PROF. PATRICK MARANHÃO SEMINÁRIO DE TRAUMATO-ORTOPEDIA BACHARELADO EM FISIOTERAPIA A escápula é um elo importante para a função do complexo articular do ombro.
As alterações biomecânicas de seu movimento são
conhecidas como discinese escapular .
O termo “discinesia escapular” (dyskinesia scapular)
se refere a uma perda de controle dos movimentos voluntários da escápula, situação vista em lesões neurológicas centrais. Pode ser causada por vários fatores:
Má postura corporal (excessiva cifose torácica ou
lordose cervical)
Lesões nervosas, disfunções proprioceptivas,
fraturas da clavícula ou lesões acromioclaviculares.
As causas mais comuns são resultado da alteração
na ativação e coordenação dos músculos estabilizadores da escápula, assim como da falta de flexibilidade, fraqueza ou contratura dos músculos e/ou ligamentos no complexo articular do ombro O termo “discinese escapular” é melhor empregado quando a biomecânica alterada da escápula no repouso ou durante o movimento é resultado da disfunção, contratura ou fraqueza de seus estabilizadores.
AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE COM DISCINESIA DA ESCÁPULA. A) EM REPOUSO B) COM ELEVAÇÃO DO OMBRO ASPECTOS BIOMECÂNICOS
Durante a elevação do membro superior, a
escápula deve rodar para cima e externamente, além de inclinar posteriormente.
Os músculos serrátil anterior e trapézio são
essenciais para esse movimento ocorrer, contribuem para o posicionamento adequado da escápula durante as atividades de elevação.
O músculo serrátil anterior é um dos principais
músculos de fixação da escápula na caixa torácica durante a elevação do membro superior. Seu enfraquecimento contribui para o déficit na rotação para cima e na rotação externa da escápula, movimentos necessários para uma boa cinemática de elevação do membro superior.
Além disso, o músculo trapézio em sua porção
média e inferior apresentam grande importância ao garantir uma boa rotação da escápula para cima. MÚSCULO SERRÁTIL ANTERIOR
O músculo serrátil anterior tem sua origem nas porções
laterais da 1.ª a 8.ª costelas, e inserção na face anterior da escápula. Este músculo protrai e gira a escápula. MÚSCULO TRAPÉZIO
Tem sua origem no terço medial da linha nucal superior,
processos espinhosos de C7 a T12. Se insere Terço lateral da clavícula, margem medial do acrômio, espinha da escápula. Suas ações incluem a elevação e rotação da escápula durante a abdução do úmero além de 90 graus. Alguns estudos apontam para alterações na atividade eletromiográica (serrátil anterior, trapézio fibras superiores e inferiores) e na cinemática (tronco, escápula e úmero), durante a elevação do membro superior no plano escapular, em pacientes com sinais de síndrome do impacto. Além disso, a diminuição da rotação para cima, aumento da inclinação anterior, e o aumento da rotação medial da escápula tedem a ser mais evidentes sob as condições de carga (peso nas mãos), situações que favorecem a diminuição do espaço subacromial. Outro autor acrescentou que o encurtamento do peitoral menor diminui a inclinação posterior e aumenta a rotação interna da escápula durante a elevação. Estes movimentos são acreditados por contribuir potencialmente ao impacto clínico, reduzindo a quantidade de espaço subacromial.
A inclinação posterior da escápula é
importante para manter o acrômio afastado da cabeça umeral durante a elevação do úmero, sendo que a falta desta inclinação posterior têm sido atribuída ao encurtamento do peitoral menor AVALIAÇÃO
O processo de avaliação da discinese é um desaio, pois trata-
se de um processo mais qualitativo que quantitativo.
A presença ou ausência da discinese escapular deve
ser determinada durante um exame clínico constituído por inspeção da posição escapular durante o repouso e do comportamento da escápula durante a elevação do membro superior. O teste de discinese escapular tem sido utilizado, de maneira mais simples, para classificar o indivíduos com (“sim”) ou sem (“não”) discinese escapular. A presença da discinese é caracterizada pela evidente alteração da estabilidade multiplanar da escápula durante a elevação do membro.
existem diferenças na cinemática entre a escápula
dominante e não dominante, a escápula dominante apresenta ~10° rotacionada para baixo no repouso e ~4° para cima durante a elevação do membro superior quando comparada a escápula não dominante A reabilitação escapular deve ser abordada e na maioria dos casos o tratamento é conservador e inclui fisioterapia para fortalecimento da musculatura escapular. DIAGNÓSTICO
Dor ao redor da escápula, por contraturas ou
síndrome miofascial Perda de força no membro superior acometido, com dificultade para levantar o braço acima da altura do ombro Tendinopatias secundárias ao impacto subacromial Mais raramente síndrome do desfiladeiro torácico, uma compressão das estruturas neurovasculares que inervam e irrigam o membro superior. TRATAMENTO Se a escápula apresenta alterações no padrão de movimentação, o tratamento deve começar com da estabilidade dinâmica.
Exercícios de estabilização escapular, para manter a
escápula na posição correta.
Sequência: alongamentos, seguidos de exercícios de
fortalecimento dos músculos escapulares. EXERCÍCIOS
1. Exercício scapular-clock: o paciente em pé, coloca a mão do
lado lesionado em uma bola sobre uma superfície, então move a bola no sentido horário, três, seis e nove horas, facilitando a elevação, retração, depressão, e protração da escápula respectivamente; 2. Exercício towel slide: o paciente em pé, ica ao lado de uma superfície com a mão sobre uma toalha. O paciente deve lexionar a coluna de tal forma que a lexão de ombro é induzida. Depois, o paciente deve voltar à posição inicial e estender o ombro concentrando-se em aproximar as escápulas para trabalhar os musculos rombóides e trapézio inferior; 3. Exercício ball-stabilization: pode ser iniciado precocemente e progredir em todo curso do tratamento. O paciente deve icar em pé ao lado de uma parede com membro acometido estendido e a mão sobre uma bola, o mesmo deve evitar que a bola se mova. O isioterapeuta aplica perturbações em diversas direções, com intuito de fortalecer vários estabilizadores da escápula. Este exercício pode ser intensiicado aumentando as perturbações e a massa da bola. 4. O exercício de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) (lexão de ombro, abdução e rotação externa): imita a direcionaliade funcional e auxilia no condicionamento dos três planos. Este exercício pode ser feito ativamente sem carga ou utilizando halteres e faixas elásticas;
5. Exercícios de socos alternados: auxilia no fortalecimento do
músculo serratil anterior, bem como os músculos do manguito rotador. Podese iniciar o exerício na postura estática utilizando halteres leves e evoluir para socos alternados com pisada a frente utilizando elásticos;
6. Exercícios pliométricos utilizando bolas com diferentes
cargas: fornecem boa progressão para melhorar a estabilidade escapular. O paciente deve jogar a bola que está acima da cabeça em diferentes direções para ativar diferentes músculos. Para o trapézio médio: Abdução horizontal em decúbito ventral mantendo a rotação externa e abdução horizontal em decúbito lateral.
Para o trapézio inferior:
Abdução horizontal em decúbito ventral mantendo a rotação externa em 90º e 120°, abdução horizontal em decúbito ventral associada a rotação externa, extensão de ombro em decúbito ventral e rotação lateral bilateral em ortostatismo. OUTRAS SUGESTÕES
Recursos da termoterapia (ondas curtas, micro-ondas
e ultrassom) e da cinesioterapia - como alongamentos, fortalecimento e exercícios proprioceptivos.
Exercícios excêntricos com abdução de ombro,
rotação medial com resistência manual, mobilização articular da escápula, enfatizando todos os movimentos de ombro.
Mobilização passiva da escápula, exercícios ativos de
ombro, exercícios pendulares de Codman. Fortalecimento muscular com exercícios isométrico, exercícios isotônicos com auxílio de uma faixa elástica e, no final, exercícios de propriocepção Crioterapia FNP REFERÊNCIAS BLEY, Andre Serra; LUCARELLI, Paulo Roberto Garcia; MARCHETTI, Paulo Henrique. Discinese escapular: revisão sobre implicações clínicas, aspectos biomecânicos, avaliação e reabilitação. Revista de Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida, v. 8, n. 2, 2016. https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/escapula https://ortopedistadojoelho.com.br/discinesia-de-escapula/ https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/escapula https://maurogracitelli.com/blog/discinesia-da-escapula-alada#:~:text=Existem%203%20m%C3%BAsculos%20 principais%20para,e%20por%C3%A7%C3%A3o%20inferior%20do%20trap%C3%A9zio. OBRIGADA