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Interpretação de texto

A compreensão e a interpretação de texto dependem do contexto de produção, além do


conhecimento de mundo e dos conhecimentos linguísticos e literários do(a) leitor(a).

Interpretação de texto é explicar um texto. Para isso, é necessário que, antes, o(a)
leitor(a) o tenha compreendido. Nesse percurso, entre o processo inconsciente de
compreensão e a ação consciente de interpretação da obra, ele(a) vai depender do
conhecimento de mundo, além dos conhecimentos linguísticos e/ ou literários
para encontrar o(s) sentido(s) do texto e o explicar.

Leia também: O que é hipertexto?

Resumo sobre interpretação de texto

 Interpretação de texto é o ato de explicar um texto após a sua compreensão.


 A compreensão e a interpretação dependem, principalmente, do contexto.
 Há diferenças na interpretação de um texto literário e de um texto não literário.
 A interpretação de texto no Enem exige do(a) candidato(a), além de conhecimento de
mundo, conhecimentos linguísticos e literários.
 A compreensão é um processo inconsciente; já a interpretação, um processo consciente.

O que é interpretação de texto?

Interpretar um texto significa não só o compreender, mas também perceber suas


nuances, seus detalhes implícitos. Portanto, o(a) leitor(a) precisa entender o contexto
de produção desse texto.

Além disso, outros conhecimentos são úteis nesse processo, como: tipologia textual,
gêneros textuais, funções de linguagem e, se o texto for literário, noções de estilos de
época e figuras de linguagem também são de grande utilidade. Afinal, interpretar um
texto é buscar não só seu(s) sentido(s), mas também seu(s) objetivo(s).

Como fazer a interpretação de texto?

Para interpretar eficazmente um texto, é preciso considerar os objetivos de seu


autor (emissor ou enunciador). No entanto, isso não pode ser feito por meio de
suposições, pois estão no texto todos os elementos necessários para a sua compreensão e
interpretação. É o texto que nos diz qual é a intenção comunicativa de seu autor.

A interpretação é um processo racional de análise do texto. Isso significa que


qualquer afirmação que o(a) leitor(a) fizer sobre o que leu deve ser passível de
comprovação a partir de elementos textuais. Se o(a) leitor(a) não consegue comprovar
sua leitura por meio de argumentos sustentados pelo texto lido, sua interpretação é uma
invenção.

É claro que existem textos plurissignificativos, que, portanto, permitem mais de uma
leitura. Porém, elas também necessitam de comprovação. Então, o(a) leitor(a) precisa
analisar, criticar e fazer perguntas ao texto, para buscar elementos que comprovem a sua
interpretação. O bom leitor e a boa leitora não são ingênuos, são críticos e, portanto,
questionadores:

 Quem é o enunciador?
 Qual é o seu objetivo?
 Por que ele fez essa ou aquela afirmação?
 Ele tem uma segunda intenção?
 Em que contexto ele escreveu o texto?

Além disso, a interpretação também vai depender do repertório do(a) leitor(a), ou


seja, do conhecimento de mundo. É isso que permite que determinada leitora entenda
certo trecho de um texto, enquanto outro leitor não o compreende. Afinal, os textos
vivem em constante diálogo uns com os outros, o que é chamado de intertextualidade.

Veja também: Quais são os elementos da comunicação?

Exemplo:

A seguir, vamos ler e interpretar parte de um texto publicado em 21 de março de 2007,


na seção “Economia e Negócios” do site G1, um portal de notícias. Mas, antes de iniciar
a leitura, vamos definir o(a) enunciador(a) do texto.

Como a notícia não foi assinada, sabemos apenas que foi escrita por um(a) jornalista, já
que é uma notícia, o que nos faz concluir que o texto possui uma linguagem mais
objetiva.

Isso nos leva à segunda questão, ou seja, qual é o objetivo do(a) enunciador(a) do texto?
A resposta parece óbvia: informar. Sobre o quê? O título nos diz que é sobre o PIB
(Produto Interno Bruto) de 1996 e 1999, indica que o cálculo foi revisado e, ao que
parece, o resultado foi mais baixo do que o divulgado no passado. Mas terá o(a) autor(a)
do texto uma segunda intenção ao divulgar tal informação? Saberemos durante a leitura.

E, por fim, qual é o contexto de escrita do texto? O ano de 2007, durante o governo
Lula, que durou de 2003 a 2011. Já a informação está relacionada ao período em que
Fernando Henrique Cardoso governou o país, entre 1995 e 2003. A notícia, portanto,
pode ter uma motivação política ou ser apenas uma informação imparcial.

PIB DE 1996 E 1999 SÃO REVISADOS PARA BAIXO

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje a revisão do


Produto Interno Bruto (PIB) anual para o período de 1996 a 1999. O PIB de 1995 foi
incorporado à nova série, calculada com nova metodologia, mas manteve-se inalterado
em 4,2%, já que não houve comparação com 1994 e, desse modo, não houve variação
na taxa. O PIB de 1996 caiu de 2,7% (série antiga) para 2,2% (nova série). O PIB de
1997 foi revisado um pouco para cima, de 3,3% para 3,4%. O PIB de 1998 recuou um
pouco, de 0,1% para 0,0. Já o PIB de 1999 diminuiu bastante, de 0,8% para 0,3%.

Os resultados apresentados nas revisões anteriores ao ano 2000 contrastam bastante


com os dados a partir de 2002, quando houve fortes variações no PIB para cima.
O coordenador de contas nacionais do IBGE, Roberto Olinto, alertou que é preciso
evitar interpretações políticas em relação a esses dados. Ele fez a ressalva diante da
insistência de jornalistas para comparações do governo Fernando Henrique Cardoso
(cujos PIBs anuais decresceram na maioria com a nova série) e o primeiro mandato do
governo Lula até 2005 (que mostrou crescimentos mais fortes no PIB em relação aos
anteriormente divulgados).

[...]

“O IBGE vai apresentar os dados e não vai fazer comentários históricos”, alertou
Olinto desde o início. Segundo ele, “a gente não olhou os períodos, a gente fez as
contas”.

Para o coordenador de contas nacionais, “extrapolar o uso desses dados pode ser
perigoso”. A gerente de contas trimestrais, Rebeca Palis, também afirmou, ao ser
solicitada para fazer contas do crescimento médio do PIB nos governos Fernando
Henrique Cardoso e Lula, que “pode-se comparar (os números), é o melhor que a
gente conseguiu fazer, mas não é totalmente comparável em termos políticos”.

Ao ler o primeiro parágrafo, percebemos que o(a) autor(a) da notícia preferiu


enfatizar, no título, a queda do PIB de 1996 e 1999, em vez de se referir ao seu
crescimento em 1997 (de 3,3% para 3,4%). E também preferiu não destacar a queda
ocorrida em 1998 (de 0,1% para 0,0). Por quê?

Ao que parece, sua escolha deve-se ao fato de que, na revisão do PIB, houve uma queda
muito grande em 1996 (de 2,7% para 2,2%) e em 1999 (de 0,8% para 0,3%), em relação
a 1997 e a 1998.

Quando o(a) enunciador(a) do texto ressalta que os “resultados apresentados nas


revisões anteriores ao ano 2000 contrastam bastante com os dados a partir de 2002,
quando houve fortes variações no PIB para cima”, imaginamos que pode haver
alguma conotação política nessa informação, já que 2002 foi o último ano do governo
de Fernando Henrique Cardoso.

Porém, para mostrar sua imparcialidade jornalística, o(a) autor(a) da notícia cede
espaço para o alerta do coordenador de contas nacionais do IBGE, que diz que “é
preciso evitar interpretações políticas”.

No entanto, aproveita para informar que os PIBs anuais do governo FHC “decresceram
na maioria com a nova série”, mas que o mandato de Lula, até 2005, “mostrou
crescimentos mais fortes no PIB em relação aos anteriormente divulgados”.

Note que o(a) jornalista(a) insiste em mostrar o empenho do coordenador em negar


qualquer elemento político na variação dos números do PIB: “‘O IBGE vai
apresentar os dados e não vai fazer comentários históricos’, alertou Olinto desde o
início. Segundo ele, ‘a gente não olhou os períodos, a gente fez as contas’”. Olinto
ainda afirma: “extrapolar o uso desses dados pode ser perigoso”.

E, no final do texto, o(a) enunciador(a) dá a palavra para a gerente de contas trimestrais


Rebeca Palis, que diz: “pode-se comparar (os números), é o melhor que a gente
conseguiu fazer, mas não é totalmente comparável em termos políticos”. Assim, o(a)
autor(a) da notícia buscou mostrar-se imparcial, apesar de sua insistência em falar
da questão política relacionada ao PIB.

Dicas para uma boa interpretação de texto

1. Observar se o texto é literário ou não literário

A primeira pergunta que você deve fazer antes de ler um texto é se ele é literário ou não
literário. Isso porque as características de um texto artístico são diferentes das de
um texto funcional.

Você não pode ler um texto literário da mesma forma que lê uma notícia de jornal ou
um artigo científico. Então, entenda a diferença entre um texto literário e não literário.

2. Crie hipóteses antes da leitura

Antes de começar uma leitura mais detalhada do texto, busque criar hipóteses sobre o
conteúdo que você vai ler. Assim, você inicia a leitura mais preparado(a), pois já sabe
mais ou menos o assunto do texto. Nessa sua pré-leitura, busque saber:

 Quem é o autor ou enunciador do texto?: conhecer o estilo autoral é um


conhecimento prévio relevante para o entendimento do(a) leitor(a).
 O que sugere o título do texto?: muitas vezes, o título se refere à temática principal.
 Qual o tipo de texto?: textos narrativos, descritivos, expositivos e argumentativos
possuem características diferentes; e o desconhecimento delas pode ser um dificultador
da leitura.
 Qual o gênero textual?: entrevista, notícia, conto etc. também apresentam
características próprias; e, assim como no tipo textual, o desconhecimento do gênero do
texto pode limitar o entendimento do(a) leitor(a).
 Por que você quer ler o texto?: o objetivo do(a) leitor(a) também influencia na leitura;
afinal, você não pode ler um poema com os mesmos olhos que lê uma bula de remédio.
 Qual o contexto de produção?: situar o texto é essencial para entendê-lo melhor; pois
ele pode ser atual ou escrito em um contexto político, social e cultural diferente do
tempo da leitura, o que pode influenciar na linguagem e na temática da obra.

3. Ler apenas um livro não faz de você um(a) leitor(a) competente

A prática da leitura aprimora a sua compreensão textual, além de permitir que você
acumule um repertório, que vai possibilitar o entendimento de vários outros textos, de
tipos e gêneros diversos.

4. O conhecimento de mundo que auxilia a leitura não está restrito aos livros

você acumula informações ao ler e ao assistir a (tele)jornais, ao ampliar seu gosto


musical e, também, cinematográfico, e quando você busca saber mais sobre outras artes.

5. Amplie seus conhecimentos linguísticos e seu vocabulário


Você não precisa saber, por exemplo, que a palavra “cujo” é um pronome, mas se
desconhecer a sua função, seu entendimento textual vai ficar comprometido.

6. Durante a leitura, faça marcações em seu texto.

Sublinhe as informações mais relevantes, circule partes que não compreendeu para
retomá-las mais tarde e anote suas dúvidas ou descobertas, pois os textos têm a
capacidade de gerar questionamentos e fazer revelações.

7. Não queira entender completamente um texto com apenas uma leitura.

É preciso ler mais de uma vez para chegar ao entendimento e encontrar, enfim, o(s)
sentido(s) e o(s) objetivo(s) do texto.

Exemplo:

A seguir, vamos ler e interpretar um texto do gênero poema, do poeta português Luís
Vaz de Camões (1524-1580). Por ser um poema camoniano, pode-se afirmar que é um
texto literário. Esse poeta faz parte do Classicismo e, portanto, apresenta obras mais
racionais e menos emotivas, além de utilizar a medida nova, os versos decassílabos.

O texto não apresenta título, mas sabemos, pela sua forma, que é um soneto. Esse tipo
de composição poética inicia e conclui uma ideia em apenas catorze versos.

Se vou ler um poema, é porque quero refletir sobre determinado assunto, me admirar
com a linguagem e ter contato com a beleza estética. Porém, devo estar atento ao
contexto de produção dessa obra, que é o século XVI, no período do Renascimento, o
qual faz um resgate da cultura greco-latina, que já observamos no primeiro verso:

Apolo e as nove Musas, descantando

com a dourada lira, me influíam

na suave harmonia que faziam,

quando tomei a pena, começando:

— Ditoso seja o dia e hora, quando

tão delicados olhos me feriam!

Ditosos os sentidos que sentiam

Estar-se em seu desejo traspassando!

Assim cantava, quando Amor virou


a roda à esperança, que corria

tão ligeira que quase era invisível.

Converteu-se-me em noite o claro dia;

e, se algüa esperança me ficou,

será de maior mal, se for possível.

Para interpretar um poema, é necessário, em primeiro lugar, ter o entendimento básico,


sem considerar a plurissignificação. Como o hipérbato (inversão da ordem direta da
oração) é bastante usado em poesia, é preciso localizar os verbos, pois só assim
podemos apontar o sujeito e os complementos, para um entendimento mais claro.

Então, podemos entender que Apolo e as noves Musas cantavam ao som de uma lira e
exerciam influência sobre (inspiravam) o eu lírico. Ele, então, pegou a pena. Aqui, o
conhecimento de mundo do(a) leitor(a) é importante, pois ele(a) precisa saber que
“pena”, no passado, era um instrumento de escrita.

Na segunda estrofe, o eu lírico reproduz o que ele escreveu com a pena. Ele afirma que
era um dia e uma hora felizes quando olhos o “feriam”. Nesse ponto, nos deparamos
com uma metáfora, que dá aos olhos características de uma arma. Provavelmente, o
arco e a flecha do Cupido, personagem integrante da mitologia greco-romana. No caso,
os olhos machucavam o eu lírico, e essa “dor” estaria associada ao amor.

A partir do primeiro terceto, o eu lírico afirma que “cantava” (fazia versos) quando o
Amor fez com que a esperança se afastasse, “tão ligeira que quase era invisível”.
Essa esperança está relacionada ao amor do dono ou dona dos olhos que “feriam”.
Por isso, no eu lírico, o claro dia (a alegria) converteu-se em noite (tristeza). E se lhe
restou alguma esperança, foi de experimentar um mal ainda maior, se é que isso é
possível.

Dessa forma, conseguimos ter quase cem por cento de entendimento do texto. E digo
“quase” porque é comum não conseguirmos entender uma poesia completamente. Aliás,
uma poesia facilmente entendível, normalmente não é uma boa poesia. Porém, se você
não consegue entender uma passagem do poema agora, às vezes, em futuras leituras, o
entendimento se faz.

Veja também: 5 dicas para melhorar sua interpretação de texto

Interpretação de textos no Enem

Para ser bem-sucedido(a) no Enem, o(a) candidato(a) deve ser capaz de interpretar
textos literários e não literários, verbais e não verbais. Assim, as questões buscam
comprovar o entendimento profundo do texto lido.
Às vezes, também busca, a partir do texto, verificar se o(a) candidato(a) possui
conhecimentos linguísticos e literários variados, como noções de gêneros e tipos
textuais, figuras de linguagem, estilos de época etc.

Veja esta questão do Enem de 2019:

VERISSIMO, L. F. As cobras em: se Deus existe que eu seja atingido por um raio.
Porto Alegre: L&PM, 2000.

No que diz respeito ao uso de recursos expressivos em diferentes linguagens, o cartum


produz humor brincando com a

A) caracterização da linguagem utilizada em uma esfera de comunicação específica.

B) deterioração do conhecimento científico na sociedade contemporânea.

C) impossibilidade de duas cobras conversarem sobre o universo.

D) dificuldade inerente aos textos produzidos por cientistas.

E) complexidade da reflexão presente no diálogo.

Nessa questão, é exigido o conhecimento sobre o gênero textual cartum. Além disso, ela
busca comprovar que o(a) candidato(a) consegue perceber o que provoca o
humor no texto, ou seja, a ideia de que um cientista só consegue explicar algo a partir
de uma linguagem científica, e, portanto, só cientistas podem entender outros cientistas,
já que eles usam uma linguagem específica, como afirma a alternativa A.

Diferenças entre interpretação e compreensão de textos

Alguns pesquisadores consideram “compreensão” e “interpretação” como uma coisa só.


Já outros entendem que esses termos não são apenas sinônimos, mas que possuem
diferenças entre si. É o caso do linguista Vilson J. Leffa, o qual defende
que “compreender é relacionar”, pois cada texto é “um quebra-cabeça que precisa ser
montado”.

Assim, a compreensão depende do(s) contexto(s), de forma que o sentido, no processo


de leitura, só é alcançado a partir da interação entre o texto e o(a) leitor(a). Porém, o(a)
leitor(a) conta com seu conhecimento de mundo, além de seu conhecimento linguístico,
para “montar o quebra-cabeça”, de forma rápida, instantânea e inconsciente.
Segundo Leffa, interpretar “é explicar para o leitor de que modo cada quebra-
cabeça pode ser montado”. Assim, a interpretação seria um processo consciente,
associado ao ato de explicar o texto. Então, para sermos mais claros, compreensão seria
ler e entender um texto. Mas a interpretação seria explicar o objetivo desse texto, o
motivo de ele ter sido produzido.

Exercícios resolvidos sobre interpretação de textos

Questão 1 - (Enem)

A porca e os sete leitões

É um mito que está desaparecendo, pouca gente o conhece. É provável que a geração
infantil atual o desconheça. (Em nossa infância em Botucatu, ouvimos falar que
aparecia atrás da igreja de São Benedito no largo do Rosário.) Aparece atrás das
igrejas antigas. Não faz mal a ninguém, pode-se correr para apanhá-la com seus
bacorinhos que não se conseguirá. Desaparecem do lugar costumeiro da aparição, a
qual só se dá à noite, depois de terem “cumprido a sina”.

Em São Luís do Paraitinga, informaram que se a gente atirar contra a porca, o tiro não
acerta. Ninguém é dono dela e por muitos anos apareceu atrás da igreja de Nossa
Senhora das Mercês, na cidade onde nasceu Oswaldo Cruz.

ARAÚJO, A. M. Folclore nacional I: festas, bailados, mitos e lendas. São Paulo:


Martins Fontes, 2004.

Os mitos são importantes para a cultura porque, entre outras funções, auxiliam na
composição do imaginário de um povo por meio da linguagem. Esse texto contribui
com o patrimônio cultural brasileiro porque

A) preserva uma história da tradição oral.

B) confirma a veracidade dos fatos narrados.

C) identifica a origem de uma história popular.

D) apresenta as diferentes visões sobre a aparição.

E) reforça a necessidade de registro das narrativas folclóricas.

Resolução

Alternativa A. O texto preserva uma história da tradição oral (“ouvimos falar”), ao


evidenciar o mito da porca e os sete leitões. Quanto às outras alternativas, em nenhum
momento, no texto, há a confirmação dos fatos narrados; o narrador não identifica a
origem dessa história popular, pois menciona tanto Botucatu quanto São Luís do
Paraitinga; não há diferentes visões da aparição, mas algumas informações em relação a
ela; e, por fim, o texto não faz a defesa da necessidade de registro das narrativas
folclóricas.
Questão 2 - (Enem)

As atrizes

Naturalmente

Ela sorria

Mas não me dava trela

Trocava a roupa

Na minha frente

E ia bailar sem mais aquela

Escolhia qualquer um

Lançava olhares

Debaixo do meu nariz

Dançava colada

Em novos pares

Com um pé atrás

Com um pé a fim

Surgiram outras

Naturalmente

Sem nem olhar a minha cara

Tomavam banho

Na minha frente

Para sair com outro cara

Porém nunca me importei

Com tais amantes

[…]

Com tantos filmes


Na minha mente

É natural que toda atriz

Presentemente represente

Muito para mim

CHICO BUARQUE. Carioca. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2006 (fragmento).

Na canção, Chico Buarque trabalha uma determinada função da linguagem para marcar
a subjetividade do eu lírico ante as atrizes que ele admira. A intensidade dessa
admiração está marcada em

A) “Naturalmente/ Ela sorria/ Mas não me dava trela”.

B) “Tomavam banho/ Na minha frente/ Para sair com outro cara”.

C) “Surgiram outras/ Naturalmente/ Sem nem olhar a minha cara”.

D) “Escolhia qualquer um/ Lançava olhares/ Debaixo do meu nariz”.

E) “É natural que toda atriz/ Presentemente represente/ Muito para mim”.

Resolução

Alternativa E. O eu lírico demonstra a intensidade de sua admiração nos seguintes


versos: “É natural que toda atriz/ Presentemente represente/ Muito para mim”.
Chegamos a essa conclusão porque a expressão “para mim” aponta a função emotiva,
centrada no emissor do discurso; mas também porque, nesses versos, o eu lírico afirma
que toda atriz representa muito, ou seja, tem grande importância para ele, apesar de o
verbo “represente” ter um duplo sentido, já que também pode significar o ato de
“representar”, no sentido de “atuar”.

este estudo, você vai entender que em toda construção textual há um objetivo
comunicativo. Nesse processo de comunicação entre autor-texto-leitor, há informações
contidas no texto de maneira explícita e de maneira implícita. Bons estudos!

Assista à videoaula do professor Marlon Santos com essa temática.

9 ano – Língua Portuguesa

Em toda construção textual há um objetivo comunicativo. Nesse processo de


comunicação entre autor-texto-leitor, há informações contidas no texto de maneira
explícita e de maneira implícita.
As informações explícitas são aquelas manifestadas pelo autor no próprio texto, isto é,
elas aparecem na superfície do texto. Desse modo, não é preciso que o leitor faça muitas
reflexões, ou que leve muito tempo para notá-las, pois as informações estão escritas,
nítidas, claras, objetivas.

Observe o poema a seguir.

Minha sombra
De manhã
a minha sombra
Com meu papagaio e o meu macaco
Começam a me arremedar.
E quando saio
A minha sombra vai comigo
Fazendo o que eu faço
Seguindo os meus passos.

Depois é meio-dia.
E a minha sombra fica do tamaninho
De quando eu era menino.
Depois é tardinha.
E a minha sombra tão comprida
Brinca de pernas de pau.

Minha sombra , eu só queria


Ter o humor que você tem,
Ter a sua meninice,
Ser igualzinho a você.

E de noite quando escrevo,


Fazer como você faz,
Como eu fazia em criança:
Minha sombra
Você põe a sua mão
Por baixo da minha mão,
Vai cobrindo o rascunho dos meus poemas
Se saber ler e escrever.

LIMA, Jorge de. Minha Sombra In: Obra Completa. 19. ed. Rio de Janeiro: José
Aguillar Ltda., 1958
De acordo com o texto, a sombra imita o menino

(A) de manhã.
(B) ao meio-dia.
(C) à tardinha.
(D) à noite.

Para responder essa questão, é preciso que você note que em cada parte do poema há
um momento do dia. Em seguida, identifique em qual deles a sombra está imitando. À
noite, a sombra “põe a mão por baixo da mão do menino”, como pode ser visto na
última estrofe. À tardinha, a sombra brinca com pernas de pau. Ao meio-dia, a sombra
fica pequena, como ele era quando criança. Essas informações estão explícitas na
segunda estrofe. Pela manhã, a sombra começa a arremedar o menino. A palavra
“arremedar” e sinônimo de “imitar”. Veja que a única resposta possível é a letra A.

As informações implícitas não são manifestadas pelo autor no texto, mas podem ser
subentendidas. Muitas vezes, para efetuarmos uma leitura eficiente, é preciso ir além do
que foi dito, ou seja, ler nas entrelinhas do que está dito. Essas informações podem ser
construídas pelo leitor por meio da realização de inferências que as marcas do texto
permitem.

Veja o exemplo a seguir:

Luísa parou de tomar café.

O que está explícito e implícito no exemplo?


Bem, a informação dita, escrita, explícita é que Luísa parou de tomar café. Isso quer
dizer que, se parou de tomar é porque antes ela tomava café. Essa informação não está
escrita, não está explícita no texto, mas pode ser compreendida graças às pistas dadas na
frase. Nesse caso, o verbo “parar”, conjugado na 3ª pessoa do singular, no tempo
pretérito perfeito do indicativo, “parou”, indica que uma ação que estava em curso
acabou.

Observe, agora, como os implícitos podem aparecer em questões. Leia o texto a seguir.

O Homem que entrou pelo cano


Abriu a torneira e entrou pelo cano. A princípio incomodava-o a estreiteza do tubo.
Depois se acostumou. E, com a água, foi seguindo. Andou quilômetros. Aqui e ali ouvia
barulhos familiares. Vez ou outra um desvio, era uma seção que terminava em torneira.

Vários dias foi rodando, até que tudo se tornou monótono. O cano por dentro não
era interessante.

No primeiro desvio, entrou. Vozes de mulher. Uma criança brincava. Então


percebeu que as engrenagens giravam e caiu numa pia. À sua volta era um branco
imenso, uma água límpida. E a cara da menina aparecia redonda e grande, a olhá-lo
interessada. Ela gritou: “Mamãe, tem um homem dentro da pia”.

Não obteve resposta. Esperou, tudo quieto. A menina se cansou, abriu o tampão e
ele desceu pelo esgoto.

BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Cadeiras Proibidas. São Paulo: Global, 1988, p. 89.

O conto cria uma expectativa no leitor pela situação incomum criada pelo enredo. O
resultado não foi o esperado porque

(A) a menina agiu como se fosse um fato normal.

(B) o homem demonstrou pouco interesse em sair do cano.


(C) as engrenagens da tubulação não funcionaram.

(D) a mãe não manifestou nenhum interesse pelo fato.

Para responder essa questão, é preciso que o leitor faça um exercício de interpretação
mais aprofundado, pois deve considerar as pistas dadas pelo texto. Nem tudo está dito
de maneira explícita.

No texto, quando a menina grita a mãe, fica implícito que ela não agiu normalmente em
relação ao homem que estava no cano. Em “Vários dias foi rodando, até que tudo se
tornou monótono. O cano por dentro não era interessante.” Fica explícito que o cano
não era interessante para o homem, que já estava chato, monótono. Essa informação não
está no fim do texto, não é o resultado da narrativa. O funcionamento das engrenagens é
mencionado no meio do texto e também não quebra as expectativas do leitor em relação
ao que está acontecendo.

Na letra D, temos a mãe manifestando nenhum interesse pela situação fora do comum
que sua filha está presenciando. No fim do texto, no último parágrafo é dito: “Não
obteve resposta. Esperou, tudo quieto. A menina se cansou, abriu o tampão e ele desceu
pelo esgoto.” De quem a menina não obteve resposta? Da mãe. A ausência dessa
resposta deixa implícito que a mãe, ao não responder, demonstrou desinteresse pela
situação. Essa informação não está escrita, com essas palavras, mas, pelo contexto e
pelas pistas deixadas no último parágrafo, é facilmente compreensível que essa seja a
resposta correta para o enunciado.

Atividade
Agora que você já consegue distinguir as informações explícitas das implícitas do texto,
leia o texto a seguir. Na sequência, aponte sobre ele informações que estão explícitas e
outras que estão implícitas.

A Costureira das Fadas


Depois do jantar, o príncipe levou Narizinho à casa da melhor costureira do reino. Era
uma aranha de Paris, que sabia fazer vestidos lindos, lindos até não poder mais! Ela
mesma tecia a fazenda, ela mesma inventava as modas.
– Dona Aranha – disse o príncipe – quero que faça para esta ilustre dama o vestido mais
bonito do mundo. Vou dar uma grande festa em sua honra e quero vê-la deslumbrar a
corte.

Disse e retirou-se. Dona Aranha tomou a fita métrica e ajudada por seis aranhinhas
muito espertas, principiou a tomar as medidas. Depois teceu depressa, depressa, uma
fazenda cor-de-rosa com estrelinhas douradas, a coisa mais linda que se possa imaginar.
Teceu também peças de fita e peças de renda e de entremeio — até carretéis de linha de
seda fabricou.

MONTEIRO LOBATO, José Bento. Reinações de Narizinho. São Paulo: Brasiliense,


1973. (Fragmento)

rtigo
Significação Contextual para TJ/SP
por Renata Araújo Sodré da Silva

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Neste artigo, vamos estudar sobre Significação Contextual para TJ/SP.


Significação Contextual para TJ/SP
Olá, estrategistas!

O TJSP, o maior tribunal do país, publicou um novo edital com 400 vagas
imediatas para o cargo de Escrevente Técnico Judiciário, que exige apenas nível médio
de escolaridade.

Com uma remuneração atraente de R$ 5.480,54, além dos auxílios para alimentação,
saúde e transporte e possibilidade de teletrabalho, esta é uma chance incrível para quem
busca uma carreira estável e bem remunerada.

E, para ajudá-los nos estudos, vamos aprender sobre o Significação Contextual para
TJ/SP, um dos tópicos constantes da disciplina de Língua Portuguesa.
Considerações Iniciais – Significação Contextual para TJ/SP

Antes de iniciarmos o artigo, precisamos ressaltar que significação contextual nada


mais é do que significação das palavras, ou seja, quando o concurso pede este tópico
no edital, ele está solicitando que o candidato seja capaz de entender o sentido de
palavras e expressões inseridas dentro de um determinado contexto.

Com base nisto, a significação contextual está intimamente ligada à habilidade de


interpretação de texto, que é o processo de compreender o significado de um texto
escrito, a fim de obter informações precisas e completas sobre o assunto tratado.
Esta habilidade envolve, dentre outras coisas, a leitura cuidadosa do texto e a
identificação das ideias principais e objetivo do autor.

Assim, quando falamos em interpretação de texto em uma prova de concurso público,


precisamos ressaltar que o candidato que possui essa habilidade sai muito na frente dos
outros, pois português é uma das matérias que mais reprovam em concursos públicos,
sem contar que, com uma boa interpretação, o aluno consegue entender melhor o
enunciado de questões de outras matérias.

Então, sem mais delongas, vamos mergulhar um pouco mais fundo na significação
contextual para TJ/SP!

O que é significação contextual?

A significação contextual permite que as palavras e frases sejam interpretadas em


seu contexto adequado, garantindo a correta interpretação de um texto.

Na Língua Portuguesa muitas palavras e frases possuem diferentes significados de


acordo com o contexto em que são usadas, o que significa que o mesmo termo pode ter
interpretações completamente diferentes a depender da situação enquadrada.

A significação contextual de palavras e expressões é determinada por uma série de


fatores, incluindo as palavras e frases adjacentes, a situação em que o texto está sendo
usado, as conexões culturais e históricas do leitor com as palavras e frases, assim como
sua própria bagagem cultural.

Significante e Significado – Significação Contextual para TJ/SP

Para entendermos melhor sobre significação contextual para TJ/SP, precisamos entender
que a língua se manifesta como um sistema de símbolos convencionais governados por
regras, representadas pela gramática. Este sistema representa os elementos que usamos
para nos comunicar, ligados ao significante e ao significado.

Desta forma, ao mencionarmos a palavra “árvore”, imediatamente temos uma imagem


mental associada a algo concreto, representado por símbolos gráficos, que neste caso se
referem às letras, fonemas e, posteriormente, às sílabas.

Assim, a palavra “árvore” está ligada a um significante e a um significado, na qual o


significante pode ser entendido como o elemento material do signo e o significado pode
ser entendido como o ente abstrato (conceito) do signo.
Para entendermos melhor, podemos ilustrar da seguinte forma:

 Significante: A palavra árvore grafada (á/r/v/o/r/e)


 Significado: Planta com tronco e ramos que se ramificam

Sinônimos

Como sabemos, a sinonímia diz respeito às palavras ou expressões que têm o


mesmo ou quase o mesmo significado. Eles são usados para enriquecer o vocabulário
de uma língua e para fornecer variedade e flexibilidade na expressão de ideias. Além
disso, sinônimos são úteis para evitar repetições desnecessárias de uma mesma palavra,
e para ajustar o tom ou o estilo de uma escrita ou conversação.

Vamos ver alguns exemplos de sinônimos:

Forte / Atlético
Bonito / Belo
Brilhante / Luminoso
Casa / Lar
Calmo / Tranquilo

TOME NOTA: Sinônimos são classificados de acordo com o grau de semelhança em


seus significados. Isto é, alguns sinônimos podem ser mais específicos ou mais
genéricos, podendo ser usados em contextos cujas conotações são diferentes.

Em provas de concurso público, frequentemente são solicitadas questões de


significação contextual que pedem para o candidato indicar a palavra que
corretamente substituiria outra sem o prejuízo de sentido, conforme veremos a
seguir:

“- Olha lá, empatando o trânsito. Que absurdo! Só podia ser carro de autoescola.”

A palavra sublinhada na frase acima pode ser substituída, sem prejuízo de sentido, por:

a) impulsionando
b) alavancando
c) estorvando
d) promovendo

(2022) Banca: IUDS Órgão: Prefeitura de Pedreira – SP Provas: IUDS – 2022 –


Prefeitura de Pedreira – SP – Engenheiro I – Especialista em Segurança do Trabalho
(com algumas modificações)
Ora, perceba que a questão pede que o aluno marque a assertiva que contém a palavra
que substitui corretamente “empatando”. No dicionário, a palavra empatar, neste
contexto, significa dificultar a continuidade de, suspender, embaraçar, atrapalhar.
Desta forma, a palavra que substituiria corretamente seria “estorvando” que tem o
mesmo significado.

Antônimos
Se sinônimos são palavras que indicam o mesmo significado, antônimos são palavras
ou expressões que têm significados opostos ou complementares. Ou seja, eles são
usados para fornecer contrastes e nuances ao vocabulário de uma língua, e para
expressar ideias e conceitos de maneira precisa e clara. Além disso, antônimos são úteis
para reforçar o significado de uma palavra ou para sublinhar relações de oposição entre
ideias.

Vamos ver alguns exemplos:

Forte / Fraco
Bonito / Feio
Brilhante / Apagado
Calmo / Nervoso

TOME NOTA: Da mesma forma que os sinônimos, os antônimos são frequentemente


classificados de acordo com o grau de oposição em seus significados, podendo ser
absolutamente opostos ou apenas relativos ou graduais.

Polissemia

A polissemia pode ser entendida como o fenômeno linguístico pelo qual uma única
palavra ou expressão pode ter mais de um significado ou sentido. Isto ocorre porque
o significado de uma palavra pode mudar ao longo do tempo ou depender da trama em
que é usada.

A polissemia é importante no estudo da significação contextual, pois tem o condão de


ser uma fonte criativa da linguagem, permitindo que as palavras sejam usadas de
maneiras inovadoras e surpreendentes. Contudo, é importante ressaltar que a polissemia
também pode gerar ambiguidade quando não observado o contexto correto em que ela
está inserida.

Exemplos de polissemia incluem:

“Este deveria ser o nosso papel na sociedade” – Nesta frase, a palavra “papel”
significa função.

” Ele colocou delicadamente o papel dobrado sobre a mesa” – Nesta frase, a


palavra “papel” tem o significado de lugar no qual se escreve.

Homônimos

Homônimos são palavras que têm a mesma forma escrita ou pronúncia, mas
diferem em significado, gramática ou origem.

Os homônimos podem ser homógrafos (grafias iguais, mas com pronúncia e


significados diferentes) ou homófonos (iguais na pronúncia, mas diferentes na grafia e
significado)

Vamos ver alguns exemplos de homônimos:


 Ascender (subir) e Acender (produzir fogo)
 Conserto (reparo) e Concerto (peça musical)
 Colher (verbo que significa recolher ou apanhar) e Colher (talher, utensílio de
cozinha)
 Passo (passada) e Paço (palácio)
 Sessão (reunião) e Seção (divisão)

Vamos ver como o exemplo de uma questão sobre o assunto em provas de concursos
públicos:

Nas frases “Minha esposa está se submetendo a diversas sessões de terapia” e “Seu
medicamento está na seção de ansiolíticos”. Podemos afirmar que as palavras
destacadas demonstram um caso de:
a) paronímia
b) polissemia
c) homonímia
d) sinonímia

(2022) Banca: FUNATEC Órgão: Câmara de Presidente Dutra – MA Provas:


FUNATEC – 2022 – Câmara de Presidente Dutra – MA – Diretor de Recursos
Humanos

Parônimos

Parônimos são palavras que têm a mesma origem etimológica, mas diferem na
escrita, pronúncia ou significado. Alguns exemplos de parônimos são:

 Infligir (aplicar castigo) e infringir (violar)


 Aprender (se instruir) e apreender (assimilar)
 Eminente (proeminente) e iminente (próximo de acontecer)
 Tráfico (comércio ilícito) e Tráfego (trânsito)

Vamos ver uma questão de concurso público acerca do assunto:

Pode-se afirmar que os vocábulos delatar (denunciar) e dilatar (alargar) expressam,


entre si, uma relação de:
a) antonímia
b) polissemia
c) homonímia
d) paronímia
e) sinonímia

(2022) Banca: IESES Órgão: SAP-SC Prova: IESES – 2022 – SAP-SC – Técnico em
Atividades Administrativas

Sentido Literal e Figurado das Palavras – Significação Contextual para TJ/SP

Então, para completarmos o aprendizado de significação contextual para TJ/SP,


precisamos entender sobre o sentido literal e figurado das palavras. Vamos ver?
Sentido Literal

O sentido literal de uma palavra é a sua definição literal ou objetiva. É a ideia ou


conceito associado à palavra independentemente do contexto em que ela é usada. Ou
seja, é o significado mais básico ou fundamental de uma palavra e aquele encontrado
em dicionários.

Para entender melhor, podemos citar o seguinte exemplo:

“Ela foi dormir assim que a noite chegou” / “Depois que ele se foi, todos os dias se
tornaram noite“.

Perceba que na primeira frase a palavra noite tem o significado literal, ou seja,
significa o tempo compreendido entre o crepúsculo vespertino e o matutino, o
contrário de dia.

Contudo, na segunda frase, a palavra “noite” ganha o significado de escuridão, de


tristeza, de tempos sombrios. A segunda frase tem um quê poético e traz o sentido
figurado da palavra, conforme trataremos no tópico abaixo.

Sentido Figurado

Antes de mais nada, é preciso entender que o sentido figurado de uma palavra é
criado por meio de figuras de linguagem, tais como: comparação, metonímia,
metáfora, ironia, hipérbole, dentre outras. O sentido figurado permite que as palavras
sejam usadas de maneira mais expressiva e criativa, auxiliando na transmissão de ideias
de maneira mais criativa, expressiva e impactante.

Vamos ver alguns exemplos:

“Michelle achou Pedro um gato!” – Aqui a palavra “gato” não está em seu sentido
literal, mas em seu sentido figurado. Significa que Michelle achou Pedro um rapaz
bonito.

“O coração dela tinha se transformado em pedra.” – O contexto da frase não quis dizer
que o coração se transformou mesmo em “pedra”, mas apenas que o coração endureceu,
tornou-se mais frio, mais duro, mais difícil de transpassar.

“Ele morreu de tanto rir” – A frase não quis dizer que a pessoa realmente morreu
(faleceu), mas quis dizer que a pessoa riu excessivamente.

Conclusão – Significação Contextual para TJ/SP

Em conclusão, chegamos ao fim deste artigo sobre a significação contextual para o


TJ/SP. Neste artigo, pudemos aprender o conceito de significação textual, de
significado e significante, de sinônimos, antônimos, homônimos, parônimos,
polissemia e tratamos um pouco sobre sentido literal e figurado das palavras.

Contudo, ressaltamos que a significação textual é um tema bastante amplo e não


conseguiríamos esgotar este assunto em apenas um artigo.
Semântica

Semântica diz respeito ao significado que as palavras representam, ocupando-se do


estudo da sinonímia, antonímia, paronímia, homonímia, polissemia, denotação,
conotação, entre outras.

A semântica tem por objeto de estudo o significado das palavras.


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Ouça o texto abaixo!

Ve lo cid a d e

Falar sobre semântica significa, antes de tudo, falar sobre significante e significado.
Mas, a propósito, tais elementos estabelecem relação com exatamente o quê?

Sabemos que nós, assim como muitos outros, pertencemos a um grupo social falante da
língua portuguesa – nosso idioma oficial. Assim sendo, podemos afirmar que essa
mesma língua se manifesta como um sistema de signos convencionais regidos por certas
regras de organização, representadas pelos preceitos gramaticais.

Esse sistema de signos representa os elementos que utilizamos para nos comunicar, os
quais se relacionam ao significante e ao significado, expressos anteriormente.

Ao falarmos a palavra “pedra”, de imediato temos uma imagem psíquica associada a


algo que a materialize de forma concreta, ou seja, algo representado de forma
gráfica – que no caso diz respeito às letras, fonemas e, posteriormente, às sílabas.

A palavra "pedra" está associada a um significante e a um significado:


= sf. 1. Matéria mineral dura e sólida, da natureza das rochas. 2. Fragmento dela. 3.
Rocha, rochedo. 4, Lápide sepulcral. [...]. Tais pressupostos nos remetem
ao significado.

= também a: p/e/d/r/a – imagem sensorial, representada por meio de letras. Pressuposto


este demarcado pelo significante.

O que estuda a semântica?

Munidos agora dessa percepção, concluímos o porquê de o significante e do significado


estarem intimamente ligados à semântica, pois ela se caracteriza como a ciência dos
significados das palavras. E compreender bem acerca dos significados é fundamental
para que possamos escolher de forma adequada e conveniente as palavras que melhor
expressam nossas ideias, nossos pensamentos.

São atribuições da semântica, portanto, o estudo da:

 Sinonímia:

Bondoso = Caridoso

 Antonímia:

Bondoso x Maldoso

 Paronímia:

Emigrar x Imigrar

 Homonímia:

Acento x Assento

 Polissemia:

Hidrate bem suas mãos. (parte constitutiva do corpo humano)

Não abra mão de seus direitos. (abdicar de algo, desistir)

Fazendo referência a esse caso, há que se constatar que, dependendo do contexto, uma
mesma palavra pode assumir distintos significados.

 Denotação e Conotação:

Admiro o voo dos pássaros. (sentido literal, retratado pelo dicionário) = denotação

Os poemas são pássaros que chegam


não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Mário Quintana (grifos nossos)
(sentido figurado, subjetivo) = conotação

Por Vânia Duarte


Graduada em Letras

Figuras de linguagem: resumo e


exemplos

Márcia Fernandes
Professora licenciada em Letras

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Figuras de Linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são recursos


estilísticos usados para dar maior ênfase à comunicação e torná-la mais bonita.

Dependendo da sua função, elas são classificadas em:

 Figuras de palavras ou semânticas: estão associadas ao significado das


palavras. Exemplos: metáfora, comparação, metonímia, catacrese, sinestesia e
perífrase.
 Figuras de pensamento: trabalham com a combinação de ideias e
pensamentos. Exemplos: hipérbole, eufemismo, litote, ironia, personificação,
antítese, paradoxo, gradação e apóstrofe.
 Figuras de sintaxe ou construção: interferem na estrutura gramatical da
frase. Exemplos: elipse, zeugma, hipérbato, polissíndeto, assíndeto, anacoluto,
pleonasmo, silepse e anáfora.
 Figuras de som ou harmonia: estão associadas à sonoridade das palavras.
Exemplos: aliteração, paronomásia, assonância e onomatopeia.

Figuras de palavras
As figuras de palavras são usadas para tornar os textos mais bonitos ou
expressivos através da utilização das palavras e dos seus significados.

Metáfora
A metáfora representa uma comparação de palavras com significados diferentes
e cujo conectivo de comparação (como, tal qual) fica subentendido na frase.

Exemplos:

A vida é uma nuvem que voa. (A vida é como uma nuvem que voa.)

Na tirinha acima, "uma caravana de rosas vagando num deserto inefável" é uma
metáfora do amor.

Comparação

Chamada de comparação explícita, ao contrário da metáfora, neste caso são


utilizados conectivos de comparação (como, assim, tal qual).

Exemplos:

Seus olhos são como jabuticabas.

Na tirinha acima, o amor é comparado a uma flor e a um motor. Neste caso foi
utilizado o conectivo "como": "o amor é como uma flor" e "o amor é como o
motor do carro".
Metonímia

A metonímia é a transposição de significados considerando parte pelo todo,


autor pela obra.

Exemplos:

Costumava ler Shakespeare. (Costumava ler as obras de Shakespeare.)

Na tirinha acima, uma parte (cabeças de gado) tem o significado do todo (boi).

Catacrese

A catacrese representa o emprego impróprio de uma palavra por não existir


outra mais específica.

Exemplo:

Embarcou há pouco no avião. (Embarcar é colocar-se a bordo de um barco, mas


como não há um termo específico para o avião, embarcar é o utilizado.)
Na charge acima, ocorre a catacrese, porque foi usada a expressão "bala
perdida" por não haver outra mais específica.

Sinestesia

A sinestesia acontece pela associação de sensações por órgãos de sentidos


diferentes.

Exemplos:

Com aquele olhos frios, disse que não gostava mais da namorada. (A frieza está
associada ao tato e não à visão.)

Na tirinha acima, a expressão "olhar frio" é um exemplo de sinestesia.

Perífrase

A perífrase, também chamada de antonomásia, é a substituição de uma ou mais


palavras por outra que a identifique.

Exemplos:

O rugido do rei das selvas é ouvido a uma distância de 8 quilômetros. (O rugido


do leão é ouvido a uma distância de 8 quilômetros.)
Na charge acima, foi usada a perífrase, uma vez que "Terra da Garoa" é uma
forma de identificar a "cidade de São Paulo".

Figuras de pensamento
As figuras de pensamento são usadas para tornar os textos mais bonitos ou
expressivos através da utilização de ideias e pensamentos.

Hipérbole

A hipérbole corresponde ao exagero de uma ideia feito de maneira intencional.

Exemplos:

Quase morri de estudar.

Na tirinha acima, a expressão "morrendo de inveja" é uma hipérbole.

Eufemismo
O eufemismo é utilizado para suavizar o discurso.

Exemplos:

Entregou a alma a Deus. (Nesta frase está sendo informada a morte de alguém.)

Na charge acima, "produtora de biografias orais não autorizadas" foi uma forma
delicada de dizer que a mulher é, na verdade, uma fofoqueira.

Litote

O litote representa uma forma de suavizar uma ideia. Neste sentido, assemelha-
se ao eufemismo, bem como é a oposição da hipérbole.

Exemplos:

— Não é que sejam más companhias… — disse o filho à mãe. (Pelo discurso,
percebemos que apesar de as suas companhias não serem más, também não
são boas.)
Na tirinha acima, nota-se o uso do litote por meio da expressão "acho que você
deveria aperfeiçoar essa técnica".

Ironia

A ironia é a representação do contrário daquilo que se afirma.

Exemplos:

É tão inteligente que não acerta nada.

Nota-se o uso da ironia na charge acima. O personagem está zangado com


alguém, a quem ele chama de "inteligente" de maneira irônica.

Personificação
A personificação ou prosopopeia é a atribuição de qualidades e sentimentos
humanos a objetos ou aos seres irracionais.

Exemplos:

O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

A personificação é expressa na última parte do quadrinho, onde o Zé Lelé


afirma que o espelho está lhe olhando. Assim, utilizou-se uma característica dos
seres vivos (olhar) em um ser inanimado (o espelho).

Antítese

A antítese é o uso de termos que têm sentidos opostos.

Exemplos:

Toda guerra finaliza por onde devia ter começado: a paz.


Na tirinha acima, há várias antíteses, ou seja, termos que têm sentidos opostos:
positivo, negativo; mal, bem; paz e guerra.

Paradoxo

O paradoxo representa o uso de ideias que têm sentidos opostos, não apenas
de termos (tal como no caso da antítese).

Exemplos:

Estou cego de amor e vejo o quanto isso é bom. (Como é possível alguém estar
cego e ver?)
Na tirinha acima, as ideias com sentidos opostos (certeza e relativa) é um
exemplo de paradoxo.

Gradação

A gradação é a apresentação de ideias que progridem de forma crescente


(clímax) ou decrescente (anticlímax).

Exemplos:

Inicialmente calma, depois apenas controlada, até o ponto de total nervosismo.


(Neste exemplo, acompanhamos a progressão da tranquilidade até o
nervosismo.)

Na tirinha acima, o personagem foi explicando de forma crescente como foi


trazida pela cegonha (decolou; fizemos uma escala; trocaram uma pena;
finalmente ela me deixou aqui).
Apóstrofe

A apóstrofe é a interpelação feita com ênfase.

Exemplos:

Ó céus, é preciso chover mais?

Na tirinha acima, notamos a ênfase no segundo quadrinho: "Ai meu Deus!!! Ele
vai me matar! O que faço!? É o fim!"

Figuras de sintaxe
As figuras de sintaxe são usadas para tornar os textos mais bonitos ou
expressivos através da construção gramatical das frases e orações.

Elipse

A elipse é a omissão de uma palavra que se identifica de forma fácil.

Exemplos:

Tomara você me entenda. (Tomara que você me entenda.)


Na segunda imagem do quadrinho, notamos o uso da elipse: "depois (ele
começou) a comer sanduíches entre as refeições...".

Zeugma

A zeugma é a omissão de uma palavra pelo fato de ela já ter sido usada antes.

Exemplos:

Fiz a introdução, ele a conclusão. (Fiz a introdução, ele fez a conclusão.)

A zeugma é utilizada na segunda e terceira parte dos quadrinhos: "(você é) um


descongestionante nasal para o meu nariz"; (você é) um antiácido para meu
estômago!".

Hipérbato

O hipérbato é a alteração da ordem direta da oração.

Exemplos:

São como uns anjos os seus alunos. (Os seus alunos são como uns anjos.)
A charge acima é um exemplo de hipérbato, porque se tivesse sido escrito na
ordem direta, o nosso hino começaria assim: "As margens plácidas do Ipiranga
ouviram o brado retumbante de um povo heroico".

Polissíndeto

O polissíndeto é o uso repetido de conectivos (e, ou, nem).

Exemplos:

As crianças falavam e cantavam e riam felizes.

A charge acima é um exemplo de polissíndeto, porque o conectivo "se for" esta


sendo repetido muitas vezes ("se for eleitor", "se for deputado", "se for
assessor).
Assíndeto

O assíndeto representa a omissão de conectivos, sendo o contrário do


polissíndeto.

Exemplos:

Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios.

Anacoluto

O anacoluto é a mudança repentina na estrutura da frase.

Exemplos:

Eu, parece que estou ficando zonzo. (A estrutura normal da frase é: Parece que
eu estou ficando zonzo.)

Magali, comer é o que ela mais gosta de fazer. (A estrutura normal da frase é: O
que a Magali mais gosta de fazer é comer.)
Pleonasmo

Pleonasmo é a repetição da palavra ou da ideia contida nela para intensificar o


significado.

Exemplos:

A mim me parece que isso está errado. (Parece-me que isto está errado.)

Na tirinha acima, o "saia para fora" é um pleonasmo, uma vez que o verbo "sair"
já significa "para fora".

Silepse
A silepse é a concordância com a ideia que se pretende transmitir, e não com o
que está implícito. Ela é classificada em: silepse de gênero, de número e de
pessoa.

Exemplos:

Vivemos na bonita e agitada São Paulo. (silepse de gênero: Vivemos na bonita


e agitada cidade de São Paulo.)

A maioria dos clientes ficaram insatisfeitas com o produto. (silepse de


número: A maioria dos clientes ficou insatisfeita com o produto.)

Todos terminamos os exercícios. (silepse de pessoa: neste caso concordância


com nós, em vez de eles: Todos terminaram os exercícios.)

Na tirinha acima, há silepse de pessoa em "mais da metade da população


mundial somos crianças" e "as crianças, vamos ter o mundo nas mãos".

Anáfora

A anáfora é a repetição de uma ou mais palavras de forma regular.

Exemplos:

Se você sair, se você ficar, se você quiser esperar. Se você “qualquer coisa”, eu
estarei aqui sempre para você.
A charge acima é um exemplo de anáfora, porque há várias repetições do termo
"falta".

Figuras de som
As figuras de som são usadas para tornar os textos mais bonitos ou expressivos
através da sonoridade das palavras.

Aliteração

A aliteração é a repetição de sons consonantais.

Exemplos:

"Chove chuva.
Chove sem parar". (Jorge Ben Jor)

Na tirinha acima, ocorre aliteração, porque a letra "r" é repetida muitas vezes
em "O rato roeu a roupa do rei de Roma."
Paronomásia

Paronomásia é a repetição de palavras cujos sons são parecidos.

Exemplos:

O cavaleiro, muito cavalheiro, conquistou a donzela. (cavaleiro = homem que


anda a cavalo, cavalheiro = homem gentil)

A charge acima contém paronomásia, porque foram usados termos que


possuem sons parecidos: "grama" e "grana".

Assonância

A assonância é a repetição de sons vocálicos.

Exemplos:

"O que o vago e incógnito desejo


de ser eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando Pessoa)
Na tirinha acima, o uso da assonância é expresso pela repetição das vogais "a"
em: "massa", "salga", "amassa".

Onomatopeia

Onomatopeia é a inserção de palavras no discurso que imitam sons.

Exemplos:

Não aguento o tic-tac desse relógio.

No primeiro e último quadrinho temos o uso da onomatopeia com "Bum, Bum,


Bum" e "Buááá...; Buááá...". O primeiro expressa o som do tambor, e o segundo,
o choro do Cebolinha.

Resumo das figuras de linguagem


Confira na tabela abaixo o que diferencia cada uma das figuras de linguagem,
bem como cada um dos seus tipos.

Figuras de
Figuras de Figuras de Sintaxe Figuras de Som
Palavras ou
Pensamento ou construção ou harmonia
semânticas

Produzem maior Produzem maior


Produzem maior expressividade à expressividade à Produzem maior
expressividade à comunicação comunicação através expressividade à
comunicação através da da inversão, repetição comunicação
através das combinação de ou omissão dos através da
palavras. ideias e termos na construção sonoridade.
pensamentos. das frases.
Figuras de
Figuras de Figuras de Sintaxe Figuras de Som
Palavras ou
Pensamento ou construção ou harmonia
semânticas

hipérbole
eufemismo elipse
metáfora litote pleonasmo
comparação ironia zeugma
aliteração
metonímia personificação ou hipérbato
paronomásia
catacrese prosopopeia silepse
assonância
sinestesia antítese polissíndeto
onomatopeia
perífrase ou paradoxo ou assíndeto
antonomásia oxímoro anacoluto
gradação ou clímax anáfora
apóstrofe

Funções da Linguagem

Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

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As funções da linguagem são formas de utilização da linguagem segundo a


intenção do falante.

Elas são classificadas em seis tipos: função referencial, função emotiva, função
poética, função fática, função conativa e função metalinguística.

Cada uma desempenha um papel relacionado com os elementos presentes na


comunicação: emissor, receptor, mensagem, código, canal e contexto. Assim,
elas determinam o objetivo dos atos comunicativos.

Embora haja uma função que predomine, vários tipos de linguagem podem
estar presentes num mesmo texto.

Função Referencial ou Denotativa


Também chamada de função informativa, a função referencial tem como
objetivo principal informar, referenciar algo.

Voltada para o contexto da comunicação, esse tipo de texto é escrito na terceira


pessoa (singular ou plural) enfatizando seu caráter impessoal.

Como exemplos de linguagem referencial podemos citar os materiais didáticos,


textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por meio de uma linguagem
denotativa, informam a respeito de algo, sem envolver aspectos subjetivos ou
emotivos à linguagem.

Exemplo de função referencial

Na passada terça-feira, dia 22 de setembro de 2015, o real teve a maior


desvalorização da sua história. Nesse dia foi preciso desembolsar R$ 4,0538
para comprar um dólar. Recorde-se que o Real foi lançado há mais de 20 anos,
mais precisamente em julho de 1994.

Função Emotiva ou Expressiva


Também chamada de função expressiva, na função emotiva o emissor tem
como objetivo principal transmitir suas emoções, sentimentos e
subjetividades por meio da própria opinião.

Esse tipo de texto, escrito em primeira pessoa, está voltado para o emissor, uma
vez que possui um caráter pessoal.

Como exemplos podemos destacar: os textos poéticos, as cartas, os diários.


Todos eles são marcados pelo uso de sinais de pontuação, por exemplo,
reticências, ponto de exclamação, etc.

Exemplo de função emotiva

Meus amores, tenho tantas saudades de vocês … Mas não se preocupem, em


breve a mamãe chega e vamos aproveitar o tempo perdido bem juntinhos. Sim,
consegui adiantar a viagem em uma semana!!! Isso quer dizer que tenho muito
trabalho hoje e amanhã.... Quando chegar, quero encontrar essa casa em
ordem, combinado?!?

Função Poética
A função poética é característica das obras literárias que possui como marca a
utilização do sentido conotativo das palavras.
Nessa função, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será
transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões, das figuras de
linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunicativo é a mensagem.

Note que esse tipo de função não pertence somente aos textos literários.
Também encontramos a função poética na publicidade ou nas expressões
cotidianas em que há o uso frequente de metáforas (provérbios, anedotas,
trocadilhos, músicas).

Exemplo de função poética

Apesar de não ter frequentado a escola, dizia que a avó era um poço de
sabedoria. Falava de tudo e sobre tudo e tinha sempre um provérbio debaixo da
manga.

Função Fática
A função fática tem como objetivo estabelecer ou interromper a
comunicação de modo que o mais importante é a relação entre o emissor e o
receptor da mensagem. Aqui, o foco reside no canal de comunicação.

Esse tipo de função é muito utilizada nos diálogos, por exemplo, nas expressões
de cumprimento, saudações, discursos ao telefone, etc.

Exemplo de função fática

— Consultório do Dr. João, bom dia!


— Bom dia! Precisava marcar uma consulta para o próximo mês, se possível.
— Hum, o Dr. tem vagas apenas para a segunda semana. Entre os dias 7 e 11,
qual a sua preferência?
— Dia 8 está ótimo.

Função Conativa ou Apelativa


Também chamada de apelativa, a função conativa é caracterizada por uma
linguagem persuasiva que tem o intuito de convencer o leitor. Por isso, o
grande foco é no receptor da mensagem.

Essa função é muito utilizada nas propagandas, publicidades e discursos


políticos, de modo a influenciar o receptor por meio da mensagem transmitida.

Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na terceira pessoa com


a presença de verbos no imperativo e o uso do vocativo.
Exemplos de função conativa

 Vote em mim!
 Entre. Não vai se arrepender!
 É só até amanhã. Não perca!

Função Metalinguística
A função metalinguística é caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a
linguagem que se refere a ela mesma. Dessa forma, o emissor explica um
código utilizando o próprio código.

Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um documentário


cinematográfico que fala sobre a linguagem do cinema são alguns exemplos.

Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem destaque são as


gramáticas e os dicionários.

Exemplo de função metalinguística

Escrever é uma forma de expressão gráfica. Isto define o que é escrita, bem
como exemplifica a função metalinguística.

Funções da Linguagem e Comunicação


Abaixo, você encontra um diagrama com as funções da linguagem e sua relação
com os elementos da comunicação:
Intertextualidade: Paráfrase e
Paródia
Por InfoEscola

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Intertextualidade acontece quando há uma referência


explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode
ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura,
filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra
ocorre a intertextualidade.

Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o objeto


de sua citação. Num texto científico, por exemplo, o autor do
texto citado é indicado, já na forma implícita, a indicação é
oculta. Por isso é importante para o leitor o conhecimento de
mundo, um saber prévio, para reconhecer e identificar
quando há um diálogo entre os textos. A intertextualidade
pode ocorrer afirmando as mesmas idéias da obra citada ou
contestando-as. Há duas formas: a Paráfrase e a Paródia.

Paráfrase

Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a idéia do


texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para
atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto
citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. Temos
um exemplo citado por Affonso Romano Sant'Anna em seu
livro "Paródia, paráfrase & Cia" (p. 23):

Texto Original

Minha terra tem palmeiras


Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Paráfrase

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos


Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).

Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é muito


utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia, aqui o
poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto primitivo
conservando suas idéias, não há mudança do sentido principal
do texto que é a saudade da terra natal.

Paródia

A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros


textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso
é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das
artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do
texto original é retomada para transformar seu sentido, leva
o leitor a uma reflexão crítica de suas verdades incontestadas
anteriormente, com esse processo há uma indagação sobre
os dogmas estabelecidos e uma busca pela verdade real,
concebida através do raciocínio e da crítica. Os programas
humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, freqüentemente
os discursos de políticos são abordados de maneira cômica e
contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito
da demagogia praticada pela classe dominante. Com o
mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora, uma
paródia.

Texto Original

Minha terra tem palmeiras


Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Paródia

Minha terra tem palmares


onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).

O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a


palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial
neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi
dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do texto
primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão
existente no Brasil.

Tipos e gêneros textuais


Existem duas grandes categorias no estudo dos textos:
 tipos textuais
 gêneros textuais
Ambas existem de modo paralelo, mas partem de
posicionamentos distintos, por isso contemplam aspectos
diversos e complementares para categorizar e organizar a
variedade de textos que existe em nossas sociedades.
A tipologia textual é uma categoria que se refere aos
aspectos sequenciais e composicionais dos textos, como suas
características sintáticas, lexicais e estruturais. Desse modo, o
que se pretende, com essa categoria, é analisar a forma como
os textos organizam-se linguisticamente para cumprirem suas
funções comunicativas.
O gênero textual, por sua vez, é outra categoria que
prioriza os traços comunicativos, contextuais e sociais que
influenciam, também, na organização dos textos. Essa
categoria classifica os textos por suas funções
sociocomunicativas, considerando-se, além da estrutura
linguística, os aspectos extralinguísticos.
Os gêneros textuais são fluidos e mutáveis, sempre se
adequando às novas necessidades sociais, entretanto, todos
eles obedecem às regras de natureza linguística e textual que
se apresentam em todos os gêneros, ou seja, os tipos textuais
são aplicados na construção e modificação dos gêneros
textuais.
Por meio dessa relação, é possível estabelecer-se
combinações entre tipos e gêneros textuais. É importante
ressaltar que um único gênero pode conter diversos tipos
textuais, com predominância de um ou mais. Em alguns casos,
é possível encontrar gêneros com uma tipologia específica.
Segue uma lista com os principais tipos textuais e as
possíveis relações entre os tipos e gêneros textuais:
Relação
entre tipos e gêneros textuais.
Um mesmo gênero pode abarcar mais de um tipo textual,
isso demonstra que utilizamos diversas sequências linguísticas
para construir nossos textos, sempre as mesclando para
potencializar a nossa escrita. Além disso, é importante lembrar
que, a depender da intenção do autor, os tipos textuais podem
ser utilizados em hierarquias e arranjos diversos.
Por exemplo, uma notícia pode ter predominância do tipo
narrativo, pois conta um fato. Entretanto, a depender do fato a
ser contado, o autor pode utilizar o tipo expositivo para
explicar contextos prévios ao acontecimento em questão, ou
ainda utilizar o tipo descritivo para apresentar uma cena do
ocorrido ou acrescentar detalhes a alguma informação.
Veja também: Três estratégias argumentativas para
melhorar sua redação

Elementos dos gêneros textuais


Gêneros textuais são um conceito amplo e intencionalmente
vago que procura caracterizar os textos, primordialmente, pela
sua função sociocomunicativa. Desse modo, ao debruçar-se
nos elementos que caracterizam os gêneros, é possível
identificar aspectos referentes a contexto, interlocutores,
intenção comunicativa, função social e outros.
O primeiro elemento dos gêneros é a sua função social, ou
seja, identificamos qual a finalidade, utilidade ou importância
que determinados textos cumprem nas sociedades e suas
culturas. É importante considerar que o estudo do gênero
valoriza a linguagem como ação comunicativa ou ação social,
logo, todo texto nasce de um intuito, de uma necessidade,
pessoal ou coletiva, por isso é essencial considerar esse
elemento na análise dos gêneros.
Partindo dessas considerações, o segundo elemento essencial
do gênero é o que envolve os participantes da interação, ou
seja, autor/locutor e leitor/ouvinte. Todo indivíduo possui
uma identidade, um status, ou outros valores que marcam a
sua posição social em determinada cultura, desse modo, a
identidade dos sujeitos envolvidos influencia tanto na
produção quanto na recepção dos textos. Os interlocutores,
por isso, são elemento essencial dos gêneros textuais. É
necessário considerar-se quem escreve e para quem se escreve.
Outro elemento é o contexto de uso, que se refere ao local
cultural, no qual o texto está inserido. Por exemplo, uma fala
dentro do contexto jurídico exige certas adequações que são
próprias desse ambiente, por isso os textos sofrem essa
exigência. De modo semelhante, outro exemplo é a produção
de diferentes falas, nos mesmos interlocutores, a depender de
estarem em um ambiente pessoal ou profissional. Sendo assim,
considerar o contexto de uso é imprescindível para identificar
e categorizar os gêneros.
Após a identificação dos elementos anteriores, ainda é
importante observar dois outros: a linguagem e o meio de
divulgação. Nem todo texto utiliza a linguagem verbal, e
outros ainda mesclam diversos tipos de linguagem, sendo
assim, é necessário considerar também quais são os tipos de
linguagem utilizados em cada gênero. Além disso, o lugar de
divulgação dos textos também interfere, por exemplo: um
post no Twitter possui um limite de caracteres que condensa
as informações divulgadas.

Diferenças entre tipo e gênero


textual
Como mencionado, as categorias tipo e gênero, no tocante aos
estudos do texto, referem-se a classificações distintas e, em
certa medida, complementares. É importante, assim, saber
distinguir os limites que cada classificação possui para
analisar melhor os textos e, com isso, amadurecer os domínios
de produção e interpretação textual .
Tipo textual é uma categoria da organização estrutural dos
textos, fornecendo classificações de sequências disponíveis
para construir-se os variados gêneros textuais existentes. Em
outras palavras, o autor, a depender do seu contexto
comunicativo, vai escolher lançar mão do tipo narrativo,
descritivo, expositivo, argumentativo ou outro, no intuito de
alcançar seu objetivo.
Os gêneros textuais, por sua vez, classificam os textos com
base em suas condições de uso bem como na influência
dessas condições na estrutura do texto.Sendo assim, ao
falarmos de gênero textual, buscamos identificar aspectos
contextuais, características dos interlocutores, função social do
texto, tipo e adequação da linguagem, canal de transmissão,
entre outros. Ao considerarmos esses elementos, é sempre
importante estabelecermos a relação deles com a
caracterização do gênero.
A seguir, um modelo de possíveis modos de analisar-se
determinado gênero e relacioná-lo com seus tipos textuais.

Mapa mental de análise do gênero notícia.

Gêneros textuais e gêneros


literários
Nos estudos dos gêneros textuais literários, existem
algumas especificidades que não são comuns aos outros
gêneros, por isso cabe uma análise mais específica desta
categoria. A princípio os gêneros literários diferem-se,
principalmente, por seu teor artístico, de modo que a estética
torna-se elemento fundamental para seus diversos gêneros.
Romance, conto e filme são gêneros que possuem algumas
semelhanças, como a predominância do tipo narrativo,
entretanto, cada um deles possui estruturas bem diferentes.
Um conto propõe-se a ser uma leitura mais rápida que um
romance, logo, a condensação das informações, a redução de
fatos, e as estratégias estéticas alinham-se a essa necessidade.
Além disso, é importante lembrar-se de que, diferentemente
dos outros gêneros, os textos literários não possuem uma
função prática na sociedade, logo, os critérios de análise
diferem-se para essa categoria. É importante considerar, nos
gêneros literários, os aspectos tipológicos (narração, descrição,
exposição); a configuração em prosa ou poesia; e outros
tópicos, como tamanho, veículos de divulgação, linguagens
utilizadas, que podem demonstrar-se relevantes na estética
literária.

Textualidade
Por Rafael Camargo de Oliveira

A textualidade corresponde a uma série de critérios que vão


formar um conjunto aparentemente desconexo de palavras em
um todo conexo e fluído denominado texto.
A textualidade é o processo que ajuda na construção do texto.

A textualidade é formada por critérios semânticos (coesão e


coerência) e pragmáticos (intencionalidade, aceitabilidade,
situacionalidade, informatividade e intertextualidade) que
darão fluidez e sucessão lógica para um texto.
Embora os critérios mencionados sejam um tanto
desconhecidos por seus nomes, a função que cada um
estabelece é fundamental para classificarmos um texto ou um
aglomerado de palavras. Afinal, um texto é uma unidade de
palavras/frases/sentenças que, postas em conjunto, formam um
significado e produzem sentido ao leitor. Dessa forma,
um texto é uma unidade de sentido maior, utilizada pelas
pessoas para diversos fins, como a comunicação e a expressão.
Leia também: O que é um texto sem coesão?

Resumo sobre textualidade


 A textualidade é um conjunto de características que
tornam um texto de fato um texto e não apenas um
aglomerado de frases.
 A textualidade é formada por critérios semânticos
(coesão e coerência) e critérios pragmáticos
(intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade,
informatividade e intertextualidade).
 A textualidade é voltada para o texto, enquanto a
discursividade é direcionada ao discurso.
 O texto é o produto final da textualidade.

Videoaula sobre textualidade


O que é textualidade?
A textualidade é um conjunto de características que tornam
um texto de fato um texto e não apenas um aglomerado de
frases e palavras. A textualidade possui sete fatores que
ajudam a definir um texto: coesão e coerência, responsáveis
por se relacionarem com os elementos estritamente
linguísticos, e a intencionalidade, a aceitabilidade, a
situacionalidade, a informatividade e a intertextualidade, que
estão conectadas diretamente com fatores pragmáticos do
processo sociocomunicativo.
Vejamos a seguir alguns exemplos com e sem
textualidade para melhor compreendermos esse conceito.
1. Segunda-feira, duas da manhã. Promoção suco
supermercado Mais só nesta quinta. Partida empata. —
Alô, mãe? Um minuto. Acordou às nove. Olhei o preço
do peixe e perguntei: “quanto custa?”. Na escola as
crianças têm apenas vinte minutos de intervalo. No filme
Matrix, as máquinas dominaram o mundo. Ela está de
calça jeans, então o jantar deve demorar. Contudo, vou
aos domingos apenas.
2. Acordei. Era segunda-feira, duas da manhã. Sobre a
mesa, um panfleto: “Promoção! Suco. Supermercado.
Mas só nesta quinta.” De fato, eu precisava ir com
urgência ao mercado, não só pelo suco, mas porque a
comida acabou. Enquanto eu me levantava, na TV
passava uma reprise da partida de ontem: 0x0 foi o
placar. Vejo meu Whatsapp: duas chamadas perdidas.
Era minha mãe. Pensei em ligar, mas estava muito tarde.
Deitei-me novamente e acordei às nove. O telefone
tocava. Atendi: “Alô, mãe! Um minuto.” Pedi um tempo,
pois me ajeitava em uma posição confortável. A ligação
foi rápida, e logo saí. Estava com fome. Passei no
mercado, perguntei o preço do peixe e resolvi levar um
para o almoço. Na volta, passei em frente a uma escola.
Lembrei que as crianças possuem apenas vinte minutos
de intervalo e foi exatamente neste momento que eu
passei. Cheguei em casa e procurei um filme para assistir
enquanto deixei o peixe descongelando. Matrix? Talvez.
Gosto dessa ideia de que as máquinas dominam o mundo.
No meio do filme, dormi e acabei tendo um sonho. No
sonho, minha mãe usava jeans, tinha aparência jovial e,
por algum motivo, não sei qual, o jantar que ela
preparava para a família demorava. No sonho, era um
domingo, e não uma segunda.
O exemplo 1 não atende aos critérios de textualidade. Ele
parece desordenado, sem elementos coesivos (conectivos) e,
sendo assim, é praticamente impossível construir uma unidade
textual com significado e coerência.
Por outro lado, o exemplo 2 possui sequência lógica, fluidez
e elementos coesivos entre as frases/palavras, e as ideias
produzem significados de forma coerente ao leitor. Sabemos
que se trata de uma narrativa em primeira pessoa sobre as
atividades cotidianas do personagem. Ele acorda, dorme
novamente, acorda outra vez, conversa com sua mãe, vai ao
mercado, compra comida, assiste a um filme e dorme mais
uma vez.
Leia também: Coesão referencial e coesão sequencial

Quais são os fatores de


textualidade?
Os fatores de textualidade podem ser divididos em dois
grupos:
 Grupo 1: os fatores semânticos — voltam-se para o
próprio texto, isto é, os aspectos estruturais da língua.
Eles são dois: a coesão e a coerência. Ambos estão
presentes no texto com o intuito de ajudar na amarração
das ideias apresentadas.
 Grupo 2: os fatores pragmáticos — relacionam-se aos
aspectos extratextuais, isto é, um conjunto de fatores fora
da língua, mas que influenciam em sua produção.

Quais são os elementos da


textualidade?
Cada fator, semântico ou pragmático, divide-se em um
conjunto de elementos que corresponde a seu grupo. Os
fatores semânticos são subdivididos em coesão e coerência,
enquanto que os fatores pragmáticos são cinco:
intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade,
informatividade e intertextualidade.
A seguir, detalharemos cada fator, com os seus respectivos
elementos.
 Fatores semânticos
 Coesão
A coesão é a manifestação linguística da coerência. Refere-
se a como as ideias expressas aparecem encadeadas na
superfície textual. Sendo assim, é composta por uma série
de pronomes, artigos, elipses, concordâncias, tempos
verbais, conjunções etc.
Exemplo:
Pedro acorda. Pedro escova. Pedro trabalha.
A frase acima está dentro dos critérios da língua e pode ser
utilizada. No entanto, ela não apresenta fluidez, devido à
repetição do nome “Pedro” e à falta de conexão entre as
sentenças. Uma possibilidade de correção seria:
Pedro acorda e, em seguida, escova os dentes para que, por
fim, ele possa ir trabalhar.
A sentença acima utiliza o conectivo “em seguida” para dar
ideia de continuidade e evitar repetições. Ademais, o uso do
pronome “ele” evita que o substantivo “Pedro” se repita.

 Coerência
A coerência diz respeito ao nexo entre os conceitos
estabelecidos e à coesão. Assim, coesão e coerência andam
juntas. Quando se afeta uma, é muito provável que a outra
também seja afetada.
Exemplo:
O computador desligou. A energia acabou.
A relação lógico-semântica é construída a partir da correlação
entre o computador desligado (consequência) e o fato de não
haver energia (causa). Essa conexão semântica só é possível
através de uma compreensão da coerência dos fatos. Para fins
de comparação, uma sentença como “O computador desligou.
A bicicleta estragou” não apresenta nenhuma conexão entre
ambas as ações, sendo consideradas isoladas. Isso ocorre por
não haver coerência entre as informações fornecidas.
Leia também: Tipos de coerência — conhecê-los contribui
para a escrita de uma boa redação

 Fatores pragmáticos
 Intencionalidade: Está direcionada ao protagonista
do ato comunicativo (aquele que fala ou escreve).
Trata-se da disposição e empenho de se construir
um discurso coerente, coeso e com grande
capacidade de satisfazer determinada audiência. A
intencionalidade são as informações e
conhecimentos prévios que o autor tem para chegar
a seu público.
 Aceitabilidade: É o outro lado da moeda, isto é,
está direcionada para o receptor ou leitor do texto.
Refere-se às expectativas com relação ao texto: é
um conteúdo coeso? É sobre algum assunto do meu
interesse ou que possa despertar meu interesse? Vai
me ensinar algo?
 Situacionalidade: É voltada para o contexto no
qual a situação comunicativa está inserida. Ela se
relaciona à adequação ou não do contexto, pois ele
pode influenciar no significado do texto. Um texto
inserido em contextos distintos pode produzir
significados completamente diversos.
 Informatividade: Nesse fator, consideram-se as
informações prévias e as informações novas obtidas
no texto. É preciso que haja equilíbrio entre ambas,
pois um texto que possui apenas informações
prévias não traz novidade ao leitor. Já um texto
somente com informações novas pode dificultar a
compreensão de uma leitura.
 Intertextualidade: É a chamada relação entre
textos. Um texto estabelece vínculos com outros por
meio de citações diretas ou indiretas, isto é, ele
pode retomar uma narrativa, um fato, uma imagem
ou gráfico, uma ideia ou um conjunto de
frases/sentenças presentes em outros textos, seja
para afirmá-los ou refutá-los.

Diferença entre textualidade e


discursividade
Se a textualidade determina os critérios para definirmos que
uma escrita se trata de um texto, a discursividade é o
processo para definir um discurso. Diferentemente do texto,
o discurso é uma junção de elementos linguísticos (textuais)
com ideológicos (crenças e formação dos sujeitos)
atravessados pela história (contexto sócio-histórico).
Assim, enquanto a textualidade verifica elementos como
coesão, coerência, intencionalidade, situacionalidade,
informatividade e intertextualidade, a discursividade é
responsável pelas relações ideológicas que os textos
estabelecem com o contexto histórico, as concepções e as
crenças formadoras daqueles que falam e as relações de poder
entre emissor e receptor.
Leia também: Paródia e paráfrase — exemplos de
intertextualidade

Diferença entre texto e


textualidade
O texto é o produto final do processo de textualidade. Em
outros termos, se o texto atende aos critérios de textualidade,
ele pode ser considerado um texto.
Uma simples junção de frases desordenadas e sem nexo não
caracterizam um texto. É preciso verificar, primeiramente, se
há coesão (amarração, coerência, nexo). Em seguida,
responder à pergunta: “O que pretende o texto?”, ou seja, qual
a finalidade de sua produção. Estamos falando da
intencionalidade.
Aquele que escreve precisa pensar em seu leitor/receptor e,
nesse processo, deve haver adequação da linguagem e a
“simulação” de um possível leitor. Temos aqui o processo de
aceitabilidade.
Em seguida, o autor precisa se preocupar com o contexto em
que o texto será escrito, isto é, sua situacionalidade. Uma
discussão política é diferente de uma discussão esportiva, por
exemplo.
A informatividade está associada ao conteúdo pensado, ou
seja, a quantidade de informação necessária para a
compreensão básica do texto, e a intertextualidade é a ponte
que o texto estabelece com outros.
A textualidade, portanto, determina o que é um texto e, se
for o caso, se ele é um bom texto. Assim, a textualidade
corresponde a uma etapa do processo de escrita.

Variações linguísticas
Variações linguísticas procuram estabelecer uma comunicação
adequada ao contexto pedido. As variações podem ser históricas,
geográficas, sociais e estilísticas.
As variações linguísticas são determinadas pelos mais variados fatores.
Quando falamos em variação linguística, analisamos os diferentes
modos em que é possível expressar-se em uma língua, levando-se em
conta a escolha de palavras, a construção do enunciado e até o tom da
fala. A língua é a nossa expressão básica, e, por isso, ela muda de acordo
com a cultura, a região, a época, o contexto, as experiências e as
necessidades do indivíduo e do grupo que se expressa. Veja quantos
fatores empregamos para adequar a nossa fala à situação e ao grupo em
que nos encontramos.
Leia mais: Funções da linguagem – papéis que a linguagem cumpre
enquanto elemento de comunicação

Tipos de variações linguísticas

Há quatro tipos de distinção dentro das variações linguísticas. Vamos


aprender um pouco sobre cada um deles.

 Variações históricas (diacrônicas)

As variações históricas tratam das mudanças ocorridas na língua com


o decorrer do tempo. Algumas expressões deixaram de existir, outras
novas surgiram e outras se transformaram com a ação do tempo.
Um clássico exemplo da língua portuguesa é o termo “você”: no
português arcaico, a forma usual desse pronome de tratamento era
“vossa mercê”, que, devido a variações inicialmente sociais, passou a ser
mais usado frequentemente como “vosmecê”. Com o passar dos séculos,
essa expressão reduziu-se ao que hoje falamos como “você”, que é a
forma incorporada pela norma-padrão (visto que a língua adapta-se ao
uso de seus falantes) e aceita pelas regras gramaticais. Em contextos
informais, é comum ainda o uso da abreviação “cê” ou, na escrita
informal, “vc” (lembrando que estas últimas formas não foram
incorporadas pela norma-padrão, então não são utilizadas na linguagem
formal).
Vossa mercê → Vosmecê → Você → Cê
Outras mudanças comuns são as de grafia, as quais as reformas
ortográficas costumam regular. Assim, a partir de 2016, a palavra
“consequência” passou a ser escrita sem trema, sendo que antes era
escrita desta forma: “conseqüência”. Do mesmo modo, a palavra “fase” é
hoje escrita com a letra f devido à reforma ortográfica de 1911, sendo
que antes era escrita com ph: “phase”.
Conseqüência → Consequência
Phase → Fase
Vale, ainda, comentar a respeito de palavras que deixam de existir ou
passam a existir. Isso acontece frequentemente com as gírias: se antes
jovens costumavam dizer que algo era “supimpa” ou que “aquele broto é
um pão”, hoje é mais comum ouvir deles que algo é “da hora” ou que
“aquela mina é mó gata”.
Veja também: Pronomes pessoais – classe de palavras que expressam
diversos tipos de variantes

 Variações geográficas (diatópicas)

As variações geográficas naturalmente falam da diferença de


linguagem devido à região. Essas diferenças tornam-se óbvias quando
ouvimos um falante brasileiro, um angolano e
um português conversando: nos três países, fala-se português, mas há
diferenças imensas entre cada fala.
Não é preciso que a distância seja tão grande: dentro do próprio Brasil,
vemos diferenças de léxico (palavras) ou de fonemas (sons, sotaques).
Há diferenças entre a capital e as cidades do interior do mesmo estado.
Observemos alguns exemplos de diferenças regionais:
“Mandioca”, “aipim” ou “macaxeira”? Os três nomes estão corretos,
mas, dependendo da região do Brasil, você ouvirá com mais frequência
um ou outro. O mesmo vale para a polêmica disputa entre “biscoito” e
“bolacha”, que se estende para todo o território nacional.
As gírias também variam bastante regionalmente: cerveja pode ser
conhecida como “bera” em regiões do Paraná, “breja” em São Paulo e
“cerva” no Rio de Janeiro.

 Variações sociais (diastráticas)

As variações sociais são as diferenças de acordo com o grupo


social do falante. Embora tenhamos visto como as gírias variam histórica
e geograficamente, no caso da variação social, a gíria está mais ligada
à faixa etária do falante, sendo tida como linguagem informal dos mais
jovens (ou seja, as gírias atuais tendem a ser faladas pelos mais novos).
Há, ainda, expressões informais ligadas a grupos sociais específicos.
Um grupo de futebolistas, por exemplo, pode usar a expressão
“carrinho” com significado específico, que pode não ser entendido por
um falante que não goste de futebol ou que será entendido de modo
distinto por crianças, por exemplo.
Um grupo de capoeiristas pode facilmente falar de uma “meia-lua”,
enquanto pessoas de fora desse grupo talvez não entendam
imediatamente o conceito específico na capoeira. Do mesmo modo,
capoeiristas e instrumentistas provavelmente terão mais familiaridade
com o conceito de “atabaque” do que outras pessoas.
Como vimos, as profissões também influenciam bastante nas variações
sociais por meio dos termos técnicos (jargões): contadores falam dos
termos “ativo” e “passivo” para remeter a conceitos diferentes daqueles
usados por linguistas. No entanto, em ambos os casos, ativo e passivo
são conceitos muito mais específicos do que seu uso geral em outros
grupos.

 Variações estilísticas (diafásicas)

As variações estilísticas remetem ao contexto que exige a adaptação da


fala ou ao estilo dela. Aqui entram as questões de linguagem formal e
informal, adequação à norma-padrão ou despreocupação com seu uso. O
uso de expressões rebuscadas e o respeito às normas-padrão do idioma
remetem à linguagem tida como culta, que se opõe àquela linguagem
mais coloquial e familiar. Na fala, o tom de voz acaba tendo papel
importante também.
Assim, o vocabulário e a maneira de falar com amigos provavelmente
não serão os mesmos que em uma entrevista de emprego, e também
serão diferentes daqueles usados para falar com pais e avós. As variações
estilísticas respeitam a situação da interação social, levando-se em
conta ambiente e expectativas dos interlocutores.
Leia também: Função poética – função da linguagem que apresenta
como finalidade a estética

Preconceito linguístico

Tendo tantas variações e nuances, pudemos ver que cada contexto social
traz naturalmente um modo mais ou menos adequado de expressão,
sendo importante entender que as variações linguísticas existem para
estabelecer uma comunicação adequada ao contexto pedido.
Apesar disso, as diversas maneiras de expressar-se ganham status de
maior ou menor prestígio social baseado em uma série de preconceitos
sociais: as variações linguísticas ligadas a grupos de maior poder
aquisitivo, com algum tipo de status social, ou a regiões tidas como
“desenvolvidas” tendem a ganhar maior destaque e preferência em
relação às variedades linguísticas ligadas a grupos de menor poder
aquisitivo, marginalizados, que sofrem preconceitos ou que são
estigmatizados.
Desenvolve-se, assim, o preconceito linguístico, que se baseia em
um sistema de valores que afirma que determinadas variedades
linguísticas são “mais corretas” do que outras, gerando um juízo
de valor negativo ao modo de falar diferente daqueles que se
configuram como os “melhores”. O preconceito linguístico nada mais é
do que a reprodução, no campo linguístico, de um sistema de valores
sociais, econômicos e culturais.
No entanto, ao estudarmos as variações linguísticas, percebemos
que não há uma única maneira de expressar-se e que, portanto, não há
apenas um modo certo. A língua e sua expressão variam de acordo com
uma série de fatores. Antes de tudo, ela deve cumprir seu papel de
expressão, sendo compreendida pelos falantes e estando adequada aos
contextos e às expectativas no ato da fala. Dessa forma, o ideal do
preconceito linguístico, que gera juízo de valor às diferentes variações
linguísticas, não deve ser alimentado.

Linguagem formal e informal

Uma diferença importante é aquela entre linguagem formal e linguagem


informal. A situação em que nos encontramos define o tipo de linguagem
que usaremos. Primeiro, pensemos no conceito de norma-padrão: as
convenções da língua criam regras gramaticais que buscam nortear seu
uso, de modo que falantes de uma mesma língua, apesar das variações
existentes, consigam entender-se por um padrão comum a todos.
Assim, um jovem nascido no Acre conseguirá comunicar-se com uma
senhora que viveu em Santa Catarina baseado nas regras comuns da
norma-padrão da língua portuguesa. Do mesmo modo, grandes
veículos de comunicação, como emissoras de TV ou mesmo youtubers,
podem produzir mensagens que serão basicamente compreendidas por
qualquer falante do idioma utilizado.
Um contexto mais casual, como uma reunião com amigos ou um almoço
em família, pede uma expressão coloquial. Por mais respeito que haja
entre você e sua família e amigos, você não utilizará palavras ou
construções gramaticais muito rebuscadas. Aqui, há mais liberdade na
maneira de falar, por isso você utiliza uma linguagem informal, que
pode permitir o uso de gírias, de frases feitas ou interjeições, de
abreviações, de desvios gramaticais (ou menor preocupação em seguir a
norma-padrão) etc.
Já o contexto formal, como reuniões profissionais, discursos ou
ambientes acadêmicos, exige o uso da linguagem formal, aquela que se
preocupa com a norma-padrão e suas regras gramaticais, seguindo-as
estritamente. Além disso, a fala torna-se polida e clara, e mesmo a
escolha das palavras é feita com maior cuidado.

Linguagem Formal e Informal


Daniela Diana
Professora licenciada em Letras

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A linguagem formal e informal são duas variantes linguísticas que possuem o intuito de
comunicar. No entanto, elas são utilizadas em contextos distintos.

Quando falamos com amigos e familiares utilizamos a linguagem informal. Entretanto,


se estamos numa reunião na empresa, numa entrevista de emprego ou escrevendo um
texto, devemos utilizar a linguagem formal.

Diferenças da linguagem formal e informal

Na tirinha acima podemos notar a presença da linguagem formal e informal

A linguagem formal, também chamada de "culta" está pautada no uso correto das
normas gramaticais.

Já a linguagem informal, ou coloquial, representa a linguagem cotidiana, ou seja, trata-


se de uma linguagem espontânea, regionalista e despreocupada com as normas
gramaticais.
No âmbito da linguagem escrita, podemos cometer erros graves entre as linguagens
formal e informal.

Dessa forma, quando os estudantes produzem um texto, pode haver dificuldade de se


distanciar da linguagem mais espontânea e coloquial. Isso acontece por descuido ou
mesmo por não dominarem as regras gramaticais.

Assim, para que isso não aconteça, é muito importante estar atento a essas variações
para não cometer erros.

Duas dicas muito importantes para evitar escrever um texto repleto de erros e
expressões coloquiais são: conhecer as regras gramaticais e possuir o hábito da leitura.
A leitura auxilia na compreensão e produção dos textos, uma vez que amplia o
vocabulário do leitor.

Exemplos de linguagem formal e informal


Para entender melhor essas duas modalidades linguísticas, veja os exemplos abaixo:

Exemplo de linguagem formal

"Doutor Armando seguiu até a esquina para encontrar o filho que chegava da escola,
enquanto Maria, sua esposa, preparava o almoço.

Quando chegaram em casa, Armando e seu filho encontraram Dona Maria na cozinha
preparando uma das receitas de família, o famoso bolo de fubá cremoso, a qual
aprendera com sua avó Carmela."

Exemplo de linguagem informal

"O Doutor Armando foi até a esquina esperá o filho que chegava da escola. Nisso, a
Maria ficou em casa preparando o almoço.

Quando eles chegarão em casa a Maria tava na cozinha preparando a famosa receita da
família boa pra caramba o bolo de fubá cremoso.

Aquele que ela aprendeu cum a senhora Carmela anos antes da gente se casá."

No primeiro exemplo, o texto segue as regras gramaticais de concordância e pontuação.

Já no segundo, o texto não segue as normas da língua culta, ou seja, apresenta erros
gramaticais, ortográficos e falta de pontuação.

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