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SUMÁRIO
NOÇÕES INICIAIS DE TEORIA DA RELATIVIDADE ............................................................................................... 2
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................. 2
RELATIVIDADE EINSTENIANA E RELATIVIDADE GALILEANA .......................................................................... 2
RELATIVIDADE GALILEANA ........................................................................................................................ 2
O EXPERIMENTO DE MICHELSON-MORLEY ............................................................................................... 6
RELATIVIDADE EINSTENIANA ..................................................................................................................... 8
DILATAÇÕES RELATIVÍSTICAS....................................................................................................................... 10
DILATAÇÃO TEMPORAL ........................................................................................................................... 10

MUDE SUA VIDA!


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NOÇÕES INICIAIS DE TEORIA DA RELATIVIDADE


INTRODUÇÃO

E aí, aluno(a) querido(a), como estão as coisas? Em primeiro lugar um bom dia, boa tarde
ou boa noite para você que está aí para mais uma aula, para mais um conteúdo de aprendizagem
para o seu exame. Estamos aqui hoje com um dos tópicos referentes à física moderna, a física
em que as Leis de Newton deixam de ser suficientes.
Em termos de conteúdo, há muito o que se ver. As noções de tempo, comprimento,
velocidade e massa são bastante anti-intuitivos no conteúdo que veremos a seguir; porém,
temos uma vantagem: devemos lembrar-nos sempre de que o objetivo com esse conteúdo é que
você acerte questões, não queremos formá-lo cientista ou físico. Isso nos permite seguirmos
uma linha estratégica específica justamente para evitarmos complicações desnecessárias. E é
por isso que você está certamente estudando o conteúdo certo que poderá cair na sua prova.
Não há a possibilidade de que, caso relatividade esteja na sua prova, o conteúdo não esteja aqui,
exposto para você da forma mais didática que consigo propor. Bom, vamos lá, então?

RELATIVIDADE EINSTENIANA E RELATIVIDADE GALILEANA


RELATIVIDADE GALILEANA
Bom, devemos começar sempre do início, certo? Então vamos começar daí. A relatividade
galileana nada mais é que a relatividade que estamos habituados a utilizar na física. Sabe,
aquelas noções tão conhecidas de que a velocidade relativa entre dois veículos que se movem
em sentidos opostos dá-se pela soma das velocidades instantâneas de cada veículo? Ou aquela
noção básica de que se João, dentro de um trem em movimento, arremessa uma bola
verticalmente para cima rem relação ao trem, Maria, que observa a cena em repouso em relação
à Terra, verá a trajetória da bola parabolicamente; se lembra? Veja abaixo uma figura ilustrando
essa situação, para que você se lembre melhor:

Dizemos aqui que, para Maria, a percepção do movimento da bola se dá pela composição
relativística do movimento do trem (em relação à Terra) junto ao movimento da bola (em
relação ao trem), resultando no movimento da bola em relação à Terra (que, aqui em nosso
exemplo, é o movimento percebido por Maria). Podemos dizer então:

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𝑣⃗𝑏𝑜𝑙𝑎 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 à 𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 = ⏟


⏟ 𝑣⃗𝑏𝑜𝑙𝑎 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑡𝑟𝑒𝑚 + ⏟
𝑣⃗𝑡𝑟𝑒𝑚 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 à 𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎
𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑙𝑎 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑙𝑎 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑒𝑚
𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙
𝑑𝑒 𝑀𝑎𝑟𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝐽𝑜ã𝑜 𝑑𝑒 𝑀𝑎𝑟𝑖𝑎

Na prática, funciona quase como se multiplicássemos frações, percebeu? Se não, deixa eu


𝑏𝑜𝑙𝑎
te ajudar. Imagine que 𝑣⃗𝑏𝑜𝑙𝑎 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 à 𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 possa ser representada por , que
𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎
𝑏𝑜𝑙𝑎
𝑣⃗𝑏𝑜𝑙𝑎 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑡𝑟𝑒𝑚 possa ser representada por e que 𝑣⃗𝑡𝑟𝑒𝑚 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 à 𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 possa ser
𝑡𝑟𝑒𝑚
𝑡𝑟𝑒𝑚
representada por (ou seja, o numerador torna-se aquilo que estamos observando e o
𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎
denominador o referencial pelo qual estamos observando o objeto). Agora, olha como a
multiplicação de frações funciona aqui para essa analogia:

𝑣⃗𝑏𝑜𝑙𝑎 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 à 𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 = 𝑣⃗𝑏𝑜𝑙𝑎 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑡𝑟𝑒𝑚 + 𝑣⃗𝑡𝑟𝑒𝑚 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 à 𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎



𝑏𝑜𝑙𝑎 𝑏𝑜𝑙𝑎 𝑡𝑟𝑒𝑚
= ×
𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 𝑡𝑟𝑒𝑚 𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎

Esse é um excelente bizu para quando você se esquecer da ordem das velocidades
relativas quando estivermos trabalhando com a relatividade galileana, como é o caso.

Bom, isso aqui é só um lembrete para você, porque já estudamos isso em mecânica. Esse
é um tema importante para entendermos lançamentos oblíquos, por exemplo, assim podemos
distingui-lo em movimentos conhecidos.

Segundo Galileu:

As leis da mecânica são as mesmas para todos os observadores situados em


referenciais inerciais1. Não existe um referencial absoluto.

Isso quer dizer que independentemente de serem João ou Maria fazendo as medições em
relação ao experimento físico, as leis utilizadas serão as mesmas (não estamos dizendo, porém,
que os resultados serão todos os mesmos; isso significa apenas que as leis são as mesmas,
preste atenção).

Vamos dar uma olhada um pouco mais aprofundada na utilização desses referenciais,
dessa vez com um pouco mais de quês quantitativos e algébricos, todos necessários para os
nossos propósitos aqui. Vamos lá, então?

Em primeiro lugar, considere um ponto 𝑃 presente num espaço cartesiano (ℝ³):

1
Um referencial será dito inercial quando não for acelerado. Isso garante o bom funcionamento das Leis de Newton.
Caso o referencial seja acelerado, há aparecimento de forças não newtonianas e efeitos não justificados por essas leis.
Por exemplo, quando você é um passageiro de um trem em movimento e ele começa a desacelerar para parar, surge
em você uma força que te empurra no sentido oposto ao da aceleração; esse é um exemplo de força de inércia,
causada pelo aparecimento de um referencial não-inercial, que é o caso do trem (visto que possui aceleração).

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Podemos dizer que esse se trata do ponto 𝑃(𝑥, 𝑦, 𝑧), em que 𝑥, 𝑦 e 𝑧 nada mais são que as
coordenadas desse ponto 𝑃 em relação a esse espaço cartesiano. A esse sistema damos o nome
de referencial, aqui chamado de 𝑅. Vamos também considerar que esse referencial não seja
acelerado, isto é, que se trata de um referencial inercial.

Agora, vamos considerar um segundo referencial (aqui chamado de 𝑅′), porém, desta vez
móvel. Isso mesmo, um referencial que esteja em movimento. Vamos considerar ainda que esse
movimento seja feito na direção de 𝑥. Para ficar mais fácil, vejamos uma situação aplicada desse
referencial:

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Veja então o referencial 𝑅 em repouso em relação à estrada e o referencial 𝑅′ móvel em


relação à estrada porém, em repouso em relação ao veículo.
Mais abstratamente, temos:

Vamos entender cada uma dessas conclusões algébricas que chegamos nessa figura.
• 𝑢 ⃗⃗: velocidade do referencial 𝑅′;
• 𝑢𝑡: O módulo do deslocamento do referencial 𝑅′ em relação a 𝑂 passado um tempo 𝑡,
visto que ele viaja com velocidade 𝑢;
• 𝑥, 𝑦, 𝑧: Coordenadas de P em relação ao referencial 𝑅;
• 𝑥’, 𝑦’, 𝑧’: Coordenadas de P em relação ao referencial 𝑅′.

Pela figura, conseguimos concluir que:

𝑥 ′ = 𝑥 − 𝑢𝑡, 𝑦 ′ = 𝑦 𝑒 𝑧 ′ = 𝑧

Essa são três das quatro transformações conhecidas como as transformações de Galileu,
ou transformações galileana, regentes da relatividade da física clássica. A última transformação
é a que envolve o conceito de tempo.
Veja que aqui, para você, basta que você tenha entendido como funciona a geometria da
transformação, isto é, como que a coordenada 𝑥 do ponto 𝑃 variou conforme houve a troca de
referenciais.
Bom, em relação ao tempo, Galileu pensou como quase todas as pessoas pensam
atualmente. Imagine que exista um relógio 𝐴 atrelado ao referencial 𝑅 e um relógio 𝐵, idêntico,
atrelado ao referencial 𝑅′, como ilustra a figura abaixo:

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Considerando que o instante indicado por 𝐴 seja 𝑡 e que 𝑡′ seja o instante indicado por 𝐵
(suponha que os relógios tenham iniciado a sua contagem ao mesmo tempo). Para Galileu, é
sempre válido que:

𝑡 = 𝑡′

Ou seja, para Galileu, o fato dos referencias terem movimento um em relação ao outro, o tempo
é absoluto, isto é, não variam relativamente de um referencial para o outro. Essa é a relatividade
galileana.

O EXPERIMENTO DE MICHELSON-MORLEY
O final do século XIX trouxe ao mundo científico extremo alvoroço com as descobertas e
avanços científicos em relação ao eletromagnetismo com os estudos do físico Maxwell.
Não entrarei em detalhes aqui aprofundados aqui, por fugirem às propostas do nosso
edital. Porém, é importante que tenhamos essa noção para que entendamos de modo preciso o
que o experimento de Michelson-Morley nos trouxe, qual foi a sua grande utilidade.
Bom, quando Maxwell desenvolveu a teoria contemporânea do eletromagnetismo,
desenvolveu junto com ela a noção da propagação de ondas eletromagnéticas (como a luz, por
exemplo). Sabemos dos nossos estudos sobre ondas que elas são propagações energéticas que
possuem determinada velocidade.
Acontece que, como tudo na física, não há sentido em falar de velocidade sem que haja a
noção de referencial inserida. Então, a propagação de uma onda eletromagnética, quando
considerada a velocidade, tem de ter um referencial adotado para que faça sentido.
Maxwell postulou na época que um meio imaterial hipotético chamado éter conferia o
meio para a propagação das ondas eletromagnéticas. Segundo ele, o éter era o que permitia a
propagação das ondas eletromagnéticas. E como os experimentos feitos na época em relação às
descobertas do eletromagnetismo feitas por Maxwell condiziam com a realidade, a existência
do éter foi aceita e herdada pelo mundo científico.
Porém, essa hipótese de que o éter existia começou a ser questionado. E uma das
primeiras fontes de evidência de que o éter poderia de fato vir a não existir foram os resultados
obtidos a partir da experiência de Michelson-Morley (realizadas pelos físicos Albert Michelson
e Edward Morley).

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O experimento fazia uso de um instrumento que ficou conhecido como o interferômetro


de Michelson-Morley. Veja abaixo uma montagem simplificada desse experimento:

Não vou entrar nos méritos dos cálculos feitos, mas vamos entender a essência do
experimento (bem por cima mesmo). Em 𝐴 podemos ver uma fonte luminosa enviando um
particular raio luminoso em direção a um espelho plano semitransparente em 𝐵. Ao incidir em
𝐵, percebe-se que parte do raio luminoso passa diretamente pelo espelho, enquanto que uma
outra parte desse raio luminoso é refletida segundos as leis básicas da reflexão luminosa. Tanto
o raio refletido quando o raio que passou direto incidem nos espelhos planos representados em
𝐶. Dessa forma, ambos os raios retornam em direção ao espelho semitransparente em 𝐵. Dessa
forma, o raio que agora passa direto incide em um olho de um observador e o raio que agora
reflete-se novamente em 𝐶 também incide.
E qual é a vantagem em fazer um experimento desses? Acontece que quando raios
luminosos se encontram dessa forma, ocorre um fenômeno chamado de interferência. E a
interferência luminosa aqui gera padrões luminosos como os abaixo:

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Sei que isso tudo pode parecer muito difícil de ser entendido, mas veja: só parece difícil
porque não vemos esses fenômenos acontecendo no nossos dia-a-dia; dessa forma, acabam por
parecendo surreais à nossa mente. Mas basta que você acredite que esses fenômenos de fato
acontecem, acredite no professor Italo aqui. O que pode ser cobrado de você em sua prova são
os porquês relacionados ao experimento em si. Ao final dessa seção eu te dou mais algumas
dicas. Vamos continuar.
Bom, até agora o que vimos é que o interferômetro de Michelson-Morley é capaz de, após
algumas reflexões luminosas, gerar alguns padrões de interferência luminosa.
Observando esses padrões, e utilizando alguns cálculos, foi possível concluir algumas
incongruências com a teoria do eletromagnetismo e a física estudada até o momento. Não
conseguirei aqui mostrar para o estudante que nos acompanha o porquê exato dessa
incongruência, mas basta que você saiba que esse experimento as trouxe. Os físicos esperavam
que as diferenças entre os tempos de ida e os tempos de retorno dos raios luminosos fossem
diferentes de 0, isso baseando-se nos conceitos da física clássica. Mas ao fazerem e repetirem
esse experimento em diversas fases do ano, o resultado obtido era sempre nulo.
O que ficou em xeque na época foi o seguinte: dado o experimento de Michelson-Morley,
uma das duas teorias abaixo deveria estar errada:

• a teoria do eletromagnetismo de Maxwell;


• a relatividade galileana.

Isso abalou completamente o mundo científico. Abalou porque a relatividade galileana,


usada com constância pelo mundo científico e sempre condizente à realidade, e o
eletromagnetismo, também condizente à realidade, geravam experimentos que eram
perfeitamente previstos pelas teorias. Como poderia, então, uma das duas teorias estar errada?

O que foi descoberto no início do século XX, por Albert Einstein, é que as incongruências
eram um erro dificílimo de ser percebido presente na relatividade galileana.
O que ele descobriu foi que quando as velocidades consideradas são próximas à da
velocidade da luz no vácuo (𝑐), deduzida por Maxwell, a relatividade galileana apresenta
resultados diferentes daqueles da realidade. E, a partir daí, Einstein desenvolveu uma nova
forma de adotar referenciais, com postulados que corrigiam o erro da relatividade galileana
para velocidades próximas a c.

RELATIVIDADE EINSTENIANA

A teoria da relatividade referida a Einstein baseia-se em dois postulados. Vejamos o


primeiro deles.

As leis da física são as mesmas para todos os observadores situados em


referenciais inerciais. Não existe um referencial absoluto.

Veja que, diferente do postulado de Galileu, aqui Einstein estende o resultado para todas
as leis da física, não só as leis da mecânica. Em particular, o brilhantismo do postulado se dá por
incluir também as leis da óptica e do eletromagnetismo. Pois é, aqui a nossa intuição meio que
vai embora, porque não temos como imaginar esses efeitos relativísticos de Einstein com muita

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facilidade. Mas relaxe, os tópicos que você deverá saber para o seu concurso serão vistos sem
dificuldades para você.
Vamos então ao segundo postulado.

A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor c em todas as direções e em


todos os referenciais inerciais.

Podemos enunciar o mesmo dizendo que há um limite superior c para a velocidade da luz.
Isso quer dizer que nenhuma velocidade poderá superar à da luz no vácuo, c, não há velocidade
superior. Dessa forma se um movimento qualquer da física se dá com velocidade v, é fato então
que:
𝑣≤𝑐

Esses dois postulados, porém, não admitem a relatividade galileana ou os termos da


mecânica clássica. Vejamos o porquê, com um dos exemplos mais comuns para esse tipo de
explicação.

Considere um veículo que se move em direção a outro, em repouso, com os faróis acesos,
como ilustra a figura a seguir:

Temos então a luz provinda do farol viajando da direita para a esquerda com velocidade
constante c (suponha que o índice de refração do ar seja 𝜂𝑎𝑟 = 1) e o veículo em movimento da
esquerda para a direita com uma velocidade de 20m/s.
Pela relatividade galileana, caso fosse feita a pergunta de qual é a velocidade da luz
(provinda do farol) em relação ao motorista do carro em movimento, visto que as velocidades
são opostas, a resposta seria a soma dessas velocidades, que resultaria numa velocidade
relativa de módulo 𝑐 + 20.
Porém, pelo segundo postulado da teoria da relatividade de Einstein, não há velocidade
superior a c, e dessa forma, essa velocidade relativa obtida de 𝑐 + 20 torna-se incompatível à
teoria.
Veja então como que com um exemplo super simples já pudemos perceber
incompatibilidades. Se eu me aproximo de uma fonte luminosa com uma velocidade v, NÃO
podemos dizer que a velocidade relativa de aproximação entre minha pessoa e a luz provinda
da fonte é de 𝑣 + 𝑐. Não podemos porque 𝑣 + 𝑐 > 𝑐, e não existe velocidade superior a c.
Bom, tudo certo até aqui, mas como podemos explicar, então, o que acontece de fato com
essa velocidade relativa? Para respondermos a essa pergunta, precisamos primeiro entender
como funciona o conceito de tempo para a teoria de Einstein. Vamos então para o nosso próximo
tópico.

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DILATAÇÕES RELATIVÍSTICAS
DILATAÇÃO TEMPORAL

Considere que Maria esteja dentro de um vagão de trem, observando uma fonte luminosa, como
ilustra a figura a seguir:

Agora considere que um tempo 𝑡0 passe para Maria e que, após esse tempo, a luz
emitida pela fonte alcance o chão do vagão2, como ilustra a figura a seguir (suponha que Maria
tenha um relógio com a função de cronometragem para fazer essa medida):

2
Esse tempo 𝑡0 é chamado de tempo próprio; é o intervalo de tempo para que dois eventos distintos ocorram em um
mesmo referencial (em nosso caso temos o evento “emitir luz” e o evento “luz alcançar o chão do vagão”, ambos
acontecendo no mesmo referencial inercial, que é o referencial interno ao vagão).

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Veja então que, como a velocidade da luz (supondo-se novamente 𝜂𝑎𝑟 = 1) é 𝑐 e o tempo para
o deslocamento total é 𝑡0 (para Maria), a distância percorrida pelo raio de luz é 𝑐 ⋅ 𝑡0 .

Tudo bem até aqui? Agora vamos repetir o experimento, inserindo um observador externo,
João:

Agora, faremos esse vagão se deslocar com velocidade constante 𝑣. Observe, então, como João
observa a trajetória desse raio luminoso presenciado por Maria:

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Veja que os dois caminhos são percorridos pelo raio luminoso com velocidade 𝑐; mas perceba
que João enxerga esse caminho maior que o caminho percorrido pela luz percebida por Maria
(isto é, a trajetória percebida por João é maior que a trajetória percebida por Maria). Mas se as
velocidades são iguais e os deslocamentos são diferentes, isso significa que o tempo percebido
pelos dois será diferente. Diremos então que o tempo percorrido pela luz no referencial de João
é 𝑡. Com isso sabemos que, para João, o trem se deslocou 𝑣 ⋅ 𝑡 e a luz 𝑐 ⋅ 𝑡. Veja a figura com esses
valores inseridos:

Visto que o deslocamento 𝑐 ⋅ 𝑡 é maior que o deslocamento 𝑐 ⋅ 𝑡0 , temos que 𝑡 é maior que 𝑡0 .
Isso nos diz que o tempo com que João observa esse deslocamento luminoso é maior que o
tempo com que Maria observa esse deslocamento.

Bom, agora, aos cálculos. Aplicando o nosso onipresente Teorema de Pitágoras no triângulo
retângulo vermelho formado:

(𝑐 ⋅ 𝑡)2 = (𝑐 ⋅ 𝑡0 )2 + (𝑣 ⋅ 𝑡)2

Expandimos as potências e manipulamos a expressão a fim de colocar 𝑡 2 em evidência:

𝑐 2 ⋅ 𝑡 2 = 𝑐 2 ⋅ 𝑡02 + 𝑣 2 ⋅ 𝑡 2
𝑐 2 ⋅ 𝑡 2 − 𝑣 2 ⋅ 𝑡 2 = 𝑐 2 ⋅ 𝑡02
𝑡 2 (𝑐 2 − 𝑣 2 ) = 𝑐 2 ⋅ 𝑡02

Agora, extraímos 𝑐 2 da expressão entre parênteses (caso tenha dúvida se isso é possível, tente
fazer a distributividade do 𝑐 2 dentro do termo fatorado para ver que dá certo):

𝑣2
𝑡 ⋅ 𝑐 ⋅ (1 − 2 ) = 𝑐 2 ⋅ 𝑡02
2 2
𝑐

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Isola-se o 𝑡 2 :

𝑐 2 ⋅ 𝑡02
𝑡2 =
𝑣2
𝑐 2 ⋅ (1 − 2 )
𝑐

Cancelam-se os termos 𝑐 2 :

𝑡02
𝑡2 =
𝑣2
1− 2
𝑐

Extrai-se a raiz quadrada:

𝑡02
𝑡=√
𝑣2
1− 2
𝑐

E simplifica-se o radical:
𝑡0
𝑡=
2
√1 − 𝑣2
𝑐

Essa é a chamada equação de dilatação temporal. Ela permite relacionar os tempos percebidos
pelos dois referenciais.

Uma outra forma que podemos dar que nos ajudará a interpretar muito melhor essa expressão
é utilizando-se um fator 𝛾 chamado de fator de Lorentz. Ele pode ser definido da seguinte forma:

1
𝛾=
2
√1 − 𝑣2
𝑐

Ele aparece naturalmente na equação de dilatação temporal que vimos há pouco. Veja
novamente a nossa equação:

𝑡0 1
𝑡= = ⋅ 𝑡0 = 𝛾 ⋅ 𝑡0 .
2 2
√1 − 𝑣2 √1 − 𝑣2
𝑐 𝑐

Temos então que:

𝑡 = 𝛾 ⋅ 𝑡0

Veja que como 𝑡 ≥ 𝑡0 , certamente 𝛾 ≥ 1 (a igualdade ocorre quando 𝑣 = 0). Essa


informação pode ser útil em exercícios que mencionem o fator de Lorentz.

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O que percebemos com esse experimento, generalizando, é que o tempo que se passa para
uma pessoa que está no local aonde acontece o movimento é maior que o tempo que se passa
para uma pessoa que esteja dentro do movimento. A esse efeito relativístico dá-se o nome de
dilatação temporal.

Veja a seguir uma questão que pode ser resolvida com a teoria que acabamos de ver.

1. Um astronauta é colocado a bordo de uma espaçonave e enviado para uma estação


espacial a uma velocidade constante 𝑣 = 0,8 ⋅ 𝑐, em que 𝑐 é a velocidade da luz no vácuo. No
referencial da espaçonave, o tempo transcorrido entre o lançamento e a chegada na estação
espacial foi de 12 meses. Qual o tempo transcorrido no referencial da Terra, em meses?

Estamos lidando aqui com um modelo em que a relatividade de Einstein torna-se


necessária, dada a proximidade com que o astronauta viaja em relação à velocidade da luz no
vácuo, 𝑐.
Ele informa que no referencial da espaçonave, a velocidade o tempo de viagem foi de 12
meses. Esse é o tempo próprio da situação, isto é, o nosso 𝑡0 . Dessa forma, temos que 𝑡0 = 12
meses. Substituindo esse valor e o valor da velocidade da espaçonave na equação de dilatação
temporal, temos:

𝑡0 12 12 12 12 12
𝑡= = = = = = = 20 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠.
𝑣2 𝑐)2 𝑐2 √1 − 0,64 √0,36 0,6
√1 − √1 − (0,8 2⋅ √1 − 0,642⋅
𝑐2 𝑐 𝑐

Dessa forma, o tempo decorrido no referencial externo ao da espaçonave foi de 20 meses


(gabarito), enquanto que o tempo decorrido no referencial interno (o tempo próprio) foi de 12
meses.

Vamos fazer mais uma questão. Essa próxima fechará a nossa aula, com uma noção teórica
do que acabamos de aprender.

2. Nos dias atuais, há um sistema de navegação de alta precisão que depende de satélites
artificiais em órbita, em torno da Terra. Para que não haja erros significativos nas posições
fornecidas por esses satélites, é necessário corrigir relativisticamente o intervalo de tempo
medido pelo relógio a bordo de cada um desses satélites. A teoria da relatividade especial prevê
que, se não for feito esse tipo de correção, um relógio a bordo não marcará o mesmo intervalo
de tempo que outro relógio em repouso na superfície da Terra, mesmo sabendo‑se que ambos
os relógios estão sempre em perfeitas condições de funcionamento e foram sincronizados antes
de o satélite ser lançado. Se não for feita a correção relativística para o tempo medido pelo
relógio de bordo:
a) ele se adiantará em relação ao relógio em terra enquanto ele for acelerado em relação
à Terra.
b) ele ficará cada vez mais adiantado em relação ao relógio em terra.
c) ele se atrasará em relação ao relógio em terra durante metade de sua órbita e se
adiantará durante a outra metade da órbita.
d) ele ficará cada vez mais atrasado em relação ao relógio em terra.

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Essa é uma questão teórica importantíssima para o seu exame. Vejamos o que está sendo
descrito. Vamos considerar que Δ𝑡 seja o tempo medido no repouso terrestre, enquanto que o
tempo Δ𝑡0 é o tempo medido dentro da aeronave.
Sabemos que o tempo Δ𝑡, medido fora do satélite dilata em relação ao tempo no interior
do satélite, isto é, Δ𝑡 > Δ𝑡′. Isso significa que caso passem-se, por exemplo, duas horas para
uma pessoa dentro do satélite, passarão mais de duas horas para um referencial externo ao
satélite em repouso. Dessa forma, o relógio dentro do satélite encontrar-se-á sempre atrasado
e cada vez mais. A alternativa correta é a D.

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