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Nov..2023 1- A definição de conhecimento: O que é o conhecimento?

A) Tipos de conhecimento (manual p.8,9)


B) A definição tradicional de conhecimento/ Condições necessárias e condições
suficientes (manual p.7, 10 a 13)
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A) Tipos de conhecimento: prático (saber-fazer, saber-como, conhecimento por aptidão: saber que expressa
habilidades intelectuais, físicas….), por contacto (estar ou ter estado em contacto direto com o objeto
conhecido: pessoas, coisas, lugares…) e proposicional (saber-que: saber que se expressa em conteúdos sob
a forma de proposições e que, por isso, tem valor de verdade. O conhecimento proposicional é o conhecimento
de verdades).

Exemplos

- Conhecimento prático, saber-fazer ou saber-como: Justiniano sabe cozinhar; Alberta faz contas de
cabeça rapidamente.
- Conhecimento por contacto: Conheço o Presidente da República; conheço Lisboa.
- Conhecimento proposicional: Sei que Platão foi um filósofo grego; Descartes foi um filósofo racionalista e
Hume um filósofo empirista.

Exercício- Identifique, no conjunto que se segue, cada um dos tipos de conhecimento.

B) A definição tradicional de conhecimento: o conhecimento é crença verdadeira justificada


➔A crença (isto é, convicção, opinião formada) é condição necessária para o conhecimento mas não é condição
suficiente.

A crença é condição necessária pois um sujeito sabe uma determinada proposição se esse sujeito tem opinião formada, se
acredita nessa proposição. Conhecer e não acreditar no que se conhece é uma contradição.

Exemplos:

▪Sei que a terra é redonda mas não acredito nisso – trata-se de uma contradição

▪Sei que a terra é redonda e, por isso, acredito nisso – é verdade que a terra é redonda por isso eu tenho essa convicção.

A crença não é condição suficiente (única) para o conhecimento pois saber e acreditar não são sinónimos. As crenças
podem ser verdadeiras ou falsas e crenças falsas não são conhecimento. A verdade ou falsidade das crenças depende de
algo que lhes é exterior (isto é, algo com o qual a crença possa ser confrontada).

Exemplos (nestes casos a crença não passa de julgar que, gostar que, suposição, apetecer que... e , por isso, não é
conhecimento):

▪Eu acredito que amanhã vai ser um dia melhor - ( mas...como é que eu sei? Não posso seguramente saber!)

▪ Eu acredito em fadas - ( mas... não posso saber!)

▪ Eu acredito que o Cristiano Ronaldo não é um jogador de futebol- ( eu acredito, mas é falso, não é conhecimento.)
➔A verdade é uma condição necessária para o conhecimento mas não é condição suficiente

A verdade da crença é condição necessária pois crenças falsas não são conhecimento. Um sujeito sabe uma determinada
proposição se o que é afirmado nessa proposição é verdadeiro. De contrário não passaria de uma crença falsa.

Exemplos:

▪ sei que Lisboa é a capital de Portugal – é verdade e eu acredito nisso por ser verdade.

▪Sei que C. Ronaldo não é jogador de futebol – é falso, não corresponde a qualquer conhecimento, apesar de eu acreditar
nisso.

Mas, a crença verdadeira não é condição suficiente para o conhecimento pois a crença deve corresponder a uma
verdade e não a acasos ou sorte; para haver conhecimento aquilo em que acreditamos tem que ser verdadeiro.

Exemplo:

▪Maria acreditava que ia acertar no Totoloto. E acertou. A sua crença revelou-se verdadeira. Mas ela não o podia saber
quando afirmou que isso ia acontecer, pelo que a sua crença, apesar de verdadeira, não é conhecimento: foi um acaso
ou sorte

Exemplo:

▪Acertar em perguntas de escolha múltipla num teste, ao acaso, sem conhecer a matéria, não é conhecimento: foram
crenças que casualmente se revelaram verdadeiras (que sorte!). Se perguntarem ao aluno se consegue justificar as suas
respostas ele não o poderá fazer, porque não sabe, não conhece.

➔A justificação é uma condição necessária para o conhecimento.

Além de verdadeira, a crença tem que ser justificada para que possa haver conhecimento, isto é, tem que haver razões,
saber porquê. Um sujeito sabe uma determinada proposição se esse sujeito tem provas (justificações, razões, explicações)
de que essa proposição é verdadeira. Se esse sujeito tem uma crença verdadeira mas não tem provas dela, então só sabe
por acaso.

Exemplo:

▪ ao sair do exame o aluno disse «sei que acertei a escolha múltipla (acredito que acertei a escolha múltipla)». Afirma-o
por confiar na sorte? Se assim for, não é conhecimento. Mas quando a nota sai, efetivamente tinha acertado. Então a
crença era verdadeira. Mas seria conhecimento? O que é necessário para que esta crença verdadeira seja conhecimento?
É necessário que o aluno tenha efetivamente acertado (o que aconteceu) e que tivesse razões que suportassem a crença
– ao sair do exame, o aluno acredita que acertou a escolha múltipla porque tinha estudado convenientemente aquela
matéria–e assim a sua crença verdadeira já não é fruto do acaso, da sorte, mas está justificada e é conhecimento.

➔A justificação não é condição suficiente: pode haver justificações falíveis.

A justificação , por si só, não garante que uma crença seja conhecimento. Pode acontecer que alguém tenha uma crença
falsa justificada. Ora, apesar da justificação, se a crença não for verdadeira, não é conhecimento

Exemplo:

Ao olhar para o céu reparo no movimento do sol. E concluo - já que não conheço a explicação científica - que «O sol
anda porque eu o vejo andar». Ao ver, justifico a crença; apesar disso , ela não é conhecimento pois não é verdade que o
sol, «ande»

Síntese: a(s) condição(ões) necessária(s) e suficiente(s) para haver conhecimento é ter uma crença verdadeira justificada.
Se alguém tiver uma crença, se essa crença for verdadeira e se, a verdade dessa crença estiver justificada, parece
impossível que essa pessoa não tenha conhecimento. A crença falsa (ainda que justificada) é não saber; a crença
verdadeira sem justificação é saber por acaso; a crença verdadeira justificada é saber efetivo.
Exercício

Um grupo de defensores da Teoria da Terra Plana anunciou a sua “maior, melhor e mais ousada aventura” de
sempre: um cruzeiro ao Fim do Mundo, que se prepara para zarpar em 2020. (…) O cruzeiro está a ser organizado por
responsáveis da FEIC, a Conferência Internacional da Terra Plana, que acreditam
que a Terra é um disco plano, com o Polo Norte no centro, cercado por uma grande
barreira de gelo – a Antártida.
Os terraplanistas encontraram um adversário de peso: Neil deGrasse Tyson.
O famoso astrofísico americano decidiu refutar os argumentos usados para afirmar
que o nosso planeta se assemelha mais a uma pizza do que a um globo. A prova mais
simples que apresenta de que a Terra é uma esfera baseia-se (…) nos eclipses
lunares. Se a Terra fosse plana, diz o astrofísico, a forma que projetaria na Lua
durante um eclipse lunar seria sempre diferente, dependendo do ângulo em que se
encontrassem em relação ao Sol – e seria quase sempre retangular. “No entanto”, salienta, “a sombra da Terra na Lua é
sempre, invariavelmente, um círculo – o que só se pode explicar se a Terra for uma esfera”. “Pode ser uma esfera achatada
nos polos, mas é uma esfera, não é um disco“, conclui deGrasse Tyson.

https://zap.aeiou.pt/terraplanistas-cruzeiro-gelo-fim-mundo-235475, consultado em 24 de março 2019

1.1- Os Terraplanistas sabem que a Terra é plana? Porquê?

Responda de forma direta e clara, tendo por base a definição tradicional de conhecimento.

1.2- Concorda com a afirmação seguinte?

Neil deGrasse Tyson não sabe que a terra é plana mas sabe que a terra não é plana.

Tendo como base a definição tradicional do conhecimento, justifique a sua resposta. Na sua resposta, recorra ao texto.

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