilateralmente es-
assim chamado “progressismo”, “so- sas adaptações, e outro ataca unilate-
cial-liberalismo”, etc., realizou muitas ralmente.
adulações à Amazon e à Netflix. Já os Não é uma questão de pagar de
mais conservadores e “preciosistas” “isento”, mas parece que ambos os la-
proferiram todo tipo incômodo, críti- dos dessas correntes de opinião estão
cas e às vezes até mesmo ataques! fadados à superficialidade.

29
UM ADENDO INICIAL Ambos os raciocínios são bem su-
perficiais e ferem a essência das pró-
É importante ressaltar que os pres- prias obras.
supostos do que eu estou comen- Em primeiro lugar: o Mito criado
tando, possui uma certa concepção de por Neil Gaiman parte do pressuposto
ver as adaptações artísticas. que os perpétuos (inclusive a Morte)
Você não é obrigado a assumir os pertencem simultaneamente a todas
mesmos pressupostos que eu as- as etnias do mundo e do universo. Ela
sumo. Porém, independentemente é branca, negra e possui outros “fenó-
disso, eu estou fazendo uma crítica a tipos raciais” simultaneamente!
essas “correntes de opinião” com uma Em segundo lugar: o Mito criado
fundamentação mínima. Não estou por Tolkien não diz respeito sobre a
emitindo opiniões breves como um existência física ou não de uma figura
palpiteiro numa seção de comentários mitológica (“ah, negros existem, mas el-
de um fórum político da internet... fos não existem!), pela mesma razão
Outro adendo que eu faço é: Eu te- que Ciclopes gregos não existem, mas
nho o velho hábito de não assistir coi- ninguém os concebe com um fenótipo
sas que estão em um hype absurdo, e de indígena ou japonês.
tendo a assistir essas obras depois de A questão da fidelidade, em adapta-
um tempo mínimo de “distância” (até ções, para mim, é muito mais uma
para que minhas impressões não se- questão de fidelidade a certos ele-
jam contaminadas por um mero entu- mentos chaves da obra. A cosmovisão
siasmo). E com isso quero dizer que eu de um determinado Mito sendo o
ainda não assisti as adaptações men- “principal” do que deve ser mantido.
cionadas (Sandman e Anéis de Poder)
e, portanto, não estou fazendo uma NEM TODA OBRA DE
crítica às séries, nem muito menos FANTASIA É UM MITO
uma crítica ao trabalho dos atores. O
foco deste texto é unicamente sobre Também é bom ressaltar que não
meu entendimento de FIDELIDADE estamos falando de obras de fantasia
em adaptações de outras mídias. genéricas. Não estamos tratando aqui
de uma adaptação cômica de uma
A COSMOVISÃO DA aventura de D&D.
O mérito de obras como Senhor dos
PRÓPRIA OBRA Anéis e Sandman, é que elas não são
meramente histórias “fantásticas”.
O que costumeiramente aparece em
São muito mais do que isto: Elas pos-
ambos os lados desse embate, são co-
suem o corpo de um “Mito”, tal qual as
mentários como “Ah, mas elfos não
Lendas do Rei Arthur, os poemas Ho-
existem. Negros sim!”, ou, do outro
méricos da Grécia Antiga e entre ou-
lado, “Nossa, a Morte irmã do Sandman
tras obras “mitológicas”.
que era branca agora ficou negra? Isso
não é fiel às HQs”. Mito, aqui, não é um sinônimo de
“mentira”, de “inverdade”. Não se trata

30
de dizer que “algo não é verdade, é só
um mito”. O termo Mito pouco diz res-
peito a veracidade ou não de elemen-
tos contados naquela história.
Mitos guardam “verdades” implíci-
tas, lições, transmitem valores e assu-
midamente visam difundir uma visão
de mundo ou uma “cosmovisão”. É por
isso que Sandman e Senhor dos Anéis
carregam uma estrutura de um Mito,
mas uma HQ e um filme de Dungeons
& Dragons, não.
E por isso nem toda obra fantástica
deve ser tratada da mesma maneira.

MITOS COSMOPOLITAS
E ETNOCÊNTRICOS
Tipicamente os mitos gregos, ger-
mânicos/nórdicos, celtas, indígenas, Até existem humanos não-brancos
zulus, judaicos, etc. carregam um no mundo da Terramédia, mas eles
componente “etnocêntrico” vultuoso. estão em espaços do mundo pratica-
Aquele mito é sobre o seu povo ou mente não explorados e não trabalha-
SEUS POVOS. Não sobre “toda a huma- dos pelo autor. Tolkien o faz (ou deixa
nidade”. O “mundo” do mito geral- de fazer) por razões análogas aos poe-
mente é apenas o mundo de um pu- mas homéricos, que falam pouquís-
nhado de povos que compartilha uma simo de outros povos de fora daquela
maneira de ver o mundo. região (ainda que os gregos soubes-
Querendo ou não, a obra tolkieni- sem da existência deles).
ana, ainda que criada no século XX, é O Mito de Neil Gaiman, por outro
um mito “etnocêntrico” nestes termos lado, figura um outro tipo de obra. Ele
“tradicionais”. tem muitas estruturas narrativas con-
Ele concebia a Terramédia como um vencionais de um Mito, mas é assen-
Mito flagrantemente europeu, e cen- tado em bases cosmopolitas. Gaiman,
trado na própria Inglaterra (formado diferente de Tolkien, nunca se preten-
por aquelas misturas de anglos, sa- deu a ser criador de um “Mito Europeu”
xões, celtas, nórdicos daneses, etc.). nem de um “Mito do Povo Inglês”.
Elfos, orcs, anões e demais raças, são É, talvez a primeira tentativa bem su-
referências diretas ao folclore destes cedida – e com qualidade devida – de
povos. Quando ele sai desse escopo, o um mito transversal a todos os povos.
“mais longe” que ele chega é ir aos ro- Gaiman consegue encaixar organi-
manos como uma referência distante camente várias cosmovisões, de
à glória e poder da ilha de Numenor.

31
distintos povos, e “subordiná-las” ao keniano: Seu aspecto “etnocêntrico”.
mito central dos Sete Perpétuos. Porém, mudar o fenótipo da Morte
Tudo isso guardando a devida fideli- é algo que converge e APROFUNDA
dade às representações que ele faz a fidelidade de Sandman, porque
dos vários deuses e entidades de dife- deixa ainda mais claro o aspecto cos-
rentes panteões (egípcios, gregos, mopolita do seu Mito.
nórdico-germânicos, e até dos feéri- Enquanto vi com maus olhos o
cos comuns ao folclore celta). elenco do filme “O último dobrador de
Ar”, eu autenticamente me empolgo
O TIPO DE FIDELIDADE ao ver notícias sobre o elenco da série
QUE BUSCAMOS de Avatar na Netflix. E, pela mesma ra-
zão, acho deprimente a escolha de
É por isso que eu tendo a ver com
elenco dos live actions de Fullmetal Al-
“desconfiança” notícias sobre “mu-
chemist – já que, afinal, perderam a
danças étnicas” em certas obras clás-
oportunidade de fazer um Edward ale-
sicas de fantasia (como em Senhor
mão, ishbalianos com atores árabes e
dos Anéis). Ao mesmo tempo em que
personagens de Xing interpretados
vejo com bons olhos a mudança do fe-
por atores asiáticos.
nótipo de uma personagem branca
para negra em outras obras (como em Claro que tudo isso também é – em
Sandman, com “Morte”). alguma medida – uma questão afe-
tada pela nossa “preferência”. Mas
E é por isso, que consigo manter mi-
nem os conservadores “críticos” pare-
nha “coerência” de simpatizar com
cem ter algum tipo de razoabilidade
uma mudança, mas não tanto com
quando temos oportunidade genuína
outras. Por que tudo depende da
de ter um elenco de atores mais “di-
obra, da cosmovisão passada por ela
verso” (como em Sandman), nem os
e, sobretudo, do TIPO de fidelidade
“progressistas” parecem entender a
que estamos buscando.
questão (como em Tolkien).
Fazer uma “mistura étnico-racial”
Enfim... esses são meus dois dedos
cosmética em um povo da Terramé-
de “pitaco” nessa “polêmica”.
dia transfigura um dos elementos que
são a assinatura e “DNA” do Mito Tol- — Bruno Torres

32
QUER ANUNCIAR
ALGO AQUI?
Você pode anunciar na Revista
LAGARTO RPGista o seu jogo,
site, loja, etc. Entre em contato
para mais informações.

CANAIS DE CONTATO:
• Grupo Telegram: t.me/GrupoCamaradaJogos

• DISCORD: https://discord.gg/47WrGvzQDX

• IG: instagram.com/CamaradaJOGOS

33
Matéria “Multissistema”
(para qualquer sistema de RPG)

TRABALHANDO COM

Dragões
34
Aprendendo a “usar”
Dragões
EM SUA NARRATIVA
Sei que não estou sozinho quando ros, ou melhor, os caçadores de pri-
digo que não há criatura mais fasci- meira viagem que este artigo foi es-
nante (e mitologicamente universal) crito. E a primeira dica da lista é: de-
que os dragões. A maioria esmagadora fina o que é um dragão!
dos povos possui alguma lenda envol-
vendo a imagem arquetípica já tão co- O Que são dragões?
nhecida: traços reptilianos ameaça-
dores ou exuberantes, capacidade de A imagem mais clássica que temos
voar, nadar ou rastejar-se, ser um ini- de um dragão é uma criatura reptili-
migo feroz ou um aliado poderoso e ana de 4 patas, par de asas, cauda, es-
guardar um grande tesouro em ouro e camas e capaz de soltar fogo pela boca.
joias, ou em conhecimentos e magia. O que não quer dizer que seja a única.
Em algumas tramas, o dragão tem o
E, como a importância de tal cria-
formato que conhecemos como serpe
tura não ficou apenas na mitologia, é
(ou wyvern), com as patas dianteiras
fácil encontrar sua influência na lite-
também sendo as asas e servindo
ratura, música, pintura, mídia audio-
tanto para voar, quanto para cami-
visual (cinema, TV, desenhos, séries,
nhar. E em outras, pode ter as asas de
jogos, etc.) e outras. Logo, com tantas
morcego trocadas por asas de fadas e
referências boas e ruins nos ensi-
pode ser chamado de “dragonete”. E
nando o que se deve ou não fazer,
no caso dos aquáticos, não ter asas.
criar uma narrativa com dragões aca
Sendo que não podemos esquecer que
ba tornando-se uma baita responsabi-
dragões orientais não têm asas, mas
lidade ao produtor.
flutuam e serpenteiam pelo ar com
É no intuito de ajudar os marinhei- autonomia e elegância.

Como não querer narrar um encontro desses? 35


Você pode dizer que
as variações são espé-
cies “menos evoluídas”
ou “tentativas falhas de
experiência”, da
mesma forma que
também pode alegar
que todos são dragões.
O que não quer dizer
que não possa tirar um
tempo para reflexão.
A segunda dica: Defi-
nir o que um dragão é
capaz de fazer.
Há muitas coisas que
um dragão é capaz.
Desde características
“passivas” (que funcio-
nam o tempo todo),
como a dureza de suas
escamas, até coisas que
ele precise “ativar”
Waldemar é chato pra c******!!!
para ocorrem, como o
famoso sopro flamejante.
opositores e um mínimo de inteligên-

CARACTERÍSTICAS cia os humanos já dominaram esse


planeta, imagina um dragão com as
As capacidades de um dragão po- mesmas capacidades...
dem ser mensuradas pelas seguintes • Fala: Seus dragões falam? Em qual
características: idioma? Eles são articulados? Podem
• Alimentação: O que come? Quanto ser compreendidos?
come? Coloca em risco um habitat du- • Força, Velocidade, Inteligência e
rante a fase de crescimento ou gesta- Capacidade de ser Domesticado: Quais
ção? são seus limites? Esses traços variam
• Dejetos e Decomposição: Os dejetos entre espécies?
valem alguma coisa? Um dragão com • Inteligência: Os dragões de sua
pele capaz de suportar uma saraivada narrativa se comportam como bestas
de flechas leva quanto tempo para se selvagens sem controle? São parte da
decompor? fauna tal como qualquer animal? Eles
• Destreza: O que ele é capaz de fa- possuem um “macho alfa” que co-

36
zer com suas patas? Se com polegares manda o bando em ataques coorde-
nados? Ou possuem extraordinária • Reprodução: Sexuada ou assexu-
inteligência e sabedoria? ada?
• Magias: É capaz de fazer? Faz de • Resistência: Quanto tempo pode fi-
forma instintiva ou racional? Tem al- car sem comer, beber e dormir? E qual
gum custo ou não possuem limites? é o seu limite para ataques físicos?
• Metamorfose: Em algumas narrati- Que doenças pode contrair e como o
vas, dragões podem se transformar afetam? Temperaturas altas ou baixas
em seres humanoides por habilidades lhe prejudicam? A magia lhe afeta
naturais ou magia. Em sua obra, os mais do que quando aplicada em ou-
dragões também podem fazer isso? tros animais ou é mais forte contra
Quanto tempo demora? É doloroso? ela?
Pode ser feito para mais de uma • Sono: Precisa? Por quanto tempo?
forma? O dragão transformado man- Varia conforme seu tempo de vida?
tém a sua força, inteligência, resistên- • Tamanho e Peso: Variam conforme
cia e demais capacidades? o tempo de vida?
• Nascimento: Quantos, em média? • Tempo de vida: Qual o limite?
Eles nascem naturalmente, por invo- Quanto tempo leva para um filhote se
cação ou em laboratório? tornar adulto e qual é o impacto que o
• Ocupação territorial: Quantos vi- tempo de vida lhe traz?
vem por km2.

Tipos de dragões que valem a pena ponderar se existem


em seu mundo. 37
Como podem ver, há muitas coisas
que podem ser avaliadas para uso dos
dragões em sua narrativa. E cada uma
pode render uma trama melhor que a
outra.
Terceira dica: Se os dragões são uma
ameaça e qual o nível desta ameaça.

QUÃO PERIGOSOS
Filme “Reino de Fogo”,
SÃO OS DRAGÕES? onde os dragões são os cau-
sadores do fim do mundo.
O ser humano já teve que lidar com
feras selvagens, doenças, inimigos na caçada aos mesmos.
com armas nunca vistas e animais
Se os dragões mudarem de alvo, o
desconhecidos. Copiar a jornada da
novo reino ameaçado pode fazer um
humanidade para colocar na sua nar-
acordo com o primeiro para extermi-
rativa não é nenhum erro grave.
nar os dragões daquela região.
Se os dragões são bestas selvagens e
Ou você também pode criar tramas
atacam um reino com frequência, este
em que os dragões sejam donos de
reino pode sucumbir ou criar especi-
reinos onde os humanos são escravi-
alistas em defesa contra dragões ou
zados e ninguém luta para acabar com
tal tirania porque as criaturas gover-
nantes sustentam o continente in-
teiro.
E é claro, você também pode fazer
com que os dragões se unam com um
determinado povo para formar uma
classe de cavaleiros de dragão, que vão
arrasar um império...
Última dica a reflexão: Que persona-
gens podem ser criadas apenas pela exis-
tência de dragões.
No livro “O Cavaleiro do

TIPOS DE PERSONAGEM
Dragão”, da Cornelia Funke,
o problema da alimentação
dos dragões é contornado de Pense em um time de futebol, por
forma fácil, mas ainda as- exemplo. Uma equipe possui jogado-
sim, o dragão passa por res que se machucam constante-
dificuldades... mente e que precisam se alimentar,
38
se vestir, treinar em ambientes lim- • Extrator: Retira itens de dragões
pos e seguros e também serem pagos. vivos ou mortos (olhos, escamas, gar-
Por isso, a criação de um time de fu- ras, etc.) para fabricar itens mágicos;
tebol gera vários cargos que vão além • Invocador: Para mundos onde dra-
dos que saem nos pôsteres de campe- gões só apareçam se forem conjura-
ões: médicos, nutricionistas, roupeiros, dos;
faxineiros, seguranças, contadores e di- • Matador: Mata dragões;
versos outros cargos são criados graças • Ranger: Cuida dos territórios dos
a existência da equipe. dragões irracionais;
A existência de dragões em seu • Diplomata: Representa os dragões
mundo também deverá acarretar na inteligentes em reuniões de reis pen-
criação de diversos ofícios e tipos de sando em expandir territórios;
personagens, que podem ser mescla- • Ritualista: Só faz magia se sacrifi-
das ou hierarquizadas (com persona- car itens de dragões... ou até filhotes;
gens começando como acadêmicos,
• Servo: Escravo de um dragão forte
virando cuidadores e assim em diante
e inteligente.
até se tornarem mestres, que seriam a
Não é necessário usar todas essas su-
união de todos os ofícios).
gestões juntas e muito menos com es-
Alguns exemplos possíveis:
ses nomes. É possível usar Filhos de
• Acadêmico: O que vive estudando
Bahamut, Cultistas de Tiamat, Adora-
tudo sobre eles;
dores de ShenLong ou qualquer coisa
• Caçador: Caça dragões (mas pode
que faça sentido no cenário. Além
não matar, por algum motivo);
disso, estas “ocupações não precisam
• Cavaleiro: O meu preferido. Usa
ser individuais como num grupo de
dragões como montarias;
RPG padrão. Afinal, caçar dragões
• Clérigo: Serve aos dragões conside- não deve ser um serviço fácil. Não é
rados divinos no mundo e ganha po- difícil imaginar um grupo inteiro for-
deres ou reputação por isso; mando somente de caçadores com di-
• Criador: Para mundos em que os ferentes armas e métodos de atuação.
dragões precisem ser criados em labo- Concluindo, trabalhar com dragões
ratórios. São os que dão vida a um dra- em uma narrativa é algo que a huma-
gão; nidade sempre fez. Ninguém é obri-
• Cuidador: Criam dragões filhotes gado a reinventar a roda e ser o pró-
em cativeiros até que eles possam so- ximo Tolkien ou George R.R. Martin.
breviver em seu habitat. No entanto, se você quiser fazer com
• Curandeiro: Cura dragões; que as pessoas lembrem de sua narra-
• Discípulo: Aprende algo com o dra- tiva e, principalmente de seus dra-
gão (estudo, arte marcial ou magia); gões, vale a pena tirar um momento
• Domador: Domestica dragões para para reflexão e planejamento.
reis, donos de arenas ou quem pague;
— Davi Paiva (Detonerds)
39
40
Desenhamos mapas artísticos e temáticos por enco-
menda, para sua campanha de RPG, seu livro literário,
ou para outros fins. CONTATOS ABAIXO!!!

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41
para o CAMALEÃO

Personagem
DO MÊS

BRUCE
42
WAYNE
DC COMICS
BATMAN
DA TRINDADE INCONTESTÁVEL DA
DC COMICS PARA O CAMALEÃO
Um dos personagens mais famosos conhecida até por pessoas que mal
das HQs e da cultura pop, Batman consomem HQs. Mas algumas coi-
foi a nossa escolha para essa se- sas podem ser destacadas.
gunda edição do Lagarto RPGista. Bruce nunca superou de fato o
trauma de ter testemunhado a
INSPIRAÇÕES morte dos seus pais. E o “mordomo”
que na verdade era um encarre-
Batman conhecidamente possui
gado de segurança do bilionário
referências – ainda que distantes –
Wayne, foi quem criou o garoto.
em três outras grandes figuras da
cultura pop: Zorro, Fantasma e As versões das HQs podem variar,
Sherlock Holmes. mas em algumas delas Alfred é um
Em Zorro temos um herói cuja a agente do MI-6 (agência de inteli-
identidade secreta é a de um rico gência britânica) e ensina muito de
aristocrata numa colônia de domí- suas aptidões ao garoto.
nio espanhol (tal qual o Bilionário da Na HQ Ano Um (considerada canô-
família Wayne). Em Holmes temos nica sobre a Origem do Batman),
seu lado “investigativo”. E no Fan- Bruce Wayne também passou anos
tasma, um leve aspecto de anti-he- no exterior em extenso treinamento
rói (como no traje, que é feito para militar, de artes marciais, de idio-
impor medo aos seus adversários). mas, entre outros estudos. Sua pre-
paração foi pensada, justamente,
BACKGROUND para retornar como um “vigilante”,
usando seu treinamento e recursos
O background de Bruce Wayne é
contra a criminalidade.
algo que é bastante dispensável de
E seu traje de morcego foi ideali-
se comentar, uma vez que a origem
zado apenas após Bruce passar por
de seu personagem é amplamente

43
Bruce Wayne
117 pontos 16º

1d+2 10
------ ------------

1d+2 10 ------------ ------------


------------ ------------

2d 15 5 15 3 2

1d+2 10
1d+1 5

1d+2 10 10
Facilidade p/ Línguas 3
Ambidestria 4
39
Reflexos de Combate 3
Percepção +3 (1d+4) 3
Briga +6 (1d+8) 6
Esquiva +5 (1d+7) 5
Cura +2 (1d+3) 2
Acrobacia +4 (1d+6) 4
-20
Arte da Fuga +3 (1d+5) 3
Assombrado (maior) -6
Esconder-se +4 (1d+6) 4
Dever (Liga da Justiça) -6
Furtividade +4 (1d+6) 4
A.deFogo +1 (1d+3) 1 Pacifismo (autodefesa) -3
Interrogatório +3 (1d+5) 3
Identidade Secreta -3
Intimidação +3 (1d+5) 3 S. de Dever (povo de Gotham) -2
Sedução +1 (1d+3) 3 8
Inglês (Mat), Kryptonês (CS), Ta-

44 maraneano (CS), Português do Brasil


(CS), Russo (CS)
1d+8 1d+9 ‘1d+9’ 6 3 -3

Golpe com Traje 1d+8 3 Cont —


Antebraço Lâmin. 1d+8 3 Cort —
Desarmado 1d+8 1 Cont

21kg -2

BatMóvel -
Traje de Batman -3 10 kg
(todo o corpo, um traje de kevlar
adaptado, com as feições de
morcego e com uma capa que
pode ser usada em Def. Equip.)
Bat-Comunicador -
6 5 (conexão com a batcaverna ou
com a Liga da Justiça)
6 12 18 Cinto de Utilidades 2 kg
(em situações adversas role 1d
e se cair 5 ou 6, o cinto terá um
108m 216m 324m
objeto que resolverá o problema)
Pistola-Gancho 1 kg
6,48 km 12,96km (para escaladas ou subidas)
25,92 km 14 kg
45
situações tensas, enquanto era um humano é capaz de fazer (claro que
vigilante à paisana (sua ideia inicial). em HQs esses limites são extrapola-
É quando ele decide que se vestir dos).
como homem comum (ainda que dis- Por exemplo: Suas grandes capa-
farçado visando proteger sua identi- cidades investigativas, sua eficácia e
dade) não era tão efetivo quanto alto preparo em diversas artes mar-
performar uma aparência que as- ciais, seus reflexos altamente treina-
sustasse seus inimigos e ajudasse a dos, seus conhecimentos científicos
paralisar e intimidar no primeiro super diversos e – óbvio – o amparo
momento de um combate. que uma herança bilionária pode
É neste contexto que um traje de dar e potencializar tudo isso (com
morcego é concebido. itens e equipamentos de ponta, que
permitem que seja extraído o má-
HABILIDADES ximo de suas aptidões).

Diferente de boa parte dos super- ITENS


heróis da DC Comics, Bruce Wayne
não possui nenhum superpoder. Colocamos opções mínimas de
Suas habilidades são de ordem itens que consideramos suficientes
puramente humanas, ainda que al- para emular um Batman típico.
çadas aos limites do que um ser Aqui possui um traje a prova de
balas que proporciona um bom RD
(Redutor de Dano), e esse mesmo
traje aumenta o dano em golpes
que seriam “desarmados” (luvas e
chutes), e também dá dano cortante
com lâminas no antebraço.
Há sua tradicional pistola de arpéu
para subir muros e edifícios com su-
cessos automáticos, além do BatCo-
municador do BatMóvel.
O cinto de utilidades, todavia, pre-
cisou da geração de “regras novas”:
Para emular um cinto que tem
quase de tudo, bastaria rolar um
dado e, ao cair 5 ou 6, isso signifi-
cará que o Batman encontrou um
item mirabolante que lhe tira da-
quela situação (o narrador ou joga-
dor elabora narrativamente do que
se trata depois do sucesso).

46
QUER ANUNCIAR
ALGO AQUI?
Você pode anunciar na Revista
LAGARTO RPGista o seu jogo,
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47
para o CAMALEÃO

EXTRA:
“Fortuna &
Infortúnio”

Regra variante para


o Camaleão RPG
48
Fortuna & Infortúnio
PROPOSTA DE REGRA VARIANTE PARA
O SISTEMA CAMALEÃO
O Livro Básico do sistema Cama- não necessariamente precisa ter
leão, em sua página 14, traz a re- seus resultados como consequên-
gra de Sucessos Críticos e Falhas cia do teste sendo feito.
Críticas. Essa mesma regra tam-
bém pode ser encontrada na pá- EXPLICANDO A
gina 6 do Resumão e entre os VARIAÇÃO DE REGRA
conceitos importantes do Cama-
leão de Bolso. Uma fortuna ou infortúnio pode
ser um evento aleatório que
A regra em si funciona bem, po-
ocorre durante a ação e que bene-
rém pode ser expandida para
ficia ou prejudica o personagem,
abarcar situações que vão muito
como, por exemplo, a chegada de
além de falhas e sucessos críticos.
aliados, ou de novos adversários.
E é o que faremos aqui.
Ainda, uma fortuna pode
Como pela regra normal, ao ob-
acompanhar uma falha (se o NA
ter dois ou mais 6's naturais em
for alto o suficiente), tanto quanto
sua jogada de dados (ou um 6 na-
um infortúnio pode acompa-
tural ao rolar apenas 1d, confir-
nhar um sucesso (se o NA for
mando com um 6 natural em 1d
baixo o suficiente).
rolado apenas para esse fim), o
Não apenas isso, para persona-
personagem é agraciado com
gens suficientemente poderosos
uma “fortuna”. Se ocorrer o
(“4d” em um ou alguns atributos),
mesmo, mas com 1's, ele sofre um
como “super-heróis”, mais de uma
“infortúnio”.
fortuna ou infortúnio, ou mesmo
Os exemplos disponíveis no livro
um misto dos dois, podem se aba-
para sucessos críticos e falhas crí-
ter simultaneamente sobre o per-
ticas servem como os exemplos
sonagem!
clássicos de uma “fortuna” junto
de um sucesso ou de um “infortú- ACÚMULOS
nio” junto de uma falha.
Porém, uma fortuna ou um in- Fortunas e infortúnios devem,
fortúnio, diferente de um crítico, idealmente, ser usados tão logo

49
sejam obtidos. Mas caso isso não 5 a 15 pode ser um bom valor.
faça sentido, ou nenhuma fortuna Ao alcançar o montante estipu-
ou infortúnio possa ser divisado lado, um deus ex machina ou um
para a situação, o narrador pode diabolus ex machina ocorre.
declarar que o personagem acu- Como por exemplo “o grupo
mulará seus resultados para uma sendo salvo na última hora pela
próxima oportunidade, o que po- chegada da cavalaria, que derrota
derá se realizar independente de os adversários enfrentados” ou “o
testes por parte do personagem. inimigo alcança a vitória desejada e
De todo modo, o máximo de for- se torna virtualmente invencível”.
tuna e infortúnio que qualquer Tal possibilidade deve ideal-
personagem é capaz de acumular mente ser realizada no curso de
será igual a seu nível de Carisma uma sessão de jogo.
(em dados) ignorando os subní-
veis. Assim, o seu Carisma funcio- TRANSFORMANDO
nará como uma espécie de fonte EM PONTOS
de sorte e azar até ser esgotada.
Por exemplo: Callahan, um caça- Caso os personagens jogadores
dor de vampiros, tem Carisma consigam anular a ameaça de um
2d+1, podendo acumular 2 fortu- diabolus ex machina (digamos,
nas, 2 infortúnios, ou uma combi- destruindo o asteróide antes que
nação de 1 fortuna e 1 infortúnio, ele se choque com a Terra), ou
que se manifestarão posterior- não alcancem um deus ex ma-
mente no jogo. china em tempo (digamos, a ci-
dade caiu antes da cavalaria che-
DEUX EX MACHINA ou gar), as fortunas e infortúnios acu-
DIABOLUS EX MACHINA mulados devem ser convertidos
em pontos de personagem na
Outra hipótese de acúmulo de
proporção de 5 fortunas ou infor-
fortuna ou infortúnio se dá
túnios (ou fração disso) para cada
quando o narrador deseja criar
ponto de personagem.
uma cena particularmente épica
E cada personagem jogador par-
ou angustiante.
ticipante na história adquirirá
Nesse caso, o narrador decide o
essa exata quantidade em pontos
que será acumulado (se fortuna,
de personagem.
se infortúnio ou ambos), e os joga-
LEMBRETE: A superação de um
dores acumularão (tal como
diabolux ex machina ou a não con-
grupo), até um limite estipulado
cretização do deux ex machina,
pelo próprio narrador.
ambos, DÃO pontos, NÃO TIRAM!

50
Outro dos usos possíveis dessa Nesse caso, o narrador pode pe-
regra se dá em momentos em que dir uma rolagem de dados de um
o jogo fica travado por um motivo determinado teste (mesmo que a
ou outro. princípio tal teste fosse impossível
Por exemplo, os jogadores po- por seu NA elevado), e usar even-
dem estar perdidos em relação ao tuais resultados de fortuna ou in-
caminho a tomar, ou alcançaram fortúnio para seguir o jogo adi-
um desafio insuperável para o ante, acrescentando um novo ele-
grupo (um Número Alvo muito mento, benéfico ou prejudicial,
elevado) e não sabem como o con- que retira os jogadores de sua “es-
tornar. tupefação”.

— Licorne Negro

ôh, produção!?
Não é bem desse Deus Ex
que a eu tava falando!

51
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tórias de terror
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