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Abstract
This article aims to demonstrate the preponderance of ethics and professional teaching
deontology in the Angolan school context; and this importance entails a philosophical
burden, allowing, in this case, the presence of a deep reflection on the applicability and
execution of the process related to ethics and professional deontology of the teacher in
Angolan schools. In a more isolated view, ethics is concerned with the study of the
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Mestrado em Filosofia, pela Faculdade de Humanidades - Universidade Agostinho Neto,Luanda/
Angola;Doutorando em Ciências Sociais, na especialidade de Ciências Políticas, na Faculdade de Ciências
Sociais - Universidade Agostinho Neto, Luanda-Angola.Professor de Filosofia;Lecionou Filosofia Geral e
Filosofia da Educação, no Instituto Superior de Serviço Social ISSS, (Luanda-Angola); nos cursos de
Licenciatura em Serviço Social e Educação de Infância.
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fundamental problems of morality, the nature of good and evil, issues related to moral
conscience, it, ethics is the first supervisor par excellence of moral action. The term
deontology, on the other hand, designates the moral code linked to the rules and
procedures of a given professional category, it represents the science of duty in general.
Therefore, the theme discussed here objectively reflects that ethics and professional
deontology in the Angolan school context must be strengthened, that is, the competent
bodies, in the construction of educational policies, as well as the Ministry of Education
in combination with the institutions versed in the formation and preparation of individuals
for the exercise of the teaching function (teachers), they must create a notebook of ethical
and deontological principles, which will professionally guide the behavioral conduct of
the teacher in the full exercise of their profession; thus helping to build a healthy society.
Key words: Philosophy, Ethics, Deontology, School, Education, Teacher.
Introdução
aplicabilidade. Cada grupo profissional possui seus princípios éticos, que proporcionam
um grande equilíbrio comportamental, o bom funcionamento institucional, a boa relação
laboral, evitando assim, que ninguém saia prejudicado no decorrer de qualquer atividade.
Esses grupos também têm um conjunto de preceitos que orientam os seus deveres e suas
obrigações enquanto profissionais. Não basta que o professor em sua preparação
académica tenha apenas a disciplina de Ética, é necessário que haja uma combinação
perfeita entre a ética e a deontologia no contexto da profissão docente. Por isso, notando
um défice de conteúdos ligados ao tema em referência, por parte de vários profissionais
de Educação e de várias instituições de ensino, principalmente nas escolas de formação
de professores, surgiu a ideia de pôr a prova a nossa capacidade reflexiva e de
investigação, com o intuito de contribuir de certo modo, com esta singela obra.
Os países considerados do primeiro mundo (desenvolvidos), somente conheceram
a porta da prosperidade, em todos aspectos, devido a alta valorização e qualificação de
seus sistemas de educação. Para que tenhamos recursos humanos capazes de fazer frente
aos grandes desafios da vida e do país, é de tamanha necessidade que apostemos com
rigor na formação integral do professor, munindo-o de virtudes e valores para o exercício
justo e correto da sua atividade.
MONDIN (2008:8), afirma que o objetivo da Filosofia não busca fins práticos e
não tem interesses externos como a Ciência, a arte, a religião e a técnica; a Filosofia tem
como único objetivo, o conhecimento; ela procura a verdade pela verdade.
Filosofia da vida
O homem é um ser dotado de razão. Ele tem a capacidade de pensar, abstrair,
refletir e analisar a realidade que o circunda. O mesmo elabora raciocínios e forma juízos;
reside nele a possibilidade e a capacidade ímpar de criar mecanismos para a cogitação
dos problemas que afetam a vida e a natureza. Segundo Boécio, filósofo cristão “o homem
é uma substância individual de carácter racional, porque somos por natureza filósofos,
seres dotados de razão”. Enquanto, que Gramcis(1978:44), alegava que, “não se pode
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pensar em nenhum homem que não seja também Filósofo, que não pense como tal, pois
pensar é próprio do homem”; quer isto dizer que, as questões de âmbito filosófico, são
partes do nosso quotidiano. Se os filósofos do Direito investigam os fundamentos
filosóficos do Direito, se os filósofos da Educação investigam as leis da pedagogia, se os
filósofos da Linguagem abordam questões prementes da linguagem tais como: a origem,
a natureza e o verdadeiro valor da linguagem etc., qualquer pessoa com a sua plena razão
pode também especular sobre estas questões, ainda que o faça de forma pouco rigorosa e
sem observância dos critérios científicos.
Quando assim acontece estamos perante diversas formas de Filosofia. Estamos
perante a Filosofia da vida ou do quotidiano, do senso comum ou dito de outra forma,
estamos diante de uma filosofia vulgar. A Filosofia da vida ou do quotidiano, pode
expressar-se de várias formas, em função do estilo de vida ou opiniões que cada um de
nós adoptar; a Filosofia de vida é o modo ou a postura que cada um de nós adopta, abraça
em função às várias situações que surgem e ocorrem em nossa vida. É a forma que cada
um de nós tem de ver a vida e de vivê-la conforme os seus desígnios.
Quando criamos um estilo de vida só nosso, nos abstendo do anterior modo de
viver, como por exemplo: quando abandonamos algumas dietas alimentares, como deixar
de comer alimentos conservados e aderir a uma dieta na base de alimentos naturais;
quando abandonamos decisivamente de se alimentar da carne animal e nos apegamos ao
uso de vegetais nas nossas dietas alimentares (vegetarianismo); quando deixamos de usar
regularmente roupas muito extravagantes e adoptamos o uso de vestuários mais decentes
(formais); quando preferimos deixar o luxo e o conforto das grandes cidades para
passarmos a viver em pequenas e humildes vilas, estamos perante uma Filosofia de vida;
quando preferimos abandonar um emprego bem remunerado e adoptamos um outro onde
a remuneração não é tão aliciante, tudo porque valores morais e éticos devem ser
preservados para o nosso bem estar emocional e para manter a nossa dignidade firme,
estamos perante uma Filosofia de vida; também quando achamos melhor deixar de uma
determinada crença religiosa e aderimos a outra, por questões de preferência; quando
criamos o gosto apreciativo por músicas nacionais e nos abstemos de músicas de outras
paragens, estamos perante uma Filosofia de vida ou do quotidiano. Somos todos por
natureza filósofos, pois temos todos uma perspectiva, uma visão sobre a vida e o mundo.
Filosofia da Educação
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se com o que se quer em educação, mas também com o que se diz sobre a Educação,
OLIVEIRA (1997: 10-22).
A Ocupação da Ética
A Ética desempenha uma preponderante tarefa no exercício das atividades de
qualquer profissional, por ser ela a fiscalizadora integral da moral, como tal.
A Ética ocupa-se em dizer que os profissionais devem ser competentes e
responsáveis no exercício das suas atividades. Neste contexto, observa-se que o professor
para desempenhar com maturidade e perspicácia a sua atividade, deve pautar-se por uma
conduta ética.
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Consciência Moral
Por consciência moral entende-se a função que nos permite distinguir o bem do
mal, orientar os nossos actos e julgar estes segundo o seu valor. Há assim, na consciência
moral, três aspectos fundamentais: discriminativo (distinção do bem e mal), prescritivo
(orientação do comportamento) e apreciativo (juízos de valor sobre os atos realizados).
Compreende-se que a consciência moral seja a primeira condição de toda a
moralidade. É por ela que a vida moral começa. É a sua presença que distingue o homem
do animal, a criança do adulto, etc.
A consciência moral também é definida como a dimensão ética que avalia
racionalmente as ações ou atos humanos como sendo bons ou maus, adequando-os à
virtude ou ao vício. Pode ainda ser definida como faculdade que permite ao homem
avaliar o bem e o mal no seu comportamento. A natureza da consciência moral pode ser
interna ou externa. Interna porque há comportamentos normativos da consciência pessoal
do sujeito que são diferentes dos do coletivo e que o sujeito os leva para o grupo; externa
porque há normas de valor coletivo que não dependem do interior do sujeito e os quais
deverão ser aceites e interiorizados para harmonia da sociedade, entre o indivíduo e o
coletivo.
O Professor Ético
O Professor não é aquele que afirma ser o detentor do conhecimento. O verdadeiro
professor é aquele cujo a sua maior convicção assenta-se principalmente na capacidade
ímpar de aprender incessantemente e de partilhar de forma simples e clara o conhecimento
por si apreendido, de modo a facilitar o processo de ensino - aprendizagem; e deve,
obviamente, ser um modelo de maturidade, decência e integridade para com os seus
alunos. Nos dias de hoje, raramente encontramos professores com um nível ético
recomendável; muitos por ignorância própria e outros por não terem passado por uma
instituição escolar que o proporcionasse uma grelha curricular, em sua formação,
contendo disciplina de Ética ou similar.
Apontamos aqui, algumas características de um professor ético:
• Ser altruísta, promotor do amor para com o outro, dentro do exercício das suas
atividades e não só;
• Saber manter uma convivência saudável com os seus colegas – outros docentes,
pessoal administrativo e alunos;
• Ser aquele que encara com simpatia o erro do seu aluno e o corrija com sabedoria
e amor, sem ferir sensibilidades;
• Deve evitar fazer comentários desnecessários sobre um facto desconhecido (deve
falar das coisas com conhecimento de causa);
• Evita promover conflitos negativos entre os alunos, quando estiver no exercício
de suas funções;
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O professor ético deve ser um modelo de virtudes, para que possa influenciar os
seus alunos a serem pessoas de bem e capazes de construir uma sociedade harmoniosa
em todos os aspectos.
desempenho das suas funções”. Por outra, Deontologia profissional é, pois, falar de um
conjunto de deveres, princípios e normas adoptadas por grupos profissionais, ou seja,
grupos que exercem uma determinada profissão. Os deveres e os direitos inerentes ao
exercício de uma profissão fundados nos princípios da sua responsabilidade moral e
social, constituem a tão abordada Deontologia.
Concatenando-me em Monteiro (2008), a Deontologia é cada vez mais crucial
para a distinção profissional dos professores, por duas razões:
• Porque é um atributo maior do prestígio social de uma profissão;
• Porque a função docente não tem uma tradição deontológica.
A ética, de forma ampla, implica no exercício positivo das ações humanas. Enfim,
a ética, independentemente da sua dimensão normativa, tem como objetivo, servir a vida;
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sua razão é o ser humano, seu bem-estar, de forma que provenha a felicidade, neste caso,
a felicidade profissional. Já, a deontologia profissional diz respeito a todas as profissões
e refere-se ao carácter normativo e até jurídico que regulamenta as profissões. Por outra,
alguns estudiosos definem a deontologia, como a ciência que estuda os deveres e
obrigações de uma determinada profissão.
O professor angolano deve estar inserido nos meandros de uma deontologia típica
que regule a sua atividade profissional, e assim agir de cabeça erguida quando a missão
for educar com verdade e de verdade; a profissão docente – educativa, é comparada por
muitos estudiosos, com o sacerdócio, por ser uma atividade que não se limita em instruir
o indivíduo, mas, de certo modo, ensinar ao aluno valores e atitudes corretas, que
colaboram para construção de uma sociedade melhor. Os cristãos têm uma Bíblia, os
muçulmanos um Alcorão, os Judeus a Torá, os Estados uma Constituição, os
automobilistas um código de estrada; todos esses livros ou códigos, visam regular,
orientar, instruir e equilibrar a conduta comportamental de qualquer indivíduo, enquanto
membro legítimo das referidas organizações. Em Angola, ainda não temos um manual
específico do professor, um caderno normativo, que traz detalhadamente, princípios
éticos e deontológicos, que vão regular a atividade do professor enquanto profissional de
Educação. Sugerimos e propomos, neste artigo, que os órgãos de direito, assim como o
Ministério da Educação e as instituições de formação de professores, unem ideias,
conjuguem esforços e estratégias, para a criação e promoção integral, de um código ético
e deontológico específico para a profissão docente, uma espécie de Bíblia do Professor,
um manual que detalhe organizadamente um conjunto de normas, regras de cumprimento
obrigatório, que vai regular o comportamento do profissional de educação (neste caso o
professor), em pleno exercício de suas funções.
Conclusão
A maior riqueza de um determinado país é o seu povo; mas o absoluto
desenvolvimento e a sua plena felicidade dependem da sua educação. O ato de preparar
professores éticos e competentes é uma tarefa irrefutável e indiscutível dentro dos
padrões do sistema educacional vigente em Angola; visto que uma das maiores
preocupações de quem aprende, neste caso, o aluno, prende-se também na apreensão de
hábitos e costumes relacionados ao comportamento pessoal do professor, principalmente
a sua forma regular de ser e estar dentro do seu meio laboral e em plena sociedade; a
postura, em si, do professor dentro do exercício das suas funções é um elemento
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Referências Bibliográficas
ALONSO, Augusto Hortal - Ética das profissões, Edições Loyola, São Paulo, 2008;