Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
UNIFIO
OURINHOS
2023
INTRODUÇÃO
As relações sociais representam uma teia intricada que permeia a vida humana,
desempenhando um papel crucial na construção de interações, identidades e experiências. No
cerne dessas relações, os grupos se destacam como estruturas sociais fundamentais, moldando
dinâmicas sociais e influenciando a forma como os indivíduos se relacionam uns com os outros.
Nesse contexto, pode-se afirmar que a vida humana é inerentemente social. Como
Durkheim (1999) afirmou, “A sociedade não é meramente um agregado de indivíduos, é um
sistema formado por partes diferentes” (p. 45). Isto é, as experiências, comportamentos e
identidades são moldados pelas relações que os indivíduos estabelecem com os outros. Dentro
dessas relações, os grupos desempenham um papel crucial, uma vez que proporcionam um
senso de pertencimento e influenciam nossas interações com os outros.
Em paralelo a isso, a renomada pesquisadora Regina D. Benevides de Barros emerge
como uma figura central neste contexto. Seus estudos no campo das relações sociais oferecem
uma teoria robusta que lança luz sobre a dinâmica intrincada dos grupos. A abordagem de
Benevides de Barros (1996) apresenta uma análise profunda e inovadora sobre a prática de
grupos na psicologia. A autora desafia as concepções tradicionais de grupo como uma unidade
ou totalidade, propondo em vez disso a ideia de grupo como um dispositivo, um agente de
mudança e produção de subjetividade.
Desse modo, este artigo tem como objetivo geral analisar a importância dos grupos nas
relações sociais, com foco nos estudos de Regina D. Benevides de Barros, visando compreender
de maneira abrangente como essas estruturas sociais influenciam a formação de identidades e
padrões comportamentais. Para tanto, tem-se, como objetivos específicos: a) explorar a
importância dos grupos nas relações sociais; b) analisar as teorias de Regina D. Benevides de
Barros sobre a dinâmica dos grupos; e c) discutir a relevância dos grupos na formação da
identidade social.
Para explorar os conceitos e ideias apresentados por Benevides de Barros, este estudo
emprega uma abordagem qualitativa, utilizando a análise de textos e documentos. Creswell
(2010) argumenta que “a pesquisa qualitativa é um meio para explorar e entender o significado
que os indivíduos ou grupos atribuem a um problema social ou humano” (p. 4). A escolha dessa
abordagem metodológica se justifica pela natureza do tema em estudo, que requer uma
compreensão profunda e contextualizada dos conceitos e teorias envolvidos.
Nosso ponto de partida está na noção de subjetividade que não se situa no campo
individual, mas no campo de todos os processos de produção social e material. A cada
momento da história, dadas certas conjugações de forças, a cada composição das
relações saber-poder, certas máquinas se põem em funcionamento, alterando os
desenhos até então configurados, puxando outras linhas que passam a circular como
matéria de expressão disponível à montagem de outras subjetividades. (BARROS,
1996, p. 2)
Isso implica que a subjetividade é múltipla e fragmentada, e não pode ser totalizada ou
centralizada.
A autora também critica a ideia de grupo como um “campo de trabalho” para o
psicólogo, um campo a ser dominado por um especialista. Ela argumenta que essa visão
transforma o grupo em um objeto a ser pensado e trabalhado, em vez de um agente ativo de
mudança. Ela escreve:
Em vez disso, Barros propõe a ideia de grupo como um dispositivo, um agente que
catalisa fluxos dispersos e recusa qualquer forma de totalização e unidade. Ela afirma: “O
grupo-dispositivo afirma-se em sua capacidade catalizadora dos fluxos dispersos que se
apresentam em cada cena. Como dispositivo, recusa qualquer forma de totalização e unidade.
Como dispositivo, é sempre multilinear” (Barros, 1996, p. 1).
Em suma, os estudos de Regina D. Benevides de Barros oferecem uma visão crítica e
inovadora sobre a prática de grupos na psicologia, desafiando concepções tradicionais e
propondo novas formas de entender e praticar o trabalho em grupo.
CONCLUSÃO
Este artigo buscou explorar a importância dos grupos nas relações sociais, com um
foco particular nos estudos de Regina D. Benevides de Barros. Através de uma análise detalhada
de sua teoria, foi possível entender como os grupos desempenham um papel crucial nas relações
sociais, influenciando nosso comportamento, atitudes e identidade.
A teoria de Benevides de Barros oferece uma visão oferece uma visão crítica e
inovadora sobre a prática de grupos na psicologia. A autora desafia as concepções tradicionais
e propõe novas formas de entender e praticar o trabalho em grupo. Seu trabalho é um marco
importante na literatura sobre a dinâmica dos grupos e continua a ser relevante para os
profissionais da área.
No entanto, este é apenas o começo. Futuras pesquisas poderiam explorar ainda mais
a influência dos grupos nas relações sociais, considerando diferentes contextos culturais e
sociais. Como sugerido por Tajfel e Turner (1979), a identidade de grupo pode variar
significativamente dependendo do contexto cultural e social, e seria interessante explorar como
essas variações impactam as relações sociais.
Em conclusão, este artigo destacou a importância dos grupos nas relações sociais e a
contribuição significativa de Regina D. Benevides de Barros para nossa compreensão dessa
dinâmica. Espera-se que este trabalho inspire pesquisas futuras nesta área e contribua para uma
compreensão mais profunda das complexidades das relações sociais.
REFERÊNCIAS
ASCH, Solomon E. Efeitos da pressão do grupo sobre a modificação e distorção de julgamentos. In:
GUETZKOW, Harold (ed.) Grupos, liderança e homens. Pittsburgh, PA: Carnegie Press, 1951.
BARROS, Regina D. Benevides de. Clínica Grupal. Revista do Departamento de Psicologia, UFF,
Niterói, n. 7, v. 1, 1996.
COOLEY, Charles Horton. Organização social: um estudo da mente maior. São Paulo: Martins
Fontes, 1990.
CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2010.
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
TAJFEL, Henri; TURNER, John C. Uma teoria integrativa do conflito intergrupal. In: AUSTIN, W.
G.; WORCHEL, S. (Eds.), A psicologia social das relações intergrupais. Monterey, CA:
Brooks/Cole, 1979.