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problemas e soluções
Precatórios:
problemas e soluções
Direito agrário
328 p.
ISBN 85-7308-782-X
CDD: 341.34
CDU: 351.711
iv
ORLANDO VAZ
Advogado. Membro da Academia Mineira de Letras. Membro do Con-
selho Superior do Instituto dos Advogados de Minas Gerais. Membro
do Conselho Diretor do Centro Jurídico Brasileiro – CJB. Professor-
Examinador da Universidade de Paris.
ISABEL VAZ
Doutora em Direito Econômico pela Faculdade de Direito da UFMG.
Diretora do Centro Jurídico Brasileiro – CJB. Diretora do Departamen-
to de Direito Econômico e Financeiro do Instituto dos Advogados de
Minas Gerais – IAMG. Professora de Direito Econômico dos Cursos de
Graduação e Pós-Graduação da Faculdade de Direito da UFMG.
Debatedores
CARLOS BASTIDE HORBACH
FERNANDO NETO BOTELHO
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR
NILSON REIS
PEDRO CARLOS BITENCOURT MARCONDES
VINCENZO DEMETRIO FLORENZANO
vi
Nota do Coordenador
Orlando Vaz ............................................................................................. xi
APRESENTAÇÃO
PARA JUSTIFICAR UMA “JORNADA DE ESTUDOS”
Orlando Vaz ............................................................................................. 1
PARTE I
“JORNADA DE ESTUDOS”
CAPÍTULO 1
ABERTURA DOS TRABALHOS
1. Pronunciamento do Presidente do Instituto dos Advoga-
dos de Minas Gerais – IAMG.
Dr. Fernando Ribeiro de Oliveira................................................ 41
2. Pronunciamento do Presidente do Tribunal de Justiça do
Estado de Minas Gerais
Desembargador Márcio Antônio Abreu Corrêa de Marins......... 42
CAPÍTULO 2
A EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA E OS
CRÔNICOS PROBLEMAS DO PRECATÓRIO
Humberto Theodoro Júnior ........................................................................ 45
vii
CAPÍTULO 4
DEBATES ............................................................................................. 139
Coordenador
Desembargador Nilson Reis
Debatedores
Procurador Carlos Bastide Horbach / Juiz Fernando Neto Botelho
Dr. Humberto Theodoro Júnior / Juiz Pedro Carlos Bitencourt Marcondes
Professor Vincenzo Demetrio Florenzano
PARTE II
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 1
O ESTADO DE DIREITO E A QUESTÃO DOS
PRECATÓRIOS
Isabel Vaz ................................................................................................. 167
CAPÍTULO 2
ADVOCACIA NOS TRIBUNAIS SUPERIORES
José Guilherme Villela .............................................................................. 179
CAPÍTULO 3
PRECATÓRIO JUDICIAL E CESSÃO DE CRÉDITO
Sebastião Alves dos Reis ........................................................................... 207
CAPÍTULO 4
A EMENDA CONSTITUCIONAL N. 30, DE 13.9.2000,
SOB A PERSPECTIVA DA ANÁLISE ECONÔMICA DO
DIREITO
Vincenzo Demetrio Florenzano ................................................................. 217
viii
ANEXO A
INTERVENÇÃO FEDERAL N. 2.915-5 – SP ......................... 239
ANEXO B
ADIN N. 1.662-7 – SP ........................................................................ 269
ANEXO C
ADIN N. 2.851-1 – RO ...................................................................... 307
ix
PRESENÇAS E LEMBRANÇAS
Orlando Vaz
Membro do Conselho Diretor do Centro Jurídico Brasileiro – CJB
E-mail:orlandovaz@centraldeprecatorios.com.br
xi
Sumário
1. Precatórios: introdução aos estudos e explicações iniciais. 2.
Novo marco regulatório não teve ainda eficiente aplicação. 3.
Uma jornada de estudos sobre precatório: impulso novo. 4.
Abertura dos trabalhos. 5. Posições apresentadas na “Jornada
de Estudos” pelos Professores Humberto Theodoro Júnior e
José Otávio de Vianna Vaz. 6. Os debatedores da “Jornada de
Estudos”. 7. Um mercado de precatórios em formação. 8. Pre-
sença necessária do sistema financeiro nacional. 9. Outros traba-
lhos publicados e a metodologia de suas inserções. 10. O Esta-
do de Direito e a questão dos precatórios. 11. Advocacia nos
Tribunais Superiores. 12. O instituto da cessão de créditos. 13. A
jurisprudência colacionada. 14. ADIN n. 1.622-7-SP no âmbito
da Justiça do Trabalho. 15. Intervenção Federal n. 2.915-5 – São
Paulo. 16. A ADIN 2.815-1-Rondônia. 17. Palavras finais.
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
Não se tem, ainda, cálculo exato da dívida global das Fazendas Públi-
cas estaduais e municipais, uma vez que a União Federal, como se sabe,
está cumprindo em dia suas obrigações relativas aos precatórios. As pre-
visões dos débitos dessas Fazendas Públicas no Brasil, já vencidos, a
serem atualizados, estariam em torno de 60 bilhões de dólares ou, em
valores da nossa moeda, hoje, nos arredores de 162 bilhões de reais.
A medida primeira a ser enfrentada na questão é a de levantar os
débitos e atualizá-los. Não é difícil a tarefa. Os Poderes Executivo e
Judiciário, nos Estados-Membros, estariam aptos para tal cadastramen-
to em curtíssimo prazo. Em matéria de precatórios, certamente, a mis-
são estaria facilitada, uma vez que as requisições dos precatórios têm
de se processar, no âmbito do Poder Judiciário, exatamente, até o dia
1º de julho de cada ano para serem pagos no exercício do ano seguinte,
conforme determina o § 1º do art. 100 da Constituição Federal, assim
redigido:
Art. 100 – (...)
§ 1º – É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de
direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débi-
tos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de
precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se
o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus
valores atualizados.
Não sendo possível inicialmente a presença de grandes conglomera-
dos financeiros, atuando nesse mercado de precatórios em formação,
que se lancem nele os bancos regionais pequenos e médios, ou empre-
sas financeiras, desde que submetidos todos à orientação e à fiscaliza-
ção do Banco Central do Brasil. É preciso estejam os titulares de
precatórios, credores, portanto, das Fazendas Públicas brasileiras, pro-
tegidos e seguros no mercado que se vai formar. Os agentes da inter-
mediação existem em toda parte. Trata-se de uma instituição universal,
que há de trabalhar em um mercado regulamentado e fiscalizado, a fim
de que essa atividade profissional se exerça com transparência, corre-
ção e responsabilidade.
A sugestão para a formação de um mercado de precatórios, como
observou o Professor Vincenzo Florenzano, é preconizada pela pró-
pria Constituição Federal, que fez acrescentar o art. 78 ao Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias.
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
JORNADA DE ESTUDOS
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 1
Muito obrigado!
JORNADA DE ESTUDOS
Sumário
1. Tipicidade da execução por quantia certa contra a Fazenda Públi-
ca. 1.1 O título executivo utilizável na execução prevista no art. 730
do CPC. 1.2 Execução definitiva e execução provisória. 2. Concei-
to de precatório. 3. Pressuposto. 4. Esquema constitucional da exe-
cução a ser processada nos termos dos arts. 730 e 731 do CPC. 5.
Obrigatoriedade do processo executivo. 6. Execução das condena-
ções relativas a “créditos de natureza alimentícia”. 7. Execuções re-
ferentes a “dívidas de pequeno valor”. 8. Poderes do juiz da execu-
ção e do Presidente do Tribunal. 9. Precatórios complementares.
Juros e correção monetária. 10. Movimento em prol da moralização
do regime dos precatórios. 11. Conclusões. 12. Anexo.
1
“São absolutamente impenhoráveis: I – os bens inalienáveis...” (CPC, art. 649).
CAPÍTULO 2
2
“O juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal compe-
tente” (CPC, art. 730, I); e o pagamento far-se-á “na ordem de apresentação do
precatório e à conta do respectivo crédito” (CPC, art. 730, II).
3
Na verdade, a inclusão obrigatória no orçamento do exercício seguinte beneficia os
precatórios que forem apresentados até 1º de julho. Se tal não se der, a inclusão
ocorrerá no segundo exercício subseqüente (CF, art. 100, § 1º).
4
“Os atos prolatados por Presidente do Tribunal em processos de precatório são
de natureza administrativa. Sendo correta decisão que não admite agravo regi-
mental manejado contra tais atos” (STJ, 1ª T., REsp 11.524-RS, Rel. Min. Garcia
Vieira, ac. 7.5.2002, DJU 3.6.2002). Por isso, “não cabe recurso extraordinário de
decisão sobre precatório, por se tratar do exercício de função materialmente ad-
ministrativa (STF, 2ª T., AI 162775/SP, Rel. Min. Celso de Mello, ac. 1.8.1995,
RDA 201/192).
JORNADA DE ESTUDOS
5
STJ, 1ª Seção, CC 2.139-RS, Rel. Min. Antônio Pádua Ribeiro, ac. 11.10.1991, RSTJ
26/52.
6
“As requisições de pagamento, na Justiça Estadual, são feitas por intermédio do
Presidente do Tribunal de Justiça, ainda que a competência recursal na causa tenha
sido do TA (Bol. AA SP 918/86)” (THEOTÔNIO NEGRÃO, Código de Processo
Civil e legislação processual em vigor. 35ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 764, nota 19 ao
art. 730). Também no Rio Grande do Sul, segue-se a orientação de que, inexistindo
vinculação entre a competência jurisdicional e a do registro do precatório, “todos os
precatórios, inclusive aqueles expedidos em feitos cuja competência recursal seja do
Tribunal de Alçada – hipótese em causa –, são registrados neste Tribunal de Justiça”
(RSTJ, 26/54).
CAPÍTULO 2
7 STJ, 2ª T., REsp 289.421-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, ac. 5.3.2002; no mesmo sentido:
STJ, 3ª T., REsp. 42.774-6/SP, Rel. Min. Costa Leite, ac. 9.8.1994, RSTJ 63/435; STJ,
3ª T., REsp. 79.222/RS, Rel. Nilson Naves, ac. 25.11.1996, RSTJ 95/259.
8
TRF, 4ª Reg., Ag. 52.108-SP, Série Cadernos do CEJ, nº 23, p. 452.
9
FRANCO, 2002, p. 132; DIAS, Francisco Geraldo Apolônio. Execução da obriga-
ção de dar, fazer e não fazer em face da Fazenda Pública. In: Série Cadernos do CEJ,
v. 23, p. 243.
JORNADA DE ESTUDOS
10
DELGADO, José Augusto. Precatório judicial e evolução histórica. Advocacia admi-
nistrativa na execução contra a Fazenda Pública. Impenhorabilidade dos bens públi-
cos. Continuidade do serviço público. In: Série Cadernos do CEJ, v. 23, p. 133.
11
Data venia, não vejo como sustentar o entendimento do STF, no acórdão citado, de
aplicar a contagem em quádruplo (CPC, art. 188) ao prazo de resposta (embargos)
da Fazenda Pública, no procedimento do art. 730 do CPC, quando fundado em
título executivo extrajudicial. Judicial ou extrajudicial o título, pouco importa, já
que o procedimento legal é um só. A solução correta, sem dúvida, é a adotada pelo
STJ, que, aliás, tem a última palavra na interpretação da lei federal ordinária: o prazo
do art. 730 não se amplia a benefício da Fazenda executada pela óbvia razão de que
foi estabelecido pela lei exclusiva e especificamente para a própria Fazenda Pública
(Cf. STJ, 4ª T., REsp 139.866/AL, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, ac. 15.2.2001,
DJU, 28.5.2001, p. 173; STJ, 2ª T., REsp 200.482/PR, ac. 01.04.2003, DJU 28.4.2003,
p. 181).
12
Em relação à remessa ex officio, o STJ tem interpretado o art. 475, II, do CPC como
critério que limita o duplo grau de jurisdição apenas aos embargos relacionados com
a execução fiscal. Dessa maneira, a sentença de outros embargos somente poderia ser
revista em segundo grau por meio de apelação. Não cabe, segundo o STJ, portanto,
CAPÍTULO 2
JORNADA DE ESTUDOS
2. CONCEITO DE PRECATÓRIO
CAPÍTULO 2
3. PRESSUPOSTO
17
FRANCO, Fernão Borba. Execução em face da Fazenda Pública. São Paulo: Ed. Juarez
de Oliveira, 2002, p. 129, nota 243.
18 ROSA, 2003, p. 164.
19
ROSA, 2003, p. 165 e 174.
JORNADA DE ESTUDOS
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 2
22
“A jurisprudência do STF, ao interpretar o alcance da norma inscrita no caput do art.
100 da Constituição, firmou-se no sentido de considerar imprescindível, mesmo
tratando-se de crédito de natureza alimentícia, a expedição de precatório, ainda que
reconhecendo, para efeito de pagamento do débito fazendário, a absoluta prioridade
da prestação de caráter alimentar sobre os créditos ordinários de índole comum”
(STF, 1ª T., RE 188.285/SP, Rel. Min. Celso de Mello, ac. 28.11.1995, DJU 1.3.1996,
p. 5.028).
23
FRANCO, 2002, p. 212; DANTAS, Francisco Wildo Lacerda. Execução contra a Fazen-
da Pública. 1999, p. 85; CUNHA, 2003, p. 168.
JORNADA DE ESTUDOS
24 STJ, 2ª T., RMS 1.392-0/SP, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, ac. 5.4.1995, DJU
8/5/1995, p. 12.354.
25
“§ 1º-A. Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de
salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios
previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilida-
de civil, em virtude de sentença transitada em julgado” (CF, com o acréscimo da EC
nº 30).
26
“A respeito da execução por quantia certa de débitos de natureza alimentícia deve ser
dito que, em vista da definição constitucional, descabem outras considerações a res-
peito, como, por exemplo, aquela referente à inclusão, nesse conceito, dos honorários
advocatícios, já mencionada acima” (FRANCO, 2002, p. 211).
27
VIANA, Juvêncio Vasconcelos. Novas considerações acerca da execução contra a Fazen-
da Pública. Revista Dialética de Direito Processual. São Paulo, agosto, 2003, v. 5, p. 59.
CAPÍTULO 2
JORNADA DE ESTUDOS
32
Quando liberadas as importâncias, serão recolhidas, por ordem do Presidente, em
conta à disposição do juiz da execução. A este caberá expedir o alvará para que o
exeqüente levante o montante de seu crédito.
33
CUNHA, 2003, p. 181.
CAPÍTULO 2
34
CUNHA, 2003, p. 180.
35
“A ordem judicial de pagamento (§ 2º do art. 100 da Constituição Federal), bem
como os demais atos necessários a tal finalidade, concernem ao campo administrati-
vo e não jurisdicional” (STF-Pleno, ADI 1.098/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, ac.
11.9.1996, DJU 25.10.1996, p. 41.026).
36
“Os incidentes ou questões surgidos no cumprimento dos precatórios serão solucio-
nados pelo juiz do processo de execução. A função do Presidente do Tribunal no
processamento do requisitório de pagamento é de índole essencialmente adminis-
trativa, não abrangendo as decisões ou recursos de natureza jurisdicional (STJ, 2ª T.,
REsp 141. 137/SP, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, ac. 7.10.1999, DJU 13.12.1999,
p. 132. No mesmo sentido: STJ, 1ª T., REsp 187.831/SP, Rel. Min. José Delgado, ac.
17.11.1998, DJU, 22.3.1999, p. 83).
JORNADA DE ESTUDOS
37
CUNHA, Leonardo José Carneiro, op. cit., p. 169.
38
ARAKEN DE ASSIS. Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo: RT, 2000, v.
9, p. 417.
39
FEDERIGHI, Wanderley José. A execução contra a Fazenda Pública. São Paulo: Sarai-
va, 1996, p. 59. Da mesma forma, para Juvêncio Vasconcelos Viana, “a atividade da
Presidência do Tribunal é ainda de índole jurisdicional, haja vista que o precatório é
ato próprio do desenrolar dessa execução especialíssima e, no seu cumprimento,
poderão ainda advir as providências previstas no § 2º, art. 100, CF e no art. 731 do
CPC” (Execução contra a Fazenda Pública. São Paulo: Dialética, 1998, p. 123).
40
STJ, 2ª T., REsp 49.340-4/SP, Rel. Min. José de Jesus Filho, ac. 10.8.94, Boletim
AASP, nº 1.931, p. 413-j; STJ, 1ª T., REsp 19.625/SP, Rel. Min. Garcia Vieira, DJU,
15.6.92, p. 9.227.
CAPÍTULO 2
41
Art. 1º-E da Lei nº 9.494, de 1997 – “São passíveis de revisão, pelo Presidente do
Tribunal, de ofício ou a requerimento das partes, as contas elaboradas para aferir o
valor dos precatórios antes de seu pagamento ao credor” (NR – Artigo incluído pela
MP 2180-35, de 24.8.2001).
42
Ao juiz cabe decidir sobre as parcelas a mais e as verbas que nelas figurarão (juros,
correção, etc.). O seqüestro pelo descumprimento do parcelamento, todavia, é provi-
dência afeta apenas ao Presidente do Tribunal, nos termos do art. 78, § 4º do ADCT
(EC nº 30/2000) (TJSP, 7ª Câm. Dir. Público, AgRg. 354.367-5/1-01 e Ag. 354.367-
5/0, Rel. Des. Torres de Carvalho, ac. 9.2.2004, JTJ 279/401-403).
JORNADA DE ESTUDOS
43
STF, Pleno, AR 948, AgRg/RJ, Rel. Min. Cordeiro Guerra, ac. 23.11.1983,
RTJ 108/463; STF, 2ªT., RE 112.889/MG, Rel. Min. Djaci Falcão, ac. 10.12.1987,
RTJ 124/1.231; STF, 2ª T., RE 103.282/PR, Rel. Min. Carlos Madeira, ac.
15.4.1986, RTJ 118/230.
CAPÍTULO 2
44
Competente é o juiz da execução, e não o Presidente do Tribunal, para “promover a
expedição de precatório complementar, para fins de pagamento atualizado do valor
depositado a menor” (STJ, 6ª T., REsp 437.432-SP, Rel. Min. Vicente Leal, ac. 13.8.2002,
DJU 2.9.2002, p. 273).
45
STJ, REsp 252.084/PR, Rel. Min. Edson Vidigal, ac. 24.10.2000, DJU 4.12.2000, p.
87; STJ, REsp 305.278/DF, Rel. Min. José Delgado, ac. 15.8.2000.
46
STJ, 1ª T., REsp. 50.826-6/SP, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, ac. 5.9.1994, RSTJ 64/304;
STJ, 2ª T., REsp 9.296-0/SP, Rel. Min. José de Jesus Filho, ac. 5.4.1993, DJU 3.5.1993,
p. 7.781.
47
STJ, 6ª T., REsp 437.432-SP, Rel. Min. Vicente Leal, ac. 13.08.2002, DJU 2.9.2002,
p. 273.
48
STJ, 1ª T., REsp 40.260-3/SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, ac. 26.4.1995,
DJU 22/5/1995, p. 14.367.
JORNADA DE ESTUDOS
49
STF, 2ª T., AgRgAI 153.493/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, ac. 25.10.1993, RTJ 152/630;
STF, 1ª T., RE 195.819-7/PR, Rel. Min. Ilmar Galvão, ac. 7.5.1996, DJU 1.7.96,
p. 23.888.
50 STF-Pleno, ADIn 1.098-1/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, ac. 11.9.1996, DJU 25.10.1996,
p. 41.026.
51
STJ, 2ª T., RMS 1.129-0/SP, Rel. Min. José de Jesus Filho, ac. 16.3.1994, DJU 18.4.1994,
p. 8.471.
52 STF, 2ªT., AI 162775/SP, Rel. Min. Celso de Mello, ac. 1/8.1995, RDA 201/192. Mesmo
sendo confirmados pelo colegiado do Tribunal local, os atos do Presidente fundados no
art. 100 da CF não desafiam recurso extraordinário (STF, 1ª T., AI 165.747-2/PR-AgRg,
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, ac. 10.11.98, DJU 5.2.1999, p. 11).
CAPÍTULO 2
53
STJ, 3ª T., REsp 192.159/SP, ac. 19/11/1998, Rel. Min. Ari Pargendler, DJU 7.6.1999,
p. 96.
54
FRANCO, 2002, p. 168, 169.
JORNADA DE ESTUDOS
55
FRANCO, 2002, p. 189, 198.
CAPÍTULO 2
56
STF-Pleno, ADIn 1.098-1/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, ac. 11/9/1996, DJU 25/10/1996,
p. 41.025.
57
FRANCO, 2002, p. 159.
JORNADA DE ESTUDOS
11. CONCLUSÕES
CAPÍTULO 2
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 2
12. ANEXO
Julgado do TJSP sobre questões relevantes referentes ao art. 78 do
ADCT:
“DESAPROPRIAÇÃO – INDENIZAÇÃO – ARTIGO 78
DO ADCT – JUROS MORATÓRIOS E COMPENSATÓ-
RIOS – CABIMENTO – RECURSO NÃO PROVIDO.
JORNADA DE ESTUDOS
Ementa oficial:
PRECATÓRIO – São Bernardo do Campo – ADCT, art. 78 – Mo-
ratória Constitucional – Desapropriação – Apuração de diferenças
decorrentes de depósitos a menor (duas parcelas) – Decisão judicial
que aprova conta apresentada pelos credores – Agravo da devedora,
com diversas argüições.
1. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA – As partes, na siste-
mática atual, apresentam as contas que entendem corretas e apresen-
tam, querendo, impugnação fundamentada ao cálculo da outra parte;
não lhe cabe exigir prévia manifestação do contador judicial, cuja oitiva
fica ao prudente arbítrio do juiz. A Prefeitura não impugnou a conta,
mas apenas determinados critérios nela utilizados; entendendo o juiz
que os critérios usados pelos credores estão corretos, não havia neces-
sidade de remessa dos autos ao contador. Não se vê, sequer em tese,
ofensa ao contraditório ou à ampla defesa.
2. ATUALIZAÇÃO – Mês de referência do cálculo judicial foi feita
em 30/7/1993 e nela não foi incluído, ante a impossibilidade mate-
rial, índice de correção monetária, para agosto. A atualização se faz a
partir do mês de referência, no caso o mês da conta, dividindo o valor
a atualizar pelo índice correspondente a julho de 1993 e multiplicando
pelo índice do mês a que a atualização se refere. É sistema simples,
que não comporta a impugnação feita. O uso do índice de setembro de
1993, como sugere a Prefeitura, implica em (sic) subtrair dois meses da
atualização pretendida. Correto o critério utilizado pelos credores.
3. JUROS MORATÓRIOS E COMPENSATÓRIOS – A longa dis-
sertação feita pelo Município e sua defesa da relativização da coisa
julgada não convencem nem justificam o abandono, no caso concreto,
de decisão já não sujeita a recurso. O Município foi condenado a pa-
gar, em ação de desapropriação, juros compensatórios e moratórios
cumulados, na esteira de longeva e sólida jurisprudência. Não vejo
como excluir do título verbas nele incluídas nem alterar valores prote-
gidos pela preclusão máxima. Correta a inclusão na conta dos juros
moratórios e compensatórios.
4. MORATÓRIA DECENAL – Acréscimos – O art. 78 do ADCT
da Constituição Federal, ao mandar incluir nas parcelas os juros legais,
adotou linha diversa de moratória anterior. Por ‘juros legais’ enten-
dem-se os juros fixados na sentença, moratórios e compensatórios,
CAPÍTULO 2
seja porque os juros foram fixados com base na lei (nunca contra ela),
seja porque ambos os juros têm previsão legal. A moratória implica no
(sic) parcelamento, não na (sic) diminuição, do valor concedido em de-
cisão transitada em julgado. Correta a decisão.
5. COMPETÊNCIA – A lei não proíbe (ao contrário, o sistema re-
comenda) que o juiz intime o devedor para pagamento da diferença
apontada e lhe indique o valor de parcela a pagar nos anos seguintes;
mas não pode o juiz determinar o seqüestro de recursos em caso de
não pagamento. Não há ofensa ao art. 730, I do CPC. O seqüestro é
providência que cabe ao Presidente do Tribunal de Justiça, nos exatos
termos do art. 78, § 4º do ADCT, introduzido pela EC n. 30/00. Ale-
gação rejeitada, com observação.
6. CITAÇÃO – Art. 730 do CPC – Não se trata de nova execução,
mas de simples incidente da execução em curso, não se justificando
nova citação para os efeitos do art. 730 do CPC. O incidente visa
unicamente aferir se as parcelas decenais estão sendo pagas no valor
correto, sem o que mais uma vez estará frustrada a moratória de novo
concedida ao Poder Público. A Prefeitura manifestou-se amplamente
nos autos e entrou com os recursos cabíveis, como está fazendo neste
momento, nenhuma irregularidade processual transparecendo.
7. COMPLEMENTO – Momento temporal – A EC n. 30/00 diz
que tais débitos serão liquidados em prestações anuais, iguais e suces-
sivas; isto é, deve o Município pagar a cada ano 1/10 do valor devido.
A nova benesse concedida ao Poder Público não lhe permite pagar
valor menor nem deixar de pagar, hipóteses que justificam a interven-
ção do juiz. O pagamento de valor inferior implica em (sic) que o débi-
to não será liquidado no final do decênio, frustrando o objetivo da
Emenda. Correto o magistrado em definir desde logo os critérios de
cálculo e o valor das parcelas anuais sempre em benefício dos credores
e da própria devedora.
8. ÍNDICE DE FEVEREIRO DE 1989 – O cálculo é feito segun-
do os índices de correção monetária aceitos em juízo, não segundo
parecer fornecido por entidade (a GV Consult) contratada pela Asso-
ciação dos Municípios que demonstra desconhecimento do sistema
judiciário brasileiro e desrespeita a coisa julgada. O índice de 23,60%,
antes utilizado, foi indicado pelo IBGE em resposta à diminuição do
índice do mês anterior e o índice de 10,14% agora utilizado decorre de
decisões reiteradas do Superior Tribunal de Justiça, que prevalecem
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 2
JORNADA DE ESTUDOS
Sumário
1. Considerações introdutórias: evolução do regramento consti-
tucional dos precatórios no Brasil. 2. A inovação trazida pela
Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998. 3. A
Emenda Constitucional n. 30, de 13 de setembro de 2000, e o
regime dos precatórios. 4. Distinção entre precatórios comuns e
precatórios alimentícios. 5. A consignação dos valores a serem
pagos ao Poder Judiciário. 6. A inclusão da Fazenda Distrital. 7.
O tratamento diferenciado conferido às entidades de direito pú-
blico. 8. A imputação de crime de responsabilidade aos Presiden-
tes de Tribunais de Justiça. 9. O novo prazo concedido às Fazen-
das. 10. Análise das ADI’s n. 2356-0 e n. 2362-4. 11. O real sentido
dos comandos do art. 78 do ADCT. 12. Atualização do valor
dos precatórios. 13. A questão do prazo para o pagamento dos
precatórios. 14. Conseqüência da inadimplência da Fazenda Pú-
blica: caducidade do direito ao pagamento parcelado. 15. A prer-
rogativa da cessão de créditos constitucionalmente assegurada aos
credores das Fazendas Públicas. 16. O poder liberatório dos
precatórios vencidos. 17. O problema da ordem de pagamento
dos precatórios. 18. O regime jurídico do poder liberatório dos
precatórios. 19. A natureza da compensação de créditos. 20. O
prazo de parcelamento dos precatórios decorrentes de desapro-
priação de único imóvel residencial. 21. O cabimento do seqües-
tro de valores. 22. Auto-aplicabilidade das normas constitucionais
analisadas. 23. O advento da Emenda Constitucional n. 37, de 12
de junho de 2002, e as alterações no regime dos precatórios.
EXPOSIÇÃO E CONSULTA
Com o advento da Emenda Constitucional n. 30, de 13 de setembro
de 2000,1 foi alterado o art. 100 da Constituição Federal e acrescentado
o art. 78 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT.
1
DOU de 14 de setembro de 2000.
CAPÍTULO 3
PARECER
1. CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS:EVOLUÇÃO DO
REGRAMENTO CONSTITUCIONAL DOS PRECATÓRIOS
NO BRASIL
JORNADA DE ESTUDOS
4
Cf. art. 6º, 4º, in Constituições do Brasil. Fernando H. Mendes de Almeida (org.). 5ª ed.
São Paulo: Saraiva, 1967.
5
Cf. FLAKS, Milton. “O precatório judiciário na Constituição de 1988”, apud
CUNHA, Lásaro Cândido da. Precatório – Execução contra a Fazenda Pública. Belo
Horizonte: Del Rey, 1999, p. 41. Informa, ainda, Ricardo Perlingeiro Mendes da Silva
que dispositivo semelhante existia no art. 14 da Instrução Normativa, de 10 de abril
de 1851, do “Directorio do Juizo Fiscal e Contencioso dos Feitos da Fazenda”. In:
Execução contra a Fazenda Pública. São Paulo: Malheiros, 1999, p. 31.
6
CUNHA, Lásaro Cândido da. Precatório – Execução contra a Fazenda Pública. Belo
Horizonte: Del Rey, 1999, p. 41.
7
Curso de Direito Administrativo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1964, p. 470, apud
CUNHA, Lásaro Cândido da. Precatório..., p. 50.
CAPÍTULO 3
8
Da Fazenda Pública em juízo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1960, p. 230, apud
CUNHA, Lásaro Cândido da. Precatório ... p. 51.
JORNADA DE ESTUDOS
9
Constituições do Brasil, 1967, p. 324.
10
Cf. CASTRO NUNES, p. 230, apud CUNHA, Lásaro Cândido da. Precatório ..., cit., p. 53.
11
Comentários à Constituição de 1967. T. III, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1967,
p. 621. Embora o comentário se refira à Constituição de 1967, o mesmo se aplica
ao caso, tendo em vista a semelhança da redação dos dispositivos.
CAPÍTULO 3
JORNADA DE ESTUDOS
14
A Constituição Federal Comentada. Rio de Janeiro: José Konfino Editor, 1949, v. IV,
p. 225.
15
Cf. Constituições do Brasil. 1967.
CAPÍTULO 3
16
Incorretamente, segundo J. Cretella Júnior (Comentários à Constituição de 1988. 2ª ed.
1ª reimpressão, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999, p. 3.053), embora o
termo “precatória” tenha sido utilizado também por Pontes de Miranda em seus
Comentários ao Código de Processo Civil (T. X, Rio de Janeiro: Forense, 1976, p. 472).
JORNADA DE ESTUDOS
17
“Art. 7º – O Governo Federal não intervirá nos Estados salvo para: (...); IV – garantir
o livre exercício de qualquer dos podêres estaduais; V – assegurar a execução de
ordem ou decisão judiciária; (...)”
18
Apud Constituição da República Federativa do Brasil. Organização de Rubens B. Minguzzi,
com a colaboração da “Vox Legis”, São Paulo: Sugestões Literárias S.A., 1970. A
Emenda Constitucional nº 01, de 17 de outubro de 1969, manteve, basicamente,
com relação a estes dispositivos, a redação da Constituição de 1967.
JORNADA DE ESTUDOS
19
Comentários à Constituição de 1967. T. III, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1967, p. 620.
20
Comentários à Constituição Brasileira. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 1986, p. 463.
21
FERREIRA FILHO, 1986, p. 464.
CAPÍTULO 3
22
STF, Pleno, ADI 1.098-1–SP, j. 11.9.96, DJ 25.10.96.
23
Exposição de Motivos da PEC nº 407/96. Diário da Câmara dos Deputados. 4.9.96, p.
24.608.
JORNADA DE ESTUDOS
24
Um dos consideranda da Emenda Constitucional nº 01, de 17 de outubro de 1969,
reza que: “[...] a Constituição de 24 de janeiro de 1967, na sua maior parte, deve ser
mantida, pelo que, salvo emendas de redação, continuam inalterados os seguintes
dispositivos: [...] artigo 112 e seus §§ 1º e 2º; [...].” Apud Constituição da República
Federativa do Brasil. Organização de Rubens B. Minguzzi. 1970, p. 2.
25
Conflito de Competência nº 2.139-RS, STJ – 1ª Seção, j. 11.10.91, DJ 4.11.91, unânime.
CAPÍTULO 3
26
Petição do Conflito de Competência nº 2.139-RS, suscitado pelo Presidente do
TJRS, Des. Nelson Luiz Puperi, transcrita pelo Ministro Antônio de Pádua
Ribeiro.
JORNADA DE ESTUDOS
27 Comentários à Constituição de 1967 com a Emenda nº 1, de 1969. T. II, p. 227, apud STF, IF
2.915-5 – SP, DJ 28.11.2003, destaques no original.
28
In: IF 2.915, cit.
29 Cf. Pedido de Intervenção Federal nº 20 – Minas Gerais, rel. Min. Nelson Hungria, j.
3.5.1954, DJ 15.7.1954, v.u.
CAPÍTULO 3
30
Excerto do voto vencedor do Min. Gilmar Mendes, na IF 2.915-5–SP, cit.
31
Excerto do voto do relator, vencido, Min. Marco Aurélio, na IF 2.915-5–SP, cit.
JORNADA DE ESTUDOS
32
Comentários à Constituição do Brasil. T. III, São Paulo: Saraiva, 4º v. p. 113.
CAPÍTULO 3
33
DJ de 9.10.03, p. 3. Cf., ainda, a Súmula 144 do STJ, que dispõe: “Os créditos de
natureza alimentícia gozam de preferência, desvinculados os precatórios da ordem
cronológica dos créditos de natureza diversa”.
34
Nesse sentido, conferir o REsp nº 2.625-PR, rel. Min. Ilmar Galvão, STJ, 2ª Turma, j.
16.5.90, DJ 4.6.90, p. 5.055, em cuja ementa se lê: “A expedição do precatório não
produz o efeito de pagamento, razão pela qual não elide a incidência dos juros
moratórios, que serão computados enquanto não solvida a obrigação. O inconve-
niente da perenização da obrigação nas execuções contra a Fazenda há de ser obviado
por esta, mediante, v. g., a praxe de atualizar os créditos orçamentários postos à
disposição da justiça, para atendimento dos precatórios, como faz com as demais
verbas, mormente as de custeio, de molde a permitir que os encargos sejam solvidos
por inteiro, dentro do próprio exercício para o qual foram relacionados.”
35
Nesse sentido, confira-se: STJ, AgRg no REsp nº 437.819-DF, 1ª Turma, rel. Min.
José Delgado, j. 3.9.02, DJ 21.10.02, in verbis: “1. Agravo Regimental interposto
contra decisão que deu provimento ao recurso especial da parte agravante, determi-
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 3
inclusão do valor a ser pago no orçamento, e outro que diz que o paga-
mento poderá, em tese, ser feito a menor – “segundo as possibilidades
do depósito” –, a única possibilidade que aventamos, para que ambos
os dispositivos sejam cumpridos, é aquela em que o Executivo neces-
sita transpor, remanejar ou transferir recursos de uma categoria de pro-
gramação para outra. O orçamento, assim, conteria, inicialmente, todo
o valor a pagar. Posteriormente, tendo em vista um “interesse público
superior”, o Executivo precisaria alterar determinada rubrica orçamen-
tária – retirando recursos da rubrica “precatórios”, por exemplo –, des-
tinando-os a outra rubrica. Tal hipótese, entretanto, dependeria de pré-
via autorização legislativa, nos termos do art. 64 da Constituição de
1967 (art. 61, de acordo com a EC n. 01, de 1969). A repetição do
dispositivo na Carta de 1988 deve ter a mesma interpretação.37
Com relação ao seqüestro da quantia, foi mantida a determinação –
agora de forma expressa – de que aquele somente fosse concedido em
caso de preterimento de direito de precedência, suprimindo-se a exi-
gência de oitiva do Ministério Público. De fato, afirma abalizada dou-
trina38 que o remédio constitucional para o descumprimento de deci-
são judicial é a intervenção, não se podendo cogitar de seqüestro pelo
descumprimento dessa decisão.39
No tocante à intervenção, manteve a Constituição de 1988 a sua
previsão no art. 34, VI, que dispunha:
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito
Federal, exceto para:
(...)
VI – prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
Tendo em vista, porém, que a redação do dispositivo era a mesma
das Constituições anteriores, a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal – no sentido de somente se conceder a intervenção na hipóte-
37
Dispõe o art. 167, VI, da CR de 1988: “Art. 167. São vedados: (...) VI – a transposi-
ção, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programa-
ção para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;”.
38
Cf. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 16ª ed. São Paulo: Atlas, 2004, p.
511.
39
Há, no entanto, – como adiante se demonstrará –, dispositivo constante no ADCT
que permite o seqüestro da quantia em outras hipóteses.
JORNADA DE ESTUDOS
40
Estudos de Direito Constitucional. Belo Horizonte: Del Rey, 1995, p. 321.
41
Cf. De Plácido e Silva, 1996, p. 211.
CAPÍTULO 3
42
Conferir, nesse sentido, a Lei Complementar nº 104, de 10.1.01, que, alterando o art.
151 do CTN, incluiu, ao lado da “moratória”, o “parcelamento”, como forma de
suspensão da exigibilidade do crédito tributário.
43 Excerto do voto proferido na IF 2.915-5 – SP, cit.
JORNADA DE ESTUDOS
poderia até mesmo ter “perdoado” as dívidas das Fazendas então exis-
tentes –, fizeram com que os cidadãos prejudicados com esses atos
questionassem o seu conteúdo, vale dizer, pretendessem a incidência
de juros de mora nos pagamentos devidos. Levada a questão ao Supre-
mo Tribunal Federal, este decidiu44 pela não-incidência dos juros du-
rante o período de parcelamento dos precatórios, pois seria impossível
cogitar-se de “mora”, tendo em vista o prazo constitucionalmente es-
tabelecido para pagamento. Segundo o Tribunal, os juros de mora so-
mente seriam devidos na hipótese de ocorrer inadimplência da Fazen-
da Pública, fluindo estes a partir da data estabelecida para satisfação
da parcela até a data do efetivo pagamento.45
Por outro lado, a ampla atribuição conferida às Fazendas (parágrafo
único do art. 33 do ADCT) para emitir títulos da dívida pública a fim
de honrar os precatórios tinha, a seu turno, o objetivo de possibilitar,
de vez, a liquidação dos pagamentos em atraso.
44
Cf. STF, Plenário, RE 155.979, rel. Min. Marco Aurélio, j. 11.11.94, DJ
23.2.2001.
45
Cf. STF, 2ª Turma, RE 193.210-SP, rel. Min. Néri da Silveira, j. 27.5.97, DJ 29.5.98,
p. 364, em cuja ementa se lê: “[...] 5. Jurisprudência do Plenário e Turmas do STF,
segundo a qual o art. 33 do ADCT não autoriza o cômputo de juros moratórios e
compensatórios, quanto a essas dívidas, após a promulgação da Constituição. Cum-
pre, entretanto, entender que juros moratórios, relativamente a cada parcela, são
devidos, na hipótese de suceder inadimplência da Fazenda Pública, quanto ao respec-
tivo pagamento, fluindo os juros moratórios a partir da data aprazada para a satisfa-
ção da parcela e até venha o pagamento, em concreto, efetivamente, suceder. Ressalva-
da essa situação não há, todavia, falar em fluência de juros, referentemente a cada
parcela, desde a data da Constituição e até o pagamento”.
46
DOU de 16.12.1998.
CAPÍTULO 3
47
O montante das obrigações de pequeno valor foi definido no art. 17, § 1º, da Lei nº
10.259 (“Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no
âmbito da Justiça Federal”), nos seguintes termos: “Art. 17. (omissis). § 1º. Para os
efeitos do § 3º do art. 100 da Constituição Federal, as obrigações ali definidas como
de pequeno valor, a serem pagas independentemente de precatório, terão como
limite o mesmo valor estabelecido nesta Lei para a competência do Juizado Especial
Federal Cível (art. 3º, caput)”. O art. 3º, caput, por sua vez, dispunha: “Art. 3º. Compe-
te ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência
da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as
suas sentenças”.
48
DOU de 13.7.2003: “Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após
o trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no prazo de sessenta
dias, contados da entrega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada para
a causa, na agência mais próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do
Brasil, independentemente de precatório. (...). § 2º. Desatendida a requisição judi-
cial, o Juiz determinará o seqüestro do numerário suficiente ao cumprimento da
decisão. § 3º. São vedados o fracionamento, repartição ou quebra do valor da
execução, de modo que o pagamento se faça, em parte, na forma estabelecida no § 1º
deste artigo, e, em parte, mediante expedição do precatório, e a expedição de precatório
complementar ou suplementar do valor pago. § 4º. Se o valor da execução ultrapas-
sar o estabelecido no § 1º, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 3
50
Cf. RE nº 298.616-0 – SP, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 31.10.02, DJ 3.10.03.
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 3
JORNADA DE ESTUDOS
51
Sobre o entendimento anterior do STJ, que atribuía aos honorários advocatícios
caráter alimentar, conferir REsp nº 32.900-SP, 3ª Turma, rel. Min. Nilson Naves, j.
20.4.93, DJ 17.5.93; REsp nº 32.741-SP, 1ª Turma, rel. Min. Humberto Gomes de
Barros, j. 25.8.93, DJ 27.9.93.
CAPÍTULO 3
JORNADA DE ESTUDOS
52
Cf. Diário da Câmara dos Deputados de 4.9.96, p. 24.608.
53
Excerto do voto do Min. Marco Aurélio na IF 2.915-5 – SP.
CAPÍTULO 3
54
Cf. Diário da Câmara dos Deputados de 4.9.96, p. 24.608.
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 3
JORNADA DE ESTUDOS
“urgência”, uma vez que deles precisa para seu sustento e o de seus
dependentes. Nesse sentido, tais créditos eram “privilegiados” em re-
lação aos precatórios comuns. A parte final do caput e os parágrafos do
art. 78, no entanto, davam benefícios aos credores da Fazenda, com
relação aos precatórios comuns, tais como, possibilidade de fracio-
namento, “poder liberatório” do pagamento de tributos da entidade
devedora, etc.
Infelizmente, em uma interpretação literal, entendeu o Supremo
Tribunal Federal que tais precatórios, por estarem “ressalvados” do
parcelamento, também não poderiam usufruir os benefícios concedi-
dos pelo dispositivo.55
Consideramos, data venia, equivocado o entendimento do STF. Se o
precatório alimentício é “privilegiado” com relação ao precatório co-
mum, todos os benefícios concedidos aos precatórios comuns devem
ser estendidos aos precatórios alimentícios, dando-se ao dispositivo
interpretação conforme a Constituição, sem redução de texto.
No tocante aos precatórios suscetíveis de parcelamento, em julga-
mento no qual se analisou o disposto no art. 33 do ADCT56 (que se
referia a “precatórios judiciais pendentes”), afirmou o Ministro Moreira
Alves que esses precatórios eram aqueles que “[...] estavam pendentes
de pagamento, ou por não terem sido cumpridos anteriormente, ou
por estarem aguardando o momento em que deveriam ser cumpridos
sem atraso.”
Verifica-se, então, que precatórios pendentes são tanto aqueles já
devidamente inscritos no Tribunal competente, como o que a Fazenda
deixou de honrar a modo e tempo próprios e os regularmente inscritos
que aguardam o momento de serem pagos. Assim, o dispositivo cons-
titucional aplica-se a estes (pendentes) e aos precatórios futuros, ou
seja, àqueles a serem expedidos em virtude das ações ajuizadas até 31
de dezembro de 1999. Cabe ressaltar que, com relação a esses
precatórios, há liminar a ser decidida – agora sob a relatoria do Minis-
tro Celso de Mello – pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, que
55
Cf. ADI 1.662-7-SP, rel. Min. Maurício Corrêa, j. 30.8.01, DJ 19.9.03, p. 14; AC 75-MG,
Medida Cautelar, Rel. Min. Nelson Jobim, j. 10.9.03, DJ 25.9.03, p. 61.
56
STF, 1ª Turma, RE 159.174-1, Rel. Min. Moreira Alves, j. 28.11.95, DJU 21.6.95,
p. 22.294.
CAPÍTULO 3
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 3
57
“Critério científico para distinguir a prescrição da decadência e para identificar as ações
imprescritíveis”. In: Revista dos Tribunais, nº 300, p. 12 et seq.
58 Revista dos Tribunais, nº 300, p. 14, destaque no original.
59
Revista dos Tribunais, nº 300, p. 21, destaque no original.
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 3
o que se pode verificar pela análise de seu teor e por regras de herme-
nêutica, principalmente aquela que diz que regras de exceção se inter-
pretam restritivamente.
Como se viu, a Fazenda tinha precatórios a honrar até o final do
exercício de 2000. Com a possibilidade de parcelamento em até dez
anos – e lembramos que o direito aqui concedido é potestativo, po-
dendo seu titular exercê-lo ou não –, para que o prazo máximo fosse
alcançado, a primeira parcela (correspondente a um décimo) deveria
ter sido honrada já no exercício de 2000. Tal interpretação decorre do
fato de as parcelas deverem ser anuais, iguais e sucessivas. Portan-
to, não honrada a primeira parcela, não há como obedecer aos demais
comandos, obrigatórios, da anualidade, igualdade e sucessividade.
Tal impossibilidade decorre do fato de o direito potestativo conce-
dido ser uno, vale dizer, o parcelamento é facultado, mas uma vez
exercida a faculdade, o pagamento em parcelas anuais, iguais e suces-
sivas é obrigatório.
Assim, se a Fazenda tinha precatórios a serem pagos até 31 de de-
zembro de 2000, e a Constituição lhe permitiu parcelá-los em até dez
anos, para pagamento em parcelas iguais, anuais e sucessivas – sem
qualquer moratória para o adimplemento da obrigação –, a contagem
do prazo deve iniciar-se, obrigatoriamente, da vigência do dispositivo,
sob pena de se estender, por mais de dez anos, o benefício concedido.
Desta forma, pelo menos um décimo do valor devido pela Fazenda
deveria ter sido pago até 31 de dezembro de 2000, sob pena de não
poder mais aquela entidade exercer o direito ao parcelamento.
De fato, se o valor pode ser parcelado, mas as prestações têm de
ser anuais, iguais e sucessivas, para que o direito potestativo seja
validamente exercido, todos os anos deve haver pagamento de parce-
la, até o adimplemento total da obrigação. Poder-se-ia alegar que a
Fazenda teria o prazo de dez anos para quitar seu débito. Tal alegação,
no entanto, afronta a Constituição, por descaracterizar a anualidade
do pagamento das parcelas. Assim, se a Fazenda não exerceu seu direi-
to potestativo de escolher o número de parcelas, já no primeiro ano de
pagamento devido, este caducou pelo seu não-exercício.
Verifica-se, assim, que o não-pagamento da primeira das parcelas
até o dia 31 de dezembro de 2000 fez caducar o direito das Fazendas
ao parcelamento.
JORNADA DE ESTUDOS
61
Cf. arts. 1.065 a 1.078 do Código Civil revogado.
62
Permite, ainda, o novo Código Civil que a cessão seja feita por “instrumento particu-
lar revestido das solenidades do § 1º do art. 654”.
63
Nesse sentido entendeu a 1ª Turma do STJ no RMS nº 12.735, rel. Min. Humberto
Gomes de Barros, j. 15.8.02, DJ 23.9.02, p. 225.
CAPÍTULO 3
dez parcelas, deveria ter tido seu pagamento iniciado até o final do
exercício financeiro de 2000, e não no prazo de dez anos contados da
publicação da emenda.
Ante o não-pagamento, o valor do precatório – ou, ao menos, o da
parcela – já tem “poder liberatório do pagamento de tributos da enti-
dade devedora”.
Ressalte-se que, embora não previsto no art. 11 da Lei n. 6.830, de
1980,64 tendo o precatório não pago poder liberatório do pagamento
de tributos da entidade devedora, como se dinheiro fosse, entendemos
admissível também possa ele ser utilizado em garantia do juízo em
execuções fiscais. Realmente, quando da elaboração da Lei de Execu-
ções Fiscais, não havia dispositivo constitucional que desse ao preca-
tório não pago “poder liberatório”, existindo dispositivos que, até
mesmo, proibiam a compensação65 ou que exigiam que a lei a autori-
zasse.66 A concessão de “poder liberatório”, no entanto, origina-se na
Constituição, não se lhe podendo opor dispositivos de menor hierar-
quia e cronologicamente anteriores. Deve-se, destarte, interpretar e
adaptar a legislação infraconstitucional à Constituição, e não o contrá-
rio. Assim, não se pode negar, com base em dispositivo infraconstitu-
cional, um direito que a própria Constituição instituiu.
64
“Dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública e dá outras
providências”.
65
Cf. Lei nº 4.320, de 1964: “Art. 54. Não será admitida a compensação da observa-
ção (sic) de recolher rendas ou receitas com direito creditório contra a Fazenda
Pública”.
66 Cf. Lei nº 5.172, de 1966 – CTN: “Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as
garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade admi-
nistrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e
certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública”.
JORNADA DE ESTUDOS
67
Conferir, nesse sentido, STF, 1ª Turma, RE nº 132.031, rel. Min. Celso de Mello, j.
15.9.95, DJ 19.4.96, p. 766; Rcl nº 2.143-AgR, Plenário, rel. Min. Celso de Mello, j.
12.3.03, DJ 6.6.03, p. 30.
CAPÍTULO 3
JORNADA DE ESTUDOS
Nos termos do art. 368 do novo Código Civil, “se duas pessoas
forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obri-
gações extinguem-se, até onde se compensarem”.68
A redação do dispositivo dá margem a duas interpretações: a pri-
meira, literal, é a de que as obrigações se extinguem, ex lege, até onde se
compensarem; a segunda, teleológica, é a de que a compensação é
68
O art. 1.009 do Código Civil revogado tinha a mesma redação.
CAPÍTULO 3
69
Nesse sentido, conferir a liminar concedida aos 17.12.99, na ADI 2.099-ES, rel. Min.
Marco Aurélio; STJ, 2ª Turma, REsp nº 157.913-ES, rel. Min. Franciulli Netto, j.
10.9.02, DJ 31.3.03, p. 182.
JORNADA DE ESTUDOS
70
Cf. ADI 2.099-ES, cit.
CAPÍTULO 3
71
Cf. Instrução Normativa SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004, DOU de 19.10.2004.
JORNADA DE ESTUDOS
72
Cf. STF, ADI 2.851-1-RO, j. 28/10/01, DJ 3/12/04.
CAPÍTULO 3
JORNADA DE ESTUDOS
73
Cf. STF, Pleno, ADI 1.662-SP, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 30.8.01, DJ 19.9.2003;
STF, Pleno, Rcl 1.987, Rel. Min. Maurício Corrêa, j, 1.10.2003, DJ 21.5.2004.
CAPÍTULO 3
74
Curso de Direito Constitucional. 7ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1997, p. 216.
JORNADA DE ESTUDOS
75
O art. 374 do novo Código Civil dispunha: “Art. 374. A matéria da compensação, no
que concerne às dívidas fiscais e parafiscais é regida pelo disposto neste capítulo”. Tal
dispositivo havia sido revogado pela MP 75, de 24.10.02, que foi rejeitada pela Câma-
ra dos Deputados. Posteriormente, a MP 104, de 9.1.03 revogou, novamente, o
dispositivo, sendo convertida na Lei nº 10.677, de 22.5.03.
CAPÍTULO 3
76
Hermenêutica e aplicação do Direito. 13ª ed. Forense: Rio de Janeiro, 1993, p. 166.
77
RTJ 155/307.
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 3
78
DOU de 13.6.2002.
JORNADA DE ESTUDOS
(...)
§ 4º São vedados a expedição de precatório complementar ou
suplementar de valor pago, bem como fracionamento, reparti-
ção ou quebra do valor da execução, a fim de que seu pagamen-
to não se faça, em parte, na forma estabelecida no § 3º deste
artigo e, em parte, mediante expedição de precatório”. (NR)
(...)
Art. 3º. O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias pas-
sa a vigorar acrescido dos seguintes arts. 84, 85, 86, 87 e 88:
(...)
Art. 86. Serão pagos conforme disposto no art. 100 da Consti-
tuição Federal, não se lhes aplicando a regra de parcelamento
estabelecida no caput do art. 78 deste Ato das Disposições Cons-
titucionais Transitórias, os débitos da Fazenda Federal, Estadual,
Distrital ou Municipal oriundos de sentenças transitadas em jul-
gado, que preencham, cumulativamente, as seguintes condições:
I – ter sido objeto de emissão de precatórios judiciários;
II – ter sido definidos como de pequeno valor pela lei de que
trata o § 3º do art. 100 da Constituição Federal ou pelo art. 87
deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;
III – estar, total ou parcialmente, pendentes de pagamento na
data da publicação desta Emenda Constitucional.
§ 1º Os débitos a que se refere o caput deste artigo, ou os respec-
tivos saldos, serão pagos na ordem cronológica de apresentação
dos respectivos precatórios, com precedência sobre os de maior
valor.
§ 2º Os débitos a que se refere o caput deste artigo, se ainda não
tiverem sido objeto de pagamento parcial, nos termos do art.
78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, po-
derão ser pagos em duas parcelas anuais, se assim dispuser a lei.
§ 3º Observada a ordem cronológica de sua apresentação, os
débitos de natureza alimentícia previstos neste artigo terão pre-
cedência para pagamento sobre todos os demais.
Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Consti-
tuição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucio-
nais Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se
dê a publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes
CAPÍTULO 3
79
Cf. voto do Min. Carlos Velloso no RE 298.616-SP, j. 31/10/02, DJ 3.10.03, p. 10.
JORNADA DE ESTUDOS
celamento “em até dez anos”. De lege ferenda, o ideal seria que os cre-
dores pudessem fracionar seus créditos recebendo, à vista, o “pequeno
valor”, e o restante em parcelas anuais.
O art. 86, acrescentado ao ADCT, tem a virtude de determinar o
pagamento, de uma vez, dos precatórios que haviam sido parcelados,
mas que foram definidos em lei como de “pequeno valor”, observados
os requisitos ali enumerados.
Por sua vez, o art. 87 definiu, provisoriamente, o que seria débito de
“pequeno valor” para as Fazendas Estaduais e Municipais – para efei-
to de exclusão destes valores do sistema geral dos precatórios –, facul-
tando aos credores, ainda, a renúncia ao valor excedente, para que o
recebimento se faça como se fosse de pequeno valor.
Feitas as considerações que entendemos necessárias à compreen-
são do sistema de precatórios, bem como à da jurisprudência aplicá-
vel às diversas hipóteses suscitadas, passamos à resposta aos quesi-
tos elaborados.
CAPÍTULO 3
vam até o advento da Constituição de 1967, cujo art. 112, § 1º, deter-
minou “a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de
verba necessária ao pagamento dos seus débitos constantes de
precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho”. Após essa exi-
gência, cumprida a Constituição, “as forças do depósito” devem equi-
valer ao montante a pagar, não havendo mais falar-se em pagamento
“dentro das forças do depósito”.
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 3
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 4 DEBATES
Coordenador Desembargador Nilson Reis
Debatedores Procurador Carlos Bastide Horbach, Juiz Fernando Neto
Botelho, Dr. Humberto Theodoro Júnior, Juiz Pedro Carlos Bitencourt
Marcondes, Professor Vincenzo Demetrio Florenzano
Essa ordem cronológica nada tem, a meu ver, com a força liberatória
e, conseqüentemente, com o poder de compensação.
O sistema de compensação é definido por lei quando cabe compen-
sação, quando dívidas líquidas e certas, pessoas em posições contrá-
rias fazem a aproximação de seus débitos e créditos. O que se requer
para uma compensação é a liquidez e a exigibilidade dos dois créditos
e a fungibilidade de pessoas envolvidas na operação.
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 4
JORNADA DE ESTUDOS
ano deverá ser paga no exercício previsto pela Constituição, cada par-
cela em um exercício.
CAPÍTULO 4
to, sempre. Dr. Humberto Theodoro foi magistrado, tem quase uma
centena de trabalhos publicados sobre matéria processual, Direito
material, e falar sobre a impossibilidade de eficácia de prestação
jurisdicional é extremamente importante, principalmente para nós
magistrados. Creio que os meus colegas aqui presentes devem sentir
também isso, sobretudo aqueles que atuam na Fazenda Pública, dian-
te de sua advertência, com toda a autoridade que têm, quanto à inefi-
cácia efetiva e indiscutível da prestação jurisdicional no que diz res-
peito às condenações contra a Fazenda Pública, que não faz cumprir o
título judicial.
Fixado esse pressuposto e chegado agora esse momento de tratar-
mos, efetivamente, de uma solução para atingir a eficácia, principal-
mente os que militam na Fazenda Pública, vamos deparar com essa
equação e temos de estudar um modo de resolvê-la dentro do princí-
pio da legalidade, dentro de um respeito mínimo à estrutura armada e
prevista na própria Constituição Federal para apreciação das normas
que ela edita, ainda que depois de reformada ou revisada, e, também,
das normas infraconstitucionais que lhe dão complemento.
Ouvi, com muita atenção, a abordagem do Professor José Otávio
Vaz a respeito da auto-aplicabilidade desses dispositivos, especifica-
mente com relação à compensação tributária como instituto realiza-
dor da liberação prevista na Emenda Constitucional n. 30. Não há
dúvidas de que, se nós estivéssemos, e neste caso eu faço, com muito
respeito, uma provocação a essa afirmação do ilustre Professor, mas
se nós estivéssemos na realidade imediatamente posterior à edição da
Emenda n. 30, talvez pudéssemos caminhar mais tranqüilamente nes-
se entendimento da auto-aplicabilidade deduzida por nós mesmos, por
meio da atividade, em primeiro grau ou mesmo pelos Tribunais Esta-
duais, desse dispositivo constitucional.
Nós, porém, temos hoje a palavra do Supremo Tribunal Federal, que
já foi lembrada aqui na primeira Mesa, no sentido de que ele já interpre-
tou normas infraconstitucionais diante da Emenda Constitucional n.
30, lembramos aqui uma obra muito importante em Direito Tributário,
do Professor Humberto Ávila, que, ao concluir seu doutorado na Ale-
manha, faz uma advertência muito importante a respeito da necessida-
de, sobretudo em matéria tributária, de não nos esquecermos da palavra
do Supremo Tribunal Federal – das Supremas Cortes – que detém a
atividade de controle e de custódia dos princípios constitucionais. O
JORNADA DE ESTUDOS
Supremo Tribunal Federal, porém, analisando uma das oito leis esta-
duais já editadas no País, regulando a chamada Seguridade do Crédito
das Fazendas Públicas, e disciplinando a compensação de precatórios,
apreciou uma delas, editada pelo Estado de Rondônia, no julgamento
da Ação Direta de Inconstitucionalidade 2.851. Essa decisão é de outu-
bro, e tenho a sua nota oficial, em que o Ministro Carlos Velloso, Relator
daquela ADIn, diz expressamente o seguinte: “[...] que a lei autoriza (a
lei daquele Estado de Rondônia) a compensação de crédito tributário
com débito da Fazenda do Estado decorrente de precatório judicial pen-
dente de pagamento no limite das parcelas vencidas”.
O Ministro afirmou que o procedimento não é inconstitucional, ao
contrário da eficácia ao disposto no art. 78 do ADCT. Essa expressão
está entre aspas e foi extraída do acórdão. Não conheço o acórdão no
seu inteiro teor, mas supondo até a possibilidade – embora tenha sido
uma improcedência da ADIn, – de se ter ali utilizado a interpretação
da Constituição, com preservação do texto, não obstante a improce-
dência da ADIn, e o Supremo estar, nesse julgamento, fixando não
apenas um precedente jurisprudencial, mas um princípio de comando
para a jurisdição infraconstitucional, sobretudo para esses Estados,
como o de Minas Gerais, que já editaram leis estaduais disciplinando
essa questão relacionada com a compensação.
Parece-me, portanto, salvo melhor juízo, que o Supremo já disse
que a norma infraconstitucional tem foro de constitucionalidade dian-
te da Emenda Constitucional n. 30.
Em Minas Gerais, foi editada, em 2003, a Lei n. 14.699, que, é uma
norma extensa, trata exatamente da cessibilidade e da compensabilidade
do precatório estadual, e o faz estabelecendo, no art. 9º, § 6º, que o
Poder Executivo manterá sistema informatizado, que é o CIAF – para
aqueles que não o conhecem – de controle dos precatórios expedidos
contra o Estado e as entidades de Direito Público da Administração
Indireta. O acesso a ele é perfeitamente possível, via internet, e com
isso temos condição de fiscalizar até a ordem dos precatórios registrados.
Com a obrigatoriedade do registro do precatório contra o Estado de
Minas Gerais no CIAF, possibilitou-se a aplicação do mecanismo de
compensação do precatório. Diz a lei:
O Poder Executivo autorizará compensação de crédito inscrito
em dívida ativa, com precatórios vencidos ou parcelas vencidas
de precatórios parcelados, desde que:
CAPÍTULO 4
Sr. Presidente, Dr. Fernando, Dr. José Otávio Vaz, senhores e se-
nhoras, cumprimento a todos e quero, inicialmente, juntar-me aos que
me antecederam para dizer que esta jornada de estudos é uma oportu-
nidade ímpar de se discutir um tema da maior relevância. Portanto,
quero dar os parabéns aos idealizadores dessa jornada de estudos.
O problema dos precatórios é muito grave e preocupante, merecen-
do, pois, a atenção de todos. Nesse sentido, foi ilustrativo o caso men-
cionado pelo Professor Humberto Theodoro Júnior, a respeito dos
conferencistas estrangeiros que vêm ao Brasil e ficam espantados com
a situação dos precatórios. Nessa mesma linha, é oportuno mencionar
que observadores ligados à Organização das Nações Unidas têm,
reiteradamente, apontado o descumprimento de decisões judiciais como
um dos problemas mais graves do Estado brasileiro.
Seria, pois, um terrível engano pensar que o problema dos precatórios
é um problema apenas daqueles que estão nas filas aguardando o pa-
gamento de seus créditos. O problema dos precatórios é um problema
de todos nós. A injustiça contra um só homem é uma violência para
todos, é uma agressão a todos, é uma ameaça para todos.
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 4
JORNADA DE ESTUDOS
Para melhor vislumbrar onde podemos chegar com uma postura prag-
mática, devemos ter em vista duas situações extremas. A primeira si-
tuação extrema é a que temos hoje, em que os Governos Federal, Es-
tadual e Municipal têm absoluta liberdade, livre arbítrio, para decidir
quando querem pagar os precatórios, porque, efetivamente, não há
uma sanção para a falta de pagamento. Com isso, os governantes ficam
numa posição confortável para decidir quando vai ser pago. Esse é um
extremo. Qual seria o outro extremo? O outro extremo seria o paga-
mento forçado e imediato do total das dívidas de precatório.
Entre esses dois extremos, existem soluções alternativas, e é isso
que nós precisaríamos perceber e entender. Uma solução alternativa
nos foi dada pela Constituição, precisamente, pelo art. 78 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias. É uma solução de mercado,
como o Professor Humberto Theodoro bem ressaltou.
Refletindo sobre essa questão, fiquei convencido de que a solução
de mercado acolhida pelo art. 78 do Ato das Disposições Constitucio-
nais Transitórias, dentro de uma visão pragmática, é a melhor solução
que se poderia pensar para o pagamento dos precatórios atrasados.
Isso porque, por um lado, de fato, não é possível exigir o pagamento
imediato do total da dívida, o que implicaria a paralisação da presta-
ção de serviços essenciais. Não se pode paralisar o Legislativo, o Exe-
cutivo e o Judiciário Estadual, por exemplo, que dependem dessas
verbas. Isso realmente não seria razoável. Também não se podem pa-
ralisar escolas, nem serviços de saúde. Por outro lado, a decisão de
pagar não pode depender do livre arbítrio dos governantes. Estes, na-
turalmente, vão querer realizar suas promessas de campanha, e não
pagar precatórios atrasados de governos anteriores. A solução que nos
foi dada pela Constituição (art. 78 do ADCT) é um meio-termo entre
esses dois extremos. Não é o pagamento imediato e integral da dívida,
mas é mais do que aquilo que os governantes estão dispostos a pagar.
Em outros termos, obriga os governantes a pagar mais do que esta-
riam normalmente dispostos a pagar.
Essa solução nos foi dada quando a Constituição permitiu o parcela-
mento do pagamento, atribuindo poder liberatório às parcelas não pagas
no prazo previsto. A solução de mercado está, portanto, no poder
liberatório dos créditos e na possibilidade de cessão desses créditos.
Gostaria de fazer uma observação sobre a posição adotada pelo
Estado de Minas Gerais no tocante ao disposto no art. 78 do ADCT.
CAPÍTULO 4
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 4
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 4
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 4
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 4
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 4
ranjos financeiros que foram realizados pelo atual governo e que fo-
ram amplamente divulgados nas últimas semanas.
Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal, em 1996, ao julgar a
Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1.098, de relatoria do Minis-
tro Marco Aurélio, assentou que o parâmetro de aferição dos erros
materiais nos precatórios era exatamente o título executivo judicial,
ou seja, a sentença exeqüenda. Em outras palavras, afirmou o Supre-
mo Tribunal Federal que o padrão de fixação, ou padrão de investiga-
ção da existência de erros materiais, bem como da sua correção pelo
Presidente do Tribunal, é a sentença exeqüenda.
Tal entendimento permite concluir, como tem feito a advocacia do
Estado de Minas Gerais, que erro material é tudo aquilo que estiver
em desacordo com a coisa julgada do processo, e esse entendimento,
evidentemente, empresta plena efetividade à decisão judicial, empres-
ta plena efetividade às conclusões dos magistrados, impossibilitando
que se altere o que ele entendeu como direito no processo de conheci-
mento e na fase de execução, ou seja, esse entendimento impede que
seja substituído o juízo dos magistrados pelo juízo do perito em perío-
do posterior.
Como disse, entendimento diverso a esse, por óbvio, afeta a coisa
julgada e, enfim, atenta contra a autoridade das decisões do Poder
Judiciário.
Outro precedente importante que também quero trazer para o de-
bate é o da Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.662, de relatoria
do Ministro Maurício Corrêa, que está publicada no Diário da Justiça do
dia 19 de setembro de 2003. Nessa ação, além de se delimitar um
pouco mais as questões relativas ao erro material, anteriormente fixa-
da na ADIN 1.098, o Tribunal declarou inconstitucional uma instru-
ção normativa do TST que abria espaço, abria possibilidade para ou-
tras hipóteses de seqüestros que não aquelas expressamente previstas
no texto da Constituição. Entendeu o Supremo Tribunal Federal que
somente aquelas hipóteses eram possíveis e, portanto, a instrução
normativa do Tribunal Superior do Trabalho seria inconstitucional.
O mais importante nessa decisão, porém, não é exatamente o que
foi fixado sob o ponto de vista do mérito da ação, mas sim os efeitos
que foram emprestados a essa decisão. Essa decisão foi a primeira em
que o Tribunal atribuiu os efeitos vinculantes aos fundamentos
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 4
JORNADA DE ESTUDOS
CAPÍTULO 4
JORNADA DE ESTUDOS
PARTE II
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 1
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
Sumário
1. Introdução. 2. Natureza de algumas normas constitucionais.
3. Direito de propriedade e livre iniciativa. 4. A propriedade
privada e a livre iniciativa no ordenamento jurídico brasileiro. 5.
Preceitos fundamentais e precatórios. 6. Conclusão: necessidade
de restabelecimento do Estado de Direito.
1. INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1
1
ATALIBA, Geraldo. República e Constituição. São Paulo: Editora Revista dos Tribu-
nais, 1985, p. 150.
2 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23ª ed. São Paulo:
Malheiros Editores Ltda., 2004. p. 96.
3
SILVA, 2004, p. 96.
4
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e teoria da Constituição. 3ª
ed. (Reimpressão). Coimbra: Livraria Almedina, 1999, p. 1.085. (Os destaques se
encontram no original).
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
5
SILVA, loc. cit.
6
Cf. CANOTILHO, op. cit., p. 1.086.
7
Cf. PALLIERI, Giorgio Balladore. Diritto Costituzionale, apud ATALIBA, 1985, p. 94.
CAPÍTULO 1
8
PALLIERE, apud ATALIBA, 1985, p. 94.
9
ATALIBA, 1985, p. 94.
10
ATALIBA, loc. cit.
11
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. Tradução de E. Jacy Monteiro. São
Paulo: Instituto Brasileiro de Difusão Cultural S.A. IBRASA, 1963 (Col. Clássicos
da Democracia, v. 11), p. 67. Título original: The Second Treatise of Government.
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
12
Conferir os sentidos em VAZ, Isabel. Direito Econômico das propriedades. 2ª ed. Rio
de Janeiro: Forense, 1993, p. 209, 210 et seq., com apoio em Dmitri-Georges
Lavroff (Les Institutions Politiques de l‘Espagne: Constitution du 29 décembre
1978. Notes et Études Documentaires, ns. 4.629-4.630. Paris: La Documentation
Française, 1981).
13
VAZ, 1993, p. 210.
14
A autora dedicou sua tese de doutorado ao tema das “propriedades”, remetendo o
leitor, por ora, para a bibliografia, os estudos e as teorias ali desenvolvidos (Direito
Econômico das propriedades, 1993).
CAPÍTULO 1
15
Cf. VAZ, Isabel. 1993, p. 586-593.
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
16
Cf., a propósito, de Paulo BONAVIDES, “A teoria dos direitos fundamentais”
(Capítulo 16 da obra Curso de Direito Constitucional. 7 ed. São Paulo: Malheiros Edito-
res, 1997, p. 514-531.
CAPÍTULO 1
17
Cf. VAZ, Isabel, 1993, p. 148, com apoio em Fábio Konder Comparato (O poder de
controle na Sociedade Anônima. 3. ed. Forense: Rio de Janeiro, 1983, p. 98 et seq.).
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
18
TAVARES, André Ramos. Tratado da Argüição de Preceito Fundamental. Prefácio de
Celso Bastos. São Paulo: Editora Saraiva, 2001, p.134.
19
TAVARES, 2001, p. 134.
CAPÍTULO 1
20
Vide, a propósito, a evolução das agências reguladoras nos EUA in JUSTEN FILHO,
Marçal. O Direito das Agências Reguladoras Independentes. São Paulo: Dialética, p. 54 et
seq.; VAZ, Isabel, 1993, p. 552 et seq.
21
Sobre “os condicionamentos de natureza ideológica do regime das propriedades”, v.
VAZ, Isabel, 1993, p. 216 et seq.
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 1
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2 ADVOCACIA
NOS TRIBUNAIS SUPERIORES*
José Guilherme Villela
Sumário
1. Aspectos gerais da atividade profissional. 1.1 Petições, alega-
ções e memoriais. 1.2 Sustentações orais. 2. Aspectos peculiares
aos diversos feitos. 2.1 Recurso extraordinário e recurso espe-
cial. 2.2 Reclamação. 2.3 Ações originárias. 2.4 Habeas corpus e
mandados de segurança. 2.5 Controle de constitucionalidade.
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2
16. A defesa oral deve ser a mais objetiva possível, dando ênfase
aos pontos principais para o julgamento, sem preocupação de esgotar
os fundamentos jurídicos em que se apóia ou, principalmente, de ensi-
nar direito aos julgadores, que podem dispensar tais lições, pois sua
própria investidura já pressupõe notável saber jurídico.
17. A defesa oral competente, que, a meu ver, não deve ser lida nem
aparentemente decorada, talvez seja hoje o principal instrumento da
advocacia perante os Tribunais Federais, que, na maioria das vezes, são
chamados a resolver questões de direito, que conhecem de sobra e que
podem dirimir à vista de uma simples enunciação delas. A importância
da defesa oral cresce à medida que a carga de processos aumenta, já que
esse acúmulo torna praticamente impossível a leitura pelos Juízes de
todas as peças escritas dos autos, notadamente dos memoriais, habitual-
mente distribuídos a todos os Ministros às vésperas dos julgamentos.
18. O excessivo número de defesas orais em cada sessão não costuma
ser bem recebido pela maioria dos julgadores, alguns mais preocupados
com o aumento da produção de decisões ou até com a emulação advinda
das habituais estatísticas. De qualquer modo, posso assegurar, pela ob-
servação de mais de 40 anos de atividade nos Tribunais Superiores, que
as sustentações orais, em regra, são ouvidas com a necessária atenção,
mesmo quando enfadonhas ou destituídas de boa técnica.
19. Nesse tópico destinado à defesa oral, convém insistir que os Tri-
bunais, de modo geral, estão abarrotados de recursos, a maioria deles
surgidos de causas repetidas que só continuam vindo às Cortes Superio-
res por insistência dos entes públicos na obstinada resistência ao paga-
mento de suas dívidas. Há períodos em que, numa única sessão de julga-
mento, são decididas algumas centenas de processos, que, na verdade,
só servem para as demonstrações estatísticas de eficiência burocrática.
Esse quadro é peculiar à instância especial e à extraordinária, mas, no
plano das apelações, é muito comum também a observação de ser pe-
quena a utilidade da defesa oral, em face da existência de um relator e de
um revisor, que tiveram ocasião de manusear os autos, para, com isen-
ção, resolver a controvérsia travada entre as partes. Por uma ou outra
razão, há alguma descrença dos magistrados na defesa oral, que muitos
vêem como pura perda de tempo nas sessões de julgamento.
20. O legislador, contudo, vem encorajando o exercício da oralidade,
a ponto de haver o Estatuto da Ordem (Lei n. 8.906, de 4.3.94) estabe-
lecido, no inciso IX do art. 7º, que a sustentação poderá ser feita após o
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2
2.2 Reclamação
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
91. No que tange ao habeas data, não houve sequer pressão dos
interessados, e foram pouco numerosos os casos dirigidos aos Tribu-
nais Superiores. A prática está a demonstrar que o instituto do habeas
data foi uma inútil demasia do constituinte de 88 ou mera manifesta-
ção de preciosismo jurídico em momento de verdadeira exacerbação
das garantias individuais do regime democrático que se estava resta-
belecendo.
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 2
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 3
1
CUNHA, Lázaro Cândido da. Precatório – Execução contra a Fazenda Pública. Belo
Horizonte: Editora Del Rey, 1999.
2
DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário Jurídico. 15ª ed. Rio de Janeiro: Forense, p. 627.
3
Dicionário Jurídico da Academia Brasileira de Letras Jurídicas. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora
Forense Universitária, p. 613.
4
BASTOS, Celso Ribeiro. Comentários à Constituição Brasileira. São Paulo: Saraiva, 4º v.,
T. III, p. 47.
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
5
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 19ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, v. II, p. 228, 229. SANTOS, J. M. Carvalho dos. Repertório Enciclopédico do
Direito Brasileiro. vol. VIII, p. 104.
CAPÍTULO 3
6
PEREIRA. Instituições de Direito Civil. v. II, p. 227.
7
DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado. São Paulo: Ed. Saraiva, p. 690.
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
8
CAPELLETTI, Mauro. O acesso à Justiça e a função do jurista em nossa época.
Revista do Processo, n. 61, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1991, p. 144-159.
DINAMARCO, Cândido R. A aceleração dos procedimentos. Caderno de Doutrina, p.
CAPÍTULO 3
337 et seq.; DELGADO, José Augusto. Execução contra a Fazenda Pública. Caderno
do CEJ, p. 812. ROSAS, Roberto. Efetividade e instrumentabilidade. Estruturação
processual. Caminhos de uma reforma. Revista da OAB. Ano XXVI, nº 63, julho/
dezembro, 1996, p. 71-84.
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 3
9 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Op. cit., p. 234.
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 3
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
Sumário
1. Viabilidade de uma solução de mercado. 2. Custos e benefícios
da solução de mercado. 3. Análise Econômica do Direito. 4. O
princípio da escassez. 5. O princípio da eficiência. 6. A moderna
noção de direito como estrutura de incentivos. 7. O direito de
propriedade. 8. Conclusão. 9. Referências bibliográficas.
CAPÍTULO 4
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 4
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 4
receitas correntes líquidas, a despesa com educação, que não pode ser
inferior a 25% da receita resultante de impostos (art. 212 da CF/88), a
despesa com saúde (art. 198, § 2o, da CF/88) e outras, restam ao Go-
vernador do Estado cerca de 2% das receitas correntes líquidas para o
pagamento dos precatórios, que é o que está sendo efetivamente pago.
Diante dessa análise, o Ministro concluiu que a intervenção não é o
meio jurídico mais eficiente para remediar o problema do não-paga-
mento dos precatórios, já que um eventual interventor não poderia
fazer melhor do que aquilo que o Governador, democraticamente elei-
to, já está fazendo. Isso porque: “Ao interventor também será aplicá-
vel a reserva do financeiramente possível”.
A Análise Econômica do Direito se propõe justamente a ajudar a
decidir sobre os meios mais eficientes para se alcançar determinado
fim, ponderando entre os meios jurídicos (remédios) e o fim também
jurídico (nesse caso, o cumprimento das decisões judiciais com o pa-
gamento dos precatórios) a ser realizado.
Em síntese, pois, pode-se dizer que a Análise Econômica do Direi-
to (AED) consiste fundamentalmente na aplicação de conhecimentos
elaborados e desenvolvidos pela Ciência Econômica na solução de
problemas jurídicos. Como se vê, o não-pagamento de precatórios é
também um problema jurídico.
Para traduzir em poucas palavras a idéia que sintetiza a proposta
desta escola de pensamento, poderíamos dizer que a AED visa a in-
vestigar a função da norma jurídica como estrutura de incentivos para
a atividade econômica. Em outras palavras, visa a explicitar os efeitos
do direito, o direito posto pelas sentenças judiciais inclusive, sobre a
economia. A AED é, portanto, um instrumento teórico que serve para
auxiliar na análise, na crítica, na compreensão, na interpretação e na
aplicação do Direito, tendo em vista o aperfeiçoamento do sistema
jurídico composto de normas e instituições. Portanto, a idéia é empre-
ender uma análise das conseqüências do ordenamento jurídico vigente
num dado momento histórico, incluindo normas constitucionais,
infraconstitucionais e decisões judiciais (jurisprudência) sobre a eco-
nomia, notadamente em relação à alocação de recursos escassos, para,
então, proceder a uma adequação dos institutos jurídicos aos critérios
da racionalidade econômica, sobretudo no que se refere à eficiência e
à maximização da riqueza.
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
4. O PRINCÍPIO DA ESCASSEZ
3
Hard cases são aquelas causas em que o direito (lei) aponta para um lado, e o ideal de
justiça aponta para o lado contrário. A expressão hard cases (que poderíamos traduzir
por “causas difíceis de decidir”) se refere, pois, às causas que envolvem juízos de
eqüidade em que os juízes ficam tentados a flexibilizar, mitigar ou mesmo não
aplicar a lei que rege o caso concreto.
CAPÍTULO 4
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
5. O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
5
No original: Efficiency might refer to the Pareto standard – whether a change in law can make
someone better-off without making anyone worse-off. Alternatively, ‘efficiency’ might refer to
the cost-benefit standard – whether the winners from a change in law gain more wealth than the
losers lose. Or ‘efficiency’ might refer to a welfare standard – whether the winners from a change
in law gain more welfare than the losers lose.
CAPÍTULO 4
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 4
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
7. O DIREITO DE PROPRIEDADE
CAPÍTULO 4
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CAPÍTULO 4
nhança para vizinhança ou até de uma rua para outra. Você aca-
ba de se colocar na pele de alguém que vive num país em desen-
volvimento ou num país do extinto bloco comunista.
Note-se que é exatamente a situação dos precatórios no Brasil, uma
vez que não se consegue fazer com que a dívida seja paga e também
não se consegue converter precatórios em dinheiro.
“O mistério do capital”, portanto, segundo Soto (2000), consiste
num sistema de representação dos direitos de propriedade e num am-
biente institucional capaz de fazer com que os ativos (propriedades)
se transformem em capital, ou seja, capaz de criar capital ou transfor-
mar capital morto em capital vivo, enfim, capaz de dinamizar a proprie-
dade, no sentido de que nos fala Vaz (1993, p.148).
Com essa argumentação, pretende-se demonstrar que, formando-
se um mercado de precatórios, é possível transformar este capital
morto que temos hoje (precatório) em capital vivo, capaz de dinami-
zar a propriedade.
Como o milho, a soja, o trigo ou qualquer outra commodity, o crédito
dos precatórios pode ser alocado por meio de um sistema de preços
que direciona o bem para o usuário que lhe atribui o maior valor. No
caso do crédito, o preço são os termos que o banco pode negociar no
contrato de empréstimo. Se as instituições financeiras podem conse-
guir melhores termos de troca, não há por que impedir a transferência
do crédito para o usuário que lhe atribui maior valor.
Além disso o mercado pode promover maior especialização, porque
os bancos e as demais instituições que se interessarem pelo mercado
de precatórios teriam maior incentivo em desenvolver know-how em
realizar esse tipo de operação. Podem surgir também outros interessa-
dos em atuar nesse mercado. Aqueles que forem mais bem-sucedidos
nesse tipo de operação poderão vender seus serviços às demais insti-
tuições. Por intermédio da concorrência, os mais eficientes na realiza-
ção dessas operações conquistariam essa nova fatia de mercado.
Em relação à estrutura de incentivos, as piores coisas que se podem
apresentar para o mercado são: 1) descumprimento das regras 2) que-
bras de contrato; 3) incerteza normativa.
Se o próprio Estado não cumpre as decisões judiciais, ninguém vai
sentir-se seguro contratando. Isso explica, em parte, por que o Estado
precisa pagar preços mais elevados para adquirir os produtos e os servi-
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
8. CONCLUSÃO
CAPÍTULO 4
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
CONTRIBUIÇÕES DOUTRINÁRIAS
JURISPRUDÊNCIA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (PRESIDENTE) –
Nair de Andrade e outros requerem o deferimento de intervenção fede-
ral no Estado de São Paulo, diante do não-pagamento de valor requisi-
tado em precatório que envolve prestação de natureza alimentícia,
expedido em 1997, para inclusão no orçamento de 1998. O processo
teve início em 1987.
Após ouvir o Governador do Estado e o Ministério Público, o Tri-
bunal de Justiça julgou procedente o pedido, determinando a remessa
do processo a esta Corte, o que ocorreu em maio de 2001.
Solicitadas informações, manifestou-se o Governador, afirmando
não ter sido descumprida ordem judicial. É que, por ter caráter excep-
cional, a regra do artigo 34 da Constituição Federal há de ser interpre-
tada de forma restritiva, não restando, na espécie, tipificada a conduta
ali prevista, pois não ocorreu “dolo, ou seja, vontade intencionalmen-
te dirigida” para o descumprimento da ordem judicial ou o não-paga-
mento dos precatórios. Ressalta que, ao assumir o Governo, pendiam
de pagamento precatórios que deveriam ter sido pagos pelo governo
anterior, estando as finanças públicas em situação caótica, pelo que
foi necessária a reorganização do orçamento do Estado. Aduz ter dado
bons resultados a gestão dos recursos públicos, permitindo “avanços
consideráveis no pagamento dos débitos do Estado decorrentes de
decisões judiciais”. Sustenta ter despendido quantia superior àquela
que fora gasta nos oito anos anteriores, com o pagamento de precatórios.
Por outro lado, alega que o precatório em questão é precedido de ou-
tros, também “com direito a preferência”. Discorre sobre a crise eco-
nômica que assola o País e atinge o Estado e o particular, mas chama
atenção para o fato de o primeiro ter o dever de promover o bem co-
mum, custear a educação, a saúde, a habitação, a segurança, gerar
empregos para os cidadãos e manter em perfeito funcionamento a
máquina administrativa, não podendo sacrificar os interesses de toda
a sociedade para quitar precatórios acumulados. Reafirma não estar
deixando de cumprir de forma intencional, arbitrária ou desarrazoada
a ordem judicial. Ao contrário, tem envidado esforços para liquidar
todos os precatórios, mas esbarra na exaustão do erário.
A Procuradoria-Geral da República opinou pela procedência do pe-
dido de intervenção.
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO A
JURISPRUDÊNCIA
VOTO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (PRESIDENTE) –
Os esforços desenvolvidos com o objetivo de solucionar a pendência
não frutificaram.
Contatos foram mantidos com o Chefe do Poder Executivo do Es-
tado. Reafirmou-se a impossibilidade de depósito do valor do precatório,
ante a falta de recursos. A ordem natural do processo desaguou, então,
na inclusão em pauta. O fenômeno ocorreu por força de um dever
inerente ao ofício judicante, e não considerado o disposto no § 5º do
artigo 100 da Constituição Federal:
O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo
ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de
precatório incorrerá em crime de responsabilidade.
Aliás, há de fazer-se certo registro. A previsão constitucional resul-
tou da Emenda n. 30/2000, deixando de guardar sintonia com o dia-a-
dia dos tribunais.
A situação verificada relativamente à liquidação dos precatórios
decorreu de atos omissivos e comissivos, não dos Presidentes dos Tri-
bunais, mas de Governadores e Prefeitos. Logo, outros deveriam ser
os destinatários da norma.
ANEXO A
Alagoas 1 processo;
Ceará 17 processos;
Distrito Federal 48 processos;
Espírito Santo 10 processos;
Goiás 10 processos;
Mato Grosso 10 processos;
Pará 11 processos;
Paraná 10 processos;
Rio de Janeiro 8 processos;
Rio Grande do Sul 176 processos;
Rondônia 2 processos;
Santa Catarina 111 processos;
São Paulo 2.822 processos;
Tocantins 16 processos.
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO A
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO A
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO A
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO A
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO A
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO A
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO A
VOTO
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO A
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO A
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO A
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO A
JURISPRUDÊNCIA
VOTO
ANEXO A
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO B
ACÓRDÃO
JURISPRUDÊNCIA
RELATÓRIO
“INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 11
ANEXO B
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO B
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO B
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO B
VOTO
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO B
JURISPRUDÊNCIA
VOTOS/PRELIMINAR
VOTOS/PRELIMINAR
ANEXO B
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO B
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO B
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO B
VOTO
S/PRELIMINAR
O SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO – Sr. Presidente, com
a devida vênia dos Srs. Ministros que entenderam de modo contrário,
creio que as novas previsões de seqüestro não se aplicam aos créditos
de natureza alimentícia.
Houve, realmente, como ressaltado pelo Ministro Pertence, um contra-
senso flagrante, mas do legislador que ditou norma expressa a respeito.
Por essa razão, acompanho o Sr. Ministro-Relator.
VOTO
(VOTO S/ PRELIMINAR)
O SENHOR MINISTRO CARLOS VELLOSO – Sr. Presidente, o
art. 78 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, acrescen-
tado pela Emenda Constitucional nº 30, no seu art 2º, dispõe:
Art. 78 – ... os precatórios pendentes na data de promulgação
desta Emenda e os que decorram de ações iniciais ajuizadas até
31 de dezembro de 1999 serão liquidados pelo seu valor real,
em moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações
anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos, per-
mitida a cessão dos créditos.
O constituinte derivado criou uma hipótese de satisfação e liqüidação
de precatórios num novo prazo, estabelecendo, mais, no § 4º, do art. 78:
JURISPRUDÊNCIA
Art. 78 (...)
§ 4º O Presidente do Tribunal competente deverá, vencido o
prazo ou em caso de omissão no orçamento, ou preterição ao
direito de precedência, a requerimento do credor, requisitar ou
determinar o seqüestro de recursos financeiros da entidade exe-
cutada, suficientes à satisfação da prestação.
Quer-me parecer que tal disposição diz respeito, apenas, aos crédi-
tos com a forma de pagamento nova instituída pela Emenda Constitu-
cional nº 30.
O SENHOR MINISTRO MOREIRA ALVES – Esse texto é tran-
sitório e, obviamente, só diz respeito ao que está na transitoriedade,
não podendo ser conjugado a um texto permanente.
O SENHOR MINISTRO CARLOS VELLOSO – E há a ressalva
expressa dos créditos de pequeno valor, de natureza alimentícia, etc.
Convenci-me, na linha do voto do Sr. Ministro-Relator, de não ter ha-
vido alteração no que toca, por exemplo, a esses créditos de natureza
alimentícia.
Com essas breves considerações, acompanho o voto de S. Exa., en-
tendendo não estar prejudicada a ação.
VOTO
VOTO S/PRELIMINAR
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE — Sr. Pre-
sidente, nos apartes ao Ministro Nelson Jobim, já deixei clara a minha
posição. Tão mais brilhantes, não posso negar, e convincentes à pri-
meira vista, são as notáveis interpretações da Emenda Constitucional
nº 30, a que estou assistindo, quanto mais eu me convenço de que
estamos julgando uma ação direta de inconstitucionalidade ante um
parâmetro constitucional superveniente.
Por isso, peço todas as vênias aos que me antecederam para julgar
prejudicada a ação.
VOTOS/PRELIMINAR
ANEXO B
VOTOS/PRELIMINAR
JURISPRUDÊNCIA
VOTOS/PRELIMINAR
ANEXO B
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO B
A meu ver, contamos com base, na própria Carta, para chegar a essa
interpretação, que não tenho como ativista nem integrativa, mas
teleológica, considerado o objetivo da nova disciplina.
De acordo com o § 2º do artigo 5º da Constituição Federal:
Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados (...)
Penso que o artigo 78 do Ato das Disposições Constitucionais Tran-
sitórias compõe um grande todo, muito embora balizado no tempo,
que é o revelado pelo sistema constitucional.
Peço vênia àqueles que entendem de maneira diversa para não abrir a
porta à postergação, ainda maior, dos créditos de natureza alimentícia,
porque, em última análise, tendo em vista o preceito do artigo 78, relativa-
mente ao seqüestro, quanto aos créditos comuns, serão estes, daqui para a
frente, de maior envergadura, e, aí, diante da escassez de recursos, colo-
car-se-ão em plano secundário os créditos de natureza alimentícia.
Acompanho o ministro Sepúlveda Pertence, assentando, portanto,
o prejuízo da ação direta de inconstitucionalidade.
VOTO
VOTO
JURISPRUDÊNCIA
VOTO
ANEXO B
JURISPRUDÊNCIA
Peço vênia aos colegas que acabam de formar a maioria, para acompa-
nhar o voto divergente do Ministro Sepúlveda Pertence, julgando impro-
cedente o pedido formulado nesta ação direta de inconstitucionalidade.
VOTO
(S/ ITEM IV DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 11/97 – TST)
A SENHORA MINISTRA ELLEN GRACIE – Sr. Presidente, creio
que o Ministro Maurício Corrêa poderá computar mais uma adesão a
esse ponto de vista manifestado agora.
Entendo que a necessidade de comunicação criada pelo inciso IV
da Instrução Normativa nº 11/97 cria, para os órgãos do Poder Exe-
cutivo, obrigação nova, não prevista em lei nem na Constituição Fede-
ral, e, tampouco, portanto, merece manutenção.
Acompanho S. Exa.
TRIBUNAL PLENO
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 1.662-7
VOTO
(S/ ITEM IV DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 11/97 – TST)
O SENHOR MINISTRO NELSON JOBIM – Sr. Presidente, eu
havia acompanhado o Ministro-Relator e continuo na mesma posição,
lembrando que a recíproca teria de ser verdadeira, ou seja, poderia o
Executivo, por uma resolução ou decreto próprio, determinar ao Po-
der Judiciário informar, anualmente, todas as demandas que contra ele
circulam. Evidentemente, não gostaríamos de receber uma determi-
nação do Executivo mandando os Tribunais comunicarem quais cir-
culam dentro do Poder Judiciário em relação a esse fato.
VOTO
(S/ ITEM IV DA INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 11/97 – TST)
O SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO – Sr. Presidente, peço
vênia ao eminente Relator para indeferir a cautelar. Fica, a regra, como
se fosse um apelo, uma solicitação. Se a pessoa de direito público não
sofre nenhuma punição pela desobediência, a norma não causa ne-
ANEXO B
VOTO
(S/ITEM IV da INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº11/97-TST)
O SENHOR MINISTRO CARLOS VELLOSO – Sr. Presidente, a
pessoa de direito público é obrigada, na forma do que dispõe o § 1º do
art. 100 da Constituição Federal, a fazer a inclusão, no orçamento, de
verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças
transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apresen-
tados até 1º de julho. A obrigação decorre da Constituição.
Parece-me que esse dispositivo se inclui no âmbito da competência
do juiz que se encarrega da fase de execução, o Presidente do Tribunal.
Acho razoável a disposição. Entendo que essa norma visa a obter da
autoridade, ou da pessoa jurídica de direito público, a informação de
que ela está cumprindo a obrigação básica que lhe impõe a Constituição.
O SENHOR MINISTRO NELSON JOBIM – V. Exa. está fazendo
interpretação conforme?
O SENHOR MINISTRO CARLOS VELLOSO – Não!
O SENHOR MINISTRO NELSON JOBIM – O meu problema é
saber: se obrigatório, sou contrário; mas, se for mera sugestão, estarei a
favor. Qual é a restrição que V. Exa. está fazendo?
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE – Realmen-
te, ficou sem sanção porque esse item pressupunha a sanção do item III.
O SENHOR MINISTRO CARLOS VELLOSO – Os italianos di-
zem, com graça, que norma sem sanção é sino sem badalo. Por isso,
sinto dificuldade em dizer que ela obriga.
Então, não há inconstitucionalidade nessa disposição que, bem dis-
se o Sr. Ministro Sepúlveda Pertence, simplesmente retrata uma obri-
gação constitucional do poder público.
Na Presidência do Tribunal, também estive a braços com precatórios.
E acrescento que toda norma que chama a atenção do poder público
de que ele deve cumprir as decisões judiciais me parece salutar.
Peço licença ao Sr. Ministro Relator para manter o item IV.
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO B
CONFIRMAÇÃO DE VOTO
(S/ ITEM IV DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 11/97 – TST)
O SENHOR MINISTRO CARLOS VELLOSO – Sr. Presidente, pen-
so ser esta uma obrigação constitucional imposta ao Poder Público. Por-
tanto, o Presidente do Tribunal, que tem a responsabilidade por esta fase
da execução, deve ser informado se foi cumprida essa obrigação.
Mantenho o meu voto.
VOTO
(SOBRE ITEM IV DA
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 11/97 – TST)
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (PRESIDENTE) –
A satisfação do precatório é um ato complexo. Tem-se a participação
sine qua non do Chefe do Poder Executivo.
Conforme ressaltei, olvidou-se que a quadra atualmente vivida de-
corre de uma certa displicência – vou utilizar o vocábulo – não do
Presidente do Tribunal no qual está pendente o precatório, mas dos
devedores, do Estado. E, aí, previu-se o crime de responsabilidade
praticado pelo Presidente do Tribunal, na hipótese de ato comissivo
ou omissivo.
Ora, já se disse que os Poderes são harmônicos e devem atuar em
conjunto buscando o resultado próprio à Carta da República. O pre-
ceito é simplesmente pedagógico e almeja até mesmo uma economia e
celeridade processuais: o máximo de eficácia da lei com o mínimo de
atividade judicante. Simplesmente dispôs-se que a pessoa jurídica de
direito público – e isso é o mínimo – informará ao Tribunal, até 31 de
dezembro, se fez incluir no orçamento valores para o pagamento dos
precatórios apresentados até 1º de julho.
JURISPRUDÊNCIA
VOTO
(S/ ALÍNEA B DO ITEM VIII DA
INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 11/97 – TST)
O SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO – Sr. Presidente, vejo
que só faltou, nessa instrução normativa, uma norma que previsse a
manifestação do Ministério Público nos processos de precatórios, o
que talvez serviria para evitar a ocorrência de erros capazes de elevar
os débitos da Fazenda a valores irreais, como ocorreu com o INSS, no
Rio de Janeiro.
Acompanho o eminente Ministro-Relator.
Ministro Ilmar Galvão
VOTO – MÉRITO
Ultrapassada essa questão preliminar, passo ao exame do mérito da
ação.
2. Não tenho como acolher a impugnação dos itens I e II da Instru-
ção Normativa 11/97, pela simples razão de que apenas transcrevem
parte do que se contém no artigo 100 e seu § 1º da Constituição. Nesta
parte, portanto, é improcedente o pedido.
3. O item III equipara a não-inclusão no orçamento das verbas relativas
aos precatórios apresentados até 1º de julho de cada ano à preterição
do direito de precedência, e prevê a hipótese de seqüestro sem qualquer contra-
ditório, ouvindo-se apenas o Ministério Público; também o item XII
equipara o pagamento a menor, sem a devida atualização ou fora do prazo,
que denomina de inidôneo, à preterição do direito de precedência, e faculta
o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito.
4. O requerente vê nessas equiparações a criação de duas novas moda-
lidades de seqüestro, além da única prevista na parte final do § 2º do
artigo 100 da Constituição Federal, verbis: “As dotações orçamentárias e os
ANEXO B
JURISPRUDÊNCIA
ANEXO B
b) julgo procedente a ação no que diz respeito aos itens III, IV e, por
arrastamento, quanto à expressão “bem assim a informação da pes-
soa jurídica de direito público referida no inciso IV desta Resolu-
ção”, contida na parte final da alínea c do item VIII, e, ainda, ao
item XII da IN 11/97, por afronta ao artigo 100, §§ 1º e 2º, da Carta da
República;
c) julgo a ação procedente em parte quanto ao item VIII, b, do ato
impugnado, somente para dar interpretação conforme à Constituição,
de modo que fique explícito que a referida correção diz respeito a er-
ros materiais ou inexatidões nos cálculos dos valores dos precatórios,
não alcançando, porém, o critério adotado para a sua elaboração nem
os índices de atualização monetária utilizados na primeira instância.
É o meu voto.
ANEXO B
JURISPRUDÊNCIA