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DIREITO
ADMINISTRATIVO
3.a edição
ISBN: 978-85-387-2125-3
CDD 351
O Regime Jurídico
Administrativo
13 Análise geral
13 A função administrativa
14 O Regime Jurídico Administrativo
16 Princípios norteadores
do exercício da função administrativa
no Brasil, componentes do Regime
Jurídico Administrativo
Princípios do Regime
Jurídico Administrativo
19 Princípio da legalidade
19 Princípio da finalidade
20 Princípio da moralidade administrativa
20 Princípio da presunção
de legitimidade ou de veracidade
20 Princípio da especialidade
20 Princípio da razoabilidade
21 Princípio da proporcionalidade
21 Princípio da motivação
22 Princípio da impessoalidade
22 Princípio da publicidade
22 Princípio do controle
judicial dos atos administrativos
22 Princípio da hierarquia
23 Princípio do controle administrativo ou tutela
23 Princípio da autotutela
24 Princípio da obrigatoriedade do desempenho
da atividade pública (continuidade)
24 Princípio da ampla responsabilidade
do Estado por atos administrativos
24 Eficiência
25 Princípio do devido processo legal
(contraditório e ampla defesa)
25 Princípio da segurança jurídica
Organização
administrativa – parte I
29 Órgãos públicos
31 Competências públicas
32 Administração Pública indireta
32 Autarquia
34 Fundação pública
34 Empresas públicas
34 Sociedades de economia mista
Organização
administrativa – parte II
37 Entidades paraestatais
da Administração Pública e Terceiro Setor
38 Reforma administrativa
41 Agências reguladoras
43 Poderes da Administração Pública
Ato administrativo
47 Análise geral e conceito
47 Elementos do ato administrativo
48 As categorias do ato administrativo
49 Atributos do ato administrativo
50 Classificação dos atos administrativos
Atividades administrativas
– parte I (serviço público)
55 Conceito de serviço público
55 Elementos do serviço público
56 A escola francesa do serviço público
56 A crise da noção de serviço público
e a sua contestação
58 O serviço público como atividade material
destinada ao atingimento do interesse público
58 As atividades essenciais
e aquelas passíveis de delegação
59 Princípios específicos do serviço público
62 Formas de execução
Atividades administrativas
– parte II
67 Conceito de poder de polícia
68 Fundamento do poder de polícia
68 Evolução histórica do poder de polícia
Agentes públicos
87 Conceito e análise geral
88 Classificação
90 Particulares em colaboração com
a Administração Pública (agentes delegados)
91 Distinção entre cargo, emprego e função
92 Regime Jurídico Estatutário
92 Acessibilidade e concurso
93 Provimento
94 Responsabilidade do servidor público
95 Incomunicabilidade das instâncias
95 Extinção da função pública
– aposentadoria, demissão e exoneração
Licitações públicas
97 Análise geral
97 Conceito de licitação
98 O dever legal de licitar
e as finalidades do procedimento
98 Natureza jurídica e alcance
99 O tratamento constitucional
100 A disciplina jurídica infraconstitucional:
a evolução normativa
101 Os princípios jurídicos
incidentes nas licitações
105 Modalidades de licitação
105 Tipos de licitação
107 Fases da licitação
Contratos administrativos
109 Análise geral
109 Conceito de contrato administrativo
110 O contrato administrativo
no direito brasileiro e as cláusulas exorbitantes
110 Prazo e prorrogação
111 Formalidades do contrato administrativo
111 Garantias e eficácia
111 Pagamentos devidos ao contratado
111 Sanções administrativas
111 Equilíbrio econômico-financeiro
113 Controles do Estado
113 Espécies de contratos
113 Contrato de concessão de serviço público
116 Contrato de parceria público-privada
Intervenção do Estado
na propriedade privada
121 Desapropriação
125 Requisição
125 Servidão administrativa
125 Tombamento
Bens públicos
127 Noções preliminares
127 Conceito
127 Classificação
127 Afetação e desafetação
127 Regime jurídico dos bens públicos
128 Formas de aquisição
128 Alienação dos bens públicos
129 Uso dos bens públicos por particulares
129 Proteção do uso privado dos bens públicos
Responsabilidade
extracontratual do Estado
131 Análise geral do tema
132 Conceito e extensão
132 Teorias aplicáveis
136 Responsabilidade direta e objetiva,
extracontratual
137 Responsabilidade da Administração por ato
de seus agentes (objetiva em relação ao Estado
e subjetiva em relação ao funcionário)
138 Responsabilidade do Estado por atos lícitos
e ilícitos, comissivos e omissivos
138 Excludentes e atenuantes
da responsabilidade do Estado
139 Responsabilidade das pessoas
jurídicas de Direito Privado
prestadoras de serviço público
140 Responsabilidade subsidiária do Estado
por ato das pessoas jurídicas de Direito
Privado prestadoras de serviço público
O controle da legalidade
da Administração Pública
145 Introdução
145 Pressupostos do controle
146 Conceito e finalidade
147 Panorama constitucional
do controle da Administração Pública
148 Classificação dos instrumentos de controle
150 Controle administrativo ou executivo
151 Controle parlamentar ou legislativo
152 Controle judicial ou judiciário
153 Instrumentos de provocação da atuação
do controle judicial – writs constitucionais
Referências 157
Anotações 159
Análise geral
Não se ignora que presentemente é sempre maior a ingerência do Estado na vida
do cidadão. A razão de ser da Administração Pública, como aparato constituído pelo
Estado objetivando a consecução dos seus objetivos, é o gerenciamento da coisa pública,
tendo por fim a realização do bem comum. Essa atividade desenvolve-se através de seus
agentes e órgãos no exercício da função pública.
A função administrativa
Função equivale a um dever-poder, ao cumprimento, no interesse alheio, de uma
dada finalidade, ou seja, é uma determinação imperativa decorrente da necessidade de
realização do interesse de outrem. O seu exercício não é uma faculdade e não há em seu
bojo espaço para autonomia de vontade.
Mestre em Direito do Estado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Coordenadora da Especialização em Administração
Pública das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil). Professora da Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(PUCPR) e da Pós-Graduação do Instituto de Direito Romeu Bacellar. Advogada.
Nesse sentido, o regime jurídico tem por escopo acomodar as normas jurídicas e
os institutos atinentes ao direito, ou a uma sua parcela específica em exame, num todo
coerente e harmônico.
público sobre o individual, com vistas à consecução do bem comum. Essas prerrogativas
não têm equivalente nas relações privadas. Existem para possibilitar um melhor con-
trole do equilíbrio social, tornando viável o convívio entre os cidadãos.
Significa que o poder estatal tem um dever-poder legitimado pela busca do inte-
resse coletivo. Significa também que o Estado, ao buscar o interesse de todos, o bem
comum, no uso das prerrogativas a ele conferidas, pode causar danos de pequena ou
grande monta aos particulares e que, em face dos mesmos princípios que orientam a
busca desse interesse, deve zelar pela sua proteção, ressarcindo o lesado.
São eles que melhor caracterizam o direito como forma de defesa do cidadão e
não como forma de legitimação do poder, visto restringirem a atuosidade administrativa
aos ditames fornecidos pelo sistema jurídico positivo, bem como pelo sistema da ciência
do Direito Administrativo.
Princípio da supremacia
do interesse público sobre o privado
Como princípio geral de Direito, implícito e fundado na própria ideia de Estado,
tem este por escopo garantir que na atuação estatal será sempre observado o interesse
coletivo (público) como fim maior a ser alcançado, de sorte que na contraposição entre
o público e o privado aquele há sempre de prevalecer, notadamente “como condição de
sobrevivência e asseguramento do último”.
Princípio da indisponibilidade
do interesse público
Também reconhecido como basilar para o Direito Administrativo, o princípio da
indisponibilidade, pela Administração, dos interesses públicos tem por objetivo garantir a
tutela inafastável destes pela Administração Pública.
Como esta é aspecto dinâmico do Estado e este só existe como forma de reali-
zação do interesse público, dito princípio pode ser bem reconhecido no magistério de
Celso Antônio Bandeira de Mello (2004, p. 64), ao asseverar que:
Princípio da legalidade
Marco crucial do Estado de Direito e, por conseguinte, de nosso regime jurídico-
-administrativo, o princípio da legalidade garante que a ninguém será imposta uma obri-
gação (de fazer ou de não fazer) sem prévia cominação legal, ou seja, a atuação estatal
ficará circunscrita às possibilidades legalmente constituídas.
Desse modo, o administrador público jamais poderá agir contra legem ou praeter
legem, mas apenas secundum legem, de modo que a amplitude e o alcance desse princípio
fazem da atividade do agente (público) uma estrita submissão à manifestação volitiva
do legislador.
Assim, o ato administrativo só é válido quando atinge o seu fim legal, ou seja, o
fim submetido à lei, como melhor demonstraremos na análise do princípio da finalidade.
Princípio da finalidade
Embora muitos concebam o princípio da finalidade como consequência do prin-
cípio da legalidade, na verdade a este está implícita e irremediavelmente arraigado, “pois
corresponde à aplicação da lei tal qual é; ou seja, na conformidade de sua razão de ser”,
consoante o que ensina Celso Antônio Bandeira de Mello (2004, p. 97).
Princípio da presunção
de legitimidade ou de veracidade
Abrange dois aspectos: de um lado, a presunção de verdade que diz respeito
à certeza dos fatos e, de outro, a presunção de legitimidade, pois se a Administração
Pública submete à lei, presume-se, até prova em contrário, que todos os seus atos sejam
verdadeiros e praticados com a observância das normas legais.
Princípio da especialidade
Decorrência dos princípios da legalidade e indisponibilidade do interesse público.
Concerne à ideia de descentralização administrativa. O Estado cria pessoas jurídicas
públicas administrativas (autarquias) como forma de descentralizar a prestação de ser-
viços públicos, com vistas à especialização da função. A lei que as cria estabelece com
precisão as finalidades a serem atendidas.
Princípio da razoabilidade
Decorrente também do princípio da legalidade (e da finalidade, portanto), o
princípio implícito da razoabilidade proíbe que a Administração atue de modo desarra-
zoado, ilógico ou incongruente, ainda que haja mínima discricionariedade na sua atua-
ção concreta quando da aplicação da lei.
Princípio da proporcionalidade
Aspecto específico do princípio da razoabilidade, através deste as providências
da Administração, na consecução dos objetivos colimados na lei, somente serão válidas
se observados os limites de extensão e intensidade nela previstos.
Assim, em não havendo finalidade para uma medida (ampliativa) para a Admi-
nistração, estará ela viciada por inadequação à própria lei, donde se depreende a ilega-
lidade de atos desproporcionais. Deve-se lembrar que a regra de proibição do excesso
contém três núcleos: necessidade da medida, adequação entre os meios e fins e razoa-
bilidade.
Princípio da motivação
Através deste, impinge-se ao administrador público a obrigação – inafastável – de
expor as razões fáticas e jurídicas que sustentam a adoção de qualquer providência.
Ato discricionário não motivado, portanto, é ato nulo. E mesmo o ato vinculado,
no qual – em regra – bastaria a menção do fato e da norma respectiva para sua validação,
pode ser perquirido em juízo, razão pela qual sua motivação é sempre um dever e uma
garantia para o bom administrador.
Princípio da impessoalidade
Da exegese desse princípio, consubstanciado no caput dos artigos 5.º e 37 da
CF, extrai-se a obrigatoriedade – para a Administração Pública – de tratar a todos os
administrados sem favoritismos ou perseguições; ou seja, a todos da mesma maneira
indistintamente (ressalvadas suas indiscutíveis dissimilitudes). Na verdade, o princípio
que expressa igualdade na Administração Pública assume de consequência uma vedação
de discriminação negativa em relação a discriminações positivas. Esse seria o próprio
princípio da isonomia, descrito de outro modo, porém com o mesmo conteúdo axiológico-
-normativo, através do qual “tratar-se-ão os iguais igualmente e os desiguais na exata
proporção de suas desigualdades”.
Princípio da publicidade
De compreensão imediata, o referido princípio tem por escopo garantir a trans-
parência da atividade administrativa pública, de maneira a possibilitar a todos plena
ciência dos atos dela emanados e o controle dela decorrente.
Em decorrência desse princípio, todos os atos que violem ou possam violar esses
direitos devem ser afastados, liminar ou definitivamente, conforme o caso, e de maneira
a garantir a constitucionalidade da ação estatal. É o controle de legalidade e não de
mérito.
Princípio da hierarquia
Segundo esse princípio, a Administração Pública conformar-se-ia em um todo
escalonado, com inequívoca relação de subordinação entre os órgãos superiores e os
Princípio do controle
administrativo ou tutela
Dito princípio, manifestamente decorrente do anterior, tem por escopo garantir
a inequívoca persecução dos interesses públicos por todos os órgãos da Administração,
bem como as finalidades para que foram instituídas as outras pessoas auxiliares suas.
Princípio da autotutela
Enquanto pela tutela a Administração Pública exerce controle sobre outra pessoa
jurídica por ela mesma instituída, pela autotutela o controle se exerce sobre os próprios
atos, com a possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes e inoportunos,
independentemente do poder judiciário. STF, Súmula 473:
N. 473. A administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial.
Em assim sendo, mister apenas reconhecer que é o interesse público que deter-
mina tal atuação e, em sendo a função administrativa um dever-poder operativo, nada
mais resta à Administração que não garantir aspecto dinâmico ao Estado na realização
dos interesses que autorizam sua criação e permanente existência.
Eficiência
Trata-se de um dado que veio oriundo da ciência da Administração e que preza a
busca do melhor resultado eficiente. Toda atividade administrativa tem que estar rela-
cionada aos melhores resultados, ao melhor serviço. A ação administrativa deve ser
Se a lei deve respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada
por respeito à segurança jurídica, não é admissível que o cidadão tenha seus direitos
flutuando ao sabor de interpretações jurídicas variáveis no tempo.
Órgãos públicos
Análise geral
O Estado é ente político dotado de personalidade jurídica, e que como tal atua
por meio dos agentes públicos. É pessoa jurídico-administrativa, com personalidade
de Direito Público. O Estado tanto pode desenvolver por si mesmo as atividades admi-
nistrativas ou pode prestá-las através de outros sujeitos, transferindo para particulares
o seu exercício ou criando outras pessoas ou órgãos para desempenhar a atividade (a
execução de atividades).
O órgão não se confunde com pessoa jurídica, é parte integrante desta. Enquanto
a pessoa jurídica é o todo, os órgãos são as partes integrantes deste todo. Também não
se confunde com a pessoa física, o agente público, pois ele apenas congrega as funções
que o agente vai exercer. A Lei 9.784/99, que estabelece o processo administrativo fede-
ral em seu artigo 1.º, parágrafo 2.º, define órgão: “unidade de atuação integrante da
estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta.”
Por não terem personalidade jurídica, as relações entre os órgãos são na verdade
relações entre os agentes enquanto titulares das respectivas competências. Ou seja, não
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há relações entre órgãos ou entre órgãos e outras pessoas, pois, não tendo personali-
dade, não podem ser sujeitos de direitos e obrigações. Nas relações do Estado, os que
se relacionam são os agentes, manifestando as respectivas competências. Nas relações
entre o Estado e outras pessoas, os que se relacionam são o Estado de um lado (atuando
por seus agentes) e as pessoas de outro.
Quanto à estrutura
■■ simples;
■■ compostos.
Quanto à composição
■■ singulares;
■■ coletivos.
Competências públicas
Conceito
Competência é uma demarcação de poderes, um feixe de deveres-poderes ou um
círculo de deveres-poderes. É atribuída ao Estado, a seus órgãos e agentes para que pos-
sam atender a certas finalidades públicas, para que cumpram o dever legal de atender
os interesses da coletividade.
■■ imodificáveis;
■■ imprescritíveis.
Autarquia
Conceito
O Decreto-Lei 200/67 conceitua autarquia como serviço autônomo, criado por
lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar ativida-
des típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento,
gestão administrativa e financeira descentralizada.
Análise geral
■■ Pessoa jurídica de Direito Público.
■■ Possui as mesmas prerrogativas e sujeições da Administração Pública.
■■ Regime jurídico de Direito Público semelhante à Administração Pública cen-
tral.
■■ Aparece perante terceiros como a própria Administração Pública.
■■ Não possui capacidade política (não cria o próprio direito, não faz suas pró-
prias normas) mas tem sua própria estrutura, autonomia financeira. É pessoa
Características
As características da autarquia são:
■■ criação por lei formal, específica e unitemática;
■■ personalidade jurídica de Direito Público (é titular de direitos e obrigações
próprios e sujeita-se ao regime jurídico de Direito Público quanto à criação,
extinção, poderes, prerrogativas, privilégios e sujeições);
■■ capacidade de autoadministração (não é pessoa política – União, Estados,
Municípios. Possui autonomia, o que significa que se autoadministra a partir
das regras criadas pela pessoa pública política que lhe deu vida, não cria o
direito);
■■ especialização dos fins ou atividades (desenvolve capacidade específica para a
prestação de serviço determinado e não de capacidade genérica. Essa capaci-
dade específica originou o princípio da especialização, que a impede de exer-
cer atividades diversas daquelas para as quais foi instituída);
■■ sujeição a controle ou tutela (controle para garantir que a autarquia não se
desvie de seus fins institucionais. Controle político, jurídico, administrativo,
do Ministério Público, do Tribunal de Contas e do cidadão);
■■ pessoal (concursado – cargo público);
■■ licitação (obrigatória);
Fundação pública
Definida pela Lei 7.596/87. É entidade de Direito Público, criada por ato legisla-
tivo, sem fins públicos, com autonomia administrativa. Regime igual ao da autarquia e
da Administração Pública central. A ideia é que se reúne um patrimônio. Atribuição de
personalidade jurídica a um patrimônio.
Empresas públicas
Formada por capital integralmente público e predominantemente da União.
Explora atividade econômica ou presta serviço público. Possui regime jurídico híbrido,
público e privado. Não admite o elemento lucro e somente pode ser criada na forma
do artigo 173 da CF. Possui quadro de pessoal próprio, contratado no regime celetista
após concurso público. Realiza licitação e admite sua organização em qualquer forma
comercial admitida em direito.
Entidades paraestatais
da Administração Pública e Terceiro Setor
Entidades paraestatais
São entes paraestatais de natureza intermediária entre as pessoas públicas e pri-
vadas. Seriam pessoas semipúblicas ou semiprivadas.
É algo que não se confunde com o Estado pois caminha ao seu lado, paralelamente.
Não prestam serviço público, mas atividade privada de interesse público (servi-
ços não exclusivos do Estado), que por isso são incentivadas pelo Poder Público. A atua-
ção estatal, no caso, é de fomento e não de serviço público. Essas entidades têm regime
de Direito Privado e vínculo com a Administração Pública através de convênio.
Organizações sociais
Novo tipo de entidade, pessoas jurídicas de Direito Privado, sem fins lucrati-
vos, instituídas por particulares para desempenhar serviços públicos não exclusivos de
Estado, com incentivo e fiscalização do Poder Público, mediante vínculo através de con-
trato de gestão. Integram o Terceiro Setor. Reguladas pela Lei 9.637/98, que também
define sua qualificação discricionária.
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Reforma administrativa
O Estado Social frente à perspectiva de globalização possuía dois caminhos: ou
fortalecia o universo estatal para não se subordinar ao domínio dos países centrais
ou inseria-se no contexto global de forma subordinada, acompanhando a ideologia do
neoliberalismo e reduzindo a soberania.
Núcleo estratégico
Inclui as políticas de gestão, engloba as carreiras típicas de Estado, ministérios,
Poder Legislativo, Judiciário, Ministério Público. Esse é o Estado mínimo da reforma. O
princípio do núcleo estratégico é a efetividade. É o último resquício da Administração
Pública burocrática. É o único que continua com controle procedimental.
Controle de resultados
feito pelas agências reguladoras
Essas agências reguladoras são pessoas jurídicas de Direito Público, integrantes
da Administração Pública federal indireta, submetidas a regime autárquico, com auto-
nomia em relação à Administração da qual fazem parte.
Por serem autarquias devem ser criadas por lei específica (unitemática) e formal,
decorrente de processo legislativo, e instaladas por decreto regulamentar de competência
do chefe do Poder Executivo.
O patrimônio é público estatal. Será público aquilo que pertencer a uma finalidade
pública, e estatal o que pertencer ao Estado.
Agências reguladoras
A realidade jurídica brasileira não possui um marco regulatório único. Assim
cada agência reguladora possui um universo específico na sua lei criadora.
Natureza jurídica
Pessoa jurídica de Direito Público. Autonomia ampliada em relação à administra-
ção da qual ela faz parte. A restauração do conceito original de autarquia. Goza de ampla
autonomia no nosso sistema jurídico. É a autarquia em regime especial.
Criação
Por lei formal, específica e unitemática, mediante delegação legislativa, pois
senão a agência não tem como exercer sua autonomia. Essa delegação tem limites. O
legislador confere os standards jurídicos nos quais a agência vai se basear.
Instalação
Mediante decreto que contenha a regulamentação da lei e a aprovação do regi-
mento interno.
Dirigentes
São agentes políticos. A sua investidura se dá por ato complexo (indicação do
Executivo e aprovação do Legislativo). Não são demissíveis ad nutum e possuem estabi-
lidade via mandato. Possuem impedimentos e suspeições. Após o prazo de vigência do
mandato, eles possuem algumas garantias, similares à da estabilidade sindical, que se
consubstanciam na quarentena, significando que o dirigente vai continuar recebendo
por um certo tempo, para evitar que ele utilize as informações e sofra prejuízos em
função da sua atuação enquanto dirigente.
Pessoal
O ideal seria que fossem servidores públicos, com estabilidade sob o regime esta-
tutário. Seria como carreira de Estado na qual a estabilidade é indispensável ao exercício
da função. Esse regime aplica-se às atividades afins.
Receitas
Próprias e orçamentárias (estas destinadas pelo legislador). As próprias se cons-
tituem em taxas para o exercício do poder de polícia, multas, sanções, de todas as ativi-
dades que ela exerça de maneira remunerada.
Contratos
Contratos de concessão são contratos administrativos. Também existem os con-
tratos de administração (quando compra alguma coisa etc.).
Licitação
O legislador poderá delegar poderes para que a agência possa ter seu estatuto
licitatório próprio.
Controles
Mesmo autônomas não são imunes a controle. O controle político não pode
ocorrer, pois quebra a autonomia. O controle interno deve existir; o externo, feito pelo
Tribunal de Contas, também incide. O controle social também existe e é exercido por
ouvidorias, audiência pública e impossibilidade de segredo das informações.
Privilégios
Todas das autarquias normais e mais alguns típicos da autonomia ampliada.
São eles: não pode haver contingenciamento do orçamento da agência (bloqueio dos
valores pelo ministro, redução da verba), as decisões não podem ser revistas (não há
duplo grau de jurisdição).
O regulamento executivo complementa a lei, contém normas para sua fiel exe-
cução da lei – artigo 84, IV, Constituição Federal (CF). Não inova na ordem jurídica,
criando direitos, obrigações, proibições, medidas punitivas, até porque ninguém é obri-
gado a fazer ou deixar de fazer senão em virtude de lei – artigo 5.º, II.
Poder disciplinar
É o que cabe à Administração Pública para apurar as infrações disciplinares dos
servidores públicos e aos sujeitos à disciplina administrativa, como aqueles que com a
Administração Pública contratam, e aplicar penalidades.
A Administração Pública não tem liberdade de escolha entre punir e não punir,
pois conhecendo falta praticada deve necessariamente instaurar procedimento adminis-
trativo para apuração e, se for o caso, punição. A discricionariedade reside limitadamente
nos procedimentos previstos para apuração de falta. Nenhuma penalidade pode ser apu-
rada sem o devido processo legal, o contraditório e ampla defesa.
Poder hierárquico
A organização administrativa é baseada na hierarquia e na distribuição de com-
petências. Há uma relação de coordenação e subordinação entre os vários órgãos que
integram a Administração Pública, ou seja, estabelece a hierarquia.
Desta forma, o ato administrativo pode ser conceituado como sendo uma decla-
ração efetuada no exercício da função administrativa em sentido estrito, ou seja, no uso
das prerrogativas públicas.
Vige a ideia de licitude: o ato administrativo deve ser possível, jurídica e mate-
rialmente. Deve ser moral, manter um liame com a finalidade pública pretendida, sob
pena de desvio de poder e vício do ato. A finalidade mediata do ato administrativo, que
é o interesse público, deve ser atendida.
Em face de vícios, o ato administrativo pode ser anulado por razões de ilegali-
dade em alguns dos seus elementos, sendo os efeitos dessa anulação ex tunc, retroagindo
até a data da sua produção. Na anulação, busca-se retirar do ordenamento jurídico um
ato inválido e seus efeitos.
A revogação do ato administrativo se opera sobre atos válidos por razões de con-
veniência e oportunidade, de mérito. Seus efeitos são ex nunc, não retroagindo. Também
sofre limitações, como o respeito aos direitos adquiridos, estatuído na Súmula 473 do
Supremo Tribunal Federal (STF).
de vontade (agente), com objeto (lícito ou ilícito), forma (lícita ou ilícita), finalidade
(pública ou não). Na sequência é que se verificará a sua validade.
Se o agente foi público, investido em função, com objeto relacionado ao agir esta-
tal, forma e motivo, teremos um ato administrativo existente.
Em relação à validade, há a necessidade de verificação da competência e capaci-
dade do agente, da licitude e possibilidade do objeto, da forma legal, do motivo, lícito,
suficiente e verdadeiro, da finalidade pública, mediata e imediata.
Em relação à eficácia, dois são os momentos na doutrina: o da produção de efeitos
e o da potencialidade de produzir efeitos.
Nem sempre a presunção de validade vai indicar eficácia. Um ato inválido pode
ser eficaz e produzir efeitos, os quais muitas vezes são protegidos pelo ordenamento
jurídico. A publicidade e o cumprimento das obrigações são condições para o imple-
mento da eficácia.
Imperatividade
Em face do poder extroverso, uma vez existente o ato ele se torna obrigatório
mesmo para aqueles que não o aceitam, pois é emitido com a característica de Poder
Público. Existe em todos os atos que impõem obrigações.
É uma das características que distinguem o ato administrativo do ato de Direito
Privado.
Autoexecutoriedade
Produção imediata de efeitos, a qual possibilita à Administração realizar seus
atos sem necessidade de autorização judicial. Só existe em duas hipóteses: quando a lei
define ou em casos de urgência – poder de polícia.
Ato simples
Ato composto
A lei tem de dizer que tais autoridades devem se manifestar. A exigência dessa
dupla manifestação de vontade resulta da lei.
Ato complexo
Ao contrário do ato composto, o ato complexo também precisa de duas ou mais
vontades de órgãos ou agentes, mas essas vontades se fundem para formar um único
ato. As vontades são homogêneas, há identidade de contéudo e de fins.
Quanto às prerrogativas
Ato de império
Atos iure imperii seriam os atos praticados sob o manto de potestade pública, no
exercício da soberania do Estado, praticados por ele na qualidade de poder supremo,
supraindividual, com todas as prerrogativas e privilégios. Impostos unilateralmente e
de forma coercitiva.
Ato de gestão
Atos iure gestionis seriam aqueles exercidos pelo Estado em situação de igual-
dade, de equiparação ao particular, no intuito da conservação e desenvolvimento do
patrimônio público e para gestão de seus serviços.
Atos individuais
Têm destinatário certo, individualizado.
Atos gerais
O destinatário é, de maneira geral, toda a Administração Pública.
Atos concretos
Dispõem para um único e específico caso, esgotando-se nesta única aplicação.
Atos abstratos
Preveem reiteradas e infindas aplicações, as quais se repetem cada vez que ocorra
a reprodução da hipótese neles prevista, alcançando um número indeterminável e inde-
terminado de destinatários.
Atos constitutivos
Que fazem nascer uma situação jurídica, produzindo-a originariamente, seja
extinguindo ou modificando situação anterior.
Atos declaratórios
Afirmam a preexistência de uma situação de fato ou de direito.
Atos vinculados
Os que a Administração Pública pratica sem margem alguma de liberdade para
decidir-se, pois a lei previamente tipificou o único comportamento possível.
É importante frisar que, em que pese o serviço público se traduza em uma opção
política, o legislador tem pouca autonomia na sua configuração, vez que somente se
apresenta válido identificar uma atividade como serviço público se ela preencher alguns
pressupostos, nos quais a essencialidade estaria intimamente ligada com a dignidade da
pessoa humana. Se, diversamente, for verificada atividade legislativa sem esse contorno,
estar-se-á diante da irrazoabilidade legislativa, portanto, reprovável pelo ordenamento
jurídico.
A noção de serviço público tem base constitucional e pode ser vislumbrada como
instrumento de integração do Estado com o indivíduo.
Odete Medauar (1992) bem a define assinalando que o serviço público transcende
as ideias de autoridade e liberdade e em Direito Administrativo é a expressão mais
acentuada do bem comum.
Em regra, o serviço público não busca necessariamente o lucro, pode e deve ser
prestado com deficit no interesse geral da coletividade. Assim, é materialmente o ele-
mento de transformação do interesse público e de sua consecução. Consiste o serviço
público em uma comodidade material considerada de interesse público, que é fruível
diretamente pelos interessados, no caso, os usuários.
As atividades essenciais
e aquelas passíveis de delegação
Utilizando-nos das sábias lições do mestre Hely Lopes Meirelles (2001), pode-
mos identificar as atividades essenciais e aquelas passíveis de delegação através da clas-
sificação dos serviços públicos em próprios e impróprios.
A sua natureza não permite que sejam prestados, mediante delegação, por serem
incompatíveis com o elemento lucro auferido pela iniciativa privada e com interesses
particulares diversos do interesse público e bem comum. Exemplos claros são os ser-
viços de segurança pública, defesa nacional, preservação da saúde pública, iluminação
pública, calçamento.
Não são serviços de consumo porque não são prestados mediante remuneração.
Geralmente, são serviços gratuitos ou de remuneração extremamente módica, pelo seu
caráter e para se tornarem acessíveis a toda a população. São mantidos pelos tributos
gerais e também chamados de serviços uti universi.
Eficiência
Pelo princípio da eficiência, infere-se a exigência de uma otimização da presta-
ção dos serviços públicos. Efetua-se na contemporaneidade uma recuperação histórica
da eficiência como valor, apresentando-se atualmente como instrumento simbólico de
legitimação política.
Continuidade
O serviço público não pode ser interrompido, pois é essencial, satisfaz uma
necessidade básica da população e pressupõe regularidade. É obrigatório, no sentido
da possibilidade do usuário, exigir a efetiva satisfação de suas necessidades. Deve ser
prestado sempre da mesma forma, contínua e regular.
Atualidade
O princípio da atualidade pressupõe que o serviço seja atual, no sentido de acom-
panhar as inovações tecnológicas. Relaciona-se com o conceito de eficiência, envolvendo
uma relação de custo-benefício, de sorte a permitir ao Poder Público a avaliação da
conveniência na substituição de técnicas e equipamentos.
Todo serviço público só é entendido como tal por ser essencial à coletividade.
Dessa forma, não há que se falar em tarifas seletivas ou segregadoras de camadas da
população, pois, intrinsecamente enquanto atividade voltada ao atendimento do inte-
resse público, deve haver tarifas módicas e acessíveis a todos os cidadãos usuários.
Modicidade da tarifa
A modicidade da tarifa traz a noção de equilíbrio entre o custo da prestação do
serviço e o lucro do concessionário prestador de serviço e se aplica aos serviços públicos
denominados uti singuli. Compete ao Poder Público estabelecer os limites e critérios
para a formação do valor da tarifa, exatamente para salvaguardar o interesse público e
garantir o respeito ao núcleo essencial do princípio.
Generalidade
A generalidade consiste na universalização da prestação do serviço, possibili-
tando o alcance a todos os usuários, sejam efetivos ou potenciais, ou ainda ao maior
número possível de usuários, “abrangendo todas as manifestações de necessidade, sem
discriminações incompatíveis com o princípio da isonomia”, utilizando as palavras de
Marçal Justen Filho (2003, p. 127).
Impessoalidade
A impessoalidade refere-se à fundamental não discriminação quanto às condi-
ções de acesso dos usuários ao serviço ofertado, à ausência de favoritismos ou de perse-
guições na prestação do serviço.
Adequação
Serviço adequado é aquele que satisfaz as necessidades da coletividade na sua
exata medida. A Lei de Concessões (Lei 8.987/95) define serviço adequado em seu
artigo 6.º, parágrafos 1.º e 7.º, I.
Marçal Justen Filho (2003) afirma que a adequação do serviço constitui um con-
ceito jurídico indeterminado, tese à qual nós aderimos. Entende o referido autor que
todo serviço público deve ser prestado adequadamente, o que na tradição da doutrina
se traduz em generalidade, uniformidade, continuidade e regularidade. Assinala que a
adequação do serviço consiste na sua compatibilidade com a realização de diversos fins,
relacionados com valores de segurança e eficiência.
[...] significa inevitável risco de contradição. A mera leitura do parágrafo 1.º do artigo
6.º evidencia facilmente essa contraposição. O dispositivo determina que a adequação do
serviço importa condições tais como atualidade e modicidade das tarifas. Há risco de que
a satisfação do fim da atualidade produza o sacrifício do dever da modicidade da tarifa.
O acréscimo de exigências destinadas a satisfazer a segurança pode encarecer o custo do
serviço. (JUSTEN FILHO, 2003)
Formas de execução
Ao Poder Público incumbe a prestação dos serviços públicos, de forma direta ou
indireta, conforme preceitua o artigo 175 da Carta Constitucional. A forma da prestação
do serviço, da sua execução, dependerá da opção constitucional, da possibilidade de
delegação de dada atividade e da própria natureza do serviço. Passemos, pois, à análise
de tais questões.
Direta
O titular absoluto da atividade entendida como serviço público é o Estado, o
qual não pode renunciá-la por imperatividade constitucional, apenas delegá-la segundo
certas circunstâncias e com a permanência do dever de fiscalização.
São atividades que só se definem como serviço público caso sejam prestadas pelo
Estado, que só admitem o conceito de serviço no sentido amplo, seja pelo seu caráter de
essencialidade, seja porque o interesse público assim o requer.
A sociedade não pode ficar sujeita a poderes públicos que sejam utilizados
segundo conveniências particulares, mas deve obter a segurança jurídica de que tais
poderes só serão utilizados pelo Estado na busca e manutenção do bem comum.
O Estado pode permitir o seu desempenho direto pela iniciativa privada, mas
não pode omitir-se na intervenção, na fiscalização e no controle de sua execução, no
intuito de garantir que o elemento lucro não se sobreponha aos valores de dignidade do
usuário, à igualdade na prestação e aos direitos fundamentais do cidadão.
A prestação do serviço por entes privados deve ser entendida como uma delega-
ção do Poder Público, o qual conserva, entretanto, a titularidade do serviço (que não
pode ser renunciada, como já mencionado) e, portanto, a obrigação de fiscalizar, asse-
gurar o resultado e responder pela atividade.
É justamente por esse motivo que muitos denominam esse modelo de Estado
como Estado de Polícia. Já no Estado Liberal, impõe-se uma redução do âmbito da noção
de poder de polícia. Com efeito, a estrutura do Estado de Direito, fruto do liberalismo,
impõe a submissão de toda atividade estatal à lei. E entendia-se, nesse período, que o
Estado devia atuar o menos possível. Por isso, justamente, que nesse período os serviços
públicos prestados pelo Estado eram mínimos (saneamento e iluminação).
atuação, não mais sendo exercido somente em relação às atividades de segurança, mas
também em campos da ordem econômica e social.
O que se entende, em suma, é que o exercício dos direitos individuais deve ser
delimitado para que todos possam ter acesso a esses direitos.
E a concepção social do Estado vai entender que é ao Poder Público que cabe a
regulamentação e a fiscalização do uso ideal desses direitos. É por isso que, para alguns
autores, os Estados ditos sociais definem-se por permitir uma extensa limitação da
liberdade individual em prol do interesse público.
Veja como é possível explicar o Estado Social através, então, da análise das
modalidades de atividade do Estado. Ora, ele é, por definição, um Estado que pretende,
com isso, garantir a todos os homens condições mínimas de sobrevivência.
Consentimento
■■ Vinculado (licença).
■■ Discricionário (autorização).
Fiscalização
■■ Medidas preventivas.
■■ Medidas repressivas (autuação – constatação formal dos fatos).
Sanção de polícia
■■ Repressão da infração (aplicação de multa).
■■ Autoexecutoriedade.
■■ Coercibilidade.
Conceito de fomento
Contextualização do processo
na Administração Pública
Processo é decorrência de um Estado Democrático de Direito consagrado no
artigo 1.º da Constituição Federal (CF). De um Estado que tem como fundamento a
dignidade da pessoa humana: ponto de partida e de chegada do agir administrativo. No
Estado Democrático de Direito, impera o governo das leis, e não o governo dos homens;
conquista da humanidade contra o arbítrio e a tirania.
Com efeito, a proteção dos indivíduos não resulta apenas da prévia estipulação
legal acerca dos fins a serem perseguidos pelo Estado, mas, especialmente, na prefixa-
ção dos meios, formas e condições para alcançá-los.
Princípios específicos
do processo administrativo
Do que se expôs, considerando-se o processo administrativo como uma garantia
constitucional, contraface ao autoritarismo e ao arbítrio, é certo que a Administração
Pública, para oferecer legitimidade à sua atuação, não deve apenas atender aos preceitos
legais, mas também conformar-se com a moralidade, a justeza e a finalidade adminis-
trativa.
Princípio da boa-fé
No processo administrativo, incide na esfera do anseio de certeza e segurança
jurídica, mediante a garantia da lealdade e boa-fé tanto da Administração Pública que
instaura o processo, instrui e decide, quanto do particular que com ela se relaciona
(servidor público acusado ou litigante). A boa-fé incorpora o valor ético da confiança, da
certeza de que não se tem uma Administração Pública de surpresas.
Não se pode deixar de reconhecer que hoje, com as profundas alterações havidas
no texto constitucional, ensejando uma nova concepção de Estado, pode acontecer que
certas transgressões ao texto constitucional sejam cometidas por justificável ignorân-
cia, de boa-fé, e isso não pode ser desprezado pelo Direito.
Lei 9.784/99: artigo 2.º, IV. Dever expresso do Poder Público de atuar segundo
padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé.
Artigos 3.º, I, e 4.º, II e III. Vedação às provas obtidas por meio ilícito: artigo 30,
e às provas ilícitas, desnecessárias ou protelatórias: artigo 38, parágrafo 2.º.
Princípio da oficialidade
Poder de iniciativa conferido à Administração Pública para instaurar o processo,
na instrução do processo e na revisão de suas decisões. Compreende tanto a impulsão
de ofício quanto a instrução de ofício. Cabe à Administração Pública tomar todas as
providências necessárias ao trâmite contínuo para que se chegue, sem delongas, à deci-
são final.
Princípio do contraditório
É a audiência bilateral. Propicia aos sujeitos a ciência de dados, fatos, documen-
tos, argumentos, de modo a que sejam apresentados outros dados, fatos, documentos e
argumentos. Paridade de armas.
Preclusão administrativa
É a perda da faculdade processual pela inércia ou intempestividade de seu exer-
cício por parte de quem a podia fazer atuar.
ção (faculdade) e da anulação (dever), não é possível falar-se em coisa julgada admi-
nistrativa.
Revisão administrativa
Constitui um verdadeiro poder-dever (homenagem aos princípios da legalidade,
da boa-fé, da indisponibilidade do interesse público, da finalidade).
Revisão do processo – a qualquer tempo, sempre que houver um fato novo que a
justifique. Não vale a mera alegação de injustiça.
Reformatio in pejus
O artigo 64 da Lei 9.784/99 expressamente prevê a possibilidade de reforma da
decisão para pior. Analisando o recurso, a autoridade competente poderá agravar
da pena, exigindo, devendo ser cientificada a parte para que se manifeste.
A Lei 8.112/90, em seu artigo 168, parágrafo único, alberga a reformatio in pejus.
Para salvar o dispositivo, através de uma interpretação conforme, tendo em vista as
garantias constitucionais do devido processo legal e do contraditório e da ampla defesa,
antes da manifestação da autoridade superior, impõe-se a ouvida do indiciado, para que
se manifeste ante a possibilidade de agravamento da pena.
Juiz natural
Conquanto não esteja literalmente posto na Constituição, é consectário de inter-
pretação ou orientada pelo sentido do sistema constitucional. A sua incidência no pro-
cesso administrativo disciplinar garante a imparcialidade e objetividade do julgamento
administrativo.
Lei 8.112/90
plinar corresponde a uma das possíveis decisões da sindicância (dela pode resultar o
arquivamento, a imposição de penalidade leve – sindicância-processo – e a instauração
do processo administrativo disciplinar).
Inquérito ou instrução
■■ artigo 153 (acusado);
■■ artigo 154;
■■ artigo 155 (comissão vai colher todos os dados à elucidação dos fatos);
■■ artigo 156 (assegura a participação do servidor);
Indiciamento
Artigo 161 – deve especificar os fatos e dispositivos infringidos e a pena a ser
aplicada.
Defesa técnica
A defesa técnica é aquela realizada por advogado constituído nos autos e não
é obrigatória em processos administrativos disciplinares a partir do entendimento
firmado na Súmula Vinculante 5, do Supremo Tribunal Federal (STF), a qual afastou
qualquer nulidade processual decorrente da ausência de defesa técnica em processos
disciplinares. Assim, deve ser preservado o contraditório e ampla defesa no processo
administrativo disciplinar, por força do artigo 5.º, inciso LV, da Constituição Federal,
mas o seu exercício poderá ser efetuado pela parte acusada, dispensando-se a presença
de advogado.
Relatório
■■ Artigos 165 e 166.
Recurso
■ Lei 8.112/90, artigos 108 e 109 – 30 dias – previsto no Capítulo do Direito de
Petição; Lei 9.784/99, artigo 59 – 10 dias. Lei 6.174/70.
Para Diógenes Gasparini (2004), agentes públicos seriam aquelas “pessoas, físicas
ou jurídicas, que sob qualquer liame jurídico e algumas vezes sem ele prestam serviços à
Administração Pública ou realizam atividades que estão sob sua responsabilidade.”
Segundo o autor, a noção ora discutida alcança as mais variadas classes de agen-
tes, abrangendo os agentes políticos, delegados de serviço público ou de função ou ofício
público, os servidores requisitados (mesários, escrutinadores e jurados), os servidores
temporários etc.
Donde se pode afirmar que há agente público se houver função pública. Só existe
agente público se este estiver investido em função pública, independente do vínculo
jurídico com a Administração, ressaltando-se que a natureza da função também tem
que ser pública.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Di Pietro (2004, p. 554) afirma, nesse aspecto, que “não basta ter a qualidade de
agente público, pois, ainda que o seja, não acarretará a responsabilidade estatal se, ao
causar o dano, não estiver agindo no exercício de suas funções”.
Classificação
No tocante aos diferentes aspectos do conceito, Lucia Valle Figueiredo (2000)
classifica os agentes públicos em espécies, consubstanciadas nos servidores públicos
(funcionários públicos detentores de cargos públicos, contratados ou admitidos), par-
ticulares em colaboração com a Administração e agentes políticos. Em tempo, também
inclui os agentes com funções delegadas.
Dividem-se em:
■■ agentes políticos;
■■ servidores públicos;
■■ particulares em colaboração com o Administração Pública (agentes delegados).
Agentes políticos
■■ Vínculo não é profissional, mas político.
Servidores públicos
Abarca todos aqueles que têm com o Estado e entidades da Administração indi-
reta, autárquica ou fundacional relação de natureza profissional e caráter não eventual
sob vínculo de dependência.
Dividem-se em:
1. Servidores públicos civis de qualquer dos Poderes – titulares de cargos públicos
– estatutários. São os funcionários públicos. Ocupam cargos públicos estatutá-
rios. Exemplos: artigo 2.º da Lei 8.112/90 e Lei Estadual 6.174/70 (do Paraná).
Agentes delegados são aqueles que exercem uma função pública em colaboração
à Administração visando uma contraprestação. São os contratados, os delegados de fun-
ção ou ofício ou serviço, os concessionários, permissionários e autorizatários de serviços
públicos.
O exercício de sua função delegada rege-se por atos administrativos que os ligam
ao Poder Público e estabelecem cláusulas e obrigações entre as partes e a responsabilidade
do Estado no caso é subsidiária, devendo tais agentes responderem civilmente, a priori.
É a denominação mais simples criada por lei – CF, artigos 48, X; e 61, paragráfo
1.º, II, “a”, “c”. O servidor público é o ocupante de cargo público na Administração
direta, autárquica ou fundacional. A doutrina, ao estabelecer a estrutura organizacional
administrativa, assim organiza os cargos:
■■ Classe: agrupamento de cargos da mesma profissão – de graus de acesso à
carreira.
■■ Carreira: agrupamento de classes – resulta no quadro, escalonadas em hierarquia.
■■ Quadro: conjunto de carreiras, cargos isolados, funções gratificadas.
Escalonamento:
■■ isolados: não se escalonam em classes nem são inseridos em carreira. É exce-
ção porque no serviço público exige a hierarquia que seja escalonado.
Quanto à titularidade:
Emprego público: vínculo profissional, concurso público, relações regidas pela CLT.
Para que se adquira estabilidade, deve fluir o prazo de três anos, chamado de
“estágio probatório”, no qual é possível aferir a conveniência ou não de sua permanência
no serviço público e que são requisitos para a estabilidade (idoneidade moral, aptidão,
disciplina, assiduidade, eficiência etc.).
Acessibilidade e concurso
■■ Artigo 37, I e II. A CF buscou:
■■ iguais oportunidades a todos de disputar cargos ou empregos;
Veda-se a discriminação por idade ou sexo – artigo 7.º, XXX; artigo 39, parágrafo
2.º. O acesso submete-se aos princípios do artigo 37, caput. Nas estatais, o concurso é
exigido.
Provimento
É o ato de designação de uma pessoa para o preenchimento de um cargo, para
titularizar um cargo.
■■ Inicial e autônomo.
Provimento derivado
O preenchimento do cargo se liga a uma relação anteriormente existente entre o
provido e o serviço público. Deriva, procede de um vínculo anterior. Há modalidades:
Não há a mesma tipicidade que no Direito Penal por expressões vagas. Há uma certa
discricionariedade – Lei 8.112/90, artigo 128. Necessário motivação – não vincula o
relatório da comissão à autoridade que aplica a pena.
Análise geral
É cediço que a Administração Pública não é autossuficiente no sentido de aten-
der às suas próprias necessidades como também as necessidades da coletividade, tendo,
na maioria das vezes, que buscar no mercado pessoas físicas ou jurídicas, capazes de
suprir essas demandas.
Conceito de licitação
Licitação é um conjunto de atos administrativos praticados de forma ordenada e
sucessiva e que objetivam o irrestrito atendimento ao princípio constitucional da isono-
mia bem como a obtenção da proposta mais vantajosa em razão de um negócio jurídico
pretendido pela Administração Pública.
Desta forma, apresenta-se a licitação como um dos meios lícitos e hábeis através
do qual o Poder Público concretiza sua relações contratuais. Além de constituir-se em pro-
cedimento prévio aos negócios jurídicos públicos, é, segundo a melhor doutrina, o antece-
dente necessário dos contratos administrativos, sendo este o seu consequente lógico.
É mister ressaltar que o procedimento licitacional não é o único meio pelo qual
a Administração Pública contrata com terceiros. Não podemos olvidar que a regra geral,
quando da contratação com terceiros, é a instauração prévia do procedimento licitatório,
porém, a disciplina infraconstitucional contempla exceções a essa regra, autorizando o
agente público a afastar esse procedimento e contratar diretamente, se o caso concreto
se subsumir a uma das hipóteses de licitação dispensável, dispensada ou inexigível.
Através da licitação temos, sem dúvida alguma, a materialização concreta dos
princípios constitucionais da moralidade e do tratamento isonômico.
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DIREITO ADMINISTRATIVO
O tratamento constitucional
É a partir do texto constitucional que devemos iniciar o estudo acerca da disci-
plina jurídica regedora das licitações. Assim, torna-se importante destacar o contido em
seu artigo 22, XXVII, desta forma disposto:
Pelo comando acima transcrito, infere-se que à União compete legislar, de forma
privativa, acerca de normas gerais de licitação e contratação, cabendo às demais pessoas
políticas (Estados-Membros, Municípios, Distrito Federal) a faculdade de disciplinar
questões relativas às normas específicas que envolvem a matéria. Ainda no campo cons-
titucional, é mister destacar a disposição do artigo 37, XXI, assim encontrada:
Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
A disciplina jurídica
infraconstitucional: a evolução normativa
Em matéria licitacional, aplica-se, além dos preceitos de natureza constitucional,
todo um arcabouço de normas ordinárias ou infraconstitucionais.
A partir de então, a Lei 8.666/93 vem, ao longo destes últimos anos, sofrendo
inúmeras modificações, conforme segue, em apenas alguns exemplos elencados:
■■ Lei 8.883/94 (alterou inúmeros artigos da Lei 8.666/93);
■■ Lei 9.032/95 (alterou o parágrafo 2.º do artigo 71 da Lei 8.666/93);
■■ Lei 9.648/98 (alterou diversos artigos da Lei 8.666/93);
■■ Lei 9.854/99 (acresceu ao artigo 27 da Lei 8.666/93 o inciso V);
■■ Medida Provisória 2.026/2000 (institui, para a União, a modalidade de licitação
denominada “pregão”, voltada para a aquisição de bens e serviços comuns);
■■ Decreto 3.555/2000 (regulamenta o artigo 1.º da Medida Provisória que
institui o Pregão);
■■ Decreto 3.693/2000 (dá nova redação a dispositivos do Regulamento apro-
vado pelo Decreto 3.555/2000);
■■ Decreto 3.697/2000 (regulamenta a utilização de recursos tecnológicos da
informação em licitação modalidade pregão);
■■ Decreto 3.722/2001 (regulamenta o artigo 34 da Lei 8.666/93 e dispõe sobre
o SICAF);
■■ Lei 10.520/2002.
Da legalidade
Em sede licitacional, o princípio da legalidade revela-se de forma inequívoca
na disposição contida no artigo 4.º da Lei 8.666/93, ao estabelecer que todos quantos
participem da licitação têm direito público subjetivo à fiel observância da lei. Referido
dispositivo possui como destinatários não só os licitantes, mas também os eventuais
interessados em dela participar bem como os cidadãos, tendo em vista o interesse
público envolvido.
Por esse princípio, os certames licitacionais, em todas as suas fases, encontram-se
vinculados à disciplina jurídica regedora da matéria, obrigando que os vários atos
praticados ao longo do competitório guardem absoluta conformidade com a lei em seu
sentido amplo.
Da impessoalidade
O princípio da impessoalidade figura entre os referidos no texto constitucional.
Ao fixá-lo, o constituinte reiterou que a Administração Pública deve pautar suas ações
sem favoritismos, sem perseguições, sem privilégios, sem direcionismos de ordem
subjetiva. Igualmente, acentuou que discriminações infundadas não podem ser toleradas
na gestão da coisa pública.
Da igualdade
O princípio da igualdade ou da isonomia tem fundamento constitucional, visto
que a Carta Magna proclama que todos são iguais perante a lei.
[...] a afirmação todos os cidadãos são iguais perante a lei significava, tradicionalmente, a
exigência de igualdade na aplicação do direito. Numa fórmula sintética, sistematicamente
repetida, e que pertence a Anschütz: “as leis devem ser executadas sem olhar às pessoas.
Essa igualdade, todavia, não pode ser considerada em termos absolutos; assim,
pode a Administração licitadora estabelecer certas discriminações, desde que funda-
mentadas, compatibilizando o referido princípio com o interesse público objetivado.
Da publicidade
De compreensão imediata, referido princípio tem por escopo garantir a transpa-
rência da atividade administrativa, de maneira a possibilitar a todos plena ciência dos
atos dela emanados, ciência esta para que – em se discordando da providência adotada
pelo agente público – sejam acionados os competentes mecanismos de controle.
Por esse princípio, todos estão jungidos ao instrumento convocatório, dele não
podendo fugir, sob pena de ferir as “regras do jogo”, tornando passíveis de nulidade os
atos praticados sem previsão nesse instrumento ou dele divorciados, constituindo-se
em garantia do tratamento igualitário a ser dispensado a todos os licitantes ao longo do
procedimento licitacional.
Do julgamento objetivo
Pelo princípio do julgamento objetivo, estampado no caput do artigo 3.º, bem
como nos artigos 44 e 45 da Lei 8.666/93, afasta-se, desde logo, qualquer fator ou con-
dição que possa representar, para a comissão julgadora, escolhas pessoais, impressões
ou preferências de ordem subjetiva.
O legislador federal da disciplina jurídica das licitações fez clara opção pelo critério
objetivo, estabelecendo que, na grande maioria dos certames instaurados, a Administra-
ção Pública deve adotar o tipo de licitação com menor preço, afastando-se assim, todo e
qualquer grau de subjetividade que possa atribuir à comissão de licitação por ocasião do
julgamento e classificação das propostas.
Modalidades de licitação
A Lei 8.666/93 contempla as seguintes modalidades de licitação: concorrência,
tomada de preços, convite, concurso, leilão e pregão.
■■ Concorrência: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na
fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos
de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
■■ Tomada de preços: é a modalidade de licitação entre interessados devida-
mente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propos-
tas, observada a necessária qualificação.
■■ Convite: é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao
seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo
de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado,
cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na
correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedên-
cia de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
■■ Concurso: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para esco-
lha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prê-
mios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e
cinco) dias.
■■ Leilão: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de
bens móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apre-
endidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no artigo
19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
■■ Pregão: é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns,
promovida no âmbito de todas as unidades da federação. O objeto são bens e
serviços encontrados de forma padronizada no mercado, qualquer que seja o valor
estimado da contratação, em que a disputa pelo fornecimento é feita por meio de
propostas e lances em sessão pública.
Tipos de licitação
Uma vez elaborado o ato convocatório e após exame e aprovação da assessoria
jurídica da Administração, conforme preceitua o parágrafo único do artigo 38 da Lei
8.666/93, há que se dar a devida e necessária publicidade ao certame, na forma e inten-
sidade determinada pelo artigo 21 do mesmo Diploma Legal, tendo início a fase externa
do competitório.
Na fase externa, ocorre o recebimento dos envelopes bem como as sessões públi-
cas destinadas à sua abertura, a decisão quanto à habilitação ou inabilitação de lici-
tantes, o julgamento e classificação de propostas, o processamento e julgamento dos
eventuais recursos, enfim, o rito procedimental para essa fase encontra-se descrito no
artigo 43, da Lei de Licitações.
Uma vez adotado, haverá influência direta na fase interna e externa do certame,
na medida em que licitações do tipo menor preço serão processadas em duas etapas e, por
conseguinte, apenas dois envelopes deverão ser apresentados pelos licitantes (Habilita-
ção e Proposta Comercial). Por outro lado, nos certames do tipo melhor técnica ou técnica
e preço, a competição se dará em três etapas, devendo ocorrer a apresentação de três
envelopes (Habilitação, Proposta Técnica e Proposta Comercial).
Fases da licitação
No plano doutrinário, é uníssona a assertiva de que o procedimento licitatório
divide-se basicamente em duas fases: uma interna e outra externa.
Análise geral
■ Ideia de supremacia da Administração Pública.
■ Cláusulas exorbitantes.
Características
A principal característica é a presença de claúsulas exorbitantes (que exorbitam
do direito comum e expressam a posição de supremacia do interesse público gerido pela
Administração Pública). São elas:
■ fiscalização da execução;
■ rescisão unilateral.
■■ equilíbrio econômico-financeiro (garantia que não pode ser afetada pela lei);
■■ adesão;
■■ oneroso.
■■ Alteração unilateral – artigo 65, I: até 25% para mais ou para menos do valor
para serviços, compras, obras e 50% para acréscimo em reformas. O professor
Marçal Justen Filho (2003) diz que esse é o máximo para ser imposto, mas que
pode ser ultrapassado no consenso (art. 65, §1.º).
■■ Alteração bilateral – artigo 65, II: consenso, para melhor execução, por fato
superveniente, fato do príncipe e da administração e para reestabelecer o equi-
líbrio econômico-financeiro.
■■ A exceptio non adimpleti contractus – artigo 78, XV e XIV, cabe após 90 dias.
Prazo e prorrogação
Artigo 57 da Lei 8.666/93: veda-se o prazo indeterminado. A duração está ads-
trita à vigência do crédito orçamentário. Exceção: plano plurianual; serviços contínuos
(prorrogação até o limite de 60 meses) mais 12 meses e aluguel de equipamentos e
programas de informática até 48 meses.
Garantias e eficácia
Artigo 56 da Lei 8.666/93: são escolhidas pelo contratado (caução em dinheiro
ou títulos da dívida pública, seguro-garantia, fiança bancária).
Sanções administrativas
Administrativas (arts. 86 a 88) e penais (arts. 89 a 92, 96 e 99):
Equilíbrio econômico-financeiro
■■ Igualdade.
■■ Intangível a equação.
Observações
■■ A equação econômico-financeira é direito do contratante.
Requisitos:
■■ a manutenção do serviço concedido num preço limite, que, após evento impre-
visível, apresenta-se insuficiente para a economia do contrato;
■■ ônus extracontratual;
Elemento indispensável
Superveniência de fato inesperado que torne impossível o cumprimento da obri-
gação assumida.
Controles do Estado
■■ Judicial: desvio de poder/anulação – artigo 5.º, XXXV.
■■ Legislativo: Tribunal de Contas.
■■ Administrativo: revogação/anulação; artigo 74 – controle interno.
■■ Popular: democracia participativa.
Espécies de contratos
■■ Contrato de concessão de serviço público.
■■ Contrato de concessão de serviço público precedido de execução de obra
pública.
■■ Contrato de obra pública.
■■ Contrato de fornecimento.
■■ Contrato de alienação.
■■ Contrato de empréstimo público.
Conceito de concessão
Concessão de serviço público é ato complexo, através do qual o Estado atribui
a alguém o exercício de um serviço público e este aceita prestá-lo em nome do poder
público sob condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Estado, mas por sua
conta, risco e perigos, remunerando-se com a própria exploração do serviço, geralmente
pela cobrança de tarifas diretamente aos usuários do serviço, e tendo a garantia contra-
tual (MELLO, 2004).
Transferência da concessão
O concessionário só pode repassar a concessão a outrem com a concordância da
Administração Pública (Lei 8.987/95, art. 27). Celso Antonio Bandeira de Mello diz ser
inconstitucional porque fere o princípio da licitação e da isonomia.
Prazo e prorrogação
O prazo é determinado: não há critério na lei.
Poderes do concedente
■■ Inspeção e fiscalização.
■■ Alteração unilateral.
■■ Extinção antes do fim do prazo.
■■ Interrupção.
Direitos do concessionário
■■ Respeito ao equilíbrio econômico-financeiro.
■■ Não pode ser exigido desempenho de atividade estranha ao objeto da conces-
são.
Tarifas
Módicas, acessíveis aos usuários; remuneração básica do concessionário fixada
pelo preço da proposta e preservada pelas regras de revisão da lei, edital e contrato.
O tema das parcerias público-privadas, que tem como objetivo primordial colocar
a iniciativa privada junto com o Estado na função de prestar serviços que anteriormente
cabiam somente a este, não é necessariamente uma novidade. Dentro dessa perspectiva,
foi editada a Lei 11.079/2004 com o fim de suprir pontos inexistentes para viabilizar
parcerias e que seriam interessantes, de acordo com as experiências internacionais, para
a Administração Pública.
[...] contrato organizacional, de longo prazo de duração, por meio do qual se atribui a
um sujeito privado o dever de executar obra pública e (ou) prestar serviço público, com
ou sem direito a remuneração, por meio da exploração da infraestrutura, mas mediante
uma garantia especial e reforçada prestada pelo Poder Público, utilizável para obtenção de
recursos no mercado financeiro.
[...] tem por objeto (a) a execução de serviço público, precedida ou não de obra pública,
remunerada mediante tarifa paga pelo usuário e contraprestação pecuniária do parceiro
público, ou (b) a prestação de serviço que a Administração Pública seja usuária direta ou
indireta, com ou sem execução de obra e fornecimento e instalação de bens, mediante
contraprestação do parceiro público.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2005, p. 162), identificando que a distinção entre
concessão de serviço público e concessão patrocinada é de regime jurídico e não propria-
mente conceitual, define o referido modelo de parceria público-privada como
[...] contrato administrativo pelo qual a Administração Pública (ou o parceiro público)
delega a outrem (o concessionário ou parceiro privado) a execução de um serviço público,
precedida ou não de obra pública, para que o execute, em seu próprio nome, mediante
tarifa paga pelo usuário, acrescida de contraprestação pecuniária paga pelo parceiro pri-
vado.
[...] cujo objeto terá como usuário direto ou indireto a Administração Pública, os pagamen-
tos serão devidos integralmente pelo parceiro público e não custeados mediante cobrança
de preços baseados em tarifas.
Desapropriação
Conceito
Procedimento através do qual o Poder Público, fundado em uma necessidade
pública, utilidade pública ou interesse social, compulsoriamente despeja alguém de
um bem certo, adquirindo-o para si em caráter originário, mediante indenização
prévia, justa e pagável em dinheiro, salvo no caso dos imóveis que não cumpram a
função social, caso em que a indenização far-se-á em Títulos da Dívida Pública, em
parcelas anuais e sucessivas.
Espécies
■ Necessidade.
■ Utilidade.
■ Interesse Social.
c) Desapropriação.
■ Reforma Agrária:
a) Artigos 184, 185, 186, da Constituição Federal (CF) (ausência de função
social).
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,
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DIREITO ADMINISTRATIVO
b) Latifúndios improdutivos.
c) Não se pode questionar o interesse social, só o preço.
Fundamento
Supremacia do interesse público.
Consequências:
■■ A propriedade se consolida com o Poder Público, mesmo se o pagamento do
preço for feito à pessoa errada.
■■ Desaparecimento de quaisquer ônus reais. O bem é adquirido limpo.
Requisitos
■■ Necessidade pública.
■■ Utilidade pública ou interesse social.
■■ Indenização prévia, justa, em dinheiro ou Títulos da Dívida Pública.
Exemplo:
■■ Utilidade pública:
■■ segurança nacional;
■■ salubridade pública;
■■ assistência pública;
■■ higiene, decoração;
■■ saúde;
■■ serviços públicos;
■■ logradouros públicos;
Exemplo:
■■ Interesse social:
■■ bem improdutivo;
■■ reserva florestal;
■■ casas populares;
■■ água;
■■ proteção do solo.
Interesse social
Caduca a declaração em dois anos.
Competência: só da União.
Competências
Para legislar: União, CF, artigo 22, II.
Objeto
Tudo que for expressão do direito de propriedade. Bem móvel, imóvel, corpóreo,
incorpóreo, direitos em geral. Com exceção dos direitos personalíssimos, por não terem
conteúdo patrimonial.
Bens públicos podem ser desapropriados, desde que com autorização legislativa
(União-Estado/Estado-Município).
Beneficiários
Pessoas jurídicas de Direito Público ou concessionárias (delegadas).
Fases
■■ Declaratória: declaração de utilidade pública.
Duas espécies:
Tem prazo de validade, caduca (deve o poder promover os atos concretos para
sua efetivação).
Justa indenização
Valor do bem + juros + honorários + correção monetária.
Desapropriação indireta
Apossamento pelo Poder Público sem as formalidades. O proprietário vai ao
judiciário para ser indenizado.
Controle judicial
■ Preço justo.
■ Nulidades processuais.
■ Motivação da lei.
Retrocessão
Retorno ao particular pelo fato de o Poder Público não aplicar a finalidade que
desencadeou a desapropriação ao imóvel (direito de preferência).
Requisição
Obrigação de prestação de serviço ou cessão transitória do uso da coisa. Unilateral,
autoexecutória, CF, artigo 5.º, XXV.
Servidão administrativa
Direito real que sujeita um bem a suportar uma utilidade pública, em que ficam
afetados parcialmente o uso e o gozo.
Tombamento
É intervenção destinada a proteger a propriedade e o patrimônio histórico/artís-
tico de interesse público em geral. O proprietário pode usar o bem, mas não alterá-lo.
Deve conservá-lo sob imposição de gravame.
Noções preliminares
■ Evolução histórica.
Conceito
São todos os bens pertencentes às pessoas jurídicas de Direito Público.
Classificação
■ Regime do Código Civil – distinção entre bens públicos e particulares:
■ bens de uso comum do povo;
■ bens de uso especial;
■ bens dominicais.
■ Quanto ao regime jurídico:
■ bens do domínio público do Estado (bens de uso comum e uso especial);
Afetação e desafetação
Afetação e desafetação: expressas e tácitas. Entendimento doutrinário acerca da
desafetação tácita (decorrente de fato ou do não uso).
■■ Inalienabilidade.
■■ Imprescritibilidade.
■■ Impenhorabilidade.
■■ Impossibilidade de oneração.
Formas de aquisição
Formação do patrimônio público (formas de aquisição)
■■ Regidas pelo regime privado: compra, recebimento em doação, permuta, usu-
capião, acessão, herança jacente.
■■ Regidas pelo Direito Público: desapropriação, requisição de coisas móveis
consumíveis, aquisição por força de lei, adjudicação em processo de execução
fiscal e investidura.
O Estado, pela própria essência do Poder que exerce, pode produzir danos em
todas as suas esferas, seja no âmbito do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário.
A opção pelo termo Estado é a adotada em função da amplitude que confere, vez
que abrange tanto a atividade típica da Administração como a atividade judicial e legis-
lativa, todas passíveis de causar lesão ao cidadão em sua esfera individual de direitos.
Conceito e extensão
Não se ignora que presentemente é sempre maior a ingerência do Estado na vida
do cidadão. A razão de ser da Administração Pública, como aparato constituído pelo
Estado objetivando a consecução dos seus objetivos, é o gerenciamento da coisa pública,
tendo por fim a realização do bem comum.
Essa atividade desenvolve-se através de seus agentes, os servidores públicos em
geral. É possível que esses agentes, no desempenho das missões que lhe foram outorga-
das, provoquem dano ao patrimônio dos cidadãos. Assim agindo, compelem o Estado à
obrigação jurídica de compor tais danos, indenizando os prejuízos que se verificarem.
Evidencia-se que a Administração responde perante os particulares, pelos atos
de seus agentes que venham em prejuízo daqueles. Esse dever jurídico decorre tanto da
igualdade dos direitos, como também da solidariedade de todos perante os encargos
sociais.
Assim, compreendidos dentro da atuação estatal capaz de produzir danos ao
patrimônio particular estão os comportamentos unilaterais comissivos ou omissivos,
lícitos ou ilícitos, materiais ou jurídicos, todos jungidos à tutela jurídica.
Pela mesma razão que o cidadão é obrigado a reparar os danos que porventura
vier a causar a terceiros, deve o Estado indenizar suas vítimas, por imposição lógica do
princípio da igualdade de todos perante a lei, cânone da Administração Pública, erigido
à categoria de mandamento constitucional.
Donde, então, configura-se por demais antijurídico o comportamento da Admi-
nistração Pública, que, ao exercer atividades no interesse de toda a comunidade, onere
desigualmente algum cidadão, não providenciando o ressarcimento ao lesado.
Tal atuação afronta a própria ordem jurídica, a qual assenta-se na máxima de
que o Poder Público somente pode agir secundum legem, e, salvo melhor juízo, não existe
lei que determine a omissão do Estado em tais casos. Pelo contrário, a própria Carta
Federal disciplinou o assunto, determinando a reparação em caso de dano, de forma
objetiva.
Dessa maneira, por ser o Estado sujeito de direitos e obrigações, é plenamente
responsável, na exata concepção jurídica da palavra, o que implica no dever-poder de
reparação em caso de dano, desde que configurado o nexo lógico entre o prejuízo e a
atuação do ente estatal.
Teorias aplicáveis
A teoria da irresponsabilidade do Estado teve sua formação com o crescimento dos
estados absolutos e consagrou-se, fundamentalmente, com a afirmação da ideia de sobe-
Teoria da culpa
Tal corrente doutrinária representou uma forte dissociação ao princípio da irres-
ponsabilidade do Estado, já antes aclarado. Por ela pregava-se uma distinção entre os
atos praticados pela Administração Pública, a qual ensejaria ou não a indenização pelo
Estado.
Com efeito, o grande mérito dessa teoria foi romper com os tradicionais argu-
mentos utilizados para supedanear a irresponsabilidade absoluta do Estado, contes-
tando a sua essência, conteúdo e aplicabilidade. A teoria da culpa foi o alicerce para o
desenvolvimento do que hoje denominamos responsabilidade objetiva do Poder Público,
em todas as suas nuances.
Para fundamentar a teoria da culpa, fazia-se uma clara distinção entre os atos
emanados da Entidade Estatal, destacando-os como atos de império e atos de gestão,
donde decorriam sérias e gravosas consequências.
A doutrina da culpa civil acabava por não explicar ou proteger a lesão ocasionada
por falha da máquina administrativa, na qual não se podia individuar o agente público,
ou ainda, aquela resultante da própria falta de serviço, denominada culpa anônima da
Administração ou culpa administrativa.
Teorias do risco
No Brasil, a responsabilidade objetiva ou direta foi assentada na Constituição
Federal (CF) de 1946, sepultando a teoria subjetiva da culpa, passando a comunidade
jurídica a conviver com a teoria do risco. Tal teoria fundamentava-se na atividade de risco
que a administração desenvolve na figuração de seus misteres.
O cidadão não mais teria que provar em juízo culpa ou dolo do funcionário ou da
Administração, dado o caráter objetivo da reparação do dano, bastando somente trazer
aos autos o nexo de causalidade entre o evento danoso e o Poder Público. O elemento
norteador da indenização deixou de ser a falta de serviço para repousar no fato do ser-
viço.
Uma justiça distributiva, com a partilha dos ônus e encargos sociais entre toda
a sociedade. Para compensar a desigualdade individual entre Administração e cidadão,
todos os componentes da coletividade devem concorrer para a reparação do dano. A
ideia é a de que os benefícios advindos da atuação estatal repartem-se por todos, assim
como os prejuízos sofridos por alguns. O equilíbrio de encargos sociais deve ser man-
tido entre todos os particulares, sem distinções.
Resta clara a ideia de função administrativa como pressuposto lógico para a qua-
lificação do dano como indenizável e para a configuração do nexo lógico entre o evento
danoso e a atuação do agente estatal.
Responsabilidade da Administração
por ato de seus agentes (objetiva em relação
ao Estado e subjetiva em relação ao funcionário)
A Carta Política consagrou definitivamente a teoria objetiva nas relações Estado-
-cidadão, vez que, se contrário fosse, teria estendido a exigência de comprovação de dolo
ou culpa (da teoria subjetiva – relações entre Estado e funcionário), o que de fato não
ocorreu.
Elemento subjetivo só aparece de forma eventual, que pode ocorrer tão somente
para determinar a ação regressiva da Administração contra o servidor.
Da denunciação da lide
A circunstância de, integrando a lide, o servidor público passar a discutir e pos-
sivelmente tentar comprovar a ausência de culpa ou dolo no ato omissivo ou comissivo
que eventualmente praticou implicaria a fragilização da responsabilidade objetiva.
Outros defendem que não é obrigatória, sendo a denunciação da lide pelo Estado
ao seu agente público facultativa, porém, uma vez exercitada pelo órgão estatal, não
pode ser vedada pelo Poder Judiciário.
Excludentes e atenuantes
da responsabilidade do Estado
Existem hipóteses certas e determinadas em que o caso concreto nos apresenta
situação de exclusão total (excludentes) ou parcial (atenuantes) da responsabilidade do
Estado. São elas: caso fortuito e força maior, culpa da vítima e estado de necessidade.
Caso fortuito e força maior representam a primeira classe de situações que afas-
tam ou diminuem a responsabilidade estatal. Essas duas situações são e foram objeto de
divergência doutrinária sob todos os aspectos, constituindo verdadeiro terreno move-
diço, ao passo que aquilo que certos tratadistas consideram caso fortuito para outros é
a exata definição de força maior e vice-versa.
Como dito, para alguns, caso fortuito é o evento imprevisível decorrente da ativi-
dade humana, no caso, falha da máquina administrativa, e por tal característica enseja
responsabilidade do Estado (ex.: explosão dos fios da rede elétrica), enquanto força
maior é o evento imprevisível decorrente da ação da natureza, inevitável pelo Estado,
não podendo desse modo ser propiciadora da referida responsabilidade (ex:. tufão, ter-
remoto, dilúvio etc.).
No entanto, para outros, as definições são exatamente inversas, sendo caso for-
tuito o evento decorrente da natureza e força maior aquele oriundo da ação humana.
personalidade jurídica de Direito Privado, sempre prestam, com maior ou menor inten-
sidade, serviço público (entendida a expressão em sentido amplo): as duas primeiras
Entidades, quando a atividade econômica se identifica com o serviço público; a última
quando o objetivo de sua instituição é caracterizar a prestação de um serviço público.
O artigo 37, parágrafo 6.º, da Carta Magna Federal, precisou o alcance exato da
responsabilidade civil do Estado, ao taxativamente incluir sob a responsabilidade obje-
tiva as empresas privadas prestadoras de serviços públicos.
Responsabilidade subsidiária
do Estado por ato das pessoas jurídicas
de Direito Privado prestadoras de serviço público
Na omissão da pessoa jurídica delegada, o Estado responde, ainda que subsidia-
riamente.
Não se pode olvidar que se o dano existiu em função do múnus público, e se seu
caráter é anormal e especial, a responsabilidade objetiva persiste e o Estado responde
subsidiariamente sim, pelos mesmos motivos que o levam a responder quando se trata
de ato derivado de agente público.
A reparação deve ser efetuada, ainda que subsidiariamente, pois, em última aná-
lise, foi o Estado que colocou nas mãos do particular o exercício da atividade pública
que lesionou o cidadão.
Responsabilidade do Estado
em função da atividade legislativa
A reparabilidade de danos gerados em função de atos legislativos é matéria pouco
pacífica, ensejadora de grandes debates doutrinários, ora os autores se posicionando
pela corrente da irresponsabilidade, ora da responsabilidade, com ou sem reservas.
Responsabilidade do Estado
em função da atividade judicial
Desde logo, fixamos nosso posicionamento, entendendo que à atuação jurisdi-
cional danosa deve necessariamente corresponder a indenização do Estado.
De outra sorte, não podemos nos esquecer que a Constituição em seu artigo 5.º,
LXXV, determina que “o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como
o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.”
Da reparação do dano
A reparação do dano imposta ao Estado pode implementar-se de forma ami-
gável, caso em que a própria Administração reconhece a lesão a direito e procede ao
pagamento da indenização, ou então ser obtida através de ação de indenização, com
competente direito de regresso do Estado.
Introdução
Sabe-se que os atos administrativos gozam de presunção de legitimidade. Toda-
via, essa presunção não poderia existir se não fosse acompanhada de uma contrapartida,
vale dizer, da possibilidade de o cidadão provocar a revisão dos atos que considere que
não sejam inteiramente ilegais.
Ideias básicas: legalidade ampla, sistema, princípios, normas, preceitos, atos nor-
mativos, constituição, proteção de direitos fundamentais, posição pela garantia de direi-
tos fundamentais e não pelas razões de estado.
Pressupostos do controle
Administrar é a atuação de quem não tem vontade própria. A lei é o motivo
e a base do controle. O controle é a garantia da eficácia do princípio da legalidade.
Controle é o poder da Administração Pública de fiscalizar seus atos com base na lei,
corrigindo-os no que discreparem na base legal.
A legalidade deve ser entendida no sentido amplo (princípios não expressos, dis-
positivos legais, CF, princípios expressos). O controle é repercussão direta do princípio
da indisponibilidade do interesse público. Pode ser exercido pela Administração sobre
ela mesma ou sobre particulares (poder de polícia).
O procedimento é a forma de exercício do controle. Lei Federal 9.784/99 –
lei de processo administrativo federal. Princípios aplicáveis: legalidade, oficialidade,
verdade material, garantia da defesa. O controle da Administração Pública é exercido
sobre os atos administrativos dos três Poderes, podendo ser administrativo, legislativo
ou judiciário.
Conceito e finalidade
O controle da Administração Pública ou controle dos atos administrativos
consiste no dever atribuído pela Constituição Federal (CF) ou pela própria lei de
fiscalização, correção e orientação da atuação dos agentes públicos no exercício de suas
funções, tendo por escopo adequar as ações administrativas ao ordenamento jurídico.
atos, desfazendo-lhes seus efeitos e conformando-os à letra da lei, bem como aos prin-
cípios norteadores das ações públicas.
Panorama constitucional
do controle da Administração Pública
É possível afirmar que a figura do controle da Administração Pública tem como
fonte nascedoura primária a CF, lei suprema de um Estado que estabelece normas rela-
tivas à formação dos poderes, forma de governo, distribuição de competências, direitos,
deveres e garantias do cidadão. É bem verdade que a própria lei em sentido estrito tam-
bém pode ser caracterizada como fonte do controle, porém, de característica secundária.
Externo e interno
O sistema constitucional estabelece, basicamente, dois tipos de controle da ati-
vidade administrativa, tendo por escopo a verificação não só da legalidade, mas da legi-
timidade, da economicidade dos atos e também do seu próprio mérito. Tais controles,
como já dissemos anteriormente, atuam em defesa da própria Administração Pública e,
principalmente, do cidadão.
Assim, estatui-se, em sentido amplo, duas formas de controle, o interno e o
externo da Administração Pública, podendo, cada uma dessas formas, ser exercida de
maneiras diversas, conforme veremos adiante.
O controle interno vincula o agente público ao dever de controlar seus próprios
atos, avaliando o cumprimento de metas, a execução de programas de governo e dos
orçamentos, dentre outras ações.
O bom administrador, seja ele público ou privado, planeja, programa, traça metas
e objetivos, executa-os e tem o dever funcional de constatar se a execução encontra-se
em perfeita harmonia com tudo aquilo que fora planejado.
O controle interno ou controle administrativo, como lecionam alguns autores, é
aquele realizado pela própria entidade ou órgão produtor do ato controlado, na esfera
da própria Administração.
De acordo com o comando constitucional federal, consignado no artigo 74,
todos os Poderes deverão manter um sistema de controle interno de forma integrada.
Tal sistemática, além de propiciar uma garantia à própria Administração produtora do
ato, pois os reputados como atos ilegítimos, inoportunos ou inconvenientes deverão ser
expurgados, cumpre finalidades imprescindíveis para a boa gestão da coisa pública.
Dispõe ainda a Constituição que se os responsáveis pelo controle interno tiverem
conhecimento de alguma irregularidade ou ilegalidade e não derem ciência ao Tribunal
de Contas, responderão solidariamente.
O controle interno ou controle administrativo, previsto na Carta Magna, decorre
do princípio da autotutela, constitucionalmente implícito, através do qual impõe-se à
autoridade competente o dever de analisar a legitimidade e o mérito de seus próprios
atos, devendo expurgar aqueles tidos por ilegítimos, inoportunos ou inconvenientes ao
interesse público.
Por outro lado, torna-se imprescindível, no Estado Democrático, a existência do
controle externo dos atos da Administração levado a efeito por órgão não integrante da
estrutura do controlado.
Objetivo e subjetivo
Subjetivo exercido sobre a forma de atuar do agente. Objetivo exercido sobre o
ato administrativo.
Hierárquicos ou finalísticos
Hierárquico é o que resulta automaticamente do escalonamento vertical dos
órgãos do executivo, em que inferiores estão subordinados aos superiores. Pressupõe
as faculdades de supervisão, coordenação, orientação, fiscalização, aprovação, revisão e
avocação das atividades controladas
Reclamação administrativa
Recurso administrativo particular, deduz manifestação em relação de oposição a
atos da Administração Pública que afetem direitos ou interesses legítimos seus.
Representação
Significa a vontade do indivíduo em reclamar contra o abuso de autoridade, abuso de
poder ou irregularidades. Instrumentalizado pelo direito de petição (CF, art. 5.º, XXXIV).
Denúncia de irregularidade cominada com o pedido de providências. A Lei 4.898/65
regulamenta o direito de representação. Aplicação da Lei 8.429/92, artigo 14, que trata
da improbidade administrativa.
Recurso hierárquico
Funciona com os vínculos de hierarquia que unem os agentes públicos adminis-
trativos. Dividem-se em próprios e impróprios.
Também é político o controle do artigo 58, parágrafo 3.º, da CF. Tem poderes
próprios de autoridade judicial só para efeitos investigatórios, não pode quebrar sigilo
bancário, mandar prender (voz de prisão) a quem se negue incriminar a si próprio. Os
poderes da CPI são os do juiz dentro da instrução e só. Ela não julga, só apura. É ato
preliminar. Não pode resultar numa pena.
Financeiro: é técnico. Artigo 70 da CF. É exercido pelo Tribunal de Contas através
de consultas, denúncias e da análise e julgamento das contas do Executivo. É atividade
fiscalizatória, sancionatória, acusatória, corretiva.
O papel do Tribunal de Contas é de grande alcance, não se cinge ao exame
só da regularidade jurídico-formal do ato administrativo, mas também analisa a
economicidade, a eficiência da atuação, o emprego do dinheiro público. Visa a probidade
da Administração, a regularidade da guarda e o emprego dos bens, valores e dinheiros
públicos, assim como a fiel execução do orçamento.
Rito sumário (simplificado, acelerado e força especial das decisões nele proferi-
das). Ato Administrativo com ilegalidade ou abuso de poder praticado por autoridade.
A legalidade é de conceito amplo. Exemplo: ato imoral que ofende direito líquido e
certo pode ser afastado por mandado de segurança. Direito líquido e certo é aquele
que pode ser comprovado de plano. São os fatos que são líquidos e certos. Por isso não
admitem prova, só no caso de o documento essencial encontrar-se com a autoridade e
for negado.
É ação de uso residual, pois serve para amparar direito líquido e certo não ampa-
rado por habeas corpus ou habeas data. Pode ser tanto individual quanto coletivo, preven-
tivo ou repressivo.
■■ Individual para defesa de direito individual (CF, art. 5.º, LXIX).
■■ Coletivo está disciplinado nos artigos 5.º, LXX, e 105, da CF (exemplo: par-
tido político com representação no Congresso, organização sindical quando
ferir seu associado). É de interesse geral. É aquele que pode ser utilizado
em benefício de um grande número de pessoas. O objeto é a defesa de um
direito coletivo. Tem os mesmos pressupostos do mandado individual.
Tudo o que se referir à cidadania é de interesse do partido político, que é o
que detém a maior extensão do mandado de segurança coletivo. Só basta a
representação no Congresso.
Por vezes, para que o mandado de segurança possa ter esse caráter preventivo
da consumação da lesão e, portanto, atingir a sua finalidade, torna-se necessário a con-
cessão de uma medida liminar, que vem a ser uma antecipação do pedido feito ao juiz,
com vistas a evitar a periclitação do direito antecipatório à sua fruição, com caráter, no
entanto, precário e provisório, dependente da confirmação da sentença.
vidade, substituindo-a. É movida contra qualquer pessoa ou entidade que pratique atos
lesivos ao patrimônio público, histórico e cultural. É disciplinada pela Lei 4.717/65.
Ação civil pública é instrumento pelo qual o Ministério Público postula judicial-
mente a defesa do patrimônio público e social, do meio ambiente, do consumidor, de
interesses difusos e coletivos. Pode ser proposta em caso de lesão ou ameaça de lesão.
É disciplinada pela Lei 7.347/85.
A diferença entre a ação civil pública e a ação popular depois da CF, que através
do artigo 129, parágrafo 1.º, alargou o objetivo da ação civil pública se resumiu à legiti-
midade, que é de todo cidadão na ação popular e só do Ministério Público, União, Esta-
dos, Municípios, Autarquias, Empresas Públicas, Fundações, Sociedades de Economia
Mista, na ação civil pública. Também a ação civil pública tem um âmbito de incidência
um pouco maior. A apuração dos fatos no inquérito civil pode fazer com que o objeto
da ação se alargue. Na ação popular, busca-se a verdade formal; na ação civil pública,
busca-se a verdade material. Também é cabível a suspensão de liminar na ação civil
pública.
DALLARI, Adilson Abreu. Aspectos Jurídicos da Licitação. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
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DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2002.
FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Malhei-
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JUSTEN FILHO, Marçal. Teoria Geral das Concessões de Serviço Público. São Paulo:
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