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Atividade N-2

Produção de um fichamento
Disciplina: Psicolinguística e Linguística
Cognitiva
Prof. Silva Júnior
Aluna: Ana Clara Jorge de Paula.

Fichamento:

Título do Artigo: "Discurso-cognição-sociedade: estado atual e perspectivas da abordagem


sociocognitiva do discurso"

Resumo:

O artigo "Discurso-cognição-sociedade: estado atual e perspectivas da abordagem


sociocognitiva do discurso" discute o estado atual e as perspectivas da abordagem
sociocognitiva do discurso, enfatizando a interação complexa entre discurso, cognição e
sociedade. A partir de uma revisão da literatura, o artigo analisa as principais
contribuições dessa abordagem para o entendimento do papel do discurso na
construção de significados sociais e individuais.

Fichamento com citações:

“A maior parte das teorias anteriores e contemporâneas nos Estudos Críticos do


Discurso (ECD), bem como nas disciplinas adjacentes, tais como a sociolinguística e a
antropologia linguística, supõe uma relação direta entre discurso e sociedade (ou
cultura. Nessas disciplinas, geralmente se pressupõe que variáveis sociais tais como
classe social, poder, gênero, etnicidade ou idade provocam ou controlam diretamente a
variação linguística e as estruturas do discurso. O problema é que a natureza dessas
relações causais diretas ou similares não é tornada explícita, mas pressuposta ou
reduzida a correlações não explicadas”

A citação destaca que grande parte das teorias nos Estudos Críticos do Discurso (ECD) e
disciplinas relacionadas, como sociolinguística e antropologia linguística, presume uma
relação direta entre discurso e sociedade (ou cultura). Nessas disciplinas, é comum
supor que variáveis sociais, como classe social, poder, gênero, etnicidade ou idade,
causem ou controlem diretamente a variação linguística e as estruturas do discurso.No
entanto, a citação também aponta que o problema reside na falta de explicitação da
natureza dessas relações causais diretas, deixando-as apenas como suposições ou
reduzindo-as a correlações não explicadas. Isso significa que, embora se acredite que as
variáveis sociais influenciem o discurso, muitas vezes não há uma explicação clara de
como essas relações ocorrem.Essa crítica levanta a questão da necessidade de uma
compreensão mais aprofundada e explícita das relações entre discurso e sociedade.
Simplesmente presumir uma ligação direta entre as variáveis sociais e as estruturas do
discurso pode não ser suficiente para uma análise abrangente e esclarecedora. É
preciso explorar e explicar de maneira mais precisa como esses fatores sociais moldam
a produção, a interpretação e as estruturas do discurso.Essa crítica também aponta
para a importância de abordagens teóricas mais sofisticadas que considerem as
complexidades e interações múltiplas entre discurso e sociedade. Em vez de pressupor
relações causais diretas, é necessário um exame cuidadoso das dinâmicas sociais e
discursivas para entender como elas se entrelaçam e se influenciam
mutuamente.Portanto, a citação destaca a necessidade de uma abordagem mais
explícita e analítica na compreensão das relações entre discurso e sociedade, a fim de
evitar suposições simplistas e promover uma compreensão mais completa das
complexidades envolvidas.

“A interface cognitiva das relações entre discurso e sociedade é tão complexa quanto as
próprias estruturas do discurso, por um lado, e as estruturas da sociedade, por outro,
que aqui só podemos resumir algumas de suas noções mais relevantes. Em virtude de
tal fato, ignoramos muitos detalhes das propriedades da Memória de Trabalho e vários
aspectos das Memórias Episódica e de Longo Prazo, do processamento cognitivo, bem
como de seus fundamentos neuropsicológicos dentre os vários estudos
contemporâneos nessas áreas, ver; p. ex., BADDELEY, 2007; TULVING, CRAIK. “

A citação mencionada, destaca a complexidade da interface cognitiva entre o discurso


e a sociedade, ressaltando que essa complexidade é comparável à complexidade das
estruturas do discurso e das estruturas sociais. A citação reconhece que é impossível
abordar todos os detalhes das propriedades da Memória de Trabalho, das Memórias
Episódica e de Longo Prazo, do processamento cognitivo e de seus fundamentos
neuropsicológicos em um resumo limitado.

“Nas últimas três décadas, diversos estudos de psicologia cognitiva do discurso


mostraram o papel fundamental dos modelos mentais para a produção e compreensão
do discurso e, de um modo mais amplo, para a interação e a percepção do ambiente
(GANHAM, 1987; GENTNER STEVENS, 1983; JOHNSON-LAIRD, 1983; OAKHILL,
GANHAM, 1987; VAN DIJK, KINTSCH, 1983”

A citação menciona que, nas últimas três décadas, vários estudos na área da psicologia
cognitiva do discurso têm ressaltado o papel dos modelos mentais na produção,
compreensão, interação e percepção do ambiente. Esses estudos destacam a
importância dos modelos mentais como representações internas que as pessoas
constroem para entender e processar informações discursivas. Ganham (1987),
Gentner e Stevens (1983), Johnson-Laird (1983), Oakhill e Ganham (1987), e Van Dijk e
Kintsch (1983) são citados como autores que contribuíram para esse campo de
pesquisa. Esses estudos têm demonstrado que os modelos mentais são construções
cognitivas que auxiliam na organização e na interpretação do discurso, permitindo que
os indivíduos criem uma representação mental dos eventos, das relações entre as
informações e das situações discursivas. Os modelos mentais podem abranger aspectos
espaciais, temporais, causais e relacionais, permitindo que as pessoas compreendam e
criem inferências sobre o discurso. Além disso, esses estudos também destacam a
relação entre os modelos mentais e a percepção do ambiente. Os modelos mentais
influenciam a forma como as pessoas percebem e interpretam as informações
provenientes do ambiente, moldando sua compreensão e interação com o discurso e o
contexto em que estão inseridos. No geral, essas pesquisas na área da psicologia
cognitiva do discurso destacam a importância dos modelos mentais como uma
ferramenta fundamental no processamento do discurso e na compreensão do
ambiente. Essa abordagem enfatiza a capacidade dos indivíduos de construir
representações mentais para dar sentido ao discurso e interagir efetivamente em
diversos contextos comunicativos.

“Embora as estruturas de uso da linguagem (p. ex., sentenças e histórias) sejam


influenciadas pelas estruturas mais primitivas desses modelos mentais, os modelos
mentais de nossas experiências cotidianas são independentes do discurso. Na
realidade, a fim de sobreviver; os primatas necessitavam de tais modelos para interagir
com seu ambiente antes que soubessem falar (PLOTKIN, 2007).”

A citação menciona que as estruturas de uso da linguagem, como sentenças e histórias,


são influenciadas pelas estruturas mais primitivas dos modelos mentais. Isso significa
que os modelos mentais, que são construções cognitivas usadas para compreender e
interagir com o mundo ao nosso redor, desempenham um papel fundamental na
produção e compreensão do discurso.A citação também destaca que os modelos
mentais das nossas experiências cotidianas são independentes do discurso. Isso
significa que os modelos mentais são formados com base em nossas interações e
experiências com o ambiente, independentemente da linguagem verbal. Os primatas,
por exemplo, dependem desses modelos mentais para interagir com seu ambiente
antes mesmo de adquirirem a capacidade de fala.A referência a Plotkin (2007) indica
que existem estudos que sustentam essa ideia. Plotkin argumenta que os modelos
mentais são essenciais para a sobrevivência dos primatas e são utilizados para a
interação com o ambiente, mesmo antes do desenvolvimento da linguagem verbal.
Essa perspectiva destaca que os modelos mentais desempenham um papel crucial em
nossa compreensão do mundo e na nossa capacidade de agir e sobreviver.Portanto, o
comentário sobre essa citação sugere que os modelos mentais são fundamentais tanto
para a interação com o ambiente quanto para a produção e compreensão do discurso.
Eles são estruturas cognitivas que nos permitem criar representações internas das
situações e eventos, independentemente da linguagem verbal. Essa compreensão
ressalta a importância dos modelos mentais na compreensão mais ampla do discurso e
sua relação com o mundo real.

Em conclusão, o artigo "Discurso-cognição-sociedade: estado atual e perspectivas da


abordagem sociocognitiva do discurso" apresenta uma visão abrangente e atualizada
dessa abordagem, ressaltando sua relevância na compreensão dos processos
complexos de produção e interpretação do discurso, bem como sua relação com a
cognição e a sociedade. O artigo também destaca perspectivas futuras promissoras
para o desenvolvimento dessa abordagem, incentivando pesquisas interdisciplinares e
a aplicação prática de seus conceitos e métodos.

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