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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Sábio é aquele que a tudo compreende e nada ignora.


Deus não impôs aos ignorantes a obrigação de aprender,
sem antes ter tomado dos que sabem o juramento de ensinar.
SENZALA 1
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A '''Senzala''' era um grande alojamento que se destinava à moradia dos [[escravo]]s dos [[engenho]]s e das
[[fazenda]]s no [[Brasil]].

No [[século XIX]], Morais registrou como brasileirismo: a casa dos pretos escravos ou casa semelhante,
muito simples e resistente, telhada ou palhoça. Era o que [[Joaquim Nabuco]] dizia ser "o grande pombal
negro". É topônimo conhecido desde o [[século XVI]], na segunda metade. A origem é [[África|africana]],
valendo o mesmo que morada, habitação, ambundo. Sempre em sua frente tinha um grande tronco com uma
corda para enforcar e surrar negros, chamado de [[pelourinho]].

Como os [[negro]]s eram considerados pelos europeus como [[maldição|amaldiçoados]] por Deus e seres
sem [[alma]], os donos de fazenda achavam-se no direito de castigá-los pois acreditavam que fazendo isso
ganhariam uma [[bênção]] de [[Deus]], além de colocar medo nas [[criança]]s escravas, já que todos os
[[castigo]]s eram feitos em frente de todos os habitantes da senzala.

As senzalas tinham grandes [[janela]]s com grandes grades e seus moradores só saiam de lá para trabalhar e
apanhar. Os escravos praticamente sempre dormiam em [[palha]] ou em chão duro. Os homens viviam sepa-
rados das mulheres e das crianças.

Atualmente, algumas fazendas de [[café]] situadas na [[Região Sudeste do Brasil|região]] Sudeste ainda
conservam senzalas e que podem ser visitadas por turistas. No [[Vale do Paraíba]], por exemplo, há numero-
sas sedes de propriedades rurais que utilizadas para a filmagem de [[telenovela]]s, sobretudo nos municípios
fluminenses de [[Vassouras]] e [[Valença (Rio de Janeiro)|Valença e Cantagalo]].

A senzala era uma espécie de habitação ou alojamento dos escravos brasileiros. Elas existiram durante toda a
fase de escravidão (entre o século XVI e XIX) e eram construídas dentro da unidade de produção (engenho,
mina de ouro e fazenda de café).

As senzalas eram galpões de porte médio ou grande em que os escravos passavam a noite. Muitas vezes, os
escravos eram acorrentados dentro das senzalas para evitar as fugas.

Costumam ser rústicas, abafadas (possuíam poucas janelas) e desconfortáveis. Eram construções muito sim-
ples feitas geralmente de madeira e barro e não possuíam divisórias.

Os escravos dormiam no chão duro de terra batida ou sobre palha. Costuma haver na frente das senzalas um
pelourinho (tronco usado para amarrar o escravo para a aplicação de castigos físicos).Casa dos escravos

Algumas fazendas do interior do Brasil preservaram estas senzalas que hoje são visitadas como pontos turís-
ticos. Mostram um aspecto importante da história de nosso país: a falta de humanidade com que os africanos
foram tratados durante séculos no Brasil.
fontes:http://www.suapesquisa.com/colonia/senzala.htm

==Bibliografia==
*[[Gilberto Freyre|FREYRE, Gilberto]], [http://www.bvgf.fgf.org.br/portugues/critica/artigos_imprensa/
freyre_da_casagrande.htm Casa Grande e Senzala]
*[[Evaristo de Moraes|MORAES, Evaristo de]] A escravidão africana no Brasil, das origens à extinção.
Brasília, Ed.UnB, INL, [1933]. 1986.
*Fernando A. Novais, Luiz Felipe de Alencastro, Nicolau Sevcenko [http://books.google.com.br/books?id
=0SXC8DRVbz8C&printsec=frontcover&source=gbs_v2_summary_r&cad=0 História da vida privada no
Brasil]
www.historiabrasileira.com 2
História Brasileira » Brasil Colônia » Escravidão no Brasil »
Senzalas
Por Carolina de Sousa Campos Sento Sé

As senzalas eram alojamentos utilizados por senhores de engenho como abrigo para seus escravos. Con-
struídas com barro, madeira, telha ou palha foram nomeadas por Joaquim Nabuco como “o grande pombal
negro”. Elas existiram juntamente com a escravidão, ou seja, entre os séculos XVI e XIX.

Além de abafadas (por possuírem poucas janelas cercadas com grades) também eram desconfortáveis pela
grande quantidade de pessoas alojadas ali. No mais, não possuíam divisórias e os seus “habitantes” se viam
obrigados a dormir no chão – quase sempre de terra batida, em alguns locais, com palha. Há registros de
senzalas que possuíam tarimbas: tábuas de madeira posicionadas a mais ou menos três pés de distância do
chão. Apesar da precariedade, os homens dormiam separados das mulheres e das crianças. Os escravos tam-
bém ficavam acorrentados dentro das senzalas, para evitar fugas.

Pelourinho

Na parte exterior da construção a senzala possuía, à sua frente, o pelourinho – um tronco com corda utili-
zado para castigar os negros – e, aos fundos, sanitários primitivos feitos com barricadas de água cheias até
a metade que eram esvaziados e limpos uma vez ao dia. Também há um fogão improvisado, utilizado pelos
escravos para assar a própria comida – geralmente pesca e caça, ou sobras.

Abertas até as dez horas da noite para convívio, ao som de uma espécie de campainha as senzalas eram tran-
cadas e somente reabertas no dia seguinte, uma hora antes do início das tarefas diárias.

Ainda há senzalas localizadas no Vale do Paraíba e nas cidades de Vassouras, Valença e Cantalago, e sua
visitação é permitida – são pontos turísticos.

Bibliografia:
VON TSCHUDI, Johan Jakob. “Viagem às províncias do Rio de Janeiro e São Paulo”. São Paulo – EDUSP,
1980. p. 56.
http://www.infoescola.com/brasil-colonia/senzala/
http://www.suapesquisa.com/colonia/senzala.htm
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O que é a Umbanda?

A Umbanda é uma Religião formada dentro da cultura religiosa brasileira. As raízes da Um-

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zilhadas, e fundamentada em 3 pilares que são sua base de sustentação: AMOR, FÉ E CARI-
DADE. Admite um Deus único (OLORUM, OBATALÁ ou ZAMBI), que é o criador de tudo e de

entidades superiores denominadas guias espirituais ligados as vibrações superiores dos ORI-
XÁS, sendo o principal OXALÁ (sincretismo com Jesus Cristo).

Umbanda é uma religião originalmente brasileira que incorpora a origem Ioruba, cultura
levada pelos negros na altura da escravatura, que aproveita elementos das mais diversas re-
ligiões e culturas mundiais e considerada uma religião Afro-Brasileira. As verdades do mundo
e da vida não estão guardadas em um único lugar ou religião. Assim a Umbanda reúne em si
muitos desses conceitos, com a base doutrinária religiosa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Uma

com humildade paz e em harmonia.

Respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião. Em decorrência de


suas raízes, a Umbanda tem um caráter eminentemente pluralista, compreende a diversi-
dade e valoriza as diferenças. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas entre os
praticantes, o que permite uma ampla liberdade de manifestação da crença e diversas for-
mas válidas de culto.
A máxima dentro da Umbanda é “Dê de graça, o que de graça recebestes: com amor, humil-
dade, caridade e fé”.

A Umbanda tem como lugar de culto o templo, terreiro, tenda ou centro, que é o local onde
os Umbandistas se encontram para realização do culto aos Orixás e dos seus guias, que na
Umbanda se denominam “giras”. Como religião espiritualista, a ligação entre os encarnados
e os desencarnados se faz por meio dos médiuns.

a Umbanda é
uma Religião Inalterável
sim pai ou mãe Espiritual ou mentor espiritual.
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Umbanda é uma Religião!

Dentro da Umbanda conseguimos nos religar com Deus, conseguimos tirar o véu que cobre a
nossa ignorância da presença de Deus em nosso íntimo, então podemos chamar nossa fé de
Religião!

Como mais uma das formas de sentir Deus em nossa vida, a Umbanda cumpre a função reli-

comportamento aproximando-nos da prática do Amor de Deus.


A Umbanda é uma religião lindíssima e de grande fundamento, baseada no culto aos Orixás
e seus servidores: Crianças, Caboclos, Pretos-Velhos, Baianos, Boiadeiros, Marinheiros, Ci-
ganos, guias do Oriente, Exus e Pomba-giras. Cada uma delas com funções características e

regem, os Orixás.

Ao contrário de outras religiões e mesmo do Candomblé, a Umbanda possui uma grande

o negro trouxe o africanismo (nações), os índios trouxeram os elementos da pajelança, os


europeus trouxeram o cristianismo e o Kardecismo, posteriormente os povos orientais acres-
centaram um pouco da sua ritualistica à Umbanda. Estas cinco fontes criaram o pentagrama
umbandista:

Cristianismo

Africanismo Indianismo

Orientalismo Kardecismo

Os seguidores da Umbanda verdadeira só praticam rituais de Magia Branca, ou seja, aqueles


feitos para melhorar a vida de determinada pessoa, para praticar um bem e nunca para pre-
judicar quem quer que seja.
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Uma parte da história da Umbanda

Em 15 de novembro de 1908, compareceu a uma sessão da Federação Espírita, em Niterói,

Chamava-se ZÉLIO FERNANDINO DE MORAES. Restabelecera-se, no dia anterior, de moléstia

um espírito causara enorme supressa. Nem os doutores que o assistiam nem os tios, sacerdo-
tes católicos, haviam encontrado explicação plausível. A família atendeu, então, à sugestão
de um amigo, que se ofereceu para acompanhar o jovem Zélio à Federação.
Zélio foi convidado a participar da Mesa. Zélio sentiu-se deslocado, constrangido, em meio
àqueles senhores. E causou logo um pequeno tumulto. Sem saber porquê, em dado momento,
-

mesa. Serenado o ambiente e iniciados os trabalhos, manifestaram-se espíritos que se diziam


de índios e escravos. O dirigente advertiu-os para que se retirassem. Nesse momento, Zélio
sentiu-se dominado por uma força estranha e ouviu sua própria voz indagar por que não eram
aceitas as mensagens dos negros e dos índios e se eram eles considerados atrasados apenas
pela cor e pela classe social que declinavam. Essa observação suscitou quase um tumulto.
Seguiu-se um diálogo acalorado, no qual os dirigentes dos trabalhos procuravam doutrinar

de luz.
Se querem um nome — respondeu Zélio inteiramente mediunizado — que seja este: eu
sou o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS, porque para mim não haverá caminhos fechados.
E, prosseguindo, anunciou a missão que trazia: estabelecer as bases de um culto, no qual
os espíritos de índios e escravos viriam cumprir as determinações do Astral. No dia seguinte,
declarou ele, estaria na residência do médium, para fundar um templo, que simbolizasse a
verdadeira igualdade que deve existir entre encarnados e desencarnados.
Levarei daqui uma semente e vou plantá-la no bairro de Neves, onde ela se transformará
em árvore frondosa.
No dia seguinte, 16 de novembro de 1908, na residência da família do jovem médium, na
Rua Floriano Peixoto, 30 em Neves, bairro de Niterói, a entidade manifestou-se pontualmen-
te no horário previsto — 20 horas.
Ali se encontravam quase todos os dirigentes da Federação Espírita, amigos da família,
surpresos e incrédulos, e grande número de desconhecidos que ninguém poderia dizer como
haviam tomado conhecimento do ocorrido. Alguns aleijados aproximaram-se da entidade,

da presença de uma força superior.


Nessa reunião, o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS estabeleceu as normas do culto,
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Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dosCurso
Primeiro Palmares
de Umbanda • 6

cuja prática seria denominada “sessão” e se realizaria à noite, das 20 às 22 horas, para aten-
dimento público, totalmente gratuito, passes e recuperação de obsedados. O uniforme a ser
usado pelos médiuns seria todo branco, de tecido simples. Não se permitiria retribuições
-
nhados de atabaques nem de palmas ritmadas.
A esse novo culto, que se alicerçava nessa noite, a entidade deu o nome de UMBANDA, e
declarou fundado o primeiro templo para sua prática, com a denominação de tenda Espírita
Nossa Senhora da Piedade, porque: “assim como Maria acolhe em seus braços o Filho, a Tenda

Através de Zélio manifestou-se, nessa mesma noite, um Preto Velho, Pai Antônio, para
completar as curas de enfermos iniciadas pelo Caboclo. E foi ele quem ditou este ponto, hoje
cantado no Brasil inteiro: “Chegou, chegou, chegou com Deus, Chegou, chegou, o Caboclo
das sete Encruzilhadas”.
A partir desta data, a casa da família de Zélio tornou-se a meta de enfermos, crentes,
descrentes e curiosos.
Passados dez anos, o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS anunciou a Segunda etapa
de sua missão: a fundação de sete templos, que deveriam constituir o núcleo central para a
difusão da UMBANDA.
A Tenda da Piedade trabalha ativamente, produzindo curas, principalmente a recupe-
ração de obsedados, considerados loucos, na época. Já então se contavam às centenas as

médicos, que recorriam a Tenda, em busca da cura dos seus doentes.


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Ser Umbandista

Ser umbandista é amar a Deus acima de todas as coisas.

Ser umbandista é amar a natureza e respeitá-la, pois Deus está lá.

Ser umbandista é reconhecer que os Orixás são potências de Deus, divindades que manifes-
tam as qualidades do Criador de tudo e de todos.

Ser umbandista é ser amante da sabedoria, da virtude, da justiça e da humanidade.

Ser umbandista é ser amigo dos pobres, dos que sofrem, que choram, que tem fome e
clamam pelo direito de justiça.

Ser umbandista é querer a harmonia das famílias, a concórdia dos povos, a paz do gênero
humano.

Ser umbandista é levar para o terreno prático, aquele formosíssimo preceito de todos os

desde o alto de uma cruz e com os braços abertos ao mundo:

“AMAI-VOS UNS AOS OUTROS, FORMAI UMA SÓ FAMÍLIA, SEDE IRMÃOS!”

Ser umbandista é pregar a tolerância; praticar a caridade sem distinção de raças, crenças
ou opiniões. É lutar contra a hipocrisia e o fanatismo.

Ser umbandista é viver para a realização da paz universal, tendo pelos encarnados o mesmo
respeito que se dedica aos desencarnados.

Ser umbandista é ter crença religiosa sem tabus ou preconceitos, fundamentada na ética e
no bom senso, sem ferir os valores dos bons costumes.

Ser umbandista é respeitar a máxima que diz “Somos imagem e semelhança de Deus”,
vendo Deus na presença do semelhante e em nós, através de nossas virtudes de fé, amor,
conhecimento, justiça, lei, evolução e geração.

Ser umbandista é dar de graça o que de graça recebeu!!!

Texto adaptado, por Alexandre Cumino, do original:


Cuidado! O Senhor Não Deve Ser Maçom, publicado em
A Voz do Vale do Rio Grande, Paulo de Faria, SP, em 04 de Janeiro de 1976.
Casa Branca de Umbanda
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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos ra-Mar

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi


P dos Palmares • 8

Ser médium é

Ser dono de suas obrigações e de suas responsabilidades.


É dividir com o próximo o dom que se manifesta em si de forma natural.
É fazer pelo próximo muitas vezes aquilo que você não consegue fazer por si mesmo.
É ser alívio para as horas de dor.
É ser amparo para os desesperados.
É ser caminho para os perdidos.
É ser telhado para os desabrigados.
É ser luz no meio das trevas.
É ser trevas em busca de luz.
É ser único no meio da multidão.
É ser multidão em busca do Um.
É perder para ganhar.
É ganhar para perder.
É sorrir com vontade de chorar.
É chorar sorrindo.
É gritar no meio do silêncio
É fazer silêncio gritando.
É ser espinho a procura de uma rosa.
É ser uma rosa sem espinho.
É pedir ajuda ajudando o próximo.
É pedir ajuda sem ser ajudado pelo próximo.
É ser o próximo sem ser ajudado por ninguém.
É ser ninguém no meio da dor, da raiva e do ódio.
É ser ninguém pelo trabalho de alguém.
E mesmo sendo ninguém é fazer parte da criação, se portando como um bem divino que
mesmo não tendo nada, que mesmo não sentindo nada, que mesmo não pedindo nada,
que mesmo não ganhando nada, ainda pede pelo próximo.
Ainda sente pelo próximo e nada ganha pelo próximo.
Sendo tudo isso, nada sou.
Nada sinto e nada tenho pois me chamo médium.
Vivo com a cabeça na luz e os pés nas trevas.
Sou fruto do meio e a ele não temo, sou semente do Criador e a Ele amo e respeito pela
vida e na vida daquele que eu chamo de Senhor do meu destino.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 9

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Nós estamos como queremos!

Sim, nós estamos como queremos, temos apenas a colheita da semente que plantámos, a
semente podemos escolher mas a colheita não, é obrigatória!

Devemos começar a semear com o pensamento para obter uma boa colheita, semear com
o pensamento e regar com a palavra.

atraiem-se, o positivo atrai o positivo, o negativo atrai o negativo, um campo positivo será
sempre mais poderoso que um campo negativo.

O Poder da Palavra

A palavra deve ser usada apenas para o bem!

A palavra é vida e a palavra mata!

A palavra negativa destrói!


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NÃO DIREI MAIS!

Não direi mais “não posso”, pois Ogum me trará a persis-


tência, determinação e tenacidade para conseguir.
Não direi mais “não tenho”, pois Oxossi me dará a ener-
gia vital para trabalhar e obter.
Não direi mais “não tenho fé”, porque Omulu me ensina-
rá a compreender e aceitar meu karma.
Não direi mais “sou fraco”, porque Oxum me trará equi-
líbrio emocional, Iemanjá a auto-estima e Iansã clareza
de raciocínio para que eu entenda as minhas limitações.
Não direi mais “não sei”, pois Xangô me trará o conheci-
mento, para que eu o use com discernimento e justiça.
Não direi mais “estou derrotado”, porque aprendi com
cada entidade da Umbanda que nada supera a força de
sermos filhos de Deus.
Não direi mais “estou perdido”, pois encontrei a Umban-
da, que com a luz do amor e da caridade, iluminou minha
alma e me deu um caminho.

Marcilene Lima
Casa Branca de Umbanda
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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos Senhor Ogum Beira-Mar

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos


Primeiro Palmares
Curso de Umbanda • 11

Normas de um Filho de Santo

[Nota] Paramentos (peças de vestuário) e Apetrechos

Na Umbanda, os médiuns usam normalmente como paramentos apenas roupas bran-


cas e pés descalços, representando a simplicidade e a humildade.
Nas giras de esquerda e povo cigano as roupas têm tonalidades várias, predominan-
do nas de esquerda as pretas, vermelhas, azuis escuras e roxas.
Só os Pais Espirituais, Pais Pequenos, Médiuns de Trabalho, Médiuns de Corrente,
só Branco.
São também solicitados paramentos ou apetrechos pelas entidades, por exemplo,
-
uma entidade de Preta-velha pode solicitar um lenço amarelo para amarrar os ca-
belos; isso visa proporcionar que o médium se pareça mais com a entidade que está
incorporando.
Os Caboclos costumam utilizar muitos apetrechos, por exemplo, cocares, - alguns
utilizam machadinhas de pedra, chocalhos, etc.

Os paramentos e apetrechos materiais utilizados pelos médiuns não pertencem a


estes mas sim as entidades e são usados por estas como condensadores de energia
durante as consultas — são uma “ferramenta” para concentrar a energia e depois
enviá-la, se positiva, ou dissipá-la no elemento apropriado, quando negativa.

• Cumprir o horário combinado.


• Fazer o banho de ervas.
• Ter aconselhamento dado pela mãe ou pai da casa, não envolvendo outros irmãos que
como você, estão em desenvolvimento.
• Saber cantar os pontos.
• Tratar as almas Mensalmente com 7 velas brancas, sendo o mínimo são 3 velas.

Assentamento do Anjo da Guarda

• Comida dos 13 Orixás

• Quartilha de barro sem asas

• Um frasco de Mel

• Prato em barro

• 13 velas

• Guia do Anjo da Guarda, contas de cristal transparente + uma vermelha ao meio e uma no fecho

• Toalha do Anjo da Guarda, 120 cm por 70 cm, já com a bainha a toda a volta
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• Não julgar ninguém, pois todos estamos em evolução.


• Usar o poder da palavra sempre para o bem.
• Seguir apenas os fundamentos desta casa.
• Cumprir com o pagamento da mensalidade.

[Nota]
euros -
ção da mesma, este montante serve para várias coisas desde materiais utilizados
em gira ou materiais fornecidos para cursos, etc.

Preparação para o Ritual de Umbanda

Banho de Descarrego no dia de gira, este banho é feito com arruda, alecrim e alfazema.
Deve-se ferver estas ervas por 5 minutos em água, deixar arrefecer até à temperatura do
corpo e derramar da cabeça para baixo após o seu banho higiénico, limpar com uma toalha
branca ou de cor clara sem esfregar, apenas para retirar o excesso de água. Este banho pode
também ser preparado por maceração, ou seja, em água tépida amassar as ervas um pouco,
deixar em repouso durante algumas horas.
A ter em atenção, que seja qual for o processo de preparação do banho, não devem acres-
centar mais água, por exemplo, se o banho tiver muito quente têm de aguardar que este
arrefeça, não juntem água fria!
pedindo
e agradecendo para que as energias não interfiram nos trabalhos. Para tal é necessário estar com
antecedência no terreiro, para que possa fazer o ritual calmamente.

cabeça, 4º acende a vela do pai de cabeça, vai vestir a roupa branca, trata do Anjo da Guarda,
pega nas guias, ajoelha-se perante o congá, beija as guias, leva à frente a Oxalá, vai ao coração
e põe as guias. Depois de todo o Ritual não sai mais do congá.

Dentro do terreiro não pode nem deve haver conversas que não sejam relativas a parte
espiritual. Como sabem, ou pelo menos devem saber, as entidades percorrem um longa dis-
tância para se fazerem presentes no terreiro em dia de gira, estas muitas vezes começam os
seus trabalhos logo pela manhã, preparando o ambiente, conseguem imaginar estas entida-
des a ouvirem alguns de vocês falarem na vossa ido ao cabeleireiro?
Os problemas, as vossas histórias do dia-a-dia devem ser mantidas fora do espaço do ter-

mentalização, uma sintonização com o plano astral, e é neste sentido que devem canalizar
as vossas energias.

Hierarquias de uma Casa Branca de Umbanda

— Mãe ou Pai Espiritual da casa


— Mãe ou Pai Segundo Espiritual da casa
— Médiuns de trabalho e Médiuns de corrente
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Cada mãe ou pai tem um orixá de cabeça e este é sempre o chefe da casa.

A mãe ou pai espíritual que tenha um Preto-Velho de Ogum de frente, esse Preto-Velho
usa a força do conhecimento, sabe contornar os riscos que a pessoa possa cair em falta.
Mas se este(a) tiver um caboclo de Ogum de frente, este é directo, não dá voltas, quem
o souber ouvir só tem a ganhar, o caboclo de ogum é rígido com o próprio “cavalo” e com o
“consulente”.
Todo o mentor espíritual de Ogum tem de ver se é o Preto-Velho ou o Caboclo que esta
de frente.
AMACI NA UMBANDA 14

O sacramento do Amaci seu significado e sua importância para a Umbanda.

Adotamos uma iniciação, ou um sacramento, quando os médiuns (filhos e filhas da Casa) já possuem algum
tempo de trabalhos na casa, cerca de seis meses ou mais.
O Amaci é o primeiro sacramento da Umbanda para os umbandistas. È a iniciação dos filhos para entrarem
no mundo dos trabalhos da Umbanda. Não é o mesmo que batismo, já que este tem como finalidade purificar
o encarnado dos pecados anteriores, simbolicamente. O batismo é como uma limpeza para que se inicie uma
jornada nova, é uma opção da pessoa ou de seus pais em viver conforme as leis divinas, aceitando e quer-
endo que a pessoa batizada aprenda a enxergar e a interpretar a luz dos Orixás (de Deus), e pode ser recebido
por qualquer pessoa.
O Amaci, por sua vez, é destinado apenas aos filhos que já trabalham na corrente mediúnica, e tem uma
forte vontade e desejo de continuarem como trabalhadores da seara mediúnica umbandista. Ou seja, para os
médiuns que já têm certa convicção de que o caminho para se iluminarem e levarem luz para os seres vivos
é a Umbanda.

O ritual do Amaci começa com a escolha de padrinhos encarnados e desencarnados. O médium que irá fazer
o Amaci deverá passar por uma preparação de 7 (sete) dias. Entre as obrigações desses dias está uma dieta
controlada abolindo-se completamente as carnes, outras abstinências, banhos diários, entre outras coisas. No
dia do Amaci, que acontece em gira própria ou em uma gira convencional, o ritual se dá, em suma, por meio
de uma lavagem da cabeça, um banho no chacra coronário, trazendo a vibração do Orixá do médium para
mais perto desse filho. (Perceba que os banhos de descarrego e imantação são realizados do pescoço para
baixo. Apenas o Pai-de-Santo, ou uma de suas entidades poderão promover o banho de sua cabeça).

Junto com a lavagem que é uma imantação dos chacras, existem outros ritos que têm a finalidade de imantar
e harmonizar os chacras bem como os corpos astrais e etérico para a prática mediúnica voltada para a Cari-
dade.

Dessa forma pode-se dizer que o Amaci tem como finalidade:


a) apresentar o filho ou a filha para o seu Orixá como um de seus instrumentos para o exercício de Seu Amor
e de Sua Luz;
b) imantar e entregar a coroa do médium para o seu Orixá Ancestral;
c) iniciar o médium como um membro ativo da Umbanda, com responsabilidades e compromissos com os
Orixás (compromissos e responsabilidades são amar o próximo, dedicar parte de sua vida para exercer sua
religião com amor e respeito e disciplina. Doar suas energias e tempo para o bem de teu próximo, doar seu
corpo, mente e alma para promover a caridade – o amor essencial.)
d) manter esse médium assistido e cuidado, já que sua coroa vibrará na intensidade e na força da Casa, sendo
alimentado seu chacra coronário constantemente, garantindo mais segurança e harmonia para esse filho ou
filha, possibilitando um maior cuidado e zelo do Pai-de-Santo com seus filhos do ponto de vista espiritual;

Entendamos que o Amaci é mais uma benesse para o médium que qualquer outra coisa. É uma firmeza e
garantia para os filhos e filhas.
O Amaci não é um compromisso de nunca mais sair da Umbanda, não é o fechamento da porta de saída,
não é uma responsabilidade que não se possa posteriormente ser desistida. Ou seja, amanhã caso um filho
ou filha desejarem sair da Umbanda, ou mesmo sair dessa casa poderão fazê-lo de forma tranqüila e natural.
O Amaci pode ser levantado a qualquer momento a pedido do médium. Ele tem razão de existir enquanto
o médium for praticante da Umbanda de forma ativa. Assim não é um compromisso para toda a vida, é um
compromisso que respeita totalmente o livre-arbítrio.

O maior compromisso dos médiuns foi feito antes de seu reencarne, o Amaci é apenas uma primeira confir-
mação desse compromisso.
www.paicarlosdeoxossy.com
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Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Mediunidade

A mediunidade é o nome atribuído a uma capacidade humana que permite uma comunica-
ção entre homens e Espíritos. Ela se manifestaria independente de religiões, de forma mais
ou menos intensa em todos os indivíduos. Porém, usualmente apenas aqueles que apresen-
tam num grau mais perceptível são chamados médiuns e requisitados a engrossar as falanges
de trabalho como seres encarnados.

A pessoa exerce a mediunidade por duas opções: ou por expiação ou por missão. Somente
quem veio como missionário não tem débito muito alto. Os outros vieram com a mediuni-
-
te da pessoa. No fundo ele sabe que tem que desempenhar um grande papel, só não sabe
qual é e somente com o tempo descobre que tem uma grande missão. Os médiuns por ex-
piação muitas vezes caem, se levantam, tornam a cair. Ele não está totalmente consciente
do seu trabalho. Ele precisa ter muita força de vontade para vencer todos os obstáculos
e seguir o seu caminho adiante. Muitos não conseguem se levantar ou passam para o lado
negativo.

São vários os tipos de mediunidade, mas basicamente divide-se em:

a) Médiuns intuitivos— O médium capta o pensamento dos espíritos, sem necessidade de


incorporação. É preciso ter cuidado para o médium não expressar seus próprios pensa-
mentos.
b) Médiuns videntes
que for permitido.
c) Médiuns de psicofonia — quando o espírito fala através do médium, sem incorporação.
d) — Quando o espírito escreve através do medium. Dentro desta
existe várias subdivisões.
e) Médiuns sensitivos ou impressionáveis — Sentem a presença dos espíritos.
f) Médiuns auditivos — Ouvem o que o espírito quer dizer.
g) Médiuns sonambúlicos — Os que, em estado de sonambulismo, são assistidos por Espí-
ritos.
h) Médiuns curadores — Podem curar através dos espíritos.
i) Médiuns pneumatógrafos — Podem produzir a escrita direta. São raros os médiuns desta
categoria.
j) — os que têm capacidade de desenhar através dos espíritos.
k) Médiuns de incorporação — O guia ou entidade se manifesta atravez de todo o corpo do
médium.

Para haver uma boa ligação espiritual é necessário que todos estejam bem concentrados.
Concentrar-se é pensar em uma só coisa o tempo todo: por exemplo em Jesus Cristo, em
Deus, num lugar calmo, etc. Com isto estabelece-se a Vibração ou seja, uma espécie de onda
que circula em torno da mesa ou sessão. Todos pensamento no bem, na paz, no amor per-
cebe-se a Sintonia com a espiritualidade. Se um médium estiver pensando diferente, pode
haver quebra de sintonia no ambiente. A prece ajuda a sintonia, pois melhora a energização
do ambiente e a ligação espiritual.

Dentro de um terreio de Umbanda a médiunidade mais latente é a de incorpoção, esta


pode ser subdividida em:
16
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Consciente

O médium consciente que não foi instruído e preparado passa por dilemas e por vezes
dúvida se é ou não um manifesto da Entidade. Essa dúvida ocorre porque mesmo o médium
“tomado” pela Entidade, sente, ouve e vê e domina quase todas ou quase todas as reações
físicas. Não sabe, no entanto, que a mediunidade de incorporação consciente nada tem a ver
com a parte sensorial ou motora e sim com a parte mental intuitiva. Uma vez que desconhe-
ce a interferência direta exterior de uma força inteligente, que age sobre a sua aura, trans-
ferindo vitalidade para a aura da pessoa “carregada”, acredita, que é a sua própria vontade.

Semi-Inconsciente

É o médium cuja inconsciência não é total, porém é dominado em suas partes sensoriais e
motoras, ou seja, a entidade incorporante consegue dominar seu corpo físico assim como en-
volver ou frenar todo o seu sistema nervoso ou neuro-sensorial e faz uma espécie de ligação
com o psiquismo. Assim como que em passividade, deixando que a comunicação da Entidade

que seus órgãos, naquela ocasião ou transe, não são mais seus.
Dá-se com o médium semi-inconsciente uma espécie de afastamento forçado de sua von-
tade, de uma ação ou força de interferir na actuação ou na comunicação da Entidade incor-
porante.
Quando é um médium bem equilibrado acontece frequentemente um fenômeno curioso com
ele, durante a ocasião em que se processou a incorporação, sabe de tudo o que se passou (ou
passa com ele ou em torno dele), ou guarda ligeiras recordações, ou acontece mesmo de es-
quecer ou ainda lhe é difícil reter corretamente na memória as comunicações faladas ou canta-
das (na Umbanda). Guarda apenas na memória, por vezes, o sentido ou impressões boas ou más
causadas por ela (a comunicação) ou pelo espírito incorporante sobre as outras pessoas. Mas
isso acontece quando o médium tem de facto e de direito o dom da mecânica de incorporação.

Inconsciente

Sem consciência ou com desconhecimento do alcance moral do que praticou. Parte de


nossa vida psíquica da qual não temos consciência.
Também é muito comum o médium reclamar deste tipo de incorporação, pois o médium
“dorme”, acordando após a desincorporação sem noção de tempo e do que se passou com ele.

Médiuns de Trabalho

Há dois tipos de médiuns de trabalho, Interiores — que só podem trabalhar dentro da casa,
e Exteriores — que podem trabalhar incorporando onde for necessário. Só pais e mães de uma
casa branca é que têm ordem exterior de trabalho, podendo existe alguma excepção mas
esta será sempre designada pela entidade de frente da casa.

O que destrói o médium

— A vaidade
— O orgulho, aquele que não dá o braço a torcer
— A arrogâcia
— A falta de humildade
17
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

O médium tem de saber que: “Eu não sou nada sozinho, mas com as entidades sou tudo”

Todos os médiuns têm de mostrar a diferença.


O maior erro de um médium é achar que tem poder

Um médium de consulta consciênte está proibido de falar o que a entidade falou a


respeito de outra pessoa, um médium lida com vidas.

Almas
As almas devem ser “tratadas” antes de cada gira, tanto pelo terreiro o qual coloca 7 velas

auxílio destas.

Como tratar de uma Alma

vingadora ou oportunista para que se possa proceder melhor a sua doutrinação.

Sofredores
Tem de o fazer entender que já partiu para outro plano mesmo que ele pense que é men-

desistir até que seja encaminhada, as almas só podem incorporar dentro de uma corrente
espírita ou de uma casa de Umbanda.
Muitos dos espíritos sofredores trazem consigo, individualmente, o estigma dos erros deli-
berados a que se entregaram. Por exemplo a doença, como resultante de desequilíbrio mo-
ral, esta sobrevive no perispírito, alimentada pelos pensamentos que a geraram, persistindo
depois da morte do corpo físico.

Obsessores
-
dem ser de dois tipos: entidades sem luz enviadas por alguém para fazer o mal (os conheci-

de um ser humano, como um “encosto”, atrapalhando-o.

copo com àgua e açúcar, cruzar os braços e pernas do médium que esta com este espírito e
fazer o sinal da cruz 7 vezes com esta àgua.

Vingativos
São espíritos que em outras vidas ou mesmo nesta querem ajustar contas por vingança de
actos passados — agir como nos obsessores.

Oportunistas

de energias negativas e vêm como obsessores.


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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

O que são os Orixás?

Os Orixás são forças da Natureza criadas por Olurum, nosso Deus único, e que o auxi-
liaram na criação do universo e de todos os seus componentes. Eles ganharam a função
de intermediários entre o criador e a “criatura” e os seus arquétipos estão relaciona-
dos às manifestações dessas forças.
Na verdade, Deus é um só, mas são múltiplas as suas formas de manifestação. É como
se Deus fosse a luz branca e os Orixás fossem o espectro de cores, que se irradiaram a
partir do branco.
O panteão dos Orixás não é mais do que a junção das energias de todo os elementos da
natureza, e cada elemento da natureza é representado por um Orixá.

Quando cultuamos os orixás, cultuamos as forças elementares da água, da terra, do ar, do


fogo, da mata, entre outros.
Essas vibrações em equilíbrio produzem uma enorme energia, chamada de “Axé”, que nos
auxilia no nosso dia-a-dia, de forma que o nosso destino se torne cada vez mais favorável e
próspero.

Ori = Coroa Xá = Luz

Estas emanações cobrem uma parcela da Criação de Deus e ajudam na evolução dos seres,
aplicando as leis cósmicas. Os orixás são como braços ou tentáculos de Deus actuando em
toda a Criação.
É preciso notar que essas emanações divínas não podem jamais ser consideradas como
personalidades, como seres ou individualidade. As irradiações da natureza de Deus no Todo
se faz por vibrações extremamente sutis, que concentram as potencialidades da natureza
D´ele. É o próprio Poder Superior se manifestando. Conforme essas vibrações vão descendo
aos níveis inferiores, elas vão criando estes mesmos níveis inferiores, e nessa Criação, a Uni-
dade da vida vai se dividindo naquilo que se chamam de “raios ou linhas”, derivando daqui
as chamadas 7 Linhas ou 7 Raios da Umbanda.
Dessa forma, cada Orixá pode ser concebido como um caminho de evolução, estruturado
a partir das vibrações primordiais, irradiadas por meio dos raios, que inundam a Criação e
estabelecem caminhos para se retornar a Deus. Quando se fala do “Orixá de cabeça”, esta-
mos nos referindo ao Orixá que representa o nosso raio, o nosso caminho evolutivo: quais as

Orixás não são incorporados (não se incorpora o fogo de Xangô, os ventos de Iansã, as
águas doces de Oxum ...). O que se incorpora são os Falangeiros dos Orixás (ou também
conhecidos como encantados ou irradiações) ou seja, Espíritos (não reencarnacionais) de
grande força espiritual e grande evolução (de grande Luz, como alguns gostam de falar) que
representão o Orixá.
Na incorporação de uma entidade de muita Luz o médium sente-se bastante desequilibra-

num transe profundo perdedo a consciência. Deve o médium estar equilibrado e desenvolvido
para receber esta intensa energia, no entanto estes fazem representar mesmo em médium
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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

menos desenvolvidos mas com uma energia menos intensa. Por exemplo, no caso de yemanjá
é muito comum a incorporação da “sereia”, ou em ogum vir um caboclo com um grau de
evolução superior aos dos guias de consulta. Estes são também a essência dos próprios Orixas
manifestada nos médiuns, pois a sua força é a emanação pura dos Orixás (ou como alguns
dizem: são a vibração virginal dos Orixás). Sendo assim, eles podem incorporar nos médiuns,
em seus “cavalos”, e mostram a sua presença e sua força em nome de um Orixá. Porém, são
frágeis (o médium pode perder a sua sintonia muito facilmente) e exigem muito dos médiuns,
não podendo permanecer por muito tempo em Terra.

Estas forças da Natureza são agrupados em 4 elementos — terra, ar, fogo e àgua. São tam-
bém agrupados em jovem, adulto, meia-idade e velho. Cada Orixá tem a sua cor mediante

maior amplitude levando-nos a conhecimentos sem o necessário estudo aprofundado. Por


exemplo, Nanã, ao dizemos que é um orixá Velho, automaticamente esta palavra lembra-nos
os nossos avós e pessoas de idade e sua carateristicas. Ficamos assim com algumas noções do
arquitéctipo de Nanã.

Um pouco de história

Na aurora de sua civilização, o povo africano mais tarde conhecido pelo nome de iorubá,
chamado de nagô no Brasil e lucumi em Cuba, acreditava que forças sobrenaturais impes-

natureza. Tementes dos perigos da natureza que punham em risco constante a vida humana,
perigos que eles não podiam controlar, esses antigos africanos ofereciam sacrifícios para
aplacar a fúria dessas forças, doando sua própria comida como tributo que selava um pacto
-
mens e os espíritos da natureza (devo salientar que este procedimesto na sua maior parte é
semelhante aos índios).
Muitos desses espíritos da natureza passaram a ser cultuados como divindades, mais tar-
de designadas orixás, detentoras do poder de governar aspectos do mundo natural, como o
trovão, o raio e a fertilidade da terra, enquanto outros foram cultuados como guardiões de

com o qual se confundia, construindo-se em suas margens os locais de adoração, nada mais
que o sítio onde eram deixadas as oferendas. Muitos dos espíritos dos rios são homenagea-
dos até hoje, tanto na África, em território iorubá, como nas Américas, para onde o culto
foi trazido pelos negros durante a escravidão e num curto período após a abolição, embora
tenham, com o passar do tempo, se tornado independentes de sua base original na natureza.

dessas energias desde o momento do nascimento. Quando nossa personalidade (a persona-

nosso Orixá pessoal, “Chefe de Cabeça”, “Pai ou Mãe de Cabeça”. A forma como nosso corpo
reage às diversas situações durante esta encarnação, tanto física quanto emocionalmente,
está ligada ao “arquétipo”, ou à personalidade e características emocionais que conhecemos
através das lendas africanas sobre os Orixás.Junto a essa energia predominante, duas outras se
colocam como secundárias, que na Umbanda denominamos de “Juntós”, corruptela de “Adjun-
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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Saudações dos Orixás e Entidades

— Saravá Oxalá
— Oxalá bábá

— Saravá Abaluaiê
— Atôtô Abaluaê

— Saravá Yansã — ou Iansã


— Eparrei Yansã ou

— Saravá Yemanjá — ou Iemanjá


— Odôciaba ou Odô iá

— Saravá Nanã
— Saluba Nanã
com Nanã)

— Saravá Ogum
— Ogunhê (Ogum-nhê), meu Pai

— Saravá Omulu
— Atôtô

— Saravá mamãe Oxum


— Ai iê ieu minha mãe ou Ai iê ieu mamãe oxum (que singinica “Salve Senhora da Bondade
e da Benevolência”)

— Saravá Oxumaré
— Arroboboia
ao céu”)

— Saravá Ossayn — Ossãe ou Ossain


— Okê Arô

— Saravá Oxossi ou Oxoce

— Saravá Xangô
— Kaô Kabiecilê

— Saravá os/as Pretos/as Velhos/as ou Saravá a Correntes dos Pretos Velhos


— Adorei as Almas

— Saravá os/as Caboclos/as ou Saravá a Linha de Caboclos


— Okê Caboclo/as

— Saravá Obá - Obá Xirê


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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

— Saravá as Crianças
— As minhas Crianças!

— Saravá os/as Baianos/as ou Saravá o Povo Baiano


— Salve o grande cruzeiro da Baia, meu Pai/minha mãe

— Saravá os Marinheiros
— Hei! Marujada

— Saravá os Boiadeiros
— Getruá ou Okê Boiadeiro

— Saravá o Povo Cigano


— Ori bábá

— Saravá o Povo do Oriente


— Ori bábá

— Larôye Exu ou Saravá Exu

— Larôye Pomba Gira

Cores das Velas dos Orixás e linhas de trabalho

Oxalá — branca
Abaluaiê — preta e amarela
Yansã — amarela
Yemanjá — azul clara
Nanã — roxa
Ogum — vermelha e branca
Omulu — preta e branca
Oxum — azul escura
Oxumaré — verde e amarela
Ossayn — verde e branca
Oxossi — verde
Xangô — castanha
Obá — laranja

Linha das almas — preta e branca


Linha das Crianças — cor-de-rosa ou azul
Linhas dos Baianos — branca
Linha dos marinheiros — azul e branca
Linha dos Ciganos — 7 cores ou dourada
Linha dos Boiadeitos — castanha
Linha de Esquerda — preta e vermelha
Exu — preta
Pomba Gira — vermelha
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 22

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Guias de Pai de Cabeca (Orixá)

Todas as guias de pai de cabeça levam “fechamento” branco. As guias são de contas de
-

Todas as guias são individuais e a sua medidas é tomada por duas voltas a cabeça desde a
base da nuca até à testa, com excepção da guia de oxum, o seu comprimento só vai até ao
externo, podem haver alguma excepção a pedido dos guias de frente do terreiro.

Ninguem pode tocar nas guias a não ser o próprio médium, pais e mães espírituais (incluin-
do segundos), ponteiros e os nossos queridos guias espítuais.
Todas as guias têm de ser fexadas e consagradas também, nenhuma guia pode ser fechada
(dar os nós) pelo próprio médium. Só após esta consagração a guias podem ser usadas.

Oxalá — branca
Abaluaiê — preta e amarela
Yansã — amarela
Yemanjá — azul clara
Nanã — roxa
Ogum — vermelha
Omulu — preta e branca
Oxum — azul escura
Oxumaré — verde e amarela (o verde é mais vivo, semelhante a verde “alface”)
Ossayn — verde e branca
Oxossi — verde
Xangô — castanha
Obá — laranja

A cor da firma é igual à cor da guia.

-
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 23

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Guias das Entidades de trabalho

Estas guias são pedidas pelas próprias enti-


dades dos médiuns ou por uma entida de tra-
balho. Cada entidade possui o seu mistério e
é ela que pede a guia conforme seu jeito de
trabalhar, as guias são imantadas (cruzadas)
por eles e utilizadas durante o trabalho. E ao
contrario das guias de pai de cabeça estas
podem também ser com sementes, olhos de
cabra, olhos de boi, coquinho, penas, con-
chas e até rochas e peças feitas de argila.
-
dade.
Dentro do nosso terreiro não há, nem pode existir guias iguais, pois como já foi dito, cada
entidade tem os seus próprios mistérios.

são usadas como amparo para descargas de energias mais grosseiras levando-as muitas vezes
a partirem-se

sem que o percebam, especialmente durante as consultas, as guias amenizam este evento.

Guia do Anjo da Guarda

Esta é a primeira guia dum médium nas nossas casas de Umbanda Branca, é feita para o
acentamento de Anjo da Guarda a quando da entrada do médium na corrente. Esta guia não
leva “fechamento”. É feitas de contas de cristal transparênte, sendo a sua medido igual ao
que foi explicado nas guias de pai de cabeça.
-

ponta com um conta de cristal.

Guia de Esquerda

A guia de esquerda é pedida por uma das entidades de trabalho do médium, Exu ou Pomba-
Gira. Esta guia só é feita e pedida após o médium ter ordem de trabalho na esquerda, salvo
excepções de guias que são pedidas aos médiuns por uma entidade.

entidade.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 24
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Guias de Caboclo de Ogum

- 7 cotas vermelhas e 7 brancas;


- 7 vermelhas e 2 brancas;
- 7 vermelhas e 3 brancas;
- 7 vermelhas e 4 brancas.
Ou seja, uma guia de caboclo de Ogum nunca pode ter 5 ou seis contas de uma cor.

Pode também ser 3 vermelhas e uma branca, pode ter no meio uma conta de outra cor,
depende da entidade e seus mistérios, mas 5 ou seis contas não têm.

Importante

Todos os médiuns após o seu ingreço na corrente devem fazer a guia do pai de cabeça.

mães segundas espirítuais ou no jogo de búzios.


Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 25

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Dias comemorativos dos orixás

Oxossi — 20 de Janeiro

Ogum — 23 de Abril

Obá — 30 de Maio

Exú — 13 de Junho

Nanã — 26 de Julho

Yemanjá — 15 de Agosto

Abaluaiê — 16 de Agosto

Oxumaré — 24 de Agosto

Ibeji — 27 de Setembro

Xangô — 30 de Setembro

Ossain — 5 de Outubro

Omulu — 2 de Novembro

Iansã — 4 de Dezembro

Oxum — 8 de Dezembro

Oxalá — 25 de Dezembro
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 26

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Oxalá

Ponto de matéria: Todos os pontos


Ponto espíritual: Todos os pontos
Elemento: Ar
Cor: Branco
Dia da semana: Sexta-feira
Símbolo: Estrela de 5 pontas
Sincretismo: Jesus

Orixá masculino considerado de idade meia idade, a sua


cor é o branco o símbolo tradicional da pureza e da trans-

encoberto, pois nada há para se esconder.


Um de seus símbolos é uma idá (espada), o outro e mais comum de se ver é uma espécie
de cajado em metal, chamado ôpá xôrô. A sua saudação é Oxalá Bàbá ou Èpa Bàbá.
É o Orixá mais conhecido e respeitado de todos, e reconhecido por todas as nações e
cultos. Responsável, segundo a mitologia Iorubana, pela CRIAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DO
MUNDO, considerado o pai de todos os Orixás, pois possibilitou através de sua criação a
vinda dos demais, portanto contém todas as linhas e todas as freqüências de trabalho, é
considerado como responsável pelos seres humanos. Esta relação de importância advém de
-
portamento, sendo as matrizes básicas desta organização sincretizada no contexto familiar
e tribal.
Assim, Oxalá não tem mais poderes que os outros orixás nem é hierarquicamente superior,
mas merece o respeito como patriarca, ou seja chefe de familia. Fazendo um analogia, po -
deremos dizer que Oxalá é o grande director de uma clínica, em que com o seu grande co-
nhecimento e maturidade leva a organização geral desta a “bom porto”. Tendo necessidade
de ter conhecimento sobre todas as especialidades praticadas nesta clínica de modo mais

Oxalá representa o conhecimento, a calma, a tranquilidade, a paz, a fé, o paternal, sere -

A vibração de oxalá habita em cada um de nós, e em toda a parte do nosso corpo, porém
velada pela nossa imperfeição e pelo nosso grau de evolução.
As atribuições de oxalá são as de não deixar um só ser sem o amparo religioso dos mistérios
da Fé. Mas nem sempre o ser absorve as suas irradiações quando está com a mente voltada
para o materialismo desenfreado dos espíritos encarnados.

nem se incorpora este orixá.

São pessoas tranquilas até nos momentos mais difíceis, são amáveis acolhendo a todos de
muito bom grado até mesmo a seus “inimigos” mas nunca de maneira subserviente. São mui-
to caseiros e dedicados mantendo tudo sempre bonito, limpo, com beleza e carinho.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 27

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Respeitam a todos mas exigem ser respeitados. Têm boa argumentação e uma queda para-
trabalhos que impliquem organização, mas gostam de centralizar tudo em torno de si mes-
mos. São reservados, não divulgam a sua sabedoria a todos. O seu defeito mais comum é a
teimosia.

cialmente na maneira de andar e não pela sua sua constituição física.

Aspectos positivos: criativos, generosos, inteligentes, calmos suaves, paternais, sábios e


justos.

Aspectos negativos: lentos, mandões, procrastinadores, teimosos, ranzinzas e resmungões.

Nota
Não podemos esquecer que a “perfeição” de tudo está contida sempre no seu equi-
líbrio, como tal também nos orixás temos essa balança de dois pratos, o positivo e
o negativo. Cabendo a cada um de nós a responsabilidade de absorver os aspectos
positivos de cada um dos orixás para a nossa evolução espíritual e “trabalhar” os
aspectos negativos contidos também no nosso ser.
Jesus Cristo 28
Líder Religioso
Biografia de Jesus Cristo:

Jesus Cristo (6-4a.C.-27-36) foi o grande profeta. A imagem central do Cristianismo. As principais fontes de
informação sobre a vida de Jesus são os quatro Evangelhos Canônicos, pertencentes ao Novo Testamento.
Escritos originalmente em grego, em diferentes épocas, pelos discípulos Mateus, Marcos, João e Lucas. O
Evangelho de Mateus diz que Jesus nasceu no tempo de Herodes (4 a.C. ou antes). Lucas coloca o nasci-
mento na época do primeiro censo que o Império Romano promoveu na Judeia. E isso aconteceu, segundo
as fontes históricas romanas, em (6 a.C).

O Evangelho de Lucas conta que aos 12 anos, Jesus viajou com os pais de Nazaré a Jerusalém para celebrar
o Pessach, a Páscoa judaica. Quando José e Maria retornavam a Nazaré, perceberam que Jesus não estava
com eles. Procuraram durante 3 dias e o encontraram no Templo, onde discutia religião com os sacerdotes.
“E todos que o ouviam se admiravam com sua inteligência”. Essa é a única referência à juventude de Jesus.

Jesus só volta a aparecer no Evangelho, já adulto, por volta dos 30 anos, quando foi batizado no rio Jordão
por João Batista, quando reuniu seus apóstolos, nas pregação entre as massas de Jerusalém e da Galileia,
além do julgamento, morte e ressurreição em Jerusalém.

Jesus (6-4a.C.-27-36) Filho de José e Maria, nasceu em Belém, no reinado de Herodes, quando Roma domi-
nava a Palestina e Augusto era o imperador. No Evangelho de Lucas, o anjo Gabriel apareceu na casa de
Maria, em Nazaré, e anunciou que ela daria a luz a um futuro rei, e que o “Filho de Deus” se chamaria Jesus.
Maria era prometida a José, e o anjo lhe explicou que o filho seria gerado pelo Espírito Santo.

Segundo Lucas, Jesus nasceu em Belém porque na época, o imperador Augusto obrigou seus súditos a se
registrar no primeiro censo do império, dessa forma todos deveriam retornar à cidade de origem para se alis-
tar. Como a família de José era de Belém, ele voltou para sua cidade, levando Maria já grávida. Jesus nasceu
em Belém pouco tempo depois, numa manjedoura. No relato de Mateus, José soube em sonho que Maria
daria a luz a um menino concebido pelo Espírito Santo. Quando Jesus nasceu, os reis magos, seguiram uma
estrela que os conduziu à Belém.
Jesus é levado pela família para o Egito, em seguida vai morar em Nazaré, na Galileia, onde é criado. Essa
fuga para o Egito, segundo relata Mateus, foi para escapar de uma sentença de morte impetrada por Herodes,
que ao saber do nascimento do “Filho de Deus”, manda matar todos os bebês de até 2 anos, nascidos em
Belém.

A data do nascimento de Jesus é uma incógnita, 25 de dezembro era a data em que os romanos celebravam
sua festa de solstício de inverno, a noite mais longa do ano. Quase todos os povos comemoravam esse acon-
tecimento, desde o início da civilização. O dia em que Jesus nasceu não consta na Bíblia, foi uma escolha da
igreja 5 séculos depois, para coincidir com as festas de fim de ano, a semana entre o Natal e o Ano Novo.

Jesus passa sua infância e sua juventude em Nazaré na Galileia. O Evangelho de Lucas conta que aos 12
anos ele viajou com os pais de Nazaré para Jerusalém, para celebrar o Pessach, a Páscoa Judaica. Quando
estavam no caminho de volta para Nazaré, José e Maria perceberam que Jesus não estava com eles. Procura-
ram durante 3 dias e decidiram voltar ao Templo de Jerusalém, local sagrado para os judeus, onde encon-
traram Jesus discutindo com os sacerdotes. Segundo Lucas “Todos que o ouviam se admiravam com sua
inteligência.

Jesus aos 13 anos celebrou o barmitzvah, ritual que marca a maioridade religiosa do judeu. No Evangelho
de Marcos, o mais antigo, Jesus é chamado de Tekton, que no grego do século I se referia a um pedreiro, não
carpinteiro como seu pai. Marcos e Mateus informam que Jesus tinha 4 irmãos: Thiago José, Simão e Judas,
além de 2 irmãs, não nomeadas.
Segundo a historiadora Paula Fredriksen, da Universidade de Boston, os 4 irmãos de Jesus tinham o nome
de fundadores da nação de Israel. Seu próprio nome em aramaico, Yeshua, recordava o homem que teria sido
o braço direito de Moisés e liderado os israelitas no êxodo do Egito.

Jesus com vinte anos, há um consenso entre os pesquisadores, seguia a seita dos essênios, uma entre tantas
outras que os judeus se dividiram para ir contra os romanos. Pôncio Pilatos assumiu o governo da Judeia
cometendo o maior pecado que poderia: desdenhar da fé dos judeus em acreditar em um Deus único. Existe
semelhança entre a seita dos essênios e a que Jesus fundaria - ambas viviam sem bens privados, em regime
de pobreza voluntária e chamavam Deus de “pai”. Essa hipótese foi reforçada com a descoberta dos manu-
scritos do Mar Morto em 1947. Eles continham detalhes de uma comunidade ligada aos essênios.

Os escritos sagrados relatam que João Batista fazia suas pregações e usava o batismo como forma de purific-
ar seus seguidores, que deveriam confessar seus pecados e fazer votos de uma vida honesta. Jesus aparece
nas escrituras pedindo a João para ser batizado. Depois de purificado nas águas do rio Jordão, Jesus parte
para sua vida de pregações e milagres. Tal como João Batista, Jesus via o mundo dividido entre forças do
bem e do mal. E que Deus logo viria intervir para acabar com o sofrimento. Ambos, segundo pesquisadores
eram “Profetas apocalípticos”.

Jesus, já com seus 12 discípulos, em plena pregação, recebeu a notícia da morte de João Batista, ordenada
pelo Rei Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, em vingança pela atitude de João haver condenado
publicamente o rei, que havia violado o 10º mandamento da lei judaica. Mateus relata que “Jesus retirou-se
para um lugar deserto e o povo saiu em sua direção”. Logo em seguida Jesus realiza o milagre dos 5 pães e
dos 2 peixes, matando a fome da multidão de seguidores.

Jesus rumou com seus discípulos para o Templo de Jerusalém, para celebrar a Páscoa. Ao entrar foi acla-
mado como filho de Deus. Logo que chegou causou tumulto destruindo barracas que estavam na frente do
Templo, usadas para trocar moedas estrangeiras dos romeiros, por dinheiro local, cobrando comissão. Era
ofensa praticar comércio em pleno Templo.

Jesus celebrava a Páscoa com seus apóstolos “A Última Ceia”, quando anunciou que seria traído por um dos
presentes, Judas Escariotes. Na mesma noite, Jesus segue para o Jardim de Getsêmani, na encosta do Monte
das Oliveiras, para orar, em companhia de Pedro, Tiago e João. A traição de Judas foi confirmada. Por 30
moedas de prata e um beijo na testa, Jesus foi revelado e preso.

Os soldados levaram Jesus para o encontro de Caifás. Jesus foi acusado de desordem no Templo e quando
confirmado que era o “Filho de Deus” e o rei dos Judeus, foi acusado de blasfêmia. Em seguida foi levado a
presença de Pôncio Pilatos, governador da Judeia, depois por ser da Galileia foi levado a Herodes Filho, que
governava a Galileia. Herodes zombou de Jesus e devolve-o a Pilatos. Levado para a punição, carrega sua
cruz, é crucificado, morto e colocado em um túmulo, fechado com uma grande pedra.

Os Evangelhos contam que em visita ao túmulo, Maria encontra a pedra aberta e o sepulcro vazio. Depois
Jesus teria aparecido a Maria confirmando sua ressurreição. Vários relatos contam a ascensão de Jesus. Mar-
cos e Lucas relatam que depois de ter se encontrado com seus discípulos, “Jesus sobe aos céus e se assenta à
direita de Deus”.

http://www.e-biografias.net/jesus_cristo/
29
30
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Yemanjá

Ponto de matéria: Água salgadas


Ponto espíritual: Sopro da vida (no ser que está para
encarnar)
Elemento: Água
Cor: Azul claro
Dia da semana: Sábado
Símbolo: Ondas (conjunto de 3), peixes
Sincretismo: Nossa Senhora dos Navegantes

Orixá femenino considerado de meia idade, a sua cor


é o azul claro, podendo também ser o verde ou turquesa
claro nos tons do mar é o símbolo alimento e o que liga as terras (continentes) e que a energiza.
O mar é também o maior cemitério do mundo (Calunga Grande). Iemanjá, são todas as
águas salgadas. Representa ainda as profundezas do inconsciente, o movimento rítmico, to-
das as coisas cíclicas, tudo que pode se repetir intimamente. A força contida, o equilíbrio.

peixes”. Um de seus símbolos é um Abebê (espelho, símbolo das águas em geral). A sua sau-
dação é Odô Ciaba ou Odô Iyá.

Yemanjá é um orixá muito respeitado e cultuado tanto no brasil como no mundo é tida
como mãe de quase todos os orixás.
Yemanjá a magestade dos mares, senhora do oceanos, sereia sagrada é a regente absoluta
dos lares e protectora da familia.
Num Terreiro, este orixá actua dando sentido ao grupo ali reunido e transforma essa con-
vivência num acto familiar, criando raízes e dependências, proporcionando sentimentos de
irmão para irmão mesmo em pessoas que pouco se conhecem.
É ela que rege nossos lares, nossas casas, que dá o sentido da família às pessoas que vivem
debaixo do mesmo tecto. Ela é a geradora do sentimento de amor entre casal e entre pais

união por laços consaguíneos ou não.


31
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

os braços abertos para acolher junto de si todos aqueles que a procuram. A porta de sua casa
sempre está aberta para todos, e gosta de tutelar pessoas.

tutelados com muito amor. Geralmente é calmo e tranqüilo, exceto quando sente-se amea-

de muito bom gosto.

amigos, deixam de ter restrições, aceitando-a completamente e defendendo-a, seja nos er-
ros como nos acertos, tendo grande capacidade de perdoar as pequenas falhas humanas. O

com as demais da comunidade de que fazem parte. Apreciam o luxo, as jóias caras e os teci-
dos vistosos e bons perfumes. Entretanto, não possuem a mesma vaidade coquete de Oxum.A
força e a determinação fazem parte de suas características básicas, assim como o sentido de
amizade. Não são pessoas ambiciosas nem obcecadas pela própria carreira, detendo-se mais
no dia a dia, sem grandes planos para atividades a longo prazo.
-
lho de Yemanjá pode tornar-se rancoroso, remoendo questões antigas por anos e anos sem

de corpo, um olhar calmo, dotada de irresistível fascínio (o canto da sereia).


São pessoas que não gostam de viver sozinhas, sentem falta da familia/tribo, incons-
ciente ancestral, e costumam, por isso casar ou associar-se cedo. Não apreciam as viagens,
detestam os hotéis, preferindo casas onde rapidamente possam repetir os mecanismos e os

rígida, refratária a mudanças, apreciadora do cotidiano. Ao mesmo tempo, indicam alguém


doce, carinhoso, sentimentalmente envolvente e com grande capacidade de empatia com
os problemas e sentimentos dos outros. Mas nem tudo são qualidades em Yemanjá, como

concertar a vida dos que o cercam — o destino de todos estariam sob sua responsabilidade.
Gostam de testar as pessoas.
-
Nossa Senhora dos Navegantes 32
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes em Porto Alegre Nossa Senhora dos
Navegantes é um título dado a Mãe de Jesus, Maria.

A fé e a designação Nossa Senhora dos Navegantes, tem início no século XV,


com a navegação dos europeus, especialmente com os portugueses[1]. As pes-
soas que viajavam pelo mar pediam proteção à Nossa Senhora para retornarem
aos seus lares. Maria era vista como protetora das tempestades e demais perigos
que o mar e os rios ofereciam.

A primeira estátua foi trazida de Portugal junto com os navegadores.


[2] Pedro Álvares Cabral trazia em sua nau capitânia uma imagem de Nossa
Senhora da Boa Esperança, sendo levada até a Índia, onde uma capela em sua
homenagem foi erguida e ali ficou até o século XVII sob a guarda de francisca-
nos e sob mantença de descendentes de Cabral.
Atualmente, a imagem está na Igreja da Sagrada Família, em Belmonte, Portu- Nossa Senhora dos
gal. Navegantes, imagem
na igreja a ela dedicada
Nossa Senhora dos Navegantes é também conhecida pelo nome de Nossa Senho- em Porto Alegre
ra das Candeias, Nossa Senhora da Boa Viagem; Nossa Senhora da Boa Esper-
ança e Nossa Senhora da Esperança.[6]

Em Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul, a imagem de Nossa Senhora dos


Navegantes vai até o Porto de Pelotas. Antes do encerramento da festividade
católica acontece um dos momentos mais marcantes da festa de Nossa Senhora
dos Navegantes em Pelotas, que em 2009 chegou à 78ª edição.

A fé em Nossa Senhora dos Navegantes chegou ao Brasil através dos navega-


dores portugueses e espanhóis. Em Porto Alegre, cidade de colonização açoriana, Procissão de
Nossa Senhora dos Navegantes foi declarada a padroeira da cidade. Nossa Senhora dos
Navegantes
Todos os anos é realizada em Porto Alegre uma procissão fluvial no Rio em Porto Alegre
Guaíba[3][4][5]. A festa é realizada todo dia 2 de fevereiro e, na festa de 2008,
a procissão em honra à Nossa Senhora dos Navegantes reuniu mais de 100 mil
pessoas [6].

Nossa Senhora dos Navegantes em Portugal

Nossa Senhora dos Navegantes é, também em Portugal, associada ao mar e à proteção dos marinheiros pela
Santa Mãe de Deus. Mas a diferença é que os portugueses associam-na, principalmente, às comunidades
pescatórias. A sua festa realiza-se a 15 de Agosto com procissões em várias comunidades de pescadores por
todo o país. Uma das grandes festas a Nossa Senhora dos Navegantes realiza-se em Cascais entre os dias
3 e 15 de Agosto. Durante esta semana, a população reúne-se na Baía de Cascais para uma grande mostra
gastronômica e artesanal e ainda o lançamento de fogo de artifício todos os dias. No final, dia 15, festeja-se
Nossa Senhora dos Navegantes numa procissão pelas ruas da vila de Cascais e depois de barco até meio da
Baía onde se dá a Benção do mar e da vila. Esta festa é também realizada na Costa da Caparica.
Também é realizada uma festa em honra da Nossa Senhora dos Navegantes em Armação de Pêra. Nesta festa
há uma procissão pelas ruas da vila e também há uma procissão pelo mar, com os barcos dos pescadores e
outros barcos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_dos_Navegantes
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 33
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Ogum

Ponto de matéria: Ferro, Áço, Caminhos de ferro, es-


tradas.
Ponto espíritual: Lei em actuação
Elemento: Fogo
Cor: Vermelho
Dia da semana: Terça-feira
Símbolo: Espada
Sincretismo: São Jorge

Orixá masculino considerado de idade adulta, a sua cor


é o vermelho ou o vermelho e braco, em algumas ncasa de
umbanda pode ser o azul rei.
O mar é também o maior cemitério do mundo (Calunga Grande). Iemanjá, são todas as
águas salgadas. Representa ainda as profundezas do inconsciente, o movimento rítmico, to-

É o dono do Obé (faca) utilizada nas oferendas rituais, seja para cortar uma maçã seja
para ser usada na cozinha para as comidas de santo. A sua saudação é Ogunhê, meu pai!
Ogum é o arquétipo do guerreiro, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a

do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da expan-


são, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que se oponha à sua
própria expansão. Ogum é o dono das estradas de ferro e dos caminhos. Protege também as
portas de entrada das casas e templos.
É a senhor da viagem, a estrada longa, é o veiculo! Ogum é a jornada, a empreitada, a luta
do dia-a-dia. É a estrada de ferro, o impacto do trem nos trilhos. Ele é o próprio trem, ele é
o próprio trilho! Ogum é a franqueza, a decisão a convicção, a certeza, o fato consumado.
É também a bateria que gera energia, é a própria energia... Ogum é sua vida em plenitude.
É o amianto, o aço, o ferro, a bauxita, o maganês, o carvão mineral, o ouro a prata, o dia-
mante sem lapidar, a lapidação, o aparelho cirúrgico. É o acto de cortar, morder e devorar
sem piedade. O sangue que corre no nosso corpo é regido por Ogum.
Assim, Ogum não é apenas o que abre as picadas na matas e derrota os exércitos inimigos;
é também aquele que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala
uma fábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo meio de
transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o desconhecido. É o patrono
da tecnologia e da própria cultura, pois sem as ferramentas nada mais poderia ser inventado
até mesmo plantar em grandes extensões seria extremamente difícil.
É pois, o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da pro-
dução e da expansão, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que
se oponha à sua própria expansão.

olhos da Lei, mesmo que seja um “caboclo” de Ogum, avesso às condutas liberais dos freqüen-
tadores das tendas de Umbanda, sempre atento ao desenrolar dos trabalhos realizados, tanto
pelos médiuns quanto pelos espíritos incorporadores. Dizemos que Ogum é, em si mesmo, os
atentos olhos da Lei, sempre vigilante, marcial e pronto para agir onde lhe for ordenado.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 34
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

-
te, arrebatado e passional, aonde as explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim

num mesmo lugar, gostando de temas e assuntos novos, conseqüentemente apaixonados por

de Ogum um desajustado e amargo. São apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas
curiosas e resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo em pauta; a co-
ragem é muito grande.
-
da, no vestir, nem tão pouco na moradia, com raras exceções. São amigos camaradas, porém
estão sempre envolvidos com demandas. Divertidos, despertam sempre interesse nas mulheres,

encontrarem seu grande amor. São pessoas determinadas e com vigor e espírito de competição.
Mostram-se líderes natos e com coragem para enfrentar qualquer missão, mas são francos e, às
vezes, rudes ao impor sua vontade e idéias. Arrependem-se quando vêem que erraram, assim,
tornam-se abertos a novas idéias e opiniões, desde que sejam coerentes e precisas.

desde a infância, quase um desajustado. Entretanto, como não depende de ninguém para

-
dir, evitaria muitos revezes, muito embora, por mais incrível que pareça, são calculistas e
estrategistas. Contar até 10 antes de deixar explodir sua zanga, também lhe evitaria muitos
remorsos. Seu maior defeito é o gênio impulsivo e sua maior qualidade é que sempre, seja
pelo caminho que for, será sempre um Vencedor.
São pessoas que falam o que têm a falar sem rodeios. Teimosos, não aceitam uma derrota,
às vezes são muito agressivos, têm mau humor, mas está sempre tudo bem.
São Jorge

São Jorge e o Dragão, de Gustave Moreau.


Santo Guerreiro; Grande Mártir
Nascimento: 275 em Capadócia (Turquia)
Morte: c. 23 de abril de 303 (28 anos) em Nicomédia
Veneração por Igreja Católica
Igreja Ortodoxa
Igreja Anglicana
Umbanda
Principal templo: Igreja de S.Jorge (Lida,Israel)
Festa litúrgica: 23 de abril e 3 de novembro
Atribuições: Cavaleiro combatendo dragão,
Cruz de São Jorge, espada
Padroeiro: Inglaterra, Portugal, Geórgia, Catalunha,
Lituânia, escoteiros, Corinthians Portal dos
Santos

São Jorge (275 - 23 de abril de 303) foi, de acordo com a tradição,


um padre e soldado romano no exército do imperador Diocleciano,
venerado como mártir cristão. Na hagiografia, São Jorge é um dos
santos mais venerados no catolicismo (tanto na Igreja Católica Romana e na Igreja Ortodoxa como também
na Comunhão Anglicana). Também é venerado em diversos cultos das religiões afro-brasileiras, onde é
sincretizado na forma de Ogum. É imortalizado no conto em que mata o dragão e também é um dos Catorze
santos auxiliares. Considerado como um dos mais proeminentes santos militares, sua memória é celebrada
dia 23 de abril como também em 3 de novembro, quando, por toda parte, se comemora a reconstrução da
igreja dedicada a ele na Lida (Israel), onde se encontram suas relíquias, erguida a mando do imperador ro-
mano Constantino I.
É o santo padroeiro em diversas partes do mundo: Inglaterra, Portugal, Geórgia, Catalunha, Lituânia, da
cidade de Moscou e, extra-oficialmente, da cidade do Rio de Janeiro (título oficialmente atribuído a São
Sebastião), além de ser padroeiro dos escoteiros, do S.C Corinthians Paulista e da Cavalaria do Exército
Brasileiro. Há uma tradição que aponta o ano 303 como ano da sua morte. Apesar de sua história se basear
em documentos lendários e apócrifos (decreto gelasiano do século VI), a devoção a São Jorge se espalhou
por todo o mundo. A devoção a São Jorge pode ter também suas origens na mitologia nórdica, pela figura de
Sigurd, o caçador de dragões[carece de fontes] (ver sincretismo religioso).

História

De acordo com a lenda, Jorge teria nascido na antiga Capadócia, região do centro da Anatólia que, atual-
mente, faz parte da República da Turquia. Ainda criança, mudou-se para a Palestina com sua mãe após seu
pai morrer em batalha. Sua mãe, ela própria originária da Palestina, Lida, possuía muitos bens e o educou
com esmero. Ao atingir a adolescência, Jorge entrou para a carreira das armas, por ser a que mais satisfazia
à sua natural índole combativa. Logo foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação
e habilidade — qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde da Capadócia. Aos 23
anos passou a residir na corte imperial em Nicomédia, exercendo a função de Tribuno Militar.
Nesse tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do
Imperador. Jorge, ao ver que urdia tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo con-
veniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com diligência toda a riqueza que tinha aos pobres.
O imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos e no dia marcado para o senado confirmar
o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e
afirmou que os romanos deviam se converter ao cristianismo.

35
Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da su- 36
prema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo.
Indagado por um cônsul sobre a origem dessa ousadia, Jorge prontamente
respondeu-lhe que era por causa da Verdade. O tal cônsul, não satisfeito,
quis saber: “O que é a Verdade?”. Jorge respondeu-lhe: “A Verdade é meu
Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor
Jesus Cristo, e Nele confiando me pus no meio de vós para dar testemunho
da Verdade.”
Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o imperador tentou fazê-lo
desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado
perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar
os ídolos. Todavia, Jorge reafirmava sua fé, tendo seu martírio aos poucos
ganhado notoriedade e muitos romanos tomado as dores daquele jovem
soldado, inclusive a mulher do imperador, que se converteu ao cristianismo.
Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito, mandou degolá-lo no dia 23 de
abril de 303, em Nicomédia (Ásia Menor).
Ícone de São Jorge, Museu Os restos mortais de São Jorge foram transportados para Lida (Antiga
Cristão-Bizantino, Atenas Dióspolis), cidade em que crescera com sua mãe. Lá ele foi sepultado,
e mais tarde o imperador cristão Constantino mandou erguer suntuoso
oratório aberto aos fiéis, para que a devoção ao santo fosse espalhada por
todo o Oriente.
Pelo século V, já havia cinco igrejas em Constantinopla dedicadas a São
Jorge. Só no Egito, nos primeiros séculos após sua morte, construíram-se
quatro igrejas e quarenta conventos dedicados ao mártir. Na Armênia, em
Bizâncio, no Estreito de Bósforo na Grécia, São Jorge era inscrito entre os
maiores santos da Igreja Católica.

Disseminação da devoção a São Jorge


Castelo de São Jorge, Lisboa
Na Itália, era padroeiro da cidade de Gênova. Frederico III da Alemanha
dedicou a ele uma Ordem Militar. Desde Dom Nuno Álvares Pereira, o
Brasão de Armas de Moscou, santo é reconhecido como padroeiro de Portugal e do Exército. Na França,
cidade que tem São Jorge Gregório de Tours era conhecido por sua devoção ao santo cavaleiro; o Rei
como Padroeiro. Clóvis dedicou-lhe um mosteiro, e sua esposa, Santa Clotilde, mandou er-
guer várias igrejas e conventos em sua honra. A Inglaterra foi o país ociden-
tal onde a devoção ao santo teve papel mais relevante.
O monarca Eduardo III colocou sob a proteção de São Jorge a Ordem da
Jarreteira, fundada por ele em 1330. Por considerá-lo o protótipo dos cava-
leiros medievais, o rei inglês Ricardo I, comandante de uma das primeiras
Cruzadas, constituiu São Jorge padroeiro daquelas expedições que tentavam
reconquistar a Terra Santa dos muçulmanos. No século XIII, a Inglaterra já
celebrava o dia dedicado ao santo e, em 1348, criou a Ordem dos Cavaleiros
de São Jorge. Os ingleses acabaram por adotar São Jorge como padroeiro
do país, imitando os gregos, que também trazem a cruz de São Jorge na sua
bandeira.
Ainda durante a Grande Guerra, muitas medalhas de São Jorge foram cun-
hadas e oferecidas aos enfermeiros militares e às irmãs de caridade que se
sacrificaram ao tomar conta dos feridos de guerra.
As artes, também, divulgaram amplamente a imagem do santo. Em Paris,
Castelo de São Jorge, Lisboa no Museu do Louvre, há um quadro famoso de Rafael, intitulado São Jorge
vencedor do Dragão. Na Itália, existem diversos quadros célebres, como um
de autoria de Donatello.
A imagem brasileira de São Jorge seria, possivelmente, de autoria de Mar-
tinelli.
Padroeiro da Inglaterra 37

Não há consenso, porém, a respeito da maneira como teria se tornado padroeiro da Inglaterra. Seu nome era
conhecido pelos ingleses e irlandeses muito antes da conquista normanda, o que leva a crer que os solda-
dos que retornavam das cruzadas influíram bastante na disseminação de sua popularidade. Acredita-se que
o santo tenha sido escolhido o padroeiro do reino quando o rei Eduardo III fundou a Ordem da Jarreteira,
também conhecida como Ordem dos Cavaleiros de São Jorge, em 1348. De acordo com a história da Ordem
da Jarreteira, Rei Artur, no século VI,colocou a imagem de São Jorge em suas bandeiras.[2] Em 1415, a data
de sua comemoração tornou-se um dos feriados mais importantes do país.
Hoje em dia na Inglaterra, todavia, a festa de São Jorge comemorada todo dia 23 de abril tem tido menos
popularidade ao longo das últimas décadas. Algumas rádios locais, como a BBC já chegaram a promover
enquetes perguntando qual seria, de acordo com a opinião pública, o orago dos ingleses, e eis que o eleito
foi Santo Alba. Muitos fatores contribuíram a isso. Primeiramente por ter sido substituído, segundo bula do
Papa Leão XIII de 2 de junho de 1893, por São Pedro como padroeiro da Inglaterra — recomendação que
perdura até hoje.
Posteriormente, pelas reformas do Papa Paulo VI, São Jorge foi rebaixado a santo menor de terceira catego-
ria (segundo hierarquia católica), cujo culto seria opcional nos calendários locais e não mais em caráter uni-
versal. No entanto, a reabilitação do santo como figura de primeira instância, e arcanjo, lembrando a figura
do próprio Jesus Cristo, pelo Papa João Paulo II em 2000, conferiu nova relevância a São Jorge. Atualmente,
haja vista a grande popularidade e apelo turístico de festas como a escocesa St. Andrew’s Day, a irlandesa St.
Patrick’s Day e mesmo a galesa St. Dave’s Day, têm-se formado grande iniciativa de setores nacionalistas
para que o St. George’s Day volte a gozar da mesma popularidade entre os ingleses como antigamente.

Padroeiro de Portugal

Pensa-se que os Cruzados ingleses que ajudaram o Rei Dom Afonso Henriques a conquistar Lisboa, em
1147 terão sido os primeiros a trazer a devoção a São Jorge para Portugal. No entanto, só no reinado de Dom
Afonso IV de Portugal que o uso de “São Jorge!” como grito de batalha se tornou regra, substituindo o ante-
rior “Sant’Iago!”.
O Santo Dom Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, considerava São Jorge o responsável pela
vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota e aí está a Ermida de São Jorge a testemunhar esse facto. O Rei
Dom João I de Portugal era também um devoto do Santo, e foi no seu reinado que São Jorge substituiu San-
tiago maior como padroeiro de Portugal. Em 1387, ordenou que a sua imagem a cavalo fosse transportada na
procissão do Corpus Christi.
Assim, séculos mais tarde, chegaria ao Brasil.

Padroeiro da Catalunha

A presença documental da devoção a São Jorge em terras catalãs remonta ao século VIII: documentos da
época falam de um sacerdote de Tarragona chamado Jorge que fugiu para a Itália. Já no século X, um bispo
de Vic tinha o nome de Jorge, e no século XI o abade Oliba consagrou um altar dedicado ao santo no mostei-
ro de Ripoll. Encontram-se exemplos do culto a São Jorge dessa época, na consagração de capelas, altares
e igrejas em diversos pontos da Catalunha. Os reis catalães mostraram a sua devoção a São Jorge: Tiago I
de Catalunha explica em suas crônica que foi visto o santo ajudando os catalães na conquista da cidade de
Malorca; Pedro o Cerimonioso fundou uma ordem de cavalaria sob a sua proteção; Afonso, o Magnânimo
dedicou-lhe capelas nos reinos da Sardenha e Nápoles.
Os reis e a Generalidade da Catalunha impulsionaram a celebração da festa de São Jorge por todas as regiões
catalãs. Em Valência, em 1343, já era uma festa popular; em 1407, Mallorca celebrava-a publicamente. Em
1436, a Generalidade da Catalunha propôs, nas côrtes reunidas em Montsó, a celebração oficial e obrigatória
de São Jorge; em 1456, as côrtes reunidas na Catedral de Barcelona ditaram uma constituição que ordenava
a festa, inclusa no código das Constituições da Catalunha. As remodelações do Palácio da Generalidade
(sede do governo catalão) feitas durante o século XV são a prova mais clara da devoção impulsionada por
esse órgão público, ao colocar um medalhão do santo na fachada gótica e ao construir no interior a capela de
São Jorge.
Lenda do dragão e da princesa 38
Baladas medievais contam[3] que Jorge era filho de Lorde Al-
bert de Coventry. Sua mãe morreu ao dá-lo à luz e o recém nas
cido Jorge foi roubado pela Dama do Bosque para que pudesse,
mais tarde, fazer proezas com suas armas. O corpo de Jorge
possuia três marcas: um dragão em seu peito, uma jarreira em
volta de uma das pernas e uma cruz vermelho-sangue em seu
braço. Ao crescer e adquirir a idade adulta, ele primeiro lutou
contra os sarracenos e, depois de viajar durante muitos meses
por terra e mar, foi para Sylén, uma cidade da Líbia.

Nesta cidade, Jorge encontrou um pobre eremita que lhe disse
Imagem do santo localizada na Igreja de
que toda a cidade estava em sofrimento, pois lá existia um
São Jorge no Centro do Rio de Janeiro
enorme dragão cujo hálito venenoso podia matar toda uma
cidade, e cuja pele não poderia ser perfurada nem por lança e
nem por espada. O eremita lhe disse que todos os dias o dragão exigia o sacrifício de uma bela donzela e que
todas as meninas da cidade haviam sido mortas, só restando a filha do rei, Sabra, que seria sacrificada no dia
seguinte ou dada em casamento ao campeão que matasse o dragão.

Ao ouvir a história, Jorge ficou determinado em salvar a princesa.


Ele passou a noite na cabana do eremita e quando amanheceu partiu
para o vale onde o dragão morava. Ao chegar lá, viu um pequeno
cortejo de mulheres lideradas por uma bela moça vestindo trajes de
pura seda árabe. Era a princesa, que estava sendo conduzida pelas
mulheres para o local do sacrifício. São Jorge se colocou na frente
das mulheres com seu cavalo e, com bravas palavras, convenceu a
princesa a voltar para casa.

O dragão, ao ver Jorge, sai de sua caverna, rosnando tão alto quanto
o som de trovões. Mas Jorge não sente medo e enterra sua lança na
garganta do monstro, matando-o. Como o rei do Marrocos e do Egito
Casamento de São Jorge e Sabra
não queria ver sua filha casada com um cristão, envia São Jorge para
a Pérsia e ordena que seus homens o matem. Jorge se livra do perigo
e leva Sabra para a Inglaterra, onde se casa e vive feliz com ela até o
dia de sua morte, na cidade de Coventry.

De acordo com a outra versão[4], Jorge acampou com sua armada romana próximo a Salone, na Líbia. Lá
existia um gigantesco crocodilo alado que estava devorando os habitantes da cidade, que buscaram refúgio
nas muralhas desta. Ninguém podia entrar ou sair da cidade, pois o enorme crocodilo alado se posicionava
em frente a estas. O hálito da criatura era tão venenoso que pessoas próximas podiam morrer envenenadas.
Com o intuito de manter a besta longe da cidade, a cada dia ovelhas eram oferecidas à fera até estas termin-
arem e logo crianças passaram a ser sacrificadas.

O sacrifício caiu então sobre a filha do rei, Sabra, uma menina de quatorze anos. Vestida como se fosse
para o seu próprio casamento, a menina deixou a muralha da cidade e ficou à espera da criatura. Jorge, o
tribuno, ao ficar sabendo da história, decidiu pôr fim ao episódio, montou em seu cavalo branco e foi até o
reino resgatá-la. Jorge foi até o reino resgatá-la, mas antes fez o rei jurar que se a trouxesse de volta, ele e
todos os seus súditos se converteriam ao cristianismo. Após tal juramento, Jorge partiu atrás da princesa e do
“dragão”. Ao encontrar a fera, Jorge a atinge com sua lança, mas esta se despedaça ao ir de encontro à pele
do monstro e, com o impacto, São Jorge cai de seu cavalo. Ao cair, ele rola o seu corpo, até uma árvore de
laranjeira, onde fica protegido por ela do veneno do dragão até recuperar suas forças.
Ao ficar pronto para lutar novamente, Jorge acerta a cabeça do dragão com sua poderosa espada Ascalon. 39
O dragão derrama então o veneno sobre ele, dividindo sua armadura em dois. Uma vez mais, Jorge busca
a proteção da laranjeira e em seguida, crava sua espada sob a asa do dragão, onde não havia escamas, de
modo que a besta cai muito ferida aos seus pés. Jorge amarra uma corda no pescoço da fera e a arrasta para
a cidade, trazendo a princesa consigo. A princesa, conduzindo o dragão como um cordeiro, volta para a
segurança das muralhas da cidade. Lá, Jorge corta a cabeça da fera na frente de todos e as pessoas de toda
cidade se tornam cristãs.

O dragão (o demônio) simbolizaria a idolatria destruída com as armas da Fé. Já a donzela que o santo defen-
deu representaria a província da qual ele extirpou as heresias.
[editar]São Jorge, a Lua e os Orixás

A ligação de São Jorge com a lua é algo puramente brasileiro, com forte influência da cultura africana. Em
Salvador, Bahia, o santo foi sincretizado a Oxossi.[5] Na religião da umbanda, o santo é associado a Ogum.
A tradição diz que as manchas apresentadas pela lua representam o milagroso santo, seu cavalo e sua espada
pronto para defender aqueles que buscam sua ajuda.[6]

São Jorge na cultura popular

Dia 23 de abril, para algumas das religiões afro-brasileiras, é o dia em que se fazem homenagens ao santo.
Jorge de Capadócia é uma música de Jorge Ben, interpretada também por Caetano Veloso, Fernanda Abreu e
pelos Racionais MC’s.
São Jorge é tido como o padroeiro do Corinthians. Acredita-se que sua história de devoção e fidelidade à
Verdade cristã até o fim de seu martírio seja a origem do termo “Fiel”, popular entre os torcedores e presente
em várias agremiações corintianas.
Existe um romance sobre São Jorge criado pelo escritor italiano Tito Casini chamado Perseguidores e
Mártires (no Brasil, editado pelas Edições Paulinas, por volta de 1960). No livro, São Jorge é retratado
como o verdadeiro paladino da Capadócia que, apesar de ser perseguido pelo tirano imperador Diocleciano,
manteve-se fiel ao Império Romano, mas também a Cristo e se recusou a contrair alianças com o genro do
imperador, Galério, que pretendia ter o apoio do conde da Capadócia para deliberar um golpe contra Diocl-
eciano, o que terminantemente, o santo militar recusou.
A banda inglesa Iron Maiden fala de São Jorge na música “Flash of the Blade”, no álbum Powerslave.
A banda brasileira Angra utilizou a imagem do santo na capa do álbum Temple of Shadows.
Zeca Pagodinho gravou recentemente em seu álbum “Uma Prova de Amor” a música “Ogum” com uma
letra com um forte apelo ao sincretismo, a oração de São Jorge é feita no trecho final da música pelo cantor e
compositor Jorge Ben.
Moacyr Luz e Aldir Blanc fizeram em homenagem ao santo a música “Medalha de São Jorge”, que foi gra-
vada pela Cantora Maria Bethânia em 1992.
São Jorge é o Santo Padroeiro da Cavalaria do Exército Brasileiro.

Referências

1. Sobre imagens de São Jorge


2. Ashmole, Elias, The History of the most Noble Order of the Garter: And the several Orders of Knighthood
extant in Europe. A Bell; E.Curll; J.Pemberton; A Collins; W.Taylor; J.Baker, London 1715
3. Bishop Percy’s folio manuscript: loose and humorous songs ed. Frederick J. Furnivall. London, 1868
4. The Golden Legend or Lives of the Saints. Compiled by Jacobus de Voragine, Archbishop of Genoa,
1275. First Edition Published 1470. Englished by William Caxton, First Edition 1483, Edited by F.S. Ellis,
Temple Classics, 1900 (Reprinted 1922, 1931)
5. Fundação Cultural do Estado da Bahia, Cultos Afro, Orixás, Festa para Oxossi, o Rei de Ketu [em linha]
6. Santos, Georgina Silva dos.Ofício e sangue: a Irmandade de São Jorge e a Inquisição na Lisboa moderna.
Lisboa: Colibri; Portimão: Instituto de Cultura Ibero-Atlântica, 2005
http://pt.wikipedia.org/wiki/São_Jorge
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 40
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Oxossi

Ponto de matéria: As matas


Ponto espíritual: Sabedoria e conhecimento, dá isso a
todos os seres para que evoluão
Elemento: Terra
Cor: Verde (para o escuro como as matas)
Dia da semana: Quinta-feira
Símbolo
Sincretismo: São Sebastião

Orixá masculino considerado de jovem, a sua cor é o


verde ligado as matas e reina sobre os os animais selva-
gens, dos quais é considerado o dono e dos quais tem todas as virtudes. Oxossi é sagaz como
o leopardo, forte como o leão, leve como um pássaro, silencioso como um tigre, observador
como a coruja, sabe se esconder como um tatu, é vaidoso como o pavão, corre como os coe-
lhos, sobe em árvores como macaco, conhece os animais profundamente e com eles partilha o
conhecimento da natureza.

Um de seus símbolos é o Ofá (arco) e Damatá


arô, Oxossi.

garante a alimentação em abundância, o Orixá Oxossi está associado ao Orixá Ossaê, que é

algumas das principais características necessárias a essa atividade ao ar livre: concentração,


atenção, determinação para atingir os objetivos e uma boa dose de paciência.
-
ções, pois é ele que provê o alimento. Rege a lavoura, a agricultura, permitindo bom plantio
e boa colheita para todos.
Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na con-
dição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria
busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da
natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido.
A colecta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxós-
si, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela
sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar
os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi-

Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua histó-

Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.


Sua busca visa o conhecimento. Logo, é o cientista e o doutrinador, que traz o alimento
da fé e o saber aos espíritos fragilizados tanto nos aspectos da fé quanto do saber religioso.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 41
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

determinação de alcançar seus objetivos e paciência para aguardar o momento correto para
agir.

mas controlados. São reservados, tendo forte ligação com o mundo material, sem que esta
tendência denote obrigatoriamente ambição e instáveis em seus amores.

independência e de extrema capacidade de ruptura, o afastar-se de casa e da aldeia para


-

seu Orixá. Quando em perseguição a um objetivo, mantêm-se de olhos bem abertos e ouvidos
atentos. Sua luta é baseada na necessidade de sobrevivência e não no desejo de expansão
conquista. Esse Orixá é o guia dos que não sonham muito, mas a sua violência é canalizada
represada para o movimento certo no momento exato. É basicamente reservado, guardando
quase que exclusivamente para si seus comentários e sensações, sendo muito discreto quan
to ao seu próprio humor e disposição.
Os filhos de Oxossi, portanto, não gostam de fazer julgamentos sobre os outros respei-
tando como sagrado o espaço individual de cada um. Buscam preferencialmente trabalhos
e funções que possam ser desempenhados de maneira independente, sem ajuda nem parti-
cipação de muita gente, não gostando do trabalho em equipe. Ao mesmo tempo, é marcado
por um forte sentido de dever e uma grande noção de responsabilidade. Afinal, é sobre ele
que recai o peso do sustento da tribo. Podem ser paternais, mas sua ajuda se realizará pre-
ferencialmente distante do lar, trazendo as provisões ou trabalhando para que elas possam
ser compradas, e não no contato íntimo com cada membro da família. Não é estranho que,
quem tem Oxossi como Orixá de cabeça, relute em manter casamentos ou mesmo relaciona-
mentos emocionais muito estáveis. Quando isso acontece, dão preferência a pessoas igual
mente independentes, já que o conceito de casal para ele é o da soma temporária de duas
individualidades que nunca se misturam.
O tipo psicológico do filho de Oxossi é refinado e de notável beleza. É o Orixá dos artistas
intelectuais. É dotado de um espírito curioso, observador de grande penetração. São cheios
de manias, volúveis em suas reações amorosas, multo susceptíveis e tidos como “complica-
dos”. É solitário, misterioso, discreto, introvertido. Não se adapta facilmente à vida urbana
e é geralmente um desbravador, um pioneiro. Possui extrema sensibilidade, qualidades
tísticas, criatividade e gosto depurado. Sua estrutura psíquica é muito emotiva e romântica.
No geral são muito cautelosos, donos de uma sabedoria e conhecimento sobrenatural, gran-
des guerreiros, no meio de uma luta nunca se mostram fracos porém são muito “chorões”.
São Sebastião 42

Nascimento: 256 em Narbona, França[1]


Morte: 286 em Roma, Itália
Veneração por Catolicismo, Igreja Ortodoxa, Umbanda
Principal templo: San Sebastiano fuori le mura[2]
Festa litúrgica: 20 de janeiro (Católica),
18 de Dezembro (Ortodoxa)
Atribuições: Flechas
Padroeiro: Arqueiros, soldados, infantaria, atletas, praga[

São Sebastião (França, 256 d.C. – 286 d.C.) originário de Narbonne


e cidadão de Milão, foi um mártir e santo cristão, morto durante a
perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano. O seu
nome deriva do grego sebastós, que significa divino, venerável (que
seguia a beatitude da cidade suprema e da glória altíssima).

São Sebastião,
por Marco Palmezzano

De acordo com Actos apócrifos, atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião era um soldado que teria
se alistado no exército romano por volta de 283 d.C. com a única intenção de afirmar o coração dos cristãos,
enfraquecido diante das torturas. Era querido dos imperadores Diocleciano e Maximiano, que o queriam
sempre próximo, ignorando tratar-se de um cristão e, por isso, o designaram capitão da sua guarda pessoal,
a Guarda Pretoriana. Por volta de 286, a sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o im-
perador a julgá-lo sumariamente como traidor, tendo ordenado a sua execução por meio de flechas (que se
tornaram símbolo constante na sua iconografia). Foi dado como morto e atirado no rio, porém, Sebastião não
havia falecido. Encontrado e socorrido por Irene (Santa Irene), apresentou-se novamente diante de Diocl-
eciano, que ordenou então que ele fosse espancado até a morte. Seu corpo foi jogado no esgoto público de
Roma. Luciana (Santa Luciana, cujo dia é comemorado em 30 de Junho) resgatou seu corpo, limpou-o, e
sepultou-o nas catacumbas.

Existem inconsistências no relato da vida de São Sebastião: o edito que autorizava


a perseguição sistemática dos cristãos pelo Império foi publicado apenas em 303 (de
pois da Era Comum), pelo que a data tradicional do martírio de São Sebastião parece
precoce. O simbolismo na História, como no caso de Jonas, Noé e também de São
Se bastião, é visto, pelas lideranças cristãs atuais, como alegoria, mito, fragmento de
estórias, uma construção histórica que atravessou séculos.
O bárbaro método de execução de São Sebastião fez dele um tema recorrente na arte
medieval, surgindo geralmente representado como um jovem amarrado a uma estaca
e perfurado por várias setas (flechas); três setas, uma em pala e duas em aspa, atadas
por um fio, constituem o seu símbolo heráldico.
Tal como São Jorge, Sebastião foi um dos soldados romanos mártires e santos, cujo
culto nasceu no século IV e que atingiu o seu auge na Baixa Idade Média, designada
mente nos séculos XIV e XV, tanto na Igreja Católica como na Igreja Ortodoxa.
Embora os seus martírios possam provocar algum ceticismo junto dos estudiosos
atuais, certos detalhes são consistentes com atitudes de mártires cristãos seus contem

São Sebastião, porâneos.
por Botticelli
São Sebastião na Umbanda 43

Nas tradições de afro-brasileiras, o Orixá Oxossi na Umbanda é sincretizado como São Sebastião. Oxossi
é o grande Orixá das florestas e das relações entre o reino animal e vegetal. Grande caçador, comumente é
representado nas florestas caçando com seu arco e flecha.

São Sebastião no folclore, na literatura e no cinema

São Sebastião foi o ícone de várias expressões artísticas. Foi tema de pintores da Renascença. Na literatura,
São Sebastião teve sua trajetória contada no livro “Perseguidores e Mártires”, do escritor italiano Tito Cas-
ini. Ainda na literatura, foi um dos personagens centrais do romance “Fabíola” (também intitulado “A Igreja
das Catacumbas”), escrito em 1854 pelo Cardeal Nicholas Wiseman.
A obra de Wiseman foi filmado por Alessandro Blasetti em 1949 na França, estrelando Michèle Morgan, e
com o ator italiano Massimo Girotti no papel de São Sebastião. Foi refilmado por Nunzio Malasomma em
1961, na Itália, como “La Rivolta degli Schiavi (“A Revolta dos Escravos ), protagonizado pela estrela esta-
dunidense Rhonda Fleming, com o romano Ettore Manni como o santo mártir.

Festejos em homenagem a São Sebastião

No Brasil, ele é celebrado com festas e feriados no dia 20 de janeiro


como padroeiro de várias cidades:
Acre: Xapuri, Marechal Thaumaturgo,Mâncio Lima.
Bahia: Brumado,Caturama, Alcobaça, Caravelas, Ilhéus, Itambé,
Trancoso, Igaporã, Cumuruxatiba, Maraú e Mascote
Ceará: Apuiarés, Choró, Ipaumirim, Ipu, Maranguape, Monsenhor
Tabosa, Mulungu, Nova Olinda,José de Alencar (Iguatu),
Lima Campos, distrito de Icó, Fazenda Facão, Interior de
Quixeramobim, Pedra Branca e Candeia São Sebastião (interior da cidade de Baturité).
Distrito Federal (Brasil): Planaltina (Distrito Federal).
Espírito Santo: Itarana.
Goiás: Itaberaí, Cristalina, Rio Verde, Bonfinópolis, Palmeiras de Goiás,Pires do Rio- Comunidade
Maratá, Santa Cruz de Goiás e Rianápolis.
Mato Grosso: Alto Garças.
Mato Grosso do Sul: Maracajú.
Maranhão: Presidente Dutra, Passagem Franca, Matinha
Minas Gerais: Araçaí, Areado, Belo Vale, Bom Repouso, Brasília de Minas, Espera Feliz, Inhapim
Andrelândia, Montes Claros, Alpinópolis, Carlos Chagas, Andradas, Cruzília, Carmo do
Paranaíba, Monjolinho De Minas, Coronel Fabriciano, Brumadinho, Leopoldina, Bom Jardim
de Minas, Lagoa Dourada, Ponte Nova, São Sebastião do Paraíso, Papagaios, Senador José
Bento, Pedralva, Salto da Divisa, Dionísio, Florestal, Lassance, Nova Serrana, Sabinópolis,
Cambuquira, Pirapora, Canápolis, Espinosa, Joanésia, Taiobeiras, Tarumirim, Gonzaga, Raul
Soares.
Pará: Altamira e Parauapebas.
Paraíba: Catingueira, Picuí, São Sebastião de Lagoa de Roça, São Sebastião do Umbuzeiro, Gurjão,
Olivedos e São Bento
Paraná: Paranavaí, Sengés, Jacarezinho, Andirá, Rio Branco do Sul, Munhoz de Melo, Astorga e
Mandaguaçu
Pernambuco: Aliança (Pernambuco), Caruaru, Jataúba, Limoeiro, Cabo de Santo Agostinho, Belo
Jardim, Ouricuri, Lagoa de Itaenga, Canhotinho, Terra Nova, Bonito
Piauí: Esperantina
Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, Barra Mansa, Três Rios, Aperibé e Araruama.
Rio Grande do Norte: Caraúbas, Ceará Mirim, Encanto, Equador, Governador Dix-Sept Rosado,
Encanto, Parelhas,São Fernando, Florânia,Ruy Barbosa e Caiçara do Rio do Vento
Rio Grande do Sul: Bagé, São Sebastião do Caí e Venâncio Aires. 44
Santa Catarina: Anitápolis, Sombrio, São Sebastião, Bom Retiro , São Ludgero e Painel.
São Paulo: São Sebastião, Andradina, Cajamar, Coroados, Valinhos, Ibiúna, Suzano, Guaíra, Porto
Ferreira, Presidente Prudente, Pederneiras, Borborema, Ribeirão Preto,Taquaritinga, Boa
Esperança do Sul,Rio Grande da Serra, Pirajuí, Sabino , Itaju,Sebastianópolis do Sul.
Sergipe: Poço Verde.
Tocantins: Tocantínia.

Em Portugal, há comemorações semelhantes em Santa Maria da Feira, na conhecida Festa das Fogaceiras,
a maior festa do concelho, a cargo da Câmara Municipal. Comemora-se ainda, em várias localidades do
concelho de Mirandela, entre outras, no Bairro de S. Sebastião (no segundo Domingo de Setembro), em
Cabanelas (no dia 20 de Janeiro), em Vale de Prados (no terceiro Domingo de Janeiro), em Vila Boa de
Quires, bem como no concelho de Santarém, em Amiais de Baixo, onde se celebram todos os anos as Festas
em honra de Martir São Sebastião. Também em Rio Tinto se festeja este Mártir na Capela que lhe é dedi-
cada, no dia 20 de Janeiro e fim de semana seguinte (com procissão nesse domingo). É Santo Padroeiro de
Vale de Juncal, do mesmo concelho, cujas festividades seculares ocorriam no primeiro Domingo de Feverei-
ro de cada ano.

http://pt.wikipedia.org/wiki/São_sebastião
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 45
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Ossaye

Ponto de matéria: Folhas, a cura de matéria


Ponto espíritual: Cura do espírito
Elemento: Terra
Cor: Verde e branco
Dia da semana: Quinta-feira
Símbolo: Folha ou uma vara de ferro com sete pontas
com um passaro na ponta central de nome Eye
Sincretismo: São Benedito

Orixá masculino considerado de muito jovem, a sua cor


é o verde e branco ligado a mesclatura das folhas, orixá

É fundamental sua importância, porque detém o reino e poder das plantas e folhas, im-
prescindíveis nos rituais e obrigações através dos banhos feitos de ervas. Como as folhas es-
tão relacionadas com a cura, Ossãe também está vinculado à medicina, por guardar escondi-

todas as folhas. Dono do axé (força, poder, fundamento, vitalidade e segurança) existentes-
nas folhas e nas ervas, ele não se aventura nos locais onde o homem cultivou a terra e cons-
truiu casas, evitando os lugares onde a mão do homem poluiu a natureza com o seu domínio.
As folhas e ervas de Ossãe, depois de colhidas são esfregadas, espremidas e trituradas com
as mãos, e não com pilão ou outro instrumento. Cumpre quebrá-las vivas entre os dedos.
Seja qual for o seu Orixá cabeça, tem sempre que invocar Ossãe ao utilizar uma planta-
-
nua sendo segredo de Ossãe. Por isso não basta possuir a planta exigida como ingrediente de
um prato a ser oferecido ao Orixá, ou de qualquer outra forma de trabalho mágico.
Ossãe tem uma aura de mistério em torno de si e a sua especialidade, apesar de muito
importante, não faz parte das atividades cotidianas, constituindo-se mais numa técnica, um
ramo do conhecimento que é empregado quando necessário o uso ritualístico das plantas
para qualquer cerimônia litúrgica, como forma condutora da busca do equilíbrio energético,
de contato do homem com a divindade.

-
mentos e emoções. Daquelas que não deixam suas simpatias e antipatias intervirem nas suas

São cautelosos sábios, calmos, expontaneos e cautelosos.


São pessoas frágeis, saúde delicada, esforçados, volúveis, sem ambições, estudiosos, so-
nhadores, esquisitos e desligados, preservam a liberdade, propenso a homossexualidade, do-
tados de muita energia, prestativos, carentes desinteressados, ligados à família, mas gostam
de viver de forma independente.
46
SÃO BENEDITO E A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES

O caso mais extraordinário acontecido durante o tempo em que


Frei Benedito governou o convento, foi uma multiplicação de
pães. É um fato onde se vê claramente a presença de Cristo na
pessoa de Benedito, acudindo os pobres e famintos.

Apesar de o convento também viver de esmolas, a ordem do
Guardião ao irmão porteiro era clara: nenhum pobre sem
atendimento. Nenhum mendigo despachado sem uma ajuda.
Assim queria Benedito que se vivesse o preceito de Jesus:
"Dêem de graça o que de graça receberam" (Mt 10,8).
Certa vez, ao distribuir pão aos pobres, o porteiro, Irmão Vito
da Girgenti, percebeu que a fila ainda era grande, e que na
cesta restavam apenas poucos pães, que davam exatamente para
os membros do convento. Encerrou, então, a distribuição e
despachou o resto dos pobres. O fato chegou ao conhecimento
do Guardião, que intimou o bom porteiro a correr e chamar de
volta os pobres que ficaram sem pão.

- "Dê aos pobres tudo o que estiver na cesta, disse Benedito, que a Providência divina achará um
meio de socorrer-nos".
Os pães, naquele tempo, geralmente eram feitos em casa. Não havia essa facilidade que temos hoje
de correr a uma padaria na esquina. Aqueles pães doados aos pobres eram, então, os últimos, até o cozinhei-
ro ou padeiro do convento fazer mais. Por isso o irmão porteiro ficou meio espantado com a ordem recebida,
mas obedeceu. Chamou os pobres e pôs-se a distribuir-lhes os pães restantes. Foi aí que percebeu que al-
guma coisa de extraordinário estava acontecendo ali. O pão da cesta não se acabava; quanto mais ele tirava,
mais aparecia. Foi uma nova multiplicação de pães, como aquela de Jesus no deserto. Espanto e alegria
encheram o coração do porteiro. Terminada a distribuição, outra maravilha; na cesta ficaram exatamente
aqueles pães que ele havia reservado para a comunidade. Nenhum a mais nem a menos.
Não temos outros São Benedito, mas o exemplo dele, bem como de Santo Antônio, fazem que,
anualmente, apareçam muitas almas caridosas que distribuem milhares de sacos de pães aos pobres, em
memória do gesto desses santos.

ORAÇÃO

São Benedito, filho de escravos, que encontrastes a verdadeira liberdade servindo a Deus e aos irmãos, inde-
pendente de raça e de cor, livrai-me de toda a escravidão, venha ela dos homens ou dos vícios, e ajudai-me a
desalojar de meu coração toda a segregação e a reconhecer todos os homens por meus irmãos. São Benedito,
amigo de Deus e dos homens, concedei-me a graça que vos peço do coração. Por Jesus Cristo Nosso Senhor.
Amém.

São Benedito rogai por nós !

http://www.igrejaparati.com.br/são_benedito_-_história_e_oração.htm
47
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Nanã

Ponto de matéria: O lodo e a lama, águas paradas


Ponto espíritual: Preparação de matéria, antes de en-
carnar Nãnã molda o ser
Elemento: Água
Cor: Roxo
Dia da semana: Sábado
Símbolo: Ibiri, um cajado recurvo, feito com palitos do
dendezeiro, de palmeira ou palha, enfeitado com búzios
Sincretismo: Nossa Senhora Santana

Orixá femenino considerado de velho, aliás é um dos


orixás mais velhos de todo o panteão africano, a sua cor
é o roxo, cor muitas vezes associada ao luto, pois é orixá de vida e morte, molda o ser antes
dele encarnar mas a ela retorna após a passagem de plano.
O seu símbolo é o Ibiri (cajado) conhecido também por “vassoura de Nanã” ele representa

se embalasse uma criança. Os búzios que o decorram simbolizam a morte por estarem vazios
e fecundidade porque lembram os órgãos genitais femininos. A sua saudação é Saluba Nãnã!
Nanã é a lama primordial, o barro, a argila da qual sao feitos os homens. Dela saem seres
perfeitos e imperfeitos, modelados por Oxalá e cuja cabeça é preparada pelo sensível Ajalá.
Sempre ranzinza, instável fazendo-nos lembrar as nossas avós, ora perigosa e vingativa. É
um orixá discreto e gosta de se esconder. Orixá que também rege a Justiça, e como tal Nanã
não tolera traição, indiscrição, nem roubo.
Senhora guardiã do reino da morte é, como elemento, a terra fofa, que recebe os cadáve-
res, os acalenta e esquenta, numa repetição do ventre, da vida intra-uterina.
-
tera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou então de alguma forma de

Jurar por Nanã, por parte de alguém do culto, implica um compromisso muito sério e inque-

mesma relação austera que mantém com o mundo.


É também um orixá de grande Sabedoria, tal como todas as pessoas idosas têm grande
experiência de vida e sabedoria sobre a mesma, também Nanã a tem, mas guarda seus mis-
térioa e sabedoria muito bem, não divulgando seus segredos.

Ewá, que teria nascida de uma relação entre Nanã e Oxóssi.


Abaluaiê e Oxumarê ela os gerou defeituosos, por ter quebrado uma interdição e mantido
relações sexuais com Oxalá, marido de Iemanjá. Abandonou a ambos, que foram criados por-
Yemanjá, e acabou sozinha quando Ewá, para fugir de um casamento que sua mãe lhe impu
nha, fugiu de casa para morar no horizonte entre o céu e o mar, na faixa do arco-iris.
Ela actua na decantação emocional e no adormecimento do espírito que irá encarnar, o
envolve em uma irradiação especial, que reduz o corpo energético ao tamanho do feto já
formado dentro do útero materno onde será gerado, ao qual já está ligado desde que ocorreu
a fecundação.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 48

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Nanã, envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os
acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida
na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada
à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que
vivenciou na sua vida carnal. Portanto, um dos campos de actuação de Nanã é a “memória”
dos seres.
Esta grande Orixá, mãe e avó, é protetora dos homens e criaturas idosas, padroeira da
família, o lodo produzido por águas, todas as ferramentas feitas do barro. Quando dança no
Terreiro, ela faz com os braços como se estivesse embalando uma criança.

Uma pessoa que tenha Nanã como Orixá de cabeça, pode levar em conta principalmente

mas também ranzinza, preocupada com detalhes, com forte tendência a sair censurando os
outros. Não tem muito senso de humor, o que a faz valorizar demais pequenos incidentes
e transformar pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, tem uma grande
capacidade de compreensão do ser humano, como se fosse muito mais velha do que sua pró-
pria existência.
Às vezes porém, exige atenção e respeito que julga devido mas não obtido dos que a
cercam. Não consegue entender como as pessoas cometem certos enganos triviais, como

de pessoa que não consegue compreender direito as opiniões alheias, nem aceitar que nem
todos pensem da mesma forma que ela.
Querem um mundo previsível, estável ou até voltando para trás: são aqueles que recla-
mam das viagens espaciais, dos novos costumes, da nova moralidade, etc. Quanto à dados
físicos, são pessoas que envelhecem rapidamente, aparentando mais idade do que realmente

São pessoas lentas no exercício de seus afazeres, julgando haver tempo para tudo, como se
o dia fosse durar uma eternidade. Muito afeiçoadas às crianças, educam-nas com ternura e
excesso de mansidão, possuindo tendência a se comportar com a indulgência das avós.
-
severo e austero. Rabugento, é mais temido do que amado. Pouco feminina, não tem maio
res atractivos e à muito afastada da sexualidade. Por medo de amar e de ser abandonada e
sofrer, ela dedica sua vida ao trabalho, à vocação, à ambição social.
São pessoas que gostam de estar dentro de casa, pouco sociaveis, porem sabem ouvir e ser
Santa Ana Mãe de Maria 49
Avó do Menino Jesus

Veneração por: Igreja Católica Romana, Igreja Ortodoxa, Igreja


Anglicana e Umbanda
Festa litúrgica: 26 de Julho
Atribuições: Menino Jesus, Sagrada Família
Padroeira: Mainar, carpinteiros, avós, rendeiras, ginetes

Santa Ana ou Sant’Ana (do latim Anna, por sua vez do hebraico
transliterado Hannah, “Graça”) foi mãe de Maria, mãe de Jesus
Cristo.

Histórico
Os dados biográficos que sabemos sobre os pais de Maria fo
ram legados pelo Proto-Evangelho de Tiago, obra citada
em diversos estudos dos padres da Igreja Oriental, como
Epifânio e Gregório de Nissa.
Sagrada Família, de Agnolo Bronzino
Sant’Ana, cujo nome em hebraico significa graça, pertencia à
família do sacerdote Aarão e seu marido, São Joaquim, pertencia à família real de Davi.
Seu marido, São Joaquim, homem pio fora censurado pelo sacerdote Rúben por não ter filhos. Mas Sant’Ana
já era idosa e estéril. Confiando no poder divino, São Joaquim retirou-se ao deserto para rezar e fazer pen-
itência. Ali um anjo do Senhor lhe apareceu, dizendo que Deus havia ouvido suas preces. Tendo voltado ao
lar, algum tempo depois Sant’Ana ficou grávida. A paciência e a resignação com que sofriam a esterilidade
levaram-lhes ao prêmio de ter por filha aquela que havia de ser a Mãe de Jesus.
Eram residentes em Jerusalém, ao lado da piscina de Betesda, onde hoje se ergue a Basílica de Santana; e aí,
num sábado, 8 de setembro do ano 20 a.C., nasceu-lhes uma filha que recebeu o nome de Miriam, que em
hebraico significa “Senhora da Luz”, passado para o latim como Maria. Maria foi oferecida ao Templo de
Jerusalém aos três anos, tendo lá permanecido até os doze anos.

Pelo texto Caverna dos Tesouros, atribuído a Efrém da Síria, Ana (Hannâ) era filha de Pâkôdh e seu marido
se chamava Yônâkhîr.. Yônâkhîr e Jacó eram filhos de Matã e Sabhrath. Jacó foi o pai de José, desta forma,
José e Maria eram primos.
São João Damasceno, ao escrever sobre o Natal, deixa claro que São Joaquim e Santa Ana são os pais de
Maria.

Devoção
A devoção aos pais de Maria é muito antiga no Oriente, onde foram cultuados desde os primeiros séculos de
nossa era, atingindo sua plenitude no século VI. Já no ocidente, o culto de Santana remonta ao século VIII,
quando, no ano de 710, suas relíquias foram levadas da Terra Santa para Constantinopla, donde foram dis-
tribuídas para muitas igrejas do ocidente, estando a maior delas na igreja de Sant’Ana, em Düren, Renânia,
Alemanha.
Seu culto foi tornando-se muito popular na Idade Média, especialmente na Alemanha. Em 1378, o Papa
Urbano IV oficializou seu culto . Em 1584, o Papa Gregório XIII fixou a data da festa de Sant’Ana em 26 de
Julho, e o Papa Leão XIII a estendeu para toda a Igreja, em 1879.Em França, o culto da Mãe de Maria teve
um impulso extraordinário depois das aparições da santa em Auray, em 1623.
Tendo sido São Joaquim comemorado, inicialmente, em dia diverso ao de Sant’Ana, o Papa Paulo VI asso-
ciou num único dia, 26 de julho, a celebração dos pais de Maria, mãe de Jesus.

Cultura popular
Pode se encontrar um retrato realístico de Santa Ana no filme, The Nativity Story, “Jesus, a História do Nas-
cimento”, em português.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_ana
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 50

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Abaluaiê

Ponto de matéria: Terra do cemitério, calunga pequena


Ponto espíritual: Desligamento, desliga a matéria do
espírito
Elemento: Terra
Cor: Amarelo e preto
Dia da semana: Segunda-feira
Símbolo: Xaxará ou íleo (um feixe de ramos de palmeira
enfeitado com búzios)
Sincretismo: São Lázaro

Orixá masculino considerado de jovem, a sua cor


é o preto e o amarelo, preto associada à morte, amarelo associado à terra e à palha, pois de
palha são suas vestes.
O seu símbolo é o Xaxará ou íleo, um feixe de ramos de palmeira ou de nervuras da palha do
dendezeiro enfeitado com búzios A sua saudação é Atotô Abaluaé! Este orixá é também conhe-
cido como Obaluaé: Oba (rei) – Oluwô (senhor) – Ayiê (terra), ou seja, “Rei, senhor da Terra”.
Nanã decanta os espíritos que irão reencarnar e Abaluaiê estabelece o cordão energético
que une o espírito ao corpo. É ele que faz o seu desligamento quando o ser morre, ou seja,
Abaluaiê comanda o cordão energético de todos os seres.
Um dos mais temidos Orixás, que comanda as doenças e, consequentemente, a saúde, e-
assim como sua mãe Nanã, tem profunda relação com a morte. Tem o rosto e o corpo co
bertos de palha da costa, para esconder as marcas da varíola. Foi criado por Yemanjá que
o acolheu quando Nanã o rejeitou por ser manco, feio e coberto de feridas. É usualmente
chamado de “O velho” como prestígio.
Abaluaiê tem sob seu comando incontáveis legiões de espíritos que actuam na sua Irra-
diação ou Linha, trabalhadores do Grande Laboratório do Espaço e verdadeiros cientistas,
médicos, enfermeiros, etc.
-
cessário para o alívio das dores daqueles que sofrem. O Senhor da Vida é também Guardião
das Almas que ainda não se libertaram da matéria. Assim, na hora do desencarne, são eles, os

(cordão de prata), que ligam o perispírito ao corpo material. Os comandados de Abaluaiê,


dentre outras funções, são diretamente responsáveis pelos sítios pré e pós morte física (Hos-
pitais, Cemitérios, Necrotérios etc.), envolvendo estes lugares com poderoso campo de força

sorvam energias do duplo etérico daqueles que estão em vias de falecerem ou falecidos.
Muitos associam o divino Obaluaiê apenas com o Orixá curador, que ele realmente é, pois
cura mesmo! Mas Obaluaiê é muito mais do que já o descreveram. Ele é o “Senhor das Pas-
sagens” de um plano para outro, de uma dimensão para outra, e mesmo do espírito para a
carne e vice-versa.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 51
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Abaluaiê esconde dos espectadores suas chagas, não deixa de mostrar, pelos sofrimentos
implícitos em sua postura, a desgraça que o abate. No comportamento do dia- a-dia, tal
tendência se revela através de um caráter tipicamente masoquista.
-
tero código de conduta e possíveis problemas de saúde, em geral, ou pequenos outros de-

varicela ou outra doença.


São pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida corre tranqüila
para elas. Podem até atingir situações materiais e rejeitar, um belo dia, todas essas vanta-
gens por causa de certos escrúpulos imaginários. São pessoas que, em certos casos, se sen-
tem capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus
próprios interesses e necessidades vitais.
A marca mais forte de Abaluaiê não é a exibição de seu sofrimento, mas o convívio com
ele, ou seja, aceitam o seu karma passem o que passarem. Ele se manifesta numa tendên-
cia autopunitiva muito forte, que tanto pode revelar-se como uma grande capacidade de
somatização de problemas psicológicos (isto é, a transformação de traumas emocionais em
doenças físicas reais).

apegar-se ao mundo material de forma sôfrega, como se todos estivessem perigosamente


contra ele, como se todas as riquezas lhe fossem negadas, gerando um comportamento ob-
sessivo em torno da necessidade de enriquecer e ascender socialmente.
São pessoas humildes, simpáticas, extrovertidas, carinhosas, têm muita vida e bom humor,
não têm medo das doenças.
Lázaro, o Leproso 52

Veneração por Igreja Católica


Festa litúrgica: 21 de Junho
Padroeiro: dos pobres, contra a lepra
leprosos, Ordem de São Lázaro

A História
“Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finís-
simo, e que todos os dias se banqueteava e se regalava. Havia
também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de cha-
gas, que estava deitado à porta do rico. Ele avidamente
desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do
rico... Até os cães iam lamber-lhe as chagas...” (Lucas 16:19-31)

Este mendigo, chamado Lázaro, que não deve ser confundido


com o Lázaro de Betânia, que foi ressuscitado por Jesus, é o
único personagem das parábolas de Jesus que possui nome
próprio. Por causa disso, muitos teólogos e estudiosos indicam
que ele realmente existiu. A tradição da Igreja Católica o venera
como santo protetor dos males da lepra e dos mendigos. Sua festa
litúrgica é celebrada em 21 de Junho.

Parábola do Rico e Lázaro

Alguns usam a parábola de Jesus sobre o “homem rico e de Lázaro”,


para provar que Jesus ensinou o tor mento do pecador um Inferno
de fogo literal depois de morte. Isto envolve defender a crença na im
ortalidade da alma. Lucas 16:19-31 é encarado como uma parábola
didáctica para os judeus. Este Lázaro não tem nada a ver com Lázaro
de Betânia mencionado em João 11. A Bíblia de Jerusalém (sigla BJ),
em uma nota de rodapé, reconhece que é uma “parábola em forma de
história sem referência para qualquer personagem histórico.”

O “homem rico” caracterizaria os fariseus. “Seio de Abraão” é o lu


gar de honra no banquete presidido pelo pai dos crentes, negado ao
“homem rico”, mas admitido ao “pobre Lázaro”. As mortes do homem
rico e do pobre Lázaro - igualmente simbólicas - representariam uma

Representação hagiográfica mudança das circunstâncias. Assim, o antigamente menosprezado en

clássica de São Lázaro, trou numa posição de favor Divino, e o antigamente aparentemente

o leproso favorecido foi rejeitado por Deus.

Ou, alternativamente, alguns autores sugerem que a parábola é uma paródia sobre os saduceus, e não sobre
os fariseus. [1] Eles argumentam que a coincidência entre os “cinco irmãos na casa do meu pai” Lucas 16:28
e os cinco irmãos de Caifás, na casa de Anás documentada pelo historiador Flávio Josefo é deliberada. Eles
também sugerem que a profecia de Abraão, que os cinco irmãos não vai se arrepender, mesmo que Abraão
iria ressuscitar o Lázaro da parábola (16:31), é uma alusão à tentativa de Anás e de seus filhos para matar o
Lázaro real, quando ele foi ressuscitado por Cristo: “Mas os principais sacerdotes deliberaram matar também
a Lázaro” (João 12:10)
Contudo, menciona-se também aqui a interpretação aceita por grande parte do ramo protestante do
cristianismo,em que na verdade, esta não seria uma parábola, mas uma história real sobre um acontecimento
com personagens reais. Em decorrência disto, ficaram firmadas algumas bases doutrinárias, como a imortali-
dade da alma, a antiga existência do Sheol, ou Mundo dos Mortos, dividido em 2 locais distintos separados
entre si por um abismo sem fundo: O "Seio de Abrãão", onde reuníam-se as almas dos mortos salvos na
esperança do verdadeiro paraíso, sob o comando do Pai Abraão, e o Inferno propriamente dito, onde esta-
vam reunidas as almas dos perdidos, como o rico mencionado. Durante a morte física de Jesus Cristo e sua
descida ao Ades(Sheh-ol), ele resgatou todas as almas dos salvos no Seio de Abraão e as transportou para
o Paraíso, onde o ladrão arrependido na cruz já as aguardava. A partir da Dispensação da Graça até os dias
atuais, o Seio de Abraão encontra-se vazio de "habitantes" e assim permanecerá até ser desfeito juntamente
com esta Terra atual nos últimos dias.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lázaro,_o_leproso

53
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 54
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Omulu

Ponto de matéria: Sepulcro, o tumulo


Ponto espíritual: Encaminhamento das Almas
Elemento: Terra
Cor: Branco e preto
Dia da semana: Segunda-feira
Símbolo: Xaxará ou íleo (um feixe de ramos de palmeira
enfeitado com búzios)
Sincretismo: São Roque

Orixá masculino considerado de velho, a sua cor é o preto


e o branco, cores associadas à morte, à luz e as trevas.
O seu símbolo é o Xaxará ou íleo, um feixe de ramos de palmeira ou de nervuras da palha
do dendezeiro enfeitado com búzios A sua saudação é Atotô!
Tanto Umbanda com fundamentos diferentes dos nossos com no Candomblé, o culto é fei-
to a Obaluaiê, que se desdobra com o nome de Omulu, ou seja, um só orixá desdobrado em
jovem e velho.
Omulu é um Orixá sombrio, tido entre os iorubanos como severo e terrível, caso não seja
devidamente cultuado, porém é também um pai bondoso e fraternal para aqueles que se tor-
nam merecedores, através de gestos humildes, honestos e leais.
O orixá Omulu guarda para Olorum todos os espíritos que fraquejaram durante sua jornada
carnal e entregaram-se à vivenciação de seus vícios emocionais. Mas ele não pune ou castiga
ninguém, pois estas acções são atributos da Lei Dívina, que também não pune ou castiga.
Ela apenas conduz cada espírito ao seu devido lugar após o desencarne, é o responsável pela
triagem dos mortos.
E Omulu é um desses guardiões divinos que consagrou a si e à sua existência, enquanto
orixá, ao amparo dos espíritos caídos perante as leis que dão sustentação a todas as manifes-
tações da vida. Sem por isto considerado por muito o orixá das Giras de esquerda, tendo ele
estreita colaboração com Exu, sendo muitos destes seus falangeiros, por exemplo a linha de
Exu Caveira, exu directo de Omulu.
Ele é o excelso curador divino pois acolhe em seus domínios todos os espíritos que se feri-
ram quando, por egoísmo, pensaram que estavam atingindo os seus semelhantes.
E, por amor, ele nos dá seu amparo divino até que, sob sua irradiação, nós mesmos tenha-
mos nos curado para retomarmos ao caminho recto trilhado por todos os espíritos amantes
da vida e multiplicadores de suas benesses.
Omulu, é o curador divino e tanto cura alma ferida. Se orarmos a ele quando estivermos
enfermos ele actuará em nosso corpo energético, nosso magnetismo, campo vibratório.
Muitas vezes o orixá Omulu é nominado de “Anjo da Morte” ou “Senhor dos Mortos”.

muito seguras de si e de suas atitudes, são acolhedores, teimosos e hipocondriacos. Seus


Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 55
Primeiro Curso de Umbanda
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

desajeitados e desprovidos de charme. Normalmente sofreram ou sofrem de alguma doença


nos membros inferiores.
Quando têm os seus objectivos determinados são pessoas combativas e obstinadas em
alcançar as suas metas. Quando desiludido, reprime as suas ambições adoptando uma vida

conquistar mas muito compreensivos.


Roque de Montpellier 56

Nascimento: 1295 em Montpellier, França


Morte: 16 de agosto de 1317 em Montpellier, França
Veneração por: Igreja Católica
Canonização: (1590-1591) por: Papa Gregório XIV
Festa litúrgica: 16 de agosto
Atribuições: Peregrino e curador


São Roque (c. 1295 – 1327) é um santo da Igreja Católica Romana,
protector contra a peste e padroeiro dos inválidos e cirurgiões. É tam
bém considerado por algumas comunidades católicas como protector
do gado contra doenças contagiosas. A sua popularidade, devido
à intercessão contra a peste, é grande sendo orago de múltiplas comu
nidades em todo o mundo católico e padroeiro de diversas profissões
ligadas à medicina, ao tratamento de animais e dos seus produtos e aos
cães. A sua festa celebra-se a 16 de Agosto.

Estátua de São Roque em


Praga, República Checa

Biografia

Não existem grandes certezas sobre a vida de São Roque, permanecendo a maior partes dos seus dados
biográficos envolvidos em mistério. Até o seu verdadeiro nome é desconhecido, já que Roch (aportuguesado
para Roque) seria o seu nome de família e não o nome de baptismo (está documentada a existência no século
XII de uma família com aquele apelido na cidade).

Embora haja considerável variação nas datas apontadas para o seu nascimento e morte (consoante os hag-
iógrafos, a data de nascimento varia de 1295 a 1350; a da morte de 1327 a 1390), Roque terá nascido em
Montpellier, França, por volta de 1350, e falecido na mesma cidade em 1379 (embora outra versão da sua bi-
ografia o dê como morto naquele mesmo ano, mas na Lombardia). Sabe-se contudo que terá falecido jovem.
Era filho de um mercador rico, de nome João, que teria funções governativas na cidade, e de sua mulher
Libéria. Estava ligada a famílias importantes de Montpellier, sendo herdeiro de considerável fortuna.
Diz a lenda que Roque teria nascido com um sinal em forma de cruz avermelhada na pele do peito, o que o
predestinaria à santidade. Roque terá ficado órfão de pai e mãe muito jovem, sendo a sua educação confiada
a um tio. Terá estudado medicina na sua cidade natal, não concluindo os estudos.

Levando desde muito cedo uma vida ascética e praticando a caridade para com os menos afortunados, ao
atingir a maioridade, por volta dos 20 anos, resolveu distribuir todos os seus bens aos pobres, deixando uma
pequena parte confiada ao tio, partindo de seguida em peregrinação a Roma.

No decorrer da viagem, ao chegar à cidade de Acquapendente, próxima de Viterbo, encontrou-a assediada


pela peste (aparentemente a grande epidemia da Peste Negra de 1348). De imediato ofereceu-se como
voluntário na assistência aos doentes, operando as primeiras curas milagrosas, usando apenas um bisturi e o
sinal da cruz. De seguida visitou Cesena e outras cidades vizinhas, Mântua, Modena, Parma, e muitas outras
cidades e aldeias. Onde surgia um foco de peste, lá estava Roque ajudando e curando os doentes, revelando-
se cada vez mais como místico e taumaturgo.
Depois de visitar Roma (período que alguns biógrafos situam de 1368 a 1371), onde rezava diariamente 57
sobre o túmulo de São Pedro e onde também curou vítimas da peste, na viagem de volta para Montpellier,
ao chegar a Piacenza, foi ele próprio contagiado pela doença, o que o impediu de prosseguir a sua obra de
assistência. Para não contagiar alguém, isolou-se na floresta próxima daquela cidade, onde, diz a lenda, teria
morrido de fome se um cão não lhe trouxesse diariamente um pão e se da terra não tivesse nascido uma
fonte de água com a qual matava a sede. O cão pertenceria a um rico-homem, de nome Gottardo Palastrelli,
que apercebendo-se miraculosamente da presença de Roque, o terá ajudado, sendo por ele convertido a
emendar a sua má vida.

Miraculosamente curado, regressou a Montpellier, mas logo foi preso e levado diante do governador, que
alguns biógrafos afirmam seria um seu tio materno, que declarou não o conhecer. Roque foi considerado um
espião e passou alguns anos numa prisão (alguns biógrafos dizem ter sido 5 anos) até morrer, abandonado e
esquecido por todos, só sendo reconhecido depois de morto, pela cruz que tinha marcada no peito.
Uma versão alternativa situa o local da prisão em Angera, próximo do Lago Maggiore, afirmando que teria
sido mandado prender pelo duque de Milão sob a acusação de ser espião a soldo do Papa. Não se podendo
livrar da acusação de espionagem (ou de disseminar a peste), morreu prisioneiro naquela cidade (diz-se que
em 1379).

Embora não haja consenso sobre o local do evento, parece certo que ele morreu na prisão, depois de um
largo período de encarceramento.
Descoberta a cruz no peito, a fama da sua santidade rapidamente se espalhou por todo o sul de França e
pelo norte da Itália, sendo-lhe atribuídos numerosos milagres. Passou a ser invocado em casos de epidemia,
popularizando-se como o protector contra a peste e a pestilência. O primeiro milagre póstumo que lhe é
atribuído foi a cura do seu carcereiro, que se chamaria Justino e coxeava. Ao tocar com a perna no corpo de
Roque, para verificar se estaria realmente morto, a perna ficou milagrosamente curada.
Embora sem provas que o consubstanciem, afirma-se que Roque terá pertencido à Ordem Terceira de São
Francisco.

Canonização e culto

Não se conhece a data da canonização, a qual terá sido por devoção popular e não por decisão eclesiástica,
como aliás era comum na época. A primeira decisão oficial da Igreja sobre o culto a São Roque aconteceu
em 1414, quando no decurso do Concílio de Constança se declarou uma epidemia de peste. Levados pela fé
popular em São Roque, os padres conciliares ordenaram preces e procissões em sua honra, tendo de imedia-
to o contágio cessado.

O papa Urbano VIII aprovou os ofícios eclesiásticos para serem recitados a 16 de Agosto, dia da sua festa.
O papa Paulo III erigiu uma confraria, sob a invocação de São Roque, para administrar a igreja e o hospital
erigidos em Roma durante o pontificado de Alexandre VI. A confraria cresceu rapidamente, de tal forma
que o papa Paulo IV a elevou a arquiconfraria, como a faculdade de agregar outras confrarias da mesma
invocação que tinham surgido noutras cidades. A confraria tinha um cardeal protector (ver Reg. et Const.
Societatis S. Rochi). Vário papas concederam privilégios a esta confraria, nomeadamente Pio IV (1561),
Gregório XIII (1577) e Gregório XIV (1591).

O culto a São Roque, que tinha declinado durante o século XVI reavivou-se com a aprovação papal da
respectiva confraria, tendo surgido igrejas dedicadas ao santo em todas as capitais católicas, recrudescendo a
devoção sempre que surgiam epidemias. O último grande ressurgimento ocorreu com a cólera nos princípios
do século XIX.

Diz-se que as suas relíquias foram transportadas para Veneza em 1485, sendo aqui objeto de grande vener-
ação. A magnificente igreja seiscentista que as alberga, a Scuola Grande di San Rocco, foi decorada por Tin-
toretto. A cidade dedica-lhe uma festa anual (uma das obras primas de Canaletto retrata a saída da procissão
de São Roque em Veneza).
Iconografia 58

São Roque é geralmente representado em trajes de peregrino, por vezes com a vieira típica dos peregrinos
de Compostela, e com um longo bordão do qual pende uma cabaça. Um dos joelhos é geralmente mostrado
desnudado, sendo visível uma ferida (bubão da peste). Por vezes é acompanhado por um cão, que aparece a
seu lado trazendo-lhe na boca um pão.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Roque_de_montpellier
59
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Oxumarê

Ponto de matéria: Arco-irís, a cobra e as quedas de


água em rios (cascatas e cataratas)
Ponto espíritual: Transformação do ser e do mundo,
trabalha na visão
Elemento: Água
Cor: Verde e amarelo
Dia da semana: Terça-feira
Símbolo: Cobra e Arco-irís
Sincretismo: São Bartolomeu

Orixá de dualidade masculino e femenino, ele é as duas


coisas, é considerado de orixá jovem.
A sua cor é amarelo e verde, cores do arco-irís e também de alguma cobras. O seu símbolo
é a Cobra que é o símbolo da renovação, como uma cobra que troca de pela várias vezes, e
o Arco-irís o transportador da água entre a terra e o céu. É Oxumaré que transporta as água
da Mamãe Oxum para o castelo de Xangô, sendo por isso as quedas de água e cascatas luga-

suporta o céu, retorna à terra e volta ao céu”. Este orixá e conhecido também por Dan, ou

tem forma de cobra e nos outros seis forma de homem. É um orixá bastante importante e
antigo tendo participado da criação do mundo, enrolando-se ao redor da terra, reunindo a
matéria e dando forma ao Mundo. Sustenta o Universo, controla e põe os astros e o oceano
em movimento. Rastejando pelo Mundo, desenhou seus vales e rios. É a grande cobra que
morde a cauda, representando a continuidade do movimento e do ciclo vital. A cobra é dele,
animal sagrado, não se deve mata cobras.
Sua essência é o movimento, a fertilidade, a continuidade da vida. A comunicação entre
o céu e a terra é garantida por Oxumarê. Leva a água dos rios, para o céu, para que a chuva
possa formar-se — é o arco-íris, a grande cobra colorida.
Assegura comunicação entre o mundo sobrenatural, os antepassados e os homens e por
isso à associa do ao cordão umbilical. Oxumarê dentro de um terreiro é um Orixá de bastante
importância e deve ser bastante respeitado.
Existe alguma confusão relativamente a este orixá que começa a partir do próprio nome,
já que parte dele também é igual ao nome do Orixá feminino Oxum, a senhora da água doce.
60
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Algumas correntes da Umbanda, inclusive, costumam dizer que Oxumarê é uma das diferen-
tes formas e tipos de Oxum, mas são divindades distintas, inclusive quanto aos cultos e à
origem.
Oxumaré é um orixá de dualidades. Essa dualidade onipresente faz com que Oxumarê
carregue todos os opostos e todos os antônimos básicos dentro de si: bem e mal, dia e noite,
macho e fêmea, doce e amargo, etc. Nos seis meses em que é uma divindade masculina,
é representado pelo arco-íris, sendo atribuído a Oxumarê o poder de regular as chuvas e
as secas, já que, enquanto o arco-íris brilha, não pode chover. Ao mesmo tempo, a própria
existência do arco-íris é a prova de que a água está sendo levada para os céus em forma de
vapor, onde se aglutinará em forma de nuvem, passará por nova transformação química re-
cuperando o estado líquido e voltará à terra sob essa forma, recomeçando tudo de novo: a
evaporação da água, novas nuvens, novas chuvas, etc.
Nos seis meses subsequentes, o Orixá assume forma feminina e se aproxima de todos os
opostos do que representou no semestre anterior. É então, uma cobra, obrigado a se arras-
tar agilmente tanto na terra como na água, deixando as alturas para viver sempre junto ao
chão, perdendo em transcendência e ganhando em materialismo. Sob essa forma, Oxumarê
encarna a sua parte mais negativa, provocando tudo que é mau e perigoso.
Na verdade, o que se pode abstrair de contradições como as que apresenta Oxumarê é
que este é o Orixá do movimento, da ação, da eterna transformação, do contínuo oscilar
entre um caminho e outro que norteia a vida humana. É o Orixá da tese e da antítese. Por
isso, seu domínio se estende a todos os movimentos regulares, que não podem parar, como a
alternância entre chuva e bom tempo, dia e noite, positivo e negativo.
Ele é o responsável pelo equilíbrio do planeta Terra. Orixá do dom da visão. Oxumarê,
é a renovação continua, mas em todos os aspectos e em todos os sentidos da vida de um
ser. É a renovação do amor na vida dos seres. E onde o amor cedeu lugar à paixão, ou foi
substituído pelo ciúme, então cessa a irradiação de Oxum e inicia-se a dele, que é diluidora
tanto da paixão como do ciúme. Ele dilui a religiosidade já estabelecida na mente de um
ser e o conduz, emocionalmente, a outra religião, cuja doutrina o auxiliará a evoluir no
caminho recto.

Filhos de Oxumarê costumam possuir o dom da vidência, estando associados às matérias


além da compreenção humana.

Por sua mutação é atribuída a Oxumaré a bissexualidade em potencial, porém não é regra.
São extremamente leves ao se locomover, pouco levantando os pés do chão, são silencio-
sos como a cobra, armando os seus botes, sem que ninguém perceba, só atacando aos inimi-
gos quando tem absoluta certeza da vitória. São extremamente graciosos e charmosos, têm
como um magnetismo natural.
São pessoas ávidas por conhecimento, e são confundidos muitas vezes com doentes bipo-
lares, são muitos negativos ou muitos positivos.
Sincretismo de São Bartolomeu: Oxumaré 61
Devoção de São Bartolomeu:
São Bartolomeu que comandais os tufões, os furacões
e todos os tipos de tempestades.
Data Comemorativa: 24 de Agosto

São Bartolomeu, filho de Tholmai, é um dos doze apóstolos.


Muitos o identificam com Natanael, mencionado em João
1,45ss.: Jesus viu Natanael vindo até ele e disse a seu respeito:
“Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fraude”. Natanael
exclamou: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”.
Jesus lhe respondeu: “Crês só porque te disse: ‘Eu te vi sob a
figueira’? Verás coisas maiores do que essas”

Além de João, Mateus, Marcos, Lucas, os Atos referem-se a ele


como um dos Doze.

Uma antiga tradição armênia afirma: O apóstolo Bartolomeu,


que era da Galiléia, foi para a Índia. Pregou aquele povo a ver-
dade do Senhor Jesus segundo o Evangelho de São Mateus. Depois que naquela região converteu muitos a
Cristo, sustentando não poucas fadigas e superando muitas dificuldades, passou para a Armênia Maior, onde
levou a fé cristã ao rei Polímio, a sua esposa e a mais de doze cidades.

Essas conversões, no entanto, provocaram uma enorme inveja dos sacerdotes locais, que por meio do irmão
rei Polímio conseguiram a ordem de tirar a pele de Bartolomeu e depois decapitá-lo.

Comentários para “História de São Bartolomeu”


São bartolomeu que no candomblé é sincretizado em oxumaré.
É o orixa do arco – iris
Senhor q leva agua pra o castelo de xango
Conta uma lenda que:
Todos os dias Oxumarê passava em frente ao palácio de Xangô exibindo a beleza de seus trajes e a riqueza
de seus adornos em ouro. O rei olhava admirado e desejava muito ter um contato mais próximo com o
jovem, porém conhecia sua fama de não deixar ninguém se aproximar. Resolveu então preparar uma ar-
madilha e para isso mandou que simulassem uma audiência real e chamassem Oxumarê afirmando que era
uma ordem para todos os moradores do reino. Obediente ás ordens de seu soberano, Oxumarê compareceu
pontualmente no dia determinado. Lá chegando estranhou que estivesse tão vazio já que a ordem tinha sido a
todos os súditos, pensou em voltar atrás, imaginando que poderia ser um truque. Mas era tarde, os soldados
já o estavam encaminhando a sala do trono. Ao aproximar-se do rei prostrou-se ao chão, como era hábito,
ao erguer a cabeça percebeu um gesto brusco de Xangô dirigido aos soldados que imediatamente passaram
a fechar todas as portas e janelas da grande sala. Percebeu que realmente fora enganado olhou em torno e
não viu condições de fuga. Xangô levantou-se e dirigiu-se ao rapaz tentando tomá-lo nos braços. Oxumarê
passou a se esquivar sempre procurando uma maneira de escapar. Corria de um lado a outro sem conseguir
achar nenhuma saída ou mesmo um lugar onde pudesse se esconder. Tomado pelo desespero elevou o pen-
samento a Olorum em respeitoso pedido de ajuda. Olorum, sensibilizado pela prece do rapaz transformou-o
em uma serpente no instante em que era apertado pelos fortes braços do rei. Este, tomado de susto e nojo
largou imediatamente a cobra que sinuosamente atravessou o corredor do salão e saiu por uma fresta da
grande porta de entrada. Foi assim que Oxumarê livrou-se do assédio de Xangô. Muito tempo depois, quan-
do ambos foram feitos orixás, Oxumarê ficou encarregado de levar água do mar para o palácio de Xangô, no
Orum (céu). A essa tarefa Oxumarê se dedica exemplarmente até hoje, mas Olorum determinou que nunca
mais Xangô pode aproximar-se dele.

http://minhaprece.com/sao-bartolomeu/historia-de-sao-bartolomeu/
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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Xangô
Ponto de matéria: Pedreira e Trovão
Ponto espíritual: Justiça do ser, material ou espirítual
Elemento: Fogo
Cor: Castanho
Dia da semana: Quarta-feira
Símbolo: Oxé, um machado de duas lâminas
Sincretismo: São Gerónimo

Orixá de masculino, é considerado de orixá adulto.


-
turidade, a consciência e a responsabilidade.
Xangô, o Rei do Trovão, seu símbolo é o Oxé, um ma-
chado de duas lâminas, corta em duas direções opostas, e
que representa a justiça. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um
lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre.
A sua saudação é Kawó-Kabiesilé (Kaô Kabiecilê)
admirar — o Rei da Casa”.
Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principal-
mente, da justiça — representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo
tempo, há no norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. Xangô é pe-
sado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo

Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Ori-
xá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do trovão.
Seu axé está concentrado genericamente nas pedras, mas, principalmente naquelas resul-
tantes da destruição provocada pelos raios, sendo o Meteorito é seu axé máximo. Xangô tem
a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas, presentes
nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual
castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram
pensados e pesados exaustivamente. Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de
-

contesta o status de Oxalá de patriarca da Umbanda, mas existe algo de comum entre ele e
Zeus, o deus principal da rica mitologia grega.
Numa disputa, o seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa
a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada.

.
Eguns, Xangô é que mais os detesta ou os teme. Há quem diga que, quando a morte se

destes, tal o grau de aversão que tem por doenças e coisas mortas.
Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez, organização, o traba-
lho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à von-
63
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

tade de vencer. Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito


nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Para Xangô, a justiça
está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais
importante que o medo. Xangô é um Orixá de fogo e diz a lenda que ele foi rei de Oyó. Rei
poderoso e orgulhoso e teve que enfrentar rivalidades e até brigar com seus irmãos para
manter-se no poder.

-
vra básica: Pedra. É da rocha que eles mais se aproximam no mundo natural e todas as suas
características são balizadas pela habilidade em verem os dois lados de uma questão, com

Atribui-se ao tipo Xangô um físico forte, mas com certa quantidade de gordura e uma
discreta tendência para a obesidade, que se manifestar menos ou mais de acordo com os
Ajuntós (segundo e terceiro Orixá de uma pessoa).

saiba reconhecer roupas bonitas — tem, graças à vaidade intrínseca do tipo, especial fascí-
nio por indumentárias requintadas e caras, sabendo muito bem distinguir o que é melhor em
cada caso. Mas a sua melhor qualidade consiste em saber escolher as roupas numa vitrina e
não em usá-las. Tem um jeito meio masculino de andar e de se portar e tal facto não deve

processo de comportamento a ser cuidadosamente estabelecido, já que seu corpo pode apro-
ximar-se mais dos arquétipos culturais masculinos do que femininos; ombros largos, ossatura
desenvolvida, porte decidido e passos pesados, sempre lembrando sua consistência de pedra

costumam trazer essa marca, sejam homens, sejam mulheres (que estão entre as mais ar-
-
te atraídos pelo sexo oposto e a conquista sexual assume papel importante em sua vida.
São honestos e sinceros em seus relacionamentos mais duradouros, porque para eles sexo
é algo vital, insubstituível, mas o objeto sexual em si não é merecedor de tanta atenção
depois de satisfeito desejo.

auto-estima, uma clara consciência de que são importantes, dignos de respeito e atenção,
principalmente, que sua opinião será decisiva sobre quase todos os tópicos.
Gostam de dar a última palavra em tudo, se bem que saibam ouvir, mas também são

variável no humor, mas incapaz de conscientemente cometer uma injustiça, fazer escolha

vezes o dedo aos outros, são líderes por natureza, justos honestos e equilibrados, porém
64
Fundação: Meados do século XIV
Tipo: Ordem religiosa de clausura monástica
Sede: Orden de San Jerónimo
Monasterio de Santa María del Parral
Subida al Parral, 2 - 40003 - Segovia, España
Fundador: São Jerónimo

A Ordem de São Jerónimo (Latim: Ordo Sancti Hieronymi),
(sigla O.S.H.) é uma ordem religiosa católica de clausura
monástica e de orientação puramente contemplativa surgida
no século XIV. Fundada por São Jerónimo, foi aprovada no
ano de 1373 pelo Papa Gregório XI que residia na época em
Avinhão. É uma ordem religiosa exclusivamente hispânica,
dado que apenas se implantou em Espanha e em Portugal, e

Escudo da Ordem de São esteve bastante vinculada às monarquias reinantes de ambos os

Jerónimo (Monges Jerónimos) países.

Prescrevendo uma vida de solidão e silêncio, de oração assídua e penitência animosa, a Ordem de São
Jerónimo procura levar os seus monges e monjas à união mística com Deus, consciente de quanto mais in-
tensa for essa união, por sua própria doação na vida monástica, tanto mais esplêndida se faz a vida da Igreja
e mais vigorosamente se fecunda o seu apostolado. A vida do monge jerónimo é pautada pelo equilíbrio
entre a oração e o trabalho.

História

No século IV surgiram diversos grupos de homens em Espanha que, motivados pelo exemplo de vida e
santidade de São Jerónimo, decidiram-se a procurar levar uma vida de maior perfeição cristã. Deste seu
desejo de reformas, numa época profundamente conturbada e decadente, surgiu a Ordem de São Jerónimo
e, em pouco tempo, por toda a Península Ibérica surgiram varões que decidiram abraçar a vida eremítica,
buscando imitar o exemplo de São Jerónimo. Dentre eles destacaram-se Pedro Fernandez Pecha e Fernando
Yañez de Figueiroa que, após vários anos de experiência religiosa eremítica, concluíram ser melhor a vida
comunitária cenobítica, com a adopção de uma regra.

O Mosteiro de Santa Maria del Parral em Segóvia (Espanha).


Foi a 18 de Outubro de 1373 que o Papa Gregório XI, na época resi
dente em Avinhão, atribuiu a este grupo de homens a erecção canónica
com o nome de Irmãos de São Jerónimo e outorgou-lhes a Regra de
Santo Agostinho. Desde então, buscaram aqueles homens estabelecer
um monacato regular, o que foi alcançado em 1415, com a união da
ordem religiosa, quando já possuíam vinte e cinco mosteiros.

No século XIX, a Ordem já possuía quarenta e oito mosteiros e cerca
de mil monges, quando advindo a Revolução Liberal, os religios se
viram obrigados a abandonar seus mosteiros, sendo que
alguns se arruinaram, outros foram passados a outras ordens religiosas
da Igreja, e outros ainda reduzidos ao uso leigo. Em 1925 foi
expedido pela Santa Sé um Rescrito de restauração, que se iniciou pelo
Mosteiro de Santa Maria del Parral, em Segóvia. Com a proclamação
da República Espanhola, em 1931 surgiram muitos obstáculos ao proc-
esso de restauração, o que se complicou ainda mais com Guerra Civil Espanhola, entre 1936 e 1939. Apenas
após o Governo Geral de 1969 é que se pode efectivar definitivamente a restauração da ordem religiosa.
A par dos monges, existem também as monjas jerónimas, o ramo feminino da Ordem, mulheres virtuosas 65
que seguem as mesmas regras, a exemplo de Santa Paula e Santa Eustóquia, que seguiram espiritualmente
São Jerónimo. O ramo feminino desta ordem religiosa surgiu em Toledo, onde se destacaram Dona Maria
Garcia e Dona Mayor Gomes, orientadas por Frei Pedro Fernandez Pecha, em 1374, com a fundação do
Mosteiro da Santa Maria de la Sisla. Deste mosteiro nasceu a fundação do Mosteiro de São Paulo, das “Bea-
tas de São Jerónimo”, do qual se propagaram diversas fundações na Espanha.
Na actualidade, em Espanha, existe um mosteiro masculino e dezassete mosteiros femininos da Ordem de
São Jerónimo.

Hábito religioso

O hábito religioso dos religiosos da Ordem de São Jerónimo é


branco e inclui o escapulário castanho.
Os religiosos da Ordem de São Jerónimo (tanto os monjes,
como as monjas) adoptaram como hábito religioso um
hábito branco sobre o qual envergam o escapulário de cor
castanha (igual ao Escapulário de Nossa Senhora do Carmo
utilizado pelos religiosos carmelitas) e um capuz da mesma cor.

Espiritualidade

A Ordem de São Jerónimo é uma ordem religiosa de carisma contemplativo inspirada na vida de São Jerón-
imo como modelo para imitar Jesus Cristo no seu caminho de perfeição. A jornada do monge jerónimo é
composta da seguinte maneira: a manhã é dedicada ao trabalho, a tarde é dedicada a exercícios próprios da
vida contemplativa e intelectual (oração, leitura, estudo, etc.) e, no decurso do próprio dia, santificando cada
hora, os monges celebram cantando a Liturgia das Horas e participam na Missa conventual reunidos em
comunidade.

A Ordem de São Jerónimo tem ainda determinado, desde a sua fundação, o ser pequena, humilde, escondida
e recolhida; levar seus filhos por um caminho estreito, procurando dentro das paredes conventuais assegurar
a saúde de todas as almas a si confiadas; dedicar-se continuamente aos louvores divinos como reparação dos
pecados que, um pouco por todo o Mundo, se cometem, e, para alcançar isso, os seus religiosos oram, can-
tam e choram, procurando servir a Igreja e apaziguar a ira de Deus.

Em Portugal

Foi à Ordem de São Jerónimo que o Rei D. Manuel I de Portugal ofereceu o célebre Mosteiro de Santa
Maria de Belém (mais conhecido como Mosteiro dos Jerónimos), devotamente dedicado a Nossa Senhora.
Estes monges já dispunham de alguns edifícios em Portugal, nomeadamente o Convento dos Frades Jeróni-
mos que é, segundo alguns autores, o Mosteiro das Berlengas. Os monges teriam como funções, entre outras,
rezar pela alma do rei e prestar assistência espiritual aos mareantes e navegadores que da praia do Restelo
partiam para descoberta de outros mundos. Durante quatro séculos essa comunidade religiosa habitou nestes
espaços, mas em 1833 foi dissolvida e o lugar desocupado. O Mosteiro dos Jerónimos passou a integrar os
bens do Estado e o espaço conventual foi destinado ao colégio dos alunos da Casa Pia de Lisboa, instituição
de solidariedade social destinada especialmente ao apoio a crianças, que aí permaneceram até cerca de 1940.

Presença da Ordem de São Jerónimo


Actuais comunidades religiosas da Ordem

Comunidades masculinas (monges de clausura)


Mosteiro de Santa Maria del Parral (Segóvia, Espanha) – Fundado em 1447
Comunidades femininas (monjas de clausura) 66
Mosteiro de São Paulo (Toledo, Espanha) – Fundado em 1464
Mosteiro de Santa Marta (Córdova, Espanha) – Fundado em 1464
Mosteiro de Santa Paula (Sevilha, Espanha) – Fundado em 1475
Mosteiro de São Matias (Barcelona, Espanha) – Fundado em 1475
Mosteiro de Santa Maria da Conceição (Trujillo, Cáceres, Espanha) – Fundado em 1478
Mosteiro de Santa Isabel (Palma de Maiorca, Espanha) – Fundado em 1485
Mosteiro da Conceição Jerónima (Madrid, Espanha) – Fundado em 1504
Mosteiro de São Bartolomeu (Inca, Baleares, Espanha) – Fundado em 1530
Mosteiro de Santa Paula (Granada, Espanha) – Fundado em 1540
Mosteiro de Santa Maria da Assunção (Morón de la Frontera, Sevilha, Espanha) – Fundado em 1568
Mosteiro de Nossa Senhora dos Remédios (Yunquera de Henares, Guadalajara, Espanha)
– Fundado em 1572
Mosteiro de Nossa Senhora da Saúde (Garrovillas, Cáceres, Espanha) – Fundado em 1572
Mosteiro do Corpus Christi (Madrid, Espanha) – Fundado em 1605
Mosteiro de Nossa Senhora dos Anjos (Constantina, Sevilha, Espanha) – Fundado em 1951
Mosteiro de Nossa Senhora das Mercês (Almodóvar del Campo, Ciudad Real, Espanha)
– Fundado em 1964
Mosteiro de Santa Maria de Jesus (Cáceres, Espanha) – Fundado em 1975
Mosteiro de Nossa Senhora de Belém (Toral de los Guzmanes, León, Espanha) – Fundado em 1990
Mosteiro da Mater Eclessiae (Punalur, Kerala, Índia) – Fundado em 2000

Santoral da Ordem de São Jerónimo

São Jerónimo na companhia de Santa Paula e Santa Eustóquia.


São Jerónimo – Doutor da Igreja
Santa Paula
Santa Eustóquia
Santa Blesila
Beato Lourenço de Lisboa
Beato Marcos de Marconi
Beato Pedro Gambacorta

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_de_são_jerónimo

São Jerónimo na companhia


Claustro de um antigo mostei-
de Santa Paula e Santa
ro da Ordem de São Jerónimo
Eustóquia.
(Espanha).
67
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Yansã
Ponto de matéria: Vento e trovoada
Ponto espíritual: Justiça perante as almas
Elemento: Os 4 elemetos, mas o seu elemento básico
é o fogo
Cor: Amarelo
Dia da semana: Quarta-feira
Símbolo: Eruexim, espada e raio
Sincretismo: Santa Bárbara

Orixá femenino, é considerado de orixá jovem. A sua cor


é amarelo, a cor do coral. O seu símbolo é o Eruexim, uma
chibata feita com um cabo de metal, osso ou madeira e um
longo tufo de rabo de cavalo. É também o Raio que ilumina
as trevas do ego e cega o aço das armas de quem guerreia.
Seu elemento é Ar, é ela quem comanda os vendavais, furacões e tempestades fonte de
renovação da natureza, são os ventos que espalham as sementes na natureza selvagem, re-
novação do meio ambiente, e considera a causa de muita destruição (exemplo os tornados).
O ar que espalhou as plantas medicinais de ossain. Ela é o orixá do Fogo relacionado com o
movimento energético é também o fogo que faz de Iansã uma divindidade do sexo e do amor.
É o orixá do arrebatamento, da paixão, seja pelo emocional ou pelas tarefas que empreende,
o fogo que queima. Orixá do rio Niger (oiá), reza a lenda que este rio se formou da lágrimas
de Oiá, quando Xangô morreu (antes de ser orixá).
É cultuada pelo nome de Oiá e a sua saudação é Eparrei Yansã ou Eparrei Oyá, que signi-

guerreira, brandindo a sua espada e seu Eruexim e ao mesmo tempo feliz e enertica. O nome

Senhora da Tarde, dona e mãe dos Eguns (é o único orixá que não tem medo dos espirítos dos
mortos), Deusa dos Cemitérios ao lado de Abaluaiê (as capelas existentes dentro dos cemitério
são de seu domínio) Carregadeira de Ebó, Senhora dos Ventos, Raios e das Tempestades, conhe-
cedora de todos os meandros da magia encantada mas ela sabe amar, e gosta de mostrar seu
amor e sua alegria contagiantes da mesma forma desmedida com que exterioriza sua cólera.
Iansã não gosta dos afazeres domésticos. É extremamente sensual, apaixona-se com fre-
quência e a multiplicidade de parceiros é uma constante na sua ação, mas Iansã costuma ser
íntegra em suas paixões, suas zangas são terríveis, seus arrependimentos dramáticos, seus
triunfos são decisivos em qualquer tema, e não quer saber de mais nada, não sendo dada a
picuinhas, pequenas traições.

Ogum, aprendeu com ele e ganhou o direito do manuseamento da espada. Aprendeu com
Oxalá e ganhou o direito de usar o escudo. Com Logun-Edê aprendeu a pescar. No reino de
Abaluaê, ela queria descubrir os seus mistério e conhecer seu rosto, mas nada conseguiu pela
sedução. Porém Abaluaiê decidiu encinar-lhe a tratar dos desencarnados, aprendeu aasim a
conviver e a controlar os Eguns.
Mas foi com Xangô que aprendeu muito mais, aprendeu a amar verdadeiramente e com
uma paixão violenta, aprendeu a arte da guerra, a deitar labaredas de fogo pela boca. Xangô
68
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

dividui com ela o seu Reino e fez dela rainha, dividuo com ela os poderes do raio e lhe deu
seu coração.
Com tudo o que aprendeu e ganhou direito a usar, Iansã tonou-se um orixá dinâmico, de
polaridades, altivo pois ganhou a corroa de rainha, implacável contra espíritos desordeiros e

Paixão violenta, que corrói, que cria sentimentos de loucura, que cria o desejo de possuir,
o desejo sexual. É a volúpia, o clímax. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte
que a razão. A frase “estou apaixonado”, tem a presença e a regência de Iansã. É o ciúme
doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a paixão propriamente dita. É a falta de
medo das conseqüências de um acto impensado no campo amoroso. Iansã rege o amor forte,
violento.
Uma de suas atribuições é colher os seres fora-da-Lei e, com um de seus magnetismos, al-
terar todo o seu emocional, mental e consciência, para, só então, redirecioná-lo numa outra
linha de evolução, que o aquietará e facilitará sua caminhada pela linha recta da evolução.

chamandos a atenção por serem inquietos e extrovertidos. A sua palavra é que vale e gostam
de a impor aos outros. Não admitem serem contrariados, pouco importando se tem ou não
razão, pois não gosta de dialogar. Em estado normal é muito alegre e decidido, muito fala-
dores e fazem amizades com facilidade.
Questionado se tornam violentos, partem para a agressão, com berros, gritos e choro. Tem
um prazer enorme em contrariar todo tipo de preconceito. Passam por cima de tudo que

Não conseguem disfarçar a alegria ou a tristeza. Não têm medo de nada. Enfrenta qual-
quer situação de peito aberto. É leal e objetivo. Sua grande qualidade, a garra, e seu grande
defeito, a impensada franqueza, dizem o que têm a dizer sem pensar, o que lhe prejudica o
convívio social.

Iansã, que preferem as batalhas grandes e dramáticas ao cotidiano repetitivo.Sendo portan-


to competitivos, agressivos e dados a ataques de cólera. Costumam ser mais individualistas,
achando que com a coragem e a disposição para a batalha, vencerão todos os problemas. São

rumo da sua vida por um amor ou por um ideal.


São de Iansã, aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio
de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo — e, o que é mais descon-
certante, momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar,
à todos, aspectos particulares de sua vida. Os Filhos de Iansã são atirados, extrovertidos e
chocantemente diretos. Às vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas, a longo prazo, um

uma tendência a desenvolver vida sexual muito irregular, pontilhada por súbitas paixões, que
começam de repente e podem terminar mais inesperadamente ainda. Se mostram incapazes
de perdoar qualquer traição — que não a que ele mesmo faz contra o ser amado. Mas quan-
do estão amando verdadeiramente são dedicadas a uma pessoa são extremamente compa-
nheiras.

isso são muito atormentados.


69
História de Santa Bárbara

Santa Bárbara nasceu em Nicomédia, na Ásia Menor, pertencendo a uma família de certa posição social. Às
ocultas dos pais, fanáticos pagãos, conseguiu instruir-se na religião cristã.

Devia ter tido especiais dotes de beleza e inteligência, porque seu pai, Dióscoro, depositava nela as mais
radiosas esperanças em vista de um casamento honroso. Mas Bárbara apresentava indiferença às solicitações
do pai, até que este descobriu sua condição de cristã. Ficou, então, furioso e seu amor paterno se trans-
formou em ódio desumano. Ameaçou-a com torturas e, finalmente, denunciou-a ao prefeito da província,
Martiniano.

O coração da Jovem Bárbara sentia-se dilacerado entre amores opostos: o dos pais de uma parte e o de Cris-
to, amor supremo. Verificou-se nela a palavra do Divino Mestre: “Não julgueis que vim trazer a paz à terra.
Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, e os inimigos do homem serão as pessoas
da própria casa” (Mt.10,34-36).

Bárbara suportou o processo com firmeza e altivez cristã, protestando sua fidelidade a Cristo, a quem tinha
consagrado sua virgindade. Era o tempo do imperador Maximiano, nos primeiros anos do século IV. O juiz,
vendo a obstinação da jovem cristã em professar a fé, mandou aplicar-lhe cruéis torturas, mas suas feridas
sempre apareciam curadas. Pronunciou, então, sua sentença de morte.

O próprio pai, Dióscoro, furioso em seu cego paganismo, decepcionado em seus interesses, num excesso
de barbárie, prontificou-se para executar a sentença: atirou-se contra a filha, que se colocou de joelhos em
atitude de oração, e lhe decepou a cabeça. Logo após ter praticado seu hediondo crime, o céu escureceu-se à
sua volta, ele sentiu uma grande angústia e começou a caminhar pelo local, mas um raio fulminante atingiu-
o no peito, matando-o instantaneamente.

O culto de veneração desta santa do Oriente passou para o Ocidente, sobretudo, Roma, onde desde o século
VII se multiplicaram as igrejas e oratórios dedicados a seu nome. Esta santa é invocada, sobretudo, como
protetora contra a morte trágica e contra os perigos de explosões, de raios e tempestades.

Na iconografia cristã Santa Bárbara é geralmente apresentada como


uma virgem, alta, majestosa, com uma palma significando o martírio,
um cálice como símbolo de sua proteção em fa vor dos moribundos
e ao lado uma espada, instrumento de sua morte.
Mundialmente o dia de Santa Bárbara de Nicomédia; protetora contra
tempestades, raios e trovões, é comemorado no dia 4 de dezembro.

Oração a Santa Bárbara

“ Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões, fazei que os raios
não me atinjam, os trovões não me assustem e o troar dos canhões não me abalem a coragem e a bravura.
Ficai sempre ao meu lado para que possa enfrentar de fronte erguida e rosto sereno todas as tempestades e
batalhas de minha vida, para que, vencedor de todas as lutas, com a consciência do dever cumprido, possa
agradecer a vós, minha protetora, e render graças a Deus, criador do céu, da terra e da natureza: este Deus
que tem poder de dominar o furor das tempestades e abrandar a crueldade das guerras. Por Cristo, nosso
Senhor. Assim seja. “

http://www.ruadasflores.com/stabarbara/
ObÁ 70

Obá é a orixá que aquieta e densifica o racional dos seres, já que seu campo preferencial de atuação é o esgo-
tamento dos conhecimentos desvirtuados.

Comentar sobre nossa amada mãe Obá é motivo de satisfação, pois, nas lendas, resumem sua existência
ao papel de esposa repudiada por Xangô. Mas, justiça lhe seja feita, as lendas vêm sendo repetidas a tanto
tempo, e às vezes de forma tão empobrecida pelas transmissões orais que, até como lendas, deixam a desejar
e mostram como é deficiente o conhecimento sobre o campo de ação dos orixás.

Saibam que a orixá Obá que nós conhecemos e aprendemos a amar e reverenciar é uma divindade regida
pelos elementos terra e vegetal, e forma com Oxóssi a terceira linha de Umbanda Sagrada, que rege o Con-
hecimento. Oxóssi está assentado no pólo positivo e irradiante desta linha e Obá está assentada em seu pólo
negativo ou cósmico, que é absorvente.

Esta lenda, na verdade, refere-se a um rei que, como herdeiro das qualidades de Xangô, tinha várias esposas,
que também se apresentavam como herdeiras das qualidades das orixás femininas. E, se o que esta lenda
conta é verdade, no entanto só se refere a personagens humanos que eram tidos na conta de semideuses.
Mas é só, porque esta história de orixá disputar pelejas tipicamente humanas e carnais, está mais para coisas
humanas de que mistérios divinos. E, não tenham dúvidas de que os orixás são mistérios divinos que foram,
em muitos casos, descaracterizados pelas próprias lendas, que visam eternizá-los na mente e nos corações
humanos.

Saibam que Obá é uma orixá cósmica cujo elemento original é a terra, pois ela é orixá telúrica por excelên-
cia e atua nos seres através do terceiro sentido da vida, que é o Conhecimento, que desenvolve o raciocínio
e a capacidade de assimilação mental da realidade visível, ou somente perceptível, que influencia nossa vida
e evolução continua. Já o seu segundo elemento é o vegetal. Enquanto o orixá Oxóssi, o mitológico caçador,
estimula a busca do conhecimento (evolução), Obá atrai e paralisa o ser que está se desvirtuando justamente
porque assimilou de forma viciada os conhecimentos puros.

O culto à orixá Obá iniciou-se a quatro milênios atrás com a irradiação simultânea de uma de suas quali-
dades ou aspectos, a várias partes do mundo, quando, então, ela se humanizou.
71

E se nossa amada mãe Obá já recolheu boa parte de seus filhos encantados que se espiritualizaram, muitos
ainda estão evoluindo nos dois lados da dimensão humana.

Muitos dos seus filhos são, hoje e na Umbanda, alguns dos mais silenciosos exus e das mais discretas pom-
ba-giras, dos mais aguerridos caboclos e caboclas, resolutos nas suas ações, precisos nos seus conselhos, e
não são de muita conversa quando sentem que o conhecimento que trazem não é assimilado por seus médi-
uns ou pelas pessoas que os consultam.

Agora, deixando os aspectos individuais ou comentários de apoio, o fato é que nossa amada mãe Obá é uma
divindade planetária, regente do pólo negativo da linha do Conhecimento, que é a terceira linha de forças de
Umbanda Sagrada.

Ela e Oxóssi formam esta linha e atuam em pólos opostos: enquanto ele estimula a busca do conhecimento,
ela paralisa os seres que se desvirtuaram justamente porque adquiriram conhecimentos viciados, distorcidos
ou falsos.

O campo onde Obá mais atua é o religioso. Como divindade cósmica responsável por paralisar os excessos
cometidos pelas pessoas que dominam o conhecimento religioso, uma de suas funções é paralisar os con-
hecimentos viciados e aquietar os seres antes que cometam erros irreparáveis.

O ser que está sendo atuado por Obá começa a desinteressar-se pelo assunto que tanto o atraia e torna-se
meio apático, alguns até perdendo sua desvirtuada capacidade de raciocinar.

Então, quando o ser já foi paralisado e teve seu emocional descarregado dos conceitos falsos, ai ela o conduz
ao campo de ação de Oxóssi, que começará a atuar no sentido de redirecioná-lo na linha reta do conheci-
mento.

É certo que esta atuação que descrevemos é a que Obá realiza através do seu aspecto positivo ou luminoso,
por onde fluem suas qualidades, atributos e atribuições positivas.

Mas como todo orixá cósmico, ela também possui seus aspectos negativos, que ativa sempre que é preciso
acelerar a paralisação de um ser que, com seus conhecimentos, está prejudicando muitas pessoas e atra-
palhando suas evoluções pois está induzindo-as a seguirem em uma direção contrária à que a Lei Maior
reservou-lhes.

Saibam que todas as doutrinas religiosas rígidas e rigorosas com seus adeptos têm a sustentá-las a silenciosa
atuação de nossa amada mãe Obá.

Vasto é o campo de atuação de nossa amada mãe Obá e aqui não dá para mostrá-lo todo. Mas acreditamos
que os filhos de Umbanda já entenderam onde e quando ela atua.

E, porque ela atua de forma silenciosa e vai paralisando os seres que dão mau uso ao dom do raciocino e aos
conhecimentos adquiridos, e atua preferencialmente no campo religioso, então está na hora de resgatar os
aspectos luminosos dessa amada mãe cósmica e lançar no lixo religioso a lenda que denigre sua imagem hu-
mana, pois foi por amor a nós, espíritos humanos, que ela se humanizou e ajudou a acelerar nossa evolução.

Que fiquem propagando sua falsa humanização os que um dia haverão de conhecer as verdades sobre Obá,
mas nos domínios de seus aspectos negativos.
72
Joana D’arc
Vida da heroína francesa, realizações, condenação e morte na fogueira, canonização

Joana D’arc: santa e heroína francesa

Introdução

Joana D’arc nasceu na França no ano de 1412 e morreu em 1431 (época medieval). Foi uma importante
personagem da história francesa, durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), quando seu país enfrentou a
rival Inglaterra. Joana D’arc foi canonizada (transformada em santa) no ano de 1920.

Biografia

A história da vida desta heroína francesa é marcada por fatos trágicos. Quando era criança, presenciou o
assassinato de membros de sua família por soldados ingleses que invadiram a vila em que morava. Com 13
anos de idade, começou a ter visões e receber mensagens, que ela dizia ser dos santos Miguel, Catarina e
Margarida. Nestas mensagens, ela era orientada a entrar para o exército francês e ajudar seu reino na guerra
contra a Inglaterra.

Motivada pelas mensagens, cortou o cabelo bem curto, vestiu-se de homem e começou a fazer treinamentos
militares. Foi aceita no exército francês, chegando a comandar tropas. Suas vitórias importantes e o recon-
hecimento que ganhou do rei Carlos VII despertaram a inveja em outros líderes militares da França. Estes
começaram a conspirar e diminuíram o apoio de Joana D’arc.

Em 1430, durante uma batalha em Paris, foi ferida e capturada pelos borgonheses que a venderam para os
ingleses. Foi acusada de praticar feitiçaria, em função de suas visões, e condenada a morte na fogueira. Foi
queimada viva na cidade de Rouen, no ano de 1431.

Assista ao filme Joana D’arc

http://www.suapesquisa.com/biografias/joana_darc.htm
73
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Oxum

Ponto de matéria: Água doce, cachoeiras e rios calmos


Ponto espíritual: Amor
Elemento: Água
Cor: Azul escuro chamado de azul índigo
Dia da semana: Sábado
Símbolo: Um Coração, um Abebé (leque-espelho) e um
alfange (adaga)
Sincretismo: Nossa Senhora da Conceição, Nossa Se-
nhora de Fátima

Orixá femenino, considerado de jovem, a sua cor é o


azul das suas águas.
O seu símbolo é um Coração ligado ao amor, um Abebé que é um leque-espelho feito de
ouro, é através de seu espelho de duas faces que Oxum toma consciência de sua sensualida-

alfange que é uma adaga ou uma pequena espada por ser guerreira. Na nossa casa a Oxum
é desdobrada em Oxum doce e Oxum guerreira (conhecida como Oxum Opará ou Apará e as
suas caracteristicas são uma conjução de oxum doce com yansã). Oxum é um nome de um
rio na Nigéria — rio Osun.
É a Senhora do Ouro (metal) da riqurza e do amor. Sua saudação é “Ai iê ieu minha mãe”
ou “Ai iê ieu mamãe oxum” que singinica “Salve Senhora da Bondade e da Benevolência”.
Oxum é o orixá dona das águas doces, de lagoas que não sejam de água parada, cacho-
eiras, de todos os rios, águas calmas em discreto movimento, mas atrás de uma superfície
aparentemente calma podem existir fortes correntes e cavernas profundas, assim é Oxum.
Oxum é conhecida por sua delicadeza. As lendas adornam-na com ricas vestes e objetos de
uso pessoal, onde a sua imagem é quase sempre associada a maternidade, sendo comum ser
invocada com a expressão “Mamãe Oxum”. Gosta de usar colares, jóias, tudo relacionado à
vaidade, perfumes, etc.
Oxum foi casa com Oxossi, a quem engava com xangô. Foi mulher de Ogum, de quem so-
fria maus tratos até que Xangô a salva. Seduziu Abaluaiê, que se apaixonou perdidamente
por ela, e obteve dele como afastar a peste do reino de Xangô. Como segunda mulher de
Xangô foi rival de Obá e Yansã.
À Oxum pertence o ventre da mulher e ao mesmo tempo controla a fecundidade, por isso as
crianças lhe pertencem. A maternidade é sua grande força, tanto que quando uma mulher tem

até o momento do parto, onde Yemanjá ampara a cabeça da criança e a entrega aos seus Pais e
Mães de cabeça. Orixá da maternidade, ama as crianças, protege a vida e tem funções de cura.
Oxum é alegre, risonha, cheia de dengos, inteligente, mulher-menina que brinca de bo-
neca, e mulher-sábia, generosa e compassiva, nunca se enfurecendo. Elegante, cheia de
jóias, é a rainha que nada recusa, tudo dá. É o orixá do amor, Oxum é doçura sedutora.
Todos querem obter seus favores, provar do seu mel, seu encanto e para tanto lhe agradam
oferecendo perfumes e belos artefatos, tudo para satisfazer sua vaidade. O orixá da beleza
usa toda sua astúcia e charme extraordinário para conquistar os prazeres da vida e realizar
74
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Oxum não mede esforços para alcançar seus objetivos, ainda que através de actos extre-
mos contra quem está em seu caminho. Ela lança mão de seu dom sedutor para satisfazer a
ambição de ser a mais rica e a mais reverenciada. Seu maior desejo, no entanto é ser ama-
da, o que a faz correr grandes riscos, assumindo tarefas difíceis pelo bem da coletividade.
Determinação, malícia para ludibriar os inimigos, ternura para com seus queridos, Oxum é,
sobretudo a deusa do amor.
O Orixá amante ataca as concorrentes, para que não roubem sua cena, pois ela deve ser a
única capaz de centralizar as atenções. Na arte da sedução não pode haver ninguém superior

romantismo é outra marca sua.

palavra, ensinando feitiços ou revelando presságios. Desempenha importante papel no jogo


de búzios, pois à ela quem formula as perguntas que Exú responde.

Este é uma dualidade com muitas similaridades entre Oxum e Yansã, pois podemos falar
que ela e meia-meia, em uma parte do ano ela é oxum e na outra ela passa a ser Yansã,
guerreira e destemida. Este orixá também tem seus rompantes, uma hora é doce como um
rio calmo e de repente torna-se uma tempestade.
O mesmo que acontece com Oxum Apará, guerreira, dócil e sempre vencendo em suas
batalhas, não se importando quem será o oponente, ela quer é guerrear, parceira de lutas

segredos dos Búzios (ifá) para ela, sendo a única a ter os segredos.
Um orixá que tem ligações de feitiços sendo a única a saber como fazer os feitiços e
desmancha-los.

As pessoas de Oxum são vaidosas, elegantes, sensuais, adoram perfumes, jóias caras, rou-
pas bonitas, tudo que se relaciona com a beleza.
Como escreveu o francês Pierre Verger: “o arquétipo de Oxum é das mulheres graciosas
e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras. Dasmulheresque são
símbolo do charme e da beleza. Voluptuosas esensuais, porém mais reservadas que as de
Yansã. Elas evitam chocar a opinião publica, á qual dão muita importância. Sob sua aparência
graciosa e sedutora, escondem uma vontade muito forte e um grande desejo de ascensão
social”.

os escândalos ou qualquer coisa que possa denegrir a imagem de inofensivos, bondosos, que
constroem cautelosamente. A imagem doce, que esconde uma determinação forte e uma

vida social, das festas e dos prazeres em geral. Gostam de chamar a atenção do sexo oposto.

Aprecia o luxo e o conforto, é vaidoso, elegante, sensual e gosta de mudanças, podendo

não eles próprios, mas sua facilidade para a doçura, sensualidade e carinho pode fazer com
que pareçam os seres mais apaixonados e dedicados do mundo.
75
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

São pessoas muito sensíveis a qualquer emoção, calmos, tranquilos, emotivos, normal-
mente têm uma facilidade muito grande para o choro. O arquétipo psicológico associado a
Oxum se aproxima da imagem que se tem de um rio, das águas que são seu elemento; apa-
rência da calma que pode esconder correntes, buracos no fundo, grutas tudo que não é nem
reto nem direto, mas pouco claro em termos de forma, cheio de meandros.

prazer de falar e contar os segredos dos outros, mas porque essa é a única maneira de terem

é posta à serviço da astúcia, conseguindo tudo que quer com imaginação e intriga.

Oxum é assim: bateu, levou. Não tolera o que considera injusto e adora uma pirraça. Os
folhos deste orixá são muitas vezes aplidados de sínicos e intereceiros.

Filhos de Oxum Opará/Apará

pessoas de boa índole, porem não aceitam serem mandadas por ninguém, normalmente eles
sempre são os donos das situações, tomando sempre a frente, para que nada de errado.
Consegue com a sua espada reverter as situações, são pessoas vingativas, “jogam” mais
com a cabeça.

por isso, algumas das maiores Mães de Santo da história tenham sido ou sejam de Oxum.
Imaculada Conceição 76
Maria, mãe de Jesus
Devoção
Hiperdulia • Companhia de Maria • Imaculado Coração • Sete Dores
• Títulos • Santo Rosário • Escapulário do Carmo • Direito Canônico

Orações marianas famosas


Ave Maria • Magnificat • Angelus • Infinitas graças vos damos •
Lembrai-vos • Salve Rainha

Dogmas e Doutrinas
Mãe de Deus • Pérpetua Virgindade • Imaculada Conceição • As-
sunção • Mãe da Igreja • Medianeira • Corredentora • Rainha do Céu

Aparições
Crenças reconhecidas ou dignas de culto
Guadalupe • Medalha Milagrosa •
La Salette • Lourdes • Fátima • Caravaggio • Prouille

Maria, mãe de Jesus Doutrina da Igreja Católica A Imaculada Conceição é, segundo o

A Imaculada Conceição é, segundo o dogma católico, a concepção da Virgem Maria sem mancha (“mácula”
em latim) do pecado original. O dogma diz que, desde o primeiro instante de sua existência, a Virgem Maria
foi preservada por Deus, da falta de graça santificante que aflige a humanidade, porque ela estava cheia de
graça divina. Também professa que a Virgem Maria viveu uma vida completamente livre de pecado.
A festa da Imaculada Conceição, comemorada em 8 de dezembro, foi definida como uma festa universal em
1476 pelo Papa Sisto IV.

A Imaculada Conceição foi solenemente definida como dogma pelo Papa Pio IX em sua bula Ineffabi-
lis Deus em 8 de Dezembro de 1854. A Igreja Católica considera que o dogma é apoiado pela Bíblia (por
exemplo, Maria sendo cumprimentada pelo Anjo Gabriel como “cheia de graça”), bem como pelos escritos
dos Padres da Igreja, como Irineu de Lyon e Ambrósio de Milão. Uma vez que Jesus tornou-se encarnado
no ventre da Virgem Maria, era necessário que ela estivesse completamente livre de pecado para poder gerar
seu Filho.

Fontes bíblicas

Em sua Constituição Apostólica Ineffabilis Deus (8 de dezembro de 1854), que definiu oficialmente a Im-
aculada Conceição como dogma, o Papa Pio IX recorreu principalmente para a afirmação de Gênesis 3:15,
onde Deus disse: “Eu Porei inimizade entre ti e a mulher, entre sua descendência e a dela”, assim, segundo
esta profecia, seria necessário uma mulher sem pecado, para dar à luz o Cristo, que reconciliaria o homem
com Deus. O verso “Tu és toda formosa, meu amor, não há mancha em ti” (na Vulgata: “Tota pulchra es,
amica mea, et macula non est in te”[5]), no Cântico dos Cânticos (4,7) é usado para defender a Imaculada
Conceição, outros versos incluem:

“Também farão uma arca de madeira incorruptível; o seu comprimento será de dois côvados e meio,
e a sua largura de um côvado e meio, e de um côvado e meio a sua altura.” (Êxodo 25:10-11)

“Pode o puro[Jesus]Vir dum ser impuro? Jamais!”(Jó 14:4)

“Assim, fiz uma arca de madeira incorruptível, e alisei duas tábuas de pedra, como as primeiras; e
subi ao monte com as duas tábuas na minha mão.” (Deuteronômio 10:3)
Outras traduções para a palavras incorruptível (“Setim” em hebraico) incluem “acácia”, “indestrutível” e
“duro” para descrever a madeira utilizada. Moisés usou essa madeira porque era considerada muito durável e
“incorruptível”. Maria é considerada a Arca da Nova da Aliança (Apocalipse 11:19) e, portanto, a Nova Arca
seria igualmente “incorruptível” ou “imaculada”.

História

Desde o cristianismo primitivo diversos Padres da Igreja defenderam a Imaculada Conceição da Virgem
Maria, tanto no Oriente como no Ocidente. No século IV, Efrém da Síria (306-373), diácono, teólogo e com-
positor de hinos, propunha que só Jesus Cristo e Maria são limpos e puros de toda a mancha do pecado.
Já no século VIII se celebrava a festa litúrgica da Conceição de Maria aos 8 de dezembro ou nove meses
antes da festa de sua natividade, comemorada no dia 8 de setembro. No século X a Grã-Bretanha celebrava a
Imaculada Conceição de Maria[carece de fontes].

A festa da Imaculada Conceição de 8 de dezembro, foi definida em 1476 pelo Papa Sisto IV. A existência da
festa era um forte indício da crença da Igreja de Imaculada Conceição, mesmo antes da definição do século
XIX como um dogma. Na Itália do século XV o franciscano Bernardino de Bustis escreveu o Ofício da Im-
aculada Conceição, com aprovação oficial do texto pelo Papa Inocêncio XI em 1678. Foi enriquecido pelo
Papa Pio IX em 31 de março de 1876, após a definição do dogma com 300 dias de indulgência cada vez que
recitado.

Visão de São Tomás de Aquino


Alguns teólogos e Doutores da Igreja, como Santo Anselmo, São Bernardo e São Boaventura, chegaram a
negar a Imaculada Conceição, mas isso deve ser entendido de acordo com o desenvolvimento da doutrina,
que não permitiu a eles ver de forma clara de que forma essa doutrina mariana se encontrava implícita na
Revelação divina (Bíblia + Tradição).

Sobre São Tomás de Aquino, criou-se um consenso de que ele teria, durante toda a sua vida, negado e
repudiado completamente o dogma da Imaculada Conceição. Tal consenso é falso, porque, inicialmente,
este doutor da Igreja declarou abertamente que a Virgem foi pela graça imunizada contra o pecado original,
defendendo claramente o dogma do privilégio mariano, que seria declarado e definido séculos mais tarde.
No livro primeiro dos comentários dos livros das Sentenças (Sent.), escrito provavelmente em 1252 e quan-
do São Tomás contava apenas 27 anos de idade, ainda no início de sua atividade acadêmica em Paris, ele
escreveu o seguinte:

“Ao terceiro, respondo dizendo que se consegue a pureza pelo afastamento do contrário: por isso,
pode haver alguma criatura que, entre as realidades criadas, nenhum seja mais pura do que ela, se
não houver nela nenhum contágio do pecado; e tal foi a pureza da Virgem Santa, que foi imune do
pecado original e do atual.” (I Sent., d. 44, q. 1, a. 3)

Depois, Santo Tomás adotou uma postura confusa sobre o dogma da Imaculada Conceição, presente em tre-
chos do Compêndio de Teologia e da Suma Teológica. Como por exemplo, pode-se encontrar esta postura na
segunda parte do Compêndio de Teologia (CTh.), que pertence a um período anterior ao da elaboração da III
da Suma Teológica, escrito quando Tomás já contava com cerca de 42 anos de idade, sendo provavelmente
do ano de 1267:

“Como se verificou anteriormente, a Beata Virgem Maria tornou-se Mãe de Deus concebendo do
Espírito Santo. Para corresponder à dignidade de um Filho tão excelso, convinha que ela também
fosse purificada de modo extremo. Por isso, deve-se crer que ela foi imune de toda nódoa de pecado
atual, não somente de pecado mortal, bem como de venial, graça jamais concedida a nenhum outro
santo abaixo de Cristo... Ela não foi imune apenas de pecado atual, como também, por privilégio
especial, foi purificada do pecado original. Convinha, contudo relembrar que o op é pandula, ser ela
concebida com pecado original, porque foi concebida de união de dois sexos.” (CTh. c. 224)
77
Mas, no final da sua vida, São Tomás retornou à sua tese original favorável ao dogma mariano. A sua defesa
encontra-se no texto Expositio super Salutatione angelicae, sermão de um período em que ele já contava 48
anos de idade, provavelmente do ano de 1273:

“Ipsa enim purissima fuit et quantum ad culpam, quia ipsa virgo nec originale, nec mortale nec
veniale peccatum incurrit”. [“Ela é, pois, puríssima também quanto à culpa, pois nunca incorreu em
nenhum pecado, nem original, nem mortal ou venial”]

Este retorno à tese original encontra-se também em várias obras da época final de São Tomás, como por
exemplo na Postiila Super Psalmos de 1273, onde se lê no comentário do Salmo 16, 2: “Em Cristo a Bem-
Aventurada Virgem Maria não incorreu absolutamente em nenhuma mancha” ou no Salmo 18, 6: “Que não
teve nenhuma obscuridade de pecado”.

Definição dogmática

Em 8 de dezembro de 1854, Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus, fez a definição oficial do dogma da Imaculada
Conceição de Maria. Assim o Papa se expressou:

Em honra da santa e indivisa Trindade, para decoro e ornamento da Virgem Mãe de Deus, para
exaltação da fé católica, e para incremento da religião cristã, com a autoridade de Nosso Senhor
Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a nossa, declaramos,
pronunciamos e definimos a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro
instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos
de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado
original, essa doutrina foi revelada por Deus e, portanto, deve ser sólida e constantemente crida por
todos os fiéis.

Lourdes

Em 1858 Bernadete Soubirous, afirmou ter visto uma aparição que se autodenominou de “Imaculada Con-
ceição” na localidade de Lourdes, diocese de Tarbes na França. O caso foi submetido às autoridades civis
locais e eclesiásticas, após o que o bispo de Tarbes deu por confirmadas as aparições como sendo da Virgem
Maria. As autoridades civis francesas se viram impotentes para impedir a devoção de milhares de peregrinos
na época, atualmente Lourdes se transformou num lugar de peregrinação internacional de milhões de católi-
cos devotos da Virgem Maria.

No dia 8 de dezembro de 2007 o papa Bento XVI, após a recitação do Angelus, comentou que nesta festa
solene se recorda que “o mistério da graça de Deus envolveu desde o primeiro instante de sua existência à
criatura destinada a converter-se na Mãe do Redentor, preservando-a do contágio com o pecado original. Ao
contemplá-la, reconhecemos a altura e a beleza do projeto de Deus para cada ser humano: chegar a ser santos
e imaculados no amor (Efésios 1, 4), a imagem de nosso Criador.”

Nossa Senhora da Conceição versus Imaculada Conceição de Maria

O dia 8 de dezembro é marcado por duas celebrações cristãs de significados distintos (quase antagónicos),
que se confundem devido à semelhança das suas designações.
A evocação popular, tradicional, celebra a Nossa Senhora da Conceição (ou Concepção), isto é, celebra o
arquétipo da Maternidade. Conhecem-se desde o século VII, nomeadamente na Península Ibérica, festas com
esta evocação; até há poucos anos era nesta data, e não no primeiro domingo de Maio, que se celebrava o
Dia da Mãe.

78
O conceito teológico oficial é o do dogma da Imaculada Conceição de Maria, definido pelo papa Pio IX em
1854, e nada tem a ver com o conceito popular: afirma que Maria, mãe de Jesus, teria também sido gerada
sem cópula carnal de seus pais (Ana e Joaquim); celebra, por isso, a castidade. Esta ideia começou a surgir
no século XII, tendo causado intensa polémica e sido rejeitada por importantes teólogos, incluindo São Ber-
nardo e São Tomás de Aquino, e condenada pelo papa Bento XIV em 1677, até ter sido aceite como dogma
em 1854.

A instituição da ordem militar de Nossa Senhora da Conceição por D. João VI, que alegadamente sintetizar-
ia um culto que em Portugal existiu muito antes de ser dogma, pelo menos na sua designação remete para o
conceito popular, não para o conceito teológico afirmado pelo dogma. De igual forma, as freguesias portu-
guesas anteriormente listadas adoptaram a designação “Nossa Senhora da Conceição” ou “Conceição”, mas
não “Imaculada Conceição”.

Em 8 de dezembro de 1904, em Lisboa solenemente lançou-se a primeira pedra para um monumento


comemorativo do cinquentenário da definição do dogma. Ao ato, a que assistiram as pessoas reais, patriarca
e autoridades, estiveram também representadas muitas irmandades de Nossa Senhora da Conceição, de Lis-
boa e do país, sendo a mais antiga a da atual freguesia dos Anjos, que foi instituída em 1589.
No Brasil é tradição montar a árvore de Natal e enfeitar a casa no dia 8 de dezembro, dia de N.Sra. da Con-
ceição.

Feriado

Em Portugal, este dia é também feriado.


Nossa Senhora da Conceição é a rainha e padroeira de Portugal desde o reinado da Dinastia de Bragança.

No Brasil, várias cidades brasileiras declaram feriado no dia da Imaculada Conceição.

Outras Igrejas Cristãs

O dogma da Imaculada Conceição não é aceito pelas Igreja Ortodoxa. A Igreja Ortodoxa acredita que Maria
foi uma pessoa muito devotada a Deus e que levou uma vida santa, como dizia os pais da Igreja, evitando os
pecados atuais. As Igrejas Anglicanas possuem a mesma doutrina das Igrejas Ortodoxas.
A Igreja Luterana e as Igrejas Reformadas também não aceitam esta doutrina católica romana devido a difer-
entes interpretações do fundamento bíblico.

Islã

A pureza de Maria do pecado desde o momento de seu nascimento também é atestada no Islã. Alguns dos
títulos marianos no Islã realçam este fato:
Tahirah: significa “Aquela que foi purificada” (Alcorão 3:42). De acordo com um hadith, o Diabo não tocou
em Maria quando ela nasceu, portanto, ela não chorou (Nisai 4:331).
Mustafia: significa “Ela, que foi escolhida”. O Alcorão declara: “Ó Maria! Por certo Deus te escolheu e
te purificou, e te escolheu sobre todas as outras mulheres dos mundos” (Alcorão 3:42). Deus escolheu a
Virgem Maria entre todas as mulheres do mundo para um plano divino.
Nur: Uma das passagens mais importantes, Maria foi chamada de Nur (Luz) e Umm Nur (a mãe da Luz). O
verso da Luz, também contém os símbolos virginal do cristal, a estrela, a árvore abençoada de oliva e óleo,
que segundo os muçulmanos, referem-se a pureza de Maria.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Imaculada_Conceição
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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dosCurso
Primeiro Palmares
de Umbanda • 6

Orixá Exu

Ponto de matéria: Encruzilhadas e Calungas


Ponto espíritual: Cobrador do Karma e polícia do
astral
Elemento: Terra e fogo
Cor: Preto e vermelho
Dia da semana: Segunda-feira
Símbolo: Ogô ou Insígnia, um bastão, a espiral e
o Tridente
Sincretismo: São António

Exu é também conhecido, entre outros, como Elegbara, Eleggua e Bara, em africano Èsú.
Exu é um dos orixás mais importantes e foi o terceiro elemento criado directamente por
Olorum. Foi criado com a mesma matéria que mais tarde foi também usada para a criação da
Terra e todas as suas criaturas.
Exu é o orixá da comunicação e do movimento, cabe a ele a comunicação entre o ser
humano e os orixás. É o guardião das coisas materiais (palno material – ayé), é o guardião
de todas as passagens, inclusive entre o céu e a Terra, e das “porteiras” (portas, portais as-
trais) que existem em nosso mundo e no mundo astral, guardião do comportamento humano
e guardião do próprio Axé. Exú é alta patente no mundo dos orixás, sem dar importância ou
impor o poder que possui.

Exu foi erradamente conotado de “o diabo” ou “Satanás”. Ainda hoje em dia, muitos são
aqueles que o confundem como tal, o que é um absurdo, pois este não está em oposição a

Brasil foram proibidos de cultuar os seus orixás. Nessa época, os escravos escondia os as-
sentamentos por baixo das imagens de santos católicos, para preservarem as suas tradições
religiosas. Os escravos espalhados por uma terra de grandes dimensões, como podem imagi-
nar, não foram colocadas de igual modo as mesmas imagens católicas por cima dos mesmos
orixás, tendo em alguns lugares sido colocada a imagem do diabo por cima do assentamento
do orixá Exu. Em outros lugares foi associado à imagem de Santo António, um dos sincretis-
mos mais utilizados para Exu.
Exu possui um carácter irascível, provocador, indecente, astucioso, sensual, vaidoso, cul-
to, dono de uma grande sabedoria, grande conhecedor da natureza humana e dos seus hábi-
tos mundanos e tem a capacidade de ser o mais subtil dos orixás.
“Exu é capaz de carregar o oléo que comprou no mercado numa simples peneira sem que
este oléo se derrame”, ele é o orixá que faz “o erro virar acerto e o acerto virar erro”.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 81

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Uma outra característica de Exu é ser o detentor e transmissor da fertilidade e fecunda-


ção. Este orixá cuida da parte sexual dos seres vivos e de seus órgãos de reprodução (chakra
Raiz). Exu tem as égides no acto da fecundação, passa para Oxum que conduz toda a ges-
tação, esta por sua vez passa para Nanã no acto do nascimento para que esta peça a Oxalá
a autorização para a nova vida, na altura do nascimento, exactamente quando a cabeça do
bebé inícia a sua saida é Yamanjá que ali está e a entrag a responsabilidade do Orixá que
tomará conta daquele ori (cabeça) pelo resto da sua existência juntamente com Yemanjá,
por ser esta a responsável pelo constante aprimoramento do ser humano (Orixá da família –
mãe).
Exu muitas vezes se satisfaz em provocar disputas, algum tipo de calamidade ou mal en-
tendidos àquelas pessoas que estão em divida para com ele. O mesmo procedimento tem
-
ras partidas ou problemas espirituais, tentando com isto levar estes seres humanos a encon-
trarem outros caminhos, outras formas de agir e pensar.
Tal como todo no universo, e como em todos os orixás, Exu tem um lado negativo e outro
positivo.
A abertura dos caminhos também é de sua responsabilidade, sendo, por isso, constante-
mente evocado. Ogum, orixá da guerra, que também é o dono dos caminhos, é muitas vezes
comparado a Exú, por suas particularidades. Estes nunca se contradizem, pelo contrário.
Ogum é o responsável pelo desbravamento, pelo desbravar e o criar de novos caminhos, pela
expansão do reino, enquanto Exu é o senhor da força (axé) que percorre os caminhos.
Caminha no tempo e espaço com tranquilidade, buscando coisas no passado, presente e
futuro; por isso, é o detentor do oráculo divinatório.
Exú é muito importante no oráculo de Ifá, revelando os mistérios de cada Odú (cada búzio)
e de todos os orixás.
A segunda-feira é o seu dia. Sua comemoração a 13/06. As suas cores são o vermelho e
preto. Seus símbolos são um bastão com cabaças (que representa o falo) símbolo que traz
nas mãos é o Ogô ou Insígnia, ou seja, um ceptro em forma de pénis (que representa a pro-

humano), buzios e o tridente. Suas contas são o preto e vermelho. Suas oferendas são comi-
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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

das e bebidas de sua preferência. Seu fumo o charuto. Seu elemento a terra e o fogo. Sua

passagens, encruzilhadas, caminhos, portas, entradas de casas, etc. É o Elo de ligação entre
os homens e os Orixás; senhor da vitalidade; do sexo; da alegria, da vida, das sensações e da
vontade de viver. Vigia as passagens, abre e fecha caminhos, protege contra perigos.

Na Umbanda, o culto do orixá Exu faz-se através da incorporação dos seus mensageiros
ou falangeiros (Guias representantes do orixá), espíritos que vêem à “terra” para ajudar.
São os nossos queridos Exus (entidade) e Pombvo-giras. São realizadas as chamadas giras de
Esquerda.
Na Umbanda não se manifesta o próprio orixá Exu.
Mas além de mensageiro, é Exu e Pombo-gira quem protege os médiuns e as casas de culto
(terreiros), de espíritos perturbadores, para que a caridade possa ser praticada durante os
rituais, e durante o atendimento.
Todo terreiro também tem seu(s) Exu(s) e Pombo-gira(s) protetor(es), que zelão pela se-
gurança da casa ou terreiro (ilê), contra males encarnados ou desencartados.
No nosso terreiro, antes de qualquer “gira”, “trata-se” sempre em primeiro as chamadas

ela ou por uma entidade para o fazer.

sempre “puxado” ou “colocado” outro orixá em seu lugar, na maioria das vezes para evitar e

O arquétipo de Exu é muito comum em nossa sociedade, onde proliferam pessoas com
carácter ambivalente, ao mesmo tempo boas e más, porém com inclinação para a maldade,
o desatino, a obscenidade, a depravação e a corrupção. Pessoas que têm a arte de inspirar

compreensão dos problemas dos outros e a de dar ponderados conselhos, com tanto mais
zelo quanto maior a recompensa esperada.
-
ciosos, extrovertidos, espertos, inteligentes, atentos. Sabem como ninguém ser sociáveis e
diplomáticos, pois conhecem o valor de uma boa amizade, fazem questão de manter o maior
número possível de amigos.

sempre a certeza de que as coisas, mais cedo ou mais tarde, acabam por mudar a seu favor.
Pessoas com impressionante facilidade de comunicação, boa “lábia”, com charme conse-
guem tudo o que querem. Irónicas e perigosas, costumam manter uma vida sexual bastante
agitada, sem pudores. São pessoas extremamente rápidas, que não pensam: fazem.

são do tipo que arma uma algazarra, sai ileso e ainda se diverte com as consequências. Es-
quecem facilmente as ofensas, não guardam rancor, mas não perdem a oportunidade de se
vingar.
São pessoas intempestivas, de certa forma nervosas. Assim como seu Orixá, não aceitam
certos desrespeitos e quando enfurecidos, partem para uma vingança sem piedade.
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Santo António Nascimento: 15 de Agosto de 1191 em Lisboa, Portugal
Morte: 13 de Junho de 1231 (39 anos) em Pádua, Itália
Veneração por: Igreja Católica
Beatificação: 1232, Roma por: Papa Gregório IX
Canonização: 30 de Maio de 1232,
Catedral de Espoleto por: Papa Gregório IX
Principal templo: Igreja de Santo António de Lisboa,
Lisboa, Portugal e Basílica de Santo
António de Pádua, Pádua, Itália
Festa litúrgica: 13 de Junho
Atribuições: livro, pão, Menino Jesus e lírio
Padroeiro: Lisboa, Pádua, pobres, mulheres grávidas,
casais, pessoas que desejam encontrar objectos
perdidos, oprimidos, entre outros

Santo António (português europeu) ou Antônio (português brasileiro)


de Lisboa, também conhecido como Santo António de Pádua[1],
Santo António com o Menino
OFM (Lisboa, 15 de Agosto de 1191-1195 ? — Pádua, 13 de Junho
Jesus em pintura de Stephan
de 1231), de sobrenome incerto mas batizado como Fernando, foi um
Doutor da Igreja que viveu na viragem dos séculos XII e XIII.
Primeiramente foi frade agostiniano, tendo ingressado como noviço no Convento de São Vicente de Fora,
em Lisboa, indo posteriormente para o Convento de Santa Cruz, em Coimbra, onde aprofundou seus estudos
religiosos através da leitura Bíblia e da literatura patrística, científica e clássica. Tornou-se franciscano em
1220 e viajou muito, vivendo inicialmente em Portugal, depois na Itália e na França. No ano de 1221 passou
a fazer parte do Capítulo Geral da Ordem de Assis, a convite do próprio Francisco, o fundador, que o convi-
dou também a pregar contra os albigenses em França. Foi transferido depois para Bolonha e de seguida para
Pádua, onde morreu aos 36 (ou 40) anos.
Sua fama de santidade o levou a ser canonizado pela Igreja Católica pouco depois de falecer, distinguindo-se
como teólogo, místico, asceta e sobretudo como notável orador e grande taumaturgo. Santo António de Lis-
boa é também tido como um dos intelectuais mais notáveis de Portugal do período pré-universitário. Tinha
grande cultura, documentada pela coletânea de sermões escritos que deixou, onde fica evidente que ele es-
tava familiarizado tanto com a literatura religiosa como com diversos aspectos das ciências profanas, refer-
enciando-se em autoridades clássicas como Plínio, o Velho, Cícero, Sêneca, Boécio, Galeno e Aristóteles,
entre muitas outras. Seu grande saber o tornou uma das mais respeitadas figuras da Igreja Católica de seu
tempo. Lecionou em universidades italianas e francesas e foi o primeiro Doutor da Igreja franciscano. São
Boaventura disse que ele possuía a ciência dos anjos. Hoje é visto como um dos grandes santos do Catoli-
cismo, recebendo larga veneração e sendo o centro de rico folclore.

O contexto histórico

Santo António de Lisboa, OFM viveu na primeira metade do século XIII, em plena Idade Média. Desen-
volviam-se as cidades extra-muros (os burgos) e uma nova classe social de artesãos, mercadores, banquei-
ros, notários e médicos ascendia na sociedade e no poder: a burguesia.
Na Europa formavam-se as nacionalidades sob a égide do Sacro Império e os exércitos dos anglos, francos
e germanos, dominados pelo espírito da cruzada, combatiam os turcos muçulmanos no Oriente (na Terra
Santa) e os berberes muçulmanos no Ocidente (na Península Ibérica).
Em Portugal, nesse século, três reis sucederam-se no trono: primeiro Sancho I, filho de D. Afonso Hen-
riques, empenhado em alargar o território e proceder ao povoamento do país que surgira sob o governo do
seu pai; depois Afonso II neto de D. Afonso Henriques, que se envolveu em lutas civis contra suas irmãs, o
que motivou a perda dos territórios já conquistados aos mouros a sul do Tejo, e finalmente Sancho II, filho
deste último, grande conquistador, que se envolveu em questões com a Igreja Católica e com o papado e foi
excomungado e deposto pelo Papa Inocêncio IV a favor de seu irmão Afonso III, conde de Bolonha.
Biografia 84
Primeiros anos
Igreja de Santo António, em Lisboa, erguida sobre a casa onde segundo
a tradição nasceu o santo português.
Santo António nasceu em Lisboa em data incerta, numa casa, assim
se pensa, próxima da Sé, às portas da cidade, no local onde
posteriormente se ergueu a igreja sob sua invocação. A tradição
indica 15 de agosto de 1195, mas não há documento fidedigno
que confirme esta data. Também foi proposto o ano de 1191,
mas, segundo um seu biógrafo, o padre Fernando Lopes, as
contradições em sua cronologia só se resolveriam se ele tivesse nascido
em torno de 1188. Tampouco se sabe com certeza quem foram seus
pais. Nenhuma das biografias primitivas os citam, e somente no século
XIV, a partir de tradições orais, é que se começou a atribuir ao pai o
nome de Martim ou Martinho de Bulhões, e à mãe, o de Maria
Teresa Taveira. Fixando-se esses nomes na memória popular, e com
a crescente fama do santo, não custou a biógrafos tardios atribuírem também aos seus pais uma dignidade
superior. Do pai foi dito ser descendente do celebrado Godofredo de Bulhões, comandante da I Cruzada, e
da mãe, que descendia de Fruela I, rei de Astúrias, mas tal parentesco nunca pôde ser comprovado. A forma
de seu nome de batismo é igualmente obscura, pode ter sido Fernando Martins ou Fernando de Bulhões.

Fez os primeiros estudos na Igreja de Santa Maria Maior (hoje Sé de Lisboa), sob a direção dos cônegos
da Ordem dos Regrantes de Santo Agostinho. Como era a prática da ordem, deve ter recebido instrução no
currículo das artes liberais do trivium e do quadrivium, o que certamente plasmou seu caráter intelectual.
Ingressando ainda um adolescente como noviço da mesma Ordem, no Mosteiro de São Vicente de Fora,
iniciou os estudos para sua formação religiosa. A biblioteca de São Vicente de Fora era afamada pela sua rica
coleção de manuscritos sobre as ciências naturais, em especial a medicina, o que pode explicar as constantes
referências científicas em seus sermões.

Poucos anos depois pediu permissão para ser transferido para o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a fim
de aperfeiçoar sua formação e evitar distrações profanas, já que era constantemente visitado por amigos e
parentes. Coimbra era na época o centro intelectual de Portugal, e ali ele deve ter se envolvido profunda-
mente no estudo das Escrituras e nos textos dos Padres da Igreja. Nesta época entrou em contato com os
primeiros missionários franciscanos, chegados em Portugal em 1217, e que estavam a caminho do Marrocos
para evangelizar os mouros. Sua pregação do Evangelho no espírito de simplicidade, idealismo e fraterni-
dade franciscana, e sua determinação missionária, devem ter tocado o sentimento de Fernando. Entretanto,
uma impressão ainda mais forte ocorreu quando os corpos desses frades, mortos em sua missão, voltaram
a Coimbra, onde foram honrados como mártires. Autorizado a juntar-se a outros franciscanos que tinham
um eremitério nos Olivais, sob a invocação de Santo Antônio do Deserto, mudou seu nome para Antônio e
iniciou sua própria missão em busca do martírio.

Sua missão

Aparição do Menino Jesus ao santo


Por essa altura, decidiu deslocar-se ele também ao Marrocos, mas lá chegando foi acometido por grave
doença, sendo persuadido a retornar. Fê-lo desalentado, já que não havia proferido um único sermão, não
convertera nenhum mouro, nem alcançara a glória do martírio pela fé. No regresso, uma forte tempestade
arrastou o barco para as costas da Sicília, onde encontrou antigos companheiros. Ali se quedou até a pri-
mavera de 1221, dirigindo-se com eles então para Assis a fim de participarem do Capítulo da Ordem - o
último que seria feito com a presença do fundador[11]. Em Assis encontrou-se com São Francisco de Assis
e os seus primeiros seguidores, um evento de grande importância em sua carreira. Sendo designado para um
eremitério em Montepaolo, na província da Romagna, ali passou cerca de quinze meses em intensas medi-
tações e árduas disciplinas.
85
Pouco depois aconteceu uma ordenação de frades em Forlì, quando
deixou o isolamento e para lá se dirigiu. Até então os franciscanos
não sabiam de sua sólida formação, mas faltando o
pregador para a cerimônia, e não havendo nenhum frade preparado
para tal, o provincial solicitou a Antônio que falasse o que quer que
o Espírito Santo o inspirasse. Protestou, mas obedeceu, e dissertando
para os franciscanos e dominicanos lá reunidos de forma fluente e
admirável, para a surpresa de todos, foi de imediato destinado
pelo provincial à evangelização e difusão da doutrina pela Lom
bardia. Entretanto, a prática franciscana desencorajava o estudo
erudito, mas em novembro de 1223 o papa Honório III sancionou a
forma final da Regra da Ordem Franciscana, onde uma formação mais
aprimorada se tornou autorizada, desde que submissa ao trabalho
Aparição do Menino Jesus ao
manual, à prece e à vida espiritual. Recebendo a aprovação para
santo
a tarefa pastoral do próprio Francisco, fixou-se então em Bolonha,
onde se dedicou ao ensino da teologia na universidade e à pregação.
Deslocando-se em seguida para a França, ensinou nas universidades de Toulouse e Montpellier, passando
também por Limoges.[13][14]

Em 1226 assistiu ao Capítulo de Arles, e em outubro do mesmo ano, após a morte de Francisco, seviu como
enviado da Ordem ao papa Gregório IX, para apresentar-lhe a Regra da Ordem. Em 1227 foi indicado pro-
vincial da Romagna e passou os três anos seguintes pregando na região, incluindo Pádua, para audiências
cada vez maiores. Nesse período colocou por escrito diversos sermões. Em 1230 solicitou ao papa dispensa
de suas funções como provincial para dedicar-se à pregação, reservando algum tempo para a contemplação e
prece no mosteiro que havia fundado em Pádua. Sempre trabalhando pelos necessitados, envolveu-se tam-
bém em questões políticas, a exemplo de sua viagem a Verona para pedir a libertação de prisioneiros guelfos
feitos pelo tirano gibelino Ezzelino, e em 1231 persuadiu a municipalidade de Pádua a elaborar uma lei que
impedia a prisão por dívidas se houvesse a possibilidade de compensação de outras formas.[15]

Pouco depois da Páscoa de 1231 sentiu-se mal, declarou-se hidropisia


e ele deixou Pádua para dirigir-se ao eremitério de Camposanpiero, nos
arredores da cidade. Seus companheiros ergueram-lhe uma cabana no
alto de uma árvore, onde permaneceu alguns dias. Percebendo que a
morte estava próxima, pediu para ser levado de volta a Pádua, mas
apenas tendo alcançado o convento das clarissas de Arcella, subúrbio de
Pádua, ali faleceu, em 13 de junho de 1231. As clarissas reclamaram seu
corpo, mas a multidão acabou sabendo de seu passamento, tomou-o e o
levou para ser sepultado na Igreja de Nossa Senhora. Sua fama de
Tumba e altar do santo na sua
santidade era tamanha que foi canonizado logo no ano seguinte, em 30
basílica de Pádua
de maio, pelo papa Gregório IX. Os seus restos mortais repousam desde
1263 na Basílica de Santo Antônio de Pádua, construída em sua memória logo após sua canonização. Quan-
do sua tumba foi aberta para iniciar o processo de translado, sua língua foi encontrada incorrupta, e São
Boaventura, presente no ato, disse que o milagre era prova de que sua pregação era inspirada por Deus. E
incorrupta está até hoje, em exposição na Capela das Relíquias da Basílica. Foi proclamado Doutor da Igreja
pelo papa Pio XII em 16 de janeiro de 1946 e é comemorado no dia 13 de junho.[16]
86
Sua pregação, seus escritos e a presença contemporânea de sua obra

Entre suas várias qualidades, chamou a atenção de seus contemporâneos seu admirável dom como pregador.
Muitas descrições de época referem o fascínio que sua fala exercia sobre as multidões de pessoas simples e tam-
bém sobre clérigos doutos, e embora o efeito de sua oração a viva voz não possa mais ser recuperado, seu estilo e
os conteúdos que abordava podem ser conhecidos em parte através dos 77 sermões que sobreviveram e constam
em sua obra publicada em edição crítica, Sermões Dominicais e Festivos, e que são considerados autênticos, con-
forme disse José Geraldo Freire. São textos eloquentes, persuasivos, cheios de zelo messiânico, sendo frequentes
a defesa do pobre e a reprimenda do rico, e o combate às heresias de seu tempo, como as dos albigenses e val-
denses, com uma eficácia tanta que lhe foi dado o apelido de malleus hereticorum (o martelo dos heréticos).
Embora a tradição atribua seu dom à inspiração divina, não é possível deixar de considerar o importante papel
que sua formação erudita desempenhou neste aspecto de sua vida e obra. A análise das referências que fez em
seus escritos, junto com o levantamento das fontes literárias presentes em seu tempo nas bibliotecas que frequen-
tou, especialmente a de Santa Cruz, atestam sem sombra para dúvidas que sua preparação intelectual foi ampla
e profunda. Além de um conhecimento detalhado da Bíblia, dos escritos dos Padres da Igreja e outros escritores
cristãos, são encontradas citações de clássicos como Aristóteles, Cícero, Catão, Sócrates, Dioscórides, Donato,
Eliano, Escribônio, Euquério de Lião, Festo Solino, Filão de Alexandria, Tibulo, Sérvio, Públio Siro, Juvenal,
Plínio, o Velho, Varrão, Sêneca, Flávio Josefo, Horácio, Ovídio, Lucano e Terêncio. Seu conhecimento das
ciências naturais ultrapassa em muito o currículo regular das artes liberais medievais, aprofundando-se em áreas
como a medicina, a física, a história natural, a cosmografia, mineralogia, zoologia, botânica, astronomia e óptica.
Nas palavras de José Antunes,

“Santo Antônio de Lisboa, embora muito festejado e venerado como santo pelo povo, é menos conhecido como
um homem de cultura literária invulgar e como um verdadeiro intelectual da Idade Média. Reveladora dessa
cultura ímpar, é a sua obra escrita, cheia de beleza e densidade de pensamento, como nos testemunham os seus
Sermões, autênticos tesouros da Literatura e da História. Vasta, profunda, extraordinária, a respeito da Sagrada
Escritura. Ampla, variada e bem apropriada nas transcrições dos Padres da Igreja e dos Autores Clássicos. Im-
pressionante, para o tempo, não apenas pelo conhecimento que revela das ciências naturais e das humanidades,
mas igualmente pelo erudito discurso sobre noções jurídicas, como Poder, Direito e Justiça”.
Naturalmente, era fiel à ortodoxia cristã. Apesar de sua extensa cultura profana, considerava a Escritura sagrada a
fonte da ciência superior, da verdadeira ciência, da qual todas as outras eram meras servas e simples coadjutoras
no trabalho da Salvação. Por isso deu grande importância à uma boa exegese do texto sagrado, privilegiando a
extração do seu sentido moral. Nota-se ainda em sua obra alguns dos primeiros sinais de um progressivo abando-
no do pensamento medieval, que apresentava o homem e o mundo como desprezíveis e fontes do pecado, abrin-
do-se a uma apreciação mais positiva da vida concreta e do relacionamento humano, entendendo o ser humano
como uma maravilhosa obra divina. Na análise de Pedro Calafate,
“Santo António não olvidará a excelência da contemplação, mas sublinhará não obstante a circunstância terrena
do homem como corpo e alma, sem deixar de considerar que a abertura à exterioridade não transforma o amor
aos outros e às criaturas no apego à posse das coisas, estando neste caso o culto da pobreza, nomeadamente as
críticas severas que dirigiu aos prelados e dignatários eclesiásticos, por se comprazerem nos luxos do século.
Tratando-se de uma espiritualidade que não olvidou a dimensão prática e vivencial, equacionou também a re-
lação entre a ação e a contemplação no quadro da mística. Filha da vontade e do amor, numa alienatio mentis
que supera o plano estritamente racional para que a alma, inteiramente conduzida pela graça, contemple Deus
como em espelho ou em enigma, a mística tampouco representará uma renúncia à vida ativa, nem às exigências
da vertente racional do homem, porque a alma volta e regressa à vida ativa para a realizar com maior perfeição,
numa confluência entre o entender e o contemplar, o saber e a sabedoria”.
Contudo, é de dizer que na forma como chegaram, os ditos sermões são antes um manual didático para os
noviços do que transcrições de sermões verdadeiramente proferidos. Foram produzidos para seus alunos, para
instruí-los na arte predicatória, a fim de que depois eles pudessem converter com sucesso os pecadores e infiéis à
fé cristã. Apesar disso, eles possuem em seu conjunto pouca ordem sistemática.
Os sermões são ainda um precioso documento de época, muitas vezes fazendo alusões às transformações
sociais e econômicas que ocorriam durante aquele período, atestando o crescimento das cidades, o floresci-
mento das atividades artesanais e do comércio, o surgimento das corporações de ofícios, as diferenças de
classes. Além dos conteúdos sacros, que ainda preservam seu caráter inspirador, tais alusões - onde surge
aguda crítica social na condenação da avareza, da usura, da inveja, do egoísmo, da falta de ética na admin-
istração pública, dos falsos moralistas e hipócritas, dos maus pastores de almas, do orgulho dos eruditos,
dos ricos ensimesmados em sua opulência que oprimem e excluem os pobres do tecido social - são re-
sponsáveis pelo valor perene e atual de seus escritos, sendo passíveis de imediata identificação com muitas
circunstâncias e contradições da vida contemporânea.

Tradição taumatúrgica e iconografia


Diz a tradição que em sua curta vida operou muitos milagres, como seguem alguns exemplos.
Certa feita, meditando à beira-mar sobre a frequente aparição da imagem do peixe nas Escrituras, os peixes
teriam se reunido a seus pés para escutá-lo.
Teria restaurado um campo de trigo maduro para colheita que fora estropiado por uma multidão que o
seguia; teria protegido milagrosamente seus ouvintes da chuva que caía durante um sermão, e uma mulher
impedida pelo marido de ir ouvi-lo pôde escutar suas palavras a quilômetros de distância.
Quando em disputa com um herege albigense sobre a presença ou não do Deus vivo na hóstia consagrada,
o herege, chamado Bonvillo, disse que se uma mula, tendo passado três dias sem comer, honrasse uma
hóstia em detrimento de uma ração de aveia, ele acreditaria no santo. Segundo a história, assim que a mula
foi liberta de seu cercado, faminta, desviou-se da ração e ajoelhou-se diante da hóstia que Antônio lhe mos-
trava.
Restaurou o pé amputado de um jovem.
Soprou na boca de um noviço para expulsar as tentações que sofria, confirmando-o em sua vocação.
Quando alguns hereges colocaram veneno em sua comida para verificar sua santidade, o santo fez o sinal
da cruz sobre o alimento, comeu-o e nada sofreu, para o vexame dos seus tentadores.
Outro milagre famoso trata-se da aparição do Menino Jesus ao santo durante uma de suas orações, uma
cena multiplicada abundantemente em sua iconografia.
Também é bastante citado um milagre ocorrido durante sua pregação num consistório diante do papa,
inúmeros cardeais e clérigos, e gentes de várias nações, quando, discorrendo com sutilíssimo discernimento
sobre intrincadas questões teológicas, cada um dos presentes teria ouvido a pregação na sua própria língua
materna. Na ocasião, diante de tão assombroso fenômeno, que parecia uma reedição do Pentecostes bíblico,
o papa o teria chamado de “a arca do Testamento, o arsenal da Sagrada Escritura”.
A sua representação iconográfica de longe mais frequente é a de um jovem tonsurado envergando o hábito
dos frades franciscanos, segurando o Menino Jesus sobre um livro ou entre os braços, a quem contempla
com expressão terna, e tendo uma cruz, ou um ramo de açucenas, na outra mão. Esses atributos podem ser
substituídos por um saco de pão, que distribui entre pobres ou idosos.

Veneração
Estatueta popular de Santo Antônio e o Menino, Museu Municipal de Caxias do Sul
É considerado padroeiro dos amputados, dos animais, dos estéreis, dos barqueiros, dos velhos, das grávi-
das, dos pescadores, agricultores, viajantes e marinheiros; dos cavalos e burros; dos pobres e dos oprimi-
dos; é padroeiro de Portugal, e é invocado para achar-se coisas perdidas, para conceber-se filhos, para
evitar naufrágios, para conseguir casamento.
A devoção popular o colocou entre os santos mais amados do Cristianismo, cercou-o de riquíssimo folclore
e lhe atribui até os dias de hoje inúmeros milagres e graças. Igrejas a ele consagradas se multiplicam pelo
mundo, tem vasta iconografia erudita e popular, a bibliografia devocional que ele inspira é volumosa, e em
sua homenagem uma quantidade incontável de pessoas recebeu o nome Antônio, além de inúmeras cidades,
bairros e outros logradouros públicos, empresas e mesmo produtos comerciais em todo o mundo também
terem seu nome.

87
Na tradição lusófona Santo António está acima de todos em prestígio. Sua veneração foi levada de Portugal
para o Brasil, onde enraizou rápido e também dominou o coração do povo. Era tanta a familiaridade que
o santo inspirava, que passou a ser uma espécie de “propriedade privada” de todos. Como relatou Grillot
de Givry, “não há casa que o não venere no seu oratório e não satisfeita ainda com isso, a comum devoção
dos fiéis, cada um quer ter só para si o seu Santo António”. Estava em toda parte: “nos nichos de pedra,
pintado em azulejos, a guardar as casas, em caixilhos de seda à cabeceira da cama a vigiar-nos o sono, nos
escapulários e bentinhos junto ao peito, a acautelar-nos os passos, esculpido e pintado para preservar dos
perigos, pintados nas caixas de esmola, nos santuários e oratórios”. Também era invocado pelos senhores
para recuperar escravos fugidos.
A mesma familiaridade criou práticas esdrúxulas no culto popular. Se um pedido não era atendido, a ima-
gem do santo podia ser submetida a torturas e castigos. Deitavam-na de barriga para o chão e punham-lhe
uma pedra em cima; escondiam-na num poço escuro, retiravam-lhe o Menino Jesus dos braços, ou arranca-
vam-lhe o resplendor. Acreditava-se que o castigo acelerava a concessão da graça, e explicavam a violência
dizendo que em sua juventude o santo desejara morrer martirizado em nome da fé. Luminares do clero,
como o padre Vieira, também de certa forma reforçavam essas crenças. Num sermão disse:

“Não haveis de pedir a Santo António como aos outros, nem como quem pede graça e favor, senão como
quem pede justiça. E assim haveis de pedir a Santo António: não só como a quem tem por ofício deparar
tudo o perdido e demandado como a quem deve e está obrigado a o deparar. E senão dizei-me: por que atais
e prendei esse santo, quando parece que tarde em vos deparar o que lhe pedis? Porque deparar o pedido
em Santo António não só é graça, mas dívida. E assim como prendei a quem vos não paga o que vos deve,
assim o prendeis a ele. Eu não me atrevo nem a aprovar esta violência, nem a condená-la de todo, pelo que
tem de piedade”.

É um dos santos honrados nas popularíssimas Festas Juninas e diversos costumes folclóricos estão ligados
ao santo. a título de exemplo, no Brasil moças casadoiras retiram o Menino Jesus das estátuas e só o de-
volvem quando arrumam casamento; uma prece especial, os “responsos”, são feitas para que ele ajude a
encontrar objetos perdidos; no dia de sua festa muitas igrejas distribuem um pão especialmente abençoado,
os “pãezinhos de Santo Antônio”, que deve ser guardado em uma lata de mantimentos para que não falte
alimento na casa.
Ele teve inclusive uma brilhante carreira militar póstuma. Inúmeras cidades da Espanha, Portugal e Brasil
lhe conferiram títulos militares, condecorações, insígnias e outras honrarias, iniciando-se o curioso hábito
quando o regente Dom Pedro ordenou em 1668 que ele fosse recrutado e assentasse praça como soldado
raso no II Regimento de Infantaria em Lagos, sendo promovido sucessivamente a capitão e coronel. Com o
posto de tenente-coronel, sua imagem foi levada pelo XIX Regimento de Infantaria em Cascais à frente dos
combates da Guerra Peninsular, recebendo depois uma condecoração. Dom João VI, apos o feliz desem-
barque no Brasil em sua fuga da invasão napoleônica, o nomeou sargento-mor, promovendo-o depois a
tenente-coronel. No Brasil foi onde recebeu mais títulos, recebendo inclusive soldo em vários locais até de-
pois de proclamada a República. Em Igarassu foi nomeado oficialmente Protetor da Câmara de Vereadores.

Festividades
Portugal
Em Portugal, Santo António é muito venerado na cidade de Lisboa e o seu dia, 13 de Junho, é feriado mu-
nicipal.
As festas em honra de Santo António começam logo na noite do dia 12. Todos os anos a cidade organiza as
marchas populares, grande desfile alegórico que desce a Avenida da Liberdade (principal artéria da cidade),
no qual competem os diferentes bairros.
Um grande fogo de artifício costuma encerrar o desfile. Os rapazes compram um manjerico (planta aromáti-
ca) num pequeno vaso, para oferecer às namoradas, as quais trazem bandeirinhas com uma quadra popular,
por vezes brejeira ou jocosa. A festa dura toda a noite e, um pouco por toda a cidade, há arraiais populares,
locais de animação engalanados onde se comem sardinhas assadas na brasa, febras de porco (fêveras),

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caldo verde (uma sopa feita com couve galega, cortada aos fiapos, o que lhe confere uma cor esverdeada)
e se bebe vinho tinto. Ouve-se música e dança-se até de madrugada, sobretudo no antigo e muito típico
Bairro de Alfama.
Santo António é o santo casamenteiro, por isso a Câmara Municipal de Lisboa costuma organizar, na Sé
Patriarcal de Lisboa, o casamento de jovens noivos de origem modesta, todos os anos no dia 13 de Junho.
São conhecidos por ‘noivos de Santo António’, recebem ofertas do município e também de diversas empre-
sas, como forma de auxiliar a nova família.
[editar]Brasil
No Brasil, onde o santo tem muitos devotos, é também frequentemente reverenciado como Santo Antônio,
o Casamenteiro. O arraial de Santo Antônio do Leite, no Estado de Minas Gerais, Brasil, tem em sua igreja
uma imagem de Santo António de Lisboa, trazida de Portugal em finais do século XVII.
Em Barbalha, no interior do Ceará, o mês de junho é dedicado ao santo, que é padroeiro da cidade. Desta-
ca-se o Pau da Bandeira, cerimônia onde os devotos cortam uma árvore de grande porte e a utilizam como
mastro com uma bandeira de Santo Antônio. A festividade reúne milhares de pessoas.
No sincretismo religioso, Santo Antônio é conhecido no Candomblé da Bahia como Ogum, o orixá da
guerra.
O Santo é também padroeiro das cidades de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, de Patos de Minas, Rio
Acima, Juiz de Fora e Governador Valadares no estado de Minas Gerais, e de Nova Iguaçu e Duque de
Caxias no estado do Rio de Janeiro, e de Santo Antônio de Jesus no estado da Bahia onde seu dia é feriado
municipal.
Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, com uma vasta programação, a festa para o Santo padroeiro é
celebrada com missa diária, pastelada, barracas com comidas típicas, quadrilha, noites temáticas, e shows.
A festa é tradicional e tem como principal atrativo o bolo de metro com várias alianças, que é repartido
e distribuído sempre no dia 13. O pedaço do bolo é bem requisitado pelas mulheres solteiras que son-
ham com um casamento próximo. Diz à tradição que aquela que achar uma aliança no pedaço de bolo é a
grande sortuda a subir ao altar com um noivo.
A cidade de Caieiras, São Paulo, também tem como padroeiro o Santo, onde a Paróquia de Santo Antônio
realiza todos os anos a trezena e no dia 13 a missa e benção do pão. Outra tradição na cidade durante a
festividade é o ato de ‘socar’ o pau de Santo Antônio, uma madeira que representa o mastro do Santo, a fim
de conseguirem alguma graça.
A cidade de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, também tem como padroeiro o Santo, onde a Paróquia de
Santo Antônio realiza todos os anos a trezena e no dia 13 a missa e bênção do pão.
Em Borba, no interior do Amazonas, a Festa de Santo António é comemorada no período de 1 a 13 de
junho e, em 2009, comemoraram-se 253 anos de amor e fé. Romeiros de vários estados e até do exte-
rior marcam presença nos festejos todos os anos para pedirem ou agradecerem pelas graças recebidas. O
município possui a Basílica de Santo António de Borba, que é a 1ª da América Latina e a 5ª do Mundo a
possuir relíquias de Santo António.
Em Salvador, Bahia, o santo é reverenciado em quase todas as paróquias com a celebração da trezena, mas
há duas igrejas com seu nome em que as festividades são mais intensas, quais sejam, Santo Antonio Além
do Carmo, no centro histórico de Salvador e em Santo Antonio da Barra. Em Paratinga, Bahia, conhecida
também como Terra de Santo Antonio, no mês de junho se realizam as Trezenas de Santo Antonio e em sua
tradição, são treze noites de festa. Sendo que em cada noite que antecede ao dia 13 de junho, são realiza-
das as noites de acordo a uma parcela da população, como a noite das crianças, dos rapazes, da moças, dos
casados, dos artistas, dos pescadores, agricultores, carroceiros e motoristas, etc.
No Piauí, a maior festa religiosa da região, reverenciada ao Santo, acontece em Campo Maior.
Na Paraíba, no municipio de Fagundes, há mais de um século a conhecida Pedra de Santo Antônio é visi-
tada por turistas e romeiros de todo o Brasil, no dia 13 de Junho, que é feriado no município.
Em Santa Catarina, no município de Sombrio, são celebradas as Trezenas durante treze dias antes do
sábado que antecede a festa, com benção dos pães de Santo Antonio e feriado municipal no dia 13 de
Junho. A cidade é uma das poucas no Brasil a possuir uma relíquia do santo, trazida de Pádua (Itália) por
uma comitiva que incluiu festeiros de 2011, o prefeito municipal e o pároco.
Em São Paulo, há muitas igrejas em homenagem ao santo, e ao menos duas catedrais, em Osasco, que
guarda uma relíquia do santo, e Lins, no interior do estado.
89
Igreja e Museu Antoniano em Lisboa

Situados perto da Sé Patriarcal de Lisboa, o Museu e a Igreja Antoniana em Lisboa são o centro da de-
voção ao santo lisboeta, em especial no dia que lhe é dedicado, 13 de Junho.
O Museu Antoniano é um museu monográfico dedicado à vida e veneração do santo, exibindo, em ex-
posição permanente, objectos litúrgicos, gravuras, pinturas, cerâmicas e objectos de devoção que evocam a
vida e o culto ao santo.
O Museu fica anexo à Igreja, local onde, de acordo com a tradição, nasceu o santo. Em conjunto, esses dois
espaços constituem um dos mais importantes locais de homenagem ao mesmo.
No ano de 1995 comemorou-se o 800.º aniversário do seu nascimento, com grandes celebrações por toda a
cidade de Lisboa.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Santo_António_de_Lisboa

90
91
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Exu para Jorge Amado

Não sou preto, branco ou vermelho


Tenho as cores e formas que quiser.
Não sou o Diabo nem Santo, sou Exu!
mando e desmando,
traço e risco
faço e desfaço.
Estou e não vou
tiro e não dou.
Sou Exu.
Passo e cruzo
traço, misturo e arrasto o pé
sou reboliço e alegria
rodo, tiro e boto,
jogo e faço Fé.
Sou nuvem, vento e poeira
quando quero, homem e mulher
sou das práias, e da maré.
Ocupo todos os cantos.
Sou menino, avô, maluco até
posso ser João, Maria ou José.
Sou o ponto do cruzamento.
Durmo acordado e ronco falando
corro, grito e pulo

sou argamassa
De sonho carne e areia.
Sou gente sem bandeira,
o espelho, meu bastão.
O assento? O vento!..
Sou do mundo, nem do campo,
nem da cidade,
não tenho idade.
Recebo e respondo pelas pontas,
pelos chifres da nação
Sou Exu.
Sou agito, vida acção
Sou os cornos da lua nova
Aa barriga da rua cheia!...
Quer mais? Não dou,
Não tou mais aqui.
92
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Exu e Pomba-gira (as entidads em Umbanda)

Exu
“O guardião,
nunca deixará o devedor impune,
nem de amparar quem merece.”

Pombo-gira ou Bombo-gira
“Quem se deixar afundar no mundo dos desejos,
e beber o veneno da luxúria dos sentidos,
tornar-se-á no seu próprio escravo.”

Exu e Pomba-gira e suas falanges, são os “soldados” dos Orixás. Cada Orixá tem o seu Exu
ou Pombagira correspondente, que representa o seu pólo negativo, o seu representante ou
serviçal capaz de penetrar no baixo astral, chamado por muitos de trevas. E como cada Orixá
tem várias qualidades dependendo do seu campo de actuação, para cada qualidade diferen-
te há um Exu ou pombagira chefe de falange correspondente, que por sua vez comanda a
sua enorme falange, que se vai dividindo hierarquicamente. Costuma-se dizer que cada Exu
chefe de falange, comanda sete subchefes, que por sua vez cada um comanda mais sete, e
assim se vai multiplicando sempre por sete. Sendo os que ocupam cargos mais altos dentro
da hierarquia, os mais evoluídos, com mais luz e conhecimento, normalmente chamados
de “tronados” e “coroados” ou chefes de legiões, e os que se encontram mais abaixo, são
muitas vezes os espíritos que viviam sem luz e trevosos que foram recrutados, e lhes foi
dada a oportunidade de evoluírem servindo a luz. Muitos Exus e Pomba-giras, sejam de uma
hierarquia mais alta ou não, o são por escolha própria. Muitos optaram por servir a Luz desta
forma, mesmo tendo oportunidade de passarem a se apresentarem como caboclos ou pretos-
velhos. Mas escolhem continuar, pois o trabalho que desempenham é demasiado valioso à
luz. Os Exus e Pomba-giras actuam tanto no baixo astral como no alto astral, no baixo astral,
combatendo os espíritos trevosos e demoníacos, e são os responsáveis pela estabilidade e
equilíbrio nas trevas, sempre sob a luz da lei e da justiça divina. O alto astral como protec-
tores de todas as falanges e entidades de luz.

As pessoas que são médiuns videntes, quando os vêem Exus, conseguem ver que usam

e assustadora. Tudo isso para intimidar e amedrontar, os seres do baixo astral com que têm
de lidar.
Exu protege os encarnados dos seres demoníacos que vivem no Umbral mais denso e nega-
tivo. Exu é o braço armado de Deus nas trevas, é o polícia do astral. Por vezes, sua maneira
de actuar, pode parecer demasiado ofensiva e até maldosa, mas é necessário, pois os seres
demoniacos das trevas não entendem outra linguagem. A picada de um escorpião, é comba-
tida com o seu próprio veneno...
Exu tudo sabe, tudo ouve, tudo vê, e tudo transmite. É por isso muito procurado e apre-
ciadas suas consultas quando incorporado em seus médiuns, pois logo vai falando e tentando
arranjar solução para todos os problemas.
Sabe fazer o bem, mas conhece o mal. Serve os seus interesses, mas também o interesse
alheio. Caminha direito em caminhos tortos, caminha torto em caminhos tortos, só não ca-
minha direito em caminhos direitos.
Sendo Exu um elemento neutro, só actua de duas maneiras: ou activado pela lei maior e
actua como agente karmico; ou activado pela magia.
93
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Como agente karmico, é o responsável por esgotar o karma dos seres, actuando sempre
sobre as ordens dos amados Orixás, fazendo cumprir a lei e a justiça divina. Como agente
mágico, actua quando é oferendado ritualisticamente, por quem conhece os mistérios da
magia, actuando sempre na neutralidade, e declinando sempre as responsabilidades em
quem o activou e lhe pagou. Mas neste caso, é preciso ver que existem vários graus dentro
da hierarquia dos Exus, e quanto mais elevado o grau, mais conhecimento e luz possuem.
Sendo que só aceitam trabalhos de magia para prejudicar alguém, ou interferir no livre ar-
bitro dos seres, os Exus que têm pouco grau ou nenhum. São Exus que não têm ainda luz, e
não sabem a diferença do bem e do mal. Inclusive, na maior parte das vezes nem são Exus,
mas sim Kiumbas – espíritos caídos, do baixo astral, que se fazem passar por eles para se
saciarem com as oferendas. Os verdadeiros Exus de lei não aceitam estes trabalhos, pois têm

maior e serão castigados, despromovidos nas suas hierarquias, e atrasada sua evolução. E se
por acaso, alguém tenta activá-los magisticamente para estes trabalhos, eles se viram contra
quem os activou.
Infelizmente estes Kiumbas farsantes de Exu e Pombagira, conseguem muitas vezes pene-
trar em rituais nos terreiros de Umbanda, Candomblé e outros cultos Afro, fazendo passarem-
se pelo que não são, aumentando ainda mais a má fama de nossos irmãos Exus e Pombagiras.
Estas situações acontecem frequentemente, nas casas que não têm a protecção de Exus
de lei como deveriam. Ora porque o dirigente da casa, é um pai ou mãe de santo farsante e
a casa não tem fundamentos nenhuns, ou os que tem estão mal feitos e sem conhecimento;
ou porque a própria casa, é muito dada e ligada a magias negras, e assuntos que nada têm a
ver com a caridade e evolução espiritual.
Existem lamentavelmente, alguns casos tristes de actuações destes Kiumbas, pois conse-
guem tão astutamente enganar as pessoas, que chegam até a pedir sexo em troca de favores.
Em geral, encharcam-se em álcool, gostam de vestir-se de maneira exageradamente sensual
(quase despidos), fazem gestos obscenos e usam um baixo calão. Falam quase sempre em
sexo, e gostam de se exibir, provocar e humilhar os demais, chegando inclusive ao ponto de
exporem em frente aos outros, a vida pessoal das pessoas que vão em busca de ajuda.
É também verdade, que por vezes é necessário um Exu ou Pombagira, falar rude com o
consulente de maneira a que leve um “choque”, mas um Exu ou Pombagira de verdade, em
geral, fala só e directamente com a pessoa, procurando sempre ajudá-la, não fazendo nunca
com que se sinta pior do que já está. Outra verdade, é que por vezes, e em algumas casas,
os verdadeiros Exus e Pombagiras, deixam que os Kiumbas penetrem, criando “armadilhas”,
para depois os capturarem e encaminharem na senda da evolução, segundo a justiça divina
e a lei maior. Desmantelando em seguida esses terreiros, causando problemas, doenças, ou
outras causas que vão afastando os médiuns, deixando os dirigentes sós e a contas com a
justiça divina.
De qualquer forma, todos os seres que vivem do mal, ou fazendo mal a outros, vão ter

Convém também lembrar, e em especial aos que são médiuns ou de alguma forma estejam

luz, quem de facto gerar em si sentimentos virtuosos e tenha acções nobres. Pois caso con-

trevosos.
Os seres do baixo astral, são alimentados pelas más atitudes, maus pensamentos e senti-
mentos dos seres encarnados, ou desencarnados. Cada mal que praticam leva-os para níveis
mais baixos, provocando ainda mais revoltas. Alguns caem tanto, que perdem a consciência
-
rendas.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 94

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Em geral, considera-se que no Umbral existem sete níveis negativos, sete camadas onde
vivem e se purgam os seres trevosos. Considerando-se que as ultimas duas camadas mais
baixas, estão na total ausência de luz, e são habitadas por seres demoníacos que perderam
na totalidade a consciência humana. São estes seres que os Exus combatem principalmente,
pois vivem na maldade pura, e sempre tentando capturar para as suas hostes mais espíritos
caídos, levando a humanidade para a parte negativa.
Em outro aspecto, é Exu quem irradia nos seres a vitalidade, em especial o vigor físico e
sexual. Exu pode vitalizar, isto é, aumentar ainda mais as qualidades vibradas nos seres pelos
Orixás, ou desvitalizá-las conforme as necessidades e merecimento dos seres. Um Exu, tanto
pode punir o ser que se desvirtuou e se afastou da irradiação luminosa dos Orixás, desvitali-
zando-o e paralisando-o, esgotando o seu karma. Como o pode irradiar e vitalizar, enchendo-
o de força, de energia e vigor, caso o ser caminhe no sentido correcto da lei divina. Sempre
protegendo o ser, sem nunca interferir no seu livre-arbitrio, congratulando-se quando o seu
protegido caminha no sentido da evolução, e sofrendo sempre com as suas quedas.
A actuação dos Exus, Pombagiras e os amados Orixás, englobam tudo e todos. Não só as
religiões Afro-Brasileiras, mas todas as existentes no planeta, pois todas têm o seu pólo posi-
tivo e o negativo. Como é lógico, têm diferentes denominações, consoante as diferentes re-
ligiões, zonas e culturas, mas sempre de maneira a que possam desenvolver as suas missões,
na realidade material e nos planos subtis.

Pombagira ou Bombogira, é o Exu feminino, complemento do Exu masculino. Dos sete


Exus chefes de legião, apenas um é feminino, dai ter ocorrido uma inversão deste conceito,
dizendo que Pombagira é mulher de sete Exus, sendo por isso prostituta.
Os Exus são nossos irmãos, e já tiveram as suas encarnações como humanos. Por isso, é
perfeitamente normal que possa ocorrer, que uma ou outra, dentro das várias falanges de
Pombagiras, possa ter sido prostituta em sua última encarnação. Agora, não se pode gene-
ralizar todas por igual, apenas porque uma foi “mulher de rua”. E nem mesmo a que tenha
sido, merece que a chamem assim, pois além de ser nossa irmã, está em outro grau de evolu-
ção que nós não estamos, e trabalha em prol da humanidade. Agora, como os seres humanos
são peritos em distorcer e inverter as coisas que não entendem, facilmente encontramos
em algumas casas de culto aos Orixás, em dias de ritual de “esquerda”, médiuns femininas
completamente vestidas como prostitutas, ás vezes quase despidas. Não porque as suas Pom-
bagiras o tenham sido, mas sim pelo conceito errado que têm delas, e muitas vezes também,
para extravasarem os seus próprios desejos íntimos, impressionando os menos esclarecidos
com gracejos, malabarismos, convites imorais, e falando em baixo calão, aproveitando a
imagem já criada.
Estes médiuns, tanto femininos como masculinos, são aquele tipo de gente que é des-
provido de qualquer qualidade nobre. São pessoas sem escrúpulos, moral ou ética e que se
aproveitam da imagem distorcida de Exu e Pombagira, para exteriorizarem o seu verdadeiro

destes.
É certo que Pombagira costuma demonstrar alegria, falar como uma pessoa vivida, e dan-
çar sensualmente e gostar de usar suas roupas, algumas delas bastante sensuais.. Mas não
devem ser confundidas as coisas, pois ela lida com a sexualidade das pessoas presentes e
com o luxo, para as descarregar do excesso desse tipo de energia, e não para se exibir ou
para ser idolatrada.
A função das Pombagiras está ligada à sensualidade, tentando direccionar as energias se-
xuais dos seres para a realização e a conquista de coisas nobres.
Como complemento do vigor e vitalidade irradiados por Exu, irradia o desejo nos seres.
95
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Além de irradiar o desejo sexual necessário e equilibrado, irradia também o desejo de ter
uma vida melhor, de evolução, de prosperidade, de crescimento espiritual, e de todo o tipo
de sentimentos virtuosos e nobres.
Como qualquer Exu, são também esgotadoras do karma e conhecedoras da magia. Incorpo-
radas em seus médiuns, dão consultas e “passes”, tentando sempre ajudar quem as procura.
Ganharam infelizmente, a fama de roubarem maridos e mulheres, e destruírem casamentos

repetir novamente, quem são as entidades que aceitam esse tipo de trabalhos. Pombagira
conhece sim, o coração e os sentimentos dos humanos, podendo ajudar a resolver problemas
conjugais e sentimentais, mas sempre sem prejudicar quem quer que seja.
Tal como os Exus, usam a cor preta e vemelha. Seu simbolo é um tridente com os garfos
em curvatura. E seu dia da semana consagrado, é tal como Exu, a segunda-feira. Têm tam-
bém a função de guardiões da lei karmica. E em seus trabalhos, tal como os Exus, cortam
demandas, desfazem trabalhos e feitiços de magia negra, e ajudam nos descarregos e deso-
bsessões, retirando os espíritos obsessores e trevosos, encaminhando-os para a luz, ou para
onde possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.

Texto de Exu e Pombo-gira extraído do livro “Orixás em poesia” de Paulo Lourenço


(Ramiro de Kali) Copyright © 2008

Pretos-Velhos

Espíritos na sua maioria de escravos que depois de mortos, passaram a trabalhar na Um-

Não se pode dizer que em sua totalidade esses espíritos são diretamente os mesmos Pretos-
Velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação passaram por muitas vidas

Mas, para ajudar aqueles que necessitam escolheram ou foram escolhidos para voltar a ter-
ra em forma incorporada de Preto-Velho. Outros, nem negros foram, mas escolheram como
missão voltar nessa pseudo-forma. Outros foram até mesmo Exus, que evoluíram e tomaram
as formas de um Pretos-Velhos.
Ao incorporarem, trazem sinais característicos das tribos a que pertenciam, tribos afri-
canas. Os Pretos-velhos são nossos Guias e/ou Protetores. Usam branco ou preto e branco
e cores normalte das linhas com que trabalham, alguns também trabalham com panos de
padrões africanos. Em relação ao Branco e preo e branco são usadas porque, sendo os Pretos-
Velhos almas de escravos, lembram que eles só podiam andar de branco ou xadrez preto e
branco, em sua maioria. Temos também a Guia de lágrimas de Nossa Senhora, semente cinza
com uma palha dentro. Essa Guia vem dos tempos dos cativeiros, porque era o material mais
fácil de se encontrar na época dos escravos, cuja planta era encontrada em quase todos os
lugares. Muita vezes esta guia é pedida em forma de terço ou rosário, consuante os misté-
rios, pois como sabem foi impostos aos negros a religião católica e estes acaram por adotar
trabalhar com esta conjunção.
O termo “Velho”, “Vovô” e “Vovó” ou Pai e Mãe é para sinalizar a sua experiência, pois
quando pensamos em alguém mais velho, como um vovô ou uma vovó subentendemos que
essa pessoa já tenha vivido mais tempo, adquirindo assim mais sabedoria, paciência e com-
preensão. É baseado nesses fatores que as pessoas mais velhas aconselham. No mundo espi-
riitual é bastante semelhante, a grande característica dessa linha é o conselho. É devido a
esse fator que carinhosamente dizemos que são os “Psicólogos da Umbanda”.
96
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Mas muitas vezes um preto-velho pode dizer que não é avô, mesmo que tenha vivido até
aos 81 anos, diz que é pai, ou quer ser chamado de pai, porque na sua encarnação como
escravo não chegou a ser avô.
Eles representam a humildade, a força de vontade, a resignação, a sabedoria, o amor e a
caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam: curam, ensinam,
educam pessoas e espíritos sem luz. Não têm raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e
torturas a que foram submetidos no passado. Com seus cachimbos, fala pausada e caraterís-
tica da sua tribo, tranquilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam,
independentes de sua cor, idade, sexo e de religião. São extremamente pacientes com os

Todos os Pretos-Velhos são da linha (ou vibração) das almas, chamada também de linha de
Yorimá, mas cada um vem na irradiação de um orixá.
O dia em que a Umbanda homenageia os Pretos-Velhos é 13 de maio, que é a data em que
foi assinada a Lei Áurea (libertação dos escravos).

Caboclos

São os nossos amados Caboclos os legítimos representantes da Umbanda, eles se dividem


em diversas tribos, de diversos lugares formando aldeias, eles vem de todos os lugares para
nos trazer paz e saúde, pois através de seus passes, de suas ervas santas conseguem curar
diversos males materiais e espirituais. Existem falanges de caçadores, de guerreiros, de fei-
ticeiros, de justiceiros; são eles trabalhadores de Umbanda e chefes de terreiros.
Os Caboclos, de acordo, com planos pré-estabelecidos na Espiritualidade Maior, chegam
até nós com alta e sublime missão de desempenhar tarefa da mais alta importância, por
serem espíritos muito adiantados, esclarecidos e caridosos. Espíritos que foram médicos na
-
ciais, os Caboclos vêm auxiliar na caridade do dia a dia aos nossos irmãos enfermos, quer es-
piritualmente, quer materialmente. Por essas razões, na maior parte dos casos, os Caboclos
são escolhidos por Oxalá para serem os Guias-Chefes dos médiuns, ou melhor, representar
o Orixá de cabeça do médium Umbandista (em alguns casos os Pretos-Velhos assumem esse
papel).
A denominação “caboclo” embora comumente designe o mestiço de branco com índio,

antes e depois do descobrimento e da miscigenação.


Quando Incorporados, fumam charutos ou cigarrilhas, costumam usar durante as giras,
-
mitiva de ser, dessa forma mostram através de suas danças muita beleza, própria dessa linha.
Seus “brados”, que fazem parte de uma linguagem comum entre eles, representam quase
uma “senha” entre eles. Cumprimentos e despedidas são feitas usando esses sons.
Todos os caboclos são das Linhas de Oxossi, Ogum e Xangô mas mas cada um vem na irra-
diação de um orixá. Exemplo: seu Pena Branca, é caboclo da linha de oxossi mas trabalha ao
serviço de Oxalá.
O dia em que a Umbanda homenageia os Caboclos é no mesmo dia do orixá da sua linha
directa.

Caboclas

As caboclaras têm as memas característica de trabalho que os caboclos, mas normalmente


são mais alegres e mais suaves nas suas falas.
97
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dosCurso
Primeiro Palmares
de Umbanda • 6

Mas todas as caboclas são das Linhas das Senhoras, quase todas vêm na irradiação de um
orixá femenino. Exemplo: seu Caboclara Iara, é cabocla da linha de Yemanjá mas trabalha
ao serviço de Ogum.

Caboclas d’Água

O mesmo que as caboclas com a diferença que vêm directamente na linha de um orixá
femenino e nas suas incorporações trazem traços e movimentos dos próprio orixá.

Boiadeiros

São espíritos de pessoas, que em vida trabalharam com o gado, estas entidades trabalham
da mesma forma que os Caboclos nas sessões de Umbanda. Usam de canções antigas, que
expressam o trabalho com o gado e a vida simples das fazendas, nos ensinando a força que
o trabalho tem e passando, como ensinamento, que o principal elemento da sua magia é a
força de vontade, fazendo assim que consigamos uma vida melhor e farta.
Existe também o Caboclo Boiadeiro que normalmente se apresenta nas giras de caboclos.
No Terreiro os Boiadeiros vêm “descendo em seus aparelhos” como estivessem laçando

seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o


terreiro e as pessoas da assistência. Fumam cigarro, cigarro de palha e charutos. Alguns usam
chapéus de boiadeiro, laços, jalecos de couro, calças de bombachas, e tem alguns, que até
tocam berrantes em seus trabalhos.
Os Boiadeiros são da linha de Ogum com irradiação de Yansã (o xicote= o laço), são opti-
mos para a abertura de caminhos e para problemas de bens materiais. A linha dos Boiadeiras
encontra-se nas Linhas terceiras de trabalho na Umbanda, visto que as primeiras são os ori-
xás, as segundas os caboclos e pretos-velhos.
Os médiuns podem ter um Boiadeiro de frente.

Os Marinheiros

Aos poucos eles desembarcam de seus navios da calunga grande e chegam em Terra. Com
suas gargalhadas, abraços e apertos de mão. São os marujos que vêm chegando para traba-
lhar nas ondas do mar. Os Marinheiros são homens e mulheres que navegaram e se relaciona-
ram com o mar.
Os Marinheiros trabalham na linha de Iemanjá, e trazem uma mensagem de esperança e
muita força, nos dizendo que se pode lutar e desbravar o desconhecido, do nosso interior ou
do, em grupo.
Seu trabalho é realizado em descarrego, consultas, passes, no desenvolvimento dos mé-
diuns e em outros trabalhos que possam envolver demandas. Em muito, seu trabalho é pare-
cido com o dos Exus.
São muito brincalhões e normalmente bebem muito durante os trabalhos, por esse motivo
a sua evocação não é muito frequente.
Vêm com seus bonés, calças, camisa e jaleco, em cores brancas de marinheiros e azul
marinho de capitães de barco. Nunca se oferece a eles conchas, estrelas do mar ou outros
objetos do mar, pois como Marinheiros que são, consideram que ter objetos pertenecentes
ao mar traz má sorte, a exceçao dos búzios (que não consideram como adornos, e sim como
98
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

símbolo de dinheiro). A marujada coloca seus bonés e, enquanto trabalham, cantam, bebem
e fumam. Bebem Whisky, Vodka, Vinho, Cachaça, e mais o que tiver de bom gosto. Fumam
charuto, cigarro, cigarrilha e outros fumos diversos. Caminham balançando-se de um lado
para o outro, como se estivessem mareados.
As mulheres deste povo representam as mulheres que trabalham nas cercanias dos por-
tos exercendo a prostituição e servindo bebidas nos bares, onde se juntavam para beber
os Marinheiros, Malandros e Ciganos, realizando seus negócios e muitas vezes comprando o
contrabando trazido nos barcos.
Os trabalhos para os Merinheiros devem ser feitos antes das 22h. Trabalham na cura da
matéria.

Ciganos

Esta linha de trabalhos espiritual já é muito antiga dentro da Umbanda. Assim, numerosas
correntes ciganas estão a serviço do mundo imaterial e carregam como seus sustentadores
e dirigentes aqueles espíritos mais evoluídos e antigos dentro da ordem de aprendizado,
preservando os costumes como forma de trabalho e respeito, facilitando a possibilidade de
ampliar suas correntes com seus companheiros desencarnados e que buscam no universo
astral seu paradeiro.
Existe uma argumentação de que espíritos ciganos não deveriam falar por não ciganos, ou

seu povo. Isso é totalmente descabido e está em desarranjo total com os ensinamentos da
espiritualidade e sua doutrina evangélica, limitações que se pretende implantar com essa

nossas diminutas limitações e desinformação, fato que levaria grande prepotência discrimi-
natória.
Agem no plano da saúde, do amor e do conhecimento, suportam princípios magísticos e
tem um tratamento todo especial e diferenciado de outras correntes e falanges. Ao contrário
do que se pensa os espíritos ciganos reinam em suas correntes preferencialmente dentro do
plano da luz e positivo, não trabalhando a serviço do mal e trazendo uma contribuição ines-
gotável aos Homens, claro que dentro do critério de merecimento.
Trabalham dentro da parte espiritual da Umbanda com uma vibração oriental, mas na
irradiação de Xangô, com seus trajes típicos e graciosos, com sua cultura de adivinhações
através das cartas, leituras das mãos, numerologia, bola de cristal e as runas.
Os ciganos usam muitas cores em seus trabalhos, mas cada cigano tem sua cor de vibração

grandes mestre no equilibrio material e espiritual.

Baianos

Os Baianos representa a força do fragilizado, o que sofreu e aprendeu na “escola da vida”


e, portanto, pode ajudar as pessoas, com conselhos para os problemas do dia-a-dia.
Conhecem de tudo um pouco, inclusive a Quimbanda, por isso podem trabalhar tanto na
direita quanto na esquerda, desfazendo magias.
Nas giras eles se apresentam com forte traço regionalista, principalmente em seu modo
de falar cantado (tradional do povo da Baía), diferente, eles são “do tipo que não levam
desaforo pra casa”, possuem uma capacidade de ouvir e aconselhar, conversando bastante,
falando baixo e mansamente, são carinhosos e passam segurança ao consulente que tem fé. A
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 99

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Entidade pode vir na linha de Baianos e não ser necessariamente da Bahia, da mesma forma
que na linha das crianças nem todas as entidades são realmente crianças.
Os Baianos são das mais humanas entidades dentro do terreiro, por falar e sentir a maioria
dos sentimentos dos seus consulentes, as vezes comparados a esquerda por serem directos.
São dotadas de grande energia e alegria.
Os Baianos trabalham nas linha de Oxum e pode-se ter um Baiano de frente.

Criançãs

Por força de expressão, também chamadas de “beijada”, “Ibejis”, “Erês”, “Cosminhos”


ou, o que é o mais correto, simplesmente crianças. Muito temos a aprender com as Crian-
ças na Umbanda, “se todos tivessem olhos de Crianças não haveriam mais guerras”, “Se nos
permitirmos ser mais crianças, em nosso dia-a-dia, seriamos muito mais alegres”, “A pureza
das Crianças é cor em nossas vidas”, “O Reino dos Céus pertence às Crianças, aos puros de
coração”, “Quando as Crianças estão em terra tudo vira arco-íris” e etc.
Muitas Crianças que incorporam na Umbanda são encantados que nunca encarnaram, ou-
tras encarnaram apenas uma vez. Estão mais ligadas ao plano encantado da natureza do que
ao natural humano, Crianças vibram as forças da natureza de forma sutil, mas de forma in-
tensa, assim umas são das cachoeiras, outras das praias, do mar, das pedreiras, das matas…
Quando incorporadas elas vibram, o tempo todo, a energia encantada do reino a que estão
ligadas, basta entrar na sua sintonia infantil, brincando e comendo doces, que acontece toda
uma limpeza espiritual.
Muitas trabalham acompanhando de perto a nossa infância, enquanto somos crianças elas

pelas mesmas.
As criançãs trabalham na linha de Nanã, ajudam no equilibrio mental.

Povo do Oriente

Ela é composta por inúmeras entidades, classi riamente


de origem oriental. Apesar disso, muitos espíritos desta Linha podem apresentar-se como
caboclos ou pretos-velhos.
Esta Linha procurou abrigar as mais diversas entidades, que a princípio năo se encaixavam
na matriz formadora da umbanda (índio, portuguęs e africano).
01 - Falange dos Indianos:
Espíritos de antigos sacerdotes, mestres, yogues e etc. Um de seus mais conhecidos inte-
grantes é Ramatis.
02 - Falange dos Árabes e Turcos:
Espíritos de mouros, guerreiros nômades do deserto (tuaregs), sábios marroquinos, etc...
A maioria é muçulmana. Uma Legiăo está composta de rabinos, cabalistas e mestres judeus
que ensinam dentro da Umbanda a misteriosa Cabala. .
03 - Falange dos Chineses, Mongóis e outros Povos do Oriente:
Espíritos de chineses, tibetanos, japoneses, mongóis, etc. Curiosamente, uma Legiăo está
integrada por espíritos de origem esquimó, que trabalham muito bem no desmanche de de-
mandas e feitiços de magia negra.
100
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

04 - Falange dos Egípcios:


Espíritos de antigos sacerdotes, sacerdotisas e magos de origem egípcia antiga.
O5 - Falange dos Maias, Toltecas, Astecas e Incas:
Espíritos de xamăs, chefes e guerreiros destes povos.
06 - Falange dos Europeus:
Năo săo propriamente do Oriente, mas integram esta Linha que é bastante sincrética.
Espíritos de sábios, magos, mestres e velhos guerreiros de origem européia: romanos, gau-
leses, ingleses, escandinavos, etc.
07 - Falange dos Médicos e Sábios:
Os espíritos desta Falange săo especializados na arte da cura, que é integrada por médicos
e terapeutas de diversas origens.
O Povo do Oriente trabanha na linha de Oxalá, na linha da cura, paz, amor e evolução
espiritual.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 101

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Como tirar o axé (grande energia) do ponto de froça do orixás

Como foi descrito anteriormente, cada orixá tem o seu ponto de força, todos nós pode-
mos retirar destes pontos a sua energia mediante a nossa necessidade e consuante o que

nós somos constrituidos por todos os orixás, em maior ou menor percentagem consuante a
apendizagem que temos de fazer na presente encarnação.

Para se retirar esse axé basta colocarmo-nos em pé, com os braços ao longo do corpo e
as palmas das mãos viradas para baixo, para o solo. Nenhuma parte do corpo pode estar
cruzada. Fechamos os olhos e imaginamos que temos raízes a partir dos nossos pés, raízes
que perfuram o solo e se expandem. Imaginamos essas raízes a absorver as energias que pre-
tendemos, tal como as raízes de uma árvore absorve a água contida no solo fertil, até que

memas, repletos de sua força.


Podemos também acender uma vela correspondente a esse ponto de energia e imaginar-
mos nesse ponto como se nosso corpo lá estivesse, e fazemos o mesmo execício anterior. Por
exemplo para quem está longe da praia e do mar, imagina que está a recolher e armazenar
o axé de Yemanjá.
Podemos ainda juntar as duas técnicas, que será o ideal.

Velas, ervas, etc.

Antes de se acender qualquer vela temos de pedir licença a oxossi, pois o material usado
para esta é retirado de suas matas, normalmente as de resina.
Tal como sempre que colhemos ervas para os nossos banhos devemos saudar e pedir licen-
ça a Ossain e Oxossi, as quais depois devemos devolver a agradecer pelas mesmas.
Isto aplica-se em tudo, pois ser umbandista é também ser defensor da natureza, tal como
os ambientalistas, e como é ela que nos dá alimento, vestir, etc., devemos saudar e agra-
decer.
É muito comum após um trovão saudarmos Yansã.
Tudo isto é uma aprendizagem que nos vais criando bons habitos e também um certo con-
vívio com os orixás, uma aproximação.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 102
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Caminhos de um médium (linhas Kármicas)

Linha kámica de:

Oxalá — Tem de passar o conhecimento a todos, todos os pais ou mães de uma casa branca
de umbanda têm esta linha kármica.

Abaluaiê — Tem de enfrentar as doenças e ultrapassar os seus medos.

Yansã — Tem de ter mais calma na sua vida, tem de se controlar e ouvir os outros.

Yemanjá — Tem de saber se abstrair da matéria, dos bens materiais.

Nanã — Tem medo de falar, de comunicar com as pessoas, tem de se soltar mais.

Ogum — Nesta vida tem de andar na linha, na lei.

Omulu — Tem de se tornar indepente, tem de se soltar.

Oxum — Tem de guardar mais os seus sentimentos, não expor tanto a sua vida.

Oxumaré — ?????

Ossayn — ??????

Oxossi — Noutra vida desvalorizou a sabedoria, nesta vida tem de a recinhecer.

Xangô — Foi uma pessoa que sempre foi pisada, tem de se por no seu lugar sem se deixar
pisar.

Loiças, guias, roupas, materiais das entidades, etc.

Nos rituais de Umbanda é usada loiça, tanto para oferendar comidas e bebidas, como para

foi destinado, não se deve usar um prato para oferenda de comida a um orixá ou entidade e
depois usá-lo no nosso dia-a-dia para comermos.
Por exemplo, Quando fazemos a vela ao nosso Anjo da Guarda, esse prato ou recipiente,
deve ser só para isso, não deve voltar para a cozinha e servimos uma sobremesa nele. É claro
que se tiver que fazer uma velha para Xangô, não precisa de ir comprar outro prato, usa o do
Anjo da Guarda, mesmo assim devia-se ter um só para ele.
Todos os objectos, sejam eles loiças, guias, copos, etc., adquirem a energia sujeita ao seu
uso e maneio. É por isso que se deve separar.
Outro exemplo é as loiças de esquerda devem ser diferentes das de direita, pois a energia
de esquerda compativel mas diferente das de direita.
Tal como as guias, e maneriais das entidades de esquerda devem estar guardados sepa-
radamente dos de direita, especialmente as guias, senão cada vez que as entidades vêem
trabalhar têm sempre que limpar as guias em primeiro.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 103

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Todos os materiais devem estar bem guardados no nosso peji em casa.


As loiças de orefenda de comida ao orixá, chamada também de loiças de santo, devem ser
só para esse efeito também.

As roupas brancas de santo devem ser lavadas todas as semanas antes da nova gira, pelo
memo motivo. Se foi uma gira de Preto-Velho e a próxima é de caboclo, voltamos ao mesmo,
as energias são compativéis mas diferentes, e ao lavarmos estamos a ajudar o trabalho da
entidade que assim só terá que impregnar estas com as suas energias.
As roupas, bejutarias, etc. de esquerda também devem ser só para a gira de esquerda, não
para uso quotidiano, a menos que a entidade tenha emprestado, sim emprestado, pois apatir
do momento que é colocada a roupa a gira de esquerda para a ser das entidades e não nossa.

Casca da árvore do eucalipto, 7 folhas de mandela ou em substituição de arruda e uma


espada de São Jorge cortada em 7 pedaços. Tomar o banho e acender uma vela ao seu Pai
Ogum, pedindo licença a oxossi.

Banho de Oxossi para médiuns


Banho para quem tem dores de cabeça e/ou costas e só pode ser tomado por médiuns

3 folhas de eucalipto, 7 colheres de mel e 7 folhas de guiné. Vai tudo a ferver, após ebuli-
ção junta-se 7 copos de água, não se pode misturar mais água nenhuma, esperar que esteja
à temperatura do corpo, joga-se do pescoço para baixo limpa-se com toalha branca.
Depois do banho acende-se uma vela para Oxossi.

Protecção de Oxossi para casa

1 copo, 7 folhas de eucalipto, 7 folhas de hortelã, 7 pés de arruda, 7 pés de alecrim, 7


colheres de mel e uma vela de Oxossi.
Coloca-se tudo dentro de um copo com a vela ao centro, coloca-se mais ou menos no cen-
tro da casa, a vibração de oxossi desce e limpa a casa.

Pode ser feito por qualquer pessoa.

O que uma entidade nunca faz

— Entidades de direita não falam aneiras, palavrões ou coisas sem sentido nenhum (bes-
teiras)

— Nenhuma entidade fala ao telemóvel, nem contacta com aparelhos que liguem à elec-
tricidade.

— Quando se pergunta o nome à entidade, ela nunca diz “não sei”, ou não fala porque está
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 104

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

— Pode haver no mesmo terreiro entidades com o mesmo nome mas de linhas diferentes.

— A direita trabalha com vela de todas as cores, excepto a vermelha, vermelha e preta ou
pretas.

— A esquerda nunca trabalha com velas brancas a não ser que as consagre com pemba
vermelha.

primeiro, porém fora do círculo podem desenhar as linhas com que trabalham. Em contapar-
tida, quando estão a fazer um trabalho podem desenhar pontos sem círculo, mas isso é um
trabalho e não um ponto.

— Quando um médium está incorporado e bébe, a entidade leva tudo, se houver interfe-
rência do médium ele vomita. O médium também poderá vomitar se a entidade que tiver in-

— Uma entidade nunca pede uma guia igual à de outra entidade.

— Todos os médiuns têm de ter um inam para atrair conhecimento, nenhum médium pode
ter a pretenção de que já sabe tudo.

Ensinamentos de D. Maria Padilha das Almas

O Poder do Amor

O amor é a única força que evolui todas as outras, com amor se faz tudo, sem amor não
se faz nada.

Tudo neste mundo se acenta em cima do amor.

A maior prova de amor foi a de Jesus Cristo.

A igualdade do sexos

O homem é igual à mulher, quando Deus criou a mulher colocou-a ao lado do homem, nem
à frente nem a tráz, mas sim ao lado.

Uma mulher tem de estar sempre arranjada, aceitar-se como é, mais gorda, mais magra,
mais baixa, mais alta, não importa. Uma mulher é uma mulher e têm de aceitar-se como é,
sem tentar alterar a sua essência.
105

Piada?

Um Pai-de-Santo, para definir bem a influência dos


orixás nas pessoas contou uma história:

Simulemos um facto: imaginem duas pessoas numa


briga.
• Passa um filho de Ogum, ou ele passa directo e nem
olha, ou já vai se meter na briga.
• Um filho de Xangô pára, fica olhando, e já começa a
reclamar. Coitado do baixinho! Por que será esta briga?
Acho que aquele alto não tem razão. E pior, nem sabe
brigar. É um fraco. E fica questionando.
• Um filho de Oxóssi pára, senta no chão e, rindo, fica
assistindo e se deleitando com a briga.
• Uma filha de Yemanjá chamaria os dois, colocaria
suas cabeças em seu colo e os acalmaria recomendando
paz.
• Uma filha de Iansã já reclamaria e chamaria a polí-
cia.

Alguém perguntou:
— E uma filha de Oxum, que faria?
Ele Respondeu:
— Nada, e nem poderia. Os dois estavam brigando por
causa dela.
106
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Dicionário de Umbanda
A

Abadá — é o nome dado a uma túnica larga e de mangas compridas, usada nos terreiros pelos
homens.
Abará — comida dos pretos africanos como seja bolo de feijão, que vem enrolando em folha
de bananeira.
Abedê — é o leque de oxum, quando feito de latão.
Abrir a gira
Acaçá — comida originária da áfrica, com aparência de bolo de angu de arroz.
Acarajé — comida de santo feita na base de feijão fradinho com pimenta malagueta e outros
temperos. Comida de Yansã.
Adarrum — é o toque feito seguidamente pelos atabaques quando da invocação dos proteto-
res para incorporarem nos mediuns.
Adejá — é uma campainha (sino) usada nas cerimônias de terreiro.
Agô
perdão e proteção pelo que se está fazendo.
Aiuká — fundo do mar. Também se diz os domínios de Yemanjá.
Ajucá — é a festa da cabocla jurema entre os capangueiros. Nessa festa há defumações no
-

Aldeia — povoado de índios. Tratando-se de terreiros, esta palavra quer dizer a moradia dos
espíritos de caboclos na aruanda.
Alguidar — bacia de barro usada para entregas, ascender velas, deposito de banhos, entrega
de comidas e defumação.
Amaci — líquido preparado com o suco de diversas plantas, não cozidas, e que tem muita

“lavagem de cabeça”.
Amaci—ni—ory — cerimonia da lavagem (feitura) de cabeça dos mediuns (ritual de alguem
que passa a mãe ou pai espíritual).
Amalá — comida de santo. Também se denomina a todo ritual que o umbandista ao manipu-
lar alimento deve dispensar atenção, amor e especial carinho, fazendo por com-
pleto a homenagem ao orixá.
Amarrado
e seus negócios, ou amarrado a alguém.
Amuleto -

madeira, metal, pano, etc.


Aparelho — Designa a pessoa que serve de suporte para a “descida” do orixá ou da entidade
do médium.
Aruanda
que é criador de todos os mundos e de todas as coisas. Plano espiritual elevado.
Assentamento de orixá — é o lugar onde é colocada a representação de orixá, ou do seu
fetiche, ponto riscado, etc.
Assento — termo utilizado para um local preparado para um orixá ou exu. Santuário exclu-
sivo.
Axé — é a força mágica do terreiro representada pelo segredo composto de diversos objetos
pertencentes as linhas e falanges. Força bendita e divina.
107
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Azê — capuz de palha. Ornamento da roupa de omulu


Azeite-de-dendê — óleo bahiano e africano extraíado do dendezeiro, sendo muito utilizado
na culinária dos orixás. Óleo de palma.

Babá
sentido de pai, compõe o nome de diferentes sacerdotes: Babalorixá; Babaojê;
Babalaô; Babalossain; etc. Chefe feminino nos templos de umbanda; títulos de
Orixá nos candomblés.
Baixar — termo que quer dizer incorporação das entidades/orixás nos médiuns. Esse termo
designia que toda entidade que vem do céu, ou seja, de aruanda, baixe do céu
para a terra.
Banda — termo utilizado para dizer em qual linhagem está ligado a entidade.
Barracão -
cipal do terreiro.
Bastão-de-ogum — espécie vegetal de espada-de-são-jorge.
Bater-cabeça — ritual que quer dizer cumprimentar respeitosamente e humildemente. Con-
siste em abaixar-se aos pés do congar(altar) ou a uma entidade espiritual e tocar
sua cabeça ao chão, aos seus pés. Representa respeito e humildade.
Beja — cerveja branca.
Betulé — machado feito de pedra e de bambú para designação de xangô.
Bombo-gira — o mesmo que exu pomba-gira. Denominação de pomba-gira em congo.
Burro — Termo usado pelos exus incorporados para designar o médium.

Cabaça — vaso feito do fruto maduro do cabaceiro depois de esvaziado o miolo. Utilizado
também como moringa de bebida (água), particularmente pelos caboclos.
Cabeça-feita — denominação do médium desenvolvido e que já foi cruzado no terreiro,

Calunga — cemitério
Calunga grande — oceano, mar.
Cambono ou cambone — auxiliar de médiuns de incorporação. Todos somos cambones.
O cambone é o médium que teve ou não o necessário desenvolvimento para poder
auxiliar e entender os guias nas necessidades das sessões. Auxiliar de culto.
Canjira — lugar onde são realizados algumas danças religiosas.
Canzuá ou cazuá — terreiro, casa, tenda espiritual, local, casa de cada pessoa.
Capangueiro — Termo usado no sentido de companheiro.
Carregado — pessoa que está com má vibrações espirituais, o que é demonstrado por mal-
estar, medo sem causa, etc.
Caruruto — Charuto.
Casa das Almas — pequeno cômodo para as velas em louvor e encaminhamento da almas.
Cavalo — médium dos guias de umbanda.
Centro — terreiro, tenda de umbanda, cazuá.
Chefe de cabeça — é um dos nomes como é designado o guia-chefe do médium de terreiro.
Chefe de Terreiro — mesmo que dirigente espiritual.
Coisa feita -
tiço, bruxaria.
Congar ou Congá — altar, pegi.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 108

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Consulta — cerimônia dos clientes para resolver seus problemas.


Compadre — esignação para Exu, muito usado na linha dos malandros e povo de rua.
Corpo fechado
pode trazer o mal a pessoa que tem o corpo fechado.
Corredor de giras -
misso espiritual com nenhum deles.
Curimba — conjunto de instrumentos musicais do terreiro. Os instrumentos que compõe uma
curimba pode ser atabaques, tambor, agogôs, chocalhos, berimbau, violões, etc.
Curimba é a orquestra de um terreiro. Também incluí o ponto cantado.

D
Dandá — vegetal, espécie de capim, que exsuda um odor, muito usado em trabalhos, como
banho e defumações em ritual de umbanda. Usarmente Dandá da Costa.
Dar Firmeza ao Terreiro — riscar ponto na porteira, sob o altar, defumar, cantar pontos,
etc. São feitas antes de uma sessão, para afastar ou impedir a entrada de más

Dar Passagem — Acto do guia deixar o médium para que outra entidade nele se incorpore.
Dar comida ao santo — quer dizer o oferecimento de alimentos aos orixás, seja como parte
do ritual, como pagamento de algum favor recebido.
Demanda
Descarregar ou descarrego
das vezes feito pela entidades.
Descida ou descer — quando as entidades espirituais vão incorporar no médium.
Desmache — espécie de muleta usada em alguns terreiros como instrumento de xangô
Desmanchar trabalhos — é tornar livre uma pessoa dos efeitos de trabalho de enfeitiçamen-

Desenvolvimento — aprendizagem dos iniciados para melhorar a sua capacidade mediúni-

transe, etc.
Despachar — colocar, arriar em local determinado pelas entidades – guias, os restos de ofe-
rendas.
Despacho
vontade, para que a cerimônia a ser feita, não seja perturbada... Oferenda a exu

preparadas para gira, etc.


Dia de obrigação — é o dia de sessão quando os médiuns e os consulentes observam cer-
tos actos do ritual umbandista e cumprem tudo quanto lhes é determinado pelos
guias.
Dilonga — prato que representa uma das ferramentas, ou melhor, um dos utensílios de ogum.

E
Ebi — serpente que é representada por um ferro retorcido, fazendo parte da ferramenta de
xangô, colocada junto com o machado.
Ebiangô — planta muito usada pelos negros em amuletos e que é tida como portadora de

Ebiri — símbolo de oxumaré.


Ebô — despacho. Presente para exu. Oferta que se oferece em encruzilhadas ou em
qualquer outro local.
109
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Ebó — líquido com vários vegetais não fermentados, sendo preparado para diversos casos:
banhos, banhos para a cabeça, limpeza de ambiente, etc. Cada ebó tem um pre-
paro diferente para cada situação diferente. Antes de ser usado, é benzido (cru-
zado) por um guia, o qual muitas vezes so benze as ervas para a sua utilização.
Eguns — espíritos desencarnados. Almas.
Eledá — anjo da guarda
Encantado — espírito que nunca encarnou no planeta Terra.
Encarnação — Acto de vir um espírito à vida terrestre, tomando um corpo.
Encosto — espírito que consciente ou inconsciente, aproxima-se da pessoas vivas, preju-
dicando em diversos setores da sua vida (econômica, saúde, pessoal, familiar,
amorosa).
Encruza — local onde habitam os exus e pomba-giras; é o cruzamento dos caminhos, vias
férreas, ruas, etc. Existe vário tipo de encruzas para cada linha de trabalho de
esquerda.
Encruzar — ritual umbandista, muitas vezes executado pelas entidades mas pode ser o chefe
de terreiro, consistindo em fazer uma cruz com a pemba na nuca, na palma da
mão, na testa do médium e na sola ou planta dos pés. Isso fecharia o corpo do

Entidades — seres espirituais na umbanda.


Espírito de Luz — espírito muito desenvolvido, é superior, é puro.
Erê — espírito infantil. Criança
Eró — segredos e ensinamentos revelados aos médiuns no terreiro em seu desenvolvimento.
Eruexim — rabo de cavalo, espécie de espanador usado por iansã

Falange — O mesmo que legião, conjunto de seres espirituais que trabalham dentro de uma
mesma corrente (linha). Subdivisão das linhas de umbanda, cada uma com suas

Falangeiro — chefe de falange. Guia chefe.


Fazer ossê — cerimonia semanal que consiste no oferecimento de alimento e/ou bebida
preferida dos orixás.
Fechar a gira — encerrar os trabalhos no terreiro.
Fechar a tronqueira — acto de defumar e cruzar o terreiro — os quatro cantos do terreiro —
evitando que espíritos perturbadores ou zombeteiros atrapalhem o culto.
Feito — é o médium desenvolvido.
Filho de fé — denominação para adeptos da umbanda.
— médium que se submeteu a doutrina e todo ritual.
Firmar a porteira — é a segurança para os trabalhos da sessão que será realizada. Esse tra-
balho pode ser simbolizado por um ponto riscado na tronqueira, uma vela acesa,
conforme critério do guia chefe do terreiro.
Firmar Anjo da Guarda — fortalecer por meio de rituais especiais e oferendas de comida
votivas ao anjo da guarda do médium.
Firmar o ponto — concentração coletiva que se consegue cantando um ponto puxado pelo

seu ponto cantado e/ou riscado, como prova de identidade.


Firmeza — Palavra usada em muito contexto. O mesmo que segurança, conjunto de objetos
110
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

com força mística (axé); que enterrados no chão protegem um terreiro e consti-

Fluídos — emanações positivas ou negativas, das forças cósmicas que podem ser manejadas
por agentes espirituais para o bem ou para o mal.
Fundamentos — Leis de umbanda, suas crenças.
Fundanga — pólvora, normalmente é uma defumação com pólvora usada pelas entidades de
esquerda.

G
Garrafada — remédio preparado por pai/mae espiritual ou entidade, o qual consiste numa
maceração de vegetais em aguardente. A preparação dos ingredientes são pura-
mente naturais.
Gira — corrente espiritual. Caminho. Sessão religiosa, com cânticos e danças para cultuar as
entidades espirituais.
Gongá — o mesmo que congar. Altar dos santos católicos e orixás africanos.
Guia — conta de miçangas ou de cristal ou mesmo de porcelana, da cor especial do orixá ou

preto—velho, caboclo, baiano, boiadeiro ou marinheiro, etc.


Guia de Cabeça — orixá ou entidade principal do médium, seu protetor, responsável pela
caminhada terrena do médium.
Guia de frente ou entidade de frente — o mesmo que guia de cabeça.

Halo — luminosidade que envolve um espírito de grande elevação.


Homem das encruzilhadas ou homem de rua — exu.

Iorubás — negros africanos que falam a linguagem nagô.


Incorporação — transe, possessão mediúnica.
Incorporar — entrar em transe “receber” a entidade.
Ir para a roda — uma frase que traduz o desenvolvimento da mediunidade na corrente.

Jaculatória — oração curta. Reza resumida e fervorosa.


Jacutá — denominação de altar. Casa do santo.
Jurema
espiritualmente.

Karma — é a consequência de vidas passadas, as quais dirigem a presente e organizam as


futuras encarnações.
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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Kibanda, kimbanda ou Kiumbanda

como culto de magia negra, neles trabalham exus-zombeteiros, espíritos vinga-

ligados ao lado material.


Kiumba

Lágrimas de nossa senhora — além do capim e da miçanga, assim também são conhecidas as
contas de semente dessa planta para confecção de terços, guias e outros objetos.
Lavagem de cabeça — a lavagem de cabeça é feita derramando-se o amaci (banho prepa-
rado especialmente para essa cerimônia) sobre a cabeça do médium, enquanto se
entoa um ponto de caboclo. É também banhos de cabeça feito ou passados pelas
entidades consuante a necessidade do médium ou consulente.
Legião — exercício de seres espirituais, o mesmo que falange. Conjunto de seres espirituais
de grande evolução, conjunto de espíritos elementares (exus) em evolução.
Lei da Umbanda — a crença da umbanda e seus rituais.
Linha — faixa de vibração, dentro da corrente vibratória espiritual. Conjunto de falanges
e que se subdivide uma faixa vibratória. Conjunto de representações (corporal,
dança, cores, símbolos) e rituais (comidas, bebidas, dia da semana), etc.; de cada
orixá ou entidade. Conjunto de cerimônias rituais de determinado tipo. Ex. linha
de umbanda, linha branca, etc.
Linha cruzada — Tem várias utilizações este termo. É quando se unem duas ou mais linhas
-
mento se dá com um guia da direita com um da esquerda. Para linhas de trabalho
das entidades, etc.
Linha das Almas — corrente vibratória que congrega os espíritos evoluídos de antigos escra-

M
Macaia — folhas sagradas. Local das matas.
Macumba — termo antigo que se denominava aos cultos dos escravos nas senzalas. Depois
esse termo passou a ser vulgar e tornou-se como feitiço ou culto de feiticeiros.
Termo muito usados pela linha de pretos-velhos. Nome que os leigos usam para
denegrir a umbanda.
Macumbado — enfeitiçado.
Madrinha — o mesmo que dirigente espiritual. Termo utilizado na Umbanda para designar à
Entidade Espiritual e/ou Médium que foi escolhido por um Filho de Fé para batizá-
lo.
Mãe d´água — Yemanjá.
Mãe de santo — médium feminino chefe ou dirigente de terreiro, babá.
Mãe pequena — médium feminina desenvolvida e que substitui o dirigente espíritual e futura
mãe espíritual.
Maleme ou maleime — pedido de socorro, de clemencia, de auxilo ou ajuda, de misericór-
dia.
Mandinga — feitiço, encantamento, também praga rogada em voz alta. Termo muito usado
pela linha de pretos-velhos.
112
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Manifestação — quando o corpo do médium é tomado por um guia. Conhecido também como
transe mediúnico, incorporação.
Marafa ou marafo — aguardente, cachaça, termo muito usado pelos exus.
Matéria — corpo, parte material do homem, a mais afastada da pureza espiritual.
Meisinha — despacho, mandinga, trabalho.
Mironga — feitiço, segredo, feitiço feito pelos espiritos nagôs, actualmente feito e usado
pela linha de pretos-velhos
— é o mais importante dos casos do falso espiritismo, pois constitui um recurso

auferirem vantagens pecuniárias e aumentarem sua fama e sua vaidade.


Mucamba — o mesmo que cambone. Termo usado por pretos-velhos de algumas regiões afri-
canas.
Muzambê — forte, vigoroso. Termo usado por pretos-velhos de algumas regiões africanas.

N
Nagô — nome dado aos escravos originários do sudão, na áfrica. Considera-se nagô como a
religião do antigo reino de iorubá.
Nifé — fé, crença na lingua iorubá.
Nurimba — bondade, amor e caridade.

O
Obassabá — o mesmo que abençoar, benzer.
Obatalá — céu. Abóbada celeste. Deus
Obrigações — festas em homenagem aos guias ou orixás. São também as determinações
feitas aos médiuns ou consulentes pelos guias com o objetivo de auxilio ou como
parte de um ritual do desenvolvimento mediúnico.
Obsediar — perseguir. Ação pela qual os espíritos perturbados que prejudicam as pessoas
levando a situações econômicas difíceis, loucura, etc.
Obssessor — espírito pertubador ou zombeteiro que prejudica as pessoas.
Odé — oxossi. Oxossi mais velho.
Odô, iá — saudação de Yemanjá e termo muito usado pelas entidades para se referirem a
ela.
Ofã — médium responsavel pela colheita e seleção das ervas nos rituais.
Ogã — Chefe das curimbas (atabaques).
Oiá — outro nome conhecido por iansã
Okê — saudação aos caboclos. Diz-se assim : okê caboclo! Okê oxossi.
Olho-de-boi — semente de tucumã, gozando de propriedades protetoras contra cargas nega-
tivas como feitiços, mau-olhado, inveja. Tem muitas utilidades no terreiro, desde
patuás até guia (colar).
Olorum — deus supremo.
Orixá
Santo.
Otá — pedra ritual, elemento e objeto sagrado e secreto do culto.

Padê — comida de exu e pomba-gira.


Padrinho — o mesmo que madrinha mas no masculino.
Apostila da Senzala dos Pretos Velhos 113

Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Pai-de-santo — zelador do santo, chefe de gira, chefe de mesa, chefe do terreiro. Médium e
conhecedor perfeito de todos os detalhes para o bom andamento de uma sessão.
Paramento(s) — roupas e objetos utilizados em cerimônias do ritual religioso pertencentes
à entidades.
Patuá — amuleto que é colocado num saquitel (pedaço de pano costurado em forma de sa-
quinho) e é pendurado no pescoço, ou se prende na roupa de uso, etc.
Peji — altar, congar.
Pemba — espécie de giz em forma cônico-arredondada, em diversas cores, como sejam:
branco, vermelho, amarelo, rosa, roxo, azul, marrom, verde e preto, servindo
para riscar pontos e outras determinações ordenadas pelos guias, sendo que con-

entidade, ou a linha que trabalhará naquele ponto.


Perna de Calça
Pipoca — comida de omulu/obaluaê. Grão de milho arrebentado com areia da praia ou em
dendê.
Pito — cigarro, cigarrilha e mesmo cachimbo (linguagem de pretos-velhos).
Ponteiro — pequeno punhal utilizado em magias e diversos rituais. Hierarquia dentro de uma
casa de Umbanda.
Pontos cantados — os pontos cantados na umbanda são preces e a invocação das falanges
e linhas, chamando-as ao convívio das reuniões e no auxilio dos que buscam cari-
dade. Assim, como toda a religião tem seus canticos, a umbanda usa seus pontos
cantados, dos quais, não se deve abusar. Esses hinos representam e atraem forças
das falanges, para trabalhos de descarrego e desenvolvimento mediúnico.
Ponto de Chamada — cântico que invoca as entidades para virem aos templos, são pontos de
linhas em ritmo forte e cantados antes dos pontos de incorporação.
Pontos riscados
-
cação de um guia, linha, falange ou orixá; entre outras copisas, ele pode fechar o
corpo de um médium, pois a escrita sagrada se utiliza de magia para que qualquer
espírito perturbado não se aproxime.
Porteira — entrada de terreiro, entrada por onde entra a assistência para a consulta.
Preceito
Puxar o Ponto — iniciar um cântico. É geralmente feito por um ogã.

Q
Quartinha — vasilha de barro. Com com ou sem asas.
Quebrar demanda ou quebrar as forças — é anular, desmanchar o efeito de um trabalho
para prejudicar ou perturbar uma pessoa.
Quebrar preceito — desrespeitar as regras e hábitos estabelecidos no ritual do desenvolvi-
mento ou dos trabalhos.
Quezila, quezília ou quizila — aversão, antipatia, repugnância, alergia a alguma coisa.

R
Receber Irradiação do Guia — entrar em meio transe ou comunicar-se de algum modo com
uma entidade superior.
Reinos — uma das divisões dos mundos espirituais. Domínios dos orixás. Alguns exemplos :
juremá, pedreiras, fundo do mar, humaitá, etc
Responso — oração em latim para determinado santo para se conseguir uma graça.
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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Riscar Ponto — fazer desenhos de sinais cabalísticos que representam determinadas entida-
des espirituais e que possuem poderes de chamamento das mesmas ou lhe servem

Roça — terreiro, centro.

Sacudimento
Descarrego.
Sal grosso — empregado sob diversas modalidades nos terreiros, principalmente como banho
de descarrego. Ou como descarrego do local com um copo de água e sal atras da
porta. Dá-se preferencia ao Sal grosso marinho.
Saravá — saudação umbandista que corresponde a salve! Viva!
Sereia do mar — janaína, princesa d´água. Pode representar também como Yemanjá dentro
de um contexto.
Sincretismo

Toco — velas ou tronco de árvora cortada onde se sentam os pretos-velhos.


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Apostila da Senzala dos Pretos Velhos
Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Oferendas feitas no dia do Orixá

Todas as comidas de santo são fechadas com mel. Somente a de Yemanjá é que é fechada com azeite.
Todas as comidas levam arroz branco cozido e oferece-se água como bebida

Oxalá
Onde fazer: Todos os locais

Obs.: Usar louça branca


(Todas as comidas de santo são fechadas com mel. Somente a de Yemanjá é que é fechada com azeite).

Ossain
Onde fazer: Nas matas
Como fazer: Feijão vermelho ou feijão frade, cozido, frutas verdes (uvas verdes) e batata doce.
Obs.: Usar louça verde e branca ou verde clara

Oxossi
Onde fazer: Nas matas fechadas
Como fazer: Milho vermelho ou milho amarelo cozido, feijão frade ou vermelho cozido e todos
frutos silvestres
Obs.: Usar louça verde escura

Ogum
Onde fazer: Caminhos abertos e beira de caminhos
Como fazer: Todos os frutos vermelhos e feijão frade ou vermelho cozido
Obs.: Usar louça vermelha com branco

Xangô
Onde fazer: Cachoeiras, pedreira ou na subida do monte
Como fazer: Batata doce, milho verde cozido em espiga e abóbora, quiabos estufados c/cebola
em azeite dendê
Obs.: Usar louça castanha

Nãnã
Onde fazer: Na beira do rio
Como fazer: Milho branco, feijão frade, arroz regado com azeite doce.
Obs.: Usar louça roxa
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Vovó Josefa das Almas e Pai Joaquim do Zumbi dos Palmares

Oxum
Onde fazer: Cachoeira, rios ou jardim
Como fazer: Feijão frade cozido, temperado com azeite de dendê, cebola e ovo cozido para enfeitar.
Obs.: Usar louça azul escura

Abaluaye
Onde fazer: No cemitério ou na praia
Como fazer: Pipocas no dêndê e aceia do mar, coco ralado para enfeitar.
Obs.: Usar louça branca ou amarel a
Pode-se oferecer a Abaluaye todo o tipo de comida, sendo a sua preferida as pipocas

Oxumaré
Onde fazer: Perto de água, beira do rio
Como fazer: Batata doce em formato de cobra, uma banana e jeijão frade
Obs.: Usar louça verde e amarela ou branca

Yemanjá
Onde fazer: No mar
Como fazer: Manjar feito com arroz cozido em leite de côco
Obs.: Usar louça azul clara

Omulu
Onde fazer: No cemitério, encruzilhadas ou praia
Como fazer: Pipocas em dendê, coco em fatias, tudo coberto com mel
Obs.: Usar louça preta e branca

Iansã
Onde fazer: Topo dos montes e matas
Como fazer: Acarajé frito no azeite de dendê
Obs.: Usar louça amarela

Obá
Onde fazer:
Como fazer: Estufar em azeite dendê, 1 molho de salsa, cebola, sal
D epois de refogar, pôr num prato que dê para ir ao forno, abrir 6 ovos inteiros em cima

Obs.: Usar louça


117
Você sabe o significado do tridente (ψ) de Exu?

O tridente é um representação da energia tripolar que Exu e Pomba Gira vibram, energia essa positiva,
negativa e neutra, que formam o desenho de um garfo de três dentes (ψ=tridente) que não é o garfo alu-
sivo ao demônio ensinado pelos cristãos. Considerado o mensageiro dos Orixás, Exu vitaliza, desvitaliza
ou neutraliza qualquer um dos sete sentidos dentro da lei cármica.

Exú traz o tridente representando tão somente nossos caminhos e os mistérios que ele carrega consigo.
Mas também, o tridente foi incorporado a ele, aqui no Brasil, por força do sincretismo, que o associou
de forma equivocada a figura demoníaca, pois na África, seu fetiche é um cajado nodoso que usa para
se transportar de um lado a outro, e um pênis de madeira, pois lá, ele é o orixá responsável pelo desejo
entre o homem e a mulher, para que possam se reproduzir, sendo assim ele está de forma direta, ligado à
reprodução humana, juntamente com Yemanjá e Oxum. A primeira por ser responsável pela geração de
uma vida no útero materno, a segunda por ser responsável pela retenção do sangue, garantindo assim que
a menstruação não expulsará o feto que Yemanjá está criando.

Somente para complementar este arredondado significa que ele é da Calunga, ao passo que o quadrado
significa ser da encruza, além do que, cada um traz junto ao seu tridente a sua tranca.

O tridente é usado em Deuses da humanidade desde os períodos mais antigos da sociedade.


Vemos o deus Shiva (India) que aparece utilizando o tridente ou trishula por meados de 4000 a.C no
período Neolitico.
Vemos tbm o deus dos mares Poseidon (grego), Netuno (Romano) utilizando o tridente para salvar e res-
gatar predadores e marinheiros do mar.
Portanto , o uso do tridente é mais antigo que Cristo.

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090526140612AAYkN8X
118

Para aqueles que acreditam na essência divina, no encontro com o EU verdadeiro, para aqueles que o SER
ESPIRITA é muito mais do que um desafio para seu autoconhecimento e o conhecimento do próximo e
para os que são crentes das verdades espirituais.seguidores da FE do AMOR e da CARIDADE.

ORAÇÃO À OLORUM

“Olorum, meu Deus, criador de tudo e de todos. Poderoso é o vosso nome e grandiosa e vossa misericór-
dia.
Em nome de Oxalá, recorro a vós nesse momento, para pedir-lhe a benção durante meu caminhar rumo a
vossa Vontade.
Que Vossa Divina Luz incida sobre tudo que criaste.
Com Vossas mãos retirem todo mal, todos os problemas e todos os perigos que estejam em meu caminhar.
Que as forças negativas que me abatem e que me entristecem, se desfaçam ao sopro de Vossas bênçãos.
Que o Vosso poder destrua todas as barreiras que impedem meu progresso rumo a Tua verdade.
E que Vossas virtudes penetrem e meu espírito dando-me paz, saúde e prosperidade.
Abra Senhor os meus caminhos, que meus passos sejam dirigidos por Vós para que não tropece em minha
caminhada.

Assim seja! Salve Olorum!”

“Olorum”, ou “Olodumaré”, ou Zambi, é o criador do Universo, é o próprio princípio criador em eterno


movimento, fonte de tudo o que somos e de tudo o que nossos sentidos possam perceber.
Se quisermos encontrar Olorum, temos que procurá-lo primeiramente em nós mesmos, Ele é o princípio
que rege tudo e todos, é infinito em suas perfeições, é eterno, imutável, imaterial e único. É todo poderoso
porque é único, e é sobre tudo, soberanamente justo e bom.

Para acreditar em Deus, Olorum, basta o homem lançar os olhos sobre as obras de sua criação. Duvidar
de sua existência seria negar que todo efeito tivesse uma causa, e admitir que o nada possa fazer alguma
coisa.

Deus, Olorum, não é uma força ordenada pelo homem, muito pelo contrário, por mais sábio que seja o
homem, uma religião, ou a própria humanidade, jamais conseguirá penetrar em seus mistérios. Esse “sab-
er”, seus mistérios ou qualquer que seja o nome que lhes dê: Jeová, Alá, Brahama, Zambi, pouco significa
perante o criador, são apenas formas diferentes para expressar a mesma coisa.

Quando adquirimos conhecimentos a respeito dos muitos meios que Olorum se utiliza para comunicar-se
conosco, vamos em busca de Sabedoria, esta que nos revela seus mistérios ocultos e sagrados, e quando
nos tornamos sábios, procuramos nos guiar pela Razão ou pelo Raciocínio, este que nos ensina a usar o
que a Sabedoria nos revelou: seus mistérios divinos, sua força ativa e sua razão de ser.
119

A escolha racional nos leva ao equilíbrio da alma, este equilíbrio nos diz o que é certo e o que é errado na
vida, e é isso que faz com que aqueles que já adquiriram o seu equilíbrio e se tornaram conhecedores da
Lei, se sacrifiquem em beneficio de seu semelhante, sem nada esperar em troca, e quando alguém se torna
um “equilibrador” de seus semelhantes, baseado sempre na Caridade pura, que é a Lei maior ensinada
pelo Mestre Jesus ou “Oxalá” , como nós o chamamos, é porque descobriu o verdadeiro sentido da vida,
adquirindo uma fé indestrutível no criador, Olorum.

Essa Fé nos faz perceber a grandeza da força de Olorum, nos faz também transbordar em Amor, e quando
amamos a nós mesmos como obras de Olorum, conseguimos amar e respeitar a vida de nossos semel-
hantes e a natureza como a nossa própria vida, percebendo assim nas coisas mais simples a essência do
criador, vendo que uma simples pedra não é menos importante que uma montanha, pois tudo é obra de
Deus, Olorum.

Poderíamos falar Muito mais a respeito de Olorum, mas ainda não estamos preparados para conhecermos
todos os seus mistérios, por isso é que devemos buscar cada vez mais nos esclarecer e nos elevar moral-
mente para que no seu devido tempo, possamos ter o merecimento de obter todas as respostas a respeito
de Olorum, Deus, o criador de tudo e de todos.

http://federacaomagiacigana.blogspot.pt/
120
Qual o significado do tridente de na Umbanda?

O Tridente é um símbolo e instrumento magístico dos espíritos que se apresentam para o trabalho na Umbanda
na linha de Esquerda, que são os Exus e Pombogiras. O trabalho de esquerda é chamado de Quimbanda. O
caráter de Exu está a anos-luz de distância do conceito de demônio da igreja católica, que as seitas protestantes
tomaram de empréstimo. Exu é o executor e o mensageiro. Não é orixá, ou seja, não é reverenciado como um
dos aspectos de Deus (Olorum) pois é um servidor das outras linhas de Caboclos, Pretos-velhos, etc, embora
como em tudo haja a hierarquia, com comandos e comandados. Exu não faz nada por sua conta mas também
ninguém faz nada sem Exu. Ele tem o poder de execução, mas apenas obedece ordens. Ele faz aquilo que é
mandado, mesmo que esteja no topo do comando. Mas isso já é um outro assunto.
Reproduzo aqui um texto assinado por Daniel Emilio, do ES, que considero uma excelente descrição da enti-
dade Exu (e sua contraparte feminina, Pomba-gira): O texto pode ser lido tb no link abaixo.

“O tridente é uma simbologia magística do ternário em conjunção com a mãe terra, ou seja representa as três
pontas voltadas para cima, buscando alcançar o limiar das alturas e com isso, a evolução espiritual que se faz
necessário a todos os seres, quer sejam encarnados, quanto desencarnados, e sendo que a sua base vai a terra, é
indicativo que essas entidades (Exus e Pombagiras) estão atreladas à vida mundana da terra e com ela buscam
a sabedoria e o equilíbrio necessário para que assim possam crescer materialmente.

O tridente em si mesmo, possui como elementos primordiais: o ar (que é associado simbolicamente com o
numero 3) devido as suas três pontas voltadas para cima, e ao elemento terra (que é associado simbolicamente
pelo numero 4) devido a haste central que tem como base a terra, formando em si mesmo uma ferramenta
magisticamente perfeita, pois se somarmos 3+4 teremos a junção do setenário celestial que é o numero 7,
simbolizando que as entidades que dela fazem uso, são entidades que mesmo tendo sua base terrena, possuem
o desejo de crescimento evolutivo dentro de si mesmas, e que trabalham tanto para o seu aperfeiçoamento
próprio, como humano.

Mesmo que estes (os homens) não possam entender as suas atitudes, e portanto, pode até parecer loucura para
muitos, em sua fase terrena e kármica de passagem. Mas para Deus e toda a espiritualidade, é de uma sabedo-
ria enorme, portanto, demonstra que mesmo trabalhando de forma contraditória e tão muitas das vezes critica-
da, Exu sabe muito bem o que esta fazendo, pois como diz meu Exu Marabo, meu compadre e grande amigo,
“Exu num da ponto sem nó...”
As duas pontas equidistantes do meio do tridente demonstram duas coisas a saber:

1- Que Exu como agente magico, trabalha como uma entidade meta meta (positiva, negativa e neutra) e seu
poder central esta adormecido, e uma vez “acordada”, devera ser usada com sabedoria, pois Exu não volta
atrás depois de ter aceito um trabalho...

2- Outro fator importante simbolizado nas pontas do tridente é que ele é um senhor que comanda espíritos que
obedecem as suas diretrizes, e suas ordens, o Exu mesmo esta encerrado simbolicamente na haste central, e os
espíritos que agem sob o seu comando são representados pelas duas outras vértices das pontas do tridente, e
este é um dos motivos porque Exu em muitas vezes pede ebós para trabalhar, pois trabalha em conjunto com
alguns espíritos que ainda estão em evolução e que se utilizam ainda de elementos terrenos como uma espécie
de pagamento pelos serviços prestados...
Quando um tridente é fixado em um assentamento, suas forças se intensificam mais ainda, pois a ele são as-
sociados a mais 2 elementos, que são o fogo, que é utilizado no ato de purificação deste tridente na hora de
assentar essa energia, e a água, que é implantada através de bebidas alcoólicas que serão aficionadas durante
este mesmo processo junto com Axés pertencentes ao Axé do Exu correspondente, que será fixado, então, ter-
emos as energias acumulativas dos 4 elementos da natureza, funcionando em uma ferramenta magisticamente
poderosíssima, e que pelo bem da humanidade, devera ser usada com bom senso e sabedoria pelo Exu, seu
médium e por todas as pessoas que dele se fazerem utilitárias. “

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20100113070421AAs6Izh
121
História do Candomblé

O candomblé e uma religião que teve origem na cidade de Ifé, na África, e foi trazida para o Brasil pelos
negros iorubas. Seus deuses são os Orixás, dos quais somente 16 são cultuados no nosso país: Essú, Ògun,
Osossì, Osanyin, Obalúaye, Òsúmàré, Nàná Buruku, Sàngó, Oya, Oba, Ewa, Osun, Yemanjá, Logun Ede,
Oságuian e Osàlufan.

O pai ou a mãe de santo é a autoridade máxima dentro do candomblé. Eles são escolhidos pelos próprios
Orixás para que os cultuem na terra. Os orixás os induzem a isto, fazem com que as pessoas por eles escol-
hidas sejam naturalmente levadas à religião, até que assumam o cargo para o qual estão destinadas. Uma pes-
soa não pode optar se quer ou não ser um Pai ou Mãe de Santo se não acontecer durante sua vida fatos que a
levem a isto. São pessoas que de alguma forma são iluminadas pelos Orixás para que cumpram seu destino.

Os Pais de Santo, normalmente, são donos de uma roça, ou seja, um lugar onde estão plantados todos os axés
e no qual os Orixás são cultuados. Dentro da roça existe o barracão (assim denominado por causa dos negros
que antigamente moravam em barracões), que é o lugar em que são feitos os grandes assentamentos (oferen-
das) para os deuses.

Hierarquicamente, existe, ainda, na roça um pai pequeno ou mãe pequena, que é o braço direito do Pai de
Santo e é normalmente um filho ou filha da casa. Depois vem as Ekedes, são mulheres também escolhidas
pelos Orixás para cuidar deles e ajudá-los. Embora seja considerada autoridade dentro da roça, não podem ser
Yalorixás, visto que sua função já foi determinada e não há como mudar. A seguir vem os Ogans, que tocam o
atabaques e ajudam o Babalorixá nos fundamentos da casa; a Ya Bace, que toma conta da cozinha, isto é, de
todas as comidas dos Santos; a Ya Efun, dona do efun (pemba), e que está encarregada de pintas os Yaôs (ini-
ciantes que estão recolhidos para fazerem o Orixá); e finalmente os filhos de Santos, que são as pessoas que
“rasparam o Santo”, ou melhor, rasparam a cabeça para um Santo a pedido deste.

Às vezes o Santo, ou Orixá, incorpora em determinadas pessoas, mas não necessidade que haja esta “incor-
poração” para que uma pessoa raspe o Santo. Se a pessoa deve ou não raspar o Santo só pode ser sabido com
certeza através do jogo de búzios do Pai ou Mãe de Santo que, diga-se de passagem, são os únicos que podem
jogar búzios.

O candomblé é uma religião com uma vasta cultura e rica em preceitos. São pouquíssimas as pessoas que real-
mente a conhecem a fundo.È necessária muita dedicação e anos de estudo para se chegar a um conhecimento
profundo da religião. Seus preceitos são todos fundamentados e qualquer um pode se dedicar ao seu estudo e
desfrutar seus benefícios. Existe muita energia positiva no candomblé, e o seu culto pode trazer muita paz e
felicidade.

Origem do Candomblé: Ifé

A antiga cidade de Ifé, ao sudoeste da atual Nigéria, deslumbrava desde o começo do século como capital re-
ligiosa e artística do território que cobria uma parte central da atual República do Daomé. É a fonte mística do
poder e da legitimidade, o berço da consagração espiritual, e para onde voltaram os restos mortais e as insíg-
nias de todos os reis iorubas.

A civilização de Ifé, ainda hoje, é pouco conhecida e apresenta uma criação artística variada do realismo,
enquanto que a maioria da arte africana é abstrata. O material empregado na arte de Ifé espanta e abisma
qualquer historiador, incluindo os próprios africanistas. Ao lado das esculturas em pedra e terracota(argila
modelada e cozida ao fogo) tradicionais na África, estão as esculturas em bronze e artefatos em perola.
122

Uma das artes mais conhecidas é a de Lajuwa, que segundo o povo de Ifé permaneceu no palácio real, mos-
trando os vestígios em terracota, antes de ter sido redescoberta. Lajuwa foi o camareiro de Oni (soberano
do reino de Ifé ou Aquele que Possui). A atribuição dessa terracota a Lajuwa não é estabelecida de maneira
segura, entretanto a escultura foi preservada e conservou uma superfície lisa, ainda que o nariz tenha sido
quebrado.

A maior parte das descobertas das obras foi feita nos BOSQUETES SAGRADOS: vastas extensões de terras
situadas no coração da savana. Cada uma destas descobertas é consagrada a esta ou aquela divindade, entre
elas:

- BOSQUETE SAGRADO DE OLOKUM: cobre uma superfície de 250 Há. Ao norte da saída da cidade de
Ifé. É dedicado a OLOKUM, divindade do mar e da riqueza.
- BOSQUETE SAGRADO D’IWINRIN: encerra numeroso tesouro artístico, testemunhado, na maior parte,
uma arte extremamente realista e refinada. Uma delas é de um personagem com 1,60 m de altura, sentado
num banco redondo, esculpido em quartzo e provido com um braço curvado para dentro em forma de anel.
Apóia o braço em um tamborete retângulo com quatro pés, sendo ladeado por dois outros de igual tamanho
natural, um dos quais tem na mão a extremidade de uma vestimenta cortada.
Supõe-se que o artista tenha manuseado a argila crua em separação. Depois de concluído foi seca ao sol e
cozida numa imensa fogueira ao ar livre, obtendo uma terracota de cor uniforme.
- BOSQUTE SAGRADO OSONGONGO: os arqueólogos descobriram uma variedade de esculturas de argi-
la cozida e a maior parte de uma mesa micácea. Entre elas está a cabeça da própria OSONGOGON, porém
menos refinada do que a de LAJUWA.
Ao lado desta escultura, há numerosas outras representando personagens com deformações físicas, uma de-
las com elefantíase nos testículos (doença ligada intimamente ao espírito dos negros e à impotência sexual),
objeto de tratamento com rituais especiais. Nos funerais, a liturgia era feita por um sacerdote da antiga
sociedade ORO, tida aos “ocidentalizados” como forma monstruosa.
O principal achado e o vaso do ritual destes funerais, decorado em relevo. Revela certos ritos e insígnias
religiosas de Ifé. Vêem-se com os efeitos: Edans (bastões de bronze, utilizados pelos membros da Sociedade
OGBONIS na cerimônia secreta), um bastão de ritual com uma espécie de espiral saliente em ambos os
lados, um tambor, um objeto com dois crânios na base, um machado e dois personagens sem cabeças.
- BOSQUESTE SAGRADOS DE ORE: possue abundantes esculturas de homens e animais. O grupo princi-
pal é constituído de duas estátuas humanas, a maior é chamada IDENA, o porteiro.
IDENA usa um colar de perolas (contas), diferente dos demais usados em estátuas de terracota. Na cintura
ostenta um laço e tem as mãos entrelaçadas. A cabeleira não é esculpida, mas representada por pregos de
ferro fincados, como acontece na arte de Ifé.
-BOSQUETE SAGRADO DE ORODI: encontra-se nele uma estátua de pedra com a cabeça e
o corpo enfeitado com pregos, similares aos que ornam Idena. Tem na mão direita uma
espada e na esquerda um abano. Está situada em Enshure, província do Ado Ekiti.

Texto retirado da Revista Orixás o Segredo da Vida.;nº 1 -

http://www.mariapadilhadasalmas.no.comunidades.net/index.php?pagina=1878876011
Criação do reino de Ifé 123

O grande Deus Olodumaré enviou Oxalufã (Orixá) para que criasse o mundo. A ele foi confiado um saco de
areia, uma galinha com 5 dedos e um camaleão. A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha posta em
cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por último, colo-caria o camaleão para saber se es-tava firme.
Oxalufã foi avisado para fazer uma oferenda ao Orixá Exu antes de sair para cumprir sua missão. Por ser um
Orixá funfun, Oxalufã se achava acima de todos e, sendo assim, negligenciou a oferenda. Exu des-contente,
resolveu vingar-se de Oxalufã, fazendo-o sentir muita sede. Não tendo outra alternativa, Oxalufã furou com
o seu apaasoro o tronco de uma palmeira. Um lí-quido refrescante dela escorreu, era o vinho de palma. Ele
saciou sua sede, embriagou-se e acabou dormindo.

OLODUMARÉ, vendo que Oxalufã não cumpriu sua tarefa, enviou Odùdùwa para verificar o ocorrido. Ao
retornar e avisar que Oxalufã estava embriagado, Odùdùwa recebeu o direito de vir e criar o mundo.
Após Odùdùwa cumprir sua tarefa, os outros deuses vêm se reunir a ele, descendo dos céus graças a uma cor-
rente que ainda se podia ver, segundo a tradição, no BOSQUE DE OLOSE, até há alguns anos. Apesar do erro
cometido, uma nova chance foi dada a Oxalufã: a honra de criar os homens. Entretanto, incorrigível, embria-
gou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas, albinos e toda espécie de monstros.

Odùdùwa interveio novamente, anulou os monstros gerados por Oxalufã e criou os homens bonitos, sãos e
vigorosos, que foram insufla dos com a vida por OLODUMARÉ. Esta situação provocou uma guerra entre
Odùdùwa e Oxalufã. O último foi derrotado e então ODÙDÙWA tornou-se o primeiro ONI (rei) de Ifé. Dis-
tribuiu seus filhos e os enviou para
criar novos e vários reinos fora de Ife Mais tarde os Orixás retornaram a Orum, deixando na terra seus con-
hecimentos e como deveriam ser cultuados seus toques, comidas e costumes, para que fossem cultuados pelos
seus descendentes. Então o ser humano começou a fazer pedidos aos Orixás e para que cada pedido fosse
atendido eles ofereciam comida em troca. Ao contrário do que se pensa, nem todos os pedidos são atendidos,
embora os Orixás sempre aceitem as oferendas. Quando um Orixá recebe um pedido, ele o leva a Olodumaré e
este decide se o pedido vai ou não
ser atendido. Este julgamento vai ser baseado no merecimento da pessoa que fez o pedido.

O povo continua fazendo oferen das aos Orixás até hoje, pois os Orixás procuram sempre fazer o melhor para
as pessoas. O círculo dos deuses é constituído segundo o número 16, número sagrado no candomblé. Ele se en-
contra em toda parte: no número de búzios, no número de chamas da lâmpada dos sacrifícios, na numeração
dos membros físicoa e psíquicos, quer dizer, das forças e das partes que possui o homem na organização hi-
erárquica.

http://cernegroacre.blogspot.com.br/2007/01/criao-do-mundo-de-acordo-com-mitologia.html
124
Chico Xavier

"A árvore que produz maus frutos não é boa e a árvore que produz bons frutos não é má, porque se conhece

abrolhos. O homem de bem retira boas coisas do bom tesouro do seu coração, porque a boca fala daquilo
que está cheio o seu coração". -Jesus (Lucas, cap. VI 43-45)

Cândido Xavier (foto ao em cima) em todas as épocas nasceu em Pedro Leopoldo, modesta cidade de Minas
Gerais, Brasil, em 2 de abril de 1910. Viveu, desde 1959, em Uberaba, no mesmo Estado, desencarnando no
dia 30 de junho de 2002, dia em que o Brasil sagrou-se pentacampeão mundial de futebol. Seu desenlace

Conforme revelara a amigos mais íntimos, tinha o desejo de partir num dia em que o "povo brasileiro
estivesse muito feliz".

"Completou o curso primário, apenas. Pais: João Cândido Xavier e Maria João de Deus, desencarnados em
1960 e 1915, respectivamente. Infância difícil; foi caixeiro de armazém e modesto funcionário público,
aposentado desde 1958.

Em 8 de julho de 1927 participa de sua primeira reunião espírita. Até 1931 recebe muitas poesias e mensa-
gens, várias das quais saíram a público, estampadas, à revelia do médium, em jornais e revistas, como de
autoria de F. Xavier. Nesse mesmo ano, vê, pela primeira vez, o Espírito Emmanuel, seu inseparável mentor
espiritual até hoje.

O menino Chico Desde os 4 anos de idade o menino Chico teve a sua vida assinalada por singulares

De formação católica, o garoto orava com extrema devoção, conforme lhe ensinara D. Maria João de Deus,

o menino ia crescendo, sempre puro e sempre bom, incapaz de uma palavra obscena, de um gesto de
desobediência. As "sombras" amigas, porém, não o deixavam...

Conversava com a mãezinha desencarnada, ouvia vozes confortadoras. Na escola, sentia a presença delas,
auxiliando-o nas tarefas habituais. O certo é que os seus primeiros anos o marcaram profundamente; ele
nunca os esqueceu... A necessidade de trabalhar desde cedo para auxiliar nas despesas domésticas foi, em

Sim, a doença também viera precocemente fazer-lhe companhia. Primeiro os pulmões, quando trabalhava
na tecelagem; depois os olhos; agora é a angina.
Início de seu mediunato Chico Xavier iniciou, publicamente, seu mandato mediúnico em 8 de julho de 125
1927, em Pedro Leopoldo. Contando 17 anos de idade, recebeu as primeiras páginas mediúnicas.
Em noite memorável, os Espíritos deram início a um dos trabalhos mais belos de toda a história da
humanidade. Dezessete folhas de papel foram preenchidas, celeremente, versando sobre os deveres
do espírita-cristão.

Depoimento de Chico Xavier: (...) "Era uma noite quase gelada e os companheiros que se acomodavam
junto à mesa me seguiram os movimentos do braço, curiosos e comovidos. A sala não era grande, mas,
no começo da primeira transmissão de um comunicado do mais Além, por meu intermédio, senti-me
fora de meu próprio corpo físico, embora junto dele. No entanto, ao passo que o mensageiro escrevia

As paredes que nos limitavam o espaço desapareceram.

da noite. Entretanto, relanceando o olhar no ambiente, notei que toda uma assembléia de entidades

que me encorajavam em silêncio para o trabalho a ser realizado, sobretudo, animando-me para que nada
receasse quanto ao caminho a percorrer."

Emmanuel e duas orientações para o resto de sua vida O Espírito Emmanuel, nos primórdios da
mediunidade de Chico Xavier, deu-lhe duas orientações básicas para o trabalho que deveria
desempenhar. Fora de qualquer uma delas, tudo seria malogrado. Eis a primeira. - "Está você realmente
disposto a trabalhar na mediunidade com Jesus?"

Sim, se os bons espíritos não me abandonarem... -respondeu o médium. - Não será você desamparado
- disse-lhe Emmanuel - mas para isso é preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem. - E o
senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso? - tornou o Chico. - Perfeitamente,
desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o Serviço...

- E o segundo? - Disciplina. - E o terceiro? - Disciplina."

A segunda mais importante orientação de Emmanuel para o médium é assim relembrada: - "Lembro-me
de que num dos primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por
tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan
Kardec e, disse mais, que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo
com as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo."

Produção literária Em 1932 publica a FEB seu primeiro livro, o famoso "Parnaso de Além-Túmulo"; hoje com
416... livros psicografados. Várias delas estão traduzidas e publicadas em castelhano, esperanto, francês,
inglês, japonês, grego, etc. De moral ilibada, realmente humilde e simples, Chico Xavier jamais auferiu
vantagens, de qualquer espécie, da mediunidade.

Sua vida privada e pública tem sido objeto de toda especulação possível, na informação falada, escrita e
televisionada. Apodos e críticas ferinas, têm-no colhido de miúdo, sabendo suportá-los com verdadeiro
espírito cristão. Viajou com o médium Waldo Vieira aos Estados Unidos e à Europa, onde visitaram a
Inglaterra, a França, a Itália, a Espanha e Portugal, sempre a serviço da Doutrina Espírita.

de milhares de pessoas, mesmo alheias ao Espiritismo; tem aparecido em programas de TV, respondendo
a perguntas as mais diversas, orientando as respostas pelos postulados espíritas. Já recebeu o título de
Cidadão Honorário de várias cidades: São José do Rio Preto, São Bernardo do Campo, Franca, Campinas,
Santos, Catanduva, em São Paulo; Uberlândia, Araguari e Belo Horizonte, em Minas Gerais; Campos, no
Estado do Rio de Janeiro, etc., etc.
126

Dos livros que psicografou já se venderam mais de 12 milhões de exemplares, só dos editados pela FEB,
em número de 88. "Parnaso de Além-Túmulo", a primeira obra publicada em 1932, provocou (e comprovou)

como Humberto de Campos, ainda vivo na época, Agripino Grieco, severo crítico literário, de renome
nacional, Zeferino Brasil, poeta gaúcho, Edmundo Lys, cronista, Garcia Júnior, etc.

Prefaciando "Parnaso de Além-Túmulo", escreveu Manuel Quintão: "Romantismo, Condoreirismo,

subjetiva, mas objetivamente, a sobrevivência de seus intérpretes. É ler Casimiro e reviver 'Primaveras';
é recitar Castro Alves e sentir 'Espumas Flutuantes'; é declamar Junqueiro e lembrar a 'Morte de D. João';
é frasear Augusto dos Anjos e evocar 'Eu'."

Romances históricos formam a série Romana, de Emmanuel, composta de: "Há 2000 Anos...", "50 Anos

dos Romances de Emmanuel", de Roberto Macedo, estudo elucidativo dos eventos históricos citados nas
obras. "Há 2000 Anos..." é o relato da encarnação de Emmanuel à época de Jesus. De Humberto de
Campos (Espírito), aparece, em 1938, o profético e discutido "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho", uma história de nossa pátria e dos fatos e ela ligados, em dimensão espiritual.

tocante à vida depois da desencarnação, obras anteriores, de Swedenborg, A. Jackson Davis, Cahagnet,
G. Vale Owen e outros. Pertencem a essa série: "Nosso Lar", "Os Mensageiros", "Missionários da Luz",
"Obreiros da Vida Eterna", "No Mundo Maior", "Agenda Cristã", "Libertação", "Entre a Terra e o Céu", "Nos
Domínios da Mediunidade", "Ação e Reação", "Evolução em dois Mundos", "Mecanismos da Mediunidade",
"Conduta Espírita", "Sexo e Destino", "Desobsessão", "E a Vida Continua...".

A extraordinária capacidade mediúnica de Chico Xavier está comprovada pela grande quantidade de
autores espirituais, da mais elevada categoria, que por seu intermédio se manifestam. Vários de seus
livros foram adaptados para encenação no palco e sob a forma de radionovelas e telenovelas. O dom

exercita constantemente, outras mediunidades, tais como: psicofonia, vidência, audiência, receitista, e
outras.

Sua vida, verdadeiramente apostolar, dedicou-a, o médium, aos sofredores e necessitados, provindos de
longínquos lugares e também aos afazeres medianeiros, pelos quais não aceita, em absoluto, qualquer
espécie de paga. Os direitos autorais ele os tem cedido graciosamente a várias Editoras e Casas Espíritas,
desde o primeiro livro. Sua vida e sua obra têm sido objeto de numerosas entrevistas radiofônicas e
televisadas e de comentários em jornais e revistas, espíritas ou não e em livros.

Na tarefa mediúnica "Pergunta - Em seu primeiro encontro com Emmanuel, ele enfatizou muito a disciplina.
Teria falado algo mais? Resposta - Depois de haver salientado a disciplina como elemento indispensável a
uma boa tarefa mediúnica, ele me disse: 'Temos algo a realizar.' Repliquei de minha parte qual seria esse
algo e o benfeitor esclareceu: 'Trinta livros pra começar!' Considerei, então: como avaliar esta informação
se somos uma família sem maiores recursos,

além do nosso próprio trabalho diário e a publicação de um livro demanda tanto dinheiro!... Já que meu
pai lidava com bilhetes de loteria, eu acrescentei: será que meu pai vai tirar a sorte grande? Emmanuel
respondeu: 'Nada, nada disso. A maior sorte grande é a do trabalho com a fé viva na Providência de Deus.
Os livros chegarão através de caminhos inesperados!'
Algum tempo depois, enviando as poesias de “Parnaso de Além- Túmulo” para um dos diretores da Fed-
eração Espírita Brasileira, tive a grata surpresa de ver o livro aceito e publicado, em 1932. A este livro
seguiram-se outros e, em 1947, atingimos a marca dos 30 livros. Ficamos muito contentes e perguntei ao
amigo espiritual se a tarefa estava terminada. Ele, então, considerou, sorrindo: ‘Agora, começaremos uma
nova série de trinta volumes!’ Em 1958, indaguei-lhe novamente se o trabalho finalizara. Os 60 livros
estavam publicados e eu me encontrava quase de mudança para a cidade de Uberaba, onde cheguei a 5 de
janeiro de 1959.

O grande benfeitor explicou-me, com paciência: “Você perguntou, em Pedro Leopoldo, se a nossa tarefa
estava completa e quero informar a você que os mentores da Vida Maior, perante os quais devo também
estar disciplinado, me advertiram que nos cabe chegar ao limite de cem livros.” Fiquei muito admirado e as
tarefas prosseguiram.

Quando alcançamos o número de 100 volumes publicados, voltei a consultá-lo sobre o termo de nossos
compromissos. Ele esclareceu, com bondade: “Você não deve pensar em agir e trabalhar com tanta pressa.
Agora, estou na obrigação de dizer a você que os mentores da Vida Superior, que nos orientam, expediram
certa instrução que determina seja a sua atual reencarnação desapropriada, em benefício da divulgação
dos princípios espíritas-cristãos, permanecendo a sua existência, do ponto de vista físico, à disposição das
entidades espirituais que possam colaborar na execução das mensagens e livros, enquanto o seu corpo se
mostre apto para as nossas atividades.”

Muito desapontado, perguntei: então devo trabalhar na recepção de mensagens e livros do mundo espiritual
até o fim da minha vida atual? Emmanuel acentuou: “Sim, não temos outra alternativa!” Naturalmente,
impressionado com o que ele dizia, voltei a interrogar: e se eu não quiser, já que a Doutrina Espírita ensina
que somos portadores do livre arbítrio para decidir sobre os nossos próprios caminhos? Emmanuel, então,
deu um sorriso de benevolência paternal e me cientificou: “A instrução a que me refiro é semelhante a um
decreto de desapropriação, quando lançado por autoridade na Terra.

Se você recusar o serviço a que me reporto, segundo creio, os orientadores dessa obra de nos dedicarmos
ao Cristianismo Redivivo, de certo que eles terão autoridade bastante para retirar você de seu atual corpo
físico!” Quando eu ouvi sua declaração, silenciei para pensar na gravidade do assunto, e continuo tra-
balhando, sem a menor expectativa de interromper ou dificultar o que passei a chamar de “Desígnios de
Cima.”

(Fonte: “O Espírita Mineiro”, número 205, abril/junho de 1988.) Palavras de Chico Xavier ao contem-
plar 40 anos de mediunidade “Estes quarenta anos de mediunidade passaram para o meu coração como se
fossem um sonho bom. Foram quarenta anos de muita alegria, em cujos caminhos, feitos de minutos e de
horas e de dias, só encontrei benefícios, felicidade, esperanças, otimismo, encorajamento da parte de todos
aqueles que o Senhor me concedeu, dos familiares, irmãos, amigos e companheiros.

Quarenta anos de felicidade que agradeço a Deus em vossos corações, porque sinto que Deus me os conce-
deu nos vossos corações, que representam outros muitos corações que estão ausentes de nós. Agora, sinto
que Deus me concedeu por vosso intermédio uma vida tocada de alegrias e bênçãos, como eu não pode-
ria receber em nenhum outro setor de trabalho na Humanidade. Beijo-vos, assim, as mãos, os corações.
Quanto ao livro, devo dizer que, certa feita, há muitos anos, procurando o contato com o Espírito de nosso
benfeitor Emmanuel, ao pé de uma velha represa, na terra que me deu berço na presente encarnação, mui-
tas vezes chegava ao sítio, pela manhã, antes do amanhecer.

E quando o dia vinha de novo, fosse com sol, fosse com chuva, lá estava, não muito longe de mim, um
pequeno charco. Esse charco, pouco a pouco se encheu de flores, pela misericórdia de Deus, naturalmente.
E muitas almas boas, corações queridos, que passavam pelo mesmo caminho em que nós orávamos, colhi-
am essas flores e as levavam consigo com transporte de alegria e encantamento. Enquanto que o charco era
sempre o mesmo charco. Naturalmente, esperando também pela misericórdia de Deus, para se transformar
em terra proveitosa e mais útil.
127
Creio que nesses momentos, em que ouço as palavras desses corações maravilhosos, que usaram o verbo
para comentar o aparecimento desses cem livros, agora cento e dois livros, lembro este quadro que nunca me
saiu da memória, para declarar-vos que me sinto na condição do charco que, pela misericórdia de Deus, um
dia recebeu essas flores que são os livros e que pertencem muito mais a vós outros do que a mim.

Rogo, assim, a todos os companheiros, que me ajudem através da oração, para que a luta natural da vida pos-
sa drenar a terra pantanosa que ainda sou, na intimidade do meu coração, para que eu possa um dia servir a
Deus, de conformidade com os deveres que a Sua infinita misericórdia me traçou. E peço, então, permissão,
em sinal de agradecimento, já que não tenho palavras para exprimir a minha gratidão. Peço-vos, a todos, li-
cença para encerrar a minha palavra despretensiosa, com a oração que Nosso Senhor Jesus Cristo nos legou”.

(Fonte: “O Espírita Mineiro”, número 137, abril/maio/junho de 1970.) Considerações finais Em 1997, Chico
Xavier completou 70 anos de incessante atividade mediúnica, da maior significação espiritual, em prol da
Humanidade, abrangendo seus mais diversos segmentos.

Francisco Cândido Xavier psicografou mais de 400 (quatrocentas) obras mediúnicas, de centenas de autores
espirituais, abarcando os mais diversos e diferentes assuntos, entre poesias, romances, contos, crônicas,
história geral e do Brasil, ciência, religião, filosofia, literatura infantil, etc. Fiel ao princípio Crístico do “dai
de graça o que de graça recebestes”, jamais usufruiu dos direitos autorais provenientes de seu extraordinário
dom mediúnico, sempre, ao contrário, repassando-os, em cartório, à editoras de divulgação espírita e inúmer-
as obras assistenciais.

Chico Xavier partiu, mas o testemunho de sua existência permanecerá como diretriz segura para todos os
que esposam os ideais espíritas e cristãos, sobretudo aos que, voluntariamente, se vêem comprometidos com
a difícil tarefa do intercâmbio mediúnico. Sua constrangedora humildade e seu desapego, dificilmente com-
preendidos até para muitos confrades, foi a mais notável e marcante exteriorização da grandiosidade de seu
espírito.

A verdade é que, depois de Allan Kardec, Chico Xavier sempre representou a árvore da revelação espírita,
que foi transportada da França para o Brasil. Sua obra mediúnica sintetiza inestimável legado para as ger-
ações futuras. Como dignos missionários do mundo espiritual, Chico e Kardec se identificam em muitos
pontos, sobretudo, na incomum capacidade de produção literária. Ambos deixaram uma vastíssima obra de
inusitado conteúdo moral-cultural. É notável ainda a absoluta fidelidade aos compromissos espirituais as-
sumidos bem como ao perfeito equilíbrio do tríplice aspecto doutrinário do espiritismo.

Outra particularidade entre os dois foi a de jamais se rebaixarem ao nível de seus opositores e inimigos
gratuitos, mantendo-se sempre muito acima em dignidade e fraternidade. Fortalecidos na mais pura moral
cristã deram seu testemunho de serviço incondicional à humanidade, acreditando verdadeiramente na força
delicada e transformadora do bem que os motivava. A grandeza de Chico, assim como a de Kardec, podem
ser avaliadas claramente no testemunho explícito de suas vidas e suas obras, porque de boas árvores somente
colhe-se bons frutos.

Ambos representam uma extraordinária referência para o redirecionamento espiritual do homem atormentado
dos dias atuais. Personificam nítida concessão da misericórdia divina para o aclaramento das cogitações de
nossas mentes e corações. No triste palco do mundo, nesses últimos tempos, as vozes de Chico e Kardec fo-
ram as que ecoaram de forma mais despojada e cristalina o brado revitalizador do cristianismo, “em espírito
e verdade”, tal como vislumbrara o divino Mestre.

Prezado Irmãos Aos 5 anos, este menino teve a sua primeira visão. Atrás de uma bananeira, viu e ouviu a voz
de sua querida mãezinha (Dona Maria de São João de Deus e disse: - “Mamãe, fique comigo... Carregue-me
com a Senhora... “Assim começou a mediunidade do menino FRANISCO.

128
‘Era 08 de julho o de 1927 o jovem Francisco recebia a sua primeira psicografia e em 1932, foi publicado
o seu primeiro livro “Parnaso de Além-Túmulo, assustando assim a todos, pois com apenas o quarto ano
primário recebe mensagens de grandes vultos de nossa Literatura Brasileira. Hoje, com 416 livros já publi-
cados estamos com saudade de CHICO XAVFER. sabendo que ele continua sua tarefa ao fado de Jesus.

‘Nós do Grupo Espírita da Prece de “Chico Xavier” que acompanhamos por muitos anos o tarefeiro do
amor em seus trabalhos, não poderíamos deixar de homenageá-lo. Pedimos a todos companheiros de ideais
e amigos do nosso querido CHICO, que nesta data tão significativa, façamos uma grande corrente ecumêni-
ca, pedindo a NOSSA Mãe Santíssima e ao nosso irmão maior JESUS, que continue lhe dando as forças que
ele deixou e continua dando a todos com seus exemplos Cristãos, continuando a sua sublime missão: Deixar
a todos nós a sua palavra de coragem, confiança, fé deste Aposto do nosso Divino Amado JESUS.

Apesar dos problemas e o mais importante pela missão diante da humanidade que Chico Xavier veio pra
desempenhar ele teve 5 moratórias e isso significa o quanto ele era e é importante para toda a humanidade
um verdadeiro emissário de Jesus.

Excertos do livro digital “Francisco Cândido Xavier - Traços bibliográficos”, publicado pela Federação
Espírita Brasileira - FEB

http://chicoxavieruberaba.com.br/biografia.html

129
130

O Padre '''Francisco Rodrigues da Cruz''' (Padre Cruz) nasceu em [[Alcochete]] a [[29 de julho]] de [[1859]],
formou-se em teologia em [[Coimbra]] em [[1880]], e ordenou-se sacerdote em 1882. Por alturas das
perseguições religiosas da I República, esteve preso durante alguns dias e foi interrogado pelo próprio
Ministro da Justiça de então, Afonso Costa, após o qual foi libertado. Era extremamente respeitado por
todos, até por elementos mais radicalmente anticlericais, devido à caridade que exercia e pela santidade
de vida que já então demonstrava, chegando a ser durante alguns anos o único sacerdote que se atrevia
a usar a sotaina em público, ao arrepio do que estava estabelecido na lei. Desenvolveu um intenso
apostolado e uma caridade sem limites junto dos presos, dos mais pobres e dos infelizes. Um dos seus

se deve, uns dias antes de este falecer num acidente de automóvel. Foi também um notável pregador e
um ardente propagador das visitas ao Sagrado Lausperene. Deu a Primeira Comunhão a Lúcia dos Santos,
vidente de Fátima, visitou o local das aparições na companhia dos três videntes e com eles rezou então o
terço. Entrou na [[Companhia de Jesus]] em 1940, satisfazendo assim o desejo que acalentara havia 60 anos,
por um privilégio concedido pelo Papa Pio XII que o isentava de um ano de noviciado e de residir em casas
dessa Ordem. Faleceu santamente em Lisboa no dia [[1 de Outubro]] de 1948. Por ordem expressa do
Cardeal Patriarca de então, D. Manuel Gonçalves Cerejeira as suas exéquias foram realizadas na Sé Patriarcal
''"excepionalmente, como excepcional fora o querido morto"'', segundo uma nota sua. O seu funeral foi uma
verdadeira apoteose, tendo sido sempre acompanhado por uma massa imensa de povo desde a sua saída

em jazigo da Companhia de Jesus.

intenso amor de Deus e do próximo. Sensível a todas as misérias humanas, principalmente espirituais,
devorado pelo zelo da glória de Deus e da salvação das almas, a vida do santo missionário foi um contínuo
peregrinar por todo o [[Portugal]], a rezar, a pregar, a abençoar. Mas o seu ministério predilecto foi junto
dos humildes, dos presos das cadeias, dos doentes, dos pobres e necessitados, e dos pecadores.

atribuía-lhe as inúmeras graças que Deus lhe concedia a favor dos que a ele recorriam nas suas
necessidades materiais e espirituais.

Referências

Rua da Madalena, 179, r/c

Apartado 2661 - 1117-001 Lisboa

Ligações externas
*[http://www.padrecruz.org site da Causa da Canonização do Padre Cruz]

Categoria:Naturais de Alcochete
Categoria:Jesuítas de Portugal
131

Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti


(Riacho do Sangue, 29 de agosto de 1831 — Rio de Janeiro,
11 de abril de 1900) foi um médico, militar, escritor, jornalista,
político e expoente da Doutrina Espírita no Brasil.

Infância e juventude

Descendente de antiga família de fazendeiros de criação, ligada

Antônio Bezerra de Menezes (tenente-coronel da Guarda Nacional)


e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra.

Em 1838, aos sete anos de idade, ingressou na escola pública da Vila do Frade (adjacente ao Riacho do
Sangue, atual Jaguaretama) onde, em dez meses, aprendeu os princípios da educação elementar.

para a antiga vila de Maioridade (serra do Martins), no Rio Grande do Norte, onde o jovem, então com onze
anos de idade, foi matriculado na aula pública de latim. Em dois anos já substituía o professor em classe,
em seus impedimentos.

culado no Liceu do Ceará, onde concluiu os estudos preparatórios.


A carreira na Medicina
Em 1851, ano de falecimento de seu pai, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, naquele mesmo ano,
iniciou os estudos de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
No ano seguinte (1852), em novembro, ingressou como praticante interno ("residente") no hospital da
Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.[4] Para prover os seus estudos, dava aulas particulares de

Obteve o doutoramento (graduação) em 1856, com a defesa da tese: "Diagnóstico do cancro". Nesse ano,

como Cirurgião-mor, o Dr. Manuel Feliciano Pereira Carvalho, antigo professor de Bezerra de Menezes, que
convidou Bezerra para trabalhar como seu assistente.
A 27 de abril de 1857 candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina
com a memória "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento".
O académico José Pereira Rego leu o parecer na sessão de 11 de maio, tendo a eleição transcorrido na de
18 de maio e a posse na de 1 de junho do mesmo ano.
Em 1858 candidatou-se a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina

no posto de Cirurgião-tenente[10] e, a 6 de Novembro, desposou Maria Cândida de Lacerda, que viria a

idade.
No período de 1859 a 1861 exerceu a função de redator dos Anais Brasilienses de Medicina, periódico da
Academia Imperial de Medicina.
Em 1865 desposou, em segundas núpcias, Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã por parte de mãe
Trajetória política 132
Nesse período a Câmara Municipal do Município Neutro tinha como presidente Roberto Jorge Haddock
Lobo, do Partido Conservador. Ao mesmo tempo, Bezerra de Menezes já se notabilizara pela actuação

alguns amigos levantaram a candidatura de Bezerra de Menezes, pelo Partido Liberal, como representante
da paróquia de São Cristóvão, onde então residia, à Câmara. Ciente da indicação, Bezerra recusou-a
inicialmente, mas, por insistência, acabou se comprometendo apenas em não fazer uma declaração
pública de recusa dos votos que lhe fossem outorgados.
Abertas as urnas e apurados os votos, Bezerra fora eleito. Os seus adversários, liderados por Haddock Lobo,
impugnaram a posse sob o argumento de que militares de Segunda Classe não podiam exercer o cargo
de Vereador. Desse modo, para apoiar o Partido, que necessitava dele para obter a maioria na Câmara,
decidiu requerer exoneração do Corpo de Saúde (26 de Março de 1861). Desfeito o impedimento, foi
empossado no mesmo ano.
Foi reeleito vereador da Câmara Municipal do Município Neutro para o período de 1864 a 1868.
Foi eleito deputado Provincial pelo Rio de Janeiro em 1866, apesar da oposição do então primeiro-ministro
Zacarias de Góis e dos chefes liberais - senador Bernardo de Sousa Franco (visconde de Sousa Franco) e
deputado Francisco Otaviano de Almeida Rosa. Empossado em 1867, a Câmara dos Deputados foi
dissolvida no ano seguinte (1868), devido à ascensão do Partido Conservador.
Retornou à política como vereador no período de 1873 a 1885, ocupando várias vezes as funções de
presidente interino da Câmara Municipal, efectivando-se em julho de 1878, cargo que corresponderia
atualmente ao de Prefeito.
Foi eleito deputado geral pela Província do Rio de Janeiro no período de 1877 a 1885, ano em que
encerrou a sua carreira política. Neste período acumulou o exercício da presidência da Câmara e do
Poder Executivo Municipal. Em sua atuação como deputado, destacam-se algumas iniciativas pioneiras:
buscou, através de projeto de lei, regulamentar o trabalho doméstico, visando conceder a essa categoria,
inclusive, o aviso prévio de 30 dias; denunciou os perigos da poluição que já naquela época afetava a
população do Rio de Janeiro, promovendo providências para combatê-la.[13] Foi membro, a partir de
1882, das Comissões de Obras Públicas, Redação e Orçamento.

Vida empresarial
Foi sócio fundador da Companhia Estrada de Ferro Macaé e Campos (1870). Empenhou-se na construção
da Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua, pretendendo estendê-la até ao rio Doce, projeto que não
conseguiu concretizar (c. 1872).[15] Foi um dos directores da Companhia Arquitetônica de Vila Isabel,
fundada em Outubro de 1873 por João Batista Viana Drummond (depois barão de Drummond) para
empreender a urbanização do bairro de Vila Isabel.[16] Em 1875, foi presidente da Companhia Ferro-Carril
de São Cristóvão, período em que os trilhos da empresa alcançavam os bairros do Caju e da Tijuca.

Militância intelectual
Capa do livreto "A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a
Nação", de 1869. A obra foi distribuída gratuitamente à população.
Durante a campanha abolicionista publicou o ensaio "A escravidão no Brasil e as medidas que convém
tomar para extingui-la sem dano para a Nação" (1869), onde não só defende a liberdade aos escravos,
mas também a inserção e adaptação dos mesmos na sociedade por meio da educação. Nesta obra,
Bezerra se auto-intitula um liberal, e propõe que se imitasse os ingleses, que na época já haviam abolido
a escravidão de seus domínios.
Expôs os problemas de sua região natal em outro ensaio publicado, "Breves considerações sobre as secas

Caravelas, personalidades ilustres do Império do Brasil. Foi redactor d'A Reforma, órgão liberal no
Município Neutro, e, de 1869 a 1870, redator do jornal Sentinela da Liberdade.[18] Escreveu também

Teogônica", "Casamento e Mortalha", "Pérola Negra", "Lázaro, o Leproso", "Os Carneiros de Panúrgio",
"História de um Sonho" e "Evangelho do Futuro".

espanhol e francês.
Militância espírita 133
Conheceu a Doutrina Espírita quando do lançamento da tradução em língua portuguesa de O Livro dos
Espíritos (sem data, em 1875), através de um exemplar que lhe foi oferecido com dedicatória pelo seu
tradutor, o também médico Dr. Joaquim Carlos Travassos.[20] Sobre o contacto com a obra, o próprio
Bezerra registrou posteriormente:
"Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e,
como não tinha distracção para a longa viagem, disse comigo: ora, Deus! Não hei de ir para o inferno

Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!…
Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no 'O Livro dos Espíritos'. Preocupei-me seriamente com
este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se
diz vulgarmente, de nascença."
Contribuiu para a sua adesão o contato com as "curas extraordinárias" obtidas pelo médium João Gonçalves
do Nascimento (1844-1916), em 1882.
Com o lançamento do periódico Reformador, por Augusto Elias da Silva em 1883, passou a colaborar com a
redacção de artigos doutrinários.
Após estudar por alguns anos as obras de Allan Kardec, em 16 de agosto de 1886, aos cinquenta e cinco anos
de idade, perante grande público (estimado, conforme os seus biógrafos, entre mil e quinhentas e duas mil

opção em abraçar o Espiritismo. O evento chegou a ser referido em nota publicada pelo "O Paiz".
No ano seguinte, a pedido da Comissão de Propaganda do Centro da União Espírita do Brasil, inicia a
publicação de uma série de artigos sobre a Doutrina em O Paiz,[25] periódico de maior circulação da
época.[nb 1] Na seção intitulada "Spiritismo - Estudos Philosophicos", os artigos saíram regularmente aos
domingos, no período de 23 de outubro de 1887 a dezembro de 1893, assinados sob o pseudónimo
"Max".
Na década de 1880 o incipiente movimento espírita na capital (e no país) estava marcado pela dispersão de
seus adeptos e das entidades em que se reuniam.[nb 3] Havia, ainda, uma clara divisão entre os espíritas ditos

Em 1889, Bezerra foi percebido como o único capaz de superar as divisões, vindo a ser eleito presidente da
Federação Espírita Brasileira. Nesse período, iniciou o estudo sistemático de "O Livro dos Espíritos" nas
reuniões públicas das sextas-feiras, passando a redigir o Reformador; exerceu ainda a tarefa de doutrinador
de espíritos obsessores. Organizou e presidiu um Congresso Espírita Nacional (Rio de Janeiro, 14 de abril),
com a presença de 34 delegações de instituições de diversos estados. Assumiu a presidência do

República, marechal Deodoro da Fonseca, em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas contra certos
artigos do Código Penal Brasileiro de 1890.
De 1890 a 1891 foi vice-presidente da FEB na gestão de Francisco de Menezes Dias da Cruz, época em que

importantes divergências internas entre os espíritas e fortes ataques ao exteriores ao movimento. Bezerra
de Menezes afastou-se por algum tempo, continuando a frequentar as reuniões do Grupo Ismael e a redação

instituição, foi convidado em 1895 a reassumir a presidência da FEB (eleito em 3 de Agosto desse ano),
função que exerceu até à data de seu falecimento. Nesta gestão iniciou o estudo semanal de "O Evangelho
segundo o Espiritismo", fundou a primeira livraria espírita no país e ocorreu a vinculação da instituição ao
Grupo Ismael e à Assistência aos Necessitados.

de 11 de abril de 1900. Não faltaram aqueles, pobres e ricos, que socorreram a família, liderados pelo
Senador Quintino Bocaiúva. No dia seguinte, na primeira página de "O Paiz", foi lhe dedicado um longo
necrológio, chamando-o de "eminente brasileiro". Recebeu ainda homenagem da Câmara Municipal
do então Distrito Federal pela conduta e pelos serviços dignos.
Ao longo da vida acumulou inúmeros títulos de cidadania.
Legado 134
Bezerra de Menezes deu o nome a uma das embarcações a vapor da Estrada de Ferro Macaé e Campos
que, fretado à Companhia Terrestre e Marítima do Rio de Janeiro, naufragou em Angra dos Reis a 29 de
Janeiro de 1891. Não houve vítimas fatais.
Com relação ao aspecto missionário da vida de Bezerra de Menezes, a obra Brasil, Coração do Mundo,

"Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro,
dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos,

dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração."


Bezerra foi também homenageado em Anápolis, Goiás, em 1982, com o nome de uma escola de ensino
fundamental - Escola de 1º Grau Bezerra de Menezes -, que atende a 200 alunos conveniados com a rede
estadual de Goiás.[30] Em Fortaleza, capital do estado do Ceará, sua terra natal, há uma avenida com o seu
nome, situada no então distrito que levava o nome de seu pai, Antônio Bezerra, atualmente desmembrado
em vários bairros, sendo a mencionada avenida situada entre os bairros Parquelândia, São Gerardo e

Em São José do Rio Preto, SP, o maior Hospital Psiquiátrico, que atende a toda a região, também leva o
nome de Bezerra de Menezes.
[editar]O "Kardec Brasileiro"
Pela atuação destacada no movimento espírita da capital brasileira no último quartel do século XIX,
Bezerra de Menezes foi considerado um modelo para muitos adeptos da Doutrina. Destacam-lhe a

que fosse considerado o "Kardec Brasileiro", numa homenagem devida ao papel de relevância que
desempenhou. Muitos seguidores acreditam, ainda, que Bezerra de Menezes continua, em espírito, a

em todo o mundo.

Filme
A vida de Bezerra de Menezes foi transposta para o cinema, na película Bezerra de Menezes - O Diário
de Um Espírito, com direção de Glauber Santos Paiva Filho e Joel Pimentel. O elenco é integrado por
Carlos Vereza no papel título, Caio Blat e Paulo Goulart Filho, e com a participação especial de Lúcio
Mauro. A produção foi orçada aproximadamente em R$ 2,7 milhões, a cargo da Trio Filmes e Estação
da Luz, com locações no Ceará, Pernambuco, Distrito Federal e Rio de Janeiro, tendo envolvido a mão-

de 2008.

Instituições de que foi membro


Efectivo da Academia Nacional de Medicina e honorário da Secção Cirúrgica.
Instituto Farmacêutico

Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional


Sociedade Físico-Química
Sociedade Propagadora das Belas Artes

Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro (Conselheiro)


Companhia Ferro-Carril de São Cristóvão (Presidente)
Companhia Estrada de Ferro Macaé e Campos (Fundador)
Companhia Arquitetônica de Vila Isabel (Director)
Artigos e obras publicadas 135
1856 - "Diagnóstico do cancro"
1857 - "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento"
1859 - "Curare". (Anais Bras. de Medicina v. 1859-1860 p.121-129)
1869 - "A Escravidão no Brasil, e medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação"
1877 - "Breves considerações sobre as secas do Norte"
- "Das operações reclamadas pelo estreitamento da uretra"

1892 - publicação da sua tradução de Obras Póstumas, de Allan Kardec


1902 - "A Casa Assombrada" (romance originalmente publicado no Reformador e, postumamente,
em livro, pela FEB)

1877 a 1894, publicada pela FEB em três volumes)


1983 - "Os Carneiros de Panúrgio" (romance originalmente publicado no Reformador e, postumamente,
em livro, pela FEESP)

s eu irmão que lhe exprobrava a conversão ao Espiritismo, publicada postumamente, em livro,


pela FEB)
1920 - "A Loucura sob novo prisma" (estudo etiológico sobre as perturbações mentais, publicado
pela FEB)
" Casamento e mortalha" (romance, incompleto)
" Evangelho do Futuro"
" História de um Sonho"
" Lázaro, o Leproso"
" O Bandido"
" Os Mortos que Vivem"
" Pérola Negra"
" Segredos da Natura"
" Viagem através dos Séculos"

Principais obras e mensagens mediúnicas atribuídas a Bezerra de Menezes


Através de Divaldo Pereira Franco, comunicações nas seguintes obras
1991 – "Compromissos Iluminativos" (coletânea de mensagens, ed. LEAL)
Através de Francisco Cândido Xavier, comunicações nas seguintes obras
1973 - "Bezerra, Chico e Você" (coletânea de mensagens, ed. GEEM)
1986 - "Apelos Cristãos" (coletânea de mensagens, ed. UEM)
" Nosso Livro"
" Cartas do Coração"
" Instruções Psicofônicas"
" O Espírito da Verdade"
" Relicário de Luz"
" Dicionário d'Alma"
" Antologia Mediúnica do Natal"
" Caminho Espírita"
" Luz no Lar"
Através de Francisco de Assis Periotto, comunicações nas seguintes obras
2001 - "Fluidos de Luz: ensinamentos de Bezerra de Menezes" (Ed. Elevação)
2002 - "Fluidos de Paz: ensinamentos de Bezerra de Menezes" (Ed. Elevação)
2006 - "Conversando com seu Anjo da Guarda - ensinamentos de Bezerra de Menezes sobre a
A genda Espiritual " (Ed. Elevação)
Através de Maria Cecília Paiva, comunicações nas seguintes obras
" Garimpos do Além" (coletânea de mensagens, ed. Instituto Maria).
Através de Waldo Vieira, comunicações nas seguintes obras 136
" Entre Irmãos de Outras Terras"
" Seareiros de Volta"
Através de Yvonne do Amaral Pereira, comunicações nas seguintes obras

1957 – "A Tragédia de Santa Maria" (romance, ed. FEB)


1964 – "Dramas da Obsessão" (romance, ed. FEB)
1968 – "Recordações da Mediunidade" (relatos e orientações, ed. FEB)

Notas

Conforme o historiador espírita Silvino Canuto de Abreu. O cabeçalho do periódico, dirigido por Quintino

A série foi interrompida no Natal de 1893, ano de profunda convulsão na então Capital, devido à Revolta da
Armada, momento em que foram encerradas todas as sociedades, espíritas ou não. De acordo com Canuto
de Abreu, o conjunto desses artigos constitui-se no maior repertório da doutrina de Allan Kardec em língua
portuguesa. A série não se iniciou com o material de Bezerra de Menezes, mas com dois artigos assinados
por "Sedório", na Secção Livre do periódico: "A Doutrina Espírita", na edição de 9 de outubro e "Os Fatos
Espiríticos", a de 16 de outubro. Em 1889 foi editada pelo Centro da União Espírita do Brasil uma série com
69 artigos publicados em O Paiz. Posteriormente, a FEB publicou uma série com 316 artigos, de 1887 até
1893, em livro (três volumes), sob o título "Espiritismo: estudos philosophicos", publicados na cidade do
Porto, em Portugal, em 1907. Mais recentemente, o jornalista e político espírita José de Freitas Nobre reuniu
os artigos de Bezerra de Menezes na grande imprensa, publicando-os pela EDICEL em três volumes, de

Entre eles, destacavam-se na Corte, à época, a Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade (antiga
Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade), o Grupo Espírita Fraternidade e o Centro da
União Espírita do Brasil, além da própria Federação Espírita Brasileira.

Embora com participação relativamente reduzida, o encontro teve o mérito de reconhecer o sistema
federativo, por preservar a autonomia das instituições que o integram, como o mais adequado à estru-
turação do movimento espírita no país.

O Código Penal de 1890 foi promulgado pelo Decreto nº 22.213, de 14 de dezembro do mesmo ano, mas
só entrou em vigor seis meses após a sua publicação. Os seus artigos nºs. 157 e 158 proibiam expressa-
mente "praticar o Espiritismo" e "inculcar curas de moléstias curáveis ou incuráveis", o que afetava direta-
mente as atividades das sociedades espíritas, cuja prática de receituário mediúnico homeopático era muito
difundida à época.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bezerra_de_Menezes
137
Hippolyte Léon Denizard Rivail (Lyon, 3 de outubro de 1804 —
Paris, 31 de março de 1869) foi educador, escritor e tradutor francês.
Sob o pseudônimo de Allan Kardec, notabilizou-se como o

denominado de Doutrina Espírita.

Resumo

pedagógicos anteriores. Segundo algumas fontes, o pseudônimo


foi escolhido pois um espírito revelou-lhe que haviam vivido juntos

No 4º Congresso Mundial em Paris (2004), o médium brasileiro Divaldo Pereira Franco psicografou uma
mensagem atribuída ao espírito de León Denis em francês (invertida) declarando que Allan Kardec fora
a reencarnação de Jan Hus, um reformador religioso do século XV. Esta informação já foi dada em diversas
fontes diferentes, o que está de acordo com o Controle Universal do Ensino dos Espíritos, que Kardec

haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns
estranhos uns aos outros e em vários lugares."

A juventude e a atividade pedagógica

Allan Kardec e sua esposa Amélie Gabrielle Boudet.


Nascido numa antiga família de orientação católica com tradição na magistratura e na advocacia, desde

Fez os seus estudos na Escola de Pestalozzi, no Castelo de Zahringenem, em Yverdon-les-Bains, na Suíça


(país protestante), tornando-se um dos seus mais distintos discípulos e ativo propagador de seu método,

idade já ensinava aos seus colegas menos adiantados, criando cursos gratuitos para os mesmos.
Aos dezoito, bacharelou-se em Ciências e Letras.
Concluídos os seus estudos, o jovem Rivail retornou ao seu país natal. Profundo conhecedor da língua
alemã, traduzia para este idioma diferentes obras de educação e de moral, com destaque para as obras
de François Fénelon, pelas quais manifestava particular atração. Conhecia a fundo os idiomas francês,
alemão, inglês e holandês, além de dominar perfeitamente os idiomas italiano e espanhol.
Era membro de diversas sociedades, entre as quais da Academia Real de Arras, que, em concurso promo-
vido em 1831, premiou-lhe uma memória com o tema "Qual o sistema de estudos mais de harmonia com
as necessidades da época?".
A 6 de fevereiro de 1832 desposou Amélie Gabrielle Boudet. Em 1824, retornou a Paris e publicou um
plano para aperfeiçoamento do ensino público. Após o ano de 1834, passou a lecionar, publicando diver-
sas obras sobre educação, e tornou-se membro da Real Academia de Ciências Naturais.
Como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público.
Entre 1835 e 1840, manteve em sua residência, à rua de Sèvres, cursos gratuitos de Química, Física,
Anatomia comparada, Astronomia e outros. Nesse período, preocupado com a didática, criou um
engenhoso método de ensinar a contar e um quadro mnemônico da História de França, visando facilitar
ao estudante memorizar as datas dos acontecimentos de maior expressão e as descobertas de cada
reinado do país.
As matérias que lecionou como pedagogo são: Química, Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia,
Retórica, Anatomia Comparada e Francês.
138

Conforme o seu próprio depoimento, publicado em Obras Póstumas, foi em 1854 que o Prof. Rivail ouviu
falar pela primeira vez do fenômeno das "mesas girantes", bastante difundido à época, através do seu
amigo Fortier, um magnetizador de longa data. Sem dar muita atenção ao relato naquele momento,
atribuindo-o somente ao chamado magnetismo animal de que era estudioso, só em maio de 1855 sua
curiosidade se voltou efetivamente para as mesas, quando começou a frequentar reuniões em que tais
fenômenos se produziam.

e assim passou a se comunicar com os espíritos. Um desses espíritos, conhecido como um


"espírito familiar", passa a orientar os seus trabalhos. Mais tarde, este espírito iria lhe informar que já o
conhecia no tempo das Gálias, com o nome de Allan Kardec. Assim, Rivail passa a adotar este pseudônimo,
sob o qual publicou as obras que sintetizam as leis da Doutrina Espírita.[9]
Convencendo-se de que o movimento e as respostas complexas das mesas deviam-se à intervenção de
espíritos, Kardec dedicou-se à estruturação de uma proposta de compreensão da realidade baseada na

sobre o real um olhar que não negligenciasse nem o imperativo da investigação empírica na construção
do conhecimento, nem a dimensão espiritual e interior do Homem.

dos Espíritos, considerado como o marco de fundação do Espiritismo, após o lançamento da Revista
Espírita (1 de janeiro de 1858), fundou, nesse mesmo ano, a primeira sociedade espírita regularmente
constituída, com o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Os últimos anos

simpatizantes, e defendê-lo dos opositores através da Revista Espírita Ou Jornal de Estudos Psicológicos.
Faleceu em Paris, a 31 de março de 1869, aos 64 anos de idade,[12] em decorrência da ruptura de um
aneurisma, quando trabalhava numa obra sobre as relações entre o Magnetismo e o Espiritismo, ao
mesmo tempo em que se preparava para uma mudança de local de trabalho. Está sepultado no
Cemitério do Père-Lachaise, uma célebre necrópole da capital francesa. Junto ao túmulo, erguido
como os dólmens druídicos, Acima de sua tumba, seu lema: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir
sem cessar, tal é a lei", em francês.
Em seu sepultamento, seu amigo, o astrônomo francês Camille Flammarion proferiu o seguinte discurso,
ressaltando a sua admiração por aquele que ali baixava ao túmulo:

“ Voltaste a esse mundo donde viemos e colhes o fruto de teus estudos terrestres. Aos nossos
pés dorme o teu envoltório, extinguiu-se o teu cérebro, fecharam-se-te os olhos para não mais
s e abrirem, não mais ouvida será a tua palavra… Sabemos que todos havemos de mergulhar
nesse mesmo último sono, de volver a essa mesma inércia, a esse mesmo pó. Mas, não é nesse
e nvoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança. Tomba o corpo, a alma permanece e
r etorna ao Espaço. Encontrar-nos-emos num mundo melhor e no céu imenso onde usaremos
das nossas mais preciosas faculdades, onde continuaremos os estudos para cujo desenvol-
v imento a Terra é teatro por demais acanhado. (…) Até à vista, meu caro Allan Kardec, até à vista!”

Sobre Kardec, Gabriel Delanne escreveu:


“ Substituindo a fé cega numa vida futura, pela inquebrantável certeza, resultante de constatações
Obras - Obras didáticas 139
Contracapa da versão de 1860 d'O Livro dos Espíritos, a principal obra publicada por Kardec.
O professor Rivail escreveu diversos livros pedagógicos, dentre os quais destacam-se:
1824 - Curso prático e teórico de Aritmética, segundo o método de Pestalozzi, para uso dos

1828 - Plano proposto para melhoramento da Instrução Pública


1831 - Gramática Francesa Clássica
1831 - Qual o sistema de estudo mais consentâneo com as necessidades da época?.
1846 - Manual dos exames para os títulos de capacidade: soluções racionais de questões e
problemas de Aritmética e de Geometria
1848 - Catecismo gramatical da Língua Francesa
1849 - Programa dos Cursos ordinários de Química, Física, Astronomia, Fisiologia
1849 - Ditados normais dos exames da Municipalidade e da Sorbona

Diplomas obtidos
Lista dos principais diplomas obtidos por Denizard Rivail durante a sua carreira de professor e
diretor de colégio:
-Diploma de fundador da Sociedade de Previdência dos Diretores de Colégios e Internatos de Paris - 1829
-Diploma da Sociedade para a Instrução Elementar - 1847. Secretário geral: H. Carnot.
-Diploma do Instituto de Línguas, fundado em 1837. Presidente: Conde Le Peletier-Jaunay.
-Diploma da Sociedade de Educação Nacional, constituída pelos diretores de Colégios e de Internatos da

-Diploma da Sociedade Gramatical, fundada em Paris em 1807, por Urbain Domergue - 1829.
-Diploma da Sociedade de Emulação e de Agricultura do Departamento do Ain - 1828 (Rivail fora
designado para expor e apresentar em França o método de Pestalozzi).
-Diploma do Instituto Histórico, fundado em 24 de Dezembro de 1833 e organizado a 6 de Abril de 1834.
P residente: Michaud, membro da academia francesa.
-Diploma da Sociedade Francesa de Estatística Universal, fundada em Paris, em 22 de Novembro de 1820,
por César Moreau.
-Diploma da Sociedade de Incentivo à Indústria Nacional, fundada por Jomard, membro do Instituto.
-Medalha de ouro, 1º prêmio, conferida pela Sociedade Real de Arrás, no concurso realizado em 1831,
s obre educação e ensino.

Obras espíritas
As cinco obras fundamentais que versam sobre o Espiritismo, sob o pseudônimo Allan Kardec, são:
O Livro dos Espíritos, Princípios da Doutrina Espírita, publicado em 18 de abril de 1857;
O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores, em janeiro de 1861;
O Evangelho segundo o Espiritismo, em abril de 1864;
O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, em agosto de 1865;
A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, em janeiro de 1868.

Além delas, como Kardec, publicou mais cinco obras complementares:


-Revista Espírita (periódico de estudos psicológicos), publicada mensalmente de 1 de janeiro de 1858 a 1869;
-O que é o Espiritismo? (resumo sob a forma de perguntas e respostas), em 1859;
-Instrução prática sobre as manifestações espíritas (substituída pelo Livro dos Médiuns; publicada no Brasil
pela editora O Pensamento)
Nossa Senhora do Rosário de Fátima 140

Instituição da festa: 1946


Venerada pela: I greja Católica
Principal igreja: S antuário de Fátima
Festa litúrgica: 13 de maio
Atribuições: A parições de Fátima

Nossa Senhora de Fátima (ou Nossa Senhora do Rosário de Fátima)


é uma das designações atribuídas à Virgem Maria que, segundo os
relatos da época e da Igreja Católica, apareceu repetidamente a três
pastores, crianças na altura das aparições, no lugar de Fátima, tendo
a primeira aparição acontecido no dia 13 de Maio de 1917.
Estas aparições continuaram durante seis meses seguidos, sempre
no mesmo dia (exceptuando em Agosto). A aparição é associada
também a Nossa Senhora do Rosário, sendo portanto aceito a
combinação dos dois nomes - dando origem a "Nossa Senhora do
Rosário de Fátima" - pois, segundo os relatos, "Nossa Senhora do
Rosário" teria sido o nome pelo qual a Virgem Maria se haveria

pedido de oração, nomeadamente, a oração do Santo Rosário.


Fecha o ciclo de aparições iniciado em Paris, como Nossa Senhora
das Graças, sucedida pela aparição em La Salette e Lourdes.

História

Ver artigo principal: Aparições de Fátima


Três crianças, Lúcia de Jesus dos Santos (de 10 anos), Francisco Marto (de 9 anos) e Jacinta Marto (de 7 anos),

na Cova da Iria, freguesia de Aljustrel, pertencente ao concelho de Ourém, Portugal.


Segundo relatos posteriores aos acontecimentos, por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, as
crianças teriam visto uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo
depois, outro clarão teria iluminado o espaço. Nessa altura, teriam visto, em cima de uma pequena
azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma "Senhora mais brilhante que o sol".
Segundo os testemunhos recolhidos na época, a senhora disse às três crianças que era necessário rezar
muito e que aprendessem a ler. Convidou-as a voltarem ao mesmo sítio no dia 13 dos próximos cinco
meses. As três crianças assistiram a outras aparições no mesmo local em 13 de junho, 13 de julho e 13 de
setembro. Em agosto, a aparição ocorreu no dia 19, no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de
Aljustrel, porque as crianças tinham sido presas e levadas para Vila Nova de Ourém pelo administrador do
Concelho no dia 13 de agosto.

A famosa "Capelinha das Aparições" em Fátima (que marca o local exacto onde Nossa Senhora apareceu
aos três pastorinhos).
A 13 de outubro, estando presentes na Cova da Iria cerca de 50 mil pessoas, Nossa Senhora teria dito às

chamado milagre do sol, prometido às três crianças em julho e setembro. Segundo os testemunhos

girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra. Tal fenómeno foi
testemunhado por muitas pessoas, até mesmo distantes do lugar da aparição. O relato foi publicado na
imprensa por vários jornalistas que ali se deslocaram e que foram testemunhas do fenómeno.
141

Sérgio, que esteve presente no local e testemunhou que nada se passara de extraordinário com o sol,
e do militante católico Domingos Pinto Coelho, que escreveu na imprensa que não vira nada de

sobre si próprio e mudando de cor.

Posteriormente, sendo Lúcia religiosa doroteia, Nossa Senhora ter-lhe-á aparecido novamente em Espanha
(10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13 para
14 de Junho de 1929, no Convento de Tui), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço,
meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados
cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração.
Anos mais tarde, nas suas Memórias, Lúcia contou ainda que, entre abril e outubro de 1916, teria já
aparecido um anjo aos três pastorinhos, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do

Este anjo teria ensinado aos pastorinhos duas orações, conhecidas por Orações do Anjo, que entraram na
piedade popular e são utilizadas sobretudo na adoração eucarística.

Síntese da Mensagem de Fátima

Os três pastorinhos de Fátima (1917).


S egundo a Irmã Lúcia, no seu último livro publicado em 2006, toda a mensagem
s ubjacente às aparições de Nossa Senhora de Fátima é o seguinte:
No decorrer de toda a Mensagem, a começar pelas aparições do Anjo, encontramos
um apelo à oração e ao sacrifício oferecido a Deus por amor e conversão dos
p ecadores. Para mim, este apelo é como que a norma básica de toda a Mensagem,
que começa por introduzir-nos num plano de fé, esperança e amor: "Meu Deus, eu
creio, adoro, espero e amo-vos". É aqui que assenta a base fundamental de toda a
nossa vida sobrenatural: viver de fé, viver de esperança, viver de amor.

Os três pastorinhos
de Fátima (1917).

Na Exortação Apostólica Signum magnum, o Papa Paulo VI assim resumiu a mensagem da santa: {{Quote1|

temor de Deus, e recorda-lhes com frequência aquelas palavras com que Jesus Cristo anunciava estar perto
o reino dos Céus: Arrependei-vos e acreditai no Evangelho, bem como a sua severa advertência: Se não vos
arrependerdes, perecereis todos de maneira semelhante.

Monumento
No dia 13 de maio de 2008 foi inaugurada em Fortaleza, Ceará a maior imagem de Nossa Senhora de
Fátima do mundo. A estátua tem 15 metros de altura e foi feita pelo artista plástico Franciner Macário Diniz.

Referências
-Nossa Senhora de Fátima. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Regional Oeste 2. Página visitada
e m 28 nov. 2009.
-SANTOS, Lúcia de Jesus dos [Irmã Lúcia]. Como vejo a Mensagem ao longo do tempo e dos aconte-
cimentos. Coimbra: Carmelo de Coimbra, Secretariado dos Pastorinhos, 2006, p. 48.
-CE: inaugurada maior estátua de Fátima do mundo. Terra Networks Brasil, São Paulo, 13 maio 2008.
D isponível em: <http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI2885443-EI8139,00.html>.
A cesso em: 28 nov. 2009.
Madre Teresa de Calcutá 142

Nascimento: 26 de agosto de 1910 em Skopje, Império Otomano


Morte: 5 de setembro de 1997 (87 anos) em Calcutá, Índia
Veneração por: I greja Católica

Principal templo: T emplo das Missionárias da Caridade


Festa litúrgica: 5 de setembro
Padroeira: P obres e Incapacitados

Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor


Madre Teresa de Calcutá

Agnes Gonxha Bojaxhiu (Skopje, 26 de agosto de 1910 — Calcutá, 5 de setembro de 1997), conhecida
mundialmente como Madre Teresa de Calcutá ou Beata Teresa de Calcutá, foi uma missionária católica
de etnia albanesa, nascida no Império Otomano, na capital da atual República da Macedônia e naturalizada

fundou a congregação "Missionárias da Caridade", tornando-se conhecida ainda em vida pelo cognome de
"Santa das sarjetas".

considerava o 27 de Agosto, o dia em que foi batizada, como o seu " verdadeiro aniversário". Ela nasceu em
Skopje, hoje capital da República da Macedônia, mas na época de seu nascimento era parte do Império
Otomano.
Começou por fazer votos aos 18 anos nas Irmãs de Nossa Senhora do Loreto (Instituto Beatíssima Virgem
Maria), na Irlanda, onde pouco tempo viveu.
Já na Índia, a serviço dessa congregação como professora, ao primeiro lar infantil ou "Sishi Bavan" (Casa da
Esperança), fundada em 1952, juntou-se ao "Lar dos Moribundos", em Kalighat. A princípio, ela teve alguns
problemas de ordem religiosa, com alguns grupos que professavam uma outra fé, e consequentemente,
uma outra religião e cultura, mas com o passar do tempo, todos foram notando, que ela tinha realmente
boas intenções, e que sua obra tinha verdadeiramente um caráter nobre. Assim, ela começa a receber
donativos de hindus, muçulmanos, budistas, etc. E assim também foi ocorrendo em relação às outras
situações difíceis e problemáticas, tais como: crianças abandonadas, pessoas sofrendo de AIDS/SIDA,
mulheres que haviam sido abusadas e engravidaram, leprosos...[carece de fontes]
Mais de uma década depois, em 1965, a Santa Sé aprovou a Congregação Missionárias da Caridade e,
entre 1968 e 1989, estabeleceu a sua presença missionária em países como Albânia, Rússia, Cuba, Canadá,
Palestina, Bangladesh, Austrália, Estados Unidos da América, Ceilão, Itália, antiga União Soviética, China, etc.
O reconhecimento do mundo pelo seu trabalho concretizou-se com o Prêmio Templeton, em 1973, e com
o Nobel da Paz, no dia 17 de outubro de 1979.

Morreu em 1997 aos 87 anos, de ataque cardíaco, quando preparava um serviço religioso em memória da
Princesa Diana de Gales, sua grande amiga, que faleceu num acidente de automóvel em Paris. Tratado
como um funeral de Estado, vários foram os representantes do mundo que quiseram estar presentes
para prestar a sua homenagem. As televisões do mundo inteiro transmitiram ao vivo durante uma semana,
os milhões que queriam vê-la no estádio Netaji. Encontra-se sepultada em Motherhouse Convent, Calcutá,

O seu trabalho missionário continua através da irmã Nirmala, eleita no dia 13 de março de 1997 como sua
sucessora.
Um de seus pensamentos era este: 143

“Não usemos bombas nem armas para conquistar o mundo.


Usemos o amor e a compaixão.
A paz começa com um sorriso”. Criou as missionárias da caridade,
onde todas as freiras iriam ajudar não a ela, mas sim a todos os necessitados.[carece de fontes]

A "noite escura" de Madre Teresa


Uma coleção de cartas dirigidas a uns poucos conselheiros espirituais e recolhidas no livro "Madre Teresa
venha, seja minha luz" (Mother Teresa: Come Be My Light) publicado em 4 de setembro de 2007, traduzido
e publicado no Brasil pela editora Thomas Nelson, organizado pelo Padre Brian Kolodiejchuk, postulador
da causa da sua canonização revelaram, segundo alguns, dúvidas profundas de madre Teresa sobre sua fé
em Deus, provocando discussões sobre uma possível posição agnóstica.
Madre Teresa, em suas cartas, descreveu como sentia falta de respostas de Deus.
Em 1956 escreveu:
"Tão profunda ânsia por Deus - e ... repulsa - vazio - sem fé - sem amor - sem fervor. Almas não atrai -

Em 1959: "Se não houver Deus - não pode haver alma - se não houver alma então, Jesus -
Você também não é real."

Uma de suas cartas ao Padre Neuner dizia: "Pela primeira vez ao longo de 11 anos - cheguei a amar a
escuridão. - Pois agora acredito que é parte, uma parte muito, muito pequena da escuridão e da dor
de Jesus neste mundo. O Senhor ensinou-me a aceitá-la [como] um 'lado espiritual de sua obra', como
escreveu. - Hoje senti realmente uma profunda alegria - que Jesus já não pode passar pela agonia - mas
que quer passar por mim. - Abandono-me a Ele mais do que nunca. - Sim - mais do que nunca estarei
à disposição."

que outros santos também demonstraram dúvidas em relação a sua fé, como por exemplo São Tomé.

A crise espiritual.
Segundo o postulador da causa da canonização de Madre Teresa e autor do livro, a sua crise espiritual
começou nos anos 50, logo após a fundação da ordem das Missionárias da Caridade; a partir daí "viveu
uma grande fase de escuridão interior que se prolongou até a sua morte". "Sabia que estava unida a Deus,
mas não conseguia sentir nada"[5] Este fenômeno é conhecido na tradição e na teologia mística cristã, e
foi São João da Cruz quem o chamou de noite escura do espírito, o que considera uma etapa no caminho

Silêncio divino.
Bento XVI comentando as cartas disse que este silêncio serve para que os crentes percebam a situação
daqueles que não acreditam em Deus. Falando sobre as experiências místicas da beata disse que "tudo
aquilo que já sabíamos se mostra agora ainda mais abertamente: com toda a sua caridade, a sua força
de fé, Madre Teresa sofria com o silêncio de Deus".

Antídoto contra o sentimentalismo.


Kolodiejchuk enxerga na atitude da beata um antídoto contra o sentimentalismo: "A tendência em nossa
vida espiritual, e também na atitude mais geral relativamente ao amor, é que o que conta são os nossos
sentimentos. Assim a totalidade do amor é o que sentimos. Mas o amor autêntico a alguém requer o

cortado, mas levantava-se às 4:30 h. cada manhã por Jesus e era capaz de escrever-lhe: Tua felicidade é o
único que quero. Este é um poderoso exemplo, inclusive em termos não puramente religiosos."
144
Deus Caritas Est
Bento XVI na sua encíclica Deus caritas est, de 25 de dezembro de 2005, "sobre o amor cristão", cita
Madre Teresa como exemplo de pessoa de oração e ao mesmo tempo de fé operativa:
A piedade não afrouxa a luta contra a pobreza ou mesmo contra a miséria do próximo. A beata Teresa
de Calcutá é um exemplo evidentíssimo do fato que o tempo dedicado a Deus na oração não só não

carta para a Quaresma de 1996, essa beata escrevia aos seus colaboradores leigos: 'Nós precisamos desta
união íntima com Deus na nossa vida cotidiana. E como poderemos obtê-la? Através da oração.

uma indiana, que foi curada de um tumor no estômago de forma inexplicável e cuja cura foi atribuída a
Madre Teresa. Segue em aberto o processo de sua canonização.

não câncer. Ele insistiu: "Não foi um milagre .... Ela tomou medicamentos de nove meses a um ano".
De acordo com o marido de Besra: "Minha esposa foi curada pelos médicos e não por um milagre".

Títulos e homenagens
Padma Shree - Índia, 1962.
Ramon Magsaysay Award Foundation - Filipinas, 1962.
Doutora honoris causa em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade
Católica do Sagrado Coração.
Prêmio Nobel para a Paz - 1979.
Medalha Presidencial da Liberdade - Estados Unidos, 1985.

Cinema e literatura

Malcolm Muggeridge.

por Geraldine Chaplin. Ganhou em 1998 o prêmio Art Film Festival.


- A vida de Madre Teresa foi retratada em 2003 em minissérie de televisão italiana Madre Teresa,
estrelada por Olivia Hussey como Madre Teresa. Posteriormente, foi lançado internacionalmente

http://pt.wikipedia.org/wiki/Madre_Teresa_de_Calcutá
Mahatma Gandhi 145

Nome completo: Mohandas Karamchand Gandhi


Conhecido por: liderar o Movimento pela Independência da Índia
Nascimento: 2 de outubro de 1869 Porbandar, Guzerate,
Índia Britânica
Morte: 30 de janeiro de 1948 (78 anos)
Nova Déli, União da Índia
Ocupação: Advogado

Prêmios: Pessoa do Ano (1930)

Mohandas Karamchand Gandhi (Porbandar, 2 de outubro de 1869 — Nova Déli, 30 de janeiro de 1948),
mais conhecido popularmente por Mahatma Gandhi (do sânscrito "Mahatma", "A Grande Alma") foi o
idealizador e fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor do Satyagraha (princípio da
não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução.
O princípio do satyagraha, frequentemente traduzido como "o caminho da verdade" ou "a busca da verdade",
também inspirou gerações de ativistas democráticos e anti-racismo, incluindo Martin Luther King e Nelson

hindu: verdade (satya) e não-violência (ahimsa).

Juventude
Mohandas Karamchand Gandhi nasceu no dia 2 de outubro de 1869, na cidade de Porbandar, na Índia
ocidental, hoje estado de Gujarat. Seu pai era o primeiro-ministro local, do mínusculo principado, e a mãe
era uma devota vaisnava.
Como era costume em sua cultura nesta época, em maio de 1883 com a idade de 13 anos, a família de
Gandhi realizou seu casamento arranjado infantil com Kasturba Gandhi, de 14 anos, através de um acordo
entre as respectivas famílias.

Formação na Inglaterra
Depois de um pouco de educação indistinta foi decidido que ele deveria ir para a Inglaterra para estudar
Direito na University College. Ele ganhou a permissão da mãe, prometendo se abster de vinho, mulheres

faculdade de Direito em Londres.

vegetarianismo e convenceu-se dessa prática. Ele organizou um clube vegetariano onde se encontravam
teósofos e pessoas com interesses altruísticos.
Sua primeira leitura do Bhagavad-Gita foi através de parábolas em língua britânica com tradução poética
de Edwin Arnold: A Canção Celestial. Esta escritura hindu e o "Sermão da Montanha", do Evangelho, se
tornaram, mais tarde, suas "bíblias" e guias de viagens espirituais. Ele memorizou o Gita em suas meditações
diárias, e frequentemente recitou no original sânscrito, em suas orações.
146
A vida na África do Sul
Quando Gandhi voltou à Índia, em 1891, sua mãe havia falecido, e ele, devido a timidez não obteve êxito

Sua estadia na África do Sul, notório local de discriminação racial, despertaram em Gandhi a consciência
social. Como advogado, Gandhi fez o melhor para descobrir os fatos. Depois de resolver um caso difícil,
ele passou a ter notoriedade por sua atuação. Ele mesmo relata: "eu tive um aprendizado que me levou
a descobrir o lado melhor da natureza humana e entrar nos corações dos homens. Eu percebi que a
verdadeira função de um advogado era unir rivais de festas a parte".
Acreditava que o dever do advogado era ajudar o tribunal a descobrir a verdade, não tentar incriminar
o inocente. Ao término do ano, durante uma festa de despedida, de retorno à Índia, Gandhi tomou
conhecimento que uma lei estava sendo proposta para privar os hindus do voto. Os amigos dele

Gandhi fundou em KwaZulu-Natal o Congresso hindu em 1894, e seus esforços foram uma vigorosa
advertência para a imprensa.

sul-africanos tentaram interromper suas atividades de maneiras sórdidas. Uma delas foi a tentativa
de subornar e ameaçar o agropecuário Dada Abdulla Sheth; mas Dada Abdulla era cliente de Gandhi,

de espera reconheceu Gandhi, e alguns brancos começaram a espancá-lo até que a esposa do
Superintendente Policial veio ao salvamento dele. A turba ameaçou linchá-lo, mas Gandhi escapou
usando um disfarce.

ego-restrição com respeito a uma pessoa infratora; além de que, tinha sido os líderes da comunidade
e do governo de Natal que haviam causado o problema.[2] Não obstante o acontecido Gandhi sentia
o dever de apoiar o povo britânico durante a Guerra dos Boers, organizando e conduzindo um Corpo
médico hindu para alimentar os feridos no campo de batalha. Quando trezentos hindus e oitocentos
criados foram contratados, os brancos foram surpreendidos.
Gandhi acabou permanecendo vinte anos na África do Sul defendendo a minoria hindu, liderando a
luta de seu povo pelos seus direitos. Ele experimentou o celibato durante trinta anos de sua vida, e em
1906 levou o juramento de Brahmacharya para o resto da vida dele.

alemão de origem judaica que emigrara para a África do Sul e viria a tornar-se um de seus discípulos
mais próximos. Viveram sob o mesmo teto por dois anos, separando-se quando Gandhi retornou à
Índia em 1914. Mantiveram contato por correspondência e Gandhi prometeu não olhar mais para uma
mulher com intenções impuras.

Satyagraha, a força da verdade


O primeiro uso de desobediência civil em massa ocorreu em setembro de 1906. O Governo de Transvaal
quis registrar a população hindu inteira. Os hindus formaram uma massa que se encontrou no Teatro
Imperial de Joanesburgo; eles estavam furiosos com a ordem humilhante, e alguns ameaçaram exercer
uma resposta violenta a ordem injusta.
Porém, eles decidiram em grupo a se recusarem a obedecer as providências de inscrição; havia
unanimidade, apenas alguns se registraram. Ainda, Gandhi sugeriu aos indianos que levassem um penhor
em nome de Deus; embora eles fossem hindus e muçulmanos, todos acreditavam em um e no mesmo
Deus. Gandhi decidiu chamar esta técnica de recusar submeter a injustiça de Satyagraha que quer dizer
literalmente: "força da verdade". Uma semana depois de desobediência, as mulheres Asiáticas foram

Asiático" em 1907, Gandhi e vários outros hindus foram presos.


147
A pena dele foi de dois meses sem trabalho duro, dedicando-se durante esse período à leitura. Durante
a vida, Gandhi passaria um total de mais de seis anos como prisioneiro. Enquanto lendo em prisão Gandhi
travou contato, por carta, com Leon Tolstoi, um de seus ídolos. O escritor russo com suas ideias libertárias

Desobediência Civil. Também teve papel importante a obra do pensador anarquista Kropotkin. Logo

O movimento de protesto para a conquista dos direitos indianos na África do Sul continuou crescendo;
em um certo ponto foram presos 2.500 indianos dos 13.000 existentes na província, enquanto 6.000
tinham fugido de Transvaal.

"sem dor" e normalmente é traduzido "não violência". Gandhi seguiu o Ódio de preceito "o pecado e não
o pecador. Desde que nós vivemos espiritualmente, ferir ou atacar outra pessoa são atacar a si mesmo.
Embora nós possamos atacar um sistema injusto, nós sempre temos que amar as pessoas envolvidas.
Assim ahimsa é a base da procura para verdade".

Gandhi também foi atraído a vida agrícola simples. Ele começou duas comunidades rurais em Satyagrahis:
"Phoenix Farm" e "Tolstoy Farm". Escreveu e editou o diário "Opinião indiana", para elucidar os princípios e
a prática de Satyagraha. Três assuntos foram apontados: a indagação para direitos dos hindus na África do

Cristãos.

Em novembro de 1913 Gandhi conduziu uma marcha com mais de duas mil pessoas. Gandhi foi preso e

de quatro dias de liberdade. Foi então condenado ao trabalho forçado durante três meses, mas as greves
continuaram, envolvendo aproximadamente 50.000 operários e milhares de indianos foram escravizados
na prisão.

Alguns missionários Cristãos doaram todo seu dinheiro para o movimento. Foram libertados Gandhi e
outros líderes, e foi anunciada outra marcha. Porém, Gandhi recusou tirar proveito através de uma greve
em uma estrada de ferro dos "brancos" (já que certa vez Mahatma Gandhi havia sido expulso de um
compartimento de primeira classe de um trem, ao se recusar a "ceder" o seu lugar a um branco e se mover
para a terceira classe), sendo que Gandhi cancelou a marcha, apesar de estar "quebrando" o penhor de
Sujeira (1908).[1] "Perdão é o ornamento do valente", Gandhi explicou.

Finalmente através de negociação os assuntos estavam resolvidos. Todos os matrimônios independente


da religião eram válidos; os impostos em atraso foram cancelados e inclusive os operários contratados; e
foi concedida mais liberdade aos indianos.

Gandhi constatou o poder do método de Satyagraha e profetizou como poderia transformar a civilização

militarismo."

Enquanto isso a Índia ainda estava sofrendo debaixo de regra colonial britânica. Gandhi sugere que a Índia

bruta e sua opressão e declara que a força da alma ou amor e que se mantém a unidade das pessoas em
paz e harmonia.
148
Retorno à Índia

De volta a Índia em 1915, Gandhi passou a exercer o papel de conscientizador da sociedade hindu e

violência baseava-se no uso da desobediência civil.


Gandhi estava pronto para morar nas ruas sujas com os intocáveis se necessário, mas um benfeitor
anônimo doou bastante dinheiro que duraria um ano. Passa então a ajudar os necessitados e as crianças
carentes.
Em 1917 Gandhi ajudou as pessoas que trabalhavam em tecelagens, diante das explorações injusta dos
proprietários sobre esses trabalhadores. Ele foi detido, mas logo perceberam que o Mahatma era o único
que poderia controlar as multidões.
Reformas foram ganhas novamente por meio da desobediência civil. Os trabalhadores têxteis de
Ahmedabad também eram economicamente oprimidos. Gandhi sugeriu uma greve, e como os
trabalhadores temiam as consequências dela, ele faz um jejum para encorajar que eles continuem a
greve. Gandhi explicou que ele não jejuou para coagir o oponente, mas fortalecer ou reformar esses que
o amaram. Ele não acreditou que jejuando resultaria em salários mais altos.

arbitrários do "Rowlatt Act" em 1919. A Índia tinha cooperado com a Inglaterra durante a guerra, no
entanto estavam sendo reduzidas as liberdades civis.
Guiado por um sonho ou experiência interna Gandhi decidiu pedir um dia de greve geral. Porém, a

O Mahatma se arrependeu declarando que tinha feito "um erro de cálculo", e ele cancelou a campanha.
Gandhi fundou e publicou dois semanários sem anúncios - a "Índia Jovem" em inglês e o "Navajivan" em
Gujarati. Em 1920 Gandhi iniciou uma campanha de âmbito nacional de não cooperação com o governo

alcoólica, desde que o governo ganhou toda a renda de sua venda.


Gandhi realizou várias viagens ao longo de todo território hindu, com a função de conseguir a conscien-
tização em massa de todas as pessoas, mostrando a necessidade da prática da desobediência civil e do

experiências vividas. Ele é bastante sincero nesse livro, chegando ao ponto de se humilhar pelos erros
cometidos, mostrando o esforço de os superar.

A pelo de Gandhi ao povo de Bombaim, publicado em 1919 no


semanário "Índia Jovem" ("Young India").
Em suas falas ele exibe através dos dedos da mão seu programa
de cinco pontos:

i gualdade;
nenhum uso de álcool ou droga;
unidade hindu-muçulmano;
amizade;
e igualdade para as mulheres.

E sses cinco pontos, os cinco dedos representando o sistema,


estavam conectados ao pulso, simbolizando a não-violência.
149
Finalmente em 1928, ele anunciou uma campanha de Satyagraha em Bardoli contra o aumento de 22%
em impostos britânicos. As pessoas se recusaram a pagar os impostos, sendo repreendidas pelo governo
britânico. No entanto os indianos continuavam não violentos. Finalmente, após vários meses, os britânicos

os camponeses voltaram a pagar seus tributos.

Ainda nesse ano, o congresso indiano quis a autonomia da Índia e considerou guerra aos ingleses para

[editar]A "Marcha do Sal"

Por conseguinte em 1930, Mahatma Gandhi informou ao vice-rei, de que a desobediência civil em massa
iniciaria no dia 11 de março. "Minha ambição é nada menos que converter as pessoas britânicas à não

decidiu desobedecer as "Leis do Sal" que proibiram os hindus de fazer seu próprio sal;[8] este monopólio
britânico golpeou especialmente aos pobres.

Começando com setenta e oito participantes, Gandhi iniciou uma marcha de 124 milhas para o mar que
duraria mais de vinte e quatro dias. Milhares tinham se juntado no começo, e vários milhares uniram-se
durante a marcha. Primeiro Gandhi e, então outros juntaram um pouco de água salgada na beira-mar em
panelas, deixando ao sol para secar. Em Bombaim o Congresso teve panelas no telhado; 60.000 pessoas
juntaram-se ao movimento, e foram presas centenas delas. Em Karachi onde 50.000 assistiram o sal sendo
feito, a multidão era tão espessa que impedia a polícia de efetuar alguma apreensão. As prisões estavam
lotadas com pelo menos 60,000 ofensores. Incrivelmente lá "não havia praticamente nenhuma violência
por parte da população; as pessoas não queriam que Gandhi cancelasse o movimento."

Gandhi foi preso antes de que pudesse invadir os "Trabalhos Dharasana Sal", mas o amigo dele Sr. Sarojini
Naidu conduziu 2.500 voluntários e os advertiu a não resistir às interferências da polícia. De acordo com
uma testemunha ocular, o repórter Miller de Webb, eles continuaram marchando até serem detidos abaixo
do aco-shod lathis, por quatrocentos policiais, mas eles não tentaram lutar.

Tagore declarou que a Europa tinha perdido a moral e o prestígio na Ásia. Logo, mais de 100.000 hindus
estavam na prisão, incluindo quase todos líderes.

A Desobediência civil foi cancelada; foram libertados os prisioneiros; a fabricação de sal foi permitida
na costa; e os líderes do Congresso assistiriam à próxima Conferência de Mesa Redonda em Londres. Para
participar desta conferência, Gandhi viajou novamente a Londres, onde conheceu Charlie Chaplin, George
Bernard Shaw, e Maria Montessori, entre outros. Em transmissão de rádio para os Estados Unidos, ele
falou que a força não violenta é um modo mais consistente, humano e digno. Discutindo relações com os
britânicos, ele disse que ele não quis somente a independência, mas também a interdependência
voluntária baseada no amor.

Enquanto, preso em 1932, Gandhi entrou em um jejum em nome dos Harijans porque a eles tinha sido
eterminado um eleitorado separado. Poderia ser um jejum até morte, a menos que ele pudesse despertar
a consciência hindu. O assunto estava resolvido, e até mesmo templos hindus intocáveis eram abertos pela

britânicos, amedrontados de que ele pudesse morrer, colocaram-no na prisão. Gandhi anunciou que não se
ocuparia da desobediência civil até que sua oração fosse completada.
150
Já em 1938 ele exortou os judeus para defender os direitos deles e se necessário morrer como mártires.
"Um manhunt degradante pode ser transformado em um posto tranquilo e determinado, oferecendo aos
homens e mulheres desarmados, a força dada a eles por Jehovah." Mahatma recomenda o uso de Métodos
não violentos aos britânicos para combater Hitler; já que não podia dar seu apoio a qualquer tipo de guerra
ou matança.

inclusive Vinoba Bhave, Jawaharlal Nehru, e Patel. Em 1942, Gandhi sugeriu modos para resistir não
violentamente aos japoneses. Ele propôs uma atração às pessoas japonesas, a causa da "federação mundial
da fraternidade sem a qual não poderia haver nenhuma esperança para a humanidade".

Porém, Gandhi continuou exercendo uma revolução não violenta para a Índia, e em 1942 ele e outros
líderes foram presos. Ele decidiu jejuar novamente, sendo que apenas ele sobreviveu. Quando a guerra

e nações". Nos últimos anos de sua vida, ele havia dito, "Violência é criada por desigualdade, a não violência
pela igualdade".

Ele foi a uma peregrinação para Noakhali para ajudar aos pobres. Independência para a Índia era agora
iminente, mas Jinnah o Líder muçulmano estava exigindo a criação de um estado separado: o Paquistão.
Gandhi prega para unidade e tolerância, até mesmo lendo às reuniões um Alcorão de orações.
Os hindus o atacaram porque pensaram que ele era a favor dos muçulmanos, e os muçulmanos exigindo
dele a criação do Paquistão. Gandhi foi para Calcutá para acalmar a discussão e a violência entre hindus e
muçulmanos.

Mais uma vez ele jejuou até que os líderes da comunidade assinaram um acordo para manter a paz. Antes
de que eles assinassem, ele os advertiu de que se rebelassem ele jejuaria até a morte.

permitindo a divisão da Índia em dois países.

O movimento pela independência indiana


Após a guerra, Gandhi se envolveu com o Congresso Nacional Indiano e com o movimento pela
independência. Ganhou notoriedade internacional pela sua política de desobediência civil e pelo uso do
jejum como forma de protesto.

Por esses motivos sua prisão foi decretada diversas vezes pelas autoridades britânicas, prisões às quais
sempre se seguiram protestos pela sua libertação (por exemplo, em 18 de março de 1922, quando foi
sentenciado a seis anos de prisão por desobediência civil, mas cumpriu apenas dois anos).

produtos importados, especialmente os produzidos na Inglaterra. Aliada a esta estratégia estava sua
proposta de que todos os indianos deveriam vestir o khadi - vestimentas caseiras - ao invés de comprar os
produtos têxteis britânicos.

Gandhi declarava que toda mulher indiana, rica ou pobre, deveria gastar parte do seu dia fabricando o
khadi em apoio ao movimento de independência. Esta era uma estratégia para incluir as mulheres no
movimento, em um período em que pensava-se que tais atividades não eram apropriadas às mulheres.

Sua posição pró-independência endureceu após o Massacre de Amritsar em 1920, quando soldados

autoritárias do governo britânico e contra a prisão de líderes nacionalistas indianos.


151

em 12 de março de 1930 e terminou em 5 de abril,[9] quando Gandhi levou milhares de pessoas ao mar

Em 8 de Maio de 1933, Gandhi começou um jejum que duraria 21 dias em protesto à opressão britânica
contra a Índia. Em Bombaim, no dia 3 de março de 1939, Gandhi jejuou novamente em protesto às regras
autoritárias e autocráticas para a Índia.

Segunda Guerra Mundial


Gandhi passou cada vez mais a pregar a independência durante a II Guerra Mundial, através de uma
campanha clamando pela saída dos britânicos da Índia (Quit Índia, literalmente Saiam da Índia), que em
pouco tempo se tornou o maior movimento pela independência indiana, ocasionando prisões em massa
e violência em uma escala inédita.

Gandhi e seus partidários deixaram claro que não apoiariam a causa britânica na guerra a não ser que
fosse garantida à Índia independência imediata.

princípio intocável, alegando que a "anarquia ordenada" ao redor dele era "pior do que a anarquia real".
Foi então preso em Bombaim pelas forças britânicas em 9 de agosto de 1942 e mantido em cárcere por
dois anos.

A divisão da Índia entre hindus e muçulmanos

que ele terminava rixas comunais apenas com sua presença. Gandhi posicionou-se veementemente
contra qualquer plano que dividisse a Índia em dois estados, o que efetivamente aconteceu, criando a
Índia - predominantemente hindu - e o Paquistão - predominantemente muçulmano.

No dia da transferência de poder, Gandhi não celebrou a independência com o restante da Índia, mas
ao contrário, lamentou sozinho a partilha do país em Calcutá.

Gandhi havia iniciado um jejum no dia 13 de janeiro de 1948 em protesto contra as violências cometidas
por indianos e paquistaneses. No dia 20 daquele mês, ele sofreu um atentado: uma bomba foi lançada

Entretanto, no dia 30 de janeiro de 1948, Gandhi foi assassinado a tiros, em Nova Déli, por Nathuram
Godse, um hindu radical que responsabilizava Gandhi pelo enfraquecimento do novo governo ao insistir
no pagamento de certas dívidas ao Paquistão. Godse foi depois julgado, condenado e enforcado, a
desrespeito do último pedido de Gandhi que foi justamente a não-punição de seu assassino.

O corpo do Mahatma foi cremado e suas cinzas foram jogadas no rio Ganges.

mantra popular na concepção hindu de um deus conhecido como Rama: "Hai Ram!" Este mantra é visto
como um sinal de inspiração tanto para o espírito quanto para o idealismo político, relacionado a uma
152
Cronologia
1869 - 2 de Outubro: Gandhi nasce em Porbandar.
1885 - Fundação do Congresso Nacional Indiano.
1888 - Gandhi vai para Londres para estudar Direito.
1893 - abril: Gandhi chega à África do Sul.
1894 - maio: Gandhi funda o Congresso Indiano de Natal.
1899 - A Guerra dos Bôeres na África do Sul.
1907 - julho: Ato de Registro dos Asiáticos do Transvaal torna-se lei e Gandhi lança a campanha de
S atyagraha.

de registro.
1914 - Gandhi e Smuts negociam o Ato de Reforma da Questão Indiana.
1915 - 9 de janeiro: Gandhi retorna à Índia.
1919 - Gandhi inicia o hartal nacional.
13 de abril: O massacre de Amritsar.
1920 - Gandhi reconhece o Partido do Congresso e começa a campanha da Satyagraha.
1924 - Gandhi conduz um jejum pela união hindu-muçulmana.
1930 - A Marcha do Sal e a campanha de Satyagraha.
1931 - 4 de Março: Irwin e Gandhi assinam o Pacto de Delhi.
Setembro: A Conferência da Mesa-Redonda em Londres.
1942 - Movimento "Deixem a Índia!".
1947 - 22 de Março: Lorde Mountbatten, o último vice-rei, chega à Índia.
15 de agosto: A Índia torna-se independente e Nehru é nomeado primeiro-ministro.
1948 - 30 de Janeiro: Gandhi é assassinado por Nathuram Godse.
1966 - Indira Gandhi torna-se primeira-ministra.

Princípios

por crenças hindus e da religião jainista. O conceito de 'não-violência' (ahimsa) permaneceu por muito
tempo no pensamento religioso da Índia e pode ser encontrado em diversas passagens do textos hindus,

de meus Experimentos com a Verdade (As Minhas Experiências com a Verdade, em Portugal) - (The Story
of my Experiments with Truth).

Estritamente vegetariano, escreveu livros sobre o vegetarianismo enquanto estudava direito em Londres
(onde encontrou um entusiasta do vegetarianismo, Henry Salt, nos encontros da chamada Sociedade
Vegetariana). Ser vegetariano fazia parte das tradições hindus e jainistas. A maioria dos hindus no estado
de Gujarat eram-no, efetivamente. Gandhi experimentou diversos tipos de alimentação e concluiu que

usava o jejum frequentemente como estratégia política.

Gandhi renunciou ao sexo quando tinha 36 anos de idade e ainda era casado, uma decisão que foi

largamente associada ao celibato. Também passava um dia da semana em silêncio. Abster-se de falar,
segundo acreditava, lhe trazia paz interior. A mudez tinha origens nas crenças do mouna e do shanti.
Nesses dias ele se comunicava com os outros apenas escrevendo.
153
Depois de retornar à Índia de sua bem-sucedida carreira de advogado na África do Sul, ele deixou de usar
as roupas que representavam riqueza e sucesso. Passou a usar um tipo de roupa que costumava ser usada
pelos mais pobres entre os indianos. Promovia o uso de roupas feitas em casas (khadi).

Gandhi e seus seguidores fabricavam artesanalmente os tecidos da própria roupa e usavam esses tecidos
em suas vestes; também incentivava os outros a fazer isso, o que representava uma ameaça ao negócio
britânico - apesar dos indianos estarem desempregados, em grande parte pela decadência da indústria

próprias roupas, isso arruinaria a indústria têxtil britânica, ao invés de fortalecê-la.

Indiano e à própria bandeira indiana.


Também era contra o sistema convencional de educação em escolas, preferindo acreditar que as crianças
aprenderiam mais com seus pais e com a sociedade. Na África do Sul, e outros homens mais velhos
formaram um grupo de professores que lecionava diretamente e livremente às crianças.
Dentro do ideal de paz e não-violência que ele defendia, uma de suas frases foi: "Não existe um caminho
para paz! A paz é o caminho!".
F elicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia.
— Mahatma Gandhi

Representações artísticas

Attenborough e com Ben Kingsley como protagonista.

Making of the Mahatma dirigido por Shyam Benegal.

No Brasil o ator João Signorelli interpreta o papel do Mahatma na peça teatral "Gandhi, um líder servidor",
monólogo de autoria de Miguel Filiage concebido em 2003. Uma das citações de Gandhi selecionada
para a peça foi: "Nós devemos ser a revolução que queremos ver no mundo."

memória.

Indicações para o Prêmio Nobel da Paz


Gandhi nunca recebeu o prêmio Nobel da Paz, apesar de ter sido indicado cinco vezes entre 1937 e 1948.

Décadas depois, no entanto, o erro foi reconhecido pelo comitê organizador do Nobel.

Quando o Dalai Lama Tenzin Gyatso recebeu o prêmio em 1989, o presidente do comitê disse que o
prêmio era "em parte um tributo à memória de Mahatma Gandhi".

Ao longo de sua vida, as atividades de Gandhi atraíram todo tipo de comentário e opinião.

Winston Churchill chegou a chamá-lo de "faquir castanho".

como este realmente existiu e caminhou sobre a Terra.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_gandhi

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