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Por fim, o autor aborda a crise da liturgia dentro do contexto da Igreja Católica. Ele
estabelece conexões entre essa crise e as transformações nas relações de poder,
delimitando como estas se cruzam com as complexas condições sociais que permeiam a
reprodução tanto do corpo sacerdotal quanto dos fiéis. Bourdieu destaca que a crise
litúrgica é um reflexo de mudanças mais profundas no tecido social. No centro da sua
análise, ele ressalta que a diversificação presente na liturgia não é a uma manifestação
isolada, mas sim um indicativo claro de uma redefinição do contrato que vincula o sacerdote
à Igreja e aos fiéis. Essa reconfiguração do contrato não apenas afeta dinâmicas
específicas dentro da liturgia, mas também serve como um sintoma de uma crise mais
ampla da crença. Ele argumenta que a forma como a liturgia é diversificada e reinterpretada
reflete um questionamento mais amplo sobre as bases fundamentais das crenças religiosas,
resultando em uma crise que transpassa os limites do ritual litúrgico. Dessa forma, Bourdieu
encerra sugerindo que a crise observada é enraizada em mudanças mais amplas nas
relações de poder e nas condições sociais, sendo uma expressão visível de uma
transformação na compreensão e prática da fé.