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Aula 3 – TÍTULOS DE CRÉDITO

I - Introdução

Crédito deriva do latim creditu, que significa fé ou confiança. Pode estar


representado por sentença judicial, sentença arbitral, declaração unilateral de
vontade, confissão de divida, títulos de créditos etc.

O crédito pode ser considerado o alongamento da troca, ou a troca no tempo e


não no espaço com já bem dizia o doutrinador André Guide.

O título de crédito titulariza o crédito do credor em relação a um devedor.

O Código Civil de 02 agasalhou a definição de CESARE VIVANTE, em seu art.


887.

Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito


literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os
requisitos da lei.

A única diferença é que a expressão mencionado foi trocada pela expressão


contido.

DEF.: CESARE VIVANTE – Título de crédito é o documento


necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele
mencionado.

Deste conceito extrai-se 3 princípios do direito cambiário que são a


cartularidade, literalidade e autonomia.

II – PRINCÍPIOS DO DIREITO CAMBIÁRIO

1) Cartularidade

É indispensável que o titulo de crédito original, ou seja, a cártula, esteja em


poder do credor para que este possa exercer seus direitos em relação ao
devedor, o crédito deve estar materializado em um documento.

Importante salientar que para transferência do crédito é necessário a


transferência deste documento, desta cártula, dessa forma, não é possível
exigir-se o crédito sem a apresentação do documento. Isso ocorre devido a
possibilidade de circulação do título.

Obs.: Não se admite nem mesmo cópia autenticada.


Exceção: Quando há ação criminal na qual existe a necessidade da juntada do
cheque para comprovação do crime, ex. 171 § 2º, VI, na prática, tem-se
admitido a apresentação de cópia.

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo


alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil,
ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado, ou lhe frustra o pagamento.

Exceção 2: Duplicata virtual, pois a lei autoriza a emissão de títulos por meios
eletrônicos O empresário pode, após vender o produto, encaminhar
informações eletrônicas sobre a duplicata a um Banco que emite um boleto de
pagamento (não é a duplicata) ao devedor. Após vencimento, caso o boleto
não seja pago, o Banco envia informações eletrônicas, via internet, a um
Cartório de Protestos que, intima o devedor para pagar em 3 (três) dias. Se,
mesmo assim não for feito pagamento em Cartório, será extraído o protesto da
duplicata eletrônica por indicações, ou seja, por informações enviadas pelo
Banco e recebidas do credor.

2) Literalidade

Tudo deve estar escrito no título de crédito, ou seja, ele vale pelo que
expressamente constar no seu texto.

3) Autonomia

Os direitos e obrigações que constam em um título de crédito são autônomos


entre si, a nulidade de um ato cambiário não representa, necessariamente a
nulidade do título.

Ex.: Endosso de incapaz, não vale apenas o endosso.

Este princípio subdivide-se em dois outros:

3.1) Abstração (Aspecto material)

A circulação do título por endosso acarreta a desvinculação à causa original


que lhe deu origem.

3.2) Impossibilidade das exceções pessoais do terceiro de boa-fé: (aspecto


processual).

O Juiz não pode acolher defesas que não tenham ralação com o credor autor
da ação. Contudo, o juiz poderá acolher as exceções de defesa no caso do
autor da ação (exeqüente) estiver agindo de má fé, ou seja, tenha
conhecimento do vício do negócio original. Não é exigível o dolo (intenção).

III - CARACTERÍSTICAS DO TÍTULO DE CRÉDITO

1.1 Circularidade

Titulo de crédito pode ser transferido

1.1.1 Titulo de crédito ao portador

Neste caso, a transferência é feita pela simples tradição.

No governo Collor foram proibidos os títulos ao portador no Brasil


(principalmente por questões fiscais, ou seja, recolhimento de impostos), porém
ainda resta um que é o cheque de até R$ 100,00 (cem reais).

1.1.2 Nominativo a ordem

Transferência se dá por endosso

1.1.3 Nominativo não a ordem (tem de ter cláusula expressa)

Transferência só pode ser por cessão civil.

As conseqüências são que no caso do título nominativo a ordem ser transferido


o endossatário fica responsável tanto pela existência do título quanto pela sua
solvência.

No caso do nominativo não a ordem quem transfere por cessão civil só fica
responsável pela existência do título.

Ex. Cheque roubado é inexistente ambos respondem e no cheque sem fundos


o endossatário responde enquanto que na cessão civil não.

1.2 Executividade

O título de crédito não pago transforma-se em um título executivo.

2. Pro soluto e pro solvendo.

O Título de crédito em regra é pro solvendo, ou seja, o pagamento de uma


mercadoria ou serviço por meio de título de crédito não extingue imediatamente
a obrigação original. A obrigação na compra de um carro com cheque só é
extinta quando da compensação do mesmo por exemplo.
Existe a possibilidade das partes acordarem que a simples entrega do título de
crédito extingue a obrigação, neste caso ele será pro soluto e extinguirá a
obrigação mesmo antes da compensação e se não for compensado a única
opção do vendedor será a de executar o título por via judicial.

3. Figuras

3.1 o sacador: emitente do título;

3.2 o sacado, devedor; (Ex Banco)

3.3 tomador, que é o credor-beneficiário.

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