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Gilda Atália Come

Revisão dos estudos sobre a percepção da imagem corporal nos adolescentes

Licenciatura em Ensino de Educação Física e Desporto

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2021
ii

Gilda Atália Come

Revisão dos estudos sobre a percepção da imagem corporal nos adolescentes

Monografia a ser apresentada no


Departamento de Didáctica de Educação
Física, Faculdade de Educação Física e
Desporto, Universidade Pedagógica de
Maputo, para a obtenção do Grau Académico
de Licenciatura em Ensino de Educação
Física.

O supervisor:
Prof. Doutor Vicente A. Tembe

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo
2021

ÍNDICE
iii

LISTA DE TABELAS...............................................................................................................v
DECLARAÇÃO DE HONRA..................................................................................................vi
DEDICATÓRIA......................................................................................................................vii
AGRADECIMENTOS...........................................................................................................viii
RESUMO..................................................................................................................................ix
ABSTRACT...............................................................................................................................x
CAPÍTULO I: Introdução e Problematização da Pesquisa......................................................11
1.1. Introdução..................................................................................................................11
1.2. Delimitação do Tema................................................................................................12
1.3. Problema de Pesquisa................................................................................................12
1.4. Justificativa................................................................................................................13
1.5. Objectivos..................................................................................................................13
CAPÍTULO II: Revisão da Literatura......................................................................................14
2.1. A Adolescência.............................................................................................................14
2.1.1. A Adolescência e suas características........................................................................14
2.1.2. Etapas e níveis da adolescência..................................................................................16
2.2.3. O corpo e a sua representação para os adolescentes..................................................16
2.2. A Imagem Corporal.......................................................................................................17
2.2.1. Percepção da Imagem Corporal.................................................................................17
2.3. A actividade física e sua relação com a formação e satisfação com a imagem corporal
..............................................................................................................................................18
2.4. Estudos Realizados........................................................................................................19
2.4.1. Estudo realizado por SAVANGUANA (2019)..........................................................19
2.4.2. Estudo realizado por CHIRIDA (2018).....................................................................20
2.4.3. Estudo realizado por FAFETINE (2020)...................................................................20
2.4.4. Estudo realizado por MANHICE (2019)...................................................................21
2.4.5. Estudo realizado por MAIBAZE (2019)....................................................................21
2.4.6. Estudo realizado por MENDES (2016)......................................................................22
2.4.7. Estudo realizado por BULO (2014)...........................................................................23
2.4.8. Estudo realizado por RODRIGUES (2015)...............................................................24
2.4.9. Estudo realizado por SAMPAIO (2010)....................................................................25
CAPÍTULO III: Metodologia..................................................................................................26
3.1. Tipo de Estudo..............................................................................................................26
3.2. Sujeitos..........................................................................................................................26
3.3. Procedimentos de recolha e tratamento de dados.........................................................27
iv

3.4. Limitações do Estudo....................................................................................................27


CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS...........................28
4.1. Dimensões de imagem corporal mais valorizadas pelos adolescentes..........................28
4.2. Factores que influenciam na satisfação ou insatisfação com a imagem corporal em
adolescentes..........................................................................................................................29
4.3. Relação entre a prática de actividades físicas e a satisfação ou não com a imagem
corporal nos adolescentes.....................................................................................................30
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO................................................................................................32
CAPÍTULO VI: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................33
v

LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Etapas e níveis da adolescência ---------------------------------------------------------- 17
Tabela 2: Autores dos estudos usados para a pesquisa -------------------------------------------- 21

Tabela 3: Quadro sinóptico da valorização da imagem corporal -------------------------------- 30


vi

DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal sob
orientação do meu Supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente citadas no texto, e na bibliografia final.

Declaro ainda, que este trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Maputo, Abril de 2021

______________________________________________________

Gilda Atália Come


vii

DEDICATÓRIA
Este trabalho é especialmente dedicado à minha mãe (Atália Come) e à minha família (meu
esposo Albânio Amad e os meus filhos, Nelton Albânio e Kiwanga Albânio) por serem a
força motriz para enfretar as batalhas da vida.
viii

AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradecer a Deus, pelo dom da vida, pela saúde e por tudo de bom que tem
feito por mim. Em segundo lugar, agradeço de forma especial à minha mãe (Atália Come)
pela humilde forma como conduziu o meu processo de formação humana, facto, que
contribuiu sobremaneira para que eu corresse atrás dos meus objectivos na vida.

Agradecimento extensivo a minha família (meu esposo Albanio Amad e os meus filhos,
Nelton Albânio e Kiwanga Albânio) pela sua compreensão nos momentos em que tive de me
dedicar menos a eles em prol dos compromissos profissionais e acadêmicos.

Vai o meu agradecimento especial ao meu supervisor, o Prof. Doutor Vicente Tembe por ter
aceite receber-me para com ele trabalhar. Pela forca, paciência, dedicação, ensinamento e que
continue proporcionando momento de interatividade com seus formandos e orientados.

Às minhas irmãs: Vilma da Iracema e Jesualda da Gloria personalidade cuja vida faz questão
de nos unir em todos lados, desde que nasci.

Agradecimentos à todos colegas da turma de 2016 da Faculdade de Educação Física e


Desporto, em especial ao Abílio Tovela que carinhosamente chamávamos-lhe de “Axial”,
que infelizmente já não está entre nós, que vida, sempre esteve presente em todos momentos
bons e maus para dar o seu apoio e um puxão de orelhas se necessário.

À Faculdade de Educação Física e Desporto da Universidade Pedagógica de Maputo, pela


oportunidade de frequentar o ensino superior, com vista a obter o grau de licenciatura.
Agradecimentos extensivos aos docentes pela tutoria ao longo dos quatros anos de formação
pois, sem eles não teria sido possível chegar até momento que marca a conclusão de curso.

Por fim, agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a concretização
desde sonho.
ix

RESUMO
Introdução: A imagem corporal é a forma como o indivíduo se percebe e se sente em relação
ao próprio corpo. Os adolescentes idealizam um modelo de corpo que, normalmente, segue o
padrão de beleza divulgado pela mídia e quanto mais o corpo real se distanciar do corpo
idealizado, maior será a possibilidade de conflito e comprometimento da auto-estima.
Problema: Qual é a percepção dos adolescentes em torno da imagem corporal? Objectivo:
Avaliar a percepção das dimensões da imagem corporal nos adolescentes. Metodologia:
Quanto a natureza e abordagem do estudo, trata-se de um estudo qualitativo-bibliográfico.
Sujeitos: O presente trabalho é sustentado por nove estudos, dos quais três são internacionais
e seis são nacionais. Dentre esses estudos, três são dissertações de mestrado e os outros três
são monografias para a obtenção do grau de licenciatura. Resultados: (i) De acordo com os
estudos revistos, as dimensões mais valorizadas na imagem corporal são: a cabeça, a pele, os
membros (superiores e inferiores), o peso e a altura; (ii) Da revisão feita nos estudos sobre a
imagem corporal, destacam-se a prática de actividades físico-desportivas, a alimentação e a
mídia, como os principais factores que influenciam na satisfação ou insatisfação com a
imagem corporal. (iii) A prática regular de actividade física é um aspecto importante na
promoção da saúde e na qualidade de vida dos grupos populacionais, principalmente dos
adolescentes e pode estar relacionada à imagem corporal. Conclusão: (i) Os estudos
revisitados demonstram que dentre as dimensões da imagem corporal mais valorizadas pelos
adolescentes, a cabeça e o peso são as dimensões mais valorizadas, seguidas da pele, dos
membros (superiores e inferiores) e por fim altura (que de acordo com os estudos revistos é a
dimensão menos valorizada); (ii) A satisfação com a imagem corporal é mais positiva em
indivíduos que tem hábitos de praticar actividades físico-desportivas, em comparação com os
que não praticam qualquer tipo de actividade física. (iii) O hábito de praticar actividade física
é um importante auxiliar para o aprimoramento e desenvolvimento do adolescente, nos seus
aspectos morfofisiopsicológicos, podendo aperfeiçoar o potencial físico determinado pela
herança e adestrar o indivíduo para um melhor aproveitamento de suas possibilidades.
Palavras-chave: Adolescência, Imagem Corporal, Actividade Física.
x

ABSTRACT
Introduction: Body image i how the individual perceives and feels in relation to his own
body. Adolescents idealize a body model that normally follows the standard of beauty
released by the media and the more the real body distances itself from the idealized body, the
greater the possibility of conflict and compromised self-esteem. Starting question: What is
the adolescent’s perception of body image? General objective: To evaluate the perception of
body image in the adolescents. Methodology: As for the nature and approach, it is a
qualitative-bibliographic study. Subjects: The present work is supported by nine studies, of
which three internationals and six national. Among these studies, three are master’s
dissertations and the others three are monographs for obtaining a degree. Results: (i)
According to the studies revisited, the dimensions most valued are: the head, the skin, the
lower and upper limbs, the weight and the height; (ii) The practise of physical-sports
activities, the feeding and the media are the main factors that influence in the satisfaction or
dissatisfaction with the body image; (iii) Regular practice of physical activity is an important
aspect in promoting health and quality of life for population groups, especially adolescents
and may be related to the body image. Conclusion: (i) The revisited studies showed that
among the dimensions of body image most valued by adolescents, the head and the weight
are the most valued dimension, followed by skin, limbs (lower and upper), and finally the
height, which is the least valued dimension; (ii) Satisfaction with body image is more positive
in individual who have a culture of practicing physical activities; (iii) The habit of practicing
physical activity is an important auxiliary for the improvement and development of the
adolescent, in its morphophysiopsychological aspects, being able to improve determined by
the inheritance and train the individual for a better use of their possibilities.
Key words: Adolescence, Body Image, Physical Activities.
11

CAPÍTULO I: Introdução e Problematização da Pesquisa


O capítulo I é dedicado à contextualização e problematização da pesquisa, onde, primeiro tem as
notas introdutórias e estrutura do trabalho. Em seguida, far-se-á a apresentação do problema bem
como dos objectivos propostos para o estudo.

1.1. Introdução
A adolescência é um período da vida que vai desde a infância à idade adulta, sendo vista como
um crescimento biopsicossocial envolvendo imensas alterações na vida do jovem, onde vão
ocorrer transformações no corpo, no modo de agir, de pensar e na forma de se inserir na
comunidade o que, consequentemente, irá mudar a forma como se percebe enquanto ser humano
e a também a forma como lida com o meio em que se encontra. Estes aspectos vão conduzir a
grandes mudanças nas suas relações para com a família, amigos e conhecidos (COSTA, 2013).

Deste modo, SILVA (2000), considera que a maioria dos adolescentes idealizam um modelo de
corpo que, normalmente, segue o padrão de beleza divulgado pela mídia e quanto mais o corpo
real se distanciar do corpo idealizado, maior será a possibilidade de conflito e comprometimento
da autoestima devido a sua frustração. Tendo em conta que a imagem corporal é a forma como o
indivíduo se percebe e sente em relação ao próprio corpo, SILVA (2000) acrescenta que a
imagem do corpo funciona como um retrato formado pelo sujeito, expandindo-se com suas
experiências, em constante transformação. Para este autor, é provável que na adolescência
convivam diversos factores a influenciar a auto percepção corporal, como as características
raciais e étnicas e os distintos ideais culturais.
Num outro desenvolvimento, SILVA (2000) refere que, a prática regular de actividade física é
um aspecto importante na promoção da saúde e na qualidade de vida dos grupos populacionais e
pode estar relacionada à imagem corporal. A insatisfação com o próprio corpo não serve de
motivação para a adopção de comportamentos adequados de controlo de peso, como exercícios.
Assim, o presente estudo visa avaliar a percepção da imagem corporal nos adolescentes. Quanto
a natureza e abordagem do estudo, trata-se de um estudo qualitativo-bibliográfico

Em termos estruturais, para além deste capítulo introdutório, o trabalho corrente inclui mais
cinco capítulos, assim descritos:
12

Capítulo II: É reservado à revisão da literatura sobre a adolescência e a imagem corporal. Esta
revisão da literatura termina associando os estudos realizados sobre a imagem corporal, com
realce no seu relacionamento com a prática das actividades físicas e desportivas; Capítulo III: É
exclusivamente dedicado ao enquadramento metodológico utilizado no trabalho; Capítulo IV:
Refere-a apresentação, análise e discussão dos resultados. Capítulo V: É dedicado às
considerações finais em torno do estudo e o Capítulo VI é reservado às referências
bibliográficas.

1.2. Delimitação do Tema


A imagem corporal desempenha um papel relevante no desenvolvimento e manutenção do self
(eu), pode ser definida como uma fotografia que temos sobre a aparência do nosso corpo, unida a
atributos e sentimentos a respeito dessa imagem ou então de uma forma simplificada, pode ser
descrita como um conjunto de representações mentais do próprio corpo, as quais vão sofrendo
alterações ao longo do ciclo de vida, sendo por isso considerada um conceito dinâmico, (CRUZ,
1998).

Parafraseando SILVA (2000), é na adolescência, onde a construção da identidade pessoal inclui


inevitavelmente a relação com o próprio corpo. Essa relação faz-se através da representação
mental, que o individuo detém do seu próprio corpo, ou seja, através da sua imagem corporal.
Nesta perspectiva, a presente pesquisa procurará inteirar-se da percepção da imagem corporal,
fazendo um estudo comparativo de alguns estudos já realizados sobre o tema.

1.3. Problema de Pesquisa


A adolescência é o período de formação da identidade, por isso os adolescentes ficam mais
susceptíveis às influências de modelos físicos idealizados, veiculados pela mídia e se submetem
em comportamentos de risco à saúde, visando a atingir a configuração corporal tida como ideal.
Essa situação é agravada pela exposição dos adolescentes às redes sociais, como Facebook,
Instagram, dentre outras, em que imagens e trocas de informações entre usuários funcionam
como motivadores para a busca do corpo ideal.

Neste contexto, para o desenvolvimento deste estudo, o problema central é expresso pela
seguinte questão: Qual é a percepção dos adolescentes em torno da imagem corporal?
13

Para além do problema central, outras questões nortearão o desenvolvimento desta pesquisa,
conforme expresso abaixo:

 Qual é a satisfação dos adolescentes com a sua imagem corporal?


 Que factores interferem na satisfação ou não com imagem corporal nos adolescentes?
1.4. Justificativa
A escolha do tema, “A Percepção da imagem corporal é movido por razões de nível social,
pessoal e académica:

i. A nível social: espera-se que este estudo traga ganhos significativos para a sociedade,
a medida em que irá procurar compreender a importância da valorização da percepção
imagem corporal nos adolescentes e consequentemente a manutenção do estado físico
e mental saudável.

ii. A nível pessoal: Com a vivência pessoal com desporto infantil evidenciou que a
valorização do individuo tende a estar presente na percepção da imagem corporal.
Contudo, essas conclusões dai resultantes, parecem que os contextos onde os
adolescentes vivem não obedecem um padrão sociocultural igual. Dai que com este
estudo procurará encontrar as reais percepções das dimensões da imagem corporal
nos adolescentes mencionados nos estudos da temática.

iii. No âmbito académico: espera-se que este trabalho enriqueça ainda mais o manancial
de conhecimentos através de novas descobertas quanto aos aspectos relativos à
percepção da imagem corporal nos adolescentes.

1.5. Objectivos
O presente trabalho é guiado pelo seguinte objectivo geral: Avaliar a percepção da imagem
corporal nos adolescentes mencionados na literatura e, especificamente:

 Identificar as dimensões da imagem corporal mais valorizadas pelos adolescentes;


 Identificar os factores interferem na satisfação ou não com imagem corporal nos
adolescentes;
 Estabelecer a relação entre a prática de actividades físicas e a satisfação ou não com a
imagem corporal nos adolescentes;
14

CAPÍTULO II: Revisão da Literatura


A literatura revisitada no presente trabalho, aborda as questões sobre a adolescência e imagem
corporal. Esta revisão da literatura termina associando os estudos realizados sobre a imagem
corporal e a concepção da cultura, com realce no seu relacionamento com a prática das
actividades físicas e desportivas.

2.1. A Adolescência
Etimologicamente, a palavra "adolescência" tem sua origem do Latim, onde “ad” significa "para
frente" e “dolescere” significa "crescer, com dores". Portanto um período de crescimento e
transformações que corresponde a um período da vida no qual o indivíduo perde direitos e
privilégios infantis e passa a assumir direitos e responsabilidades próximos dos adultos
(MUUSS, VELDER & PORTON, 1996).

A visão de adolescentes tende a ser vista como um é um período de transformações


biopsicossociais, é um tempo de afirmação da personalidade e formação de relações mais
profundas com a sociedade, escola e principalmente com a família (TIBA, 2005). Ela é
caracterizada como etapa de transição entre a infância e a idade adulta; pode ser considerada de
fundamental importância por apresentar características muito peculiares que conduzem a criança
a tornar-se adulto capaz de se reproduzir (ZAGURY, 2002).

2.1.1. A Adolescência e suas características


A Organização Mundial da Saúde – OMS (2007), define esse período da vida (adolescência) a
partir do aparecimento das características sexuais secundárias, do desenvolvimento de processos
psicológicos e de padrões de identificação que evoluem da fase infantil para adulta; e pela
transição de um estado de dependência para outro, de relativa autonomia. Sendo que, a
adolescência equivale ao período compreendido entre os 10 e 19 anos, enquanto jovem é o
individuo entre os 15 e os 24 anos. Por consenso, o termo “gente ou pessoa jovem” abrange
todos aqueles cujas idades estão compreendidas entre os 10 e 24 anos.

Para MUNHOZ (2006), a adolescência é uma etapa de vida caracterizada por profundas
modificações físicas, psicológicas e sócio-emocionais. Essas mudanças associadas ao
crescimento e desenvolvimento que ocorrem no período da puberdade caracterizam esta fase de
vida, designadamente:
15

 A adolescência é caracterizada pela busca da consolidação da identidade;

 Em ambos os sexos acontece à maturidade sexual e a capacidade de reprodução. Há um


crescimento acelerado e mudanças precipitadas nas secreções das hormonas da glândula
pituitária, localizada na base do cérebro;

 Em ambos sexos ocorrem transformações físicas que podem ser fortemente


influenciados pela interacção de factores genéticos e ambientais, geralmente iniciam-se
por volta dos 11 anos e duram por mais quatro ou cinco anos. Na menina aparece o broto
mamário, os pelos pubianos e a menarca. A partir disto o corpo começa a tomar
contornos mais femininos devido ao aumento da massa adiposa. No menino, a primeira
transformação é o aumento do volume do testículo e consequentemente do pênis,
somente depois aparecem os pelos nas pernas e nas axilas, aumentando também a
oleosidade da pele e o desenvolvimento da massa muscular;

 Em termos comportamentais, as mudanças comportamentais na adolescência


representam uma característica do desenvolvimento desta etapa de vida que afecta não só
o próprio adolescente, como também todos os que fazem parte de sua vida. Nesta fase,
podem-se notar as oscilações de humor, o despertar para o sexo oposto, a ânsia pela
autonomia, o gosto pela companhia dos amigos, o afastamento dos pais entre outras
modificações próprias da idade;

 No âmbito sócio-emocional, observam-se os sentimentos podem ser comparados a uma


explosão de energia, tamanha é a amplitude das emoções vividas e sentidas, pois para os
adolescentes que estão iniciando suas experiências afetivo-sexuais, as emoções
borbulham e os conflitos mostram-se muito mais frequentes e intensos gerando muita
ansiedade e tensão. TIBA (2005) afirma que é comum que neste período os adolescentes
se afastem dos pais em busca da própria identidade. As contestações aumentam,
provocando reais situações de conflito

De acordo com SIMONETTI (1998), é fundamental saber que as mudanças e transformações da


adolescência podem ocorrer entre jovens do mesmo sexo, porém em ritmos diferentes. É
necessário que os pais estejam esclarecidos sobre as mudanças que ocorrem com seus filhos
durante a adolescência para que possam observar e entender este processo de transformação.
16

2.1.2. Etapas e níveis da adolescência


A adolescência, apesar de variações de individuo para individuo, é caracterizada por diferentes
etapas, não tendo princípio nem fim concreto e onde, por vezes, características de uma etapa
poderão surgir numa outra. TEMBE (2010) e AGUIAR (2014), distinguem três diferentes etapas
e níveis da adolescência, conforme ilustra a tabela a seguir:

Tabela 1: Etapas e níveis da adolescência

Etapas Níveis

Etapa: Adolescência inicial (10 aos 14 anos). Nível: Puberdade (12 aos 14 anos)
No essencial: Transformações corporais e suas consequências No essencial: Mudanças corporais.
psíquicas. O adolescente aprende a lidar com as fantasias e os
impulsos, e a aceitação de pares vai ser estimulada a partir das
competências adquiridas pelo adolescente, tanto interpessoais como
sociais.

Etapa: Adolescência média (14 e os 17 anos). Nível: Adolescência propriamente dita (15
e 17 anos).
No essencial: Caracterizada pelas questões relativas à sexualidade,
especialmente à passagem da bissexualidade para a No essencial: Características mais
heterossexualidade. marcantes referentes às mudanças do
âmbito psicológico.

Etapa: Adolescência final (17 e os 20 anos). Nível: Adolescência tardia (18 a 21 anos).
No essencial: Estabelecimento de novos vínculos com os pais, No essencial: Busca de identidade própria,
envolvendo ainda a questão profissional, a aceitação de um esquema não só individual e em grupo, mas sim
corporal novo e dos processos psíquicos do “mundo adulto”. Já também da identidade social.
adquiriu determinadas crenças, valores e normas que regem a sua
vida, os seus comportamentos e as suas atitudes.

Fonte: TEMBE (2010) e AGUIAR (2014)

2.2.3. O corpo e a sua representação para os adolescentes


Parafraseando SILVA (2007), na adolescência, a construção da identidade pessoal inclui
inevitavelmente a relação com o próprio corpo. De acordo com este autor, essa relação faz-se
através da representação mental, que o jovem detém do seu próprio corpo, ou seja, através da sua
imagem corporal, sendo que, nesta fase as raparigas apresentam-se mais insatisfeitas com o seu
corpo e com o seu peso do que os rapazes.

Segundo VELOSO, (2003) a adolescência é o período do “stress”, da turbulência e da construção


da personalidade. Além das transformações que o corpo sofre, este é fundamental no
relacionamento interpessoal, principalmente com os pares, sendo um período de intensa
sociabilidade. No entanto, essas mudanças corporais nem sempre são positivas, por vezes
acarretam complexos e problemas (VELOSO, 2003). A aparência física é fundamental para que
17

os adolescentes se sintam aceites nos seus grupos, contudo, o modelo idealizado de beleza não
tem em consideração os aspectos relacionados à saúde e às diferentes constituições físicas de
cada sujeito (AERTS, MADEIRA e ZART, 2010). Esse padrão deturpado acarreta um número
de adolescentes que cada vez mais se submetem a dietas de emagrecimento, exagero no exercício
físico ou até mesmo cirurgias plásticas por insatisfação com a sua imagem corporal.

2.2. A Imagem Corporal


De acordo com SCHILDER (1935), a imagem corporal pode ser entendida pela imagem do
corpo formada na mente do indivíduo, ou seja, o modo como o corpo se apresenta para o
indivíduo envolvido pelas sensações e experiências imediatas. SCHILDER (1935), também
refere que para se compreender a imagem corporal, deve-se abordar a questão psicológica central
da relação entre as impressões dos sentidos, dos movimentos e da motilidade geral do indivíduo.
Parafraseando CRUZ (1998), a imagem corporal, é uma fotografia que o individuo tem sobre a
aparência do seu corpo, unida a atributos e sentimentos a respeito dessa imagem ou então de uma
forma simplificada, pode ser descrita como um conjunto de representações mentais do próprio
corpo, as quais vão sofrendo alterações ao longo do ciclo de vida, sendo por isso considerada um
conceito dinâmico.
Por sua vez, BENNETT (1960), define a imagem corporal como um “conjunto de fenómenos
nomeados pelo indivíduo, quando solicitado a descrever o seu próprio corpo, a responder sobre
ele num questionário ou a desenhá-lo”.
Aglutinando as definições de SCHILDER (1935), CRUZ (1998) e BENNETT (1960) pode-se
notar que ambas referem-se à imagem corporal como sendo a apreciação que cada individuo tem
sobre o seu corpo, como resultado dos julgamentos, atitudes e sentimentos, face a experiências
actuais e anteriores.

2.2.1. Percepção da Imagem Corporal


A imagem corporal surgiu num contexto de pesquisas biomédicas, voltadas para o corpo
biológico, e apenas mais tarde com os estudos de SCHILDER (1935) passaram a ser incluídos os
aspectos afectivos e sociais. A mesma envolve a experiência percentual que o sujeito tem do seu
corpo, a compreensão conceptual dos corpos em geral e atitude emocional do sujeito em relação
ao seu próprio corpo (FERREIRA, 2004 citado por MENDES, 2016).
18

De acordo com CHIRIDA (2018), a percepção da imagem corporal é uma manifestação humana
multidimensional e complexa, que envolve aspectos cognitivos, afectivos, sociais, culturais e
motores, incluindo a competência desportiva, condição física, aparência e força física.

A imagem corporal desempenha um papel relevante no desenvolvimento e manutenção do self


(eu), pode ser definida como uma fotografia que temos sobre a aparência do nosso corpo, unida a
atributos e sentimentos a respeito dessa imagem ou então de uma forma simplificada, pode ser
descrita como um conjunto de representações mentais do próprio corpo, as quais vão sofrendo
alterações ao longo do ciclo de vida, sendo por isso considerada um conceito dinâmico, CRUZ
(1998). Do ponto de vista de CASH (2004), a imagem corporal envolve bem mais que a simples
aparência física, compreende também, múltiplas perspectivas psicológicas do indivíduo acerca
do seu próprio corpo. Essas perspectivas reflectem as próprias percepções e atitudes do
indivíduo, mais precisamente, no que diz respeito aos pensamentos, as crenças, os sentimentos e
os comportamentos em relação ao seu corpo. VELOSO (2003) indica que existe uma relação
entre imagem corporal e aparência e beleza física, sendo que a imagem corporal é uma
representação mental de nós mesmos, o que permite contemplarmo-nos, atingindo muitos dos
nossos comportamentos, a nossa autoestima ou a hipótese de desenvolver psicopatologias.

Assim, pode-se dizer que a imagem corporal compreende uma idealização física e subjetiva,
definida como a forma como o indivíduo percebe o seu corpo e se sente em relação a este.
Funciona como um retrato formado na mente, resultado de experiências e emoções (AERTS,
MADEIRA E ZART, 2010 citados por MENDES, 2016).

2.3. A actividade física e sua relação com a formação e satisfação com a imagem corporal
Segundo, NAHAS (2010) e CASPERSEN et al (1985), a actividade física, refere-se à qualquer
movimento corporal produzido pelo corpo humano (pelos músculos esqueléticos) cujo resultado
é gastar energia (uma simples caminhada, erguer uma caixa e varrer o chão já se encaixam como
uma actividade física).

TEMBE (2006), explica que a prática das actividades físico-desportivas constitui um dos
factores fundamentais e eficazes na educação corporal e psicológica e uma conformação básica
de preparação do homem para a vida com relevância significativa tanto para o trabalho, como
para todas as outras formas socialmente necessárias da actividade humana. Segundo este autor,
no desenrolar e desenvolvimento das acções das práticas desportivas, os indivíduos através dos
19

sentimentos que resultam do controlo que exercem sobre o seu próprio corpo encontram no
desporto um meio privilegiado para experimentarem alegria, satisfação e realização pessoal.

A cultura actual relaciona o ideal de corpo humano, por influência da comunicação social, uma
estética magra para as raparigas adolescentes e uma estética musculosa para rapazes adolescente
(MENDES, 2016). Deste modo, BATISTA (1995), afirma que o nível de satisfação com a
imagem corporal é mais positivo em indivíduos que tem a cultura e ou hábitos de praticar
actividades físico-desportivas, em comparação com os que não praticam qualquer tipo de
actividade física. Segundo este autor, existe ainda uma diferenciação entre os indivíduos
praticantes que entram em competições e os que apenas participam em actividades de lazer,
apresentando os primeiros satisfação com a imagem corporal inferior.
A conceptualização teórica possibilitou a compreensão da imagem corporal e a sua relação a
prática de actividades físicas. Entretanto, dado que o trabalho está relacionado com a revisão,
esses estudos serão tratados no capítulo de apresentação dos resultados.
2.4. Estudos Realizados
Na presente secção pretende-se apresentar, de forma sintética, os estudos realizados com
adolescentes, sobre a imagem corporal, que por sua vez, constituirão o corpus de análise e
discussão no capítulo IV.

2.4.1. Estudo realizado por SAVANGUANA (2019)


SAVANGUANA (2019) realizou um estudo com objectivo geral avaliar os níveis da ansiedade
física social, imagem corporal e auto-estima nos residentes dos municípios da Maputo e Maxixe
com uma amostra 196 indivíduos da cidade de Maputo e 188 da cidade da Maxixe perfazendo
um total de 384 indivíduos. No concernente à Imagem Corporal, recorreu-se ao Questionário da
Imagem Corporal adaptado por Fernandes & VASCONCELOS-RAPOSO (1999), constituído
por 30 itens. O teste Post Hoc possibilitou identificar diferenças significativas entre o nível
escolaridade na dimensão Cabeça. No fenómeno comportamental imagem corporal no contexto
estado civil apresentando o t test evidenciou diferenças estatisticamente significativas (p≤0,05).
A imagem corporal no contexto cidade, evidenciou a valorização da imagem da cabeça. O t test
das dimensões da imagem corporal no contexto município de Maputo e Maxixe evidenciaram
diferenças estatisticamente significativas (p≤0,05) nas dimensões membros superiores (MS) e
membros inferiores (MI). Os de Maputo, tiveram mais ambição em alcançar o “corpo ideal”.
Relativamente á imagem corporal, há diferenças estatisticamente significativas. Na variável
20

sexo, os residentes do município de Maputo, evidenciaram que as mulheres é que se preocupam


mais com o corpo em relação aos homens.

2.4.2. Estudo realizado por CHIRIDA (2018)


CHIRIDA (2018), realizou um estudo descritivo-comparativo, com objectivo de relacionar o
estado nutricional com a percepção e satisfação da imagem corporal que o praticante de
actividade física tem de si próprio. Participaram do estudo 18 homens e 23 mulheres, perfazendo
um total de 41 participantes com idades entre 17 a 52 anos, inseridos em programas de
actividades físicas dos Ginásios. A percepção da imagem corporal foi obtida por autoavaliação,
com o uso de uma escala de silhuetas corporais (1 a 9) proposta para populações africanas
(COHEN et al., 2015), em que se estabelecem quatro categorias: baixo peso (1), eutrofia (2 a 5),
sobrepeso (6 e 7), e obesidade (8 e 9). Para a análise da satisfação corporal, foi aplicado o Body
Shape Questionnaire – BSQ (COOPER et al 1987), um teste de autopreenchimento com 34
perguntas para serem respondidas segundo uma legenda (uma pontuação menor que 80 e
considerada sem insatisfação; entre 80 e 110, insatisfação leve; entre 111 e 140, insatisfação
moderada; e maior que 140, insatisfação grave). Os resultados evidenciaram que a percepção
mais comprometida ocorreu nas mulheres em comparação com os homens. O estudo concluiu
que: (i) Os sujeitos em eutrofia, sobrepeso e obesidade de ambos sexos em maioria revelaram
uma percepção adequada da sua imagem corporal; (ii) A percepção mais comprometida ocorreu
nas mulheres em comparação com os homens. (iii) Quanto a satisfação com a imagem corporal,
em ambos sexos, a maior parte dos sujeitos revelou satisfação com a sua imagem corporal.
Contudo, observou-se maior insatisfação entre os praticantes femininos.

2.4.3. Estudo realizado por FAFETINE (2020)


FAFETINE (2020), realizou um estudo subordinado ao tema “Percepção da orientação
motivacional, auto-estima e imagem corporal nos praticantes de exercício físico na cidade de
Maputo”. Este estudo tinha como objectivo analisar os níveis de orientação motivacional, auto-
estima e imagem corporal em praticantes de exercício na Cidade de Maputo. Este estudo contou
com a participação de 35 indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e 75 anos de idade,
sendo 17 do sexo masculino, representando 48,57%, e 18 do sexo feminino, correspondentes a
51,43% da amostra. Para recolha destes dados recorreu-se a 4 ginásios da Cidade de Maputo e
um núcleo de actividade física do Chamanculo “C”de praticantes de exercício físico. De acordo
com o autor do estudo, para a recolha de dados foi utilizado um questionário de O TEOSQ (Task
21

and Ego Orientation in Sport Questionnaire) validado por VASCONCELOS-RAPOSO (1995),


Escala de Auto Estima (EAE) de ROSEMBERG (1965) validada por VASCONCELOS-
RAPOSO (2011) e Questionário da Imagem Corporal adaptado por FERNANDES &
VASCONCELOS-RAPOSO (1999). Com uma pontuação na escala de LIKERT 1-5.

Os resultados evidenciaram que todos indivíduos são `predominados pela orientação


motivacional para a tarefa, auto-estima dá valores médios altos da orientação para a tarefa e a
imagem corporal assumem a mesma importância para valorização das seguintes dimensões;
cabeça, membro superior, tronco, membro inferior, pele e altura. Mediante estes resultados,
FAFETINE (2020), concluiu no que concerne a orientação motivacional, auto-estima e imagem
corporal que todos indivíduos praticantes de exercício físico na Cidade de Maputo apresentam
níveis positivos apesar de ter conhecimentos científicos diferentes.

2.4.4. Estudo realizado por MANHICE (2019)


MANHICE (2019), conduziu um estudo subordinado ao tema “Característica de auto-estima e
imagem corporal dos adolescentes da Escola Primária Completa da Matola Gare”. O estudo tinha
como objectivo avaliar a imagem corporal e auto-estima nos adolescentes da Escola Primária
Completa da Matola Gare, praticantes das aulas de educação física e desporto escolar. Os
participantes foram constituídos por 102 adolescentes, dos quais 50 são do sexo masculino e 52
do sexo feminino, com idades compreendidas entre 11 a 14 anos. Para a recolha de dados, foram
aplicados dois questionários, denominados Escala de Auto-estima adaptado por
VASCONCELOS RAPOSO & FREITA (1999) composto por 10 itens, que avaliam a auto-
estima positiva e negativa. Quanto à imagem corporal, de acordo com o autor do estudo, usou-se
o questionário de Fernandes & Vasconcelos Raposo composto por 30 itens. Os instrumentos
apos adequação, apresentaram na Auto-estima geral valor de α=0,49 e uma pontuação de 29,82;
a imagem corporal apresentou valores de α=0,87 com valorização da imagem da cabeça com
M±DP 3,79±0,62, imagem da pele com M±DP 4,02±1,26 e peso com M±DP=4,22±1,19. Assim,
evidenciaram-se que os adolescentes da Escola Primária Completa da Matola Gare possuem um
nível de auto-estima elevada e valorizam a imagem da cabeça, pele e seu peso.

2.4.5. Estudo realizado por MAIBAZE (2019)


MAIBAZE (2019), realizou um estudo com o tema “Percepção da imagem corporal e auto-
estima dos adolescentes da Escola Secundária Malangatana Valente Ngwenya” O trabalho tinha
22

como objectivo analisar a percepção de imagem corporal e auto-estima dos adolescentes da


Escola Secundária Malangatana Valente Ngwenya. A metodologia usada foi a revisão
bibliográfica e a recolha de dados foi feita com o recurso ao Questionário de avaliação da
Imagem Corporal adaptado por HELDER & VASCONCELOS-RAPOSO (1999) e a Escala de
auto-estima de ROSENBERG (1965) adaptado por VASCONCELOS-RAPOSO (2011). A
amostra foi constituída por cento e setenta e seis (176) adolescentes com idades compreendidas
entre 15 a 21 anos, dos quais sessenta e cinco (65) são do sexo masculino e cento e onze (111) do
sexo feminino, foi usada a estatística descritiva com vista a aprovar os níveis de valorização das
dimensões de imagem corporal e nível de auto estima (mínimo 10 e máximo 40 pontos), para a
análise e tratamento de dados nos baseamos no programa SPSS versão 22. Os resultados obtidos
demonstram a valorização das dimensões pele, cabeça e a valorização de auto-estima positiva.

Conclui-se que nas dimensões unidimensionais da imagem corporal os adolescentes valorizam a


pele e nas dimensões multidimensionais a cabeça. Sobre a auto-estima, verificamos que os
adolescentes apresentam os níveis elevados de auto estima. A autoestima demonstrou estar
relacionada positivamente com a percepção da imagem corporal.

2.4.6. Estudo realizado por MENDES (2016)


MENDES (2016), realizou um estudo com o tema “Satisfação com a Imagem Corporal em
Adolescentes do Ensino Secundário: relação com a prática de actividade física”, cujo objectivo
central prendia-se com a imagem corporal associada à prática de actividade física, à satisfação
com a vida e ao IMC (Índice de Massa Corporal). Para este estudo, a amostra foi composta por
104 jovens estudantes do ensino secundário do concelho de Leiria, com idades compreendidas
entre os 16 e os 21 anos, sendo 67 raparigas (com média de idades de 17.68 ± 1.45) e 37 rapazes
(com média de idades de 17.46 ± 1.22). Deste universo, 31.7% dos indivíduos foram do 10º ano,
31.7% do 11º ano e 36.6% do 12º ano. Dos 104 sujeitos, 72 eram praticantes de exercícios físicos
(idades média de 17.40 ± 1.31, sendo 47 raparigas e 25 rapazes) e 32 não praticavam (média de
idades de 17.84 ± 1.27, sendo 20 raparigas e 12 rapazes).

Para estudar a satisfação com a imagem corporal, a satisfação com a vida, o nível de actividade
física habitual, foi aplicado um questionário aos jovens estudantes do ensino secundário
utilizando a Escala de Silhuetas de Stunkard, o questionário de DIENER (1984) e o questionário
de BAECKE (1982), respectivamente. Os dados foram analisados e apresentados como média ±
23

desvio-padrão (dp). Para verificação de possíveis diferenças entre sexo, praticante vs. não
praticante de desporto, e valor de IMC foi realizado o test t de student para amostras
independentes. Para análise de diferenças entre os graus de satisfação utilizou-se a análise de
variância a um fator (One-way ANOVA), sendo utilizado o post-hoc Bonferroni.
Adicionalmente, recorreu-se à correlação de Pearson para estudo da associação entre variáveis.
Foi utilizado o software Statiscal Package for the Social Sciences (SPSS) (v20.0) e adotado um
nível de significância de p < 0.05.

Os resultados deste estudo evidenciaram que as raparigas apresentam um menor grau de


satisfação com a sua imagem corporal, em relação aos rapazes. Identificaram-se relações
significativas entre o IMC com a satisfação com a vida e com o grau de satisfação de imagem
corporal. Relativamente ao exercício físico, esta variável não demonstrou diferenças entre os
praticantes e não praticantes para as variáveis estudadas, no entanto, obteve-se uma maior
percentagem de indivíduos insatisfeitos com a sua imagem corporal no grupo de jovens não
praticantes. Do estudo, MENDES (2016), concluiu que a imagem corporal sofre influências
significativas dos factores socioculturais como a comunicação social e os amigos em todas as
fases da vida. Sendo assim, mesmo quem praticava exercícios físicos continuava a idolatrar um
corpo que possui ou não, contribuindo para a satisfação ou não com a sua própria imagem
corporal. Esta autora, também constatou que o exercício físico tem inúmeros benefícios físicos,
psíquicos e sociais, no entanto, tem como objectivo geral melhorar ou manter a própria saúde e o
bem-estar, estava relacionado ainda de forma positiva com a autoimagem, autoconfiança,
mudanças positivas no humor, no stress, depressão, ansiedade, vigília, clareza de pensamento,
aumentos de energia, entre outros.

2.4.7. Estudo realizado por BULO (2014)


BULO (2014), realizou um estudo com o tema “Avaliação da imagem corporal e ingestão
alimentar dos adolescentes das escolas Secundárias do Município da Matola. Estudo em
praticantes e não praticantes de atletismo”. Este estudo tinha por objectivo avaliar os níveis da
imagem corporal e ingestão alimentar dos adolescentes das escolas secundárias do município da
Matola praticantes e não praticantes do desporto (atletismo) com idades compreendidas entre os
13 aos 19 anos de idade. Participaram do estudo 100 adolescente (dos quais 51 do sexo
masculino e 49 do sexo feminino) e para o nível de envolvência tive 50 praticantes e 50 não
praticantes, onde responderam ao questionário de avaliação da Imagem Corporal e Questionário
24

de ingestão alimentar adaptado por FERNANDES & VASCONCELOS-RAPOSO (1999), e para


a analise e tratamento de dados, o estudo baseou-se no programa SPSS versão 21.0 para
determinar o nível de valorização da imagem corporal e ingestão alimentar na base de análise
M±DP, análise factorial onde foi obtido nível de Significância e Alfa de Cronbach. Os resultados
desta pesquisa evidenciaram que para a ingestão alimentar os adolescentes valorizam mais o
factor ingestão externa e a ingestão emocional é a menos valorizada. Quanto a imagem corporal,
os resultados evidenciaram que os adolescentes dão maior valorização ao seu peso e
desvalorizam os seus membros inferiores. Assim, BULO (2014), concluiu que o desporto não é
um factor importante para se ter uma imagem corporal mais valorizada e nem há influência da
ingestão alimentar.

2.4.8. Estudo realizado por RODRIGUES (2015)


Com o tema “Relações entre imagem corporal e autoestima em uma população de adolescentes e
jovens em um município da Bahia”, RODRIGUES (2015), realizou uma pesquisa transversal
cujo objectivo era de analisar a associação entre a autopercepção da imagem corporal e o nível
de autoestima de adolescentes e jovens do município da Bahia, com idade entre 15 a 24 anos. Os
dados desta pesquisa foram obtidos através de inquérito domiciliar, realizado entre os meses de
outubro de 2011 e janeiro de 2012, cuja variável dependente foi a imagem corporal e a
independente a autoestima, sendo ajustadas por variáveis socioeconómicas, demográficas, de
condição de saúde e familiares. Para análise foi utilizada a regressão logística multinível com
correcção para amostragem complexa. Os resultados evidenciaram uma prevalência de
insatisfação corporal foi de 80,5%. Entre as meninas, 47,3% desejavam ter um corpo mais
magro, 54,1% dos meninos desejavam aumentar a silhueta e 77,9% dos indivíduos não
estimavam bem o seu tamanho corporal. Após ajuste, por todas variáveis do estudo, a autoestima
mostrou-se associada positiva e significativamente (OR:1,72; IC (95%): 1,20-2,48) com a
imagem corporal. As variáveis faixa etária, sexo, autopercepção de saúde, estado nutricional,
trabalho do responsável pela família e relacionamento com os pais também foram associadas
significativamente após ajuste. Do estudo, Rodrigues (2015), concluiu que a autoestima está
associada significativamente a imagem corporal. Sugere-se incorporação desta temática nas
políticas públicas de saúde e o fortalecimento das políticas já existentes, a exemplo do Programa
de Saúde na Escola.
25

2.4.9. Estudo realizado por SAMPAIO (2010)


SAMPAIO (2010), realizou uma pesquisa exploratória com o tema “Imagem corporal e excesso
de peso em adolescentes”, com o objectivo de verificar de que modo a imagem corporal e o
padrão alimentar dos adolescentes variam em função dos grupos de pertença (sexo e idade) e
índice de massa corporal. Para tal, a amostra foi constituída por 290 adolescentes de ambos os
sexos com idades compreendidas entre os 14 anos e os 19 anos (matriculados no ano lectivo
2009/2010, estudantes do 3º ciclo do ensino básico e secundário de Escolas do concelho do
Montijo). Os dados foram recolhidos através de um questionário de frequência alimentar, de uma
Escala de Estima Corporal e um Inventário de Esquemas de Aparência. Os estudantes foram
medidos e pesados e calculado o seu Índice de Massa Corporal, de acordo com as regras
internacionais. Na análise dos dados, foram utilizadas as Análises de Componentes Principais
para descrever a estrutura factorial das escalas utilizadas e realizaram-se várias análises de
variância. Em termos de resultados, a pré-obesidade/obesidade associou-se positivamente com o
Álcool, Fast-food, Bebidas saudáveis, Diet, Vulnerabilidade da Imagem Corporal, e com as
Crenças e Estereótipos de Aparência Física. E associou-se negativamente com as dimensões
Gorduras, Leites, Satisfação com o Corpo e com a Sexualidade. SAMPAIO (2010), concluiu que
os adolescentes com pré-obesidade e obesidade mostraram mais frequentemente insatisfação
com a sua imagem corporal e sexualidade, e revelaram maior vulnerabilidade em relação à sua
aparência, o que exige programas de prevenção que incluam questões relacionadas com a
promoção da saúde, incluindo a satisfação com o corpo, a socialização, o estilo de vida e
alimentação.
26

CAPÍTULO III: Metodologia


Esta parte do trabalho é exclusivamente dedicada ao enquadramento metodológico utilizado no
estudo.
3.1. Tipo de Estudo
O presente trabalho abordou a questão da percepção da imagem corporal e concepção da cultura
nos adolescentes. Trata-se de uma pesquisa essencialmente qualitativa bibliográfica.

De acordo com GIL (2002), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os
estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica
reside no facto de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenómenos muito mais
ampla do que aquela que poderia pesquisar directamente. Essa vantagem torna-se
particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo
espaço. (GIL, 2002)

A escolha da abordagem qualitativa surge na medida em que neste método, o pesquisador


procura reduzir a distância entre a teoria e dos dados, entre o contexto e a acção, usando a lógica
da análise fenomenológica, isto é, da compreensão dos fenómenos pela sua descrição e
interpretação (TEIXEIRA, 2001).

3.2. Sujeitos
O presente trabalho é sustentado por nove estudos, dos quais três internacionais e seis nacionais.
É importante referenciar que estes documentos (nacionais) encontram-se disponíveis na
Biblioteca da Faculdade de Educação Física e Desporto e os estudos internacionais foram
obtidos a partir da plataforma digital (Google Académico).

Tabela 2: Autores dos estudos usados para a pesquisa

Autor Ano

Estudos Nacionais
BULO, Ivan 2014

CHIRIDA, Zulfikhar Nyakwille Abdul 2018

MAIBAZE, Moisés Ernesto 2019

MANHICE, Cremildo Armindo 2019


27

SAVANGUANA, Victória Albino 2019

FAFETINE, Julião Alfeu MENDES 2020

Estudos Internacionais
SAMPAIO, Daniel Ataíde Ferreira 2010

RODRIGUES, Poliana Vieira Amaral 2015

MENDES, Neiza Viviana Ferreira 2016

Fonte: Produzido pela autora

3.3. Procedimentos de recolha e tratamento de dados


A recolha de dados decorreu em três fases, assim descritas:

1a Fase: Levantamento de publicações (nacionais e intencionais) relacionadas com o tema por


estudar (percepção da imagem corporal e concepção da cultura nos adolescentes). Como critério
de selecção, buscou-se publicações e trabalhos avaliados em meio académico por forma a
garantir a credibilidade das informações e pelo grau de exigência feita a estes estudos em agregar
o maior número de bibliografia sobre o tema.

2a Fase: Leitura dos artigos seleccionados na primeira fase, organizando as informações


colectadas a respeito do tema desta monografia.

3a Fase: Análise das informações levantadas e redação do trabalho final.

Em relação ao tratamento de dados, LÜDKE e ANDRÉ (1986), referem que este processo
significa “trabalhar” todo o material obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos das
observações, as transcrições de entrevistas, as análises de documentos e as demais informações
disponíveis. Assim, no presente estudo, os dados colectados a partir da análise documental foram
tratados através do método de análise de conteúdo onde, primeiro fez a leitura flutuante do
material e de seguida a sua exploração atentando-se sempre na revisão da literatura em forma de
quadro sinóptico.

3.4. Limitações do Estudo


Nenhum trabalho de pesquisa é perfeito pois sempre há aquele sentimento que algumas coisas
poderiam ter sido feitas de uma outra forma e neste trabalho não foi diferente. Assim sendo, este
estudo limita-se aos estudos sobre a imagem corporal em adolescentes.
28

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Neste capítulo, pretende-se fazer a apresentação dos resultados, bem como a sua análise e
discussão de acordo com o problema e os objectivos evocados para a pesquisa.
Tratando-se de um estudo bibliográfico, para a questão da imagem corporal, serão apresentados,
analisados e discutidos os resultados das pesquisas de SAMPAIO (2010), BULE (2014),
RODRIGUES (2015), MENDES (2016), CHIRIDA (2018), MAIBAZE (2019), MANHICE
(2019), SAVANGUANA (2019) e FAFETINE (2020).

4.1. Dimensões de imagem corporal mais valorizadas pelos adolescentes


Muitos estudos sobre a imagem corporal procuram perceber as dimensões mais valorizadas pelos
participantes envolvidos no mesmo. Deste modo, nesta secção far-se-á a presentação das
dimensões de imagem corporal mais valorizadas, de acordo com os resultados dos estudos
revistos neste trabalho.

Tabela 3: Quadro sinóptico da valorização da imagem corporal

Autor Dimensões mais valorizadas


CHIRIDA (2018) Peso
MAIBAZE (2019) Pele e cabeça
MANHICE (2019) Pele, cabeça e peso
SAVANGUANA Cabeça, membros superiores e membros inferiores
(2019)
FAFETINE (2020) Cabeça, membros superiores, tronco, membros inferiores, pele e altura
BULO (2014) Peso
RODRIGUES (2015) Peso
Fonte: Adaptado pela autora.

Analisando os dados apresentados na tabela 3, pode-se notar que a cabeça e o peso são as
dimensões mais valorizadas, seguidas da pele, dos membros (superiores e inferiores) e por fim
altura (que de acordo com os estudos revistos é a dimensão menos valorizada).

Para sustentar estes resultados, ALVARENGA (2010), enfatiza que, independentemente do


género, os adolescentes preocupam-se com a aparência e com o peso corporal. Porém, de acordo
com este autor, o sexo feminino parece internalizar a pressão para atingir um corpo considerado
ideal, gerando maior insatisfação. Este posicionamento também é defendido por SILVA (2007),
29

na medida em que este autor, também defende que na adolescência, a construção da identidade
pessoal inclui inevitavelmente a relação com o próprio corpo e, essa relação faz-se através da
representação mental, que o adolescente detém do seu próprio corpo, ou seja, através da sua
imagem corporal. Nesta fase as raparigas apresentam-se mais insatisfeitas com o seu corpo e
com o seu peso do que os rapazes, SILVA (2007).

4.2. Factores que influenciam na satisfação ou insatisfação com a imagem corporal em


adolescentes
Da revisão feita nos estudos sobre a imagem corporal, destacam-se a prática de actividades
físico-desportivas, a alimentação e a mídia, como os principais factores que influenciam na
satisfação ou insatisfação com a imagem corporal. Corroborando com estes resultados, CASH
(2004), defende que as tendências sociais e culturais, principalmente veiculadas pela mídia,
podem influenciar como o adolescente se sente em relação à sua aparência física, podendo gerar
no indivíduo uma insatisfação com o seu corpo.

A aparência física é fundamental para que os adolescentes se sintam aceites nos seus grupos,
contudo, o modelo idealizado de beleza não tem em consideração os aspectos relacionados à
saúde e às diferentes constituições físicas de cada sujeito (AERTS, MADEIRA e ZART, 2010).
Estes autores, ainda sustentam que esse padrão deturpado acarreta um número de adolescentes
que cada vez mais se submetem a dietas de emagrecimento, exagero no exercício físico ou até
mesmo cirurgias plásticas por insatisfação com a sua imagem corporal.

Ainda em torno da imagem corporal, os resultados do estudo de MENDES (2016), evidenciaram


que as raparigas apresentam um menor grau de satisfação com a sua imagem corporal, em
relação aos rapazes. Relativamente a variante do exercício físico, não demonstrou diferenças
entre os praticantes e não praticantes para as variáveis estudadas, no entanto, obteve-se uma
maior percentagem de indivíduos insatisfeitos com a sua imagem corporal no grupo de jovens
não praticantes. Concluindo, os sujeitos estavam insatisfeitos com a sua imagem corporal porque
idealizavam uma imagem corporal menos volumosa, sendo estes os que apresentavam IMC
maior e mais insatisfação com a vida.

Conforme se pode observar, de acordo com os resultados da pesquisa de MENDES (2016), os


sujeitos praticantes de actividades físicas apresentaram maior satisfação com a sua imagem
corporal, quando comportados com os sujeitos não praticantes de actividades físicas. Sobre isto,
30

Tembe (2006), defende que a prática das actividades desportivas constitui um dos factores
fundamentais e eficazes na educação corporal e psicológica e uma conformação básica de
preparação do homem para a vida com relevância significativa tanto para o trabalho, como para
todas as outras formas socialmente necessárias da actividade humana. Para este autor, no
desenrolar e desenvolvimento das acções das práticas desportivas, os indivíduos através dos
sentimentos que resultam do controlo que exercem sobre o seu próprio corpo encontram no
desporto um meio privilegiado para experimentarem alegria, satisfação e realização pessoal.

Corroborando com os resultados da pesquisa de MENDES (2006), BATISTA (1995), afirma que
o nível de satisfação com a imagem corporal é mais positivo em indivíduos que tem a cultura e
ou hábitos de praticar actividades físico-desportivas, em comparação com os que não praticam
qualquer tipo de actividade física. Segundo este autor, existe ainda uma diferenciação entre os
indivíduos praticantes que entram em competições e os que apenas participam em actividades de
lazer, apresentando os primeiros satisfação com a imagem corporal inferior.

Com isto, pode-se concluir que a prática regular de actividade física é um aspecto importante na
promoção da saúde e na qualidade de vida dos adolescentes e pode estar relacionada à imagem
corporal. A insatisfação com o próprio corpo não serve de motivação para a adopção de
comportamentos adequados de controlo de peso, como exercícios.

4.3. Relação entre a prática de actividades físicas e a satisfação ou não com a imagem
corporal nos adolescentes
Os resultados apresentados no tópico anterior, evidenciaram que a prática de actividades físicas é
um dos factores que grandemente influenciam na satisfação ou insatisfação com imagem
corporal. Deste modo, neste tópico, pretende-se estabelecer a relação entre a prática de
actividades físicas e a satisfação ou não com a imagem corporal nos adolescentes.

De acordo com BARROS (2003), o hábito de praticar actividade física é um importante auxiliar
para o aprimoramento e desenvolvimento do adolescente, nos seus aspectos
morfofisiopsicológicos, podendo aperfeiçoar o potencial físico determinado pela herança e
adestrar o indivíduo para um aproveitamento melhor de suas possibilidades.

Por seu turno, AZEVEDO Jr (2004), explica que entre os factores que favorecem a determinação
de estilos de vida activos no adulto está a experiência com actividade física na adolescência.
Segundo este autor, os adolescentes que se envolvem em actividades físicas têm maior
31

probabilidade de se tornarem adultos activos, melhorando a sua autoestima e imagem que têm de
si.

Numa outra abordagem, BARROS (1993), refere que os adolescentes praticam exercício por
várias razões, que se diferenciam de acordo com a idade. Os principais factores podem ser assim
agrupados: para adquirir autoconfiança e satisfação pessoal, para sair da rotina das actividades
curriculares (na escola), para se sociabilizar e para simular objectivos de vida, já que o desporto
pode ser um palco de situações a serem vivenciadas na idade adulta. BARROS (1993),
acrescenta que a grande preocupação com a imagem corporal geralmente é o estímulo que leva
muitos adolescentes a buscar actividades desportivas. Por esse aspecto que muitos jovens
acabam recorrendo as academias, onde tentam buscar a imagem perfeita.
32

CAPÍTULO V: Conclusão
“Revisão dos estudos sobre a percepção da imagem corporal e a concepção da cultura nos
adolescentes”, foi o tema abordado ao longo do presente trabalho de pesquisa, do qual colocou-
se como pergunta de partida: Qual é a percepção dos adolescentes em torno da imagem corporal
e a concepção da cultura? Decorrente da questão acima apresentada, colocou-se como objectivo
geral: Avaliar a percepção da imagem corporal e a concepção da cultura nos adolescentes. Com
a análise e discussão dos dados teóricos, chegou-se às seguintes conclusões:

De acordo com objectivo de identificar as dimensões da imagem corporal mais valorizadas pelos
adolescentes conclui-se que a cabeça e o peso são as dimensões mais valorizadas, seguidas da
pele, dos membros (superiores e inferiores) e por fim altura (que de acordo com os estudos
revistos é a dimensão menos valorizada).

Em relação ao objectivo especifico identificar os factores interferem na satisfação ou não com


imagem corporal nos adolescentes conclui-se que a prática de actividades físicas, a alimentação e
a mídia constituem os principais factores que influenciam na satisfação ou insatisfação com a
imagem corporal. Todavia, o nível de satisfação com a imagem corporal é mais positivo em
indivíduos que têm hábitos de praticar actividades físico-desportivas, em comparação com os
que não praticam qualquer tipo de actividade física. Existe ainda uma diferenciação entre os
indivíduos praticantes que entram em competições e os que apenas participam em actividades de
lazer, apresentando os primeiros satisfação com a imagem corporal inferior.

Quanto ao terceiro objectivo especifico que era relação entre a prática de actividades físicas e a
satisfação ou insatisfação com a imagem corporal, conclui-se que prática regular de actividade
física é um aspecto importante na promoção da saúde e na qualidade de vida dos grupos
populacionais, principalmente dos adolescentes e pode estar relacionada à imagem corporal. A
insatisfação com o próprio corpo não serve de motivação para a adopção de comportamentos
adequados de controlo de peso, como exercícios. O hábito ou cultura de praticar actividade física
é um importante auxiliar para o aprimoramento e desenvolvimento do adolescente, nos seus
aspectos morfofisiopsicológicos, podendo aperfeiçoar o potencial físico determinado pela
herança e adestrar o indivíduo para um aproveitamento melhor de suas possibilidades.
33

CAPÍTULO VI: Referências Bibliográficas


AERTS, Denise e MADEIRA, Rafael Roswag e ZART, Vera Beatriz. (2010). Imagem corporal
de adolescentes escolares em Gravataí-RS. Epidemiologia e Serviços de Saúde. Volume 19, n.3,
pp 283-291. Disponível em: https://scholar.google.com. Consultado no dia 17 de Abril de 2020.

AGUIAR, Sara Filipa Alves. O meu corpo e eu: a imagem corporal e a Autoestima na
adolescência. Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto Universitário Ciências
Psicológicas, Sociais e da vida para a obtenção de grau de Mestre em Psicologia Clínica, 2014.
Disponível em: https://scholar.google.com. Consultado no dia 17 de Abril de 2020.

ALVARENGA, M. S. et al. Insatisfação com a imagem corporal em universitárias brasileiras.


Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v.59, n.1, 2010. Disponível em:
https://scholar.google.com. Consultado no dia 27 de Junho de 2020.

ARAÚJO, Sara Alexandra Pereira. Satisfação com a Imagem Corporal, Autoestima e Variáveis
Morfológicas - Estudo comparativo em adolescentes do sexo feminino praticantes e não
praticantes de Ginásticas de Academia. Dissertação apresentada na Universidade do Porto com
vista à obtenção do grau de Mestre em Ciências do Desporto na área de especialização de
Desporto de Recreação e Lazer, 2001. Disponível em: https://scholar.google.com. Consultado no
dia 7 de Julho de 2020.

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