Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução A Criminologia
Introdução A Criminologia
LUANDA/2024
1
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
Integrantes do grupo nº 7
O Docente
___________________________
LUANDA/2024
2
SÚMARIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................4
2. OBJECTIVOS.........................................................................................................................5
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................................6
CONCLUSÃO..........................................................................................................................14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................15
3
1. INTRODUÇÃO
4
2. OBJECTIVOS
2.1 Geral
2.2 Especificos
5
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
6
pessoa de respeitabilidade e elevado status social no exercício da sua profissão”. Assim sendo,
partindo desta definição em que o primeiro capítulo do presente estudo se ocupará, buscando
deixar cristalizado o conceito do delito, bem como os delitos que estão capitulados por esta
definição e seus elementos (SUTHERLAND, 2015).
Foi em 1939, que Edwin H. Sutherland desenvolveu o nome para capitulação de crimes que
envolvam determinadas categorias de pessoas, sendo o então chamado: Crime de Colarinho Branco
(“White Collar Crime”).
Quando se diz que crimes de colarinho branco são praticados por determinadas classes de
pessoas, deve se atentar quanto às diversas condições que este agente ostenta perante a sociedade,
não busquemos apenas observar o seu status econômico. Se disséssemos apenas que crimes de
colarinho branco são praticados por pessoas de alta classe econômica, poderiam entrar nesse
conceito a prática do crime de homicídio, calúnia, e dentre outros delitos que nada tem a ver com o
que pretendemos demonstrar (TRES, 2017).
Na evolução histórica dos crimes de colarinho branco, Sutherland começou suas pesquisas
indagando quanto ao indivíduo fora da conexão de crimes comuns:
7
Por que a pobreza, quando distribuída especialmente em área da cidade, mostra uma
uniformidade notável e alta associação com crime, porém quando distribuída
cronologicamente em ciclos de mercado mostra uma leve e inconsistente associação
com o crime? A resposta é que o fator casual não é a pobreza, no sentido de necessidade
econômica, mas as relações sociais e interpessoais que estão associadas algumas vezes
com a pobreza e algumas vezes com a riqueza, e algumas vezes com os dois fatores.
(2015, p. 31-32). (nosso grifo).
É nesse sentido que percebemos que o autor descartou completamente que as práticas dos
crimes são executadas apenas por pessoas que possuem baixo rendimento econômico. Assim sendo,
a influência trazida ao indivíduo que pratica o crime está voltada as suas relações interpessoais e
sociais (DIAS, 1999).
No desenrolar de seus estudos passou a definir o que são crimes de colarinho branco, nos
quais são aqueles praticados por uma pessoa ou em um conjunto de agentes, sendo estes participes
de vontades recíprocas que visam o enriquecimento próprio. Nesse sentido, o entendimento quanto
à axiologia do agente delituoso que pratica a referida classe de crimes, pode ser entendida como
uma pessoa dotada de privilégios, e, em um patamar elevado de conhecimento quanto aos demais
indivíduos integrantes da sociedade (TRES, 2017).
Nessa esfera, busquemos a conceituação de outro autor quanto ao tema, define que: "Um
crime de colarinho branco é definido como uma violação da lei que regula os negócios, cometido
em favor de uma empresa, pela própria empresa ou seus agentes no giro dos seus negócios”.
(NUCCI, 2008, p.117).
Como bem mencionado pelo autor acima, o crime de colarinho branco pode ser entendido
como aquele que viola dispositivo inerente à regulamentação de negócios, o que por sua vez,
“negócio” deva ser entendido como atividade com fim lucrativo (VERAS, 2010).
8
A titulação de crimes de colarinho branco abarca um enorme complexo de delitos previstos
na legislação ordinária, bem como em leis complementares. Nessa gama de exposição, bem como
as observações feitas hodiernamente as práticas delituosas que abarcam crimes de colarinho branco
atingem desde a esfera da administração pública até os setores privados, causando um imenso
impacto na economia e na segurança jurídica.
A materialidade dos crimes de colarinho branco, por seu turno, se exaure na transgressão de
algum bem jurídico tutelado, tendo como alvo principal nesse cenário delituoso a economia, desse
modo o efeito causado quando o agente criminoso atua contrário às normas legais têm resultados
devastadores frente aos crimes praticados nas ruas. Acerca deste resultado em comparação aos
crimes comuns, Sutherland abordou nesse mesmo sentido, que:
De outro modo, quanto à verificação da materialidade dos crimes de colarinho branco não
se comparam comumente ao procedimento adotado para a verificação de outros crimes, como por
exemplo, o exame de corpo delito utilizado para verificar a ofensa ao bem jurídico, vida ou a
integridade física da vítima (objeto material) (NUCCI, 2017.).
Portanto, a materialidade surge quando existente a ofensa ao bem jurídico tutelado pelo
Estado. Vejamos o ensinamento de Guilherme Nucci, quanto à abordagem:
9
Por outro lado, num prisma material, aponta para algo apto a satisfazer as necessidades
humanas, integrando seu patrimônio. Quando se fala em bem comum, denota-se o nível
das condições favoráveis ao êxito coletivo. Em suma, o bem se apresenta vinculado aos
mais precisos interesses humanos, seja do ponto de vista material, seja do prisma
incorpóreo (moral ou ético) (NUCCI, 2017, p. 07).
Como em todo ordenamento jurídico, são admitidos meios de provas lícitas a fim de
comprovarem a prática delitiva do agente. Nesse sentido, imaginemos o crime de sonegação fiscal,
o qual poderá ser demonstrado por perícia técnica, e até mesmo corroborado por prova testemunhal
para efetiva comprovação da prática delitiva (TRES, 2017).
10
Nesse sentido, os órgãos especializados incumbidos para regularem atividades
financeiras e que detêm informações rotineiras de operações da mesma devem remeter
informações que investem de irregularidades aos demais órgãos
Importa também referir que em Portugal o combate aos crimes de colarinho branco são,
na sua maioria, competência da UNCC (Unidade Nacional de Combate à Corrupção) da polícia
judiciária e do Ministério Público. De acordo com a Lei n.º 36/94, de 29 de setembro, cabe a
UNCC prevenir, investigar e reprimir todos os fenómenos criminais tipicamente relacionados
com o crime económico e financeiro. De acordo com a Polícia Judiciária (2017), a UNCC tem
como função principal combater os seguintes crimes de colarinho branco: prevaricação e abuso
de poderes, certos tipos de fraude (subsídios e créditos), contrafações, crimes do mercado de
valores mobiliários, administração danosa, branqueamento de capitais, certos crimes
11
tributários, crimes organizados com recurso à tecnologia informática, crimes transnacionais e
internacionais e ainda outros crimes conexos.
Nos Estados Unidos, um dos órgãos de polícia criminal que investiga este tipo de delitos,
denominado FBI (Federal Bureau of Investigation), refere-se ao crime de colarinho branco
como sendo um conjunto de crimes não violentos e com vítimas pouco aparentes, mas com a
capacidade inata de destruir economicamente indivíduos, empresas e corporações, assim como
de erodir a confiança do público nas instituições públicas e privadas. O FBI também apresenta
alguns exemplos de crimes típicos da criminalidade de colarinho branco como: crimes de
falsificação financeira, abuso de informação privilegiada, branqueamento de capitais e
corrupção, variados tipos de fraude e ainda os crimes de pirataria informática (FBI, 2022).
12
Os crimes mencionados ao longo deste tópico são apenas alguns dos inúmeros delitos
englobados na definição de crime de colarinho branco. Efetivamente, devido à natureza
abrangente do conceito, o qual integra crimes que vão desde as fraudes até aos delitos
ambientais, podemos afirmar que não seria viável abordar todos os atos ilícitos classificados
nesta tipologia. Desta forma, decidiu-se destacar alguns dos crimes característicos como: os
diversos crimes de corrupção, alguns tipos de fraude e burla, o branqueamento de capitais e o
enriquecimento ilícito.
A lei é feita para todos, mas só ao pobre obriga. A lei é teia de aranha, em minha
ignorância tentarei explicar. Não a tema os ricos, nem jamais os que mandam,
pois o bicho grande a destrói e só os pequeninos aprisiona. A lei é como chuva,
nunca pode ser igual para todos. Quem a suporte se queixa, mas a explicação é
simples: a lei é como a faca que não fere a quem empunha.
13
CONCLUSÃO
Os crimes de colarinho branco representam uma faceta complexa e desafiadora no
mundo jurídico e sociológico. Estas transgressões, geralmente cometidas por indivíduos em
posições de poder e influência, destacam as brechas nos sistemas legais e éticos que precisam
ser abordadas.
A análise desses crimes revela não apenas os danos econômicos diretos, mas
também os impactos sociais e a erosão da confiança nas instituições. A impunidade muitas
vezes associada a esses crimes ressalta a necessidade urgente de reformas e mecanismos mais
eficazes de prevenção e punição. Para combater os crimes de colarinho branco, é imperativo
que haja uma abordagem holística, envolvendo esforços regulatórios mais rigorosos, educação
pública, transparência corporativa e sistemas judiciais eficientes. Além disso, é crucial
incentivar uma cultura ética que desencoraje práticas fraudulentas e promova a
responsabilidade corporativa.
14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Farrales, M. (2005). What is Corruption? A History of Corruption Studies and the Great
Definitions Debate. [Em linha]. Disponível em
<https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1739962>. [Consultado em 14/5/2022]
Sutherland, E. H., (1940). White-Collar Criminality. American Sociological Review, 5(1), pp.
1-12.
Conover, K. (2014). Rethinking Anti-Corruption Reforms: The View from Ancient Athens.
Buffalo Law Review, 62(1). [Em linha]. Disponível em
<https://digitalcommons.law.buffalo.edu/buffalolawreview/vol62/iss1/4/>. [Consultado em
18/5/2022].
Apsitis, A., e Joksts, J. (2018). State officials and illicit asset-grabbing: The Roman approach.
SHS Web of Conferences, 40(01012). [Em linha]. Disponível em <https://www.shs-
conferences.org/articles/shsconf/pdf/2018/01/shsconf_shw2018_01012.pdf>.[Consultado em
8/5/2022].
Barcham, M. (2012). Rule by Natural Reason: Late Medieval and early Renaissance
conceptions of political corruption. [Em linha]. Disponível em
<https://www.researchgate.net/públication/323962857_Rule_by_Natural_Reason_Late_Medi
eval_and_early_Renaissance_conceptions_of_political_corruption>. [Consultado em
17/5/2022].
TRÊS, Celso Antônio. Teoria Geral do Delito Pelo Colarinho Branco. Disponível em: . Acesso
em: 23.11.2017.
DIAS, Jorge de Figueiredo. Questões fundamentais do direito penal revisitadas. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1999. p. 372.
VERAS, Ryanna Pala. Nova Criminologia e os Crimes do Colarinho Branco. Wmf. Martins
Fontes. 1° ed. São Paulo. 2010.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 13°. Edição. Gen. Editora Forense. Rio
de Janeiro. 2017.
15
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em Busca das Penas Perdidas: a perda da legitimidade do sistema
penal. Tradução: Vânia Romano Pedrosa, Amir Lopes da Conceição. 5. ed. Rio de Janeiro:
Renavam, 2001.
Akers, R. L., & Sellers, C. S. (2013). Criminological Theories: Introduction, Evaluation, and
Application. Oxford University Press.
Rorie, M. e Simpson, S. S. (2016). Economic Fluctuations and Crises. In: Van Slyke, S. R.,
Benson, M. L., e Cullen, F. T. (Ed.). The Oxford Handbook of White-Collar Crime. Oxford,
Oxford University Press, pp. 326–344
Biswas, A.K. e Tortajada, C. (2018). From our ancestors to modern leaders, all do it: the story
of corruption. [Em linha]. Disponível em . [Consultado em 10/5/2022].
Lintott, A. (1990). Electoral Bribery in The Roman Republic. The Journal of Roman Studies,
80, pp. 1–16.
16