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LIVROS ÚNICOS
Lembre-se de mim, Thomas
A coragem das estrelas
Minhas estrelas têm olhos castanhos
Série Legacy
Dark Past
Dark Emotions (em breve)
Série Paradise
Rendido
Destinado
Arruinado (em breve)
Copyright © 2023 Fernanda Freitas
Todos os direitos reservados.
Capa:
Fernanda Freitas | Larissa Chagas
Diagramação:
Fernanda Freitas
Bestagem:
Camila Moura
Laura Vitelli
Nota de gatilho
Caso você não tenha lido Rendido, que é o primeiro livro da série,
recomendo a leitura dele antes de começar Destinado, para que a história
seja entendida cem por cento, tá bom?
Obrigado por ser tão atenciosa comigo e com a minha filha ontem.
Não vou me esquecer da sua gentileza.
Colin
Capítulo 03
Noah
Como assim vc tem uma filha, caralho?
Noah
E pq porra eu só tô sabendo disso agr?
Seb
Isso é uma baita traição, Colin. Nós n deveríamos ser os últimos a
saber!!!!!!!
Noah
N mesmo!!!! Nós somos seus melhores amigos, seus parceiros!!!!!!
Kenna
Eu fiquei simplesmente chocada. E todo mundo achando que eu seria
a primeira a ter um filho KKKKKKKK
Noah
Tá doida, Kenny? N vamos ter filho tão cedo.
Adam
Eu aposto q a Aurora sabia e foi cúmplice nessa omissão!!!!
Aurora
N me mete nisso n, Adam! Não era uma notícia minha p q eu
contasse.
Finn
Colin, ngm deu detalhes! Conta os detalhes!!!!
Kenna
Só tem fofoqueiro nessa família…
Seb
Como se vc n estivesse morrendo de vontade de saber a história
toda, né, Kenny?
Charlie
Eu acabei de ficar sabendo! Meu Deus do céu, Colin! Que
loucuraaaaa! Mas parabéns, papai!
Harmony
MANDA FOTO DELA PRA GENTEEEEEEEE!!!
Seb
Eu acho q a gnt deveria fazer uma caravana p Paradise p conhecer a
mais nova integrante da família.
Noah
Eu tô dentro! Kenny e eu estamos livres esse final de semana!
Charlie
Eu tô livre tbm!
Seb
Acho q consigo reorganizar umas coisas p estar livre tbm.
Finn
Tô dentro.
Adam
Eu tbm.
Harmony
Eu tbm!!!!
Charlie
A tia Soph e o Tio D estão em Paradise. Podemos ficar com eles!
Noah
Colin, libera o seu final de semana pq... Fala aí, Seb!
Seb
A Tropa tá chegando, porra!!!!!!!! ;)
Colin
Como está a festa do pijama? As meninas já estão te fazendo
perguntas?
Eu
Como vc sabe que elas iriam fazer perguntas?
Colin
Pq eu conheço mt bem as amigas q eu tenho. Aurora é uma
fofoqueira nata hahaha
Eu
Se elas estão fazendo perguntas, vc deve ter falado mt bem de mim
pra elas…
Colin
Depois o arrogante sou eu. Abaixe essa bola, Casey.
Colin
A propósito, qual o seu sobrenome? Quero poder te chamar pelo
sobrenome igual vc faz comigo. Vamos igualar as coisas!!!
Eu
Fletcher.
Colin
Chique. Casey Fletcher. Gostei.
Colin
Vc não devia estar aproveitando a festa do pijama com suas novas
amigas, Fletcher? Responder às minhas mensagens deve ser mt mais
interessante, aposto.
Reviro os olhos.
Esse garoto se acha a última bolacha do pacote!
No entanto, não consigo evitar sorrir.
Eu
Vai ver se eu tô na esquina, Mackenzie!
Tchau!!!!!!!!
Colin
Tchau, nervosinha ;)
Coloco o celular no chão, do meu lado e com a tela virada para baixo
antes de voltar a prestar atenção no filme como se nada tivesse acontecido.
No entanto, acredito que não fui tão discreta quanto pensei, pois dois
segundos depois, Aurora diz:
— Ele é um pé no saco às vezes, sabe, mas também é capaz de
causar sorrisinhos como esse seu.
Grace e Antonella dão risadinhas com o comentário da melhor amiga
de Colin. E o sorriso malicioso no rosto de Aurora me diz que ela está me
provocando; tentando, de alguma forma, rebater o que eu disse antes sobre
Colin e eu sermos apenas amigos.
Solto um longo suspiro.
— Acho que vou mudar de ideia sobre ser amiga de vocês.
As três riem.
— É um pouco tarde demais para isso agora — diz Antonella. —
Você está presa com a gente, Casey. Conforme-se.
— Que ótimo — brinco, fingindo tristeza, mas sorrindo para elas,
para que saibam que eu estou brincando.
As três retribuem o meu sorriso com olhares cúmplices.
Acho que eu realmente posso ter feito algumas amigas.
Capítulo 10
— Aí está você.
Colin aparece de repente e se senta ao meu lado, no degrau da
entrada para a casa. Eu me escondi aqui depois da ligação do meu pai, já que
todo o clima de festa que eu estava sentindo antes, desapareceu por completo
depois que, mais uma vez, meu pai me deixou de lado por uma mulher que o
faz de gato e sapato. Será que realmente dá para chamar isso de amor? Às
vezes me pergunto se meu pai não se tornou dependente emocional de
Georgina em uma tentativa de suprimir a ausência da minha mãe.
— Procurei você por todo o canto.
— Desculpe, eu só precisava de um tempinho.
Colin olha para mim com preocupação cintilando nas nuances de
verde dos seus olhos.
— Aconteceu alguma coisa? Você sumiu depois que recebeu aquela
ligação que te salvou de mim.
Dou um sorriso pela brincadeira. Parece ser tão fácil sorrir com ele.
— Por incrível que pareça, e não acredito que vou dizer isso, a sua
companhia estava melhor.
Ele sorri, mas ainda me olha com preocupação.
— Eu sei, é você quem está se enganando aqui, Case — ele brinca de
volta, mas fica sério logo em seguida. — Quer conversar ou prefere que eu
te deixe sozinha?
— Não quero acabar com o clima da festa para você. Eu acho que
vou embora, de qualquer forma. Só não queria ir sem me despedir.
— Ah, qual é, você não pode ir embora. Temos a festa hoje à noite,
lembra? As meninas estão combinando de se arrumarem juntas e eu estava te
procurando para perguntar se você não quer se juntar à elas.
Talvez uma festa até seja uma boa ideia para tirar a minha mente de
mais uma interação fracassada com o meu pai, mas não quero estragar a
noite deles caso o meu desanimo seja insuperável.
— Ei. — Colin segura o meu queixo com delicadeza e levanta a
minha cabeça, virando meu rosto na direção do dele. Perto demais. — O que
aconteceu? Conversa comigo.
Solto um suspiro.
Colin solta o meu rosto em seguida, mas mantém seus olhos verdes
prendendo os meus, me impedindo de olhar para qualquer outra direção que
não seja o seu rosto.
— Como eu te falei antes, minha mãe morreu em um acidente de
carro quando eu era criança. Eu estava no carro com ela, mas, por incrível
que pareça, eu só sofri alguns arranhões. O outro carro bateu do lado dela.
Ela ainda estava viva quando os paramédicos chegaram, mas acabou não
resistindo aos ferimentos — conto, agora com mais detalhes. Antigamente,
eu nem sequer conseguia falar sobre isso sem começar a chorar. — Alguns
anos depois, meu pai conheceu a mulher com quem é casado atualmente. Ele
se transformou em outro homem desde que a conheceu. Tudo é para ela.
Parece até que ele está enfeitiçado, sei lá. Ele não vê nada além dela, quase
não se lembra mais que eu existo e, quando realmente lembra, basta que ela
chame o nome dele para que ele praticamente desligue o telefone na minha
cara para fazer o que ela quer.
— E foi ele quem te ligou?
Faço que sim com a cabeça.
— E, como sempre, ele a escolheu. Em cada mínimo detalhe, é
sempre Georgina em primeiro lugar. — Dou uma risada sem humor. — Se
ela ainda fosse uma mulher legal, talvez eu não me sentisse tão magoada,
mas ela é horrível. Ela é realmente a madrasta da Cinderela.
— Sinto muito por isso, Case — lamenta Colin, e sinto que é
genuíno. — Nenhum filho deveria ser desprezado por nenhum dos pais desse
jeito. Um dia, eu vou precisar ter essa conversa com a Kiara. Então eu
consigo apenas imaginar como você está se sentindo, porque já me dói
pensar que minha filha vai se sentir rejeitada também.
— Eu acho que nunca te disse que sinto muito por toda essa
história.
Colin me dá um sorriso triste.
— Hoje não é dia para ficar triste. Qual é, eu quero você naquela
festa, curtindo com a gente. Não vai ser a mesma coisa sem você.
Não consigo segurar o sorriso que toma os meus lábios. Bem como
não consigo evitar provocá-lo logo em seguida, usando a sua fala.
— Eu sei que os seus dias são muito melhores desde que eu apareci,
mas você não deveria deixar o seu desespero pela minha presença tão
evidente, Mackenzie. Se valoriza, cara! — brinco.
Colin gargalha, mais uma vez jogando a cabeça para trás enquanto o
som da sua risada preenche tudo. Ele ri tanto que o boné que estava em sua
cabeça acaba caindo.
— E depois eu é que sou arrogante. Meu Deus, parece que eu estou
criando um monstro.
Sorrio. Pode apostar que ele realmente está criando um monstro.
— Acho que você está certo, talvez uma festa ajude o meu ânimo a
melhorar.
— É disso que eu estou falando! — ele comemora e rapidamente se
levanta do degrau, pegando o seu boné que ficou caído no chão e colocando-
o de volta na cabeça, antes de oferecer a mão para mim. — Vem!
Eu coloco a minha mão sobre a de Colin e deixo que ele me puxe
para cima. Eu calculo mal o espaço e meus seios acabam sendo espremidos
pelo peito de Colin quando colidimos. Ele agarra a minha cintura para me
estabilizar.
Minha respiração fica presa no meu pulmão.
As mãos dele sempre foram tão grandes e quentes?
— Obrigada.
Ele sorri, com aquelas covinhas aparecendo.
— Às ordens. — Colin tira as mãos da minha cintura e usa uma delas
para fazer um carinho efêmero e suave na minha bochecha. — Chega
daquela carinha triste.
Sem confiar na minha voz, eu apenas balanço a cabeça em anuência
e retribuo o sorriso.
Colin volta a segurar a minha mão para me puxar de volta para a
festa. Ele não parece nem um pouco preocupado sobre o que sua família vai
pensar de nos ver de mãos dadas. E eu sei que eu deveria me preocupar e
muito com isso, mas somente por aquele momento, eu finjo que nada mais
importa.
Capítulo 12
Meu coração está apertado por estar escondendo de Colin que sou
irmã da mulher que o abandonou com um bebê recém-nascido para cuidar.
Eu já deveria ter contado a verdade para ele, mas depois que ouvi tudo o que
todos tinham para dizer de Anna, fiquei com medo de que automaticamente
pensassem coisas ruins sobre mim também. A verdade é que vim para
Paradise logo depois que Kiara nasceu, quando recebi uma ligação de Anna
dizendo que tinha feito a maior besteira de toda a sua vida. E não, a enorme
besteira a qual ela se referia não era ter abandonado a própria filha e, sim, ter
dado à luz a uma criança que ela nunca quis.
Demorou um pouco para que eu conseguisse entender toda essa
história. Deus, demorou até para entender por que ela ligou para mim, entre
todas as pessoas. Nós nunca fomos próximas e acho que Anna nunca havia
me ligado antes. Nem no meu aniversário ela costumava ligar — ou mandar
uma mensagem que fosse. Quando entendi que tudo o que Anna queria era
prender um cara que nunca foi apaixonado por ela, eu realmente me dei
conta de que a minha irmã é a pessoa mais fria e calculista que eu já conheci.
E tudo se confirmou ainda mais na minha cabeça depois que conheci Trevor
e Grace. Ele nunca teve olhos para outra garota que não fosse Grace, então
Anna pensar que poderia prendê-lo ao dizer que estava grávida dele —
quando ela sabia que Colin era o pai — é a coisa mais louca que já ouvi.
Anna abandonou a Kiara com o Colin sem pensar duas vezes. E eu
não sabia quem eles eram até encontrá-los no hospital e Colin me dizer o
nome da bebê e me explicar que a mãe havia ido embora. Naquele exato
momento, eu soube quem eles eram, mas mantive minha boca fechada
porque simplesmente não sabia como contar para ele quem eu era.
E para ser totalmente honesta, eu estava — e ainda estou — morta de
vergonha pelo que Anna fez.
Sei que não é minha culpa, que eu não compactuei com isso, mas eu
sinto que por sermos família, mesmo que não compartilhemos o mesmo
sangue, eu tenho culpa nisso também. E acho que Colin vai enxergar as
coisas exatamente da mesma forma. Acho que ele vai transferir a culpa de
Anna para mim e, sendo ainda mais honesta, eu não quero perder a amizade
dele e nem o contato que tenho com Kiara. Ela não é minha sobrinha de
sangue, mas é minha sobrinha de qualquer maneira e eu a adoro.
Eu adoro Colin e não quero que ele me odeie pelos erros que Anna
cometeu.
— Era o seu namoradinho? — ela pergunta, deitada no sofá do seu
apartamento e balançando as pernas no ar, como se não tivesse nenhuma
preocupação no mundo.
— Ele não é meu namorado — eu repito o que já havia dito para ela
mais cedo. — Anna, por que você não tenta conversar com ele? Vocês
podem tentar resolver isso. A Kiara precisa de você.
Anna suspira e se senta no sofá. O cabelo loiro está todo bagunçado e
os olhos um pouco nebulosos por conta do vinho que estava tomando
quando eu cheguei aqui.
— Quantas vezes eu preciso te dizer que eu não quero nada com
aquela criança catarrenta? — Anna faz uma careta. — Eu sou gostosa
demais para ser mãe, Casey. Você, por outro lado, poderia muito bem
desempenhar o papel de mãe. Quer dizer, não é como se você chamasse a
atenção dos homens com esse corpo enorme, certo?
Reviro os olhos.
— Esse seu discurso está ficando velho, Anna. Eu não dou a mínima
para o que você pensa sobre o meu corpo. Eu estou muito bem com ele,
muito obrigada — rebato, impaciente. — Por que você me chamou aqui,
afinal? Eu ainda não consegui entender o que você poderia querer comigo.
Você nunca precisou de mim para nada antes.
Ela sorri.
— Isso é verdade, mas eu preciso de você agora e como a boa pessoa
que você sempre tentou ser, eu sei que você vai me ajudar, irmãzinha.
Eu nem deveria estar aqui, para começar, mas minha intuição me diz
que estar perto de Anna agora é o melhor que posso fazer, porque se ela foi
capaz de abandonar um bebê sem o menor remorso, tenho medo do que mais
pode estar se passando na cabeça dela. Se eu estiver por perto, posso
antecipar qualquer besteira que ela pense em fazer, então tenho uma chance
de proteger Colin e Kiara.
— O que você precisa? — pergunto, entrando no jogo dela.
Anna abre um sorriso que promete problemas.
— Eu descobri recentemente que Colin é filho de Derek Mackenzie,
o jogador de basquete da NBA.
Franzo o cenho, confusa.
— E daí?
Anna bufa, impaciente.
— Você é muito burra mesmo. Zero ambição, exatamente como o
seu pai — ela praticamente cospe as palavras para mim e eu preciso me
controlar para manter a boca fechada, porque quero entender direitinho onde
ela quer chegar com essa conversa. — E daí que ele é rico, Casey. Ele é
podre de rico. Talvez tanto quanto o Trevor. Eu achei que Colin fosse um
pobre coitado que não tinha onde cair morto. Aquele idiota não sabe usufruir
do sobrenome que tem.
Engulo a minha raiva pela forma como ela fala sobre Colin, e então
pergunto:
— Por favor, me ilumine com a sua inteligência, porque eu ainda não
entendi onde você quer chegar com isso — replico, ácida.
Anna revira os olhos, porque ela sabe que estou sendo sarcástica
sobre a sua inteligência.
— Você tem noção quanto dinheiro eu posso arrancar daquele otário
por ter uma filha com ele? — ela indaga com os olhos brilhando.
Juro por Deus que sinto ansia de vômito.
— É aí que você se engana. Vocês não são casados e você abandonou
a Kiara. Vai tirar dinheiro dele como, Anna?
— Tecnicamente, eu ainda tenho a guarda da catarrenta. Eu posso
oferecer a minha parte para ele comprar — ela responde com uma
naturalidade que me assusta.
— Você não tem mais a guarda da Kiara. Você perdeu isso no
momento em que a abandonou. Além disso, a Kiara não é uma casa para
você oferecer a sua parte para ele comprar. Ela é uma pessoa! Uma criança!
Anna dá de ombros.
— Eu estou pouco me lixando, Casey. Eu quero uma boa quantia em
dinheiro para eu sumir desse fim de mundo e ter uma vida decente em Nova
York ou em Los Angeles. Eu quero viver bem e sei que o Colin vai me pagar
o quanto eu quiser para ser capaz de livrar a filhinha dele de mim. — Ela
sorri, diabólica. — Caso contrário, eu acho que posso fazer a vida dele ser
bem difícil.
— Acho que você está esquecendo do fato de que os pais de Colin
são ricos, não o Colin em si, Anna.
— Esse é um problema que ele vai ter que resolver, não acha?
Balanço a cabeça, inconformada e enojada com toda essa conversa.
— E para quê você precisa de mim?
— Vocês são amigos, não são? Convença-o a me dar o dinheiro que
eu quero, quando eu o procurar para pedir. Pode dizer coisas horríveis sobre
mim, não me importo. Apenas convença-o de me dar o que eu tenho direito
por ter carregado aquela pestinha por nove meses e ter deformado todo o
meu corpo. Eu acho que é o mínimo que ele pode fazer por mim — ela
elabora. — E então, eu desapareço e você pode ficar com eles e formar uma
família com as minhas sobras. — Anna sorri. — Vamos combinar que você
não vai conseguir nada melhor do que o que eu estou oferecendo, Casey.
Olho para Anna sem conseguir acreditar que uma pessoa tão
narcisista assim pode realmente existir. Eu sei que Georgina, sua mãe, não é
a melhor pessoa do mundo também, mas não me lembro de ela ser tão
horrível quanto a filha. Georgina parece ter o mínimo de sentimento, mas
Anna parece ser não apenas narcisista, mas também sociopata.
— Você é completamente louca — declaro.
— Loucura é um ponto de vista, irmãzinha.
— Não espere nenhuma ajuda de mim, Anna. Não com isso. Nem o
Colin e nem a Kiara merecem o que você está fazendo e eu espero que você
chegue nessa mesma conclusão antes de cometer outra besteira monumental.
Ela dá de ombros, nem um pouco abalada.
— Se você não me ajudar a conseguir o que eu quero, as coisas vão
ficar muito mais difíceis para eles. A escolha é sua, Casey. Seja lá o que
acontecer daqui para frente, saiba que é sua responsabilidade.
Pego a minha bolsa em cima do aparador e abro a porta do
apartamento de Anna, mas antes de ir embora de vez, eu olho para trás e
digo:
— Adeus, Anna.
Grace
Vcs n sabem!!!!!
Colin e Casey se beijaram E ELA N CONTOU NADINHA DE ND
PRA GENTE!
Aurora
Q????????
Antonella
Q amizade é essa, gnt? Onde já se viu a gente n saber das fofocas?
Eu me sinto T-R-A-Í-D-A.
Grace
Casey tá privando a gente de fanficar sobre a pegação dela com o
Colin.
Aurora
Eu tô chocada com o fato de que o COLIN tbm n me disse nada.
Como vc ficou sabendo disso, Grace?
Grace
Colin deu a entender, mas depois n quis abrir o bico. Disse que a
Casey é que devia decidir se contava ou n.
Aurora
Casey, começa a falaaaaaaaaaar!!!!
Antonella
Eu quero os detalhes sórdidos!!!! N esconde nadaaaaaa!
E as mensagens continuam por longos minutos, onde elas começam a
tentar adivinhar, já que eu ainda não tinha visualizado as mensagens, como o
beijo aconteceu, qual foi o contexto, quem tomou a iniciativa, se houve mais
do que apenas um beijo, enfim… todos os cenários possíveis.
Jesus amado.
Acho que eu nunca tive um grupo de amigas assim, então não estou
acostumada com toda essa animação por conta de apenas um beijo. Eu tive
uma melhor amiga na época da escola, com quem eu ainda falo muito
esporadicamente, por conta da vida corrida que ela leva. Emily engravidou
no último ano do colegial, de gêmeos. Ela e Yuri, seu namorado, vivem
juntos até hoje, mas a vida da minha amiga é tão absurdamente corrida que
eu tenho sorte quando ela tem um tempinho para responder às minhas
mensagens ou retornar minhas ligações.
Eu
Gnt, foi apenas um beijo! N tem nada de extraordinário para
compartilhar. Vcs sabem mt bem como um beijo funciona!
Não demora nem um minuto para que elas comecem a digitar várias
mensagens em resposta.
Aurora
Ah, n vem com essa n!
Antonella
Somos todas fofoqueiras, n deixa a gente desalimentadaaaaaaa!
Grace
Festa do pijama hoje à noite!
Antonella
Na minha casa!!!!
Aurora
Eu levo o vinho e vc, Casey, leva a fofoca.
Esperei até que minha mãe terminasse a reunião com uma de suas
clientes, de um processo que meu pai disse que era bastante complicado, e
então pedi para conversar com eles. Acho que meus pais estão um pouco
traumatizados comigo falando que preciso conversar com eles, pois da
última vez eu vim com a notícia de já ter colocado um bebê no mundo. Pela
forma como eles estão me olhando agora, eu não duvidaria se eles
estivessem rezando para eu não ter engravidado outra garota.
Eu daria risada se não tivesse preocupado pra caramba com o que a
Anna pode aprontar em seguida.
— Filho, fala de uma vez — meu pai pede, angustiado. — Eu detesto
esse suspense.
— Eu descobri recentemente que a Casey é irmã da Anna, a mãe da
Kiara. A Case veio para Paradise para tentar ajudar a Anna e impedir que ela
fizesse uma besteira, mas claramente ela não conseguiu. Enfim, nós tivemos
uma conversa sobre isso e está tudo bem entre nós dois, porque eu acredito
que as intenções da Casey são as melhores — eu falo, e realmente confio
que ela não está compactuando com Anna de nenhuma forma. — O
problema é que Anna quer dinheiro, porque ela acha que tem algum direito
de me pedir isso, por ser a mãe da Kiara.
— Ah querido… Talvez essa menina só esteja precisando de ajuda
— supõe a minha mãe, tentando pensar o melhor de Anna.
— Talvez ela tenha abandonado a Kiara com você por um bom
motivo, embora seja difícil imaginar isso — sugere o meu pai, pensativo.
— Mãe, pai, eu prometo pra vocês que ela não é nenhuma coitadinha
que precisa que alguém estenda a mão, porque eu juro que se ela fosse, eu
mesmo já teria oferecido ajuda à ela. A forma como ela fala da Kiara… Não
há um pingo de carinho ou remorso pelo que ela fez. No dia em que ela se
mandou, ela me disse que eu poderia colocar a Kiara em um orfanato, se não
quisesse criar ela sozinho — eu conto, sentindo a raiva me consumir como
se isso tivesse acabado de acontecer de novo. Até hoje eu não me conformo
com isso. — Eu não vou dar um centavo para aquela garota, e eu a quero o
mais longe possível da minha filha. Estou com medo de que Anna crie
problemas por não conseguir o que quer.
— Que tipo de problemas? — meu pai indaga.
Uma coisa que eu sempre gostei muito na minha relação com os
meus pais, é que somos muito transparentes uns com os outros. Não existe
joguinhos de poder, não existe manipulações ou mentiras — embora eu
tenha escondido algo bem importante deles, mas essa foi a única exceção. Eu
consigo saber exatamente como eles estão se sentindo só de olhar para a cara
deles e, nesse momento, eu sei que o meu pai está irado com a mais nova
revelação que fiz sobre o comportamento de Anna. Minha mãe, por outro
lado, parece chocada e magoada, provavelmente por pensar que um dia,
Kiara vai precisar enfrentar a verdade de quem a mãe é. Esse dia não vai
fácil para ninguém, principalmente para ela e isso me mata desde já.
— Honestamente, qualquer coisa. Ela pode aprontar qualquer coisa.
Eu nem sei mais do que ela é capaz para conseguir o que quer.
— Amor, o que você acha? — meu pai pergunta para a minha mãe,
buscando a opinião dela como advogada. Por sorte, o âmbito que ela trabalha
é justamente o âmbito familiar, então minha mãe entende muito sobre o
assunto.
— Por enquanto, acho que o melhor seria esperarmos que ela dê o
primeiro passo, pois ela pode nem sequer fazer alguma coisa. Talvez ela
estivesse blefando na esperança de que você se intimidasse. Então, por
agora, nós esperamos. Se ela fizer alguma coisa, se entrar na justiça ou algo
parecido, então construiremos um caso — orienta a minha mãe. — Com
todo o histórico do que ela fez e todas as testemunhas que você tem, a
chance do juiz dar qualquer benefício para ela, é bem pequena, mas não
iremos tratar esse assunto de maneira leviana. Se chegar a tudo isso, teremos
um caso bem construído a nosso favor. Se você acha que essa moça não seria
o melhor para a Kiara, então minha neta não vai ficar aos cuidados dela.
Eu concordo, confiando que a minha mãe sabe exatamente o que está
fazendo. Embora eu esteja preocupado com tudo isso, me sinto um pouco
mais calmo depois de falar com a minha mãe, porque eu a conheço muito
bem e sei que vai lutar com unhas e dentes para proteger a Kiara. Eu confio
nela de olhos fechados, sem questionamentos.
— Obrigado, mãe. Eu te amo.
Ela sorri para mim com olhos brilhantes.
— Eu também te amo, querido.
— Tente descansar um pouco, filho — meu pai recomenda. — Tem
muita coisa acontecendo na sua vida ao mesmo tempo. Deixe que sua mãe e
eu cuidamos da Kiara por hoje.
Juro por Deus que eu preciso conter um gemido diante do qual
prazeroso parece essa ideia. Por mais que meus pais estejam aqui para me
ajudar, quando Kiara acorda de madrugada com fome ou precisando de uma
troca de fralda, sou eu quem acorda para socorrê-la. Meus pais me ajudam
durante o dia, enquanto estou na faculdade ou no treino ou quando tenho
jogo, mas fora isso, eu faço todo o resto.
E eu estou exausto.
— Obrigado, pai. Eu amo você também.
Ele sorri, com as covinhas aparecendo, exatamente como as minhas.
— Eu sei. Eu também amo você, Colin.
Deixo Kiara com os meus pais e vou para o meu quarto. Eu preciso
de um longo banho quente para relaxar o corpo antes de cair na cama. Mas
quando eu finalmente me deito, não consigo deixar de pensar no quanto eu
queria que Casey estivesse aqui comigo agora, para que eu pudesse beijá-la e
tê-la nos meus braços, sentindo o corpo dela contra o meu… Aí, caralho! Só
a ideia disso já é o suficiente para deixar o meu pau semiduro. Eu estou sem
transar há um tempo — tempo demais, se querem saber — mas com tudo o
que aconteceu nos últimos tempos, não havia espaço no meu dia para sequer
pensar nisso.
Pego meu celular e mando uma mensagem para Casey.
Sei que ela está na festa do pijama com as garotas, mas quero que ela
saiba que estou pensando nela.
Eu
Queria que vc estivesse aqui.
Casey
N acredito q vou dizer isso, mas é estranho n ver vc todos os dias.
Eu
Eu sei que seus dias são tristes sem mim, Case.
Quando vejo os três pontinhos que indicam que ela está digitando, já
consigo imaginá-la revirando os olhos ao ler a minha mensagem. E isso me
faz sorrir ainda mais.
Casey
Mudei de ideia. Meus dias são MT melhores SEM vc.
Casey
Quer assistir um filme na minha casa amanhã?
Sei que Casey mora nos dormitórios da universidade e ela tem uma
colega de quarto, por isso eu nunca fui até lá. Será que a garota está fora da
cidade ou algo assim?
Eu
E a sua colega de quarto?
Casey
Ela vai passar uns dias em um hotel com o namorado q veio pra cá
visitar.
Eu
Eu tenho treino até as 4 da tarde. Vou pedir para os meus pais
ficarem com a Kie pra mim e eu te vejo amanhã, minha linda.
Casey
Te vejo amanhã <3
Colin está em coma há quatro dias e parece que a cada hora que
passa Sophie perde um pouco da sanidade. Ela não saiu do hospital em
nenhum momento porque não quer que Colin acorde e esteja sozinho no
hospital, então eu voltei para casa para cuidar de Kiara. Minha loirinha é
uma das mulheres mais fortes que já conheci, mas ela tem todo o direito de
não estar se sentindo tão forte agora, enquanto nosso filho segue deitado em
uma cama de hospital, de olhos fechados e com uma atadura na cabeça.
Sophie e eu concordamos que eu não deveria levar Kiara até o
hospital para ver Colin, pois ela ainda é muito pequena e hospitais contém
inúmeras bactérias e vírus que podem ser perigosos para um bebê. Mas pela
forma como Kiara chora — e sei que não é de fome ou de sono ou de cólica
—, ela está sentindo falta do pai, com certeza.
Aurora e Casey apareceram nesses últimos dias para verificar se eu
estava precisando de ajuda com alguma coisa, mas as duas passam a maior
parte no hospital dando apoio para Sophie. Eu detesto deixá-la sozinha, mas
sei que ela também está preocupada com Kiara e eu sou a pessoa que deveria
cuidar dela enquanto Colin está no hospital. As garotas se ofereceram para
ajudar com o que fosse preciso, mas elas têm aulas e coisas da faculdade
para fazer. Sei que no tempo livre, elas estão no hospital fazendo companhia
para a Sophie e, sinceramente, essa é toda a ajuda que eu preciso: alguém
que esteja lá para abraçar a minha mulher quando eu não posso fazer isso.
E acho que eu estou focando minha preocupação em Kiara e Sophie
para não me desesperar com o fato do meu filho estar em coma no hospital,
sem sabermos quando ele vai acordar, porque eu acho que se realmente parar
para pensar nisso, vou ficar louco e não posso me dar esse luxo agora.
Kiara começa a chorar bem no momento que eu termino de esvaziar
a lava louças. Lavei todas as suas mamadeiras enquanto ela dormia em seu
quarto e aproveitei para arrumar a cozinha que estava de pernas para o ar
desde que Colin foi hospitalizado. Sophie e eu estávamos fazendo um jantar
especial, como fazemos pelo menos uma vez no mês, como se fosse um
encontro, quando recebemos a notícia. Deixamos a cozinha exatamente
como estava e fomos para o hospital. Tudo estava uma bagunça desde então.
Pego a mamadeira que já havia deixado preparada para quando Kiara
acordasse e subo as escadas depressa, indo até o seu quarto, onde encontro
Kiara no berço, com o rosto completamente vermelho de tanto chorar. Eu a
pego no colo e me sento com ela na poltrona que fica encostada na parede do
lado oposto do quarto.
— Shhh… está tudo bem, princesa. Está tudo bem.
Ofereço a mamadeira para Kiara, mas ela vira o rosto.
— Querida, você precisa se alimentar — eu converso com ela com
um tom de voz tranquilo para que Kiara tente entender que não tem
necessidade de chorar desse jeito. — Eu sei que você quer o seu pai e ele vai
voltar logo. Mas enquanto isso, o vovô vai cuidar de você, tá?
Eu a balanço nos meus braços, tentando evitar que o choro estridente
dela me leve à loucura. Então, ofereço a mamadeira de novo enquanto
murmuro uma música que eu costumava murmurar para Colin, quando ele
era bem pequeno. Sempre funcionou bem com ele e estou torcendo para que
funcione com Kiara também. Sophie sempre diz que a chave de tudo é
manter a calma, então, com muita paciência e delicadeza, eu ofereço a
mamadeira para Kiara novamente e para o meu alívio, ela aceita e começa a
mamar.
Observo a minha neta se alimentando e penso no quanto a vida passa
rápido. Eu me lembro com muita riqueza de detalhes o dia em que conheci
Sophie no Tina’s. Me lembro como foi desafiador conseguir chegar perto
dela, me lembro como nos apaixonamos e da nossa primeira vez juntos,
quando ela finalmente se sentiu pronta para vencer o medo imenso que a
consumia. Me lembro de como descobri que ela estava grávida, como quase
morri do coração porque ela estava no hospital depois de ter desmaiado. Me
lembro como se fosse ontem o dia do nosso casamento e os votos que
trocamos. Eu jurava que aquele seria o dia mais feliz de toda a minha vida,
mas então o Colin nasceu. Aquele sim foi o dia mais feliz da minha vida.
Nossa pequena família estava completa.
Não percebo que estou chorando até ver uma das minhas lágrimas
pingar na pele de Kiara e escorrer pela sua bochechinha. Rapidamente seco
os meus olhos e fungo para me livrar da coriza momentânea.
— Desculpe, querida. — Seco a bochecha de Kiara e aproveito para
fazer um carinho. — Você é a cara do seu pai, sabia disso?
Ela me olha com aqueles grandes olhos verdes — os olhos de Colin
—, o que automaticamente me deixa angustiado de novo. Preciso ligar para
Sophie para saber como estão as coisas. Eu sei que ela me ligaria se
houvesse alguma mudança no quadro de Colin, mas eu preciso pelo menos
ouvir a voz dela e saber como ela está. Sei que Sophie não vai deixar aquele
hospital até Colin sair de lá e não vou tentar convencê-la de fazer isso, mas
preciso saber que ela está comendo e descansando. A última coisa que eu
quero agora é que ela dê entrada no hospital também.
Kiara termina de mamar e eu a coloco para arrotar. Lembro de Colin
mencionar que ela estava sofrendo um pouco com os refluxos, então passo
mais tempo do que o normal para que ela arrote. Depois, decido dar um
banho rápido na pequena para garantir que ela vai estar limpinha quando eu
a colocar para dormir de novo.
Com todos os meus afazeres com Kiara cumpridos, eu a coloco no
berço, ligo a caixinha de ruído branco e me certifico de que a babá eletrônica
também está funcionando. Se Kiara seguir o mesmo ritmo dos últimos dias,
ele vai dormir dentro de 5 ou 10 minutos.
Coloco a babá eletrônica na mesa de centro e me sento no sofá
depois de puxar meu celular do bolso frontal da minha calça jeans. Ligo para
Sophie, que me atende no quarto toque.
— Oi, amor — ela me cumprimenta, o tom de voz angustiado me
desespera. — Como você e Kiara estão por aí?
— Estamos bem. Ela acabou de comer e eu a coloquei no berço.
Como você e o Colin estão por aí?
Sophie solta um suspiro.
— Colin está na mesma. Os sinais vitais estão bons, mas ele
permanece em coma. Derek, eu… — Ela respira fundo e sei que está se
esforçando para segurar o choro. — Eu não posso perdê-lo. Ele precisa
acordar, ele…
Engulo com dificuldade o nó que se forma na minha garganta e
expulso as lágrimas de volta para trás dos meus olhos. Não posso
desmoronar agora, pois Sophie precisa de mim. Ela precisa que eu seja forte
quando ela não consegue ser. Mas tudo o que eu queria agora é segurá-la nos
meus braços e deixar que ela chore, porque eu sei que é isso o que ela
precisa fazer e provavelmente está segurando para parecer forte para todo
mundo. Ela não consegue fingir para mim, no entanto.
— Ele vai acordar, amor. Temos que acreditar nisso, ok? Temos que
ter fé.
Sophie funga e fica em silêncio por um longo tempo, mas eu consigo
ouvi-la chorando baixinho. E eu deixo que ela chore enquanto murmuro que
tudo vai ficar bem, embora nós dois saibamos que eu não tenho como
prometer isso.
Não sei quanto tempo ficamos no telefone apenas mantendo o
silêncio, mas foi tempo o suficiente para Kiara começar a dar indícios de que
vai acordar. Sophie disse que me ama antes de desligar o telefone para falar
com o médico e descobrir se houve qualquer mudança, mesmo que mínima,
no quadro de Colin. E antes de subir para o quarto de Kiara com uma nova
mamadeira, aproveito que meu celular está na minha mão e ligo para Aurora,
na esperança de que ela consiga ficar com Kiara para que eu possa ir para o
hospital ficar com a minha mulher, porque eu sei que Sophie nunca pediria,
mas ela precisa de mim lá. Eu preciso estar lá por ela e pelo meu filho.
— Derek, você tem certeza? — Eretria pergunta, preocupada.
— Nós podemos ir para Paradise de novo, sem problema nenhum —
Savannah completa, igualmente preocupada. É tangível na voz delas.
Elas me ligaram cerca de dez minutos atrás para perguntar se houve
alguma mudança na situação de Colin. Toda a família ficou sabendo o que
aconteceu logo no dia seguinte e desde então pelo menos um deles ligou
todos os dias para acompanhar a situação.
— Vocês são mais que bem-vindas para voltar, se quiserem, mas eu
acho melhor esperarmos mais um pouco. Tenho a sensação de que se Sophie
ver a família vindo para dar apoio, vai parecer que a situação de Colin é
ainda mais séria. Entendem o que eu digo? Eu não quero que ela comece a
pensar que ele não vai acordar e por isso ela precisa de apoio.
— Ok, mas por favor nos mantenha informadas. Está todo mundo
super preocupado com vocês.
Eu suspiro.
— Eu sei, e eu agradeço o apoio. Vamos avisar assim que tivermos
novidades — eu prometo. — Preciso ir agora, mas obrigado por ligarem.
— É claro! Estamos com vocês, D — diz Savannah.
— Amamos vocês — completa Eretria.
— Nós amamos vocês também. Se cuidem.
Desligo o telefone segundos antes de a campainha de casa tocar.
Aurora tem treino essa tarde e um jogo importante amanhã, então ela
não pode vir ficar com Kiara, mas ela me disse que daria um jeito de me
ajudar para garantir que eu conseguiria ir para o hospital e ficar com Sophie.
Então, quando vejo Casey parada na soleira da porta, sei que essa foi a
solução que Aurora pensou.
— Oi, Casey. — Eu sorrio sem mostrar os dentes. — Entre, querida,
por favor.
Ela sorri de volta para mim de maneira singela e entra na minha casa.
— Obrigada. Ahn… Aurora me ligou e disse que você precisava de
ajuda com a Kie. Ela estava na correria, então não me explicou direito o que
houve. Está tudo bem? — Casey indaga, visivelmente preocupada.
— Está tudo igual, eu só preciso ficar algumas horas com a Sophie.
Ela… — Solto um suspiro angustiado. — Ela não está indo muito bem.
A tristeza se mistura com a preocupação já presente no rosto de
Casey. Embora não saiba exatamente o que está acontecendo entre Casey e
Colin, sei que ela tem visitado ele no hospital nos últimos dias e sei também
que isso mostra o quanto ela se importa com o meu filho. Eu consigo ver
isso no rosto dela agora.
— Tudo bem para você ficar com a Kiara por algumas horas? — eu
pergunto. Não vou mentir que fico um pouco apreensivo de deixar minha
neta com alguém que não seja da família, mas se Colin confia em Casey,
então eu sei que posso confiar nela também.
— Claro, eu posso ficar com ela.
— Obrigado. — Sorrio. — Eu dei mamadeira para ela agora pouco,
então quando ela acordar, talvez você precise trocar a fralda dela. Você sabe
fazer essas coisas?
Casey confirma com a cabeça.
— Sei sim, não se preocupa.
— Certo… Bom, eu devo voltar em algumas horas, mas eu deixei
meu telefone anotado em cima da ilha da cozinha. Você pode me ligar se
precisar de qualquer coisa, ok? — eu oriento. Tem tanta coisa se passando
pela minha cabeça agora que é impossível que Casey não perceba que eu
estou no meu limite.
Como quem parece entender o desespero que eu estou sentindo,
Casey dá um sorriso acolhedor e tranquilo.
— Kiara e eu ficaremos muito bem, não se preocupe. Fique com a
sua esposa e com o Colin e, por favor, se tiver qualquer notícia…
— Eu aviso.
Ela confirma com a cabeça.
— Certo. Estou indo então. Muito obrigado, Casey. Sei que meu
filho se sente muito melhor em relação a tudo desde que conheceu você.
Os olhos dela se enchem de lágrimas, mas ela é boa em impedi-las de
cair.
— Obrigada.
Eu saio de casa logo em seguida. Pego as chaves da caminhonete de
Colin, que um dia foi minha, e sinto as memórias me atingirem no momento
em que entro no carro. Me lembro como se fosse ontem de quando salvei
Sophie de uma tempestade absurda que caiu sobre Raleigh — quando ela
ainda se esforçava muito para me manter longe —, assim como também me
lembro que foi com essa caminhonete que eu a ensinei a dirigir. Olho para o
banco do passageiro e praticamente consigo ver Sophie sentada ali, anos
mais nova e tão linda quanto é agora.
É engraçado olhar para a vida e para os anos que passaram, porque
você nunca sabe qual vai ser a decisão ou o momento em que tudo vai
mudar. Para mim, tomar café da manhã com os caras no Tina’s naquele dia,
ficar completamente obcecado por uma garota que não queria nem me ver
pintado de ouro, mas tomar a decisão de não desistir dela foi o que me
garantiu a família que eu tenho hoje, o amor que eu tenho hoje… E eu
jamais trocaria isso por nada no mundo. Sophie e Colin são a melhor decisão
que eu já tomei.
Quando chego no hospital, encontro Sophie no quarto de Colin,
sentada em uma cadeira ao lado da cama, com os braços sobre o colchão e a
cabeça apoiada nos braços, como se ela estivesse tirando um cochilo, o que
só me prova que ela não tem descansado quase nada nos últimos dias. Eu
fecho a porta devagar e me aproximo silenciosamente porque não quero
assustá-la, mas Sophie levanta a cabeça antes mesmo que eu consiga chegar
perto dela. Seus olhos estão um pouco inchados e não sei dizer se é por
causa de um choro recente ou se ela só está exausta. O sofrimento em seu
lindo rosto… Juro por Deus que se eu pudesse tirar o sofrimento dela e
aguentar tudo sozinho, eu faria.
— Derek?
— Oi, linda. Como você está?
Os lábios dela começam a tremer e um choro irrompe de repente.
Sophie cobre o rosto com as mãos e chora desesperadamente. Eu me
aproximo depressa e ajoelho na sua frente, puxando o seu corpo contra o
meu e deixando que ela chore o quanto precisar. Eventualmente, eu pego
Sophie no colo e me sento na cadeira onde ela estava sentada, deixando-a no
meu colo, com o rosto escondido na curva do meu pescoço enquanto chora.
— Ele precisa acordar, Derek — ela soluça. — Eu sinto que estou
enlouquecendo mais e mais a cada dia, vendo ele nessa cama, sem se mover.
— Eu sei, amor. Eu sei. — Eu faço carinho em seu cabelo macio. —
Ele vai acordar em breve, Soph. Vamos dar a ele o tempo que ele precisa,
ok?
Demora alguns segundos, mas ela balança a cabeça concordando.
Eu não sei quanto tempo eu passo apenas abraçando-a, mas foi o
bastante para que Sophie pegasse no sono. E no silêncio do quarto, eu
observo meu filho deitado na cama, como se estivesse dormindo
pacificamente. Com a minha mão livre, já que a outra está amparando o
corpo de Sophie, eu seguro a mão de Colin.
— Filho, por favor — eu imploro baixinho. — Por favor, Colin. Por
favor, acorde.
Gostaria de dizer que esse momento foi milagroso, como vemos nos
filmes, e ele abriu os olhos e tudo ficou bem, mas não. Colin permanece de
olhos fechados, sereno, enquanto nós sentimos nossos corações partirem a
cada hora que ele permanece inconsciente.
— Vocês deveriam ter esperado mais um pouco para fazer essa festa
— eu comento com ninguém especificamente.
Estamos a manhã inteira organizando as coisas na casa de Grace para
que a festa de Halloween possa acontecer essa noite. E mais uma vez, a
minha melhor amiga não está nada feliz de ter que usar a sua casa para outra
festa. Acho que ela estaria mais complacente com a ideia se Colin realmente
fosse participar, já que o propósito do adiamento foi para que ele estivesse
aqui. Mas é claro que todos nós entendemos quando Trevor explicou o
motivo de Colin não participar.
Eu só espero que toda essa história com Anna termine logo e Kiara
possa estar completamente em segurança de novo.
— Nós deveríamos ter deixado essa festa para lá, na verdade —
resmunga Grace. — Daqui a pouco é Natal e nós estamos fazendo festa de
Halloween? Isso não tem o menor sentido.
— A festa de Halloween é uma tradição do time, joaninha —
argumenta John, enquanto carrega uma enorme caixa de som para dentro de
casa.
A temperatura não está mais favorável para uma festa do lado de
fora, como foi a última que tivemos, então Grace vai ter que se conformar
com uma festa do lado de dentro.
Grace suspira.
— Vou dormir na sua casa — ela me avisa.
Rio.
— É, eu imaginei.
Nós continuamos a organizar e decorar a casa para deixar tudo
preparado para essa noite. Não temos muitas horas para deixar tudo pronto,
mas o time todo está ajudando e eu apenas vim para fazer companhia para
Grace. No entanto, sou inquieta demais para apenas ficar sentada assistindo,
então começo a ajudá-los com o que eu consigo.
Grace conseguiu que os garotos concordassem em deixar apenas o
antigo quarto de Colin destrancado para a festa. Todos os outros quartos
estarão trancados, para evitar que a galera transe lá. Para que quarto se tem
dois banheiros na casa? Não que eu saiba alguma coisa sobre isso, porque eu
continuo miseravelmente virgem.
Cheguei tão perto de perder a virgindade tantas vezes, mas nunca
parece certo. Sempre que estou quase lá, penso na reação da minha família.
Eles ficariam arrasados e totalmente decepcionados comigo, mas o que mais
me incomoda é que eu estaria os magoando por um sexo que não significa
nada. Não é como se eu estivesse apaixonada pelos caras com quem quase
perdi a virgindade. No final das contas, sempre acabo decidindo que não
vale a pena o sofrimento. Mesmo que a minha família esteja me empurrando
para a tentativa de um casamento arranjado, eu não consigo odiá-los por
isso. Sei que eles me amam e só estão fazendo o que acreditam fielmente ser
o melhor para mim.
Eles estão errados? Sim.
Eu deveria fazer as minhas próprias escolhas e ser capaz de me casar
por amor? Sim e sim.
Mesmo assim, eu ainda me importo com a opinião deles, quero que
eles sejam felizes e sintam orgulho de mim. A questão é: estou realmente
disposta a passar por cima da minha própria felicidade para que isso
aconteça? Ainda não me decidi sobre isso, para ser sincera.
Estou tão distante em pensamentos que nem me dou conta que parei
no meio do corredor do andar de cima da casa, com as decorações que eu
supostamente deveria colocar no banheiro. Volto à realidade quando sinto a
caixa sendo tirada das minhas mãos.
Pisco os olhos para me livrar do estupor e encontro Luca parado na
minha frente, segurando a caixa que eu estava segurando até segundos atrás.
— Eu estou encarregada da decoração do banheiro — eu digo,
puxando a caixa das mãos dele, mas é claro que Luca não a solta de boa
vontade.
Sem dizer nada, como de costume, Luca apenas vira as costas para
mim e começa a andar pelo corredor. Bufando, com toda a paciência que eu
não tenho, eu vou atrás dele.
— Luca, me dá a caixa, por favor.
Eu tento ser educada, mas é nítido no meu tom de voz que eu estou
irritada. E é claro que Luca me ignora completamente. Ele entra no banheiro
e coloca a caixa em cima da pia. Eu o sigo, entrando no cômodo também. Eu
poderia deixar para lá, poderia deixar que ele fizesse o trabalho ele mesmo,
já que parece que é o que quer fazer, mas eu sou orgulhosa e teimosa demais.
Os olhos castanhos de Luca encontram os meus e ele sustenta o meu
olhar. Eu gostaria realmente de entender qual é a dele, mas esse cara é um
completo mistério para mim. Nós nos conhecemos desde que somos
pequenos, já que frequentamos a mesma comunidade de italianos e Paradise
não é uma cidade realmente grande. Eu me lembro dele de quando éramos
crianças. Luca sempre foi na dele, mais quieto que a maioria das crianças,
mas sei que ele falava mais naquela época. Ele sorria mais também. Foi
quando completamos dez anos, mais ou menos, que ele começou a mudar
drasticamente. Ele parou de sorrir quando as pessoas o cumprimentavam;
depois ele parou de respondê-las quando falavam com ele. Quando entramos
na adolescência, ele mudou o corte de cabelo, ganhou algumas cicatrizes —
só Deus sabe como — e encheu o corpo de tatuagens.
Eu o vi se transformar diante dos meus olhos e mesmo assim não
consigo entender o que rolou com ele.
— Obrigada, você pode ir agora.
Luca desvia os olhos dos meus e volta a sua atenção para a caixa.
Ainda sem me responder, ele começa a tirar as decorações de lá de dentro.
Não consigo entender se ele quer fazer isso sozinho ou se quer me ajudar.
Respiro fundo, não contendo a minha irritação por não conseguir
entender o que diabos ele quer. Estranhamente parece que sempre somos
atraídos um para o outro e detesto isso. Detesto tê-lo perto de mim porque
tudo o que consigo sentir é frustração. Por que ele tenta estar perto se não
fala comigo?
Por fim, desisto e decido que se ele me ignora, eu vou ignorá-lo
também. Eu estou encarregada da decoração do banheiro, então é isso o que
vou fazer. Tiro o restante da decoração de dentro da caixa, colocando tudo
em cima da pia para que eu decida exatamente o que quero colocar. Tento
lembrar de como estava a decoração do ano passado, porque com certeza
não quero fazer igual.
Encosto meu corpo na pia e me concentro em colocar as aranhas de
plástico presas na teia de mentira. Mantenho meus olhos na minha tarefa
como se minha vida dependesse disso, mas odeio não ser capaz de esquecer
completamente que ele está parado do meu lado. Eu consigo sentir a maldita
energia dele. Consigo sentir como ele emana violência e revolta, mas sei que
não adianta querer arrancar qualquer informação dele.
De novo, me pego perdida em pensamentos e só volto para a
realidade quando sinto a aproximação dele. Quando levanto a cabeça, me
dou conta de que Luca está parado na minha frente. Seus olhos estão fixos
nos meus de novo, mas ao invés de me permitir ser hipnotizada pelo
magnetismo que encontro ali, eu apenas permaneço parada e muito
consciente da aproximação dele. Não permito que a inegável atração física
que sinto por ele me domine.
Luca se aproxima mais um pouco, abaixando um pouco o tronco para
que consiga ficar da minha altura. Agora, seu rosto está apenas a alguns
centímetros do meu. Se eu erguer um pouco o queixo, acho que a minha
boca consegue tocar a dele. No entanto, eu não me movo. Cacete, eu acho
que nem estou respirando. Tudo o que faço é manter meus olhos nos dele e
garantir que meu rosto não entregue nada. E ele avança um pouco mais, mas
no último segundo antes de nossos lábios se tocarem, ele desvia o rosto e
estica o braço para pegar alguma coisa atrás de mim. Quando se afasta, vejo
que ele está segurando um morcego de plástico que estava jogado entre as
outras decorações, bem atrás de mim.
Maldito desgraçado.
Não esboço qualquer reação quando Luca dá um pequeno sorrisinho
para mim. Eu posso nem sempre entender qual é a dele, mas eu entendo
muito bem o que aquele sorrisinho quer dizer. Não sei o porquê, mas ele
parece gostar de brincar comigo. O problema é que, da mesma forma como
eu não o conheço mais, ele com certeza não me conhece também. Se ele
quer brincar, eu posso muito bem igualar esse jogo.
Luca se afasta totalmente de mim e continua colocando a decoração
pregada nas paredes e no lustre do banheiro, já que ele consegue alcançar.
Eu finjo que nada aconteceu e começo a colocar a teia de aranha na
banheira, mas me certifico de abaixar mais do que o necessário e empinar a
bunda na direção dele. Não viro meu rosto para ver se ele está olhando,
porque eu sei que está. Gostaria muito de ver a sua expressão agora, mas não
dou o gostinho de que ele tenha a certeza de que estou fazendo de propósito.
Continuo me movimentando com falsa inocência e me certifico de que
quando passo por ele, indo de um lado para o outro do banheiro, uma parte
do meu corpo encosta no dele. Como resposta, eu consigo ouvi-lo grunhindo
baixinho cada vez que eu faço isso.
Controlo a vontade de sorrir, pois eu sei que o estou deixando
irritado, no mínimo. Mas ainda não terminei. Espero mais alguns segundos
passarem e estão puxo minha camiseta por cima da minha cabeça, revelando
o sutiã vermelho que uso embaixo.
— Está calor aqui, não acha? — eu falo pela primeira vez em sabe-se
quanto tempo. Tenho a impressão de que qualquer envolvimento com Luca é
sempre nos detalhes, pois ele tem a sua própria forma de se comunicar.
Luca olha para mim, mas seus olhos não descem até o colo dos meus
seios. E como estamos fingindo ignorar um ao outro, eu passo por ele de
novo, indo até o outro lado do banheiro para terminar de colocar as últimas
decorações. No entanto, Luca me para no meio do caminho, segurando o
meu braço e me impedindo de me afastar mais.
— Se vista — ele demanda, a voz profunda como a escuridão do
fundo do mar.
Forço o sorriso para longe dos meus lábios, mas empino o meu
queixo, desafiando-o.
— Por quê? Se eu te desconcentro, não é problema meu. — Agora eu
finalmente sorrio. — Sabe qual é o seu problema, Luca? Você se acha
inabalável, acha que tem algum poder sobre as pessoas só porque elas não te
entendem. Adivinha só, amor, eu não dou a mínima. Se você tentar brincar
comigo de novo, eu vou me certificar de foder com você de um jeito que vai
impossível para você me ignorar. Ou me esquecer.
Luca aproxima o seu rosto e fica frente a frente comigo, mas eu acho
que ele ainda não entendeu que não me assusta. Luca me irrita e me deixa
frustrada, mas nunca assustada.
— Você vai se arrepender se fizer isso — ele me avisa, e
sinceramente, eu não acho que ele está errado. Tenho certeza de que essa
guerra fria entre nós dois vai acabar mal em algum momento.
— Não mais do que você vai se arrepender se não soltar o meu braço
agora — eu rebato.
Sem que eu precise falar duas vezes, Luca me solta, mas não se
afasta um centímetro. Não sei se ele consegue sentir a energia atravessando
nossos corpos como corrente elétrica, mas eu sinto. Assim como consigo ver
nos olhos dele, mesmo que ele ainda não tenha se dado conta. Eu posso não
entender nada quando o assunto é Luca Capone, mas de uma coisa eu sei:
algo em mim o incomoda e o instiga ao mesmo tempo, caso contrário ele
não estaria mais dentro desse banheiro comigo.
É só quando Luca se afasta e sai do banheiro que sinto que consigo
respirar de novo. Apoio minhas mãos na pia atrás de mim e respiro fundo,
tentando acalmar meus batimentos cardíacos.
Para a minha própria sanidade mental, eu preciso ficar longe desse
cara a qualquer maldito custo. E é exatamente o que vou começar a fazer
daqui para frente, não importa o quão curiosa eu seja sobre quem ele se
tornou.
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