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Este trabalho tem como objetivo discutir o pós-operatório em pacientes idosos com fraturas
femorais proximais, destacando a importância da intervenção fisioterapêutica nesse período.
Fraturas femorais proximais são lesões comuns em idosos e podem ter um impacto
significativo na sua mobilidade e qualidade de vida. A reabilitação adequada no pós-
operatório é essencial para otimizar a recuperação funcional e prevenir complicações. Neste
trabalho, serão abordados os desafios enfrentados pelos idosos após a cirurgia, as estratégias
fisioterapêuticas utilizadas e os benefícios dessa abordagem para a reabilitação dos pacientes.
A grande maioria das fraturas de fêmur é ocasionada em idosos por quedas. Assim,
medidas preventivas necessitam ser adotadas para que sua ocorrência seja reduzida.
A prática de exercícios físicos regulares é defendida por vários autores com o
objetivo de combater o sedentarismo, fortalecer e aumentar a massa muscular, além
de melhorar a postura e o equilíbrio corporal desses indivíduos. (SOARES et al.,
2015).
As fraturas femorais proximais são comuns em pacientes idosos devido à fragilidade óssea
associada ao envelhecimento, e a cirurgia geralmente é necessária para corrigir a fratura.
Durante o pós-operatório, é importante entender as alterações fisiológicas específicas que
podem afetar a recuperação desses pacientes.
Com o envelhecimento, ocorre uma perda de massa muscular, conhecida como sarcopenia.
Isso pode levar a uma diminuição da força muscular e da capacidade funcional, tornando a
reabilitação pós-operatória mais desafiadora. É importante implementar um programa de
fortalecimento muscular progressivo para ajudar a recuperar a força e a função muscular.
A osteoporose é comum em pacientes idosos e pode aumentar o risco de fraturas ósseas. A
fratura femoral proximal pode agravar a fragilidade óssea existente. Durante a reabilitação, é
necessário tomar precauções para evitar estresse excessivo na área fraturada, ao mesmo tempo
em que promove a regeneração óssea adequada. O fisioterapeuta pode prescrever exercícios
de fortalecimento ósseo específicos e fornecer orientações sobre uma dieta rica em cálcio e
vitamina D.
Com o envelhecimento, ocorrem alterações no sistema cardiovascular, como diminuição da
capacidade cardíaca e redução da elasticidade vascular. Essas alterações podem limitar a
tolerância ao exercício e aumentar o risco de complicações cardiovasculares durante o pós-
operatório. Portanto, é importante monitorar cuidadosamente os sinais vitais do paciente
durante a reabilitação e adaptar o programa de exercícios para atender às necessidades e
limitações individuais.
A função pulmonar pode ser comprometida em idosos devido a alterações estruturais nos
pulmões e na parede torácica, além de uma redução na capacidade dos músculos respiratórios.
A imobilidade prolongada após a cirurgia pode aumentar o risco de complicações
respiratórias, como pneumonia. Portanto, é fundamental incentivar a mobilização precoce e
ensinar técnicas de expansão pulmonar, como exercícios respiratórios e tosse assistida, para
minimizar o risco de complicações respiratórias.
Alguns pacientes idosos podem apresentar alterações cognitivas, como diminuição da
memória e dificuldade de concentração. Isso pode afetar a adesão ao programa de reabilitação
e a compreensão das instruções. É importante fornecer explicações claras, repetir as
informações e envolver a família ou cuidadores para garantir que o paciente receba o suporte
necessário durante o processo de recuperação.
Além das alterações fisiológicas mencionadas acima, outros fatores, como a presença de
comorbidades e o estado emocional do paciente, também podem influenciar a recuperação
pós-operatória. Um plano de reabilitação individualizado, com base nas necessidades e nas
capacidades do paciente, é essencial para promover uma recuperação adequada e prevenir
complicações. O fisioterapeuta desempenha um papel fundamental na avaliação, no
planejamento e na implementação de intervenções adequadas, visando restaurar a função
física e melhorar a qualidade de vida dos pacientes idosos com fraturas femorais proximais.
2.2. Avaliação pré-operatória para identificação de fatores de risco e necessidades
individuais.
3. Fases do Pós-operatório
3.1. Fase I - Pós-operatório Imediato.
Segundo Stenvall et al (2007), utilizando um programa multidisciplinar de intervenção pós-
operatório, de avaliação e manejo geriátrico, que consistia em educação de pessoal,
planejamento de atendimento individualizado, reabilitação, prevenção ativa e tratamento de
complicações pós-operatórias, resultou em uma recuperação significativa para fazer
atividades do dia a dia sem ajuda, entre 4 a 12 meses de intervenção.
O pós-operatório imediato refere-se ao período logo após a cirurgia, no qual o paciente está se
recuperando no hospital. Durante essa fase, o objetivo principal é prevenir complicações,
controlar a dor e iniciar a reabilitação precoce.
A terapia manual é uma abordagem hands-on realizada pelo fisioterapeuta, utilizando técnicas
específicas para manipular as estruturas musculoesqueléticas e promover a recuperação
funcional. No entanto, é importante destacar que essas técnicas devem ser aplicadas por
profissionais devidamente treinados e licenciados em fisioterapia.
5.1. Avaliação dos resultados funcionais e impacto na qualidade de vida dos pacientes
A avaliação dos resultados funcionais e da qualidade de vida é essencial para monitorar o
progresso do paciente, identificar as limitações e os desafios enfrentados e ajustar o plano de
reabilitação, se necessário.
A avaliação dos resultados funcionais envolve a medição da capacidade do paciente em
realizar atividades diárias e funcionais, como caminhar, subir escadas, levantar-se de uma
cadeira, entre outros. Alguns instrumentos comumente utilizados incluem:
São testes que avaliam a capacidade do paciente em realizar tarefas específicas, como o teste
de levantar-se da cadeira, o teste de caminhada de 6 minutos, o teste de subir escadas, entre
outros. Esses testes fornecem informações objetivas sobre a capacidade funcional do paciente.
São questionários ou escalas que avaliam o grau de independência e habilidade do paciente
em realizar atividades cotidianas. Exemplos incluem a Escala de Independência Funcional
(FIM), o Índice de Barthel e a Medida de Independência Funcional (MIF).
A força muscular é um componente importante da funcionalidade. Testes de força muscular,
como a força de preensão manual e a avaliação da força dos membros inferiores, podem ser
utilizados para avaliar o progresso na recuperação muscular.
A fratura femoral proximal e o pós-operatório podem ter um impacto significativo na
qualidade de vida do paciente idoso. A avaliação desse impacto é fundamental para
compreender o bem-estar geral do paciente e identificar áreas de intervenção. Alguns
instrumentos comumente utilizados incluem:
Existem diversos questionários validados que avaliam diferentes aspectos da qualidade de
vida, como dor, mobilidade, atividades sociais, aspectos emocionais, entre outros. Exemplos
incluem o SF-36, o EQ-5D e o WHOQOL.
A dor é um sintoma comum no pós-operatório de fraturas femorais proximais. Utilizar escalas
de avaliação da dor, como a Escala Visual Analógica (EVA) ou a Escala Numérica da Dor
(END), permite mensurar a intensidade da dor e acompanhar o seu controle ao longo do
tempo.
Além dos questionários estruturados, é importante realizar entrevistas ou questionários
abertos para permitir que o paciente relate suas percepções e experiências pessoais em relação
à sua qualidade de vida.
A avaliação dos resultados funcionais e do impacto na qualidade de vida é uma parte
integrante da abordagem de tratamento do paciente idoso no pós-operatório de fraturas
femorais proximais. Essa avaliação ajuda o fisioterapeuta a personalizar o plano de
reabilitação, definir metas realistas e monitorar o progresso do paciente, visando melhorar sua
funcionalidade e qualidade de vida global.
5.2. Importância da adesão do paciente ao programa de reabilitação
A adesão do paciente ao programa de reabilitação contribui para uma recuperação mais rápida
e eficaz. O cumprimento das orientações e a participação ativa nas sessões de fisioterapia
ajudam a promover a cicatrização adequada, a fortalecer os músculos, a melhorar a
mobilidade articular e a restaurar a funcionalidade geral.
A reabilitação adequada após a cirurgia de fratura femoral proximal é essencial para prevenir
complicações, como contraturas, rigidez articular, perda de massa muscular, trombose venosa
profunda e infecções respiratórias. A adesão do paciente ao programa de reabilitação,
incluindo a realização de exercícios prescritos, ajuda a minimizar o risco dessas
complicações.
A adesão ao programa de reabilitação ajuda o paciente a retomar suas atividades diárias e sua
independência o mais rápido possível. Ao seguir as orientações do fisioterapeuta, o paciente
desenvolve a capacidade de realizar tarefas como caminhar, subir escadas, levantar-se de uma
cadeira e cuidar de si mesmo de forma autônoma.
A adesão ao programa de reabilitação tem um impacto positivo na qualidade de vida do
paciente idoso. Ao recuperar a funcionalidade e a independência, o paciente experimenta
melhorias em sua mobilidade, capacidade de participar de atividades sociais, desempenho nas
atividades cotidianas e bem-estar geral.
A adesão ao programa de reabilitação permite que o fisioterapeuta monitore o progresso do
paciente, ajuste as intervenções de acordo com suas necessidades individuais e ofereça
suporte contínuo durante todo o processo de reabilitação. A comunicação aberta entre o
paciente e o fisioterapeuta é fundamental para garantir que as preocupações sejam abordadas e
que o programa de reabilitação seja adaptado conforme necessário.
Para promover a adesão do paciente, é importante que o fisioterapeuta estabeleça uma relação
de confiança e empatia, explique a importância do programa de reabilitação, forneça
instruções claras e compreensíveis, motive o paciente e acompanhe seu progresso
regularmente. O envolvimento da família ou cuidadores também pode ser benéfico para
fornecer suporte adicional ao paciente.
Em suma, a adesão do paciente ao programa de reabilitação é crucial para obter resultados
positivos no pós-operatório de fraturas femorais proximais em pacientes idosos. A
colaboração entre o fisioterapeuta e o paciente, juntamente com a motivação e o
comprometimento do paciente, são essenciais para alcançar uma recuperação bem-sucedida e
melhorar a qualidade de vida.
7. Considerações finais
A intervenção fisioterapêutica desempenha um papel crucial no pós-operatório de pacientes idosos
com fraturas femorais proximais. A fisioterapia desenhada especificamente para esse contexto tem
como objetivo promover a recuperação funcional, melhorar a mobilidade, reduzir a dor e prevenir
complicações.
A imobilidade prolongada após a cirurgia pode levar a complicações como trombose venosa
profunda, contraturas musculares, rigidez articular e atrofia muscular. A intervenção fisioterapêutica
visa prevenir essas complicações através de técnicas de mobilização precoce, exercícios terapêuticos,
drenagem linfática manual e treinamento de equilíbrio. Essas abordagens ajudam a melhorar a
circulação, a flexibilidade muscular e a prevenir o encurtamento de tecidos.
A intervenção fisioterapêutica inclui técnicas para alívio da dor, como terapia manual, crioterapia,
eletroterapia e técnicas de relaxamento. O fisioterapeuta pode utilizar essas abordagens para reduzir
a dor no local da fratura, aliviar a tensão muscular e melhorar a mobilidade articular. O controle da
dor é essencial para permitir ao paciente participar ativamente da reabilitação e promover uma
recuperação mais efetiva.
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