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UNIVERSIDADE LUSÍADAS DE ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS

DESIGUALDADE SOCIAL

Docente: Altino dos Santos


_____________________

Luanda/2023
UNIVERSIDADE LUSÍADAS DE ANGOLA
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS

DESIGUALDADE SOCIAL

Cadeira: Introdução às Docente: Altino dos Santos


ciências sociais
______________________
Ano: 1ª
Turma:

Luanda/2023
INTEGRANTES

Nº Nome Completo Nota da Defesa Nota do Trabalho


1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.

ÍNDICE
INTRODUÇÃO....................................................................................................................1

1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO..............................................................................2

1.1. Desigualdade Social....................................................................................................2

1.1.1. Desigualdade Económica........................................................................................2

1.1.2. Desigualdade Educacional.......................................................................................2

1.1.3. Desigualdade de Saúde............................................................................................2

1.1.4. Desigualdade de gênero...........................................................................................2

1.1.5. Desigualdade de Acesso à Justiça...........................................................................3

1.1.6. Desigualdade Política..............................................................................................3

2. Mobilidade Social...........................................................................................................3

2.1. Mobilidade Vertical....................................................................................................3

2.2. Mobilidade Horizontal................................................................................................4

2.3. Factores que Influenciam a Mobilidade Social...........................................................4

2.4. Estratificação social....................................................................................................5

2.4.1. Tipos de Estratificação Social.................................................................................5

2.4.2. Causas da Estratificação Social...............................................................................5

3. Exclusão Social..................................................................................................................6

3.1. Factores Contribuintes para a Exclusão Social, (SIQUEIRA, (2018):...........................6

3.2. Consequências da Exclusão Social:................................................................................7

3.3. Abordagens para Combater a Exclusão Social:..............................................................8

4. Pobreza...............................................................................................................................8

4.1. Principais Aspectos da Pobreza:.....................................................................................8

4.2. Causas da Pobreza:..........................................................................................................9

4.5. Violência.........................................................................................................................9

4.5.1. Tipos de violência...................................................................................................10

4.6. Deficit educacional....................................................................................................10


4.7. Acesso aos serviços públicos.....................................................................................11

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................13
INTRODUÇÃO

A desigualdade social é uma realidade intrínseca às sociedades humanas,


manifestando-se em diversas formas e intensidades ao longo da história. Este fenómeno
complexo transcende fronteiras geográficas e abrange uma multiplicidade de dimensões
que moldam as experiências individuais e colectivas. No centro desta questão está a
distribuição desigual de recursos, oportunidades e privilégios, criando disparidades que
impactam profundamente a estrutura social.
No contexto global contemporâneo, a desigualdade social emerge como um desafio
persistente, afectando países desenvolvidos e em desenvolvimento de maneiras distintas. O
presente trabalho busca lançar luz sobre as raízes, as manifestações e as consequências
desse fenómeno, destacando a sua relevância como questão crucial para a compreensão da
dinâmica social em âmbito global.
A desigualdade social não se restringe apenas à disparidade de renda; ela permeia
todas as esferas da vida, desde o acesso a serviços básicos, como saúde e educação, até as
oportunidades de emprego e participação política. Essa complexidade exige uma análise
aprofundada, considerando factores históricos, culturais e económicos que contribuem para
a sua perpetuação, (MEDEIROS & HERCULANO, 2022).
O presente trabalho tem como objectivo explorar os contornos multifacetados da
desigualdade social, oferecendo uma visão abrangente das suas raízes, manifestações e
impactos. Além disso, busca propor reflexões sobre estratégias e políticas que possam
contribuir para a construção de sociedades mais igualitárias, onde cada indivíduo tenha a
oportunidade de alcançar seu pleno potencial, independentemente de sua origem ou
condição social.

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1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1.1. Desigualdade Social

A desigualdade social é um fenómeno complexo que se manifesta de várias


maneiras em diferentes sociedades ao redor do mundo. Ela refere-se à disparidade na
distribuição de recursos, oportunidades, status social e poder entre diferentes grupos de
pessoas em uma determinada comunidade. Essa desigualdade pode se manifestar em
diversas áreas, como económica, educação, saúde, acesso à justiça e política, (PIKETTY,
2013).

1.1.1. Desigualdade Económica

A desigualdade económica muitas vezes é evidenciada pela disparidade salarial


entre diferentes grupos sociais. Algumas pessoas têm acesso a recursos financeiros
significativamente maiores do que outras. A falta de oportunidades económicas para certos
grupos pode perpetuar o ciclo da pobreza, tornando difícil para eles melhorar suas
condições de vida.

1.1.2. Desigualdade Educacional

Acesso desigual à educação pode levar a diferenças significativas no


desenvolvimento de habilidades e oportunidades futuras. A qualidade da educação muitas
vezes varia entre regiões urbanas e rurais, contribuindo para disparidades socioeconómicas.

1.1.3. Desigualdade de Saúde

Acesso desigual aos serviços de saúde pode resultar em disparidades de saúde entre
diferentes grupos sociais. Condições socioeconómicas muitas vezes influenciam a
capacidade de uma pessoa acessar cuidados médicos adequados.

1.1.4. Desigualdade de gênero

A desigualdade de gênero é uma forma específica de desigualdade social,


envolvendo a disparidade de oportunidades, direitos e tratamento entre homens e mulheres.

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A discriminação de gênero pode se manifestar em diversas áreas, como no mercado de
trabalho e na participação política.

1.1.5. Desigualdade de Acesso à Justiça

O acesso à justiça é fundamental para garantir que todos os membros da sociedade


sejam tratados de maneira justa e igual perante a lei. No entanto, barreiras económicas,
sociais e culturais podem dificultar o acesso à justiça para certos grupos, contribuindo para
a perpetuação da desigualdade.

1.1.6. Desigualdade Política

A participação política desigual pode levar a decisões governamentais que


favorecem determinados grupos em detrimento de outros. A falta de representatividade
pode perpetuar a desigualdade nas políticas públicas.
Combater a desigualdade social requer abordagens abrangentes que abordem essas
questões em várias frentes. Políticas públicas, educação, consciencialização e mudanças
culturais são alguns dos meios pelos quais a sociedade pode trabalhar para reduzir as
disparidades sociais e promover uma distribuição mais equitativa de recursos e
oportunidades.

2. Mobilidade Social

A mobilidade social refere-se à capacidade dos indivíduos ou grupos de mudar de


posição na hierarquia social ao longo do tempo. Essa mudança de posição pode ocorrer em
várias dimensões, como económica, educacional, ocupacional ou mesmo em termos de
status social. A mobilidade social pode ser vertical (ascendente ou descendente) ou
horizontal, (KUHN, 1962).

2.1. Mobilidade Vertical

a) Ascendente: Indica a movimentação para uma posição social mais elevada


em termos de renda, educação ou status ocupacional. Exemplos incluem a
promoção no trabalho, a obtenção de um diploma universitário que melhora
as perspectivas de emprego, etc.

3
b) Descendente: Refere-se à movimentação para uma posição social mais
baixa. Isso pode ocorrer devido a factores como perda de emprego,
problemas financeiros, ou outros eventos que levam a uma redução no status
social.

2.2. Mobilidade Horizontal

Indica a mudança de posição dentro da mesma camada social. Isso pode ocorrer,
por exemplo, ao mudar de uma ocupação para outra que oferece um status semelhante, mas
não necessariamente uma mudança na posição social global.

a) Mobilidade Intergeracional: Refere-se à mudança de status social entre


diferentes gerações de uma família. Se um indivíduo alcança uma posição social
mais alta do que a de seus pais, isso é considerado mobilidade social ascendente
intergeracional.
b) Mobilidade Intrageneracional: Diz respeito à mudança de posição social de
um indivíduo ao longo de sua própria vida. Por exemplo, alguém que começa
em uma posição ocupacional mais baixa e avança para uma posição mais alta ao
longo de sua carreira.

2.3. Factores que Influenciam a Mobilidade Social

Educação: Um acesso igualitário à educação pode facilitar a mobilidade social,


proporcionando oportunidades para o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos.

Oportunidades Económicas: A disponibilidade de oportunidades de emprego e o


acesso a recursos financeiros desempenham um papel crucial na mobilidade social.

Herança Familiar: O contexto socioeconómico e cultural da família pode


influenciar significativamente a mobilidade social, especialmente em sociedades onde a
desigualdade persiste.

Discriminação e Barreiras: A discriminação com base em características como


gênero, raça ou origem étnica pode ser uma barreira significativa para a mobilidade social.
Para Luque (2019), a mobilidade social é um indicador importante da dinâmica e
equidade de uma sociedade. Sociedades que proporcionam maior mobilidade social
geralmente são vistas como mais justas e oferecem oportunidades mais igualitárias para
4
seus membros. No entanto, em sociedades com mobilidade social limitada, a perpetuação
de desigualdades pode se tornar um desafio significativo.
A mobilidade social é crucial para a coesão social e a estabilidade de uma
sociedade. Sociedades que permitem a mobilidade social oferecem a seus membros a
esperança de uma vida melhor, incentivando a inovação, a educação e o desenvolvimento
económico.

2.4. Estratificação social

A estratificação social refere-se à organização hierárquica da sociedade em


camadas ou estratos, com base em diversos critérios, como classe social, status, poder,
riqueza, educação e ocupação. Essa estrutura cria diferentes níveis de acesso a recursos,
oportunidades e privilégios, resultando em desigualdades significativas entre os grupos
sociais. A estratificação social é um fenómeno complexo que ocorre em várias sociedades
ao redor do mundo, e sua natureza pode ser influenciada por factores económicos,
culturais, históricos e políticos.

2.4.1. Tipos de Estratificação Social

 Estratificação Vertical:

Refere-se à hierarquia de classes ou camadas sociais, com diferenças significativas


em termos de riqueza, acesso a oportunidades e poder.

 Estratificação Horizontal:

Envolve a classificação de grupos com base em características como raça, gênero,


etnia ou religião. Essa forma de estratificação pode levar à discriminação e desigualdade
social.

 Estratificação Intergeneracional:

Relacionada à transferência de status social e recursos entre diferentes gerações de


uma mesma família.

 Estratificação Intrageneracional:

Refere-se às variações na posição social que ocorrem dentro da vida de um indivíduo.

5
2.4.2. Causas da Estratificação Social

 Herança e capital social

A herança familiar desempenha um papel importante na estratificação social, com


famílias privilegiadas passando vantagens de uma geração para a próxima.

 Educação:

O acesso desigual à educação pode perpetuar a estratificação social, pois indivíduos


com melhor educação muitas vezes têm mais oportunidades de avançar socialmente.

 Ocupação e Renda:

A escolha da ocupação e o nível de renda associado a determinadas profissões


podem contribuir significativamente para a estratificação social.

 Discriminação e Preconceito:

A discriminação com base em características como raça, gênero, idade ou origem


étnica pode levar à estratificação social e criar barreiras para o avanço de certos grupos.

A análise da estratificação social é fundamental para entender as dinâmicas sociais,


promover a igualdade de oportunidades e desenvolver políticas que visem a redução das
disparidades sociais. A luta contra a estratificação social muitas vezes envolve abordagens
multifacetadas, incluindo reformas educacionais, políticas de igualdade de oportunidades e
a promoção de uma cultura mais inclusiva.

3. Exclusão Social

Segundo Carvalho, (2010), a exclusão social refere-se a um processo complexo e


multidimensional no qual determinados indivíduos ou grupos são sistematicamente
marginalizados ou alienados das principais oportunidades, recursos, direitos e participação
na sociedade. Essa exclusão pode manifestar-se em diversos âmbitos, incluindo o
económico, social, político e cultural. A exclusão social não é apenas uma falta de
participação; é uma negação sistemática de direitos e oportunidades que afecta a dignidade
e a qualidade de vida das pessoas.

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3.1. Factores Contribuintes para a Exclusão Social, (SIQUEIRA, (2018):

 Económicos:

Falta de acesso a recursos económicos, como emprego, moradia adequada, saúde e


educação, pode contribuir para a exclusão social.

 Discriminação e Preconceito:

A discriminação com base em características como raça, gênero, orientação sexual,


religião ou deficiência pode levar à exclusão social.

 Desigualdade Estrutural:

Estruturas sociais e económicas que perpetuam a desigualdade e limitam o acesso a


oportunidades contribuem para a exclusão social.

 Falta de Acesso a Serviços Básicos:

A ausência de acesso a serviços essenciais, como saúde, educação, transporte e


habitação, pode marginalizar grupos inteiros da sociedade.

 Isolamento Social:

A falta de conexões sociais e participação em actividades comunitárias pode


contribuir para a exclusão social, levando ao isolamento e à falta de suporte social.

3.2. Consequências da Exclusão Social:

 Pobreza Persistente:

A exclusão social muitas vezes está associada à pobreza persistente, com indivíduos
ou grupos enfrentando barreiras significativas para escapar do ciclo da pobreza.

 Desigualdade Acentuada:

A exclusão social contribui para a acentuação das desigualdades, criando lacunas


significativas entre os estratos sociais.

 Marginalização e Estigmatização:

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Indivíduos ou grupos excluídos muitas vezes enfrentam marginalização e
estigmatização social, o que pode afectar negativamente sua auto-estima e senso de
pertença.

 Tensões Sociais:

A exclusão social pode levar a tensões sociais, conflitos e desconfiança entre


diferentes grupos na sociedade.

3.3. Abordagens para Combater a Exclusão Social:

 Políticas de Inclusão;
 Consciencialização e Educação;
 Participação Comunitária;
 Combate à Discriminação e o preconceito;
 Fortalecimento da Rede de Apoio:

A luta contra a exclusão social requer uma abordagem abrangente e coordenada,


envolvendo esforços em níveis individuais, comunitários, institucionais e políticos.
Trabalhar em direcção a uma sociedade mais inclusiva e justa exige a colaboração de
diversos setores da sociedade.

4. Pobreza

A pobreza é uma condição caracterizada pela falta de recursos materiais básicos


necessários para uma vida digna. Ela não se resume apenas à falta de renda, mas também
engloba a privação em várias dimensões, como acesso limitado à educação, saúde,
habitação adequada, água potável, saneamento básico e oportunidades económicas. A
pobreza é um fenómeno complexo que varia em intensidade e forma em diferentes partes
do mundo, (RIBEIRO, 2005).

4.1. Principais Aspectos da Pobreza:

 Pobreza Absoluta vs. Pobreza Relativa:

A pobreza absoluta refere-se à incapacidade de atender às necessidades básicas para


uma sobrevivência mínima, como alimentação, moradia e cuidados de saúde. A pobreza

8
relativa, por outro lado, refere-se à posição desfavorecida em relação à média da sociedade
em que se vive.

 Ciclo da Pobreza:

Muitas vezes, a pobreza é caracterizada por um ciclo intergeracional, onde as


condições precárias são transmitidas de uma geração para outra. A falta de acesso a
oportunidades educacionais, empregos decentes e serviços essenciais pode perpetuar esse
ciclo.

 Pobreza Rural e Urbana:

A pobreza pode manifestar-se de forma diferente em áreas urbanas e rurais. Em


áreas urbanas, pode estar relacionada a desafios como desemprego, habitação precária e
falta de acesso a serviços. Nas áreas rurais, pode estar associada a dificuldades agrícolas,
acesso limitado à terra e infra-estrutura inadequada.

4.2. Causas da Pobreza:

 Factores Económicos:

Falta de empregos decentes, baixos salários, desigualdade de renda e crises


económicas contribuem para a persistência da pobreza.

 Falta de Acesso a Educação:

A falta de acesso a uma educação de qualidade limita as oportunidades de emprego


e perpetua a pobreza intergeracional.

 Desigualdade de gênero:

A desigualdade de gênero pode contribuir para a pobreza, com mulheres muitas


vezes enfrentando acesso limitado a recursos e oportunidades.

 Problemas de Saúde:

A falta de acesso a cuidados de saúde adequados pode levar a doenças crónicas e


incapacidades, afectando a capacidade de trabalho e a qualidade de vida.

 Conflitos e instabilidade Política:

9
Conflitos armados, instabilidade política e deslocamento forçado podem resultar em
condições precárias e agravar a pobreza.

4.5. Violência

O conceito de violência é ambíguo, complexo, implica vários elementos e posições


teóricos e variadas maneiras de solução ou eliminação. As formas de violência são tão
numerosas, que são difícil elencá-las de modo satisfatório.
A violência pode ser natural ou artificial. No primeiro caso, ninguém está livre da
violência, ela é própria de todos os seres humanos. No segundo caso, a violência é
geralmente um excesso de força de uns sobre outros. A origem do termo violência, do
latim, violentia, expressa o acto de violar outrem ou de se violar. Além disso, o termo
parece indicar algo fora do estado natural, algo ligado à força, ao ímpeto, ao
comportamento deliberado que produz danos físicos tais como: ferimentos, tortura, morte
ou danos psíquicos, que produz humilhações, ameaças, ofensas.

4.5.1. Tipos de violência

Há diversos apontamentos em legislações que definem o conceito de violência,


assim como as punições assinaladas para cada tipo de violência apresentado. O acto
violento é dividido em diversos tipos, sendo os principais:
 Violência física: envolve especialmente uma agressão física, ou seja, um acto
contra a integridade física de uma pessoa.

 Violência psicológica: está baseada em actos psicológicos que causam danos


pontuais ou recorrentes para um indivíduo na esfera mental.
 Violência sexual: constitui uma forma de abuso que está relacionada às questões
que envolvem actos sexuais diversos.
 Violência patrimonial: ocorre por meio do suprimento ilegal de um bem do
património de um indivíduo.
 Violência moral: é um conjunto de actos que envolvem difamar ou injuriar a honra
e a conduta de um indivíduo.

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4.6. Deficit educacional

Desenvolvimento pressupõe crescimento económico forte, instituições adequadas


para guiar a economia e a sociedade na trilha da sustentabilidade e inclusão social efectiva.
Da tríade de obstáculos, o mais difícil é o deficit educacional, cuja superação é
condição necessária para desenvolver capacidade de inovação. Educação é desafio de
longo prazo, que não se resolve contratando empreiteiras para construir escolas, política
bem a gosto de nossos governantes. É preciso formar professores qualificados para ensinar
e para interagir, criativa e dinamicamente, com os estudantes; transformar as escolas num
ambiente atraente para os alunos, motivá-los para o aprendizado, despertar vocações,
conectá-los à realidade e empoderá-los com as linguagens básicas da comunicação actual e
da sociedade do conhecimento: o idioma materno, o idioma da ciência e o idioma global. A
conectividade que nos cerca ainda não chegou às muitas escolas, cujo modelo é
ultrapassado e, na melhor das hipóteses, reflecte o século XX.
No entanto, o maior risco é de que, mais uma vez, a educação de muitos estados
sejam vítimas dos interesses limitados dos sindicatos que dominam o sector e da
polarização política que não tem nenhum compromisso com o desenvolvimento do País.

4.7. Acesso aos serviços públicos

As políticas públicas devem ter como base em sua elaboração e implementação


estudos sobre acesso, o que indica a necessidade de categorizar a definição de direitos em
cada contexto. O que podemos ver, em uma primeira análise, é que apesar da recorrente
afirmação legal de igualdade de acesso, há uma histórica desigualdade estrutural na
distribuição territorial de bens e serviços públicos (O'DONNELL, 1978, SANTOS, 2014).
O contexto de desigualdade estrutural de acesso a bens e serviços aponta para a
necessidade de uma releitura da noção de cidadania, diante da ausência histórica ou da
falta de acesso às políticas sociais nas áreas mais pobres.
As relações sociais quotidianas são estabelecidas de acordo com a produção e as
relações sociais de produção, ordenando o espaço social e determinando formas e práticas
espaciais, sob a acção expansiva e, em geral, violenta do capital. A relação entre as classes
é por si só desigual, inerentemente conflituante, cuja posição de cada classe já determina
em grande parte a desigualdade, criando a diferenciação de acesso na sociedade
(O'DONNELL, 1978).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao explorar as intricadas camadas da desigualdade social, emergem não apenas os


desafios persistentes, mas também as oportunidades de transformação e progresso. Este
trabalho buscou analisar facetas cruciais desse fenómeno global, desde a disparidade de
renda até as barreiras que limitam o pleno desenvolvimento de comunidades inteiras. À
medida que encerramos esta reflexão, é imperativo considerar não apenas as
complexidades do presente, mas também os passos que podemos tomar em direcção a uma
sociedade mais justa e inclusiva.
Uma das conclusões fundamentais é a necessidade de políticas públicas mais
inclusivas e eficazes que abordem as disparidades em diversas frentes. Isso envolve a
promoção de acesso igualitário à educação de qualidade, o desenvolvimento de estratégias
para combater a pobreza e a implementação de medidas que garantam a equidade no
acesso aos serviços públicos essenciais.
Além disso, a consciência social e a participação activa são ferramentas poderosas
na busca por uma mudança significativa. A educação e a consciencialização são pilares
essenciais para criar uma sociedade que compreende a importância de se opor a práticas
discriminatórias e injustas.
Neste caminho rumo a uma sociedade mais justa, é crucial reconhecer e valorizar a
diversidade, garantindo que todas as vozes tenham espaço e representação. O respeito à
igualdade de gênero, étnica e social é uma peça fundamental para a construção de
comunidades mais coesas e resilientes.

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Portanto, esta conclusão não é apenas um encerramento, mas um convite à acção. A
construção de uma sociedade mais justa e inclusiva requer esforços persistentes, coragem
para enfrentar desafios complexos e a convicção de que a mudança é possível quando cada
um de nós assume a responsabilidade de contribuir para um futuro mais igualitário e
promissor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 CARVALHO, J. M. (2010). Cidadania no Brasil: O Longo Caminho. Editora.


 KUHN, T. (1962). A Estrutura das Revoluções Científicas. Editora.
 LUQUE, C. A. (2019). Mobilidade Social: Análise dos Factores
Determinantes." Sociologia e Pesquisa, 38(1), 23-38.
 MEDEIROS, M., & HERCULANO, P. (2022). Desigualdade de Renda no
Brasil: Uma Análise da Queda Recente. Revista de Economia Brasileira, 15 (3),
45-62.
 O'DONNELL, G. Apuntes para una teoría del Estado. Revista mexicana de
sociología, 1157-1199, 1978.
 PIKETTY, T. (2013). O Capital no Século XXI. Editora.
 RIBEIRO, D. (2005). A Miséria Brasileira. Editora.
 SEN, A. (2015). A Pobreza como Fenómeno Multidimensional. Revista de
Desenvolvimento Social, 8 (4), 120-138.
 SIQUEIRA, R. (2018). Exclusão Social e Desenvolvimento: Uma Crítica ao
Pensamento Sociológico sobre o Desenvolvimento Social. Sociologia em
Debate, 25 (2), 87-104.

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