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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

CAMPUS SÃO GABRIEL


ENGENHARIA FLORESTAL

JAÍNE COELHO BRAGA

EFEITO DO EXTRATO PIROLENHOSO SOBRE O CRESCIMENTO E


DESENVOLVIMENTO INICIAIS DE MUDAS DE Phytolacca dioica L.

São Gabriel
2023
JAÍNE COELHO BRAGA

EFEITO DO EXTRATO PIROLENHOSO SOBRE O CRESCIMENTO E


DESENVOLVIMENTO INICIAIS DE MUDAS DE Phytolacca dioica L.

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia
Florestal da Universidade Federal do
Pampa, como requisito parcial para
obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia Florestal.

Orientadora: Alexandra Augusti Boligon

São Gabriel
2023
JAÍNE COELHO BRAGA

EFEITO DO EXTRATO PIROLENHOSO SOBRE O CRESCIMENTO E


DESENVOLVIMENTO INICIAIS DE MUDAS DE Phytolacca dioica L.

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia
Florestal da Universidade Federal do
Pampa, como requisito parcial para
obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia Florestal.

Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em: 13, dezembro de 2023.

Banca examinadora:

______________________________________________________
Profª. Drª. Alexandra Augusti Boligon
Orientadora
UNIPAMPA

______________________________________________________
Profª. Drª. Silviana Rosso
UNIPAMPA

______________________________________________________
Profª. Drª. Bruna Denardin da Silveira
UNIPAMPA
AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, pois sem ele nada seria possível.


A minha família, especialmente ao meu marido Claiton e a minha filha Júlia,
por estarem sempre presentes, me apoiando e ajudando de todas as formas
possíveis, sem vocês jamais teria chegado até aqui, amo muito vocês.
Aos meus pais Lúcia e Neri pelos concelhos, carinho e compreensão, vocês
são meu porto seguro.
A minha orientadora Alexandra Augusti Boligon, tê-la como orientadora foi
uma honra, obrigada por toda sua atenção, disponibilidade e paciência em me
ajudar.
A todos os meus professores pelos valiosos ensinamentos que me foram
passados durante toda a graduação.
A todos os meus amigos e colegas que de alguma forma se fizeram
presentes e me ajudaram a concluir mais esta etapa rumo a minha graduação.
Meu muito obrigada a todos.
RESUMO

Os estudos que buscam melhorar o crescimento e o desenvolvimento de mudas e


também novos métodos para consegui-lo são de extrema importância para que se
possa diminuir custos e o tempo de viveiro. Quando pode-se aliar a utilização de
produtos com origem de fontes renováveis, sem causar prejuízos ao meio ambiente,
se tornam ainda mais importantes. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o
crescimento e o desenvolvimento iniciais de mudas da espécie Phytolacca dioica L.
(umbu), com a aplicação de diferentes concentrações de extrato pirolenhoso no
substrato. Foram utilizadas cinco concentrações do extrato pirolenhoso: 0; 1; 2; 5 e
10%, aplicado diretamente no substrato, com volume de 25 mL por tubete. Foram
utilizados tubetes de 180 cm³ com substrato comercial à base de casca de pinus. O
experimento foi conduzido no delineamento inteiramente casualizado com cinco
tratamentos e cinco repetições, totalizando 25 unidades experimentais. Os tubetes
permaneceram em casa de vegetação com estrutura em madeira, de 8 x 4 m,
coberta com plástico branco opaco e laterais teladas. A porcentagem de emergência
de plântulas foi determinada a partir de contagens, a cada dois dias, do número das
plântulas emersas, até a estabilização. Aos 21 dias após a aplicação do extrato,
foram mensurados o diâmetro do colo das mudas, com auxílio de paquímetro digital
(em mm), a altura de plântulas, com auxílio de régua graduada (cm) e o número total
de folhas da planta. Os dados foram submetidos à ANOVA e teste de Tukey, a 5%
de probabilidade de erro, quando observado efeito significativo do extrato
pirolenhoso sobre as variáveis mensuradas. Foram observadas diferenças
significativas entre as diferentes concentrações, sendo que para todas as variáveis,
as concentrações de 1 e 2% foram os melhores tratamentos, e a concentração de 5
e 10% foram fitotóxicas para as mudas desta espécie.

Palavras-Chave: Espécies florestais nativas, produção de mudas, Umbu.


ABSTRACT

Studies that aim to improve the growth and development of seedlings and also new
methods to achieve this are extremely important so that costs and nursery time can
be reduced. When is possible to combine the use of products from renewable
sources, without causing harm to the environment, they become even more
important. Thus, this study aimed to evaluate the initial growth and development of
Phytolacca dioica L. (umbu) seedlings, with the application of different concentrations
of pyroligneous extract in the substrate. Five concentrations of the pyroligneous
extract were used: 0; 1; two; 5 and 10%, applied directly in the substrate, with a
volume of 25 mL per tube. Tubes with 180 cm³ were used filled with pine bark
commercial substrate. The experiment was conducted in a completely randomized
design with five treatments and five replications, totaling 25 experimental units. The
tubes remained in a greenhouse with a wooden structure, measuring 8 x 4 meters,
covered with opaque white plastic and screened sides. The percentage of seedling
emergence was determined by counting the number of emerged seedlings every two
days until stabilization. At 21 days after application of the extract, the stem diameter
was measured, using a digital caliper (in mm), the seedlings height, using a
graduated ruler (cm) and the leaves number for plant. The data were submitted to
ANOVA and Tukey's test, at a 5% probability of error, when a significant effect of the
pyroligneous extract on the measured variables was observed. Significant
differences were observed between the different concentrations, and for all of
variables, 1 and 2% concentrations were the best treatments, and concentrations of
5 and 10% were phytotoxic for seedlings of this species.

Keywords: Native forest species, seedling production, Umbu


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Altura de mudas de Phytolacca dioica L. em função de diferentes


concentrações (%) de extrato pirolenhoso aplicado no substrato
……………………………………………………............................................................16
Figura 2 – Número de folhas de mudas de Phytolacca dioica L. em função de
diferentes concentrações (%) de extrato pirolenhoso aplicado no
substrato……………………………………………………….........................................16
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Altura total de muda (AT), em cm, número de folhas (NF) e diâmetro do
colo (DC), em cm, de mudas de umbu (Phytolacca dioica) que receberam aplicação
de diferentes concentrações de extrato pirolenhoso via substrato............................15
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................10

2 REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................11

2.1 EXTRATO PIROLENHOSO ..........................................................................11

2.2 PHYTOLACCA DIOICA L. (UMBU) .............................................................12

3 METODOLOGIA .............................................................................................13

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................14

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................18

6 REFERÊNCIAS ..............................................................................................19
1. INTRODUÇÃO

Os estudos com a finalidade de promover incrementos no crescimento e


desenvolvimento das mudas de espécies florestais, podendo assim diminuir o tempo
em que as mesmas permanecem no viveiro e, consequentemente, reduzem custos e
melhoram a qualidade de mudas, são de grande importância para a silvicultura. Para
atingir este objetivo, pode-se utilizar produtos com origem em fontes renováveis,
sem causar ou amenizando os prejuízos ao meio ambiente.
Como produto com grande potencial de exploração, o carvão vegetal,
originado de fontes renováveis (madeira) e com uso na geração de bioenergia para
diferentes processos de produção industrial, tem alguns entraves devido aos
problemas ocasionados durante a queima da madeira para sua produção, processo
no qual há liberação de gases que contribuem para a poluição ambiental (SILVEIRA,
2010).
Os gases liberados durante a queima da madeira, em sua maior parte,
são lançados no ar, trazendo grande impacto ao meio ambiente, causando poluição
atmosférica e contribuindo diretamente com o aquecimento global. Uma solução
para este problema seria a utilização destes gases como subprodutos evitando
assim que eles entrem em contato com o ambiente.
Um dos subprodutos gerados com essa queima é o extrato pirolenhoso,
chamado também de “fumaça líquida”, por ser produzido através da condensação de
gases oriundos da queima da madeira. O extrato pirolenhoso pode ser definido
como um ácido carboxílico de mistura complexa, proveniente de compostos
derivados de diversas reações químicas dos componentes da madeira (celulose,
hemicelulose, lignina, compostos fenólicos, entre outros), após aquecimento e
condensação dos vapores gerados durante a pirólise, em ambiente livre de oxigênio
(ZEFERINO et al, 2018).
Existem estudos conduzidos utilizando parte desses gases que apresentam
propriedades estimulantes em processos de germinação de sementes, auxiliando
também no crescimento inicial das plântulas, de modo que podem ser promissores
na produção de mudas de espécies vegetais. A recuperação e a correta utilização
dos subprodutos da carbonização da madeira além de gerar fontes de produtos
(carvão) e subprodutos, podem minimizar o impacto ambiental causado pelo

10
lançamento dos gases na atmosfera, contribuindo com a redução do aquecimento
global (PORTO et al., 2007).
Desta forma este trabalho teve como objetivo testar o uso do extrato
pirolenhoso, em diferentes concentrações, no desenvolvimento e crescimento
iniciais de plântulas de umbu (Phytolacca dioica L.)

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Extrato Pirolenhoso

No processo da carbonização da madeira, obtém-se, como produto principal,


o carvão vegetal. No entanto, os gases liberados neste processo normalmente são
desperdiçados na atmosfera, tornando-se poluentes (BRITO, 2000). Durante o
processo de carbonização da madeira, o carvão é apenas uma fração dos produtos
que podem ser obtidos. Caso sejam utilizados sistemas apropriados para a coleta,
também podem ser aproveitados os condensados pirolenhosos (alcatrão vegetal) e
os gases não condensáveis. A prática mais completa e eficiente, quando além do
carvão vegetal (resíduo) são aproveitados os condensados e os gases não
condensáveis da madeira, denomina-se “destilação seca”, que pode ser implantada
a partir da utilização de fornos especiais com recuperadores de fumaça (BENITES et
al, 2009).
Segundo CAMPOS (2018) o extrato pirolenhoso é produzido pela
condensação da fumaça durante o processo de queima da madeira na ausência de
oxigênio, processo denominado de pirólise, a produção deste líquido se dá durante a
produção de carvão vegetal. No Brasil, geralmente esse produto é desprezado no
processo e liberado no ambiente, causando poluição e desperdício (SOUZA-SILVA
et al, 2006). Porém, países como o Japão, por exemplo, já utilizam o extrato
pirolenhoso na agricultura a bastante tempo (PORTO et al, 2007).
O extrato pirolenhoso é um líquido de cor amarela e composta por água e
mais de 200 compostos químicos, como ácido cético, álcoois, cetonas e fenóis. No
entanto, essa composição varia conforme a espécie do vegetal utilizado, a
temperatura e os sistemas de obtenção (FLORENCE, 2023). O extrato pirolenhoso

11
vem sendo utilizado para diversos fins na agricultura, como a melhoria do
desenvolvimento vegetativo, a fertilização orgânica, o condicionamento do solo e a
indução de enraizamento (SCHNITZER et al, 2011).
Atualmente, o interesse pelo extrato pirolenhoso aumentou devido ao fato de
que sua constituição pode ser manipulada no momento em que se altera as
condições térmicas do processo ou através da utilização de catalisadores. Esse
produto tem despertado interesse de diversas áreas, incluindo além da agronômica
e alimentos, a medicina e a farmácia, com a possibilidade da extração e utilização
de princípios ativos contidos nas plantas, além da tinturaria (CAMPOS, 2018).

2.2 Phytolacca dioica L. (umbu)

Phytolacca dioica L. pertence à família Phytolaccaceae é conhecido como


cebolão, ceboleiro, embu, maria-mole ou umbu, na linguagem popular, é uma
espécie florestal extremamente plástica (AUGUSTIN, 2012). A plasticidade
fenotípica é definida como a capacidade de um determinado ser vivo apresentar
diferentes características em função das condições ambientais (LIMA et al, 2017).
O umbu é uma espécie nativa de ocorrência desde o Rio de Janeiro, Minas
Gerais e Mato Grosso do Sul, até o Sul do Rio Grande do Sul na mata pluvial
Atlântica e na floresta latifoliada semidecídua das bacias do Paraná e Uruguai, até
altitudes de 850 m. É uma planta pioneira e de rápido crescimento, utilizada em
plantios mistos, em áreas degradadas e de preservação permanente e muito
recomendada para o paisagismo (LORENZI, 2002).
As árvores maiores atingem dimensões próximas a 25 m de altura e 150 cm
de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo) na idade adulta.
(CARVALHO, 2008).
A característica mais notável dessa espécie é o extraordinário
desenvolvimento da base do tronco, que se engrossa consideravelmente nos
exemplares adultos, adquirindo formato de pedestal de forma muito irregular, de
onde saem troncos secundários de grossura variada, continuando até a parte
superior das raízes principais, caprichosamente contornados na superfície do solo
(CARVALHO, 2008).

12
A árvore proporciona ótima sombra e apresenta características ornamentais
que a recomendam para paisagismo. Os frutos são muito apreciados por pássaros e
até por muitas pessoas da zona rural (LORENZI, 2002).

3. METODOLOGIA

As sementes de umbu foram coletadas em agosto de 2023, de matrizes


encontradas no interior do município de São Gabriel, RS. Após a coleta, foram secas
em ambiente e mantidas em sacos plásticos até o mês de setembro, quando foram
semeadas.
O extrato pirolenhoso foi adquirido de empresa especializada, sendo que no
presente estudo, o mesmo foi utilizado nas concentrações de 0% (testemunha); 1%;
2%; 5% e 10%, aplicado diretamente no substrato, com volume de 25 mL por tubete.
Anteriormente à realização dos testes, as sementes foram desinfestadas
através da imersão em solução de hipoclorito de sódio a 1% por dois minutos para
desinfestação superficial, sendo após, lavadas em água corrente.
As sementes foram semeadas em tubetes plásticos de 180 cm³, contendo
substrato comercial à base de casca de pinus. Foram semeadas três sementes em
cada tubete, com desbaste 15 dias após a emergência, deixando-se apenas uma
plântula por tubete. Após o desbaste, 25 mL de solução de extrato pirolenhoso foram
aplicados em cada tubete, comas concentrações de 0%, 1%, 2%, 5% e 10% do
extrato, aplicados com o auxilio de uma seringa, diretamente no substrato, nas
concentrações descritas acima.
As mudas receberam a aplicação da solução de extrato pirolenhoso com
cerca de 25 dias da emergência, onde a testemunha recebeu a aplicação de 25 mL
de água, apenas. As plantas não receberam irrigação por 48 h após a aplicação do
extrato. O experimento foi conduzido no delineamento inteiramente casualizado com
cinco tratamentos e cinco repetições, totalizando 25 unidades experimentais. Cada
unidade experimental foi composta por três tubetes.
Os tubetes permaneceram durante todo o período em casa de vegetação com
estrutura em madeira, de 8 x 4 m, coberta com plástico branco opaco e laterais
teladas. A irrigação, das mudas, foi feita todos os dias somente com água, exceto
nas 48 horas após a plicação da solução do extrato.

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A porcentagem de emergência de plântulas foi determinada a partir de
contagens a cada dois dias do número das plântulas emersas, até a estabilização,
dividindo-se este valor pelo número total de sementes semeadas.
A altura de mudas e o número de folhas por planta foram avaliados aos sete,
14 e 21 dias após a aplicação (DAA) do extrato. O diâmetro do colo das mudas foi
avaliado apenas aos 21 DAA. O diâmetro do colo das mudas foi mensurado com
auxílio de paquímetro digital (em mm), a altura de plântulas foi determinada com
auxílio de régua graduada (cm) e o número total de folhas da planta por contagem
diretamente nas mudas.
Os dados foram submetidos à ANOVA e teste de Tukey a 5% de
probabilidade quando observado efeito significativo do extrato pirolenhoso sobre as
variáveis mensuradas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As plântulas de umbu apresentaram emergência de 98%, com início aos sete


dias após a semeadura e se estendendo até 21 dias após a semeadura.
A dosagem de 10% de extrato pirolenhoso resultou na morte de 100% das
plântulas, mostrando que a mesma apresenta elevada fitotoxidade para esta
espécie. A dosagem de 5% também se mostrou fitotóxica para a espécie estudada,
apresentando mortalidade de mudas de 66,6%.
Houve diferença significativa entre as diferentes concentrações do extrato
para todas as variáveis avaliadas (Tabela 1), considerando a ANOVA. Para a altura
total de mudas, o melhor tratamento foi a concentração de 2%, a qual apresentou a
maior média, não diferindo da concentração de 1%. O tratamento que apresentou a
menor média para altura das mudas foi com a concentração de 5% do extrato
diferindo dos demais.

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Tabela 1 – Altura total de muda (AT), em cm, número de folhas (NF) e diâmetro do colo
(DC), em cm, de mudas de umbu (Phytolacca dioica) que receberam aplicação de diferentes
concentrações de extrato pirolenhoso via substrato.

Concentração do extrato (%) AT NF DC


0 5,88 b* 10,85 a 0,67 b
1 6,38 a 10,83 a 0,88 a
2 6,50 a 11,10 a 0,81 ab
5 4,88 c 8,25 b 0,49 c
Média 5,90 10,26 0,71
CV% 6,5 8,63 8,13
*Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo Teste de Tukey com 5% de
probabilidade de erro.
Fonte: autor (2023).

Já para o número de folhas, a maior média foi observada na concentração de


1% de extrato, a qual não diferiu da concentração de 2% e da testemunha. O
tratamento que apresentou a menor média também foi a concentração de 5%, o qual
apresentou o menor número de folhas por planta (Tabela 1).
Para o diâmetro do colo, o tratamento que apresentou maior média foi a
concentração de 1% do extrato, não diferindo da concentração de 2%. O tratamento
também que apresentou a menor média foi a concentração de 5% (Tabela 1),
diferindo dos demais tratamentos testados. Os valores do coeficiente de variação
apresentaram valores reduzidos, mostrando pouca variação (alta homogeneidade)
entre unidades que receberam o mesmo tratamento, mostrando boa precisão dos
resultados obtidos.
Para o eucalipto, SOUSA-SILVA (2006) também observaram que
concentrações acima de 2% de extrato pirolenhoso provocaram um menor
desenvolvimento do diâmetro de colo de mudas, quando comparado com o
tratamento de menor dosagem do extrato, possivelmente pelo fato do produto ser
ácido, o que pode ter causado fitotoxidez às plantas. No mesmo estudo, a dosagem
de 2% resultou em mudas com melhor desenvolvimento, apresentando maior
número de folhas e maior altura, e a dosagem de 1% apresentou um bom
desenvolvimento do diâmetro do colo, sendo que a altura das mudas apresentou
pouca diferença quando comparada a dosagem de 2%.
A figura 1 apresenta a tendência observada de acordo com o tempo, em dias,
após a aplicação do extrato no substrato (DAA), mostrando que a altura de plantas

15
Com os resultados obtidos, percebe-se uma melhora no crescimento e desen-
volvimento das mudas que receberam os tratamentos com 1 e 2% de extrato, corro-
borando com estudo de PORTO et al. (2007), que obteve resultados satisfatórios
para a germinação e desenvolvimento inicial de plantas de Pinus elliottii, quando o
extrato pirolenhoso foi incorporado ao substrato. Ainda, no mesmo trabalho, verifi-
cou-se que a aplicação do EPL variou entre a espécie/tratamentos dos substratos e
quanto ao comprimento das raízes e das mudas a aplicação do EPL apresentou re-
sultados satisfatórios, porém não diferindo da testemunha no que se refere ao com-
primento das mudas e das raízes.
Em estudos com outras culturas, como na cultura do milho, foram observados
um aumento do sistema radicular e consequentemente aumento da produtividade
quando o extrato foi aplicado no sulco do plantio (ALMEIDA JUNIOR et al., 2022).
para espécies forrageiras (LOURENÇO, 2021), o extrato pirolenhoso atuou como um
estimulador germinativo da espécie Brachiaria brizantha cv Piatã, sendo possível ve-
rificar, também, que altas concentrações do extrato podem ocasionar a morte das
sementes desta espécie. Estes resultados estão de acordo com os obtidos no pre-
sente estudo, onde o extrato pirolenhoso mostrou ser eficaz em dosagens entre 1 e
2%, e também ser tóxico para plantas em concentrações maiores, como em 5 e
10%, causando a morte das mudas.

17
5. COMCLUSÃO

As concentrações de 5 e 10% do extrato pirolenhoso aplicado ao substrato


apresentaram efeito fitotóxico para mudas de Phytolacca dioica L.
As concentrações de 1 e 2% apresentaram maiores médias para as variáveis
altura total de muda, número de folhas e diâmetro do colo, diferindo
significativamente dos demais tratamentos.
São necessários mais estudos para descrever os efeitos do estrato
pirolenhoso em longo e médio prazo, tendo em vista o pouco tempo disponível para
realização deste trabalho.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA JUNIOR, J. J. et al. Milho em segunda safra com uso do enraizante


extrato pirolenhoso implantado no sudoeste goiano. Brazilian Journal of
Development, Curitiba, v.8, n.4, p.30051-30062, 2022.

AUGUSTIN, C. R. et al. Caracterização ecológica de áreas a partir de dados


espaciais públicos estudo de caso: área de coleta de sementes. Revista Floresta,
Curitiba, PR, v. 42, n. 3, p. 453 - 464, 2012.

BENITES, V, M., et al. Utilização de carvão e subprodutos da carbonização vegetal


na agricultura: aprendendo com as terras pretas de índio. In: TEIXEIRA, W. G.;
KERN, D. C.; MADARI, B. E.; LIMA, H. N.; WOODS, W. (Ed.). As terras pretas de
índio da Amazônia: sua caracterização e uso deste conhecimento na criação de
novas áreas. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 2009. p. 285-296.

BRITO, J. O. Pró-carvão: relatório sobre a cadeia produtiva de carvão vegetal e


lenha do Estado de São Paulo. São Paulo: SINCAL/FCESP/SEBRAE, 2000.

CAMPOS, A. D. Informação técnica sobre extrato pirolenhoso: descrição detalhada


do produto e condições de uso. EMBRAPA, 2018. Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/178670/1/Circular-177-
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CARVALHO, P. E. R. Espécies Arbóreas Brasileiras. v. 3. Brasília, DF: Embrapa


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FLORENCE, Pró – Vegetal (site). Extrato pirolenhoso para que serve? Conheça o
que o líquido é, e quais os principais benefícios. Florence – Agricultura Sustentável,
2023. Disponível em: <https://florenceprovegetal.com/extrato-pirolenhoso-para-que-
serve/>. Acesso em: 23 Out. 2023.

LIMA, N. R. W., SODRÉ, G. A., LIMA, H. R. R., PAIVA, S. R., KAIOWÁ, A. L. G.,
COUTINHO, A. J., (2017). Plasticidade Fenotípica. Revista Ciência Elementar,
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LOURENÇO, Y. B. C. et al. Influência do extrato pirolenhoso na germinação de


Brachiaria brizantha cv. Piatã. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3,
p. 31016-31035, 2021.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas


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PORTO, P. R.; SAKITA, A. E. N.; NAKAOKA SAKITA, M. Efeito da aplicação do


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SCHNITZER J. A., et al. Doses de extrato pirolenhoso no cultivo de orquídea.


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SOUZA-SILVA, A. et al. Qualidade de mudas de eucalipto tratadas com extrato
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