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ATUALISMO E CRISE NA DEMOCRACIA

FELIPE PETRI CORRÊA DA SILVA1

RESUMO
No ano de 2018 a eleição do governo Bolsonaro afirmou um tempo de incertezas e
crise para a democracia em solo nacional. A polarização entre esquerda e direita se
fazia como a base de sustentação da democracia, porém, o que era uma discuta
política e ideológica tornou uma guerra, em que a oposição era considerada como
verdadeiros inimigos. Diante disso, o artigo tem por objetivo refletir sobre a teoria do
atualismo e a crise na democracia apresentada pela sociedade contemporânea.
Para a realização do artigo foi utilizado o procedimento metodológico da revisão
bibliográfica com abordagem qualitativa, em que autores como: Araújo e Pereira
(2019/2020), Nobre (2020), Bauman (2007), entre outros, foram consultados. Com a
pesquisa foi possível compreender que a crise na democracia é resultado da guerra
impulsionada por governos autoritários que não respeitam a liberdade de expressão
da mídia, utilizam-se de fake news para legitimar ideários sem fundamentos
científicos, ignoram o bem-estar e saúde social para manter jogos políticos, além de
incentivarem verdadeiras guerras entre oposições políticas.

Palavras-Chave: Democracia. Fake News. Polarização.

ABSTRACT
In 2018, the election of the Bolsonaro government declared a time of uncertainty and
crisis for democracy on national soil. The polarization between left and right was
made as the basis for sustaining democracy, however, what was a political and
ideological debate turned into a war, in which the opposition was considered as real
enemies. Therefore, the article aims to reflect on the theory of actualism and the
crisis in democracy presented by contemporary society. To carry out the article, the
methodological procedure of bibliographic review with a qualitative approach was
used, in which authors such as: Araújo and Pereira (2019/2020), Nobre (2020),
Bauman (2007), among others, were consulted. With the research it was possible to
understand that the crisis in democracy is a result of the war driven by authoritarian
governments that do not respect the freedom of expression of the media, use fake
news to legitimize ideas without scientific foundations, ignore the welfare and social
health to maintain political games, in addition to encouraging real wars between
political oppositions.

Keywords: Democracy. Fake News. Polarization.

1
Universidade Federal de Ouro Preto, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Mariana, MG, Brasil
Matrícula: 16.2.37.50 felipe.correa@aluno.ufop.edu.br
1 INTRODUÇÃO
Após a Revolução Industrial e a sociedade produtora, houve a transformação
para a sociedade do consumo, em que, tanto as mercadorias quanto as pessoas
passaram a serem consideradas obsoletas se não passassem por constantes
atualizações. Dessa forma, a teoria do atualismo compreende que diante da
dinâmica contemporânea, principalmente advinda da Revolução Tecnológica e
globalização, a temporalidade e a narrativa histórica sofreram grandes alterações
em sua concepção.
As relações sociais foram modificadas a partir do avanço tecnológico que
proporcionou uma maior conectividade ao mesmo passo que impactou em um maior
isolamento. Esse fato demonstra a negatividade da globalização e a informação e
conhecimento como novo produto do capitalismo contemporâneo, no sentido de que
as informações criam e se recriam em uma velocidade quase instantânea, porém,
sem preocupações em sua veracidade, configurando uma grande dispersão de
ideais.
Diante disso, o presente artigo pretende responder o seguinte
questionamento: qual é a ligação entre o atualismo e a crise da democracia
vivenciada pela sociedade contemporânea? O objetivo geral do trabalho é refletir
sobre a teoria do atualismo e a crise na democracia apresentada pela sociedade
contemporânea. Os objetivos específicos são: apresentar o conceito de atualismo;
descrever a concepção de democracia e analisar o fenômeno do autoritarismo
propagado pelo atualismo e sua ligação com a crise da democracia.
A escolha do tema se faz relevante e atual como forma de contribuir para que
haja a reflexão sobre a ameaça da democracia por governos autoritários que se
afirmam na ideia do atualismo, ferindo direitos fundamentais e liberdades de
expressão, bem como, atentando contra os princípios das Instituições que garantem
a prática democrática na sociedade.
Para a realização do artigo foi utilizado o procedimento metodológico da
revisão bibliográfica com abordagem qualitativa, em que autores como: Araújo e
Pereira (2019/2020), Nobre (2020), Bauman (2007), entre outros, foram consultados.
No primeiro tópico é abordado o conceito de atualismo, no segundo tópico se faz um
breve histórico da democracia e descreve-se o seu conceito, no terceiro tópico
analisa-se a crise da democracia sob a luz da teoria atualista.
2 O CONCEITO DE ATUALISMO
O conceito de Atualismo se refere a uma nova teoria para a história que
representa a aceleração da experiência do tempo presente, demandando uma nova
organização e respostas as questões contemporâneas. A partir da identificação de
termos como update e updatism, Araújo e Pereira (2019) explicam a articulação do
passado e presente para o historiador contemporâneo, que vê o conceito de
progresso substituído pelo de atualização.
Foi a partir da cultura de consumo e obsolescência disseminada pelo avanço
industrial a partir da década de 1970 que a ideia de atualização passou a vigorar na
sociedade ocidental, com a perspectiva de avanços tecnológicos e científicos, a
narrativa histórica e a noção de temporalidade foram, profundamente, alteradas: “O
que chamamos atualismo é o crescimento vertiginoso de certa acepção da
possibilidade humana de se relacionar com o tempo histórico como atualização
repetidora” (PEREIRA; ARAÚJO, 2020).
Bauman (2007) afirmara que a modernidade estava caracterizada pela troca
de liberdades individuais por segurança, sendo, então, os indivíduos, submetidos a
ordem, repressão e regulações do prazer. Dessa forma, a estabilidade em todas as
esferas da vida social, fazia com que as pessoas admitissem algum autoritarismo do
Estado.
Já para a sociedade contemporânea é notado a forte característica da fluidez
e do individualismo, em que se cria o pensamento de que a felicidade é
responsabilidade individual em sua busca, o que confere maior liberdade, mas,
também, responsabilidade pelos atos individuais. Baunam (2007), então, afirma que
a sociedade pós-moderna é líquida pois é permeada de incertezas quanto ao futuro,
o que gera angústia ao saber que a dinâmica das rápidas transformações é a única
coisa permanente:

O "progresso", que já foi a manifestação mais extrema do otimismo radical e


uma promessa de felicidade universalmente compartilhada e permanente,
se afastou totalmente em direção ao pólo oposto, distópico e fatalista da
antecipação: ele agora representa a ameaça de uma mudança inexorável e
inescapável que, em vez de augurar a paz e o sossego, pressagia somente
a crise e a tensão e impede que haja um momento de descanso (BAUMAN,
2007, p.16).
Nota-se que o autor defende que a sociedade pós-moderna vivencia uma
crise em perspectiva futura, pois o lugar do passado está definido, mas o novo não
tem caracterização, dessa sociedade líquida nasce a esperança de algo mais
concreto, com forma, em que as pessoas saibam em que depositar esperanças.
É a passagem da sociedade industrial para a consumista que marca a
formação identitária pautada no ato de consumir. Nesse interim, o que se consome
molda a personalidade, e o individuo não tem suas necessidades atendidas, pois
sempre está em busca de novas necessidades sanadas a partir da criação de
mercadorias, pois as mercadorias são feitas para satisfazer uma necessidade
imediata e logo serem substituídas e não, mais, para que haja durabilidade e
confiabilidade.
Dessa mesma maneira, as pessoas, como as mercadorias, adotam
personalidades fluidas, em que precisam de constante reinvenção para que possam
participar de seu ciclo social, pois, como esclarece Bauman (2007) as relações
estabelecidas são passíveis de rompimento a qualquer momento, as caracterizando
como líquidas, o que impacta na contradição da globalização, com o isolamento das
pessoas, na não confiabilidade das relações e maior insegurança, em menos
solidariedade com o sofrimento do outro e relações flexíveis, que torna as pessoas
conectadas apenas por rede e não por laços comunitários:

Enquanto o sujeito moderno entendia-se como acelerador ou desacelerador


do processo histórico, a depender de suas posições políticoexistenciais, o
sujeito atualista parece não esperar mais ter controle sobre o tempo
histórico. Frente a um presente que continuamente se reproduz, ele é
levado a estar atualizado ou obsoleto, com diversas possibilidades de
modulação. O atualismo, como valor social e ideologia hegemônica em
certas dimensões da vida contemporânea, produz continuamente ondas de
obsolescência. Sua fronteira final e decisiva é o próprio humano, que não
apenas deixa de ser visto como fator decisivo das transformações
históricas, mas pode se tornar inclusive o elemento a ser descartado por
supérfluo (ARAÚJO; PEREIRA, 2020, p.128).

É na constante atualização que o sujeito atualista faz a sua afirmação


existencial e o sujeito obsoleto fica sempre a beira da extinção dada a próxima
atualização, porém, a sua existência tem, ainda, sentido a partir da legitimação
funcional para as novas demandas por atualização.
Para Araújo e Pereira (2019) a sociedade contemporânea se centra na
massiva e rápida produção e disseminação de informações, porém, não se
aprofunda em sua legitimação. A informação e o conhecimento transformaram-se,
então, no “grande produto do capitalismo contemporâneo, distribuído como um
serviço em fluxo” (p.54).

2.1 As redes sociais e as Fake News


As redes sociais representaram um avanço nas relações sociais em conexão,
em que as informações são criadas e recriadas quase que instantaneamente.
Bauman (2007) afirma que as redes sociais são exemplos da liquidez da sociedade
contemporânea, pois as pessoas, conectadas em rede, estão sempre aptas a formar
e desfazer vínculos conforme interesses individuais, o que impede a formação de
laços de longo prazo, bem como, a exposição a ideias que sejam controversas ao
que se pretende defender.

O novo individualismo, o enfraquecimento dos vínculos humanos e o


definhamento da solidariedade estão gravados num dos lados da moeda
cuja outra face mostra os contornos nebulosos da "globalização negativa".
Em sua forma atual, puramente negativa, a globalização é um processo
parasitário e predatório que se alimenta da energia sugada dos corpos dos
Estados-nações e de seus sujeitos (BAUMAN, 2007, p.30).

Nota-se que, ao mesmo passo, que a facilidade de estabelecer vínculo por


meio de conexões ampliou as possibilidades de interação social, também, revelou o
individualismo e o atrativo do desconectar um vínculo ao menor descontentamento,
sendo formados círculos de contato entre pessoas que compartilham dos mesmos
ideias, o que não abre espaço para o diálogo e a discussão de interesses
contraditórios entre si. Como consequência há o enfraquecimento da solidariedade
com o próximo, bem como, da colaboração e fortalecimento social.
As redes sociais estão a serviço do marketing online, porém, também, do
marketing político utilizando os dados rastreáveis dos usuários para lhe
proporcionarem experiências personalidades com base em seus maiores interesses,
de forma que exerça um controle automatizado trabalhado a partir da passividade do
usuário (ARAÚJO; PEREIRA, 2019).
Neste interim, compreende-se que há, não somente uma aceleração de
transformações e informações, mas, também, uma dispersão de sentido, que faz
com que Araújo e Pereira (2019, p.20), seguindo o pensamento atualista,
questionem: “tudo se atualiza para que tudo permaneça a mesma coisa?”.
Politicamente, as redes sociais isolam, ainda mais, os indivíduos, pois,
isolados, trabalham como peça da grande engrenagem do capitalismo
contemporâneo, porém, as experiências em redes sociais podem tanto segregar
quanto resultar em vantagens sociais (ARAÚJO; PEREIRA, 2019).
Trata-se da era da vigilância indiscriminada, em que está travada uma
rigorosa discuta política-ideológica que impacta, diretamente, em velhos
fundamentos da democracia liberal. Nesse sentido, apela-se para a acusação de
Fake News para alegar falsidade a tudo que não se quer ouvir, ou utiliza-se de Fake
News para propagar campanhas a favor da ideia que se defende, sem consultar se
as consequências coletivas de tal ato, vale a campanha iniciada:

As fakes news se alimentam de um discurso do “contra tudo o que está aí”,


que tem muitas causas, como o desgaste produzido pelos achismos
impulsionados pela cultura do like e do comentário on line, até a baixa
confiança que há muito tempo vem desgastando o papel das mídias e de
outras instituições democráticas, como a política institucional e mesmo a
ciência (LEVITSKY; WAY, 2002, p.213-214).

Nota-se que a alegação de fake news tira o crédito de todos os argumentos, e


em governos autoritários, as teorias do achismo são defendidas como liberdade de
expressão, em que ganhasse o direito a impunidade diante da propagação de
informações sem fontes que a comprovem.

2.2 As disputas da direita e da esquerda segundo o conceito atualista

Para que haja a compreensão do impacto das redes sociais na esfera política
e na crise da democracia é importante notar como a esquerda e a direita vem sendo
representada na base atualista. Para tanto, Araújo e Pereira (2020) exemplificam a
questão caracterizando a direita obsoleta como um motorista de aplicativo que
defende moldes sociais tradicionalistas e a esquerda obsoleta como um líder sindical
que luta por direitos sociais, o que eles têm em comum é o cultivo da nostalgia. Já o
defensor da direita atualista é caracterizado como um empreendedor inovador que
atuam alimentados pela alta tecnologia e competitividade que podem substitui-lo a
qualquer momento: “Esses atualizados são igualmente a inteligência do atualismo,
que, em revistas, redes sociais, tvs e palestras, segregam diariamente a doutrina da
atualização e suas promessas” (ARAÚJO; PEREIRA, 2020, p.132).
Os atualistas da direita vendem o discurso da automatização de todos os
serviços, inclusive os do governo, eliminando os funcionários públicos e o sindicato,
o que favorece os capitalistas da vigilância. Anunciam que as tecnologias eliminaram
as profissões que são atualmente conhecidas e que o caminho da “evolução” é
inevitável, dessa forma, ao passo que agregam o discurso tecnológico destroem os
meios de política e democracia: “A questão é que o fim do governo sonhado pelos
atualizados de direita é o fim da política e da democracia, por isso poderiam não se
sentir ameaçados pelo obscurantismo bolsonarista” (ARAÚJO; PEREIRA, 2020,
p.134).
Já para os atualizados da esquerda o apocalipse se apresentou na forma da
eleição do Bolsonaro, porém, mesmo que caminhando pelas ondas da atualização
compreendem que precisam lutar contra as tendencias de automatização do
capitalismo atualista, o que os aproxima do tradicionalismo da esquerda.
Araújo e Pereira (2020), nesse contexto, enfatiza que o poder das redes
sociais se mostrou contra a esquerda que não conseguiu se articular entre obsoletos
e atualizados, já a direita se articulou rapidamente entre obsoletos e atualizados em
um discurso tecnológico e de automatização que reuniu elementos de uma
fantasiosa nostalgia, ao mesmo passo que um futuro de progresso promissor.

3 A DEMOCRACIA – BREVE HISTÓRICO E CONCEITO


A democracia, na sociedade contemporânea, ultrapassou a representação
ideológica de alinhamento a um pensamento político para integrar-se como prática
defendida por diversas correntes políticas e ideológicas. Cabral Neto (1997) afirma
que, por mais que a democracia seja defendida por diversas correntes de
pensamento, sua concepção varia na representatividade e incorporação dos atores
sociais.
Na Grécia antiga, a democracia era exercida de forma direta, concedido o
direito de participação política a todos os cidadãos atenienses mediada por
assembleias para que o povo tomasse decisões políticas. Porém, não eram todos
considerados cidadãos, já que o status era conferido apenas a pessoas maiores de
18 anos, do sexo masculino, nascidos em Atenas.
Atenas possuía uma democracia direta, onde os considerados cidadãos
participavam diretamente das questões políticas da polis. Note-se que, cidadãos em
Atenas eram apenas os homens, filhos de pais e mães atenienses, maiores de
dezoito anos, mais, quanto maior a renda do cidadão maior, também, era sua
importância e, notemos que, mulheres, escravos e estrangeiros não tinham direitos
de cidadania.
Era na Eclesia que a participação dos cidadãos atenienses se desenvolvia,
reunida decenalmente na região da colina de Pnix. Os arcontes, com o surgimento
da política oligárquica, em detrimento a monárquica, eram eleitos anualmente pelos
cidadãos (GLÜCK, 2006).
Pode-se afirmar que a democracia, em sua origem ateniense foi excludente
pois não abrangia o todo populacional, excluindo os metecos – povos nascidos fora
da Polis de Atenas, que cumpriam obrigações fiscais e serviam ao exército como os
demais cidadãos, bem como, a exclusão se estendeu às mulheres, aos escravos
(que compunham a maior parte do todo populacional) e os jovens com menos de 18
anos.
Ainda, há de se considerar a real participação dos cidadãos que se encontram
no perfil eletivo da democracia ateniense, pois, os registros históricos produzidos a
partir dos eventos das assembleias fazem perceptível o baixo comparecimento da
população às Eclesias, sendo mais frequentada por comerciantes e negociadores
locais. Já na assembleia, líderes que representavam os cidadãos falavam sobre os
interesses políticos, porém, não ficavam ao encargo de tomarem decisões, sendo
estas vindas da vontade da maioria popular: “o corpo político da democracia
ateniense era formado por membros considerados absolutamente iguais, porque
todos eram livres. A liberdade era o critério que determinava a igualdade” (CABRAL
NETO, 1997, p.3).
Compreende-se, então, que não era necessária igualdade econômica para a
composição da democracia de Atenas, pois os grupos populacionais que
compunham a Assembleia eram de origens econômicas variadas, porém, havia a
homogeneidade de direitos políticos.
Após a experiência da Grécia Antiga, a democracia ficou adormecida por um
longo período abarcando toda a Idade Média e o Modernismo no ápice das
monarquias absolutistas (GOMES, 2006). Até o século XVIII a democracia era
expressa como ideologia política e não como uma preferência representativa de
classe.
A história mostra que a política tanto quanto suas instituições estão sempre
em movimento e em possibilidade de transformações. A história da política na Grécia
vem associada a democracia, o contraponto do belicismo espartano e escravagismo,
contudo ainda assim temos a Grécia como pais da democracia e do conceito de
cidadania, de lei e de coletivo.
Em Roma percebe-se o imperialismo, a propriedade e interesses privados
(leis Romanas), tem-se a disputa exclusiva pelo poder da administração como
Instituição a serviços de interesses privados (MAAR, 1994). Na Idade Média a
política dividiu-se em representatividade, sendo a nobreza representante do poder
do Estado e a Igreja o poder civil.
Para separar o Estado do governo surge o "príncipe" de Maquiavel. A principal
lição de Maquiavel é que a política pode-se abrir para todos. De Maquiavel, a Locke,
Napoleão e Montesquieu foi-se revelando um Estado mais burocratizado, com os
três poderes: Executivo, Judiciário e Legislativo firmados, mas a questão do Príncipe
de Maquiavel envolve o poder da conquista e manutenção do controle do Estado.
Após o advento das ideias iluministas a partir do século XVIII, filósofos como
Rousseau e Montesquieu afirmaram que, em oposição ao regime absolutista, em
que o direito exercido pelo rei se sobrepunha a qualquer outro, o ser-humano em
seu nascimento possui direitos naturais (SPIELER; MELO; CUNHA, 2012). Os
direitos naturais estavam relacionados à sua liberdade de expressão, de ir e vir,
liberdade religiosa e de possuir a sua propriedade, para tanto o Estado não deveria
intervir nessas questões.
Partindo do conceito de liberdade natural inerente a todos os seres humanos,
tem-se que naturalmente todos os seres-humanos são iguais perante a Lei. Essas
ideias revolucionam o direito e se expressam na Declaração dos Direitos do Homem
e do Cidadão, de 1789, produto da Revolução Francesa que acontece no mesmo
ano.
A Revolução Francesa e a introdução do capitalismo industrial que formou o
pensamento liberal impulsionaram o surgimento da sociologia. A Inglaterra, polo da
industrialização, foi palco de drásticas mudanças em seu estilo de vida, as pequenas
populações rurais transformaram-se em uma sociedade de aumento demográfico
crescente, urbana, com precárias condições de vida e altas jornadas de trabalho nas
fábricas. Dessas mudanças surgiu a classe dos operários que se conscientizaram de
seus interesses e passaram a confrontar o modelo capitalista (MARTINS, 1994).
Os militantes políticos da Inglaterra industrial participavam de debates e
estudos com o objetivo de adquirirem meios e conhecimentos para uma
transformação ou manutenção social e assim, com os pensadores Owen, Willian
Thompson e Jeremy Bentham nascem os primeiros sociólogos. A sociologia, além
de denotar os acontecimentos da sociedade e relações capitalistas também traz a
luz da ciência à filosofia, e suas explicações empiristas substituem o pensamento e
explicações teológicas.
Os intelectuais iluministas usaram da filosofia e a ciência para romper com o
obscurantismo das filosofias medievalistas e derrubar o domínio feudal e o Estado
monárquico e sua influência social. Durkheim (1999) afirma que após a Revolução
Francesa nasceu a noção exata da ciência social, e com isso se a primeira
manifestação intelectual foi revolucionária, essa deveria ser reorganizadora, e nessa
investida de organização e mantenedora da ordem é que a sociologia irá
desempenhar seu papel nos anos iniciais de seu surgimento.
No entanto não é essa sociologia positivista que dará voz aos proletários e
sua luta de classe, eles buscaram voz em seus referenciais teórico vinculando a
sociologia ao socialismo, formando uma teoria crítica que ficará ao lado da classe
operária.
A sociologia é marcada pelo antagonismo de direções na defesa do ponto de
vista de "sociedade ideal". Os "profetas do passado" condenam a Revolução
Francesa e buscam suas referências de modelo social na Idade Média teocrática e
aristocrata, seus estudos e defesa da família, da autoridade e da ordem
influenciaram sociólogos positivistas como: Comte, Saint-Simon e Durkheim. Para os
positivistas a questão é a conservação da sociedade capitalista através da ciência
atuando como a Igreja para o feudalismo (MARTINS, 1994).
Para Durkheim (1999) a sociedade já estava estabelecida e não era passível
de transformações ou dinâmica então o principal papel da sociologia como ciência
era detectar os problemas e reestabelecer o seu estado original, saudável. Porém, a
dinâmica das transformações sociais e políticas a partir das ideias iluministas fez
com que o Estado passasse a contar com uma divisão de poderes, sendo esta: o
poder legislativo, o poder judiciário e o poder executivo, sendo o poder legislativo
responsável pela elaboração de leis que serão iguais para todos os cidadãos, o
poder executivo por executar as leis e o poder judiciário que mantém o equilíbrio
entre os dois primeiros.
Após a Revolução Industrial, os direitos foram reivindicados pelos
trabalhadores, pois apesar de a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
servir de instrumento para a democracia política, não eram todos que podiam votar
ou reivindicar melhores condições de trabalho. Diante disso, a conquista do sufrágio
universal é o próximo passo na conquista de condições igualitárias de direitos e
exercício da cidadania pautada nos Direitos naturais do homem.
Com Marx a questão do Estado é transferida para as classes, levando a
política a luta de classes. Marx classifica a classe dominante como os proprietários
dos meios de produção e a classe trabalhadora os subordinados aos mesmos. A
questão para ele é como a classe trabalhadora pode tomar o poder da classe
dominante e assim traz a política para a vida social através de sindicatos e
associações e a guerra entre socialismo e capitalismo.
Foi em Marx e Engels que a sociologia encontrou seu caráter crítico da
sociedade e com objetivo de superação, para eles a interdisciplinaridade explica a
sociedade em todos os seus aspectos.
A primeira onda socialista denominada "socialismo-utópico", fazia críticas a
sociedade burguesa, mas não identificava meios para uma mudança radical. Marx e
Engels encontrando a teoria da dialética de hegeliana em junção com as teorias
materialistas formaram a teoria científica materialismo-histórico. O materialismo-
histórico deu base ao socialismo marxista, que tinha como orientação as relações
sociais vistas por sua base econômica.
Dessa forma, pela concepção marxista a sociedade se divide por classes
sociais que são determinadas em proletários e burgueses. Dessa forma, Marx
(1985) busca nas relações econômicas e produtivas a explicação para as relações e
estruturas mantidas nas sociedades capitalistas.
Para Marx (1985) as relações entre trabalhadores e capitalistas, a natureza
da produção da mais-valia, o acúmulo dos lucros e a exploração tem origem nas
formas de capital-constante e capital-variável. O capitalismo necessita do capital fixo
para gerar todos os meios para o processo de produção e isso acarreta acúmulo e
consequentemente crise. Os bens de consumo são produzidos para o mercado no
sistema capitalista, e não para a manutenção da sociedade e pelas funções da
acumulação gera um ciclo de crises entre o consumo e produção. Para o capitalista,
o fundo de capital acumulado ainda serve de reserva caso haja alguma interrupção
no ciclo de produção.
O capitalista compra o trabalhador antecipadamente ao processo de
produção, porém o paga em pequenas parcelas durante o processo, quando chega-
se ao capital variável o trabalhador já lhe forneceu o pagamento correspondente ao
seu salário, mas é com a venda da mercadoria que o capital se torna monetário e o
capitalista pode comprar novas forças de trabalho. Na reprodução simples a soma
do valor mais o capital-mercadoria tem de ser igual ao capital constante que se
separe como parte de mercadoria global.
A discussão dos Direitos permanece durante o século XX pautada nos
Direitos Sociais, pois se no século XVIII houve a conquista da limitação do poder do
Estado e no século XIX a regularização do instrumento em que as pessoas
poderiam acessar o poder, o século XX leva ao debate as questões sociais,
inerentes ao bem-estar social, com atributos de intervenção do Estado.
Compreendeu-se, então, que a todos compreendia os direitos básicos de
acesso a saúde, a educação, ao lazer, a cultura e ao Estado cabia propiciar meios
de acesso a esses direitos, considerados fundamentais para a Dignidade Humana.
Em 1948, a Organização das Nações Unidas elabora a Declaração Universal
dos Direitos Humanos em que os direitos sociais estão presentes. A declaração dos
Direitos Humanos surge em um contexto, em que o mundo está polarizado entre as
liberdades políticas e civis declaradas pelos Estados Unidos e as garantias ao
acesso aos direitos sociais afirmados pela União Soviética, no pós-segunda Guerra
Mundial (SCHWARZ, 2016).
Após os debates que efetivaram a importância dos Direitos Humanos para
garantir a igualdade e a liberdade, além do acesso às políticas públicas de
educação, cultura, saúde etc., e a manutenção da ordem social, outros debates
fizeram parte do rol das preocupações dos Direitos Humanos, como as
preocupações com o meio ambiente. A rápida aceleração industrial colocou em
pauta a importância do uso sustentável dos recursos naturais para garantir
qualidade de vida para as futuras gerações.
No Brasil toda essa concepção foi posta em prática com a Constituição
Federal de 1988, inclusive a preocupação com o meio ambiente e o garantindo
também, como um direito fundamental, conferido pelo artigo 255 do referido
documento.
Os direitos humanos então, passa a servir de base para a estruturação dos
direitos civis, políticos e sociais, a partir de uma configuração pautada na igualdade,
respeito à diversidade, inclusão, sustentabilidade e acesso a políticas públicas de
qualidade.
No convívio social o indivíduo deve renunciar sua liberdade individual para
usufruir da liberdade coletiva, ou como afirma Gramsci (1987) o homem deixa seu
estado naturalismo para fazer parte da Instituição moldada a partir de direitos e
deveres. Para o autor, a sociedade gerida pelo Estado não apresenta meios de
representação da vontade do povo, pois o Estado age, apenas, como regulador
administrativo para a manutenção dos interesses da classe dominante. Sendo
assim, o Estado, mantem a reprodução de classes antagônicas e o equilíbrio por
meio da ordem social:

[...] o Estado é explicitamente concebido como um aparelho repressivo. O


Estado é uma “máquina” de repressão que permite às classes dominantes
(no século XIX à classe burguesa e à “classe” dos grandes latifundiários)
assegurar a sua dominação sobre a classe operária, para submetê-la ao
processo de extorsão da mais-valia... (ALTHUSSER, 1985, p.62).

A crítica de Marx ao sistema capitalista e a exposição da exploração do


trabalhador pelo patrão faz com que se repense todo o modelo social e econômico,
a relação dos meios de produção com a força produtora e a relação patrão-
empregado.
Em direcionamentos e orientações diversas os agentes da política disputam o
controle do governo pois esse tem a base necessárias para permear as
objetividades de seus ideais. Mas a sociedade civil é ativa em movimentos e
instituições que exercem poder político de base e precisa ser levada em conta, pois
esse poder subjetivo pode semear um poder objetivo com um agente transformador.
Esses agentes da sociedade civil atuam politicamente, porém não através da política
institucional do Estado, portanto repousam na condição de interesses de seus
particulares objetivos para articular uma mobilização e tornar oficial e legítima a
causa de sua luta (MAAR, 1994). O meio institucional para se fazer política
historicamente são a arma e o voto, a força e o consenso.

3.1 A crise da democracia e o atualismo


A democracia tradicional, garantida por muitas cartas constitucionais em
diversos países é ameaçada por condutas intimistas de políticos que questionam
resultado de eleições, censuram implicitamente ou explicitamente a liberdade da
imprensa e tratam seus rivais como verdadeiros inimigos (LEVITSKY; ZIBLATT,
2018).
As democracias no mundo, apesar de se configurar como um discurso
universal de governo ideal são frágeis e podem entrar em crise por influência de
acontecimentos em países considerados grandes potências econômicas e
influenciadores sociais e culturais. Ao analisar a situação dos Estados Unidos após a
eleição de Trump, Levitsky e Ziblatt (2018) afirmam que os políticos contemporâneos
trabalham para enfraquecer os meios institucionais da democracia:

Nossa Constituição, nosso credo nacional de liberdade e igualdade, nossa


classe média historicamente robusta, nossos altos níveis de saúde e
educação, nosso setor privado diversificado – tudo isso deveria nos
imunizar contra o tipo de colapso democrático que aconteceu em outras
partes do mundo (LEVITSKY; ZIBLATT, 2018, p.14).

Compreende-se, assim, que a democracia está ameaçada pela entrada do


autoritarismo que atua por baixo da bandeira constitucional dos direitos e liberdade
democrática. Esse fenômeno é explicado por Levitsky e Way (2002) pela
proliferação de regimes híbridos em diversas partes do mundo desde a década de
1990, misturando elementos do autoritarismo e da democracia, porém, a história tem
mostrado que a tendencia dos regimes híbridos é a afirmação no autoritarismo.
Nobre (2020), em sua obra: “A guerra de Bolsonaro contra a democracia”
afirma que não é a polarização entre a direita e a esquerda que ameaça a
democracia, pelo contrário, é a polarização que caracteriza a democracia, porém,
quando a oposição ideológica se torna guerra a democracia é ameaçada: “A
democracia só fica ameaçada quando se passa da polarização para a guerra. Essa
a verdadeira vitória de Bolsonaro. Fez quem defende a democracia pensar e agir
com as mesmas armas destruidoras da democracia que ele usa” (p.8).
O autor enfatiza que a guerra provocada por Bolsonaro custou milhares de
vidas, pois no contexto da pandemia da Covid-19, o Presidente, apesar de ter
acesso aos números de mortos e a proporção de propagação do vírus, manteve um
discurso para a amenização da gravidade do problema, não tomou providencias
econômicas para auxiliar pessoas e empresas de forma satisfatória para que
pudesse manter sua jogada política autoritária:

Cada vida que perdemos traz a dúvida inevitável: será que essa morte
poderia ter sido evitada se não fosse a irresponsabilidade e a
desumanidade de Bolsonaro com a população de seu próprio país? A raiva
desmesurada que desperta o escárnio presidencial pela vida precisa
encontrar a sua devida canalização institucional democrática, não pode
transbordar no desejo de morte que seria, no fundo, uma confirmação da
cultura bolsonarista (NOBRE, 2020, p.55).

Pode-se perceber que para a crise da democracia existem elementos de


autodestruição advinda de múltiplos fatores que não podem ser inferidos a uma
única causa, porém, os fatores podem ser resultados da própria incapacidade da
democracia de satisfazer todas as demandas sociais. Ressalta-se que a crise a que
a democracia passa não se refere ao seu termo e sim a sua natureza. Riera (2016)
afirma que esse fato é comprovado pela perda de legitimidade das Instituições que
legitimam a democracia, como o Estado que se afirma na justiça, na lei, na equidade
e na liberdade, porém, de toda a forma, é necessário sobreviver na esperança da
democracia ao sucumbir ao autoritarismo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo revisou o conceito de atualismo compreendendo que o termo diz


respeito a uma nova concepção de historicidade e temporalidade, pois, a partir das
transformações provocadas pela cultura do consumo e da informação e atualização
como produtos do capitalismo, o indivíduo passou a fazer parte da conexão em rede,
em que os vínculos sociais são feitos e desfeitos conforme as experiências e gostos
em comum.
Esse fato impactou em maior isolamento e falta de solidariedade, além da
falta de senso coletivo e experiência democrática, pois as pessoas tendem a ignorar
e se desconectar de vínculos que apresentam ideologias opostas. Nesse contexto, a
esquerda e a direita representando a polarização democrática adotaram estratégias
em que a propaganda midiática realizada por meio da conexão em rede
repercutiram em grande efeito sobre o eleitorado, porém, a direita bolsonarista, em
seu jogo pelo autoritarismo, ignorou as premissas básicas da democracia e atentou
contra a liberdade de expressão, o princípio da eleição democrática e utilizou de
divulgações de informações falsas como afirmação de teorias compostas por
achismo para convencer o eleitorado.
Com a pesquisa foi possível compreender que o atualismo se interliga a crise
da democracia a partir da afirmação da supressão dos governos e instituições
democráticas pela automatização dos serviços, da crença de que a tecnologia irá
substituir toda a representatividade do Estado e de suas Instituições. Nesse
contexto, as eleições de 2018 marcaram o início do autoritarismo no Brasil
contemporâneo em atentado à democracia, pelas ações do Presidente Bolsonaro,
ao atacar a liberdade de expressão da mídia, se ater a jogos políticos diante de uma
grave crise sanitária, ignorar as necessidades sociais e econômicas da população
brasileira, questionar a veracidade das eleições nos moldes tradicionais e usar de
fake news para afirmar falsas teorias que legitimam seu autoritarismo.

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