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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES INTEGRADAS DE OURINHOS

UNIFIO

A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS NAS RELAÇÕES SOCIAIS: UMA ANÁLISE DOS


ESTUDOS DE REGINA D. BENEVIDES DE BARROS

ANA ISABELI DOS SANTOS

PROFESSOR: ALEXANDRE ESPÓSITO

OURINHOS

2023
INTRODUÇÃO

As relações sociais representam uma teia intricada que permeia a vida humana,
desempenhando um papel crucial na construção de interações, identidades e experiências. No
cerne dessas relações, os grupos se destacam como estruturas sociais fundamentais, moldando
dinâmicas sociais e influenciando a forma como os indivíduos se relacionam uns com os outros.
Nesse contexto, pode-se afirmar que a vida humana é inerentemente social. Como
Durkheim (1999) afirmou, “A sociedade não é meramente um agregado de indivíduos, é um
sistema formado por partes diferentes” (p. 45). Isto é, as experiências, comportamentos e
identidades são moldados pelas relações que os indivíduos estabelecem com os outros. Dentro
dessas relações, os grupos desempenham um papel crucial, uma vez que proporcionam um
senso de pertencimento e influenciam nossas interações com os outros.
Em paralelo a isso, a renomada pesquisadora Regina D. Benevides de Barros emerge
como uma figura central neste contexto. Seus estudos no campo das relações sociais oferecem
uma teoria robusta que lança luz sobre a dinâmica intrincada dos grupos. A abordagem de
Benevides de Barros (1996) apresenta uma análise profunda e inovadora sobre a prática de
grupos na psicologia. A autora desafia as concepções tradicionais de grupo como uma unidade
ou totalidade, propondo em vez disso a ideia de grupo como um dispositivo, um agente de
mudança e produção de subjetividade.
Desse modo, este artigo tem como objetivo geral analisar a importância dos grupos nas
relações sociais, com foco nos estudos de Regina D. Benevides de Barros, visando compreender
de maneira abrangente como essas estruturas sociais influenciam a formação de identidades e
padrões comportamentais. Para tanto, tem-se, como objetivos específicos: a) explorar a
importância dos grupos nas relações sociais; b) analisar as teorias de Regina D. Benevides de
Barros sobre a dinâmica dos grupos; e c) discutir a relevância dos grupos na formação da
identidade social.
Para explorar os conceitos e ideias apresentados por Benevides de Barros, este estudo
emprega uma abordagem qualitativa, utilizando a análise de textos e documentos. Creswell
(2010) argumenta que “a pesquisa qualitativa é um meio para explorar e entender o significado
que os indivíduos ou grupos atribuem a um problema social ou humano” (p. 4). A escolha dessa
abordagem metodológica se justifica pela natureza do tema em estudo, que requer uma
compreensão profunda e contextualizada dos conceitos e teorias envolvidos.

A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS NAS RELAÇÕES SOCIAIS

Os grupos, enquanto entidades sociais fundamentais, desempenham um papel crucial


na estruturação das relações sociais, fornecendo um contexto essencial para a formação de
identidades e a construção de significados sociais. A influência dessas unidades sociais pode
ser compreendida através de exemplos elucidativos, nos quais grupos étnicos, religiosos ou
profissionais exercem considerável impacto sobre comportamentos e valores individuais.
Nas relações sociais, a pertença a um grupo frequentemente se revela como um fator
determinante, definindo as interações e moldando as percepções individuais. Como afirmou o
sociólogo Charles Horton Cooley (1909), “não somos seres humanos isolados, mas somos,
desde o início de nossas vidas, membros de uma comunidade” (p. 23). Nesse sentido,
movimentos sociais, comunidades online e grupos de trabalho são exemplos concretos que
destacam a forma como as dinâmicas sociais são profundamente influenciadas por essas
unidades sociais. Assim, a participação em tais grupos não apenas molda a identidade, mas
também influencia a maneira como os indivíduos percebem o mundo ao seu redor.
A teoria social, enriquecida por contribuições de renomados teóricos, sustenta a
importância dos grupos nas relações sociais. Tajfel e Turner (1979), por exemplo, dedicaram
seus estudos à identidade social e ao pertencimento a grupos. Seus trabalhos demonstram como
as pessoas categorizam a si mesmas e aos outros, desempenhando um papel central na dinâmica
das relações sociais (TAJFEL; TURNER, 1979).
Tajfel e Turner (1979, p. 64) destacam que

a categorização social é um processo essencial, no qual os indivíduos classificam a si


mesmos e aos outros em categorias sociais distintas. Essas categorias não apenas
refletem a diversidade social, mas também moldam as interações e as relações
interpessoais. O pertencimento a um grupo influencia a autoestima e a identidade
social, contribuindo assim para a formação de padrões comportamentais e atitudes.
(TAJFEL; TURNER, 1979, p. 64).
Nesse sentido, a análise das contribuições de Tajfel e Turner (1979), destaca a
importância de compreender as dinâmicas de pertencimento e categorização social na formação
das relações sociais. Seus estudos, ancorados em uma base teórica robusta, oferecem uma
perspectiva valiosa sobre como a identidade social e o pertencimento a grupos são elementos-
chave na construção dos significados sociais nas interações humanas.
Vários outros estudos têm destacado a importância dos grupos nas relações sociais.
Um exemplo concreto da influência dos grupos pode ser visto em como um grupo de amigos
pode influenciar as escolhas de estilo de vida de um indivíduo, desde suas preferências musicais
até suas opiniões políticas. Este fenômeno é bem documentado na literatura sociológica, com
estudos mostrando que os indivíduos tendem a adaptar suas atitudes e comportamentos para se
alinhar com as normas do grupo (ASCH, 1951). Outrossim, os grupos também desempenham
um papel crucial na formação de normas e valores sociais. Eles estabelecem as regras e
expectativas que orientam o comportamento dos membros do grupo, promovendo a
conformidade e a coesão social (DURKHEIM, 2007).
Assim, a partir dessas análises, é possível afirmar que os grupos não são apenas
unidades sociais, mas construtores ativos das relações sociais, influenciando não apenas
comportamentos individuais, mas também a maneira como percebemos a nós mesmos e aos
outros no tecido social. Portanto, a compreensão profunda da dinâmica dos grupos se revela
crucial para uma análise abrangente das relações sociais e suas complexidades.
Portanto, os grupos desempenham um papel fundamental na estruturação das relações
sociais, moldando identidades individuais e construindo significados sociais. A riqueza teórica
proporcionada por estudiosos como Tajfel e Turner (1979), Asch (1951) e Durkheim (2007)
oferece insights valiosos para compreender as nuances dessas dinâmicas sociais, contribuindo
assim para uma compreensão mais profunda e informada das interações humanas. Essa
compreensão, por sua vez, abre portas para abordagens mais inclusivas e construtivas no âmbito
das relações sociais.

OS ESTUDOS DE REGINA D. BENEVIDES DE BARROS

Regina D. Benevides de Barros é uma figura proeminente no campo da sociologia,


conhecida por suas contribuições significativas para a compreensão da dinâmica dos grupos.
Ela explorou conceitos fundamentais como identidade de grupo, normas de grupo e coesão de
grupo, fornecendo uma visão aprofundada da complexidade e da importância dos grupos nas
relações sociais.
Em seu artigo intitulado "Clínica Grupal", a autora propõe uma análise aprofundada
sobre a situação contemporânea dos grupos terapêuticos e as transformações que ocorreram ao
longo das décadas. A autora destaca as razões que levaram à formação de grupos nas décadas
de 70, enfatizando aspectos ideológicos e econômico-circunstanciais. Ela observa que, ao longo
do tempo, houve uma desvalorização dos grupos terapêuticos, resultando em críticas e
desinteresse, relegando-os muitas vezes a um papel secundário nas práticas clínicas.
Barros (1996) argumenta que a subjetividade não se situa no campo individual, mas é
produzida social e materialmente. Ela afirma:

Nosso ponto de partida está na noção de subjetividade que não se situa no campo
individual, mas no campo de todos os processos de produção social e material. A cada
momento da história, dadas certas conjugações de forças, a cada composição das
relações saber-poder, certas máquinas se põem em funcionamento, alterando os
desenhos até então configurados, puxando outras linhas que passam a circular como
matéria de expressão disponível à montagem de outras subjetividades. (BARROS,
1996, p. 2)

Isso implica que a subjetividade é múltipla e fragmentada, e não pode ser totalizada ou
centralizada.
A autora também critica a ideia de grupo como um “campo de trabalho” para o
psicólogo, um campo a ser dominado por um especialista. Ela argumenta que essa visão
transforma o grupo em um objeto a ser pensado e trabalhado, em vez de um agente ativo de
mudança. Ela escreve:

Se entendermos que o grupo é um outro lugar para o exercício do trabalho do


psicólogo, poderemos estar tomando-o como mais um “campo de trabalho”, um
campo a ser dominado por um especialista, algo a ser repartido no mercado de bens
capitais de profissionais. (BARROS, 1996, p. 3).

Em vez disso, Barros propõe a ideia de grupo como um dispositivo, um agente que
catalisa fluxos dispersos e recusa qualquer forma de totalização e unidade. Ela afirma: “O
grupo-dispositivo afirma-se em sua capacidade catalizadora dos fluxos dispersos que se
apresentam em cada cena. Como dispositivo, recusa qualquer forma de totalização e unidade.
Como dispositivo, é sempre multilinear” (Barros, 1996, p. 1).
Em suma, os estudos de Regina D. Benevides de Barros oferecem uma visão crítica e
inovadora sobre a prática de grupos na psicologia, desafiando concepções tradicionais e
propondo novas formas de entender e praticar o trabalho em grupo.

CONCLUSÃO

Este artigo buscou explorar a importância dos grupos nas relações sociais, com um
foco particular nos estudos de Regina D. Benevides de Barros. Através de uma análise detalhada
de sua teoria, foi possível entender como os grupos desempenham um papel crucial nas relações
sociais, influenciando nosso comportamento, atitudes e identidade.
A teoria de Benevides de Barros oferece uma visão oferece uma visão crítica e
inovadora sobre a prática de grupos na psicologia. A autora desafia as concepções tradicionais
e propõe novas formas de entender e praticar o trabalho em grupo. Seu trabalho é um marco
importante na literatura sobre a dinâmica dos grupos e continua a ser relevante para os
profissionais da área.
No entanto, este é apenas o começo. Futuras pesquisas poderiam explorar ainda mais
a influência dos grupos nas relações sociais, considerando diferentes contextos culturais e
sociais. Como sugerido por Tajfel e Turner (1979), a identidade de grupo pode variar
significativamente dependendo do contexto cultural e social, e seria interessante explorar como
essas variações impactam as relações sociais.
Em conclusão, este artigo destacou a importância dos grupos nas relações sociais e a
contribuição significativa de Regina D. Benevides de Barros para nossa compreensão dessa
dinâmica. Espera-se que este trabalho inspire pesquisas futuras nesta área e contribua para uma
compreensão mais profunda das complexidades das relações sociais.

REFERÊNCIAS

ASCH, Solomon E. Efeitos da pressão do grupo sobre a modificação e distorção de julgamentos. In:
GUETZKOW, Harold (ed.) Grupos, liderança e homens. Pittsburgh, PA: Carnegie Press, 1951.

BARROS, Regina D. Benevides de. Clínica Grupal. Revista do Departamento de Psicologia, UFF,
Niterói, n. 7, v. 1, 1996.
COOLEY, Charles Horton. Organização social: um estudo da mente maior. São Paulo: Martins
Fontes, 1990.

CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2010.

DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

TAJFEL, Henri; TURNER, John C. Uma teoria integrativa do conflito intergrupal. In: AUSTIN, W.
G.; WORCHEL, S. (Eds.), A psicologia social das relações intergrupais. Monterey, CA:
Brooks/Cole, 1979.

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