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SINDICATO INTERESTADUAL DOS TRABALHADORES NA

INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA E DO AUDIOVISUAL


Considerações do Sindicato Interestadual dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica
e do Audiovisual (STIC) para discussão no 9º Congresso Brasileiro de Cinema, a ser realizado
entre 08 e 12 de dezembro de 2023 em Brasília - DF.

Somos uma entidade sindical oriunda da Lei Federal no. 6.533 de 26 de maio de 1978
e devidamente registrada no Ministério do Trabalho e Emprego.
Defendemos o amplo direito de expressão audiovisual por todos os segmentos de
nossa sociedade que optem por esta poderosa forma de expressão cultural, porém
gostaríamos de ressaltar que representamos mulheres e homens que atuam
profissionalmente e sobrevivem deste segmento.
Como todo órgão de classe, é nosso dever estabelecer convenção coletiva com os
sindicatos patronais estabelecidos em nossa base territorial, ocasião em que pactuamos
com estas entidades os parâmetros que terão validade para os próximos doze meses,
versando sobre os pisos salariais, jornadas de trabalho, seguro coletivo das equipes,
cumprimento das normas de segurança e determinações sanitárias vigentes. Cabe, ainda,
observar as melhores práticas de relacionamento coletivo, combatendo discriminações de
raça, gênero e identidade de gênero, orientação sexual, etarismo e quaisquer tipos de
assédio.
Como representantes legais de nosso segmento, nossa abrangência é interestadual;
representamos as pessoas atuantes nas regiões Sudeste/Nordeste e Norte, enquanto nosso
coirmão, o SINDCINE, representa as regiões Sudeste/Centro Oeste e Sul, excetuando o
Estado de Santa Catarina, onde está situada outra entidade coirmã, o SINTRACINE, de
abrangência estadual.
Importante destacar que o STIC e o SINDCINE são membros efetivos do Conselho de
Comunicação Social do Congresso Nacional.
A Lei que regulamenta a nossa profissão permanece em vigor e estabelece duas
formas de contratação: nota contratual, para trabalhos que não excedam o período de sete
dias, e contrato por tempo determinado, para além deste período.
Estaremos sempre prontos e parceiros da classe produtora na busca de
desonerações que tornem viáveis estas contratações, isto porque somos sensíveis ao fato
de que os encargos fiscais são altos (mesmo considerando que, historicamente, outros
segmentos da indústria conseguem vários tipos de elisão fiscal); a atividade possui
característica sazonal; muitos equipamentos importados não possuem similares nacionais
e, ao contrário do segmento da Radiodifusão, que já é beneficiado com incentivos fiscais
há muito tempo, a indústria cinematográfica não goza de tal benefício. Argumentos não
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nos faltam.
No sentido de afirmar uma indústria audiovisual em nosso país e sua perenidade, aos
trabalhadores se aplicou uma prática amplamente disseminada em outros setores, que foi
obrigar nosso plantel a se configurar como Pessoa Jurídica, o que carrega, em si, uma
contradição de origem.
Se uma produtora tem por atividade fim produzir conteúdo audiovisual, portanto,
pode agregar complementares, tais como locação de equipamentos; estúdios; transportes;
segurança; catering; entre outros. No entanto, ao invés de suportar o ônus de agregar tais
custos, as produtoras preferem inovar na contratação de profissionais detentores de
registro profissional, contratando pessoas físicas como jurídicas, “pejotizando” o mercado
cinematográfico e do audiovisual, a fim de que a prestação do serviço pudesse ser
concretizada.
Não somos autônomos, estes se bastam na execução de uma tarefa. Um microfonista
não faz um filme sozinho, assim como uma continuísta, uma diretora de arte, também não.
Somos contratados para uma produção, agregados em equipe para a execução do projeto
e, ao término, esta equipe é dissolvida.
Somos trabalhadores eventuais ou intermitentes, e não autônomos. Este raciocínio
também se aplica a MEI, solução necessária e exitosa no sentido de solucionar o grave
problema da informalidade em nosso país, dando proteção à massa trabalhadora que atua
em atividades não regulamentadas por leis federais. O que não é o nosso caso, visto que –
reitero– somos regulamentados pela Lei no. 6.533/78.

RELAÇÕES DE TRABALHO
Defendemos uma jornada justa de oito horas/dia, acrescida de até duas horas
extraordinárias, sendo que, a partir da décima hora - segundo o entendimento do
Ministério Público do Trabalho - serão consideradas horas extras ilegais.
Temos recebido constantes relatos de que a jornada média das séries de streaming
tem sido de 16 horas diárias. Tanto o STIC como o SINDCINE participaram de uma reunião
internacional com mais de vinte entidades congêneres e as queixas são as mesmas. Se, por
necessidade do plano de trabalho, se exigir mais tempo, que sejam contratadas duas
equipes. Prática, aliás, consolidada na radiodifusão.
O descanso entre uma jornada e outra deve ser de doze horas. Na virada de um
período de sequências noturnas, deve ser considerado um dia de descanso, que não
constitui folga, prevalecendo o entendimento entre os sindicatos de uma jornada semanal
de cinco dias trabalhados e dois dias de folga.
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Os protocolos de saúde adotados durante a pandemia da Covid-19 ainda devem ser
observados quando nos sets estiverem presentes pessoas mais suscetíveis aos sintomas
graves da doença, tais como crianças, idosos e portadores de comorbidades.
Estamos à disposição, através de nossos departamentos jurídicos, para tomar as
medidas cabíveis em casos de discriminação e assédio.
Importante também, a observância da Lei que determina, que nos casos de
produções estrangeiras operando em nosso país, esta empresa, além de ter autorização da
ANCINE, deverá se consorciar com uma produtora brasileira e, para cada três técnicos
estrangeiros, dois deverão ser brasileiros.
Recomendamos a contratação de seguros patrimoniais para a cobertura dos
equipamentos individuais de trabalho, quando pertencentes aos técnicos contratados e
utilizados na produção.
Defendemos os direitos autorais e conexos de todas as funções criativas, assim
como a devida creditação dos trabalhadores nos produtos audiovisuais.
Observamos o impacto das novas tecnologias sobre as relações de trabalho,
evidenciado mais recentemente com a popularização dos recursos de Inteligência
Artificial. Defendemos uma avaliação cuidadosa quanto a estes impactos na regulação e
governança da IA, com a participação ativa das entidades que representam as diversas
categorias afetadas.

INCLUSÃO NO SETOR

Na medida de nossa atividade ser regulamentada, os nossos sindicatos estão aptos


e autorizados a emitir o Atestado de Capacitação Profissional, documento válido e de fé
pública, reconhecido pelo MTE, que é o responsável por emitir os Registros Profissionais
nas Delegacias Regionais do Trabalho. As entidades estão aptas a emiti-lo em todo o
território nacional. Reconhecemos os diplomas de cursos superiores na área mas, também
pelo grande número de funções, estamos atentos a observar o reconhecimento do
mercado.
No STIC, temos o critério de Autorizações Especiais, a partir da solicitação de um
chefe de equipe ao contratante, que solicita ao sindicato autorização para este aprendiz
específico, para cada produção, devidamente documentada, na proporção de duas
autorizações para cada dez técnicos profissionais. Não utilizamos a denominação “estágio”,
pois esta possui regulamentação própria. Ao acumular e comprovar a atuação em três
longas-metragens ou em cinco filmes publicitários, este postulante poderá pleitear o
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registro definitivo.

LUTAS GERAIS
Apoiamos irrestritamente pleitos como a regulamentação do streaming; cotas de
tela, neste e nas salas de exibição; incentivos fiscais para a importação de equipamentos;
fortalecimento da ANCINE, do MinC e dos mecanismos de fomento; políticas de
regionalização com comprometimento paritário dos estados e capitais, celebrando a
renovação da Lei Federal no. 12485, que ampliou enormemente nosso mercado com a
produção de conteúdo para as emissoras demandado às produtoras independentes.
Em um mundo globalizado, quem não tem imagens para trocar se resigna ao papel de
consumidor da produção oriunda de outros lugares.

Viva o cinema independente brasileiro!

Viva nossa indústria cultural, fundamental na afirmação de nossa identidade!

Viva o 9o Congresso Brasileiro de Cinema!

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