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08/07/13 História do Rio Grande do Norte n@ Web

História do Rio Grande do Norte n@ Web

A invasão holandesa no Rio Grande

(Por Genilson Medeiros Maia – Aluno do período 98.2)

Os holandeses mantiveram os primeiros contatos com a capitania do Rio


Grande em junho de 1625 (CASCUDO: 1955), quando chegaram à Baía
da Traição transportados por uma imSensa esquadra comandada por
Edam Boudewinj Hendrikszoon que não chegara a tempo para defender o
domínio de Salvador, na Bahia.

Na ocasião muitos dos marujos flamengos encontravam-se doentes, razão


pela qual o comandante da esquadra procurou guarida para os mesmos
em terra firme lá mesmo na Baía da Traição. Não encontrando um bom
tratamento para os enfermos, pois deparou-se com muitos índios
assustados com os visitantes, mas, não obstante, conseguiu observar as
terras e principalmente a adesão de vários índios potiguares que viajaram
para a Holanda, de onde regressaram alguns anos ulteriores possuídos
pela cultura holandesa tanto no que diz respeito ao idioma, ao credo e
mormente ao ideário, para servir de peça chave quando do domínio
holandês no Rio Grande, haja visto a facilidade com que conseguiram a
adesão da indiaria potiguar aos fitos dos invasores.

A invasão do Rio Grande deu-se muito mais pela sua localização


geográfica, servindo assim de ponto estratégico para o fortalecimento do
domínio holandês no Brasil, e pela sua potencialidade no tocante ao
fornecimento de provisão, sobretudo carne bovina aos moradores de
Pernambuco, que pela sua produção açucareira ou até mesmo
potencialidade nesta atividade econômica ou em outras atividades como a
aurífera que também as interessava.

A estratégia usada para a invasão consistiu em, primeiro, obter


informações sobre o poder de força lusa na capitania e, segundo, fazer o
reconhecimento do litoral potiguar e buscar articulações com a indiaria.
Isso se deu inicialmente em outubro de 1631 com o envio de uma grande
expedição ao Rio Grande que terminou por não lograr êxito no tocante a
invasão em si em razão da brava reação do então capitão-mor Cipriano
Pita Porto Carreiro.

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Uma outra expedição foi enviada em 1633 comandada pelos chefes


militares Jan Corlisz Lichthardt e Baltazar Bijma, acompanhados de Mathijs
van Keulen e Servaes Carpenter. Esta expedição aportou em Ponta Negra
três dias depois de sua partida de Pernambuco, na manhã de 08 de
dezembro do mesmo ano, e as tropas holandesas ajudadas pelos índios
que viajara à Holanda em 1625 avançaram sobre a Capitania sem
encontrar resistência, chegando em Natal no período vespertino do
mesmo dia, quando imediatamente partiram rumo ao Forte dos Santos
Reis para combaterem as fracas forças portuguesas. Três dias de
combates foi o bastante para que as forças portuguesas capitulassem,
embora sob o protesto do capitão-mor do Forte Pero Mendes Gouveia,
que se encontrava gravemente ferido. No mesmo dia da rendição os
holandeses assumiram o controle do Forte tendo como comandante o
capitão Joris Gastman, mudaram o nome da fortaleza para Castelo de
Keulen, assim como o de Natal para Nova Amsterdã e começaram uma
fase de domínio absoluto que ficou caracterizado pelo abandono, violência
e rapinagem sobre os povoados então existentes.

Com a assunção do poder, os holandeses trataram de seguir as normas


administrativas definidas em um regimento preparado pela Companhia das
Índias Ocidentais antes mesmo da invasão a Pernambuco e
posteriormente um outro trazido pelo Conde João Maurício de Nassau.
Segundo estes documentos, os habitantes potiguares que aceitassem
passivamente a dominação flamenga ficariam sãos de massacres e da
destruição de seus bens. Quanto aos portugueses, o documento
estabelecia que deveriam manter seus engenhos de cana-de-açúcar, e
para tanto concedia-lhes liberdade de comércio desde que utilizassem
seus navios para transportar os produtos comercializados. Os que não se
sujeitassem a essa condição seriam obrigados a deixar o País e os seus
bens eram confiscados.

Os holandeses, todavia, sempre dispensaram um tratamento especial aos


índios, a quem chamavam de brasileiros. Os índios se configuravam como
fortes aliados nas lutas contra os portugueses, que sempre tentaram
escravizá-los. Eles, os índios, chegavam de certa forma a ser paparicados
pelos holandeses na medida em que evitavam continuamente constrangê-
los ou escravizá-los em trabalhos forçados e, ao contrário, procuravam
educá-los e catequizá-los segundo à sua cultura e à sua religião cristã
reformada.

No que se refere a organização administrativa os holandeses procuraram


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introduzir uma administração governativa igual à da metrópole e criaram as


Câmara de Escabinos ou Juntas de Justiças e as Freguesias ou Comunas,
as quais contavam com três membros sempre presididas pelo Esculteto
que sempre era representado por um holandês. Aos índios também fora
imposta essa forma governativa.

Durante esse domínio holandês (1633-1654) aconteceram massacres


sanguinários em Ferreiro Torto, Cunhaú, Uruaçu, Extremoz e Guaraíras,
quase sempre praticados pelos índios aliados aos novos invasores. A
propósito, esse domínio holandês sobre boa parte do Nordeste do Brasil
começou a dar sinais de fragilidade em 1638, quando da tentativa
fracassada da conquista da Bahia, porém a sua longevidade deu-se muito
mais por entendimentos políticos entre Portugal e Holanda que por
superioridade das tropas flamengas sobre as portuguesas. A prova
indelével disso é que quando o mestre de campo Luís Barbalho Bezerra
partiu, em 1639, de Touros rumo à Bahia conseguiu seguidas vitórias
sobre os holandeses, chegando, inclusive, a prender o comandante do
Castelo de Keulen - Joris Gastman.

Favor citar da seguinte forma:

MAIA, G. (1998). A invasão holandesa no Rio Grande (resumo). História


do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web: <URL:
www.seol.com.br/rnnaweb/>

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