As proteínas inseticidas são uma alternativa excelente diante dos efeitos nocivos para bioespécies não alvo causados pelos defensivos agrícolas. Não causam danos a humanos ou outros insetos que equilibram o ecossistema.
As proteínas inseticidas são uma alternativa excelente diante dos efeitos nocivos para bioespécies não alvo causados pelos defensivos agrícolas. Não causam danos a humanos ou outros insetos que equilibram o ecossistema.
As proteínas inseticidas são uma alternativa excelente diante dos efeitos nocivos para bioespécies não alvo causados pelos defensivos agrícolas. Não causam danos a humanos ou outros insetos que equilibram o ecossistema.
HIPERSELETIVAS mudaram a história da humanidade deram-se por puro acaso.
PROTEINAS INSETICIDAS QUE Entretanto, só o acaso parece pouco
para explicar tantas ações bem ATINGEM SEU ALVO SEM CAUSAR sucedidas. Fleming poderia ter jogado DANOS A OUTROS ORGANISMOS no esgoto as placas contaminadas que, dez anos depois, em 1939, Florey e Imagine um inseticida que matasse Chain tiveram a alegria de reencontrar exclusivamente insetos que estivessem ainda guardadas. Assim nascia a perturbando o seu sossego ou penicilina primitiva. destruindo a sua linda horta de verduras orgânicas. Tudo indica que a genialidade que atribuímos a algumas luminárias da Imagine também que esse produto não história humana, na verdade foram causasse prejuízo à sua saúde e fosse pessoas com massas muito densas de inofensivo para os pássaros e o seu paciência, teimosia e ponderação. Essa bichinho de estimação. E também não simbiose da virtude com o acaso, talvez exalasse aquele cheiro desagradável. E seja o mais poderoso sinergismo dos ao mesmo tempo tivesse um preço eventos científicos. acessível ao seu bolso... Em 1901 o microbiologista japonês S. Imaginou? Não é preciso mais forçar Ishiwata isolou um bacilo de larvas de seus neurônios, porque essas bicho-da-seda doentes. Ishiwata chamou substâncias já estão saindo da bancada esse bacilo de Sottokin. de alguns jovens cientistas para revolucionar o mundo dos pesticidas. Uma década depois, um microbiologista alemão, E. Berliner isolou um organismo parecido de larvas de Tudo indica que a genialidade Ephestia kuehniella (pequena mariposa que atribuímos a algumas cujas larvas atacam farinhas de vários tipos de grãos), na Turíngia, Alemanha. luminárias da história Berliner chamou então o bacilo de humana, na verdade foram Bacillus thuringiensis, por ter sida pessoas com massas muito descrita formalmente, pela primeira vez, densas de paciência, teimosia na Turíngia. e ponderação Assim, do trabalho paciente de Ishiwata, proveio a grande descoberta Uma equipe de pesquisadores de duas de Berliner: o Bt (abreviatura de B. universidades paulistas vem trabalhando thuringiensis) mata as larvas de vários intensamente para produzir um extrato insetos, por ser um agente microbiano contendo proteínas-bio-inseticidas. natural causador de um distúrbio no Desta forma, poderão oferecer em breve intestino das larvas. ao produtor rural mais uma alternativa Desde então, preparações microbianas Em parte porque inicialmente houve de vários isolados de Bt, in natura, são certa empolgação com a aplicação direta usadas na agricultura, em uma grande da bactéria tanto no solo quanto nas variedade de grãos, forrageiras, frutas, plantas. Depois vieram os produtos verduras, tubérculos, plantas fibrosas e transgênicos derivados do Bt, que até tabaco. Assim também, para o controle hoje predominam no mercado da soja, de pragas florestais e de mosquitos e do milho, etc. moscas. Entretanto, nenhum desses produtos foi Mas, o que faz desses bacilos um ainda capaz de concorrer em condições organismo tão letal para as larvas, e de igualdade com os agrotóxicos simultaneamente inofensivo para outras tradicionais. formas de vida? Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, o Brasil Segundo dados da Secretaria movimentou em 2008 mais de 7 bilhões de Comércio Exterior, o Brasil de dólares com o mercado de movimentou em 2008 mais de agrotóxicos. E o país gasta parte dessa soma em pelo menos dez produtos já 7 bilhões de dólares com o proscritos na União Europeia, Estados mercado de agrotóxicos Unidos e Paraguai.
Essas substâncias têm alto impacto
Hoje sabemos que a sua toxicidade sobre a saúde humana e o meio deve-se principalmente a duas classes ambiente. Só a título de exemplo, o de proteínas que são produzidas durante Brasil importou em 2009, mais de duas o seu ciclo de vida: as chamadas mil toneladas de um inseticida, que endotoxinas, são uma classe de deverá estar fora do mercado brasileiro proteínas inseticidas produzidas pelo Bt, até julho de 2013, e que causa distúrbios tóxicas para as larvas de muitos insetos. gravíssimos no sistema reprodutivo e Conhecidas também como proteínas endócrino, o Endossulfan. Cry (por formarem cristais de vários formatos que ao microscópio óptico A preferencia dos pesquisadores pelas lembram pedaços de gelo), já foram proteínas VIPs, neste projeto, deve-se descritas 428 proteínas desse tipo. ao potencial espetacular contido nessas Apesar de tanta abundancia, já há vários moléculas. Além de atuarem relatos do aparecimento de insetos com seletivamente em mais de uma dezena evidente resistência adquirida às de insetos-praga muito frequentes nas proteínas Cry, principalmente plantações de soja, milho, algodão, etc., lepidópteros. já foi mostrado que são eficientes no combate ao pernilongo comum. A segunda classe de proteínas são as Também está em fase de testes sua exotoxinas, descobertas por Estruch em utilização contra outros insetos nocivos 1996, denominadas Vegetative aos humanos, como os simulídeos, Insecticidal Proteins (VIPs). Existem entre os quais o mais conhecido é o exotoxinas 260 vezes mais ativas (mais popular “borrachudo”. tóxicas) do que as endotoxinas.
Com todo esse potencial, porque não
produzi-las de modo maciço e barato? estabelecida a “biofábrica” produtora das proteínas, os custos serão menores As proteínas VIPs são do que o de qualquer síntese química: a planta escolhida como “biofábrica” “geniais”, porque são tóxicas necessitará apenas de nutrientes e água. apenas para larvas. Nem o próprio inseto-alvo adulto O restante dos custos assemelha-se a sofre qualquer efeito deletério qualquer processo industrial realizado pela sua ingestão ou contato em grande escala.
Quem sabe muito brevemente você e
Assim, as proteínas VIPs, são uma sua família poderão colocar promessa silenciosa para a cultura tranquilamente a sua rede na varanda da agrícola. Esse produto natural revelou- sua casa em qualquer lugar do Brasil se, desde sua descoberta, eficaz no sem o receio de serem picados pelo combate a insetos-praga só controláveis Aedes aegypti. E, sobretudo, dormir até então pelo uso sistemático dos já com a consciência tranquila por ver a citados inseticidas químicos de amplo aplicação de seus impostos dirigida a espectro, verdadeiros “serial killers”, melhorar um pouco mais a cara do que matam vários tipos de organismos nosso planeta. vivos, sem piedade, cada um a seu tempo, inclusive nós, os humanos.
As proteínas VIPs são “geniais”, porque Luciano Vieira
são tóxicas apenas para larvas. Nem o próprio inseto-alvo adulto sofre ____________________ qualquer efeito deletério pela sua ingestão ou contato. Isto porque essas ARTIGOS proteínas têm uma alta especificidade por receptores situados no intestino ESTRUCH, J. J., et al. Vip3A, a novel médio das larvas dos insetos. Bacillus thuringiensis vegetative insecticidal protein with a wide spectrum of activities against E ainda há mais: estão em andamento lepidopteran insects. Proc. Natl. Acad. muitos projetos visando introduzir Sci. USA 93:5389–5394, 1996. pequenas modificações nos genes que expressam essas proteínas, de forma a produzir moléculas ainda mais seletivas PINTO et al., Toxinas de Bacillus a determinados insetos praga e também Thuringiensis, Biotecnologia Ciência criar uma variabilidade de estruturas & Desenvolvimento - nº 38, p. 29, proteicas que impeçam o aparecimento 2010. de resistência.
A novidade do produto ora pesquisado
no Estado de São Paulo, está na sua forma de apresentação: as proteínas VIPs serão expressas num vegetal geneticamente modificado (biofábrica ou biorreator). Embora os custos iniciais do projeto possam ser relativamente mais elevados do que os de uma pesquisa convencional, uma vez