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Curso de cálculos judiciais

CÁLCULOS REVISIONAIS DE FINANCIAMENTO E EMPRÉSTIMOS


Cálculos revisionais de financiamento SOBRE O TEMA

Por onde começar Análise contratual


Ao nos depararmos com a realização de cálculos revisionais bancários devemos sempre começar o Praticamente todas as operações financeiras são regulamentadas através de contratos pactuado entre
trabalho com a análise do contrato. É nele que vislumbraremos as possibilidades de recálculo, as partes (instituição e tomado do empréstimo, seja pessoa física ou jurídica). Importante que você
cláusulas pactuadas (abusivas ou não), critérios de cálculo, informações relevantes como taxas de saiba que o nosso trabalho tem a seguinte ordem: leitura e interpretação do contrato e depois
juros, prazo, amortização, datas e por aí vai. adaptar a jurisprudência dos tribunais e não o contrário. Muitas vezes não precisamos recorrer ao
entendimento dos tribunais para recalcular o contrato.
Ao ter a oportunidade de realizar um recálculo de contrato bancário devemos ter em mente
sempre que o nosso objetivo maior é fazer a justiça acima de tudo, por isso, ser honesto consigo É muito com termos informações divergentes utilizando das próprias informações contatuais, por
mesmo e com seu cliente é fundamental para sua reputação e credibilidade. Não há para fazer exemplo: O banco pactua uma taxa de 1,94% e ao calcularmos a taxa realmente cobrada pela
cálculos para ganhar dinheiro apenas, e não se preocupar com o resultado dos números que você instituição descobrimos que a taxa repassada ao tomador do empréstimo é de 1,98%. Essa é uma
entrega, se eles estão de acordo com as orientações atuais, se os números são fiéis as informações entre muitas possibilidades que temos de recalcular o contrato sem a necessidade de decisões
contratuais e se realmente possui o conhecimento para entregar os seu cliente aquilo que ele judiciais e aí eu te pergunto: Como o banco vai se defender sobre as alegações de irregularidades no
deseja. próprio contrato? Não vai conseguir...

Seja honesto em todas as possibilidades do seu trabalho, estude sempre para realizar os melhores Vamos buscar inconsistências contratuais, detalhar cada parte do contrato para encontrar
cálculos, não o com maior diferença, mas com maior precisão. irregularidades, e em seguida com a leitura contratual vamos traçar aquilo que está em desalinho
com as orientações jurisprudenciais.
Agora que sabemos o maios importante, vamos as aulas.

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Cálculos revisionais de financiamento
LEITURA E INTERPRETAÇÃO CONTRATUAL

Oque buscamos no contrato


Quando formos fazer a leitura e interpretação contratual em busca de cobranças diferentes do que
realmente foi pactuado, buscaremos basicamente os seguintes itens:

- Se o sistema de amortização utilizado pela instituição é o mesmo que o pactuado;


- Se a taxa de juros efetivamente cobrada é a mesma que a pactuada;
- Se há cláusulas sobre capitalização de juros;
- Se a soma dos valores de tarifas, impostos, seguros e entrada estão corretamente calculados;
- Se no caso de parcelas pagas em atraso foram cobrados os encargos contratuais ou algo
diferente;
- Se o valor do financiamento liberado é o mesmo que consta no contrato ;
- Se há valores incluídos na parcela que não estejam pactuados;

Importante lembrar que podemos descobrir outras coisas que não estávamos procurando, e que
com o desenvolvimento do cálculo acabamos por identificar outras irregularidades.

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RECALCULANDO A JUROS SIMPLES
Você vai descobrir como recalcular o contrato a juros simples de verdade
VAMOS LÁ
Equivalência a Juros SimplesCONCEITO E CARACTERÍSTICAS

Métodos utilizados Da mesma forma o Sistema de Amortização Constante, o que eu defendo que há capitalização no
seu desenvolvimento. Minha defesa baseia-se na forma como é evoluído o saldo devedor e a
Existe no mundo jurídico-financeiro muita controvérsia sobre como recalcular um contrato bancário incidência dos juros nas parcelas, entretanto, essa questão merece uma atenção especial e uma
utilizando de critério juros simples. Existem muitos peritos que utilizam o método de GAUSS outros aula específica para demonstrar os pontos os quais defendo.
utilizam do Sistema de Amortização Constante e outros utilizam de critérios que muitas vezes nem
eles sabem a lógica, verdade. Fica difícil responder a pergunta sobre qual método de amortização então utilizar, por isso o
estudo é sempre fundamental. O perito deve ser um QUESTIONADOR por natureza e nunca se
O método de GAUSS há muito tempo já deveria ter saído da cena judiciária, mas muitos peritos conformar com o pouco conhecimento. Temos um problema que é: Qual método posso utilizar nos
acabam por mantê-lo por desconhecimento de algum outro método capaz de distribuir os juros de recálculos onde uma parte do pedido seja calcular a juros simples? Com esse problema preciso
forma simples, sem que ele seja base da reprodução de juros vincendos e assim sucessivamente. estudar, ler, adquirir conhecimento e estar convencido de que o conhecimento adquirido é
O método de Gauss é um método estatístico fundamentado através da soma dos termos dos realmente a resposta para a minha pergunta.
períodos, lembra da Progressão Aritmética que estudamos no 2º grau? Essa mesma orientação.
Não é um sistema aplicado as questões financeiras e peca senão na principal premissa e alegação
das instituições financeiras é que este método não é capaz de devolver o percentual de juros
pactuados mês a mês. Método de equivalência a juros simples
O método de Equivalência a Juros Simples possui em sua essência a reprodução de juros de forma
É sabido que o valor do juros nos métodos de amortização é calculada pela multiplicação de um simples, ou seja, sem capitalização, bem como obedece a premissa principal de devolver os juros
saldo devedor pela taxa de juros. Ex: Na parcela 03 de um contrato o saldo devedor é de R$ mês a mês de acordo com uma taxa de juros, questão essa, que se mostra a principal alegação
30.000,00 e uma taxa de juros de 2,0%. Para calcular os juros na parcela 04, devo multiplicar o das instituições financeiras na pedido de indeferimento dos cálculos apresentados com outros
saldo devedor pela taxa ou seja, R$ 30.000,00 x 2% ou seja, R$ 600,00. Assim, qualquer método de métodos.
amortização deve obedecer a devolução dos juros conforme taxa contratada mês a mês ou de
acordo com a periodicidade da incidência dos juros e o GAUSS não contempla essa questão. Os Vamos ver a seguir a sua construção passo a passo e buscar compreender a forma que o método
juros são calculados através de uma média ponderada fixa (PA) não devolvendo o valor de juros adota para determinar a premissa a juros simples.
mínimo que é o contratado.

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Método de Equivalência a Juros Simples
REALIZANDO OS CÁLCULOS

Exemplo:
Valor do financiamento: R$ 10.000,00
Taxa de juros contratada: 1,0% a.m.
Prazo de pagamento: 18 meses

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Método de Equivalência a Juros Simples DESENVOLVENDO OS CÁLCULOS

Desenvolvendo o cálculo
Para iniciar os cálculos precisaremos sempre de três informações: valor do financiamento, taxa de
juros e prazo do contrato. Com essas informações podemos calcular o valor da parcela a juros
simples e consequentemente o método de amortização, cujo objetivo é que ao final dos
pagamentos o saldo devedor seja ZERO, com exceção de contratos que preveem a adoção de
correção monetária sobre saldo devedor e parcelas.

1º PASSO: CALCULAR O FATOR DE VALOR ATUAL (FVA)


O FVA é a base de distribuição que incide sobre o valor da parcela que tem como objetivo apurar o
valor da amortização mês a mês. Cabe lembrar que o valor da parcela equivale a soma dos juros
mensais e da amortização mensal, logicamente se eu já tenho a amortização calculada através do
FVA, a diferença entre a parcela calculada a juros simples e a amortização é o juros a ser pago pela
parcela.

Para calcular o FVA vamos utilizar a fórmula (1/1+(Taxa de juros x Número da parcela). Exemplo
caso seja o FVA da parcela 10.

(1/(1+(taxa de juros x 10)

Devemos calcular o FVA em todas as parcelas do contrato. No nosso modelo são 18 parcelas e o
FVA é calculado de acordo com a fórmula acima da parcela 01 a 18.

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Método de Equivalência a Juros Simples DESENVOLVENDO O CÁLCULO

2º PASSO: CALCULAR O VALOR DA PARCELA 3º PASSO: CALCULAR A AMORTIZAÇÃO


Depois de calculado o FVA e apurado a distribuição da amortização de forma que possibilite o Calcular a amortização ou o capital pago é simples, basta multiplicar o valor do saldo devedor
pagamento de juros sob o critério simples, o próximo passo é calcular o valor da parcela a ser paga anterior pela FVA de cada mês. Perceba na planilha que o saldo anterior na parcela 01 equivale ao
no contrato. Ela tem como característica o valor fixo e esse valor apurado também é o valor da próprio saldo devedor, isto porque, na parcela 1 o saldo devedor anterior não tem desconto de
parcela recalculada pelo método de equivalência a juros simples, onde mês a mês o FVA é apurado amortização que e realizado após o pagamento da parcela, então, sempre na parcela 01 o saldo
a base da taxa de juros pactuada demonstrando que no cálculo da parcela está sendo utilizado os devedor anterior será o próprio valor base do financiamento.
juros informado.
O saldo anterior da parcela 02 equivale ao saldo anterior da parcela 01 diminuído do valor do
Para calcular a parcela é necessário dividir o valor base do financiamento sobre a soma de todos capital pago (amortização) na parcela 01 (R$ 10.000- (0,99010 x Valor da parcela) = R$ 9.399,04 e
os FVA´s do contrato da parcela 01 a 18 (exemplo). Esta operação apresentará o valor da parcela a assim sucessivamente até o último pagamento do contrato, que neste caso é a parcela de nº 18.
juros simples que nos caso equivale a R$ 606,97.

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Método de Equivalência a Juros Simples DESENVOLVENDO O CÁLCULO

4º PASSO: CALCULAR OS JUROS DEVIDOS NO MÊS 5º PASSO: JUROS PAGOS


Como mencionei anteriormente, o valor dos juros que deve ser remunerado o capital Este valor tem a propriedade de demonstrar de forma clara às instituições financeiras e também ao
mensalmente equivale ao saldo devedor anterior vezes a taxa de juros utilizada. No nosso poder judiciário qual o valor de juros que está sendo pago em cada parcela. Veja que no nosso
exemplo, no primeiro mês o saldo devedor anterior equivale a R$ 10.000,00 e a taxa de juros é de exemplo na parcela 01 está sendo pago um juros no valor de R$ 6,01 apurado através da subtração
1,0% a.m. ou seja, devemos remunerar o banco na parcela 01 um valor de juros de R$ 100,00 e do valor da parcela e o valor da amortização. E agora começam os questionamentos.
assim sucessivamente. O valor dos juros na parcela 10 equivale ao saldo devedor anterior de R$
4.794,29 multiplicado por 1%, equivalendo a R$ 47,94 a título de juros na parcela 10. Veja, tenho que pagar ao bando na primeira parcela o valor de R$ 100,00 a título de juros e na
minha parcela só sobrou R$ 6,01, como vou fazer para pagar a diferença de R$ 93,99 de juros de
forma simples e não capitalizar juros. Esse é o segredo do método que vamos ver a seguir. Neste
momento calcule os juros pagos em cada prestação diminuindo do valor da parcela o valor da
amortização.

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Método de Equivalência a Juros Simples DESENVOLVENDO O CÁLCULO

6º PASSO: CALCULAR OS JUROS ACUMULADOS 7º PASSO: CALCULAR O SALDO DE JUROS


Os juros acumulados tem como propriedade demonstrar qual o valor dos juros totais que devem Apuramos anteriormente o saldo insuficiente de pagamento dos juros (juros acumulados) e em
ser pagos haja vista da insuficiência do pagamento dos juros na parcela como visto anteriormente. cada mês devemos considerar os juros acumulados e também o que foi pago de juros em cada
Os juros no primeiro mês equivale a ele mesmo, já que não tem com o que acumular. mês através do cálculo da diminuição do valor da parcela com a amortização. O saldo de juros
mostra em cada mês ao real déficit no pagamento de juros mensal apurado através da diminuição
A partir da segunda parcela e para todas as outras do contrato, no nosso exemplo até a parcela de dos juros acumulados com os juros pagos na parcela mensalmente.
nº 18, os juros acumulados a partir da parcela 02 é determinado através da soma dos juros
acumulados na parcela 01 com os juros do mês na parcela 02 e sobre esse resultado abater o valor
dos juros já pago na parcela 01, lembrando que mês a mês pagamos um valor dos juros na parcela
que devem ser considerados como pagos.

Então todo mês saberei quanto de juros acumulados falta pagar a instituição bancária desde o
início dos pagamentos do contrato.

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Método de Equivalência a Juros Simples DESENVOLVENDO O CÁLCULO

9º PASSO: CALCULAR O SALDO DEVEDOR FINAL


Estamos vendo que mensalmente há uma diferença de juros a serem pagas à instituição financeira
e se pegarmos esses juros faltantes e incluirmos ele em qualquer lugar da nossa distribuição de
amortização iremos capitalizar os juros. Se por ventura incluirmos os juros no saldo devedor
anterior, capitalizaremos os juros porque mensalmente eu cálculos os juros que devo pagar à
instituição financeira sobre esse saldo devedor.

Para resolver essa questão e garantir que esses juros acumulados sejam remunerados aos bancos
que é a principal questão apontada pelas instituições o saldo dos juros é incluído não no saldo
devedor anterior, mas sim em uma coluna chamada SALDO DEVEDOR FINAL.

Ao “isolar os juros” e considerar ele na evolução do meu saldo devedor, eu automaticamente


garanto a devolução dos juros de forma simples, sem que ele participe na composição dos juros
mensais e ao mesmo tempo ele é considerado para pagamento, sendo que ao final dos
pagamentos o saldo devedor final é ZERO.

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CÁLCULO DE CONTRATOS BANCÁRIOS
Com o nosso conhecimento adquirido vamos recalcular os contratos bancários
VAMOS LÁ
Recálculo de contratos bancários
VISÃO DO PERITO/SÍNTESE CONTRATUAL

Como iniciar um cálculo revisional


O recálculo de um contrato bancário é a junção do conhecimento acerca das orientações jurídicas
sobre os temas correlatos aos contratos bancários e a expertise da matemática-financeira para
possibilitar a apuração de valores obedecendo aos ditames judiciais, ou seja, traduzir palavras em
números.

A primeira coisa que devemos fazer é a síntese contratual, ou seja, um documento que resume
todas as cláusulas e informações contratuais que são indispensáveis a análise e que também são
pontos controversos judicialmente.

- Se há cláusula de capitalização de juros;


- Quais tarifas, impostos e outros valores cobrados no financiamento;
- Qual a taxa mensal informada;
- Qual o tipo de contrato bancário;
- Quando em atraso quais os encargos incidentes;
- Número de parcelas pagas e em atraso, entre outros.

Essa são algumas das perguntas que devem ser respondidas através da síntese contratual. A ideia
da síntese é que você possa descobrir qual o caminho seguir, que tipo e cálculo vai fazer, quais os
pontos que vai colocar no laudo e excluir no recálculo, ou seja, toda a tua orientação de cálculo
deve ser decidida no momento em que estiver finalizando a síntese contratual.

Deve ser feita com muita atenção e paciência, qualquer informação incorreta pode determinar o
sucesso no cálculo ou não. Leia sempre atentamente o contrato, grife aquilo que é importante, as
cláusulas, valores, taxas, tudo que pode influenciar no nosso recálculo.
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Recálculo de contratos bancários
CALCULAR COM OS CRITÉRIOS DO BANCO

Pensar como instituição financeira


Não há nenhuma possibilidade de sucesso em cálculos revisionais bancários se você não souber
como funcionam as engrenagens bancárias, saber como o banco calcula cada tipo de contrato, se
valor de parcela, juros, encargos, ou seja, tudo que diz respeito a relação contrato-números.

Ter o domínio dessas orientações e metodologias “internas” das instituições financeiras me garante
a possiblidade de prever qualquer movimentação que eles façam seja em via administrativa ou via
judicial. Quando eu conheço o outro lado eu projeto meu cálculo de forma com que eles não
consigam ter margem de manobra para questionar os meus valores.

Nesta linha de raciocínio, eu não preciso muita vezes nem de orientações da justiça para revisar
um contrato bancário. Imagina que no contrato de financiamento de veículo a taxa de juros
pactuada é de 1,90% a.m. e ao proceder com os mesmos critérios da instituição financeira para
apurar se a taxa de juros realmente é a pactuada acabo descobrindo uma taxa de 2,03% a.m.
Quando es escrever isto no laudo como o banco vai se defender, não vai conseguir!

Por isso a primeira parte do cálculo “Planilha A” é a parte que demonstramos para a justiça a forma
como o banco apura os valores e a distribuição dos pagamentos através do método PRICE, mas o
objetivo principal desta planilha é descobrir a taxa efetivamente utilizada pela instituição financeira
com base no valor do financiamento, valor da parcela e prazo de pagamento, através da seguinte
fórmula no Excel:

=TAXA(número de prestações;valor da parcela negativa;valor do financiamento)

Conhecer a taxa de juros efetivamente utilizada é poder nas mãos, já que contra números não há
argumentos. 14
Recálculo de contratos bancários RECÁLCULO A JUROS SIMPLES

Recalculando a juros simples


Neste momento do cálculo você já deve estar convicto de que o melhor a se fazer é excluir a
capitalização de juros ocasionada pela adoção da Tabela PRICE considerando sempre as
orientações da justiça, ou seja, lá na síntese contratual você percebe que não há cláusula de
capitalização de juros ou informações claras acerca da periodicidade da capitalização.

Você também já tem que saber se há tarifas indevidas que você vai excluir na base de cálculo do
financiamento, já que este valor interfere diretamente no recálculo da parcela. Da mesma forma os
juros.

Na “planilha B” que é o teu recálculo você deve saber qual a taxa de juros utilizar, se é a
contratada, a efetivamente utilizada e a taxa informada ao Banco Central. O recálculo deve
obedecer essa orientação. Vamos supor que a taxa de juros do contrato (capital de giro) seja
1,85%, a taxa efetivamente utilizada pelo banco (Planilha A) é de 1,93% e a taxa informada pela
instituição ao Banco Central para o mesmo tipo de operação e para a data do contrato é de 1,56%,
logo, no recálculo você vai utilizar a taxa informada ao Banco Central.

Ter o domínio dessas três variáveis é fundamental para calcular corretamente o valor da parcela
pelo critério de Equivalência a Juros Simples.

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Recálculo de contratos bancários CALCULANDO AS DIFERENÇAS

Apurando as diferenças
Logicamente em se recalculando a parcela pelo critério dos juros simples teremos um Outro ponto importante no cálculo da diferença mês a mês é que muitas vezes o cliente paga
provavelmente menor do que o cobrado pela instituição financeira. As diferenças geralmente são parcelas em atraso, fato este que implica em um pagamento da parcela acrescida de encargos
mês a mês, ou seja, todo mês o tomador do empréstimo paga a parcela contratado junto ao moratórios na sua grande maioria calculado de forma indevida.
banco, sendo que de acordo com o recálculo deveria pagar um valor a menor.
Nestes casos, o entendimento é da incidência apenas da comissão de permanência com base na
Devemos inicialmente saber quantas parcelas foram pagas até o momento do cálculo e em seguida taxa do recálculo (planilha B), sem a inclusão dos juros de mora ou da multa moratória. A
proceder com o confronto dos valores, ou seja, diminuir o valor da parcela paga com o valor da comissão de permanência é calculada diariamente considerando o número de dias transcorridos
parcela recalculada. Sobre o valor da diferença não paira nenhuma dúvida sobre a incidência da entre a data do vencimento da parcela e a data do pagamento da mesma. Vejamos o exemplo de
atualização monetária em pagamentos pretéritos a data do cálculo. A dúvida que nos resta é saber cálculo:
qual o índice de atualização correto para cada cálculo.
DATA DE VENCIMENTO: 15/01/2014
Se o recálculo é com base em uma decisão judicial devemos utilizar o índice informado em DATA DE PAGAMENTO: 28/01/2014
sentença ou acórdãos. Agora, se o cálculo que está fazendo é para instruir uma petição inicial, NÚMERO DE DIAS EM ATRASO: 13
onde não há nenhuma determinação o sentencial sobre qual índice adotar, você deve sempre TAXA DE JUROS DO RECÁLCULO: 1,50% A.M.
utilizar o índice do Tribunal onde vai ser ajuizado o cálculo e o processo. TAXA DE JUROS DO RECÁLCULO AO DIA: 1,50%/30 = 0,05%
TAXA DE JUROS NO PERÍDO: 13 dias de atraso x 0,05% = 0,65%
Se você estiver fazendo um cálculo que será ajuizado em Curitiba/PR deve atualizar pela média do VALOR DA PARCELA RECALCULADA (planilha B): R$ 1.000,00
INPC+IGP-DI, se estiver fazendo um cálculo de São Paulo, o índice é o INPC, essa é a orientação VALOR DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA: R$ 1.000,00 x 0,65% = R$ 6,50
mais ajustada a seguir. VALOR DEVIDO A PAGAR : R$ 1.000,00 (parcela) + R$ 6,50 (comissão permanência) = R$ 1.006,50

O mesmo entendimento server para a aplicação dos juros de mora. Se houver determinação Logo, a diferença mensal quando do pagamento em atraso é a parcela recalculada com os
judicial basta usar dos critérios deferidos. Caso seja um cálculo para petição inicial, o ideal é que encargos recalculados confrontas com o valor pago em atraso para instituição financeira.
você pergunte ao seu cliente se ele quer a adoção dos juros e neste caso, a partir do pagamento
de cada parcela, mas é importante ressaltar ao seu cliente que o critério de cálculo dos juros é
sempre deferido pelo juízo e não cabe a nós determinar a melhor forma de apuração dos juros. 16
Recálculo de contratos bancários
CALCULANDO AS DIFERENÇAS

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Recálculo de contratos bancários
CALCULANDO DAS PARCELAS EM ATRASO

Calculando as parcelas em atraso


Ao analisarmos alguns contratos bancários percebemos que algumas parcelas estão em aberto, ou seja, não foram pagas pelo tomador do empréstimo. A quantidade de parcelas que estão em atraso estão
descritas em nossa síntese contratual, então saberemos a partir de quando não foi pago, lembrando que os valores em atraso devem ser incluídos no cálculo e na apresentação dos valores devidos seja para
restituir ao cliente ou o banco caso o valor em atraso seja maior do que as diferenças mês a mês pagas a maior com o recálculo.

Para calcular a comissão de permanência com base na taxa de juros do recálculo da mesma forma como foi apresentado anteriormente, deve se considerar a data do vencimento de cada parcela e a data
em que estamos fazendo o cálculo, já que estaremos apresentado valores atualizados para data do nosso cálculo, então nada mais justo do que também atualizar com encargos moratórios devidos até a
data do cálculo também.

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Recálculo de contratos bancários RESUMO DO CÁLCULO

Montando o resumo do cálculo


O RESUMO deve ser a primeira página do teu cálculo. Nele deverão constar as informações mais
importantes do teu cálculo, ou seja, o saldo a receber ou a pagar pelas partes. Deve ser informado
todos os valores apurados no cálculo, como por exemplo o valor das diferenças pagas a maior a
restituir ao cliente e também o valor das parcelas em atraso a pagar ao Banco. Se houver
honorários também deve ser informado, multas, custas processuais, entre outros. Como o próprio
nome já diz, é um resumo, então apenas os resultados devem ser apresentados para que ao
visualizar nosso Resumo o magistrado e as partes entendam claramente quem deve pagar o que e
a quem.

Além dos números calculados, outras informações são relevantes e devem constar no resumo:
✓ Vara em que foi ajuizada a ação
✓ Número do processo
✓ Nome do autor e do réu
✓ Data do cálculo
✓ Índice de atualização utilizado
✓ Percentual de juros de mora utilizado
✓ Datas de ajuizamento, citação, sentença, prescrição (caso seja um cálculo de processo em
execução)

Nunca será um erro o excesso de informações, mas a ausência sim!

Importante também não só no resumo, mas como em todo trabalho, ter um layout apropriado,
onde as informações estejam bem dispostas e harmônicas com documento. Preocupe-se e muito
também com a forma de apresentação dos teus cálculos, ela é muito relevante e faz a diferença.
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LAUDO PERICIAL
Extremamente importante a construção do laudo pericial para complementar os cálculos revisionais
VAMOS LÁ
Laudo Pericial
CONCEITO E MONTAGEM

O laudo pericial é o documento enviado junto com o cálculo judicial, explicando através de 1. APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
palavras as considerações sobre o recálculo realizado. Deve contar as irregularidades visualizadas Sempre ao iniciar um laudo é necessário escrever em 1 ou 2 parágrafos sobre o que se trato o
em contrato, metodologia do recálculo, explicação da apuração dos valores, entre outros. trabalho, como se fosse a metodologia científica, ou seja, com base em quais documentos esta
sendo descrito o laudo, o que se busca apurar com o recálculo, e qual o objetivo dele perante a
Devemos ter em mente que o laudo tem que refletir fielmente todas as premissas adotadas no justiça. Informar qual o tipo de contrato bancário pactuado, data e número do contrato.
recálculo, não se deve esconder nenhuma informação e nenhuma orientação adotada, até porque
estamos fazendo o que é correto então não temos o porque não informar a justiça todo o
procedimento utilizado e de forma detalhada. 2. METODOLOGIA DO RECÁLCULO
Nesta parte do laudo você deve informar através de itens, qual a metodologia que será empregada
Outro ponto importante que merece destaque é que toda manifestação do advogado que te no recálculo do contrato. Se você vai excluir a capitalização de juros, se vai recalcular a juros
contratou será baseada nas tuas alegações. O instrumentador do direto não sabe de cálculo e simples, se vai verificar se a taxa de juros está correta ou se os encargos moratórios estão de
confia em você para defender aquilo que é correto, ou melhor, aquilo que você disser que é acordo com a justiça, confrontas os valores pagos a maior, entre outros.
correto. Devemos levar em consideração na hora da redação do laudo, porque ele definitivamente
é determinante para o sucesso ou fracasso de uma demanda judicial. Toda metodologia do recálculo é respondida através da leitura contratual. A ideia é que ao ler um
contrato você já saiba os pontos controversos que serão visualizados no recálculo e é esses pontos
Imagine a seguinte situação: Você ao recalcular o contrato tem a certeza de que a taxa de juros que que deverão ser lançados neste tópico.
o banco efetivamente está utilizando é maior do que a pactuada, mas esquece de colocar essa
informação no laudo. Teu cálculo foi por água abaixo e outra, esse ponto não será discutido 3. APONTAMENTOS E IRREGULARIDADES
judicialmente, e perdeu uma grande chance de demonstrar para justiça uma grande irregularidade Você deve elencar todas as irregularidades encontradas no contrato, que estão em desajuste com
no contrato. as orientações dos tribunais ou simplesmente não correspondem as informações pactuadas,
exemplo é a taxa de juros efetivamente cobrada pela instituição que é maior do que a taxa
A redação de um laudo deve seguir algumas premissas que falaremos agora. pactuada.

Não basta apenas citar, você precisa discorrer sobre o assunto de forma clara e objetiva. Se você
estiver falando da capitalização ocasionada pelo uso da Tabela Price, você precisa apresentar texto
claro ao juízo demonstrando teu raciocínio que em certa parte “convencer” o Magistrado do teu
ponto de vista. 21
Laudo Pericial MONTAGEM

Não se preocupe com o número de páginas do teu laudo, mas sim com o conteúdo, ele pode ter 5 5. RECÁLCULO DO CONTRATO
linhas e alcançar o objetivo. Escreva com redação sem muito “floreio” e muita linguagem Depois de ter demonstrado ao juízo matematicamente a troca de método de amortização devemos
matemática ou jurídica, juízes não são peritos e provavelmente não vão entender o que quer dizer também gastar um tempinho para explicar como se deu o trabalho do começo ao fim, ou seja,
ou demonstrar. detalhar logicamente os cálculos realizados que finalizam no valor apresentado no resumo.

Lembre-se que para as irregularidades em que buscamos orientação da justiça, por exemplo as No nosso caso, explicar que está sendo excluída a capitalização em função da adoção da tabela
Súmulas do STJ que impossibilitam a cumulação de comissão de permanência com outros Price. Que utilizando o critério de financiamento a juros simples temos um novo valor de parcela e
encargos, o ideal é sempre “colar” uma decisão do Tribunal para o qual está fazendo o cálculo que a diferença sobre as parcelas pagas equivale a “X” reais. Informar os critérios de cálculo das
sobre esse item específico ou orientação do STJ e STF. Outras decisões judiciais recentes no mesmo parcelas em atraso, qual o índice de atualização adotado e percentual de juros, entre outros.
sentido que o seu trabalho dão ainda mais credibilidade no seu lado e números.
Para escrever essa parte sobre o recálculo, imagine-se explicando o desenvolvimento do trabalho
verbalmente para o juiz, sem pressa, para que ele entenda a lógica dos cálculos que resultaram no
4. APRESENTAÇÃO MATEMÁTICA DO RECÁLCULO valor apresentado no resumo.
Só haverá validade no seu sistema de recálculo se você o demonstrar ao juízo matematicamente a
obtenção dos valores e também através de texto. No nosso caso precisamos demonstrar ao juízo
como se apura o valor da parcela a juros simples através de fórmulas e matematicamente. É 6. DETALHES DO CÁLCULO
importante o laudo ter esse respaldo matemático para que tanto o juízo quando as partes tenham Informar pontualmente a que se refere cada planilha do cálculo. Por isso a importância de dar
acesso a metodologia empregada. Isso deve ser visto com bons olhos porque pode economizar uma sequencia para as planilhas do teu cálculo. No meu caso eu uso “A, B, C, D...” informando que
tempo de manifestação sem necessidade. a planilha “A” corresponde a Evolução do Financiamento conforme instituição, e tem como objetivo
verificar qual a taxa de juros efetivamente utilizada pela instituição financeira e assim
Escreva sobre o método e demonstre matematicamente sua origem. Essa orientação vale para sucessivamente.
qualquer cálculo bancário ou de outra área, perito que sabe o que faz jamais precisará esconder
sua metodologia de cálculo. Atente-se sobre como montamos o laudo e vai perceber que ele realmente tem como objetivo não
deixar dúvida alguma sobre o nosso cálculo. Isso demonstra segurança e credibilidade, montar um
laudo pericial é uma parte fundamental do trabalho e é prioridade na sua lista de
aprimoramentos, sempre que puder melhorá-lo, que assim o faça (fica a dica).
22
Laudo pericialMONTAGEM

Uma ideia bacana também é ao invés de citar as jurisprudências, ou seja, as decisões judiciais em cada tópico de
irregularidade como vimos anteriormente, você pode criar uma sessão chamada JURISPRUDÊNCIAS onde você colocar

!
as decisões dos tribunais sobre todos os itens que demandam apresentar tais decisões. Deixe para fazer isso ao final
do laudo como se fosse um anexo ao cálculo, um anexo chamado JURISPRUDÊNCIAS.

Que tal a ideia?

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