Material Digital do Professor

História – 9º ano
3º bimestre – Sequência didática 3

Desenvolvimento
Aula 1 – Os movimentos civis e a Constituição de 1988
Duração: cerca de 45 minutos.
Local: sala de aula.
Organização dos estudantes: em fileiras, voltados para o professor e para a lousa.
Recursos e/ou material necessário: lousa, giz, caderno, lápis, projetor, acesso à internet, texto sobre a Emenda Dante de
Oliveira.
Material de referência:
• Texto: Mesmo rejeitada, emenda das Diretas foi essencial para volta da democracia. Disponível em:
<www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/465550-MESMO-REJEITADA,-EMENDA-DAS-DIRETAS-FOI-
ESSENCIAL-PARA-VOLTA-DA-DEMOCRACIA.html>.
• Vídeo: Reportagem mostra bastidores da votação que derrubou a Emenda Dante de Oliveira. Disponível em:
<www2.camara.leg.br/camaranoticias/tv/materias/CAMARA-HOJE/466554-REPORTAGEM-MOSTRA-BASTIDORES-DA-
VOTACAO-QUE-DERRUBOU-A-EMENDA-DANTE-DE-OLIVEIRA.html>.
• Texto: Povo, praça, participação: 30 anos das Diretas Já. Disponível em: <http://revistahcsm.coc.fiocruz.br/povo-praca-
participacao-30-anos-das-diretas-ja/>. (Acessos em: 19 jul. 2018.)

Aula expositiva: As Diretas Já (20 minutos)

Inicie a aula retomando com os estudantes algumas características da ditadura civil-militar,
principalmente a questão da censura e da perseguição política. A partir de 1974, inicia-se um
processo de abertura política “lenta, gradual e segura”, como queriam os presidentes militares no
poder. Aos poucos e com várias ressalvas, os brasileiros foram recuperando certos direitos e
garantias democráticas, como o fim da censura, o direito ao voto nas eleições para os cargos do
Legislativo, o direito de greve e de manifestação pública. Para exemplificar esse momento, comente
sobre os movimentos grevistas dos metalúrgicos da região industrial paulista do ABC no começo dos
anos 1980. Esses movimentos eram promovidos não apenas em nome da melhoria salarial dos
trabalhadores, mas também da abertura política imediata. Lembre aos estudantes que isso redundou
na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Ressalte que as greves e manifestações políticas
nesse período foram debeladas várias vezes com o uso da violência.
Pergunte aos estudantes o que são eleições indiretas. Deixe-os opinar por um ou dois
minutos, e anote na lousa as respostas corretas. Dê a eles o exemplo mais evidente de eleição
indireta: quando o presidente é escolhido pelo voto do Congresso Nacional, e não pelo voto popular.
Explique então que, em 1983, foi elaborado um projeto de emenda constitucional no qual as eleições
de 1984, que definiriam o primeiro presidente civil desde o início da ditadura militar, seriam feitas
por voto direto, ou seja, o presidente seria eleito pelo povo, e não pelos deputados.
Discuta com os estudantes o conteúdo que trata da Emenda Constitucional Dante de
Oliveira, na qual foi proposta a volta das eleições diretas para cargos do poder Executivo. Essa
emenda reescrevia os artigos 74 e 148 da Constituição de 1967. Explique que a restauração do voto
direto não foi apenas fruto de uma movimentação política institucional, como a apresentada pela
Emenda Dante de Oliveira, mas também de uma grande mobilização popular, com a participação de
personalidades, como jogadores de futebol, artistas, além de uma enorme participação da sociedade
civil em manifestações públicas em quase todas as cidades do Brasil.
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Atividade: Texto sobre a importância das Diretas Já (25 minutos)

Na segunda metade da aula, cada estudante deverá elaborar um texto sobre a importância
do movimento das Diretas Já para a construção da democracia brasileira a partir de 1985. Para
auxiliá-los na atividade, disponibilize o texto “Mesmo rejeitada, emenda das Diretas foi essencial
para volta da democracia”. Leia o texto com os estudantes, explique e ressalte os pontos mais
importantes, principalmente aqueles que se referem à participação popular nas manifestações. Se
preferir, trabalhe o conteúdo do texto “Povo, praça, participação: 30 anos das Diretas Já”. Permita a
eles também usar as anotações feitas durante a exibição do vídeo “Reportagem mostra bastidores da
votação que derrubou a Emenda Dante de Oliveira” em sala de aula.

Alguns elementos importantes deverão aparecer nesses textos, como o processo de abertura
política, os anseios da sociedade em recuperar os plenos direitos políticos, os motivos que levaram
ao veto da Emenda Dante de Oliveira, bem como suas consequências, além do próprio movimento
pelas Diretas Já. Os estudantes deverão entregar a atividade nesta aula para o professor corrigir e
comentar na aula seguinte.

Aula 2 – A Constituição de 1988 e os direitos civis

Duração: cerca de 45 minutos
Local: sala de aula
Organização dos estudantes: grupos de quatro a cinco integrantes
Recursos e/ou material necessário: lousa, giz, caderno, lápis, internet, cartolina, caneta hidrográfica
Material de referência:
• “Constituição de 1988”. Disponível em: <http://planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
• “Brasil: Violência, pobreza e criminalização ainda tem cor, diz relatora da ONU sobre minorias”. Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/brasil-violencia-pobreza-e-criminalizacao-ainda-tem-cor-diz-relatora-da-onu-sobre-
minorias/>.
• “A violência contra a mulher”. Disponível em: <http://www12.senado.leg.br/institucional/omv/entenda-a-violencia/a-
violencia-contra-a-mulher>.
• “Quilombolas: a luta pelo direito de existir”. Disponível em: <http://reporterbrasil.org.br/2017/08/quilombolas-a-luta-
pelo-direito-de-existir/>.
• “Estatuto do índio”. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/Estatuto_do_Índio>. Acesso em: 19 jul. 2018.
• “Estatuto da criança e do adolescente (ECA)”. Disponível em: <http://adolescencia.org.br/site-pt-br/eca>. “Direito à
igualdade e à dignidade dos homossexuais no Brasil: uma análise panorâmica da jurisprudência”. Disponível em:
<www.direito.mppr.mp.br/arquivos/File/artigoMattos.pdf>. (Acessos em: 19 jul. 2018.)

Aula expositiva: A Constituição de 1988 (15 minutos)

No começo da aula, comente os textos que os estudantes fizeram, abordando alguns erros,
mostrando os acertos e retomando o conteúdo da aula anterior. Em seguida, recupere aspectos da
luta da sociedade civil no processo das Diretas Já. Fale sobre os primeiros anos do período conhecido
como Nova República, que começou de maneira conturbada, com a morte do presidente, Tancredo
Neves, eleito indiretamente pelo Congresso, e com a posse de seu vice, José Sarney. Explique aos
estudantes que esse era um momento muito delicado do ponto de vista econômico, caracterizado
por uma alta inflação e pela redução do poder de compra dos trabalhadores assalariados.
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3º bimestre – Sequência didática 3

Na reconstrução democrática, alerte os estudantes de que era necessária a criação de uma

nova Constituição, que deveria romper com a Constituição autoritária de 1967. Como exemplo, leia
para os estudantes o artigo 5º da Constituição de 1988:

“Art. 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade (Constituição Federal de 1988).”

Use o trecho para discutir a ideia de que essa Constituição procurava romper definitivamente
com a ditadura militar e voltar-se às necessidades e liberdades do cidadão, por isso ficou conhecida
como “Constituição cidadã”. Esse artigo garante, entre outros fatores, a liberdade de expressão, a
liberdade religiosa, a igualdade jurídica, a subordinação de todos perante a lei, assim como vários
outros artigos que garantem direitos e liberdades para todos os cidadãos.

Atividade: Preparação de apresentações (30 minutos)

Nesse momento da aula, forme grupos de quatro a cinco integrantes. Cada um desses grupos
vai elaborar para a próxima aula um cartaz feito em cartolina, tendo como tema um problema
enfrentado por minorias no Brasil, o que contradiz os amplos direitos que elas possuem, nos termos
da Constituição. Peça aos estudantes que leiam o artigo 5º em sua totalidade, para que, assim,
enxerguem as incoerências existentes entre o que a lei afirma e a realidade social:
• Violência contra os negros: por que ela ocorre? Trata-se de uma violência baseada em
quê? Quais são as origens desse problema? Como resolvê-lo?
• Violência contra a mulher: por que ela ocorre? Quais são suas origens? O que é a Lei
Maria da Penha?
• Direitos dos quilombolas: quem são os quilombolas? Por que eles têm direitos adquiridos
sobre as terras? Quais são os problemas atuais enfrentados por essas comunidades?
• Direitos das populações indígenas: quais são os problemas atuais que essas populações
encontram em suas terras demarcadas? Qual é o papel do governo na proteção dos
direitos dos indígenas? Por que ocorrem confrontos entre indígenas e latifundiários,
garimpeiros e outros grupos?
• Direitos das crianças: quais são os principais problemas relacionados à infância e à
adolescência nos dias atuais? Por que o trabalho infantil deve ser combatido? Qual é a
situação da criança em termos jurídicos?
• Direitos dos homossexuais: por que ocorre a violência contra os homossexuais? A
constituição garante a eles os mesmos direitos que a quaisquer outras pessoas? Que tipo
de violência eles sofrem comumente?
Permita aos estudantes discutir entre si essa problematização em relação ao tema indicado
para cada grupo e usar a internet na sala de aula ou na sala de informática da escola para embasar a
discussão. Caso necessário, leia com os grupos os textos indicados como material de referência,
procurando esclarecer as partes mais complexas e, se julgar necessário, levantando novas questões
que poderão ser trabalhadas nas apresentações e nos cartazes. Estimule-os a ilustrar os cartazes.
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Caso os grupos não consigam terminar a montagem dos cartazes em sala, oriente-os para
que os tragam finalizados na próxima aula para a apresentação.

Aula 3 – Os direitos civis e as minorias

Duração: cerca de 45 minutos.
Local: sala de aula.
Organização dos estudantes: em semicírculo.
Recursos e/ou material necessário: lousa, giz, fita adesiva para fixar os cartazes nas paredes da sala.

Atividade: Apresentação de trabalhos (45 minutos)

Nesta aula, serão apresentados os cartazes sobre as ameaças aos direitos civis que os
brasileiros sofrem atualmente. Cada um dos grupos de alunos foi orientado a trabalhar com um
grupo social que sofre violência ou atentado contra os seus direitos civis. A ordem da apresentação
dos grupos não importa, pois a intenção não é estimular a criação de uma hierarquia artificial e
inexistente entre eles.

Espera-se que cada grupo apresente, no mínimo, as seguintes conclusões acerca de suas
atividades:
• Violência contra os negros: o racismo no Brasil é algo já entranhado fortemente em
várias pessoas e segmentos sociais devido a uma herança histórica escravocrata na
colônia e no império e à ausência de políticas de inclusão ao longo da história
republicana. Isso ajuda a explicar por que a maioria da população nos presídios é de
negros, pois é entre eles que se encontram os índices educacionais mais baixos, pois eles
recebem salários piores quando comparados aos brancos, entre outras várias situações
nas quais são subalternizados. Isso é um atentado contra os direitos civis deles e viola a
igualdade inscrita na Constituição. Uma forma de corrigir essa situação é aplicando
rigorosas leis contra os crimes de racismo.
• Violência contra a mulher: historicamente, as mulheres foram encaradas como
inferiores aos homens na sociedade brasileira, que é fortemente machista e
conservadora. Isso ajuda a explicar o fato de os salários das mulheres serem quase
sempre mais baixos que os dos homens exercendo a mesma função. Além disso, muitas
mulheres são colocadas em uma posição de submissão quando o parceiro não permite
que elas trabalhem fora de casa. A Lei Maria da Penha foi criada para coibir toda e
qualquer violência contra a mulher, seja ela física, psicológica ou moral.
• Direitos dos quilombolas: as comunidades quilombolas têm suas terras garantidas pela
Constituição (artigo 88). No entanto, essas terras têm sido assediadas pelos
latifundiários, que enxergam nesses direitos um empecilho para a expansão de suas
propriedades. Além disso, os quilombolas cultivam uma agricultura de subsistência. Esse
tipo de agricultura, por não ter forte interesse de mercado, faz com que certos setores
do agronegócio considerem a concessão às terras muito mais um privilégio do que um
direito adquirido em decorrência da escravidão e da exclusão social existentes ao longo
do tempo.
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• Direitos das populações indígenas: as comunidades indígenas têm suas terras e seus
costumes garantidos nos artigos 215 e 231 da Constituição Federal de 1988, ainda em
vigor. Entretanto, as terras indígenas também têm sido alvo de assédio de latifundiários
e ruralistas, que entendem que o uso econômico dessas terras deve se sobrepor ao
direito que essas comunidades têm sobre elas. Além disso, o desmatamento, o uso de
agrotóxicos e o garimpo clandestino contaminam as terras e os rios das reservas
indígenas, afetando o modo de vida e a saúde das comunidades que ali vivem.
• Direitos das crianças: a criança não é vista como um ser incapaz, mas, sim, como um ser
humano em processo de constituição. Um dos maiores problemas sociais atualmente no
país é o trabalho infantil. Apesar de o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ser
claro quanto às condições em que esse trabalho é permitido (impedindo, por exemplo, o
trabalho de menores de 16 anos de idade), até hoje existem muitos casos em que essas
condições não são respeitadas. Esse é um problema grave, pois muitas vezes a criança é
obrigada a trabalhar para contribuir com o sustento da família. Desse modo, diversas
vezes o estudo é negligenciado, comprometendo o futuro da criança.
• Direitos dos homossexuais: os homossexuais são igualmente protegidos pelas leis que
protegem todos os cidadãos, uma vez que a legislação não reconhece as diferentes
orientações sexuais ou de gênero como fatores importantes no que tange aos direitos e
deveres de um cidadão. Entretanto, por causa do machismo e do conservadorismo
identificáveis na sociedade brasileira, são vários os casos de violência contra
homossexuais, muitas vezes com a anuência ou o desinteresse das autoridades de
segurança pública em investigá-los.
Encerre a aula explicando aos estudantes que muitas questões econômicas e culturais
acabam se sobrepondo aos direitos civis, e que é dever da própria população exigir o pleno
cumprimento desses direitos, a exemplo do que aconteceu com os movimentos civis que exigiram as
eleições diretas em 1984.

Aferição do objetivo de aprendizagem

A avaliação de aprendizagem pode ser realizada por meio das atividades propostas nesta
sequência didática e deve considerar o desenvolvimento individual de cada estudante. Observe a
participação de cada um, principalmente nas apresentações e na produção dos cartazes referentes
aos direitos civis das minorias, bem como na elaboração dos textos a respeito da participação
popular no movimento das Diretas Já.

Inicialmente, o estudante deverá ser capaz de perceber a importância dos movimentos civis
em benefício da abertura política como um momento de ruptura com uma situação anterior
caracterizada pelo autoritarismo. Além disso, deverá conseguir analisar a sua situação como membro
da sociedade civil, com base na análise feita sobre os direitos civis das minorias.
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Questões para auxiliar na aferição

1. Mesmo sem conseguir atingir plenamente seus objetivos, o movimento pelas Diretas Já foi
fundamental para superar definitivamente a ditadura civil-militar. Essa afirmação é:
a) verdadeira, pois a sociedade civil conseguiu garantir a transição para o poder civil mediante
lutas e revoltas a partir do veto à Emenda Dante de Oliveira.
b) falsa, pois a Emenda Dante de Oliveira foi aprovada por uma apertada margem de votos,
fazendo com que as eleições de 1985 fossem diretas.
c) verdadeira, pois, apesar da derrota da Emenda Dante de Oliveira, tivemos eleições indiretas
que conduziram um civil de oposição à Presidência da República, encerrando o longo ciclo de
presidentes militares.
d) falsa, pois, com a aprovação da Emenda Dante de Oliveira, os militares fecharam novamente
o Congresso Nacional, prolongando a ditadura até 1989, quando só então tivemos eleições
diretas para presidente.

2. Apesar de a Constituição de 1988 ser chamada de “Constituição cidadã”, por si só as leis não são
capazes de resolver os problemas sociais do Brasil, principalmente com relação aos direitos das
minorias.
a) Por que alguns grupos sociais são considerados “minorias” no Brasil?
b) Por que podemos afirmar que a Constituição de 1988 é voltada para o cidadão?

Gabarito das questões

1. Alternativa correta: c.

2.
a) Porque esses grupos não possuem forte representação política ou social, por causa de causas
econômicas ou sociais. Ser minoria não é apenas um dado numérico, na medida em que, por
exemplo, mulheres e negros/pardos são a maioria da população.
b) Porque os artigos dessa Constituição determinam direitos inalienáveis aos cidadãos,
independentemente de cor, sexo, orientação sexual ou religiosa.