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GR0337 - (Fuvest)
No modelo hegemônico, quase todo o
treinamento é reservado para o desenvolvimento
muscular, sobrando muito pouco tempo para a
mobilidade, a flexibilidade, o treino restaurativo, o
relaxamento e o treinamento cardiovascular. Na teoria,
seria algo em torno de 70% para o fortalecimento, 20%
para o cárdio e 10% para a flexibilidade e outros. Na
prática, muitos alunos direcionam 100% do tempo para o
fortalecimento.
Como a prática cardiovascular é infinitamente
mais significativa e determinante para a nossa saúde
orgânica como um todo, podendo ser considerada o
“coração” de um treinamento consciente e saudável, essa
ordem deveria ser revista.
Nuno Cobra Jr. “Fitness não é saúde”. Uol. 06/05/2021.
Adaptado.
No segmento “Será que eles não ficam querendo sair
Dentre as expressões destacadas, a que exerce a mesma
desse vidro, mãe?” a palavra destacada pode ser
função sintática do termo sublinhado em “o treino
classificada como
restaurativo, o relaxamento e o treinamento
cardiovascular” é: a) aposto.
a) um atleta de seleção precisa de treinamento intenso. b) sujeito.
b) o amor ao esporte é fundamental para o atleta. c) predicado.
c) a população incorpora radicalmente atitudes d) agente da passiva.
saudáveis. e) vocativo.
d) muitas pessoas se beneficiam de alimentos verdes.
e) todo tipo de atividade física faz bem à saúde mental.
GR0328 - (Fuvest)
O Twitter é uma das redes sociais mais importantes no
GR0186 - (Cfn)
Brasil e no mundo. (...) Um estudo identificou que as
fakenews são 70% mais propensas a serem retweetadas
do que fatos verdadeiros. (...) Outra conclusão
importante do trabalho diz respeito aos famosos bots: ao
contrário do que muitos pensam, esses robôs não são os
grandes responsáveis por disseminar notícias falsas. Nem
mesmo comparando com outros robozinhos: tanto os
que espalham informações mentirosas quanto aqueles
que divulgam dados verdadeiros alcançaram o mesmo
número de pessoas.
Super Interessante, “No Twitter, fake news se espalham 6
vezes mais rápido que notícias verdadeiras”. Maio/2019.

No período “Nem mesmo comparando com outros


robozinhos: tanto os que espalham informações

@professorferretto @prof_ferretto 1
mentirosas quanto aqueles que divulgam dados
verdadeiros alcançaram o mesmo número de pessoas.”, Ela gostava da noite
os dois-pontos são utilizados para introduzir uma porque a noite trazia
o suor do pai
a) conclusão.
b) concessão. Ela gostava da noite
c) explicação. porque a noite trazia
d) contradição. o suor do pai.
e) condição.
Ela gostava da noite
porque, à noite, ela e o pai
GR0546 - (Fuvest)
brincavam de dar nome às estrelas.
(NETHO, Paulo. Poesia Futebol Clube e outros poemas.
Presentemente eu posso me considerar um sujeito de
São Paulo: Formato. 2007. p. 22)
sorte
Porque apesar de muito moço, me sinto são e salvo e
No texto, há várias ocorrências da palavra noite.
forte
Considerando essas ocorrências, avalie as afirmativas.
E tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda do
meu lado
I - Em todas as ocorrências, a palavra “noite” exerce a
E assim já não posso sofrer no ano passado
mesma função sintática.
II - Em “ela esperava a noite chegar”, o termo destacado é
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
complemento nominal.
Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro
III - Em “Ela gostava da noite”, o termo destacado exerce
Belchior. “Sujeito de sorte”.
a função sintática de objeto indireto.
IV - Em “Às vezes era o pai/ que trazia a noite”, o termo
Leia as seguintes afirmações a respeito da letra da
destacado exerce a função de sujeito.
música:
V - Em “porque, à noite, ela e o pai/ brincavam de dar
nome às estrelas”, o termo destacado exerce a função de
I. Os adjuntos adverbiais temporais remetem a um
adjunto adverbial.
contraste entre passado e presente, o que reforça o
caráter metafórico do texto.
Está correto o que se afirma apenas em
II. A locução “apesar de” contribui para a expressão de
um sentimento inesperado em relação ao sentido de a) I.
“muito moço”. b) II e V.
III. As formas verbais “morri” e “morro”, embora se
c) III e V.
refiram a momentos distintos, apresentam sentido
d) II, III e V.
denotativo.
e) II, III, IV e V.
Está correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II, apenas.
GR0191 -(Eear)
Marque a alternativa em que há erro na classificação do
c) I e II, apenas. termo em destaque.
d) II e III, apenas.
a) “Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias
e) I, II e III. três coisas: olhos, espelho e luz.” (Pe. Antônio Vieira) –
aposto

GR0199 - (Unifor)
b) Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade” (Gregório de
Matos) – vocativo
Hortelã
c) Sete anos de pastor Jacó servia / Labão, pai de Raquel,
Todas as noites
serrana bela” (Luís de Camões) – aposto
ela esperava a noite chegar
trazendo o pai do trabalho. d) “Este lugar delicioso, e triste, / Cansada de viver, tinha
escolhido / Para morrer a mísera Lindoia.” (Basílio da
Às vezes era o pai Gama) – aposto
que trazia a noite
num saquinho de bala de hortelã.

@professorferretto @prof_ferretto 2
GR0192 - (Eear)
Assinale a alternativa que apresenta, em destaque,
adjunto adnominal e adjunto adverbial.

a) Símbolo da riqueza terrestre, o ouro nasce no espaço.


b) As legendárias ondas do Havaí atraem surfistas do
mundo todo.
c) O poeta Vinícius de Moraes é referência para vários
músicos do Brasil.
d) As pequenas empresas têm até o mês de abril para
recolher os impostos.

GR0190 - (Fuvest)
No modelo hegemônico, quase todo o
treinamento é reservado para o desenvolvimento
muscular, sobrando muito pouco tempo para a
mobilidade, a flexibilidade, o treino restaurativo, o
relaxamento e o treinamento cardiovascular. Na teoria,
seria algo em torno de 70% para o fortalecimento, 20%
para o cárdio e 10% para a flexibilidade e outros. Na
prática, muitos alunos direcionam 100% do tempo para o
fortalecimento.
Como a prática cardiovascular é infinitamente
mais significativa e determinante para a nossa saúde
orgânica como um todo, podendo ser considerada o Na tirinha, Mafalda faz uso de um vocativo. Ela usa esse
“coração” de um treinamento consciente e saudável, essa termo – que atua como uma forma de chamamento de
ordem deveria ser revista. um interlocutor real ou hipotético – como forma de
Nuno Cobra Jr. “Fitness não é saúde”. Uol. 06/05/2021. deixar evidente o seu interlocutor. Tendo isso em vista,
Adaptado. assinale a alternativa que contenha o vocativo utilizado
por Mafalda.
Dentre as expressões destacadas, a que exerce a mesma a) você
função sintática do termo sublinhado em “o
b) se
treino restaurativo, o relaxamento e o treinamento
cardiovascular” é: c) tão
d) papai
a) um atleta de seleção precisa de treinamento intenso.
e) como
b) o amor ao esporte é fundamental para o atleta.
c) a população incorpora radicalmente atitudes
saudáveis.
d) muitas pessoas se beneficiam de alimentos verdes.
GR0193 - (Esc. Naval)
Precisamos falar sobre fake news
e) todo tipo de atividade física faz bem à saúde mental. Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de
pessoas no mundo, faz uso frequente do celular. É com

GR0189 -
ele que, conversando por voz ou por vídeo, diariamente,
(Etec) vence a distância e a saudade dos netos e netas.
Leia a tirinha que apresenta o diálogo entre Mafalda e Mas, para ela, assim como para milhares e
seu pai e responda à questão. milhares de pessoas, o celular pode ser também uma
fonte de engano. De vez em quando, por acreditar no
que chega por meio de amigos no seu WhatsApp, me
envia uma ou outra mensagem contendo uma fake news.
A última foi sobre um suposto problema com a vacina da
gripe que, por um momento, diferente de anos
anteriores, a fez desistir de se vacinar.

@professorferretto @prof_ferretto 3
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, debatidas, com a participação de especialistas e
não nascemos na era digital. Nesta sociedade somos os representantes da sociedade civil.
chamados migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera O problema das fake news certamente passa
um certo estranhamento (e até constrangimento), pelo domínio das novas tecnologias, com instrumentos
embora nos fascine e facilite a vida. de combate ao crime, mas, também, pela pedagogia do
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos esclarecimento.
preparou para essas mudanças que revolucionaram a O que posso afirmar, como presidente do
comunicação. Pior: é difícil destrinchar o que é verdade Congresso Nacional, é que, embora não saibamos ainda o
em tempo de fake news. antídoto que usaremos contra a disseminação de notícias
Um dos maiores estudos sobre a disseminação falsas em escala industrial, não passa pela cabeça de
de notícias falsas na internet, publicado ano passado na ninguém aceitar a utilização de qualquer tipo de controle
revista Science foi realizado pelo Instituto de Tecnologia que não seja democrático.
de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), dos Estados O Globo. 10 jul. 2019.
Unidos, e concluiu que as notícias falsas se espalham 70%
mais rápido que as verdadeiras e alcançam muito mais Em "Um dos maiores estudos sobre a disseminação de
gente. notícias falsas na internet, publicado no ano passado na
Isso porque as fake news se valem de textos revista 'Science’, foi realizado pelo instituto de Tecnologia
alarmistas, polêmicos, sensacionalistas, com destaque de Massachusetts [...]" (5 ^º§), os termos destacados
para notícias atreladas a temas de saúde, seguidas de exercem, respectivamente, a função sintática de
informações mentirosas sobre tudo. Até pouco tempo
a) adjunto adverbial e agente da passiva.
atrás, a imprensa era a detentora do que chamamos de
produção de notícias. E os fatos obedeciam a critérios de b) objeto indireto e complemento nominal.
apuração e checagem. c) complemento nominal e objeto indireto.
O problema é que hoje mantemos essa mesma d) adjunto adverbial e predicativo do objeto.
crença, quase que religiosa, junto a mensagens das quais e) predicativo do sujeito e agente da passiva.
não identificamos sequer a origem, boa parte delas
disseminada em redes sociais. Confia-se a ponto de
compartilhar, sem questionar.
O impacto disso é preocupante. Partindo de
GR0197 - (Cfn)
FUGA
pesquisas que mostram que notícias e seus
(1) Mal colocou o papel na máquina, o menino
enquadramentos influenciam opiniões e constroem
começou a empurrar uma cadeira pela sala,
leituras da realidade, a disseminação das notícias falsas
fazendo um barulho infernal.
tem criado versões alternativas do mundo, da História,
— Para com esse barulho, meu filho —
das Ciências “ao gosto do cliente”, como dizem por aí.
(5) falou, sem se voltar.
Os problemas gerados estão em todos os
Com três anos já sabia reagir como homem
campos. No âmbito familiar, por exemplo, vai de pais que
ao impacto das grandes injustiças paternas:
deixam de vacinar seus filhos a ponto de criar um grave
Não estava fazendo barulho, estava só
problema de saúde pública de impacto mundial. E passa
empurrando uma cadeira.
por jovens vítimas de violência virtual e física.
(10) — Pois então para de empurrar a cadeira.
No mundo corporativo, estabelecimentos
— Eu vou embora — foi a resposta.
comerciais fecham portas, profissionais perdem suas
Distraído, o pai não reparou que ele
reputações e produtos são desacreditados como
juntava ação às palavras, no ato de juntar
resultado de uma foto descontextualizada, uma imagem
do chão suas coisinhas, enrolando-as num
alterada ou uma legenda falsa.
(15) pedaço de pano. Era a sua bagagem: um
A democracia também se fragiliza. O processo
caminhão de madeira com apenas três rodas,
democrático corre o risco de ter sua força e credibilidade
um resto de biscoito, uma chave (onde diabo
afetadas por boatos. Não há um estudo capaz de
meteram a chave da dispensa? — a mãe mais
mensurar os danos causados, mas iniciativas
tarde irá dizer), metade de uma tesoura
fragmentadas já sinalizam que ela está em risco.
(20) enferrujada, sua única arma para a grande
Estamos em um novo momento cultural e social,
aventura, um botão amarrado num barbante.
que deve ser entendido para encontrarmos um caminho
A calma que baixou então na sala era
seguro de convivência com as novas formas e
vagamente inquietante. De repente, o pai
ferramentas de comunicação.
olhou ao redor e não viu o menino. Deu com a
No Congresso Nacional tramitam várias
(25) porta da rua aberta, correu até o portão:
iniciativas nesse sentido, que precisam ser amplamente
— Viu um menino saindo desta casa? —

@professorferretto @prof_ferretto 4
gritou para o operário que descansava diante me tinham descrito. Um casal de meia idade se senta à
da obra do outro lado da rua, sentado no mesa vizinha da minha. Feitos os pedidos ao garçom, o
meio-fio. homem, bem depressinha, tira o celular do bolso, e não
(30) — Saiu agora mesmo com uma trouxinha — mais o deixa, a merecer sua atenção exclusiva. A mulher,
informou ele. certamente de saber feito, não se faz de rogada e apanha
Correu até a esquina e teve tempo de vêlo um livro que trazia junto à bolsa. Começa a lê-lo a partir
ao longe, caminhando cabisbaixo ao longo da página assinalada por um marcador. Espichando o
do muro. A trouxa, arrastada no chão, ia meu pescoço inconveniente (nem tanto, afinal as mesas
(35) deixando pelo caminho alguns de seus eram coladinhas) deu para ver que era uma obra da
pertences: o botão, o pedaço de biscoito e — Martha Medeiros.
saíra de casa desprevenido — uma moeda de 1 Desse modo, os dois iam usufruindo suas
cruzeiro. Chamou-o, mas ele apertou o gulodices, sem comentários, com algumas reações dele,
passinho, abriu a correr em direção à rindo com ele mesmo com postagens que certamente
(40) avenida, como disposto a atirar-se diante do ocorriam em seu celular. Até dois estranhos, postos nessa
lotação que surgia a distância. situação, talvez acabassem por falar alguma coisa.
— Meu filho, cuidado! Pensei: devem estar juntos há algum tempo, sem ter
O lotação deu uma freada brusca, uma mais o que conversar. Cada um sabia tudo do outro, nada
guinada para a esquerda, os pneus cantaram a acrescentar, nada de novo ou surpreendente. E assim
(45) no asfalto. O menino, assustado, arrepiou caminhava, decerto, a vida daquele casal.
carreira. O pai precipitou-se e o arrebanhou O que me choca, mesmo observando esta
com o braço como a um animalzinho: situação, como outras que o dia a dia me oferece, é a
— Que susto você me passou, meu filho — ausência de conversa. Sem conversa eu não vivo, sem sua
e apertava-o contra o peito fora de si. força agregadora para trocar ideias, para convencer ou
(50) — Deixa eu descer, papai. Você está me ser convencido pelo outro, para manifestar humor, para
machucando. desabafar sobre o que angústia a alma, em suma, para
Irresoluto, o pai pensava agora se não falar e para ouvir. A conversa não é a base da terapia? Sei
seria o caso de lhe dar umas palmadas: não, mas, atualmente, contar com um amigo para jogar
— Machucando, é? Fazer uma coisa dessas conversa fora ou para confessar aquele temor que lhe
(55) com seu pai. está roubando o sossego talvez não seja fácil. O tempo
— Me larga. Eu quero ir embora. também, nesta vida corre-corre, tem lá outras
Trouxe-o para casa e o largou novamente prioridades. Mia Couto é contundente: “Nunca o nosso
na sala — tendo antes o cuidado de fechar a mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi
porta da rua e retirar a chave, como ele tão dramática a nossa solidão.” Até se fala muito, mas
(60) fizera com a da despensa. ouvir o outro? Falo de conversas entre pessoas no mundo
— Fique aí quietinho, está ouvindo? real. Vive-se hoje, parece, mais no mundo digital. Nele,
Papai está trabalhando. até que se conversa muito; porém, é tão diferente,
— Fico, mas vou empurrar esta cadeira. mesmo quando um está vendo o outro. O
E o barulho recomeçou. compartilhamento do mesmo espaço, diria, é que nos
(Fernando Sabino) proporciona a abrangência do outro, a captação do seu
respirar, as batidas de seu coração, o seu cheiro, o seu
No trecho “Viu um menino saindo desta casa?” – linha 26 humor...(16)
– o complemento do verbo e termo acessório são, Desse diálogo é que tanta gente está sentindo
respectivamente, falta. Até por telefone as pessoas conversam,
atualmente, bem menos. Pelo WhatsApp fica mais fácil,
a) objeto direto e objeto indireto.
alega-se. Rapidinho, rapidinho. Mas e a conversa?
b) adjunto adverbial e complemento nominal. Conversa-se, sim, replicam. Será? Ou se trocam algumas
c) objeto direto e complemento nominal. palavras? Quando falo em conversa, refiro-me àquelas
d) objeto direto e adjunto adverbial. que se esticam, sem tempo marcado, sem caminho reto,
e) objeto indireto e pronome demonstrativo. a pularem de assunto em assunto. O WhatsApp é de
graça, proclamam. Talvez um argumento que pode ser
robusto, como se diz hoje, a favor da utilização desse
GR0195 - (Esc. Naval)
instrumento moderno.
Mas será apenas por isso? Um amigo me lembra:
Encontros e desencontros
nos WhatsApps se trocam mensagens por escrito. Eu sei.
Hoje, jantando num pequeno restaurante aqui
Entretanto, língua escrita é outra modalidade, outro
perto de casa, pude presenciar, ao vivo, uma cena que já
modo de ativar a linguagem, a começar pela não

@professorferretto @prof_ferretto 5
GR0187 -
copresença física dos interlocutores. No telefone, não há
essa copresença física, mas esse meio de comunicação (Unesp)
não é impeditivo de falante e ouvinte, a cada passo, MÃOS
trocarem de papéis e até mesmo de falarem ao mesmo Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa,
tempo, configurando, pois, características próprias da ο vosso gesto é como um balouçar de palma;
modalidade oral. Contudo, não se respira o mesmo ar, ο vosso gesto chora, o vosso gesto geme, o vosso gesto
ainda que já se possa ver o outro. As pessoas passaram a canta!
valer-se menos do telefone, e as conversas também vão, Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa,
por isso, tornando-se menos frequentes. rolas à volta da negra torre da minh’alma.
Gosto, mesmo, é de conversas, de preferência
com poucos companheiros, sem pauta, sem temas Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes,
censurados, sem se ter de esmerar na linguagem. Caridosas Irmãs do hospício da minh’alma,
Conversa sem compromisso, a não ser o de evitar a O vosso gesto é como um balouçar de palma,
chatice. Com suas contundências, conflitos de opiniões e Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes...
momentos de solidariedade. Conversa que é vida, que
retrata a vida no seu dia a dia. No grupo maior, há de Mãos afiladas, mãos de insigne formosura,
tudo: o louco, o filósofo, o depressivo, o conquistador de Mãos de pérola, mãos cor de velho marfim,
garganta, o saudosista... Nem sempre, é verdade, estou Sois dois lenços, ao longe, acenando por mim,
motivado para participar desses grupos. Porém, passado Duas velas à flor duma bala escura.
um tempo, a saudade me bate.
Aqueles bate-papos intimistas com um amigo de Mimo de carne, mãos magrinhas e graciosas,
tantas afinidades, merecedores que nos tornamos da Dos meus sonhos de amor, quentes e brandos ninhos,
confiança um do outro, esses não têm nada igual. A Divinas mãos que me heis coroado de espinhos,
apreensão abrangente do amigo, de seu psiquismo, dos Mas que depois me haveis coroado de rosas!
seus sentimentos, das dificuldades mais íntimas por que
passa, faz-nos sentir, fortemente, a nossa natureza Afilhadas do luar, mãos de rainha,
humana, a maior valia da vida. Mãos que sois um perpétuo amanhecer,
Esses momentos vão se tornando, assim me Alegrai, como dois netinhos, o viver
parece, uma cena menos habitual nestes tempos digitais. Da minha alma, velha avó entrevadinha.
A pressa, os problemas a se multiplicarem, as tarefas a se (Obras poéticas, 1968.)
diversificarem, como encontrar uma brecha para aquela
conversa, que é entrega, confiança, despojamento? Na última estrofe do poema, os termos “Afilhadas do
Conversa que exige respeito: um local calminho, sem luar”, “mãos de rainha” e “Mãos que sois um perpétuo
gritos, vozes esganiçadas, garçons serenos. Sim, umas amanhecer” funcionam, no período de que fazem parte,
tulipas estourando de geladas e uns tira-gostos de nosso como
paladar a exigirem nova pedida. Não queria perder esses
encontros. Afinal, a vida está passando tão depressa... a) orações intercaladas.
Adaptado: UCHOA, Carlos Eduardo. Disponível em: b) apostos.
http://carloseduardouchoa.com.br/blog/ c) adjuntos adverbiais.
d) vocativos.
Em qual opção o termo destacado exerce mesmo papel
e) complementos nominais.
sintático que "No grupo maior, há de tudo: o louco, o
filósofo, o depressivo, o conquistador de garganta, o
saudosista..." (6º Parágrafo)?

a) "Um amigo me lembra: nos whatsApps se trocam


GR0302 - (Unesp)
Leia o soneto de Luís de Camões.
mensagens por escrito.” (5º Parágrafo)
b) "No telefone, não há essa copresença física [...].” (5º Enquanto quis Fortuna 1 que tivesse
Parágrafo) Esperança de algum contentamento,
c) "[...] faz-nos sentir, fortemente, a nossa natureza O gosto de um suave pensamento 2
humana, a maior valia da vida.” (7º Parágrafo) Me fez que seus efeitos escrevesse.
d) "O whatsApp é de graça, proclamam." (4º Parágrafo)
Porém, temendo Amor 3 que aviso desse
e) "[...] proporciona a abrangência do outro, [...]" (3º
Minha escritura a algum juízo isento 4,
Parágrafo)
Escureceu-me o engenho 5 com tormento,
Para que seus enganos não dissesse.

@professorferretto @prof_ferretto 6
sublimação aberta, franca, na porta da casa-grande de
Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos engenho ou no terreiro da fazenda, nos pátios das vilas,
A diversas vontades! Quando lerdes diante do adro da igreja! A figura dos padres, os padres
Num breve livro casos tão diversos, do interior, vinha arrastada com a violência de um ajuste
de contas. O doutor, o curioso, metido a entender de
verdades puras são, e não defeitos 6, tudo, o delegado autoritário, valente com a patrulha e
E sabei que, segundo o amor tiverdes, covarde sem ela, toda a galeria perpassa, expondo suas
Tereis o entendimento de meus versos. mazelas, vícios, manias, cacoetes, olhada por uma
(Luís de Camões. 20 sonetos, 2018.) assistência onde estavam muitas vítimas dos
personagens reais, ali subalternizados pela virulência do
1 Fortuna: entidade mítica que presidia a sorte dos desabafo”.
homens. Como algumas outras manifestações folclóricas,
2 suave pensamento: sentimento amoroso. o bumbameu-boi utiliza uma forma antiga, tradicional;
3 Amor: entidade mítica que personifica o amor. entretanto, fála revestir-se de novos aspectos, atualiza o
4 juízo isento: os inocentes do amor, aqueles que nunca entrecho, recompõe a trama. Daí “o interesse do tipo
se apaixonaram. solidário que desperta nas camadas populares”, como o
5 engenho: talento poético, inspiração. assinala Édison Carneiro. Interesse que só pode manter-
6 defeitos: inverdades, fantasia. se porque o que no auto se apresenta não reflete apenas
situações do passado, “mas porque têm importância para
No soneto, o eu lírico dirige-se, mediante vocativo, o futuro”. Com efeito, tendo por tema central a morte e a
ressurreição do boi, “cerca-se de episódios acessórios,
a) àqueles que não entendem seus versos.
não essenciais, muito desligados da ação principal, que
b) a Amor. variam de região para região... em cada lugar, novos
c) àqueles que nunca se apaixonaram. personagens são enxertados, aparentemente sem outro
d) aos amantes. objetivo senão o de prolongar e variar a brincadeira”.
e) a Fortuna. Contudo, dentre esses personagens, os que representam
as classes superiores são caricaturados, cobrindo-se de
ridículo, o que torna “o folguedo, em si mesmo, uma
GR0185 - (Unesp)
reivindicação”.
Sílvio Romero recolheu os versos de um bumba-
O Bumba-Meu-Boi
meu-boi, através dos quais se constata a intenção
Entre os autos populares conhecidos e
caricaturesca nos personagens do folguedo. Como o
praticados no Brasil – pastoril, fandango, chegança,
Padre, que recita:
reisado, congada, etc. – aquele em que melhor o povo
Não sou padre, não sou nada
exprime a sua crítica, aquele que tem maior conteúdo
“Quem me ver estar dançando
jornalístico, é, realmente, o bumbameu-boi, ou
Não julgue que estou louco;
simplesmente boi.
Secular sou como os outros”.
Para Renato Almeida, é o “bailado mais notável
Ou como o Capitão-do-Mato que, dando com o negro
do Brasil, o folguedo brasileiro de maior significação
Fidélis, vai prendê-lo:
estética e social”. Luís da Câmara Cascudo, por seu turno,
“CAPITÃO – Eu te atiro, negro
observou a sua superioridade porque “enquanto os
Eu te amarro, ladrão,
outros autos cristalizaram, imóveis, no elenco de outrora,
Eu te acabo, cão.”
o bumba-meu-boi é sempre atual, incluindo soluções
Mas, ao contrário, quem vai sobre o Capitão e o amarra é
modernas, figuras de agora, vocabulário, sensação,
o Fidélis:
percepção contemporânea. Na época da escravidão
“CORO – Capitão de campo
mostrava os vaqueiros escravos vencendo pela
Veja que o mundo virou
inteligência, astúcia e cinismo. Chibateava a cupidez, a
Foi ao mato pegar negro
materialidade, o sensualismo de doutores, padres,
Mas o negro lhe amarrou.
delegados, fazendo-os cantar versinhos que eram
CAPITÃO – Sou valente afamado
confissões estertóricas. O capitão-do-mato, preador de
Como eu não pode haver;
escravos, assombro dos moleques, faz-sono dos
Qualquer susto que me fazem
negrinhos, vai ‘caçar’ os negros que fugiram, depois da
Logo me ponho a correr”.
morte do Boi, e em vez de trazê-los é trazido amarrado,
(Luiz Beltrão. Comunicação e folclore. São Paulo: Edições
humilhado, tremendo de medo. O valentão mestiço,
Melhoramentos, 1971.)
capoeira, apanha pancada e é mais mofino que todos os
mofinos. Imaginem a alegria negra, vendo e ouvindo essa

@professorferretto @prof_ferretto 7
O capitão-do-mato, preador de escravos, assombro dos
moleques, faz-sono dos negrinhos, vai ‘caçar’ os negros
que fugiram (...)
Nesta passagem, levando-se em conta o contexto, a
função sintática e o significado, verifica-se que faz-sono é

a) substantivo.
b) adjetivo.
c) verbo.
d) advérbio.
e) interjeição.

GR0194 - (Uece)

@professorferretto @prof_ferretto 8
Era uma família grande, todos amigos. Viviam
como todos nós: moscas presas na enorme teia de
aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha
lhes arrancava um pedaço. Ficaram cansados. Resolveram
mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o
mar, o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade.
Venderam o que tinham, compraram um barco capaz de
atravessar mares e sobreviver tempestades.
Mas para navegar não basta sonhar. É preciso
saber. São muitos os saberes necessários para se navegar.
Puseram-se então a estudar cada um aquilo que teria de
fazer no barco: manutenção do casco, instrumentos de
navegação, astronomia, meteorologia, as velas, as cordas,
as polias e roldanas, os mastros, o leme, os parafusos, o
motor, o radar, o rádio, as ligações elétricas, os mares, os
mapas... Disse certo o poeta: Navegar é preciso, a ciência
da navegação é saber preciso, exige aparelhos, números
e medições. Barcos se fazem com precisão, astronomia se
aprende com o rigor da geometria, velas se fazem com
saberes exatos sobre tecidos, cordas e ventos,
instrumentos de navegação não informam mais ou
menos. Assim, eles se tomaram cientistas, especialistas,
cada um na sua - juntos para navegar.
Chegou então o momento da grande decisão -
para onde navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Chile,
outro os canais dos fiordes da Nomega, um outro queria
conhecer os exóticos mares e praias das ilhas do Pacífico,
(MÜLLER, M. Crítica. Disponível em: e houve mesmo quem quisesse navegar nas rotas de
https://www.papodecinema.com.br/filmes/extraordinario/. Colombo. E foi então que compreenderam que, quando o
Acesso em: 24 de outubro de 2019.) assunto era a escolha do destino, as ciências que
conheciam para nada serviam.
O aposto é um termo utilizado no texto para explicar algo De nada valiam números, tabelas, gráficos,
que aparece anteriormente e vem separado por vírgulas. estatísticas. Os computadores, coitados, chamados a dar
Com base nessa informação, assinale a opção em que a o seu palpite, ficaram em silêncio. Os computadores não
expressão destacada NÃO é um aposto. têm preferências - falta-lhes essa sutil capacidade de
a) “(...) a divisão do filme literalmente em capítulos, estes gostar, que é a essência da vida humana. Perguntados
nominados de acordo com o coadjuvante sobre o porto de sua escolha, disseram que não
ocasionalmente promovido ao centro (...)” (linhas 39- entendiam a pergunta, que não lhes importava para onde
42). se estava indo.
Se os barcos se fazem com ciência, a navegação
b) “(...) estamos falando da história de um menino que
faz-se com os sonhos. Infelizmente a ciência, utilíssima,
sofre da Síndrome de Treacher Collins, responsável
especialista em saber como as coisas funcionam, tudo
por causar deformação facial” (linhas 06-09).
ignora sobre o coração humano. É preciso sonhar para se
c) “A dinâmica entre as pessoas em cena, com quem decidir sobre o destino da navegação. Mas o coração
estabelecemos rapidamente empatia, funciona humano, lugar dos sonhos, ao contrário da ciência, é
adequadamente dentro da proposta adotada” (linhas coisa imprecisa. Disse certo o poeta: Viver não é preciso.
55-59). Primeiro vem o impreciso desejo. Primeiro vem o
d) “Auggie é educado e amparado sempre de perto pela impreciso desejo de navegar. Só depois vem a precisa
mãe, Isabel (Julia Roberts), encontra momentos de ciência de navegar.
leveza ao lado do paizão (...)” (linhas 22-25). Naus e navegação têm sido uma das mais
poderosas imagens na mente dos poetas. Ezra Pound

GR0198 -
inicia seus Cânticos dizendo: E pois com a nau no mar /
(Efomm) assestamos a quilha contra as vagas... Cecília Meireles:
O homem deve reencontrar o Paraíso... Foi, desde sempre, o mar! A solidez da terra, monótona /
Rubem Alves parece-nos fraca ilusão! Queremos a ilusão do grande
mar / multiplicada em suas malhas de perigo. E

@professorferretto @prof_ferretto 9
Nietzsche: Amareis a terra de vossos filhos, terra não E assim ficam os homens comuns abandonados
descoberta, no mar mais distante. Que as vossas velas por aqueles que, por conhecerem mares e estrelas, lhes
não se cansem de procurar esta terra! O nosso leme nos poderiam mostrar o rumo. Não posso pensar a missão
conduz para a terra dos nossos filhos... Viver é navegar das escolas, começando com as crianças e continuando
no grande mar! com os cientistas, como outra que não a da realização do
Não só os poetas: C. Wright Mills, um sociólogo dito do poeta: Navegar é preciso. Viver não é preciso.
sábio, comparou a nossa civilização a uma galera que E necessário ensinar os precisos saberes da
navega pelos mares. Nos porões estão os remadores. navegação enquanto ciência. Mas é necessário apontar
Remam com precisão cada vez maior. A cada novo dia com imprecisos sinais para os destinos da navegação: A
recebem remos novos, mais perfeitos. O ritmo das terra dos filhos dos meus filhos, no mar distante... Na
remadas acelera. Sabem tudo sobre a ciência do remar. A verdade, a ordem verdadeira é a inversa. Primeiro, os
galera navega cada vez mais rápido. Mas, perguntados homens sonham com navegar. Depois aprendem a
sobre o porto do destino, respondem os remadores: O ciência da navegação. E inútil ensinar a ciência da
porto não nos importa. O que importa é a velocidade navegação a quem mora nas montanhas...
com que navegamos. O meu sonho para a educação foi dito por
C. Wright Mills usou esta metáfora para Bachelard: O universo tem um destino de felicidade. O
descrever a nossa civilização por meio duma imagem homem deve reencontrar o Paraíso. O paraíso é jardim,
plástica: multiplicam-se os meios técnicos e científicos ao lugar de felicidade, prazeres e alegrias para os homens e
nosso dispor, que fazem com que as mudanças sejam mulheres. Mas há um pesadelo que me atormenta: o
cada vez mais rápidas; mas não temos ideia alguma de deserto. Houve um momento em que se viu, por entre as
para onde navegamos. Para onde? Somente um estrelas, um brilho chamado progresso. Está na bandeira
navegador louco ou perdido navegaria sem ter ideia do nacional... E, quilha contra as vagas, a galera navega em
para onde. Em relação à vida da sociedade, ela contém a direção ao progresso, a uma velocidade cada vez maior, e
busca de uma utopia. Utopia, na linguagem comum, é ninguém questiona a direção. E é assim que as florestas
usada como sonho impossível de ser realizado. Mas não são destruídas, os rios se transformam em esgotos de
é isso. Utopia é um ponto inatingível que indica uma fezes e veneno, o ar se enche de gases, os campos se
direção. cobrem de lixo - e tudo ficou feio e triste.
Mário Quintana explicou a utopia com um verso: Sugiro aos educadores que pensem menos nas
Se as coisas são inatingíveis... ora! / Não é motivo para tecnologias do ensino - psicologias e quinquilharias - e
não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora/ A tratem de sonhar, com os seus alunos, sonhos de um
mágica presença das es frei as! Karl Mannheim, outro Paraíso.
sociólogo sábio que poucos leem, já na década de 1920 OBS.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo
diagnosticava a doença da nossa civilização: Não temos Ortográfico.
consciência de direções, não escolhemos direções.
Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino. “Mas o coração humano, lugar dos sonhos, ao contrário
Hoje, ele dizia, as únicas perguntas que são da ciência, é coisa imprecisa.”
feitas, determinadas pelo pragmatismo da tecnologia (o Na passagem acima, a expressão sublinhada cumpre
importante é produzir o objeto) e pelo objetivismo da determinada função sintática que aparece nas opções
ciência (o importante é saber como funciona), são: Como abaixo, EXCETO em
posso fazer tal coisa? Como posso resolver este problema
a) Não só os poetas: C. Wright Mills, um sociólogo sábio,
concreto particular? E conclui: E em todas essas
comparou a nossa civilização a uma galera que navega
perguntas sentimos o eco otimista: não preciso de me
pelos mares.
preocupar com o todo, ele tomará conta de si mesmo.
Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa b) Infelizmente a ciência, utilíssima, especialista em
ciência da navegação, sem que os estudantes sejam saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o
levados a sonhar com as estrelas. A nau navega veloz e coração humano.
sem rumo. Nas universidades, essa doença assume a c) Mas há um pesadelo que me atormenta: o deserto.
forma de peste epidêmica: cada especialista se dedica, d) O paraíso é jardim, lugar de felicidade, prazeres e
com paixão e competência, a fazer pesquisas sobre o seu alegrias para os homens e mulheres.
parafuso, sua polia, sua vela, seu mastro. e) Sugiro aos educadores que pensem menos nas
Dizem que seu dever é produzir conhecimento. tecnologias do ensino - psicologias e quinquilharias - e
Se forem bem-sucedidas, suas pesquisas serão tratem de sonhar, com os seus alunos, sonhos de um
publicadas em revistas internacionais. Quando se lhes Paraíso.
pergunta: Para onde seu barco está navegando?, eles
respondem: Isso não é científico. Os sonhos não são
objetos de conhecimento científico...

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GR0188 -
que se conseguir um aumento da produtividade do
(Esc. Naval) trabalho, que permita, também, o aumento da parcela da
Quando se pergunta à população brasileira, em renda destinada à poupança, que vai sustentar os
uma pesquisa de opinião, qual seria o problema investimentos indispensáveis.
fundamental do Brasil, a maioria indica a precariedade da A população que deseja melhores serviços das
educação. Os entrevistados costumam apontar que o autoridades precisa ter a consciência de que uma boa
sistema educacional brasileiro não é capaz de preparar os educação, não necessariamente formal, é fundamental
jovens para a compreensão de textos simples, elaboração para atender melhor as suas aspirações.
de cálculos aritméticos de operações básicas, (YOKOTA, Paulo. Os problemas da educação no
conhecimento elementar de física e química, e outros Brasil. Em http://www,cartacapital.com.br/educacao/os-
fornecidos pelas escolas fundamentais. problemas-da-educacao-no-brasil- 657.html - Com
[...] adaptações)
Certa vez, participava de uma reunião de pais e
professores em uma escola privada brasileira de Qual das orações abaixo traz o adjunto adnominal em
destaque e notei que muitos pais expressavam o desejo destaque?
de ter bons professores, salas de aula com poucos
a) " [...] qual seria o problema fundamental do Brasil, a
alunos, mas não se sentiam responsáveis para
maioria indica a precariedade da educação." (1°§)
participarem ativamente das atividades educacionais,
b) "Para eles, a educação dos filhos não se baseia no
inclusive custeando os seus serviços. Se os pais não
aprendizado dos exemplos dados pelos pais." (3°§)
conseguiam entender que esta aritmética não fecha e
que a sua aspiração estaria no campo do milagre, parece c) "A demanda por cursos técnicos que elevam suas
difícil que consigam transmitir aos seus filhos o mínimo habilidades para o bom exercício da profissão está em
de educação. alta." (7°§)
Para eles, a educação dos filhos não se baseia no d) "[...] a compreensão de textos simples, elaboração de
aprendizado dos exemplos dados pelos pais. cálculos aritméticos de operações básicas, " (1°§)
Que esta educação seja prioritária e ajude a e) "No entanto, não se pode pensar que a sua deficiência
resolver os outros problemas de uma sociedade como a depende somente das autoridades." (4°§)
brasileira parece lógico. No entanto, não se pode pensar
que a sua deficiência depende somente das autoridades.
Ela começa com os próprios pais, que não podem
simplesmente terceirizar essa responsabilidade.
GR0196 - (Esc. Naval)
Encontros e desencontros
Para que haja uma mudança neste quadro é Hoje, jantando num pequeno restaurante aqui
preciso que a sociedade como um todo esteja convencida perto de casa, pude presenciar, ao vivo, uma cena que já
de que todos precisam contribuir para tanto, inclusive me tinham descrito. Um casal de meia idade se senta à
elegendo representantes que partilhem desta convicção mesa vizinha da minha. Feitos os pedidos ao garçom, o
e não estejam pensando somente nos seus benefícios homem, bem depressinha, tira o celular do bolso, e não
pessoais. mais o deixa, a merecer sua atenção exclusiva. A mulher,
Sobre a educação formal, aquela que pode ser certamente de saber feito, não se faz de rogada e apanha
conseguida nos muitos cursos que estão se tornando um livro que trazia junto à bolsa. Começa a lê-lo a partir
disponíveis no Brasil, nota-se que muitos estão se da página assinalada por um marcador. Espichando o
convencendo de que eles ajudam na sua ascensão social, meu pescoço inconveniente (nem tanto, afinal as mesas
mesmo sendo precários. O número daqueles que eram coladinhas) deu para ver que era uma obra da
trabalham para obter o seu sustento e ajudar a sua Martha Medeiros.
família, e ao mesmo tempo se dispõe a fazer um sacrifício Desse modo, os dois iam usufruindo suas
adicional frequentando cursos até noturnos, parece estar gulodices, sem comentários, com algumas reações dele,
aumentando. rindo com ele mesmo com postagens que certamente
A demanda por cursos técnicos que elevam suas ocorriam em seu celular. Até dois estranhos, postos nessa
habilidades para o bom exercício da profissão está em situação, talvez acabassem por falar alguma coisa.
alta. É tratada como prioridade tanto no governo como Pensei: devem estar juntos há algum tempo, sem ter
em instituições representativas das empresas. O mercado mais o que conversar. Cada um sabia tudo do outro, nada
observa a carência de pessoal qualificado para elevar a a acrescentar, nada de novo ou surpreendente. E assim
eficiência do trabalho. caminhava, decerto, a vida daquele casal.
Muitos reconhecem que o Brasil é um dos países O que me choca, mesmo observando esta
emergentes que estão melhorando, a duras penas, a sua situação, como outras que o dia a dia me oferece, é a
distribuição de renda. Mas, para que este processo de ausência de conversa. Sem conversa eu não vivo, sem sua
melhoria do bem-estar da população seja sustentável, há

@professorferretto @prof_ferretto 11
força agregadora para trocar ideias, para convencer ou censurados, sem se ter de esmerar na linguagem.
ser convencido pelo outro, para manifestar humor, para Conversa sem compromisso, a não ser o de evitar a
desabafar sobre o que angústia a alma, em suma, para chatice. Com suas contundências, conflitos de opiniões e
falar e para ouvir. A conversa não é a base da terapia? Sei momentos de solidariedade. Conversa que é vida, que
não, mas, atualmente, contar com um amigo para jogar retrata a vida no seu dia a dia. No grupo maior, há de
conversa fora ou para confessar aquele temor que lhe tudo: o louco, o filósofo, o depressivo, o conquistador de
está roubando o sossego talvez não seja fácil. O tempo garganta, o saudosista... Nem sempre, é verdade, estou
também, nesta vida corre-corre, tem lá outras motivado para participar desses grupos. Porém, passado
prioridades. Mia Couto é contundente: “Nunca o nosso um tempo, a saudade me bate.
mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi Aqueles bate-papos intimistas com um amigo de
tão dramática a nossa solidão.” Até se fala muito, mas tantas afinidades, merecedores que nos tornamos da
ouvir o outro? Falo de conversas entre pessoas no mundo confiança um do outro, esses não têm nada igual. A
real. Vive-se hoje, parece, mais no mundo digital. Nele, apreensão abrangente do amigo, de seu psiquismo, dos
até que se conversa muito; porém, é tão diferente, seus sentimentos, das dificuldades mais íntimas por que
mesmo quando um está vendo o outro. O passa, faz-nos sentir, fortemente, a nossa natureza
compartilhamento do mesmo espaço, diria, é que nos humana, a maior valia da vida.
proporciona a abrangência do outro, a captação do seu Esses momentos vão se tornando, assim me
respirar, as batidas de seu coração, o seu cheiro, o seu parece, uma cena menos habitual nestes tempos digitais.
humor...(16) A pressa, os problemas a se multiplicarem, as tarefas a se
Desse diálogo é que tanta gente está sentindo diversificarem, como encontrar uma brecha para aquela
falta. Até por telefone as pessoas conversam, conversa, que é entrega, confiança, despojamento?
atualmente, bem menos. Pelo WhatsApp fica mais fácil, Conversa que exige respeito: um local calminho, sem
alega-se. Rapidinho, rapidinho. Mas e a conversa? gritos, vozes esganiçadas, garçons serenos. Sim, umas
Conversa-se, sim, replicam. Será? Ou se trocam algumas tulipas estourando de geladas e uns tira-gostos de nosso
palavras? Quando falo em conversa, refiro-me àquelas paladar a exigirem nova pedida. Não queria perder esses
que se esticam, sem tempo marcado, sem caminho reto, encontros. Afinal, a vida está passando tão depressa...
a pularem de assunto em assunto. O WhatsApp é de Adaptado: UCHOA, Carlos Eduardo. Disponível em:
graça, proclamam. Talvez um argumento que pode ser http://carloseduardouchoa.com.br/blog/
robusto, como se diz hoje, a favor da utilização desse
instrumento moderno.
Mas será apenas por isso? Um amigo me lembra: Assinale a opção na qual o termo oracional em destaque
nos WhatsApps se trocam mensagens por escrito. Eu sei. foi corretamente classificado.
Entretanto, língua escrita é outra modalidade, outro
a) "Ou se trocam algumas palavras?" (26) - objeto direto
modo de ativar a linguagem, a começar pela não
copresença física dos interlocutores. No telefone, não há b) "[...] assinalada por um marcador." (27) -
essa copresença física, mas esse meio de comunicação complemento nominal
não é impeditivo de falante e ouvinte, a cada passo, c) "[...] me oferece, é a ausência de conversa." (28) -
trocarem de papéis e até mesmo de falarem ao mesmo objeto indireto
tempo, configurando, pois, características próprias da d) "[...] um amigo de tantas afinidades [...]" (29) - adjunto
modalidade oral. Contudo, não se respira o mesmo ar, adverbial
ainda que já se possa ver o outro. As pessoas passaram a e) "[...] temor que lhe está roubando o sossego [...]." (30)
valer-se menos do telefone, e as conversas também vão, - adjunto adnominal
por isso, tornando-se menos frequentes.
Gosto, mesmo, é de conversas, de preferência
com poucos companheiros, sem pauta, sem temas

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