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II) Influência do casamento monogâmico na Europa

A influência do casamento monogâmico na Europa foi possível a partir


da conversão do imperador Constantino ao cristianismo. Este através de ato
um ato ousado, que não considerou as posições contrárias da maioria dos seus
súditos1, promulga em 13 de junho de 313 o Édito de Milão, a fim de garantia a
tolerância e liberdade de culto para os cristãos e, ainda, aos não cristãos. 2 A
respeito disso, segundo afirma Helmut Steinwasher Neto 3, pela primeira vez na
história há o reconhecimento do caráter laico estatal, isto é: “Na aplicação
deste Édito, as perseguições deveriam acabar. Todos estavam livres para suas
opções religiosas. Constantino pública dois Editos também garantindo aos
pagãos o exercício de seu culto.4
Sessenta e sete anos após a decretação do Edito de Milão é
promulgado em 27 de fevereiro de 380 d.C o Edito de Tessalônica, pelo
Imperador Teodósio II, o grande (379-395 d.C). Pelo referido Edito o
cristianismo foi considerado a religião oficial do Império Romano, em lugar
daquele princípio de liberdade religiosa, regime de uma única religião estatal5
Então, Constantino estabeleceu o Cristianismo como a
religião oficial de todo o Império Romano e também tomou medidas
para evitar que a fé cristã fosse destruída por perseguição externa ou
por conflitos internos. Constantino não só preservou o Cristianismo
como também deu um passo da maior importância para torná-lo a
religião dominante da Europa6.

Segundo o mestre José Guida Neto7, o Direito Romano ganha notável


expressão com o advento do cristianismo com religião livre para atuar em

1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/17956/17956.PDF – p.492 acesso em 10.05.2023
2
https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$edito-de-milao – acesso em 09.05.2023
3
Possui graduação em Direito pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (2002),
Mestrado em Direito Civil pela Universidade de São Paulo (2012) e Doutorado em Direito Civil
pela Universidade de São Paulo (2016). Tem experiência na área de Direito Romano e Civil,
atuando principalmente nos seguintes temas: Direito Romano, História do Direito, Direito Civil,
Direito de Família Romano e Direito Canônico
4
Edito de Milão e o princípio da liberdade religiosa – p.
(https://revistas.direitosbc.br/fdsbc/article/view/148/103 -acesso em 9.05.2023)
5
Idem p.16
6
"Constantino" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2023. Consultado em
10/05/2023 às 14:09. Disponível na Internet
em http://www.sohistoria.com.br/biografias/constantino/
7
Advogado; graduado em Direito, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; Mestre em
filosofia do
direito pela Universidade Metodista de Piracicaba, doutorando em Filosofia do Direito pela
Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo; Conselheiro da Comissão Especial de Ensino Jurídico da
OAB/SP,
desde 2003; Membro da União dos Romanistas Brasileiros –VRBS; Coordenador do curso de
Direito da
Faculdade Integral Cantareira; Professor da FD/FAPAN -
https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/22451/2/Teresa%20Cristina%20da%20Cruz
%20Camelo.pdf – acesso em 10.05.2023
Roma. Reiterando, isso se dá através de Constantino que promulgou o Édito
de Milão.

Como já foi dito, Constantino I lançou o Edito de Milão em 313 d.C,


proclamando a liberdade de culto e pondo fim ao longo ostracismo da
Igreja Cristã. O imperador ocupa-se imediatamente de colocar a
legislação de acordo com as doutrinas do Cristianismo8.

Como já analisado, o casamento em Roma era sempre monogâmico 9.


Com as publicações daqueles Editos, Milão e Tessalônica, o sistema
monogâmico já a muito praticada no império romano, é algo que passa
considerado sagrado. Além disso, com a promulgação daquela norma, o
cristianismo, oficialmente declarado, assentou suas bases na legislação do
Estado Romano10. Por conseguinte, o cristianismo trouxe para o casamento
alguns princípios: “... a liberdade de escolha dos cônjuges, seu consentimento
pessoal, a indissolubilidade, o casamento como o único local de exercício da
sexualidade lícita e a monogamia.11

Segundo Paula Barata Dias, se referindo ao casamento monogâmico


adotado na Roma Antiga, afirma que antes do cristianismo se tornar oficial com
a promulgação do decreto de Teodócio, a igreja aprovava o concubinato como
exclusiva forma de união para a maioria da população, contanto que fosse
monogâmica e indissolúvel, pois ela não se importava com os aspectos legais
decorrente de tais relacionamentos. Portando, se aquelas duas condições
fossem respeitadas nas formulas legais de união na lei romana, poderiam
contar com as benções da igreja. Acrescenta ainda Paula Barata Dias, que a
igreja: “... conseguirá impor ao Estado (Romano) a uniformização do
enquadramento legal dos laços conjugais, contribuindo para a universalização
de uma só forma e ritual de casamento”12.

Como visto até aqui, inegavelmente, Constantino ao decretar o Edito


de Milão foi quem deu iniciativa para que o cristianismo fosse acolhido e
tolerado no império romano. Contudo, somente a religião cristã se tornou único
e oficial com o decreto do imperador Teodósio I, em 380. Ademais, a “... partir
deste ato, o Estado romano não é mais agnóstico e sim confessional, com
todas as consequências que dar advirão”13. Ato de Teodósio tornando a
religião cristão a única do império romano foi muito importante para a formação
da civilização da Europa Ocidental.
8
idem
9
O casamento romano era estritamente monogâmico” (1953: 593). Isto não
impediu, porém, o fato de que a concubinagem fosse considerada “uma instituição essencial
ao lado do casamento” na roma antiga. Sobre este assunto, veja-se Brundage, 1987: 123
(Epistemologias do Sul) – p.45
10
LOBO, Abelardo Saraiva da Cunha. Curso de Direito Romano, p. 520.
(https://www.ufrb.edu.br/etica/images/A_credibilidade_nas_pol%C3%ADticas_p
%C3%BAblicas/Livros/Crime_e_Sociedade.pdf, pág. 77, acesso em 10.05.2023)
11
https://www.ufrb.edu.br/etica/images/A_credibilidade_nas_pol%C3%ADticas_p
%C3%BAblicas/Livros/Crime_e_Sociedade.pdf - p.47
12
http://www2.dlc.ua.pt/classicos/casamento.pdf - acesso em 11.5.2023
13
https://revista.classica.org.br/classica/article/view/826/737 - acesso em 11.05.2023
Por conseguinte, cristianismo cresce progressivamente até o século IV,
momento em que se transforma numa religião de Estado com o imperador
Constantino I, tendo muito poder e “...Embora tenha sido considerada uma
seita subsersiva, durante boa parte do Império Romano, o cristianismo se
tornou a religião mais importante da Europa Ocidental14.

Ricardo Oliveira Rotondano, afirma que o crescimento da religião cristã


do ocidente que adota como base o sistema monogâmico, eleita por Teodósio
a religião oficial do império Romana, expandiu levando com ela aquele
pensamento (monogâmico) a todos os cantos das nações europeias e,
também, as suas respectivas colônias denominadas “novo mundo”, entre eles:
“...os países norte-americanos e latino-americanos herdaram dos povos
invasores a religião cristã ... que consequentemente adotaram o modelo
monogâmico”.15

Se referindo a relação monogâmica no ocidente, Norbert Elias16,


assevera que é certo afirmar que as relações monogâmicas são predominantes
no ocidente e o casamento monogâmico constitui a instituição dominante que
reguladora as relações sexuais do ocidente: “ A Igreja evidentemente lutou
desde cedo pelo casamento monogâmico.17 Cabe acrescentar que Yara
Cristina Marks Vieira, citando Nuno Espinosa Gomes da Silva, traz exemplo da
história recente com respeito a influência do Direito Canonico18:

“Um estudo do casamento em Portugal (como aliás em


qualquer outro país da Europa Latina) não pode deixar de se ocupar,
em primeiro, do casamento no Direito Romano. Para isso, concorrem
razões que vão além do próprio e evidente facto de a nação que,
hoje, é Portugal ter sido objeto de romatização; dessas razões, a
principal será, sem dúvida, a de que a doutrina do casamento
canónico – cuja importância é necessário, desde já, salientar – se não
completamente dominar, sem o conhecimento da estrutura jurídica do
casamento romano.”19

14
https://intranet.policiamilitar.mg.gov.br/conteudoportal/uploadFCK/ctpmbarbacena/
10042016111340399.pdf - acesso em 11.05.2023.
15
Rotondano, R. (2013). Investigando a herança cultural-religiosa brasileira: a dificuldade em
instituir um Estado plenamente laico. Revista do Direito Público, 8(2), 221-
238. (http://www.scielo.edu.uy/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2301-06652018000100244
16
Norbert Elias (Breslávia, 22 de junho de 1897 — Amsterdã, 1 de agosto de 1990) foi
um sociólogo alemão. Elias é um dos principais representantes da sociologia dos
processos, também conhecida como sociologia das figurações ou Sociologia Figuracional
17
0 processo civilizador Norbert Elias; tradução Ruy . Jungman; revisão e apresentação Renato
Janine Ribeiro. v.1 -2.ed. -Rio de Janeiro: Jorge ZaharEd., 1994
(https://institucional.ufrrj.br/portalcpda/files/2018/09/ELIAS__Norbert._O_processo_civilizador_v
olume_1.pdf -acesso em 11.05.2023)
18
O direito canônico foi fundamental para o desenvolvimento da predominante concepção de família e
de conjugalidade monogâmica. A Igreja Católica foi a primeira instituição a fazer do casamento um ato
solene e regulou-o de forma tão detalhada que mesmo o movimento de secularização pós-Revolução
Francesa não foi capaz de apagar tamanha influência (https://www.conjur.com.br/2020-nov-26/paloma-
braga-monogamia-protecao-familias - acesso em 11.05.2023)
19
https://repositorio.ual.pt/bitstream/11144/4678/1/Yara%20Cristina%20Marks%20Vieira%20-
%2020150260.pdf – acesso em 11.05.2023
https://www.sohistoria.com.br/biografias/
constantino/De acordo com Mestre Hendrix Silveira, o cristianismo em
muito contribuiu na construção de toda estrutura cultura da europa ocidental,
considerando que todos os cidadãos europeus e seus descendentes tem o
sinal da religiosidade cristã, em todas as suas atitudes e na forma de vê o
mundo20. Prossegue afirmando o citado mestre, que a religião cristã em Roma
segue progressivamente até ser, finalmente, após fortes e cruéis perseguições
onde homens, mulheres e crianças perderam a vida, reconhecimento com uma
religião livre para atuar no império romano.

Portanto, as suas práticas adotadas pelo cristianismos se expandem


por toda europa, contudo, infelizmente, sua mensagem encontra sérios
obstáculos das populações que seguem outras correntes religiosas. 21 Cabe
lembrar que os Romanos eram até então politeístas “...Durante o período
republicano e imperial, os romanos seguiram uma religião politeísta (crença em
vários deuses), muito semelhante à religião praticada na Grécia Antiga” 22 A
respeito disso, Armando Alexandre dos Santos23 diz o seguinte:

o cristianismo combateu uma série de hábitos entranhados na cultura


antiga dos romanos é fora de dúvida. Mas parece excessivo ver
nesse combate a causa do amolecimento do caráter e da fibra da
velha Roma. Pelo contrário, o cristianismo representou, na decadente
sociedade romana, um papel de renovação e fortalecimento, como
destacou Santo Agostinho (354-430) na Cidade de Deus, obra escrita
naquele período, justamente para defender o cristianismo contra seus
críticos que o apontavam como inimigos do Império

Por fim, Constantino não somente transformou o cristianismo uma


religião oficial do estado romano, tornando livre o seu culto, como adotou
formas para resguardá-la de perseguição, interna ou externa. Desta maneira,
“... Constantino não só preservou o Cristianismo como também deu um passo
da maior importância para torná-lo a religião dominante da Europa24.

20
file:///C:/Users/SANT%20PARK/Downloads/2942-11441-2-PB%20(2).pdf – acesso em 11.05.2023
21
idem
22
https://www.suapesquisa.com/imperioromano/religiao_romana.htm - acesso em 12.05.2023
23
licenciado em História e em Filosofia, doutorna área de Filosofia e Letras, membro do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Portuguesa da História.
24
https://www.sohistoria.com.br/biografias/constantino/ - acesso em 12.05.2023
xxxxxxxxxxxxxxxxx

Historicamente o sistema monogâmico cristão

Tenho chamado de sistemas de monoculturas 25a lógica da colonialidade. Nela, o um


é imposto como único caminho possível. O deus cristão não é apenas monoteísta, mas
monogâmico: para provar que o ama, a pessoa precisa, necessariamente, não amar outros
deuses, senão comete adultério. É nessa linha que a monogamia é um sacramento cristão, ela
é um casamento com Jesus. A imposição da monogamia, segundo a historiadora Vania
Moreira, foi crucial para a implementação do projeto colonial. Ela comenta que o combate dos
missionários à não monogamia indígena se tornou uma grande obsessão na época porque ela
impedia o batismo e sem este, não seria possível levar adiante a catequização. Nas cartas
jesuíticas, temos relatos dos padres em que afirmavam que o único casamento verdadeiro era
o cristão e, portanto, o monogâmico. A qualidade exclusiva desse matrimônio estaria
especialmente posta no seu atributo temporal, ou seja, só seria verdadeiro o vínculo que não
se acabasse e/ou se transformasse. Os jesuítas ficavam horrorizados em observar que nossos
ancestrais guarani interrompiam o vínculo quando queriam e como desejavam, sem que
houvesse punição ou constrangimento algum em relação a isso. Nisso, vemos que monogamia
não era e não é sobre quantidade de pessoas com que se relaciona, mas sobretudo sobre o
modo em que essa relação acontece. Se lembrarmos que a conquista do direito ao divórcio só
foi plenamente assegurada na Constituição de 1988, percebemos como até pouquíssimo
tempo, as pessoas não tinham o direito legal de interromper suas relações. O Estado colonial
em que vivemos é fundamentalmente cristão, inclusive há poucos anos atrás ele criminalizava
pessoas pelo crime de “adultério”, que em verdade não passa de um pecado cristão

25
file:///C:/Users/SANT%20PARK/Downloads/moliveira,
+EPSULv5n2_2_E-2_+Geni+Nu%C3%B1ez.pdf – acesso em 11.05.2023

“Na Europa do século XII, numa sociedade que


estrangulava os direitos das mulheres, com a ascensão da
monogamia e do direito paterno como instrumentos de opressão
ao sexo feminino, a arte surge como um contraponto, como uma
ideia divergente. O amor cortês se levanta como uma alternativa
às instituições sociais vigentes, uma vanguarda romântica
recém-nascida trazia ideais subversivos.
https://medium.com/@pedropaliares/a-origem-da-fam%C3%ADlia-por-
engels-e-a-monogamia-em-diverg%C3%AAncia-com-o-ideal-de-amor-rom
%C3%A2ntico-1be1348eec5e – acesso em 11.05.2023

...............

Verifica-se assim, com os exemplos acima citados, que a presença do considerado


pagão era constante entre a população. E ainda, a tentativa de embate por meio da pregação
foi insistente durante toda Primeira Idade Média. Porém, é difícil medir os efeitos da pregação,
e ainda, o período em que sua assimilação foi maior, ou menor, mas, podemos levar em conta
o que Hillgarth adverte: “levou-se alguns séculos para que o Cristianismo realmente
penetrasse na vasta massa da população da Europa Ocidental, e ainda, para a maior parte da
população rural até o século VIII (e frequentemente muito depois), certa forma de paganismo
continuava pelo menos tão atraente quanto o Cristianismo” (HILLGARTH, 2004: 16)

http://www.snh2015.anpuh.org/resources/anais/
39/1439398135_ARQUIVO_Trabalhocompleto.pdf

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Imperador romano (288-337 d.C.). Em seu


governo, a fé cristã se tornou a religião oficial
do Império Romano.
Constantino estabeleceu o Cristianismo como a
religião oficial de todo o Império Romano e
também tomou medidas para evitar que a fé
cristã fosse destruída por perseguição externa
ou por conflitos internos. Constantino não só
preservou o Cristianismo como também deu um
passo da maior importância para torná-lo a
religião dominante da Europa.
https://www.sohistoria.com.br/biografias/
constantino/

Na Roma clássica, o casamento era considerado como uma união indissolúvel entre
uma mulher e um homem, com direitos humanos e divinos em uma comunhão de vida. Já na
Roma imperial, a conotação divina não existia mais e a lei já admitia o divórcio; mas com as
mudanças feitas pelo imperador Constantino, já na era cristã, o divórcio foi abolido -
http://lealventura.com.br/2010/10/172/

................................................

A igreja sacralizar a monogamia, como um dos requisitos do casamento, a igreja


Parei

A sacramentalização do matrimônio, observa Silva (2012), tinha por pano de fundo a


finalidade de enlarguecer o poder político da Igreja para executar seu projeto de
cristianização, para o qual as complexas regras elaboradas para os matrimônios, até então
realizados como meros atos consensuais, serviriam como instrumentos de dominação. Um
indicativo desses intentos é exatamente o cânone nº 12 sobre o sacramento do matrimônio,
que estabeleceu a competência dos juízes eclesiásticos para julgar as controvérsias
envolvendo as uniões matrimoniais, avocando a competência dos juízes seculares. 10 Ora, se o
casamento é coisa santa, é da igreja e não do Estado a responsabilidade para julgar suas
controvérsias

Realizada a tarefa inicial de minimamente investigar uma pequena


parte do surgimento da monogamia, é o momento de avançar nossos olhares
para alguns acontecimentos fundamentais na Europa do século XVI, quando a
monogamia, já consolidada na cultura da civilização como um costume geral,
estava prestes a assumir um papel ainda mais relevante, o de coisa sagrada,
consequentemente se tornando regra impositiva que, como se verá mais
adiante, seria reproduzida nas colônias do novo mundo, a exemplo da
experiência brasileira.

através do decreto de Milão O Édito de Milão, promulgado a 13 de junho de


313 pelo imperador Constantino (306-337), assegurou a tolerância e
liberdade de culto para com os cristãos, alargada a todo o território
do Império Romano.
tem como causa
o analisar as características do casamento monogâmico da antiga Grécia e
Roma,

Entre o final do século III e o início do século IV, a conversão do Imperador Constantino, pelo
Edito de Milão (313), foi um importante marco da ascensão do cristianismo. Ao se converter,
Constantino revogou as leis matrimoniais de Augusto, concedendo às mulheres, solteiras com
vinte e cinco anos ou mais, liberdade para controlarem suas próprias pessoas e bens72

XXXXX

A TRADIÇÃO MONOGAMICA SE ESPALHOU PELA


EUROPA E SE TORNOU PARTE DO CRISTIANISMO
A sacramentalização do casamento assegurou a consolidação do poder
político da Igreja e determinou a formulação de um código de conduta
moral sistemático e minucioso. Já que a união conjugal passou a ser uma
união sagrada, autorizada pelo clero, tornou-se necessário regulamentá-la.
A indissolubilidade conjugal e a monogamia apareceram como emblemas do
casamento cristão, embora não tenham sido invenções do cristianismo. A
Igreja teve de enfrentar uma forte oposição aristocrática para inserir a
estabilidade matrimonial no rol de normas a ser seguido, pois os
aristocratas estavam habituados a repudiar suas mulheres e contraírem
novos casamentos. Ela tentou ser flexível e introduziu outras injunções
antes de proibir expressamente a dissolução do vínculo matrimonial.
Gradativamente, o modelo cristão de casamento, monogâmico e
indissolúvel, foi prevalecendo sobre o modelo laico aristocrático.

Aspectos do casamento monogâmico na antiga Grécia e Roma


Grecia
não era um sentimento necessário para a felicidade do futuro casal, uma vez
que na relação matrimonial os gregos não iam em busca de amor e, nem
tampouco de prazer sexual.
a mulher tinha o dever rígido de castidade e de fidelidade ao marido. No
entanto, o homem não tinha tal dever, em razão da monogamia ser apenas
para as mulheres, uma vez que os homens a burlavam, visto que, p.ex, se
tinham escravas eles as tornavam suas concubinas .
Roma

E m verdade só havia um a maneira de contrair núpcias e m Roma: pela mútua concordância


na affectio marital - file:///C:/Users/SANT%20PARK/Downloads/67400-Texto%20do%20artigo-
88820-1-10-20131125.pdf acesso em 09.05.2023

ROMA
Para o direito canônico, o matrimônio possui natureza contratual, nascendo de um acordo de
vontades entre um homem e uma mulher, que culminará em uma união indissolúvel,
independentemente de relação sexual ou afeto entre o casal[3](AZEVEDO, 2002, p. 56). Não
obstante o matrimônio ter como finalidade primordial a procriação (COSTA, 1987, p. 69),
Orlando Gomes diz que o direito canônico exigia a "potência contemporânea dos contraentes.
Embora a Igreja não repute essencial ao casamento o coito, considera necessária, conforme
ensinamento de Santo Tomás de Aquino, a aptidão física para praticá-lo" (1976, p. 65).
Enquanto o casamento romano fundava-se na affectio maritalis, e, portanto, dissolúvel a partir
do momento em que essa afeição terminasse, o direito canônico defende a indissolubilidade do
matrimônio. A igreja, portanto, além de ter sido um forte instrumento de colonização,
influenciou notadamente o ordenamento jurídico brasileiro. A religião católica monopolizou a
celebração do casamento ao elevá-lo à categoria de sacramento (BEVILAQUA, 1976, p. 34).
Dessa forma, a principal instituição do direito das famílias era controlada e regulamentada pelo
direito canônico.

https://ibdfam.org.br/artigos/687/O+Direito+de+Fam%C3%ADlia+no+Brasil-Imp%C3%A9rio –
acesso em 09.05.2023

GRÉCIA

A Grécia antiga traz a família monogâmica, mas não como "fruto do amor sexual individual,
com o qual nada tinha a ver, já que os casamentos continuavam sendo, como antes, casamentos
de conveniência" (ENGELS, [S.d], p. 71). A monogamia, segundo Friedrich Engels ([S.d.], p.
71):

GRÉCIA

Na Grécia Antiga, como em muitas outras sociedades do passado, os casamentos eram vistos
muito mais como alianças entre famílias e como uma convenção social, cujo objetivo
principal era a geração e o cuidado com a prole. Era fundamental, antes de mais nada,
assegurar a continuidade da família, e, com ela, do culto doméstico – e da pólis

ROMA

“O matrimónio romano foi caracterizado como “concreta comunidade de vida” de marido e


mulher, sustentada pela affectio maritalis, a intenção e consciência de ambos os cônjuges de
que a sua união é matrimónio”5

O tipo social de matrimónio é composto através da consciência matrimonial que envolve


uma união perpétua, monogâmica, concretizada em comunidade de vida e associação
doméstica e, com a finalidade da importância de conseguir descendentes de pleno direito56 ,
pois se caracterizava como facto social e não uma relação jurídica, com os princípios baseados
na moral, não sendo averiguados pelo Estado.

https://repositorio.ual.pt/bitstream/11144/4678/1/Yara%20Cristina%20Marks%20Vieira%20-
%2020150260.pdf - acesso em 09.05.2023
http://www.scielo.edu.uy/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2301-06652018000100244

https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=uXxxEAAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT2&dq=roma+antiga+monogamia+na+europa&ots=r
L2bN9c3E_&sig=w6GSpqnVPzJOM4VTDKJ3gnP3oMY#v=onepage&q&f=false

https://www.itaporanga.net/genero/3/01/03.pdf

https://www.repositorio.ufal.br/bitstream/123456789/8416/1/Transexualidade%20e
%20trabalho%20sobre%20a%20imprescindibilidade%20do%20trabalho%20na%20constru
%c3%a7%c3%a3o%20de%20identidades%20de%20g%c3%aanero.pdf

http://objdig.ufrj.br/96/teses/808865.pdf

file:///C:/Users/SANT%20PARK/Downloads/1186-article-2730-1-10-20191011-1.pdf

http://repositorio.uft.edu.br/handle/11612/3636

http://repositorio.uft.edu.br/handle/11612/3674

file:///C:/Users/SANT%20PARK/Downloads/Responsabiliza%C3%A7%C3%A3o%20Paterna
%20como%20Direito%20de%20Cidadania%20da%20Prole.pdf

https://www.periodicorease.pro.br/rease/article/view/7744

https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/55634420/ARTIGO_-_ADOCAO_HOMOPARENTAL-
libre.pdf?1516902730=&response-content-disposition=inline%3B+filename
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http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-25262015000200008 –
acesso em 07.08.2023
- O sistema monogâmico europeu

file:///C:/Users/SANT%20PARK/Downloads/49253-Texto%20do%20Artigo-176491-1-10-
20210816%20(2).pdf. Acesso 1.05.2023

- 14. Pressupostos éticos e políticos da crítica de Engels ao casamento monogâmico em A


origem da família, da propriedade privada e do estado

https://wp.ufpel.edu.br/nepfil/files/2023/04/CFC23.pdf#page=205 – acesso 1.05.2023

-3.1 - RELAÇÕES MONOGÂMICAS – MITO DO AMOR ROMÂNTICO

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-25262015000200008 –
acesso 1.5.2023

- A mulher na religião judaica (período bíblico: primeiro e segundo Templos) –


acesso .1.05.2023

https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/32287031/573-libre.pdf?1391098834=&response-
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OSbVbT7gGZagIHrW5C-UzgRoT5KKLsXq1LsPrsw__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA -
1.5.2023

- A investigação em ciências sociais par le bas: por uma construção autónoma, endógena e
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http://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar:8080/bitstream/CLACSO/14275/1/
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-A INFLUÊNCIA DO DIREITO CANÔNICO SOBRE AS CAUSAS DE IMPEDIMENTO MATRIMONIAL


DO CÓDIGO CIVIL DE 2002

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