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RESUMO
O objetivo deste trabalho é compreender os desafios enfrentados pela criança disléxica no processo de
alfabetização na sala de aula regular. Logo, faz-se fundamental entender o que é a dislexia, quais as
causas e sintomas desse transtorno específico da aprendizagem, além do papel da escola, professores e
responsáveis para promover a superação desses desafios e possibilitar a alfabetização dessa criança. A
metodologia escolhida foi a pesquisa bibliográfica, com base em artigos, livros e sites relacionados a
dislexia, alfabetização, acompanhamento familiar e gestão educacional. Também utilizou-se a
pesquisa de campo para observar o comportamento do disléxico infantil, em sala de aula, e na
realização de questionários aos professores, a fim auxiliar na fundamentação desta pesquisa, de
maneira empírica. Sendo assim, julga-se que este trabalho contribuirá para os estudos sobre a
alfabetização da criança com dislexia, eslarecendo as dúvidas sobre esse transtorno da aprendizagem e
evidenciando as possibilidades de aprendizagens da criança com dislexia.
1. INTRODUÇÃO
A dislexia é um transtorno específico da aprendizagem (TEA), caracterizada pela
dificuldade nos processos de aquisição da linguagem (leitura e escrita), causando várias
adversidades à criança em seu processo de alfabetização na sala de aula regular. Destaca-se
que esse TEA já é uma realidade na sala de aula. No entanto, ainda há crianças sem
diagnóstico. Em função disso, o professor alfabetizador torna-se o principal agente na
identificação desses estudantes, justamente por estar em contato constante com eles.
Nesse contexto, surgem as problemáticas: Quais os desafios da criança disléxica no
processo de alfabetização na sala de aula regular? Como o professor alfabetizador pode
possibilitar aprendizagens a essa criança nesse processo? Qual a influência da família na
2.1. A DISLEXIA
Desse modo, destaca-se que a dislexia não é uma doença, e sim, um distúrbio da
aprendizagem, resultante de um processo de malformação do cérebro, o qual compromete a
capacidade da pessoa no aprendizado das práticas linguísticas, como a soletração,
decodificação e associação de palavras e textos literários. Vale ressaltar que a dislexia não
impede o estudante de adquirir essas aprendizagens, ela somente dificulta esse
desenvolvimento. Sendo incorreto afirmar que a criança disléxica é incapaz de assimilar os
conhecimentos acerca da linguagem.
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Outras análises foram realizadas para desvendar a complexidade da dislexia. Por meio
delas foi possível não apenas indicar suas origens e causas, como também, diferenciar os tipos
existentes desse TEA. De acordo com Olivier (2007), existem três tipos de dislexia: a visual,
auditiva e mista. Na dislexia visual, os erros na leitura são devido a má visualização das
palavras; a dislexia auditiva ocorre quando há uma carência em relação à proporção dos tipos
de sons, causando assim, dificuldade na fala; por fim, a dislexia mista, trata-se da união de
dois ou mais tipos de dislexia. Nesse sentido, para Olivier (2007, p. 52), “é preciso entender
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que a dislexia, assim como outros vários distúrbios de aprendizagem, existem em diversos
níveis, ou seja, não apresentam um único tipo”.
A dislexia é uma dificuldade, a qual muitas crianças enfrentam quando estão na sala
de aula, sendo comumente confundida com falta de interesse, preguiça ou incapacidade
cognitiva. Nesse contexto, cabe à escola e ao professor alfabetizador uma atenção e mediação
das aprendizagens de forma diferenciada, compreendendo a dislexia, não como o resultado de
um processo de má formação pedagógica ou desinteresse da criança. Em função disso, o
docente deve buscar conhecer e entender as causas e características desse transtorno da
aprendizagem, tal como suas consequências, a fim de intervir de maneira adequada na
alfabetização do disléxico infantil, e assim, fazer adaptações em suas aulas para que a criança
com dislexia possa desenvolver-se juntamente com os demais alunos.
Concernente às práticas de leitura e escrita, Morais (2006, apud SILVA, 2015, p. 15)
afirma:
Sendo assim, tanto a escola quanto o professor alfabetizador, não podem prender-se
somente aos métodos tradicionais de ensino, ao contrário, eles devem buscar novas
possibilidades de aprendizagens, as quais estejam em adequação às adversidades enfrentadas
pelo disléxico infantil, englobando não somente as dificuldades sofridas no âmbito escolar,
como também, as necessidades e competências requeridas na vida social. Para isso, além de
qualificar a criança disléxica para superar os desafios do processo de alfabetização, a
instituição de ensino, assim como o docente, deverão formá-la como cidadão consciente dos
seus direitos e responsabilidades na comunidade, exercendo a função de mediadores entre o
disléxico, a família e a sociedade.
Embora possam existir certas contradições, atualmente tem sido bastante ressaltada a
concepção da família como sendo parte essencial do processo de formação escolar da criança,
de modo que, para o disléxico infantil a participação encorajadora do núcleo familiar em sua
alfabetização torna-se um recurso indispensável e extremamente necessário para seu
desenvolvimento linguístico.
Segundo Costa, Silva e Souza (2019, p. 8), "as famílias são os primeiros núcleos
formativos dos sujeitos, portanto, possuem um papel fundamental no processo de ensino-
aprendizagem das crianças". Pode-se afirmar que a função da família, em geral, direciona a
trajetória educacional e social do indivíduo. Porquanto, a família é o ambiente no qual a
criança possui maior convívio, sendo a responsável imediata em construir os elementos
fundamentais na formação da sua personalidade e na organização de suas emoções. Pois,
como afirmam Firman, Santana e Ramos (2015, p. 124), "a família é a primeira instituição
social que irá levar à criança, valores éticos e morais [...]". Nesse sentido, compreende-se que
a presença ativa, respeitosa e harmoniosa dos familiares na vida da criança com dislexia,
resulta em um processo de alfabetização mais apropriado.
percurso escolar a família estiver, maiores as chances do disléxico progredir na superação dos
seus desafios educacionais.
Vale ressaltar que a relevância desse apoio familiar também se dá pelo contexto
emocional da criança disléxica, o qual tende a possuir baixa autoestima, insegurança e
ansiedade, por sentir-se incapaz de realizar as atividades propostas para a sua alfabetização na
sala de aula regular. De maneira que, esses insucessos podem resultar em desinteresse pelo
aprendizado, além de outras consequências preocupantes, como o analfabetismo e a evasão
escolar.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
efetuada a pesquisa de campo, sendo elas, de igual modo, essenciais para a construção desta
pesquisa.
Esta pesquisa refere-se a uma investigação elaborada a partir da problemática: "Quais
os desafios da criança disléxica no processo de alfabetização na sala de aula regular?". Afinal,
a dislexia é um tema recente, e logo, pouco compreendido e identificado no ambiente escolar
e na práxis docente. Por isso, geralmente passa despercebida ou até mesmo confunde-se com
preguiça, "burrice" ou falta de interesse/esforço do estudante. Portanto, entende-se que o
conhecimento e a compreensão desse transtorno pelo professor alfabetizador e os demais, é
indispensável para elaboração das possibilidades de aprendizagens na sala de aula, levando
em consideração, as características que a criança apresenta. Em vista disso, a pesquisa
fundamenta-se nas teorias de: Olivier (2007), Silva (2007), Veras (2012), Soares (2012), Silva
(2015), Associação Brasileira de Dislexia (2016), Oliveira (2020), NeuroSaber (2020),
Almeida (2022).
Durante esse período de 5 meses, também foi concretizada a pesquisa de campo na
Escola Maria do Carmo Rebello de Souza, para observar e coletar dados sobre os desafios da
criança disléxica no processo de alfabetização, a partir de experiências e situações vivenciadas
na sala de aula regular por esse público. Foram observados os disléxicos do 1° ao 3° ano do
Ensino Fundamental I - Anos Iniciais, avaliando dados sobre o comportamento deles, mais
especificamente, sua atenção e participação nas aulas, interação com os professores e os
demais alunos, e o inverso. Também analisou-se as metodologias e atividades aplicadas pelo
professor alfabetizador durante as aulas, vendo a maneira como a criança disléxica reagiu à
ação docente e as práticas alfabetizadoras propostas.
Conjuntamente, eram feitas entrevistas (com questionários previamente elaborados)
com os professores alfabetizadores e a pedagoga da escola, para conhecer os projetos e as
práticas pedagógicas executadas no ambiente escolar, as quais atendessem às necessidades do
disléico infantil, como também, ter a compreensão e o posicionamento deles acerca dessa
temática e tudo o que ela envolve, por exemplo, o acompanhamento familiar nesse contexto, o
modo como ele acontece, a relação disléxico-escola-familia e o entendimento da escola sobre
a importância da família para a alfabetização da criança com dislexia.
Após o período de observação e entrevistas, partiu-se para a construção das práticas
pedagógicas, em que levou-se em consideração, todos os subsídios coletados, de modo que, as
atividades realizadas não foram exclusivas à criança disléxica, e sim, com a participação de
toda a sala de aula, a fim de produzir um ambiente inclusivo e acolhedor, e as quais
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a execução dessa atividade, levou-se o jogo pedagógico: "Passar a Lata''. O qual
continha as letras do alfabeto. No primeiro momento, foi realizado um diálogo com as
crianças sobre os fonemas, esclarecendo-os acerca de suas definições e características. No
segundo momento, os estudantes foram organizados em círculos, sentando-se no chão. Em
seguida, foi cantada a música: “Passa a lata, pela roda sem a roda desmanchar, quem ficar
com a lata, uma letra vai tirar”. A primeira criança retirou a letra B e falou a palavra
"BANANA''. Logo, foi perguntado quantos fonemas haviam nessa palavra e ela respondeu 6,
o qual é correspondente ao número de letras. Na segunda rodada, outra criança retirou a letra
P e optou por associá-la ao seu nome, "PAULO''.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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6. REFERÊNCIAS
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ROQUE, Ana Cristina Ferro. A dislexia no contexto familiar e escolar: Uma análise
fílmica. Revista Apae Ciência, v. 15 n°. 1 - jan/jun –2021. Disponível em: <
https://apaeciencia.org.br/index.php/revista/article/view/247> acessado em: 03 de novembro
de 2022.
COSTA, Maria A.; SILVA, Francisco M.; SOUZA, Davison. Parceria entre escola e
família na formação integral da criança. Rev. Pemo, Fortaleza, v. 1, n. 1, p. 1-14, 2019.
FIRMA, Josiane A.; SANTANA, Sylvia C.; RAMOS, Marcos L.. IMPORTÂNCIA DA
FAMÍLIA JUNTO À ESCOLA NO APRENDIZADO FORMAL DAS CRIANÇAS.
Colloquium Humanarum, Presidente Prudente, v. 12, n. 3, p.123-133, jul/set 2015. DOI:
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de 2022. disponivel em: <Vista do ESTRATÉGIAS DE ENSINO DO COMPONENTE
CURRICULAR LÍNGUA PORTUGUESA PARA CRIANÇAS COM DISLEXIA NOS
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de outubro de 2022.
SILVA, Jailma Xavier. Dislexia: reflexões sobre o papel da família e da escola. Alagoas,
2021. Disponível em: < Dislexia reflexões sobre o papel da família e da escola.pdf (ufal.br)>
acessado em: 19 de setembro de 2022.
SOARES, Magda; Letramento, um tema em três gêneros. 2d. BH: editora autêntica, 2012.