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Como deve funcionar

a reabilitação do
amputado?
Geralmente, a pessoa que sofre com a amputação, assim como os seus fa-
miliares, vivenciam um período de luto e extrema ansiedade para o que virá
no futuro, tendo a implantação da prótese como um marco para o início de
uma etapa.

Porém, para chegar a esse momento tão almejado, é necessário que o am-
putado entenda a importância da fase pós-operatória. Confira as etapas:

1- Dessensibilização

Logo após o pós-operatório e a cicatrização do


coto, deve-se iniciar uma rotina de exercí-
cios de dessensibilização, aplicando di-
ferentes estímulos e auxiliando no con-
trole da famosa “sensação fantasma”
(sensação de que a pessoa ainda possui
o membro). Essa é a primeira fase para
preparar o coto para receber a prótese.
Para isso, existem alguns materiais que de-
vem ser utilizados.

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COMO DEVE FUNCIONAR A REABILITAÇÃO DO AMPUTADO?

Os materiais são:

- Toalha;

- Cubos de gelo;

- Água morna;

- Escova de dente;

- Algodão;

- Esponja de face fina;

Com eles, você deverá repetir alguns procedimentos, sendo de extrema


importância que faça isso diariamente, já que auxiliam no processo de cica-
trização e diminuem o risco de sofrer com dores intensas. Confira:

- Pequenos toques com a toalha: com uma toalha (morna, de preferên-


cia), toque levemente a região amputada, para que assim ela se acostu-
me gradativamente. Depois disso, durante 3 minutos, passe a toalha na
parte de cima do coto, depois mais 3 minutos na parte debaixo e, por
fim, mais 3 minutos na extremidade residual.

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COMO DEVE FUNCIONAR A REABILITAÇÃO DO AMPUTADO?

- Massagem simples: durante 5 minutos, massageie a região do coto, o


que irá melhorar a circulação sanguínea, a sensibilidade e resistência
no local.

- Massagem proprioceptiva (indicada após a retirada dos pontos e a cica-


trização completa do coto): por fim, durante 5 minutos e com a utiliza-
ção de um cubo de gelo, faça massagem com movimentos circulares ao
redor da cicatrização, Depois, utilize uma esponja molhada com água
morna e, por mais 5 minutos, continue com o movimento inicial, a
fim de fazer com que o corpo sinta o áspero. Depois disso, seque a re-
gião com uma toalha felpuda, prestando sempre atenção para não exer-
cer muita pressão no local. Finalize com uma massagem de 5 minutos
feita com o auxílio de uma escova de dente. O objetivo dessa massagem
é passar para o coto diversos tipos de sensações, aumentando sua pro-
priocepção.

Apesar de serem especificados para os processos acima, os materiais utili-


zados em cada um podem ser alternados. Por exemplo, se na segunda-feira
foi realizada a massagem com o gelo, escova de dente e a escova, na terça-
-feira você pode realizá-la com algodão, por exemplo.

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COMO DEVE FUNCIONAR A REABILITAÇÃO DO AMPUTADO?

2- Pré-protetização: quanto tempo demora até que a


região amputada esteja pronta para receber a prótese?

Apesar da influência externa exercida pelo peso corporal do paciente e ou-


tros fatores que influenciam no tempo de reabilita-
ção para a protetização, cabe ao amputado
a maior parcela de esforço para que o
processo seja concluído com sucesso.
No período de pré-protetização, as
recomendações podem ser diferentes
para cada um, já que varia muito de
acordo com a idade, peso, estado emo-
cional e a situação socioeconômica de
cada paciente.

Porém, em sua grande maioria, alguns profissionais recomendam o proces-


so para o início do uso da prótese após 6 meses da amputação, porém já
tivemos casos de pacientes que entre 45 a 60 dias após a amputação de-
ram início ao seu tratamento com a prótese, mas tenha em mente que estes
prazos podem variar de acordo com a característica de cada um, sendo esse
o tempo necessário para que a ferida do membro residual finalize a cicatri-
zação. Durante esse período, além de realizar os procedimentos que serão
citados a seguir, o amputado deve aproveitar para falar com outras pesso-
as que já possuem próteses, a fim de se acostumar com a rotina diária dos
exercícios e dificuldades comuns do dia a dia.

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COMO DEVE FUNCIONAR A REABILITAÇÃO DO AMPUTADO?

Confira o que deve ser realizado no período pré-protetização:

Enfaixamento

Para obter uma boa cicatrização, o amputado deve realizar enfaixamentos


do coto, através de uma atadura ou faixa elástica. Esse procedimento deve
acontecer diariamente e tendo as faixas trocadas 3 vezes ao dia, além de
não ser recomendado ficar mais de 12 horas com o curativo.

Esse processo é importante, pois:

- Estimula a circulação sanguínea e o metabolismo;


- Elimina possíveis edemas;
- Prepara o coto para receber a prótese.

Para um bom enfaixamento, é importante que a pressão seja uniforme em


toda a faixa, evitando também que o amputado sinta incômodos na região.
Caso aconteça, deve-se repetir o procedimento até que a dor desapareça.

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Prevenção de contraturas

As contraturas são contrações persistentes e totalmente involuntárias nos


músculos, podendo causar, inclusive, encurtamentos musculares e prejudi-
car a preparação para a aplicação da prótese.

Elas estão totalmente relacionadas com a postura do amputado no período


pós-operatório, por isso é importante que o amputado siga as recomenda-
ções médicas quanto a como ele deve se portar em casa enquanto aguarda
a cicatrização do coto. Confira algumas delas:

- Não deitar na cama com o coto flexionado ou para fora dela;


- Não colocar almofadas debaixo do coto;
- Não colocar almofadas debaixo do quadril;
- Não sentar com o coto flexionado;
- Não colocar almofadas entre as pernas;
- Não dobrar as pernas quando estiver deitado na cama;
- Não sentar com as pernas cruzadas;
- Exercícios de preparação do coto.

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Por fim, os exercícios de fortalecimento e desenvolvimento da elasticidade


também são muito importantes no período de preparação para a protetiza-
ção. Caso sejam realizados da maneira correta desde as primeiras semanas,
é possível evitar retrações musculares, aderências cicatriciais e a diminui-
ção da mobilidade articular no local.

É importante ter em mente que um coto bem tonificado é o que permite o


bom uso da prótese, portanto não se deve medir esforços na prática dos
exercícios diários. Esses, por suas vezes, podem ser:

- Exercícios de Alongamento, focando na flexão da perna amputada;

- Exercícios de Fortalecimento, focando na tonificação do músculo do coto


através de flexões, extensões e aduções que serão passadas pelo médico
acompanhante.

Durante esse período, também pode ser solicitado a utilização de uma pró-
tese removível para a adaptação do local.

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A higienização do coto também
é algo muito importante
durante o pós-operatório
Como se trata de uma área que passou por um processo extremamente
complexo, resultando em diversas cicatrizes e perda significativa da sensi-
bilidade, é muito importante que a região do coto tenha cuidados diários no
que se diz respeito à higiene.

Portanto, seja sozinho (a) ou com um acompanhante, é essencial ter o há-


bito de observar a região através de um espelho, procurando por manchas
de origem desconhecidas, má cicatrização ou até pequenas protuberâncias
que, no futuro, podem vir a originar edemas.

Caso não haja nada anormal com o coto, o amputado pode seguir com algu-
mas dicas de higienização:

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A HIGIENIZAÇÃO DO COTO TAMBÉM É ALGO MUITO IMPORTANTE DURANTE O PÓS-OPERATÓRIO

Lavar o coto pelo menos uma vez ao dia com


água morna e sabonete neutro, lembrando
de realizar movimentos leves e circulares;

Após o banho, secar a região amputada com uma


toalha macia ou felpuda, porém evitando contato
direto com a cicatriz;

Quando estiver seco, massageio o coto com um creme


hidratante, evitando que a área fique ressecada e
possa demorar a cicatrizar.

Esse processo deve acontecer antes e depois da protetização, sendo impor-


tante também que a pessoa tome banhos de sol visando aumentar a vitami-
na D no corpo e, consequentemente, fortalecer os ossos do corpo e acele-
rando a cicatrização.

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Próteses: chegou o
grande momento!
Após passar por este período de luta e sacrifício para se acostumar com a
nova rotina, caso a região tenha sido fortalecida o suficiente, chegou a hora
de receber a tão almejada prótese.

Se antigamente elas possuíam uma finalidade apenas estética, hoje sua


prioridade é totalmente funcional, possibilitando que o amputado não de-
penda de outras pessoas para realizar atividades simples do seu dia a dia.

Para escolher o encaixe perfeito, o profissional que estiver acompanhando


a sua amputação precisará realizar inúmeros testes na região amputada, a
fim de evitar que futuros incômodos possam vir a acontecer. Para cada nível
de amputação, por exemplo, há uma prótese correspondente.

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PRÓTESES: CHEGOU O MOMENTO

1- Mecânicas, ou seja, com fonte de energia interna, sendo acionada pelo


próprio paciente através da propulsão muscular;

2- Pneumáticas, com um dispositivo contendo um pistão de ar, onde hora


estará sendo comprimido, hora estará dando retorno desta compressão;

3- Hidráulicas, esta terá um pistão de óleo que irá usar a resistência mecâ-
nica do componente para suavizar os movimentos;

4- Elétricas, controladas por uma chave que é acionada através do contato


corporal;

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PRÓTESES: CHEGOU O MOMENTO

5- Biônicas, que podem ser controladas por eletrodos que captam as con-
trações musculares, acionando os movimentos e conter diversos tipos de
sensores (pressão, posicionamento, direção) que vão atuar no micropro-
cessador da prótese e realizar a funçào desejada com mais perfeição;

6- Híbridas, que são controladas por dois tipos de componentes: mecânico


e biônico, o que a torna muito mais funcional;

7- Estéticas, que não proporciona funções ativas do corpo, sendo utilizada


somente para apoiar objetos, mas sem a mobilidade para pegá-los.

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Quanto tempo leva para
que o corpo se acostume
com a prótese?
Após passar por todos os processos iniciais da amputação e ter decidido
qual prótese utilizar, é a hora que geralmente aparece a seguinte dúvida:
quanto tempo vai demorar para que o corpo se adapte à utilização da próte-
se?

Bom, é importante ter em mente que esse período pode variar, já que fa-
tores individuais, como o nível de amputação e até algumas características
pessoais, como a idade do paciente, o tipo da prótese e a sensibilidade de-
vem ser levados em consideração.

Por isso, é importante sempre ter força de vontade para se adaptar, enten-
dendo que é um processo complicado, mas que fará muita diferença no fu-
turo. Para esse processo, o acompanhamento de um fisioterapeuta especia-
lizado é imprescindível.

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