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CIDADANIA E DEMOCRACIA NO BRASIL: UMA ANÁLISE DAS

MANIFESTAÇÕES BOLSONARISTAS EM 2022

Bianca Freire Neiva


Emanuelly Ramos da Silva
Gabriella Nunes Claudio
Letícia Marcela Ferreira de Oliveira
Lorena Cruz e Silva
Mariana Tavares de Barros
RESUMO
O presente artigo visa discutir sobre a cidadania e a democracia no Brasil, a partir dos conceitos
estabelecidos por Viscardi e Perlatto (2018) e por Coutinho (1999), que definem a cidadania enquanto um
espaço de confronto e inconstância. A partir disso, será analisado, como o avanço de discursos de extrema
direita, refletidos nas manifestações antidemocráticas de 2022, demonstram que os direitos de cidadania,
principalmente aqueles que se referem à liberdade de expressão e o avanço de direitos de minorias, não
estão dados e representam disputas socialmente e politicamente vivas, no Brasil .

Palavras-chave: Cidadania; democracia; direitos.

INTRODUÇÃO
A cidadania e a democracia são conceitos que caminham juntos desde a
Antiguidade Clássica grega, tida como o berço de tais experiências. Embora seja
possível a existência da cidadania em Estados autoritários, como demonstrado por
Viscardi e Perlatto (2018), para fins de análise do objeto, tais conceitos serão
observados de maneira alinhada.
Dessa forma, a cidadania será pensada de acordo com as definições de Coutinho
(1999), Viscardi e Perlatto (2018), que a definem enquanto um espaço de confronto e
inconstância, uma vez que os grupos sociais precisam atuar ativamente para garantir a
efetivação de seus direitos pelo Estado. Além disso, a democracia será pensada de
acordo com Coutinho (2018) que define a democracia enquanto soberania popular,
dependente de condições sociais e institucionais favoráveis à participação pública no
governo.
No Brasil, os direitos de cidadania vivenciam influxos e refluxos, sendo
marcados pela provisoriedade, derivada da não consolidação da democracia ou do
Estado de bem-estar social. Apesar dos avanços conquistados com a Constituição, nada
impede que tais direitos sejam retirados ou reduzidos por agentes estatais, mediante a
pressão de setores dominantes.
A democracia brasileira, assim como a cidadania, nunca se efetivou, estando sob
constante ameaça da tradição autoritária, própria das nossas instituições políticas.
Contudo, a presença dos movimentos sociais progressistas pleiteava a questão dos
direitos sociais. Após as "Jornadas de Junho de 2013", entretanto, essas reinvindicações
tomaram outro sentido ao incorporarem demandas conservadoras em seu discurso. A
partir disso, tem fim, um ciclo de avanços sociais e consolidação da democracia, com a
ascensão de políticas de extrema direita, que demonstram a ideia de um ciclo de
recessões.
Dado o exposto, pretendesse discutir nesse artigo, como o avanço de discursos
de extrema direita, refletidos nas manifestações antidemocráticas de 2022, demonstram
que os direitos de cidadania, principalmente aqueles que se referem à liberdade de
expressão e o avanço de direitos de minorias, não estão dados e representam disputas
socialmente e politicamente vivas, no Brasil.
Com isso, intenciona-se demonstrar como a cidadania e a democracia são
questões frutos das disputas sociais. Apesar dos paradigmas do século XX,
estabelecidos com as duas Guerras Mundiais e a ascensão do Totalitarismo, que abriram
espaço para discussões acerca de visões dissidentes de mundo, sobre os direitos de
cidadania e sobre a própria democracia. No Brasil, essas questões ainda não estão
sedimentadas, justamente pela má consolidação da democracia ou do Estado de Bem-
Estar social. Contudo, observa-se também que esse movimento não é exclusivo do
Brasil, ele acontece em escala mundial, mesmo em países que países que passaram por
regimes totalitários. Dessa forma, nota-se como a cidadania e a democracia se
constituem como espaços de contestação e confrontos.

CIDADANIA, DEMOCRACIA E OS PARADIGMAS DO SÉCULO XX

A cidadania pode ser entendida, segundo Viscardi e Perlatto (2018, p. 229),


como um “conjunto de direitos, sejam eles civis, políticos ou sociais e que estejam
previstos em lei”. Esses direitos não surgem de maneira espontânea ou como uma
espécie de doação do Estado para os grupos sociais, pelo contrário, eles são
conquistados através de conflitos entre a sociedade civil e as instituições políticas.
Embora a presença desses direitos nas legislações dos países simbolize um avanço, isso
não assegura a sua aplicação na prática, por isso, a cidadania se constitui como um
campo de combate constante entre os grupos sociais e o Estado. Essa provisoriedade dos
direitos se dá principalmente, em países onde nem a democracia nem o Estado de Bem-
estar Social se concretizaram (VISCARDI; PERLATTO, 2018).
Na contemporaneidade, os direitos se expandiram e se fragmentaram, estando
intimamente ligados a identidade dos grupos que os reivindicam. Entretanto, na Grécia,
berço da cidadania e da democracia, a ideia de cidadania estava diretamente ligada aos
direitos políticos, não compreendendo outros direitos que serão incorporados pela
modernidade. É por isso que Aristóteles define o cidadão como:
“aquele que tinha o direito (e, consequentemente, também o dever) de
contribuir para a formação do governo, participando ativamente de
assembleias nas quais se tomavam as decisões que envolviam a coletividade
e exercendo os cargos que executavam essas decisões”. (ARISTÓTELES
apud COUTINHO, 1999, p. 43)

Dessa forma, a cidadania entre os gregos clássicos estava longe de possuir uma
dimensão universal, pois mulheres, escravos e estrangeiros estavam excluídos dos
direitos políticos de cidadania. Essa característica universal dos direitos, apesar de
limitada também, só surge na modernidade a partir da Revolução Francesa.
Assim como para os gregos, o conceito de cidadania durante a modernidade se
articulará profundamente com o de democracia. Democracia aqui deve ser
compreendida segundo a definição dada por Coutinho:
“(...) democracia é sinônimo de soberania popular. Ou seja: podemos defini-
la como a presença efetiva das condições sociais e institucionais que
possibilitam ao conjunto dos cidadãos a participação ativa na formação do
governo e, em consequência, no controle da vida social”. (COUTINHO,
1999, p. 42)

Com isso, a participação popular torna-se inerente a própria cidadania. Embora, como
demonstrado por Viscardi e Perlatto (2018, p. 229), “o usufruto de um conjunto de
direitos por parte dos cidadãos não seja necessariamente um atributo exclusivo de
Estados democráticos de direitos”, nos ateremos a análise da cidadania relacionada a
democracia, como nos casos clássico e moderno.
A Revolução Francesa pôs fim ao Antigo Regime e as monarquias absolutistas, e
deu forma a um novo tipo de Estado na França, ainda que provisório. As mudanças
resultantes do processo revolucionário não se restringiram ao território francês se
expandindo por todo o Ocidente. No campo da cidadania, em 1789, foi publicada a
Declaração dos Direitos dos Homens e do Cidadão, fortemente influenciada pelos ideais
iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade, proclamava como universal o direito
dos homens, e apenas deles, pois as mulheres permaneciam excluídas. Além disso, a
declaração postulava sobre direitos individuais e coletivos, civis e políticos, que serão
restritos pelo sufrágio universal. A declaração lançou as bases para o estado
democrático atual e inspirou as legislações acerca dos direitos mais primordiais do
homem.
Outrossim, para Marshall (1967 apud FILHO; NETO, 2015) a cidadania, até o
século XIX, teria progredido de maneira fragmentada, relacionando-se com setores
específicos e obedecendo a normas próprias de desenvolvimento. Por exemplo, a
cidadania civil estaria ligada a promoção do direito à liberdade e à justiça, vinculava-se
à burguesia. A cidadania política seria a universalização de seu próprio conceito,
juntamente a ampliação dos direitos civis. Os direitos civis ou sociais aparecem mais
fortemente, principalmente, nos séculos XIX e XX, período de efervescência dos
conflitos sociais, que cobravam do poder público uma atuação no sentido de:
“... suavizar o mal que as desigualdades econômicas causam aos indivíduos,
colocando uma rede de proteção de política social por baixo dos
desfavorecidos” (BARBALET, 1989, p. 76 apud FILHO; NETO, 2015, p. 6).

Sobre o século XX, mais especificamente sobre o período entre guerras, Daniel
Schönfplug (2018) destaca que, paralelamente a um momento de profunda crise
política, econômica e social, surgiu uma diversidade imensa de novos modelos para o
futuro. Tornando-se necessário defender e lutar pelas próprias visões.
“Novas ideias políticas, uma nova sociedade, uma nova arte, uma nova
cultura e um novo pensamento foram concebidos. Um novo homem, o
homem do século XX, que nascera a partir das chamas da guerra, livre das
amarras do antigo mundo, foi proclamado”. (SCHÖNFPLUG, 2018, p. 14-
15)

É nesse momento, como mostra Schönfplug (2018), que os direitos sociais


começam a avançar mais efetivamente, pela organização e reivindicação dos grupos
sociais desfavorecidos. Se na Grécia a cidadania se relacionava diretamente aos direitos
políticos, a modernidade expandiu a concepção de direitos ao incluir reinvindicações
individuais e coletivas, cívicas e políticas, além de propagar a universalização de tais
direitos, mas é a partir do século XX, que os grupos passam a se integrar a partir de
pautas identitárias, como, por exemplo, os movimentos homossexuais e feministas, e a
reivindicar seus direitos sociais específicos.
As movimentações de 1968 são sintomáticas desse novo cenário de contestação
social. Ridenti (2008) destaca que a mobilização social ocorreu em todos os lugares,
quase simultaneamente, imbuídas do mesmo espírito contestador seja nas:
“(...) manifestações nos Estados Unidos contra a Guerra do Vietnã à
Primavera de Praga; do maio de libertário dos estudantes e dos trabalhadores
franceses ao massacre de estudantes no México; da alternativa pacifista dos
hippies, passando pelo desafio existencial da contracultura, até os grupos de
luta armada, espalhados mundo afora”. (RIDENTI, 2008, p. 135-136)

Havia uma nova atmosfera, na qual os grupos buscavam se firmar e reafirmar suas
visões de mundo. A forma como as pessoas se comportavam foi terminantemente
alterada com o advento dos meios de comunicação em massa, a pílula anticoncepcional
e a própria sexualidade, além das drogas (RIDENTI, 2008). Ridenti demonstra que:
“Travavam-se lutas radicais de negros, mulheres e outras minorias pelo
reconhecimento de seus direitos. Grupos da chamada nova esquerda
sonhavam com a construção de uma nova sociedade alternativa, de um
homem novo, nos termos de Che Guevara, recuperando o jovem Marx.
Enfim, os sentimentos e as práticas de rebeldia contra a ordem e de revolução
por uma nova ordem fundiam-se criativamente”. (2008, p. 136)

As movimentações de 68 ecoam ainda na atualidade, a partir delas formou-se a


tradição das lutas identitárias. Os grupos sociais passaram a se organizar para além das
identificações classistas aglutinando questões como gênero, raça e sexualidade,
reivindicando seus direitos sociais. Sintomático dessa permanência é a frase do
jornalista Zuenir Ventura (apud RIDENTI, 2008, p. 135), que ao se referir as
movimentações de 68, chama-o de “o ano que não terminou”, mostrando a atualidade
dessas lutas.
Outrossim, tendo em vista que o objetivo desse artigo é refletir sobre o conceito
de cidadania alinhado ao conceito de democracia, que culminará em uma análise do
caso brasileiro, cabe destacar o conceito de cidadania apresentado por Coutinho, que
diz:
“Cidadania é a capacidade conquistada por alguns indivíduos, ou (no caso de
uma democracia efetiva) por todos os indivíduos, de se apropriarem dos bens
socialmente criados, de atualizarem todas as potencialidades de realização
humana abertas pela vida social em cada contexto historicamente
determinado (...) A cidadania não é dada aos indivíduos de uma vez para
sempre, não é algo que vem de cima para baixo, mas é resultado de uma luta
permanente, travada quase sempre a partir de baixo, das classes subalternas,
implicando um processo histórico de longa duração”. (COUTINHO, 199, p.
42)

Nessa definição, Coutinho (1999) retoma a ideia defendida nesse artigo de que a
cidadania é um espaço de confronto entre os grupos sociais, que reivindicam seus
direitos a todo momento, e a instituição políticas, responsáveis por estabelecer
legislações que assegurem tais direitos e a sua aplicabilidade. Longe de ser uma
concessão dos Estado para os grupos, essa relação se dá de maneira conflituosa e passa
por momentos de fluxos e refluxos.
No caso do Brasil, e de outros países que não estabeleceram definitivamente
nem a democracia ou o Estado de Bem-Estar Social, observa-se, como sinalizado por
Viscardi e Perlatto (2018), uma certa provisoriedade no que diz respeito aos direitos –
sociais, políticos, trabalhistas, LGBTQIA+ etc.- demandando uma mobilização
constante dos grupos sociais.
CIDADANIA E DEMOCRACIA NO BRASIL: ESPAÇOS DE CONTRADIÇÕES

No livro “Cidadania no Brasil: o longo caminho” (2001) o autor José Murilo de


Carvalho pontua que o fenômeno da cidadania é “complexo e historicamente definido”
(2001, p. 8), isso porque o exercício de alguns direitos não pressupõe, automaticamente,
o gozo de outros. Assim, “a liberdade e a participação não levam automaticamente, ou
rapidamente, à resolução de problemas sociais. Isto quer dizer que a cidadania inclui
várias dimensões e que algumas podem estar presentes sem as outras” (CARVALHO,
2001, p. 9). Desta maneira, o ideal de cidadania desenvolvido no Ocidente, embora
utilizado de parâmetro para o julgamento da qualidade da cidadania de cada país, é
quase inatingível.
A cidadania brasileira pode ser compreendida a partir das reflexões do sociólogo
Sergio Tavolaro (2008), que aponta a presença de “múltiplas modernidades” no Brasil,
modernidades essas que “se constituem em configurações variadas de direitos em
contextos marcados por variações e assimetrias regionais e temporais” (VISCARDI,
PERLATTO, 2018, p. 230). Dessa forma, os direitos de cidadania estão sempre
condicionados às lutas em torno dos recursos políticos, simbólicos, econômicos e
sociais escassos, ou seja, um processo de perdas e ganhos protagonizado pela disputa de
diferentes interesses pelo poder. O Brasil apresenta, portanto, de acordo com Carvalho e
Tavolaro, um caminho próprio de construção da cidadania, ainda que os resultados
esperados sejam aqueles da tradição ocidental.
Se na tradição inglesa, analisada por Thomas Marshall no livro “Cidadania e
classe social” (1967), a conquista da cidadania se deu em linearidade, com a aquisição
dos direitos civis, seguidos pelos direitos políticos e, por fim, os direitos sociais no
século XX, a tradição brasileira demonstra grande ênfase nos direitos sociais, que
precedeu os outros direitos. A escravidão e seu fim realizado através de moldes lentos
impossibilitou o estabelecimento real de direitos de cidadania no Brasil antes do século
XX.
Apesar da progressão dos direitos sociais ao longo do século XX no Brasil,
sobretudo a partir de Getúlio Vargas no poder, os direitos civis e políticos, ainda não
consolidados, sofreram diversos influxos e restrições nas duas ditaduras que se
assentaram no país. Após a ditadura militar, última grande experiência de suspensão de
direitos civis e políticos, os direitos foram restituídos, no entanto “continuaram
beneficiando apenas parcela reduzida da população, os mais ricos e os mais educados. A
maioria continuou fora do alcance da proteção das leis e dos tribunais” (CARVALHO,
2001, p. 194). A forte urbanização ocorrida no país durante o período militar favoreceu,
ao fim do regime, os direitos políticos, com a forte mobilização de diversos movimentos
sociais como o Movimento Negro, o Movimento Feminista, o Movimento Gay, mas
também movimentos populares voltados para problemas concretos da vida urbana,
como os movimentos dos moradores de favelas. Entretanto, houve a formação de
metrópoles com grande concentração de populações marginalizadas. Essas populações,
segundo Carvalho (2001, p. 194):

Eram privadas de serviços urbanos e também de serviços de segurança e de


justiça. Suas reivindicações, veiculadas pelas associações de moradores,
tinham mais êxito quando se tratava de serviços urbanos do que de proteção
de seus direitos civis. As polícias militares, encarregadas do policiamento
ostensivo, tinham sido colocadas sob o comando do Exército durante os
governos militares e foram usadas para o combate às guerrilhas rurais e
urbanas.

Desta forma, ainda que os avanços pela cidadania se demonstrem através da


efetivação de leis, essas populações marginalizadas sempre encontraram no aparato de
defesa dos cidadãos — a polícia —, uma grande barreira para a prática desses direitos,
uma vez que as práticas desse órgão “tornaram-se completamente inadequadas, pela
filosofia e pelas táticas adotadas para proteger o cidadão e respeitar seus direitos, pois
só viam inimigos a combater. A polícia tornou-se, ela própria, um inimigo a ser temido
em vez de um aliado a ser respeitado” (CARVALHO, 2001, p. 194). O aumento da
violência urbana, em parte motivado pela expansão do tráfico de drogas e o surgimento
do crime organizado são outros condicionantes para o atraso na efetivação da cidadania
das populações marginalizadas.
Como resultado das reivindicações dos movimentos sociais organizados ao final
da década de 1970 e atuantes durante todo o período de redemocratização, foi redigida e
aprovada a Constituição de 1988, constituição mais democrática e liberal que o país já
teve, conhecida como “Constituição Cidadã”. A elaboração da nova Constituição
refletia as tensões e contradições de uma sociedade que buscava deixar para trás os 21
anos de ditadura, e desta forma, mesmo que grande parte dos congressistas fossem
conservadores, a Constituição assegurou a ampliação dos direitos civis e políticos dos
cidadãos brasileiros, além de expandir significativamente a cobertura dos direitos
sociais e abrir espaço para a reivindicação de novos direitos (VISCARDI, PERLATTO,
2018, p. 231). Como princípios fundamentais, o texto estabelecia os objetivos de
“construir uma sociedade justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional;
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação” (VIANNA, 2008, p. 99 apud VISCARDI,
PERLATTO, 2018, p. 231). A respeito dos direitos sociais, o texto constitucional
estabelecia que direitos, como educação, saúde, alimentação, segurança, previdência e
assistência social seriam considerados como direitos de todos e dever do Estado. Além
disso, em relação aos direitos civis, o texto contempla a proteção de direitos coletivos e
difusos, relativos à proteção de determinados setores da sociedade, como os indígenas,
idosos, crianças e adolescentes, além de abrir possibilidades de incorporação dos
direitos das minorias, como os negros, as mulheres e os homossexuais.
Com a Constituição, os direitos políticos adquiriram uma amplitude nunca antes
atingida, no entanto, a estabilidade democrática não pode ser considerada plenamente
atingida. Conforme Carvalho (2001, p. 199) ressalta, os problemas econômicos mais
sérios, como a desigualdade e o desemprego, não foram resolvidos com a democracia
política e se verifica a persistência de problemas sociais, sobretudo no que concerne à
educação, saúde e saneamento, além de haver agravamento da situação precária de
direitos civis no que se refere à segurança individual.
Conforme Viscardi e Perlatto salientam, os direitos de cidadania vivenciam
influxos e refluxos, sobretudo no Brasil, onde são marcados pela provisoriedade, uma
vez que no país “nem a democracia nem o Estado de Bem-Estar social se consolidaram”
(2018, p. 249). Há, portanto, uma insegurança permanente no que refere a esses direitos.
A trajetória da cidadania brasileira nas últimas décadas, precisamente desde a
elaboração da Constituição, foi marcada por inúmeros avanços em direção à uma
sociedade mais justa, entretanto, mesmo previstos por lei, nada impede que tais direitos
sejam retirados ou reduzidos por agentes estatais, mediante a pressão de alguns
segmentos sociais dominantes.
Assim como a cidadania, a democracia brasileira nunca se verificou de maneira
efetiva e encontrou barreiras para a consolidação, estando sempre ameaçada pela
tradição autoritária instalada nas raízes das nossas instituições políticas e nas elites, que
perpetuam relações patrimonialistas, clientelistas e machistas, por vezes, assumindo
formas de opressão. A recente democracia brasileira, que começou a ser construída ao
final da ditadura militar, é conhecida pela presença dos movimentos e atores sociais que
têm exercido pressão em diferentes momentos históricos, com tendências progressivas
em suas demandas, mas que “foi sendo ressignificada a partir de demandas
conservadoras após as Jornadas de Junho de 2013”.
Neste sentido, podemos observar os “influxos” de alguns direitos sociais na
atualidade brasileira. Conforme Daniel Schönfplug salienta em “A era do cometa”, os
paradigmas do século XX produziram efeitos sobre um “futuro positivo e distante”
(2018, p. 286), provocando a caminhada rumo à cidadania, traduzida principalmente na
conquista de direitos sociais, políticos e civis, atualmente vivenciamos o
questionamento de muitos desses direitos. No Brasil, após um ciclo de avanços sociais e
consolidação da democracia, o avanço de políticas de extrema direita demonstram a
entrada em um ciclo de recessões, tônica que tem marcado o mundo desde 1989, de
acordo com Schönfplug.
No cenário atual se brasileiro se destaca o avanço do discurso da extrema direita
em oposição ao avanço dos direitos de minorias sociais, que culminou com a eleição de
Jair Bolsonaro para a presidência em 2018. Além do refreamento de alguns avanços
sociais no governo de Bolsonaro, se destacam manifestações antidemocráticas, civis e
parlamentares, que atingem diretamente o exercício da cidadania, separando seus
elementos vivenciais dos elementos estruturantes da democracia. A utilização de um
espaço democrático para reclamar vontades antidemocráticas permite inferir que a
"democracia brasileira ainda não é uma experiência cidadã ou que a cidadania brasileira
não é uma experiência democrática” (SIGNATES, LEAL; 2021, p. 25).
Conforme Lilia Schwarcz enfatiza na obra “Sobre o autoritarismo brasileiro”
(2019), a democracia não pode ser resumida ao simples ato da eleição, mas deve estar
presente no cotidiano, sendo a partir dele que se verifica a materialização desse
conceito. No entanto, a democracia brasileira tem enfrentado momentos de crise, a
partir de
demonstrações de “namoro” com a nostalgia de uma ditadura presa a um
passado mitificado; o caráter messiânico de certos representantes políticos; os
ataques aos grupos minoritários, entre eles indígenas, negros e negras,
homossexuassuais, queers ou transexuais; o desrespeito a formas de religião
distintas das de matriz cristã-judaica; a ampliação de poderes de classificação
do sigilo de documentos históricos; a repressão à liberdade pedagógica a
partir da justificativa de doutrinaçãoo ideológica [...] (SCHWARCZ, 2019, p.
236)

Em momentos de crise democrática ou, como observa-se no Brasil, de ascensão


de discursos autoritários, surge um espaço fértil para que velhos ranços e feridas
históricas sejam mobilizadas por políticos que, de uma maneira oportunista, “pretendem
ter saudades de um tempo que não volta mais e que, em parte, nunca existiu”
(SCHWARCZ, 2019, p. 236).

CIDADANIA E DEMOCRACIA EM DISPUTA: AS MANIFESTAÇÕES


ANTIDEMOCRÁTICAS DOS GRUPOS DE EXTREMA DIREITA DO BRASIL
(2013-2022)

A proposta de análise do presente trabalho tem como enfoque as manifestações


dos grupos de extrema direita ocorridas no Brasil partindo do ano de 2013 até os dias
atuais que, apesar de realizadas sob regime democrático e sob o exercício da cidadania,
se constituem como antidemocráticas ao discursarem com base no autoritarismo. Dessa
forma, estes movimentos carregam consigo o pleiteamento da perda dos direitos de uns
em detrimento da ascensão de outros.
Em um tom retrospectivo, o ano de 2013 sediou, nas ruas de São Paulo, uma
reivindicação popular contra o aumento do preço das passagens de ônibus. Desde então,
outras manifestações foram desencadeadas em um viés crítico à classe política e aos
partidos - como, por exemplo, os levantes contra a PEC-33 e a PEC-37, que propunham
medidas como a revisão de decisões do STF pela câmara dos deputados, considerada
como um desajuste à harmonia dos três poderes - (GRANJEIRO, 2021), levantando
questionamentos e o desejo de reformas políticas baseadas, sobretudo, no discurso
anticorrupção. O elemento anticorrupção surge como um pilar para a apropriação das
manifestações por grupos extremistas que, como resolução para os conflitos vigentes,
propunham um retorno à Ditadura Civil Militar, reconhecendo esta forma de governo
como a ideal para remediar o status quo. Como destacado pela historiadora Lilia
Schwarcz (2019), em países com tradição
autoritária, como no Brasil, momentos de crise são propícios a reviver e renovar
histórias que sinalizam saídas de viés dogmático se apresentando como salvadoras da
pátria.
Ainda, analisando o avanço das manifestações ocorridas no seio brasileiro, Leite
et al. (2021) destacam:
“(...) o atravessamento discursivo em questão avultou-se, de modo especial,
em 2016, no cenário de construção do impeachment da então presidenta Dilma
Rousseff, período em que foi recorrente a alusão à religiosidade como forma
de justificar o voto favorável à sua saída do cargo presidencial, recorrendo-se à
família, a Deus, aos “valores cristãos” (...)”

A polarização se acentua de forma mais evidente neste momento, uma vez que o
movimento de retorno aos valores conservadores dá vazão à circulação de discursos que
figuram um caos no país brasileiro. O partido de Rousseff passa a ser compreendido
como um partido corrupto formado por pessoas desprovidas de valores e então, cabia
aos cidadãos a defesa de seu país.
Dentre as particularidades dos protestos pró-impeachment, destacam Signates e
Leal (2021) que, as cores da bandeira do Brasil foram apropriadas pelos manifestantes
para representar o “cidadão de bem”. Este cidadão seria o verdadeiro, patriota e
nacionalista, passando a assumir gradativamente novas especificidades, como o cunho
conservador, cristão e autoritário. Por outro lado, sublinhando a animosidade do cenário
que sustentaria os discursos de ódio nas eleições de 2018, algumas narrativas passaram
a ser naturalizadas pelos eleitores de oposição aos partidos de esquerda, como
designações pejorativas - “esquerdopatas” -, promovendo o silenciamento do cidadão
dissemelhante (SIGNATES; LEAL, 2021, p.16).
O ano de 2018 significou um marco no conservadorismo social. A emergência
da extrema direita apontou-se para além de um fenômeno nacional, pois também esteve
imbuída das reflexões dos movimentos internacionais, tendo em vista as eleições
estadunidenses marcada por discursos de xenofobia, elegendo Donald Trump, bem
como a questão da França, que levou Marie Le Pen ao segundo turno contra Emmanuel
Macron, que pregava severamente contra a imigração islâmica (GRANJEIRO, 2021).
As Novas Direitas se articularam em sua insatisfação, transformando suas
manifestações políticas em um corpo robusto que, inclusive, investiu em recursos
tecnológicos e financeiros como a máquina das Fake News no processo eleitoral de
Trump, na promoção do Brexit na Inglaterra e, no Brasil, a efervescência das fake news
pelas redes sociais, destacando-se o aplicativo WhatsApp, culminando na eleição de Jair
Bolsonaro. Neste sentido, é válido ressaltar a fragilidade da população, uma vez que
processos eleitorais foram fortemente influenciados pelo compartilhamento de notícias
falsas e desinformações envolvendo os candidatos e seus oponentes (GRANJEIRO,
2021).
Posteriormente, o ano de 2020 alargou a polarização entre os apoiadores e
opositores do governo Bolsonaro. A pandemia do novo coronavírus, quando significada
pelo presidente, se traduzia em falácias negacionistas, além de promover o uso
precipitado de outros medicamentos para o tratamento precoce do vírus (GRANJEIRO,
2021). Bolsonaro influenciou fortemente as movimentações de narrativas negacionistas
nas redes sociais, incentivando o seu eleitorado à organização pública aglomerada sem
as medidas sanitárias necessárias, protestando por temas como o anti-isolamento, o
avanço da economia e o movimento antivacina. Em contraposição a isso, acirrou-se
ainda mais o movimento de oposição, sobretudo intelectual, que propunha a defesa e o
avanço da ciência.
Finalmente, os brasileiros, no processo eleitoral democrático de 2022, elegeram
Luiz Inácio Lula da Silva para presidente da República. O fato gerou grande
insatisfação entre conservadores e bolsonaristas de todo o Brasil, fazendo-os,
novamente, se articularem em manifestações públicas por toda a parte do país
declarando não aceitarem o resultado das urnas, levantando a hipótese - ou certeza - de
fraude no processo eleitoral, e reivindicando a dissolução da atual composição do
Supremo Tribunal Federal. As manifestações foram convocadas através da internet, e
feitas através de bloqueios nas rodovias e ocupações em pontos estratégicos, como
Comandos Militares e Quartéis Generais. Para além disso, acentua-se, outra vez, a
defesa de um golpe por meio de intervenção militar no governo, ameaçando tanto a
Constituição brasileira, quanto a democracia, visto que os manifestantes têm a pretensão
de regredir nos direitos outrora já alcançados pelo exercício da cidadania.
Em uma análise da democracia dada por Coutinho (1999), entende-se que a
democracia enquanto soberania popular depende de condições sociais e institucionais
favoráveis à participação pública no governo. Uma vez que um grupo - ainda que
usufruindo das condições sociais para se manifestar num exercício cidadão - clama
contra as instituições e ameaça a existência delas, é possível denotar uma desinformação
a respeito do regime democrático, e a incompletude das noções democráticas em vigor
na sociedade brasileira.
O combate à corrupção, pauta principal abraçada pelo conservadorismo, deve ser
entendido como um anseio legítimo, desde que respeite as instituições democráticas e
não promova uma regressão de modelos políticos de liberdade evocando o uso da
coerção política. Um dos frutos do combate anticorrupção quando movido por paixões
políticas, é o negacionismo. Instaura-se, dessa forma, um solo fértil para colocar a
história a favor das próprias indignações, voltando-se ao passado para buscar uma
narrativa mítica, sem tanta preocupação com a comprovação por meio de dados e fatos,
transformando os “tempos de antes” numa espécie de idade do ouro, evocando uma
memória inexistente, mas que projeta uma civilização ideal e uma harmonia social a fim
de assegurar a continuidade de um mundo que, na realidade, não existiu (SCHWARCZ,
2019, p. 225) As manifestações da Nova Direita ocorridas no Brasil e pelo mundo,
vestidas de um populismo autoritário têm, assevera Schwarcz (2019, p. 226-227):
“(...) recorrido a uma profusão de estratégias comuns: a seleção de um passado
mítico e glorioso; a criação de um anti-intelectualismo e um antijornalismo de
base; um retorno à sociedade patriarcal de maneira a elevar conceitos como
hierarquia e ordem; o uso da polícia do Estado (...); uma verdadeira histeria
sexual que acusa mulheres, gays e travestis (...) de serem responsáveis pela
degeneração moral de suas nações; (...) o incentivo à polarização que divide a
população entre “eles” e “nós” (...); o uso extensivo da propaganda política
que não preza a realidade pois prefere inventá-la; (...) a manipulação do
Estado, de suas instituições e leis, visando perpetuar o controle da máquina e
garantir um retorno nostálgico aos valores da terra, família e das tradições,
como se esses fossem sentimentos puros (...)”

Além disso, tendo em vista a complexidade do funcionamento das instituições


políticas segundo a perspectiva de Fernando Filgueiras, depreende-se que “a tentativa de
moralização da vida pública nos conduz a maniqueísmos fáceis, como no Brasil”
(FILGUEIRAS, 2019). A polarização leva a luta popular aos extremos engrandecendo
as ideologias ao passo que promove, gradativamente, a dissolução das instituições, que
são necessárias ao pleno exercício político do povo. Ademais, é possível notar os
indícios do autoritarismo no processo de se sugerir propostas simplistas e novas ordens -
vestidas pelo passado - para a resolução dos conflitos vigentes, ignorando os
enredamentos que envolvem todo o arcabouço governamental. Ainda Filgueiras (2019),
assevera:
“O combate à corrupção, portanto, não depende de uma nova ordem, mas de
um edifício institucional sólido, pois são o império da lei e o cultivo de
virtudes democráticas que proporcionam o alicerce de governos efetivos e
abertos (...)”

O avanço dos discursos de extrema direita refletidos nas manifestações


antidemocráticas de 2022 demonstram que os direitos da cidadania, sobretudo os
referidos à liberdade de expressão e à democracia representam disputas socialmente e
politicamente vivas, uma vez que, como assevera Coutinho (1999, p. 42), a cidadania
não é dada para sempre, mas se configura como um espaço de luta permanente. A ideia
de luta deixa, implicitamente, a constatação de que há um confronto entre grupos sociais
diferentes que militam pelas suas causas e que agem junto às instituições, que são as
responsáveis por legislar e executar os direitos garantidos pela cidadania.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na modernidade o conceito de cidadania e democracia aparecem profundamente


articulados, sendo a participação popular inerente à própria cidadania. A partir da
Revolução Francesa, como se percebeu, esses conceitos aparecem interligados aos
direitos inerentes ao homem, sedimentando a base que as novas democracias iriam ser
construídas. No entanto, a cidadania progrediu de maneira fragmentada e difusa até o
século XIX no cenário internacional, mas os paradigmas do século XX, as experiências
totalitárias, ditatoriais, autoritárias e mesmo as populistas influenciaram a concepção de
democracia e cidadania que orientou grande parte dos governos denominados
democráticos, além de ressignificar o sentido de participação popular. O maio de 1968 e
as lutas sociais, alinhadas à identidade pós-moderna, contribuíram significativamente
para o avanço de pautas progressistas em países ditos democráticos, uma vez que
direitos coletivos e individuais passaram a ser incorporados nas agendas políticas. No
entanto, observando o movimento internacional e, em específico, manifestações
brasileiras antidemocráticas, se constata que tais assuntos nunca estiveram tão vivos e
ainda são palcos de disputas de narrativas e projetos de poder.
O movimento conservador brasileiro, desde meados de 2013, tem modificado o
panorama dos direitos à cidadania. O discurso anticorrupção que fundamentou tal
movimento acabou cooptado por grupos de extrema direita, que escalaram uma rápida
ascensão e hoje culminam com a reivindicação pública de pautas antidemocráticas. No
entanto, a ascensão da extremidade direitista, embora baseada em elementos nacionais e
próprios do autoritarismo de nossas instituições, compõem um movimento internacional
em que a maior marca são discursos destinados contra as minorias, inclusive com a
contestação de direitos adquiridos.
É característico das democracias contemporâneas e ocidentais a garantia de
liberdades civis aos cidadãos, e neste sentido os movimentos sociais adquirem suma
importância, uma vez que desvelam conflitos essenciais para a experiência democrática,
colocam “diques na vontade de poder dos governantes” e servem para sensibilizar “o
sistema político na direção da conquista e na permanência dos direitos, assim como,
também, para impulsionar transformações que se tornem cultural e historicamente
necessárias” (SIGNATES, LEAL; 2021, p. 23). Os movimentos sociais são, portanto,
dispositivos de comunicação e de luta por legitimação, necessários para a experiência
democrática e cidadã. No entanto, indo em rumo contrário às lutas travadas nos espaços
públicos no século XX, o que se observa atualmente e em especial no caso brasileiro,
em que há o agravamento da tradição autoritária, é a existência de movimentos sociais
que “fazem prosperar a vontade popular contra a democracia ou contra os direitos”
(SIGNATES, LEAL; 2021, p. 24).
Ainda que não haja repetição na História e tecer tal afirmação consistiria em
incorrer em um grande anacronismo, é possível constatar a persistência de determinadas
questões e que, ainda que se considere as tradições brasileiras e limitações democráticas
e cidadãs, são sintomas de algo maior, em que se percebe a captura de anseios populares
por discursos extremistas e vontades que tendem ao golpismo, além da desconstrução de
algumas das utopias que motivaram as lutas sociais na segunda metade do século XX.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COUTINHO, Carlos Nelson. Cidadania e Modernidade. Perspectivas, São Paulo, v. 22,
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(Org.) Dicionário da República: 51 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras,
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FILHO, Cyro de Barros Rezende; NETO, Isnard de Albuquerque Câmara. A
EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CIDADANIA. DocPlayer, [s. l.], p. 1-6, 2015.
Disponível em: https://docplayer.com.br/9195105-A-evolucao-do-conceito-de-
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