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Uma aldeia agrícola com menos de 500 habitantes, cuja paisagem é pontuada por casas
pobres de chão de terra batida. Segundo os arqueólogos, essa é a cidade de Nazaré na
época em que Jesus nasceu, provavelmente entre os anos 6 e 4 a.C., no fim do reinado
de Herodes. Isso mesmo: segundo os historiadores, Jesus deve ter nascido alguns anos
antes do ano 1 do calendário cristão.
“As pessoas naquele tempo não contavam a passagem do tempo como hoje, por meio da
indicação do ano”, explica o historiador da Unicamp Pedro Paulo Funari, colunista do
site de História. “O cabeçalho dos documentos oficiais da época trazia apenas como
indicação do tempo o nome do regente do período, o que leva os pesquisadores a crer
que Jesus teria nascido anos antes do que foi convencionado.”
Seu nome, Jesus, uma abreviação do nome do herói bíblico Josué, era bastante comum
em sua época. Ainda na infância, deve ter brincado com pequenos animais de madeira
entalhada ou se divertido com rudimentares jogos de tabuleiro incrustados em pedras.
Quanto à família de Jesus, os pesquisadores não acreditam que ele tenha sido filho
único. Afinal, era comum que famílias de camponeses tivessem mais de um filho para
ajudarem na subsistência da família. Isso poderia explicar o fato de os próprios
evangelhos falarem em irmãos de Jesus, como Tiago, José, Simão e Judas. “As igrejas
Ortodoxa e Católica preferiram entender que o termo grego adelphos, que significa
irmão, queria dizer algo próximo de discípulo, primo”, diz Chevitarese.
Assim como outros jovens da Galiléia, é provável que ele não tenha tido uma educação
formal ou mesmo a chance de aprender a ler e escrever, privilégio de poucos nobres.
Ainda assim, nada o impediria de conhecer profundamente os textos religiosos de sua
época transmitidos oralmente por gerações.
Desde aquele tempo, a região em que Jesus vivia já era, digamos, um tanto explosiva. O
confronto não se dava, é claro, entre judeus e muçulmanos (o profeta Maomé só iria
receber sua revelação mais de cinco séculos depois). A disputa envolvia grupos judaicos
e os interesses de Roma, cujo império era o equivalente, na época, ao que os Estados
Unidos são hoje.
Alguns grupos, como os zelotes, acreditavam que o melhor a fazer era se armar e partir
para a guerra contra os romanos na crença de que Deus apareceria para lutar ao lado dos
hebreus. Para outros grupos, como os essênios, a violência era desnecessária e o melhor
mesmo a fazer era se retirar para viver em comunidades monásticas distantes das
impurezas dos grandes centros. E Jesus, de que lado estava
É quase certo que Jesus tenha tido contato com ao menos um líder apocalíptico de sua
época, que preparava seus seguidores por meio de um ritual de imersão nas águas do rio
Jordão. Se você apostou em João Batista, acertou.
O curioso é que, para a maioria dos pesquisadores, incluindo aí o padre católico John P.
Meier, autor da série sobre o Jesus histórico chamada Um Judeu Marginal, o movimento
apocalíptico de João Batista deve ter sido mais popular, em seu tempo, do que a própria
pregação de Jesus. Os historiadores acreditam que é bem provável que Jesus, de fato,
tenha sido batizado por João Batista nas margens do rio Jordão, e que o encontro deve
ter moldado sua missão religiosa dali em diante.
Apesar de não haver nenhuma restrição para que um líder religioso judeu tivesse
relações com mulheres em seu tempo, ninguém sabe ainda se entre as práticas
espirituais de Jesus estaria o celibato. Da mesma forma, afirmar que ele teve relações
com Maria Madalena, como no enredo de livros como O Código Da Vinci, também não
passaria de uma grande especulação.
Apesar de ter sido uma tragédia para seus seguidores e familiares, a morte do judeu
Yesua deve ter passado praticamente despercebida para quem vivia, por exemplo, no
Império Romano. Ou seja: se existisse uma rede de televisão como a CNN, naquele
tempo, é bem possível que a morte de Jesus sequer fosse noticiada.
E, caso fosse, dificilmente algum estrangeiro entenderia bem qual a diferença da
mensagem dele em meio a tantas correntes do judaísmo do período – assim como
poucas pessoas no Ocidente compreendem as diferenças entre as diversas correntes
dentro do Islã ou do budismo.
Os pesquisadores sabem, no entanto, que Jesus não deve ter escolhido por acaso uma
festa como a Páscoa para fazer sua pregação em Jerusalém. A data costumava reunir
milhares de pessoas para a comemoração da libertação do povo hebreu do Egito. No
período que antecedia a festa, o ar tornava-se carregado de uma forte energia política.
Era quando os judeus pobres sonhavam com o dia em que conseguiriam ser libertados
dos romanos.
Em meio às festas religiosas, o comércio da cidade florescia cada vez mais. Vendia-se
de tudo por lá, incluindo animais para serem sacrificados no templo. Os mais ricos
podiam comprar um cordeiro para ser sacrificado e quem tivesse menos dinheiro
conseguia comprar uma pomba no mercado logo em frente. A cura de todos os
problemas do corpo e da alma (na época, as doenças eram relacionadas à impureza do
espírito) passava pela mediação dos rituais dos sacerdotes do templo.
Não é difícil imaginar a afronta que devia ser para esses líderes religiosos ouvir que um
judeu rude da Galiléia curava e livrava as pessoas de seus pecados com um simples
toque, sem a necessidade dos sacerdotes. A maioria dos pesquisadores concorda que
atos subversivos como esses seriam suficientes para levar alguém à crucificação.
O que aconteceu após sua morte? Para os pesquisadores, a vida do Jesus histórico
encerra-se com a crucificação. “A ressurreição é uma questão de fé, não de história”, diz
Richard Horsley.
Com sua formação cosmopolita, Paulo lutou para que os seguidores de Jesus trilhassem
um caminho independente do judaísmo, sem necessidade de obrigar os convertidos a
seguirem regras alimentares rígidas ou, no caso dos homens, ser obrigados a fazer a
circuncisão. A influência de Paulo na nova fé é tão grande que há quem diga que a
mensagem de Jesus jamais chegaria aonde chegou caso ele não houvesse trabalhado
com tanto afinco para sua difusão.
Mesmo para quem não acredita em milagres, não há como negar que Paulo e os outros
seguidores de Jesus conseguiram uma proeza e tanto. apenas três séculos após sua
morte, transformaram a crença de uns poucos judeus da Palestina do século I na religião
oficial do Império Romano.
Por essa época, a vida do judeu Yesua já havia sido encoberta pela poderosa simbologia
do Cristo: assim como os judeus sacrificavam cordeiros para Javé, o Cristo se tornaria
símbolo do cordeiro enviado por Deus para tirar os pecados do mundo. Desde então, a
história de boa parte do mundo está dividida entre antes e depois de sua existência.
Uma misteriosa placa de pedra que parece datar do século I antes de Cristo pode vir a
mudar a percepção sobre as origens do cristianismo e revelar que os judeus, antes
mesmo de Jesus Cristo, já acreditavam na chegada de um Messias que morreria e
ressuscitaria após três dias.
Isso é o que afirma o pesquisador Israel Knohl, assegurando que sua análise de um texto
hebraico escrito nesse pedaço de rocha "poderá mudar a visão que temos do personagem
histórico Jesus". "Esse texto pode constituir o elo perdido entre o judaísmo e o
cristianismo, à medida que insere na tradição judaica a crença cristã na ressurreição de
um messias", afirma o professor de estudos bíblicos da Universidade Hebraica de
Jerusalém.
Arcanjo Gabriel
O texto em hebraico, de natureza apocalíptica, apresenta a "revelação de que o arcanjo
Gabriel vai despertar o Príncipe dos Príncipes três dias depois de sua morte". O texto
está escrito, com tinta sobre a pedra, em 87 linhas, e algumas letras ou palavras inteiras
foram apagadas pelo tempo. A análise de Knohl consiste essencialmente em decodificar
a linha 80, onde figuram os termos "três dias mais tarde" seguidos por uma palavra meio
apagada que, segundo o professor, significa "vive".
Israel Knohl
Israel Knohl ( hebraico : )ישראל קנוהלé o Yehezkel Kaufmann Presidente estudos
bíblicos na Universidade Hebraica de Jerusalém e um membro sênior do Instituto
Shalom Hartman em Jerusalém.
Knohl é mais conhecido por sua teoria de que a cultura judaica continha um mito sobre
um messias que ressuscitou dos mortos nos dias antes de Jesus Cristo. Essas teorias são
expostas no livro, O Messias Antes de Jesus: O Servo Sofredor dos Manuscritos do Mar
Morto (University of California Press, 2000).
Ele é conhecido também pelo seu Santuário do Silêncio, um livro sobre suas teorias
sobre a datação da Fonte Priestly . Neste, Knohl propõe que a fonte Sacerdotal (P) data
de um período muito antes do que normalmente é datada e, conseqüentemente, que o
Código de Santidade (H) representa um acréscimo para o código de lei de P , em vez de
a interpretação padrão, que é o inverso. Knohl sugere que H pode ter sido inserido em P
em ordem ao sacerdócio do Templo para responder às crescentes movimentos
proféticos.
Em 2007, Knohl era conhecido por sua pesquisa sobre o Apocalipse de Gabriel , um
documento antigo que aparece para dar detalhes sobre início crenças messiânicas sobre
a morte e ressurreição de um líder messiânico três dias depois.
Histórico
Outra parte dos manuscritos, encontrada nas últimas dez cavernas, estavam no Museu
Arqueológico da Palestina, em posse do governo da Jordânia, que então controlava o
território de Qumram. O governo jordaniano autorizou apenas oito pesquisadores a
trabalharem nos manuscritos. Em 1967, com a Guerra dos Seis Dias, Israel apropriou-se
do acervo do museu, porém, mesmo com a entrada de pesquisadores judeus, o avanço
nas pesquisas não foi signicativo. Apenas em 1991, com a quebra de sigilo por parte da
Biblioteca Hutington em relação aos microfilmes que Israel havia enviado para algumas
instituições pelo mundo, um número maior de pesquisadores passou a ter acesso aos
documentos, permitindo, enfim, que as pesquisas avançassem significativamente.
[editar] Autoria
A autoria dos documentos é até hoje desconhecida. Com base em referências cruzadas
com outros documentos históricos, ela é atribuída aos essênios, uma seita judaica que
viveu na região da descoberta e guarda semelhanças com as práticas identificadas nos
textos encontradas. O termo "essênio", no entanto, não é encontrado nenhuma vez em
nenhum dos manuscritos.
O que se sabe é que a comunidade de Qumram era formada provavelmente por homens,
que viviam voluntariamente no deserto, em uma rotina de rigorosos hábitos, opunham-
se à religiosidade sacerdotal e esperavam a vinda de um messias.
Antes da descoberta dos Rolos do Mar Morto, os manuscritos mais antigos das
Escrituras Hebraicas datavam da época do nono e do décimo século da era cristã. Havia
muitas dúvidas sobre a confiabilidade dessas cópias. A análise dos textos encontrados
mostra que os textos hebraicos eram bastante fluidos antes de sua canoninazação. Há
textos que são quase idênticos ao texto massorético embora haja fragmentos do livro do
Êxodo e de Samuel com diferenças significativas das cópias modernas.
Mas o Professor Julio Trebolle Barrera, membro da equipe internacional de editores dos
Rolos do Mar Morto, declarou: "O Rolo de Isaías [de Qumran] fornece prova
irrefutável de que a transmissão do texto bíblico, durante um período de mais de mil
anos pelas mãos de copistas judeus, foi extremamente fiel e cuidadosa."
O rolo mencionado por Barrera trata-se de uma peça com 7 metros de comprimento, em
aramaico, contendo o inteiro livro de Isaías. Diferentemente deste rolo, a maioria deles é
constituída apenas por fragmentos, com menos de um décimo de qualquer dos livros. Os
livros bíblicos mais populares em Qumran eram os Salmos (36 exemplares),
Deuteronômio (29 exemplares) e Isaías (21 exemplares). Estes são também os livros
mais frequentemente citados nas Escrituras Gregas Cristãs.
Embora os rolos demonstrem que a Bíblia não sofreu mudanças fundamentais, eles
também revelam, até certo ponto, que havia versões diferentes dos textos bíblicos
hebraicos usadas pelos judeus no período do Segundo Templo, cada uma com as suas
próprias variações. Nem todos os rolos são idênticos ao texto massorético na grafia e na
fraseologia. Alguns se aproximam mais da Septuaginta grega.
Os rolos que descrevem as normas e as crenças da seita de Qumran tornam bem claro
que não havia apenas uma forma de judaísmo no tempo de Jesus. A seita de Qumran
tinha tradições diferentes daquelas dos fariseus e dos saduceus. É provável que essas
diferenças tenham levado a seita a se retirar para o ermo. Eles se encaravam como
cumprindo Isaías 40:3 a respeito duma voz no ermo para tornar reta a estrada de
YHWH. Diversos fragmentos de rolos mencionam o Messias, cuja vinda era encarada
como iminente pelos autores deles. Isso é de interesse especial por causa do comentário
de Lucas, de que “o povo estava em expectativa” da vinda do Messias. — Lucas 3:15.
[carece de fontes]
Os Rolos do Mar Morto ajudam até certo ponto a compreender o contexto da vida
judaica no tempo em que Jesus pregava. Fornecem informações comparativas para o
estudo do hebraico antigo e do texto da Bíblia. Mas o texto de muitos dos Rolos do Mar
Morto ainda exige uma análise mais profunda.
[editar] Controvérsias
A associação de Jesus Cristo com a seita dos essênios ou sua influência sobre estes é
controversa. Os essênios, que viviam em comunidades isoladas, tinham conceitos muito
diferentes dos das outras seitas judaicas (Saduceus, Fariseus) sobre a Lei de Moisés.
Preocupavam-se em especial com a purificação pessoal, eram geralmente celibatários e
vestígios encontrados nas cavernas de Qumran indicam que se vestiam apenas com
túnicas brancas e acessórios simples. Havia uma interpretação muito rígida da guarda do
sábado, pois segundo suas regras, até fazer suas necessidades fisiológicas era
considerado violação ao sábado. A seita dos essênios mantinham sua estrita postura com
o sábado devido a lei de Moiséis estar vigente durante aquele periodo.
Menahem (ou Menachem), líder de uma seita judaica de Qumran, tentou liderar uma
revolta contra os Romanos, mas acabou morto por estes, que proibiram que o seu corpo
fosse enterrado. Este grupo de discípulos, ao contrário dos cristãos, logo se dissipou.
Este Menahem teria, segundo Knohl, falecido por volta de 4 a.C.
Outro académico, o cristão Michael Wise, professor nos Estados Unidos, afirma que o
messias dos pergaminhos se chamava Judah e morreu de forma violenta por volta de 72
a.C. Wise publicou o livro "The First Messiah" em 1999.