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SEÇAO 1: Artigos

REVISTA DA SOCIEDADE DE
PSICOLOGIA DO RIO
GRANDE DO SUL

S E Ç AO 1 | A r t i g o s

A adoção e suas vicissitudes: aspectos


legais, sociais e psicológicos
Adoption and its vicissitudes: legal, social and psychological aspects

de Ana Celina Garcia Albornoz1

RESUMO: A adoção é um tema bastante atual, ABSTRACT: Adoption is a fairly current issue,
seja do ponto de vista jurídico, social ou psicológico. whether from a social, legal or psychological point
Trata-se de um processo complexo, legalmente of view. This is a complex process, which begins well
regulamentado, que se inicia muito antes do primeiro before the first meeting between the candidates for
encontro entre os candidatos a pais e os candidatos parents and the candidates for children. Although
a filhos. Apesar de ser muito desejada por todos os highly desired by all involved, adoption often involves
envolvidos, a adoção geralmente envolve histórias previous stories of many pains, and can present a series
prévias de muitas dores e pode apresentar uma série of psychological conflicts. Often, before entering the
de conflitos psicológicos. Muitas vezes, antes de shelter, some children experienced deprivations such
ingressar no abrigo, algumas crianças vivenciaram as abandonment, neglect or various forms of abuse.
privações como o abandono, a negligência ou as Parents, in turn, often faced different approaches –
diversas formas de abuso. Os pais, por sua vez, em physical, psychological and legal – in an attempt to
geral enfrentaram diferentes abordagens – físicas, get the desired child. All life circumstances interfere
psicológicas e jurídicas – na tentativa de obter a with the adoption process, determining its success or
desejada criança; todas essas circunstâncias de vida failure.
interferem no processo de adoção, determinando o
seu sucesso ou o seu fracasso. Keywords: Adoption; Bond; Law; Psychological aspects.

Palavras-chave: Adoção; Vínculo; Lei; Aspectos psicológicos.

1
Psicóloga (PUCRS), doutora em Psicologia (UFRGS), mestre em Psicologia Clínica (PUCRS), aperfeiçoamento em Clínica
Psicanalítica (PUCRS) e em Psicopatologia do Bebê (ILK/Universidade Paris), especialista em Psicologia Clínica (CFP) e em
Psicologia Jurídica (CFP). Psicoterapeuta psicanalítica (PUCRS) de crianças, adolescentes, adultos, pais-bebê e na adoção, em
consultório particular. Psicóloga na FPERGS. Pesquisadora egressa (GEAPAP/UFRGS). Docente.

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A adoção e a lei no Brasil necessita ser percorrido, a fim de atender todos os aspectos de ordem legal e
socioemocional implicados nessa decisão. Num primeiro momento, poderá
A palavra adoção tem origem no latim adoptio e significa ato jurídico ser necessário o encaminhamento da criança ou adolescente a um programa
pelo qual se estabelece uma relação legal de filiação (Michaelis Dicionário de acolhimento familiar ou institucional da sua comunidade.
Brasileiro da Língua Portuguesa, 2018). Em outras palavras, adoção significa
O acolhimento é uma medida de alta complexidade, decorrente do
tomar alguém como filho perante a lei. A adoção está prevista no Estatuto
esgotamento de todas as possibilidades de atendimento anteriores, que deverá
da Criança e do Adolescente (ECA) - lei federal voltada à proteção integral e
ser implementada em razão do impedimento momentâneo de qualquer
garantia de direitos - como uma forma de assegurar o direito da criança e do
outro exercício de guarda. Neste caso, a criança ou adolescente deverá ser
adolescente à convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta
encaminhado a um serviço de acolhimento que oferecerá proteção integral,
o seu desenvolvimento integral (Lei n.º 8069, 1990). O ECA tem como pres-
onde permanecerá até que a sua situação jurídica seja definida, determinando:
suposto a compreensão da importância da família para o desenvolvimento
a sua reintegração familiar; a concessão da guarda à família extensa; ou o
das potencialidades da criança e do adolescente (Albornoz, 2006; Vasconcelos,
encaminhamento à adoção. O acolhimento familiar corresponde à inclusão
2015). Em condições normais, um ambiente favorável ao desenvolvimento
temporária de uma criança ou adolescente em uma família da comunidade,
é constituído pela família e o seu entorno, seja qual for a sua estruturação:
que está regularmente inscrita em algum programa oficial e se compromete
monoparental, biparental, homoafetiva, com prole constituída ou sem filhos,
a receber e prestar cuidados necessários aos cidadãos em desenvolvimento
desde que atenda suficientemente bem as necessidades físicas e emocionais
até que a situação destes seja juridicamente definida. Esta modalidade está
dos seus filhos.
prevista em lei e não caracteriza uma adoção (Resolução 109, 2009).
A família natural é aquela constituída por membros que possuem vín-
O acolhimento institucional consiste no encaminhamento da criança
culos consanguíneos entre si, enquanto que a designação de família extensa
ou adolescente para uma instituição governamental ou não governamental,
ou ampliada cabe àquela formação que se estende para além da unidade pais
que atua regularmente na área das medidas protetivas. Considerando as
e filhos ou casal, sendo representada por parentes próximos com os quais a
necessidades físicas e emocionais da infância e da adolescência, o ECA
criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade (Lei n.º 12.010,
determinou o reordenamento das entidades de atendimento para melhor
2009; Vasconcelos, 2015). Cabe salientar que legalmente, a família natural ou
atender essa população. O acolhimento de crianças e adolescentes deverá
extensa, tem absoluta prioridade na manutenção da guarda da criança ou ado-
ser prioritariamente realizado em pequenos grupos, com vistas a minimizar
lescente, salvo em casos extremos. Segundo o Plano Nacional de Convivência
os efeitos negativos e estigmatizantes da institucionalização. Os abrigos de
Familiar e Comunitária, a decisão de retirar uma criança ou adolescente de
pequeno porte, denominados ‘abrigos residenciais’ (ARs), apresentam estru-
sua família natural deve ser tomada com cautela, pois poderá ter profundas
tura, funcionalidade e possibilidade de vincularidade afetiva, à semelhança
repercussões, tanto para a criança, quanto para a família. Essa decisão deverá
de um ambiente familiar, com a finalidade de atender em profundidade as
ser fundamentada no melhor interesse da criança ou adolescente, e no menor
necessidades físicas e emocionais dos cidadãos em desenvolvimento (Albor-
prejuízo ao seu desenvolvimento (Vasconcellos, 2015).
noz, 2006; Lei n.º 8069, 1990). Os abrigos residenciais têm como objetivo
A colocação em família adotiva é um recurso jurídico que visa assegurar a redução dos danos causados pela institucionalização. Pretendem evitar
o afeto e o cuidado às crianças e adolescentes que por motivos diversos (or- que as pequenas vítimas sofram uma nova revitimização, decorrente de um
fandade, transtorno mental e dependência química dos pais, entre outros) não atendimento massificado e pouco afetivo, inadequado às suas necessidades
podem contar com a sua família de origem (Lei n.º 8069, 1990; Vasconcelos, (Albornoz, 2006). A partir da Lei n.º 12.010 (Lei n.º 12.010, 2009) toda a
2015). Trata-se de uma medida excepcional, a qual se deve recorrer apenas criança ou adolescente que se encontra em um programa de acolhimento
quando a criança ou o adolescente teve os seus direitos violados, ou foram familiar ou institucional deverá ter a sua situação processual periodicamente
esgotados os recursos de sua manutenção na família natural ou extensa (Lei reavaliada, com o objetivo de limitar a sua permanência no acolhimento, e
n.º 8069, 1990). Atualmente, a adoção no Brasil é regulamentada pela Lei definir a sua reintegração familiar ou a sua inclusão em família substituta no
n.º 12.010, também conhecida como “A nova lei da adoção”, que alterou o menor tempo possível.
ECA e a Lei n.º 8.560; revogou dispositivos da Lei n.º 10.406 e do Decreto-Lei
Adoção ou inclusão em família substituta consiste na constituição de
n.º 5.452; e dá outras providências (Lei n.º 12.010, 2009).
um vínculo de parentalidade quando não há qualquer vincularidade biológica
A Lei n.º 12.010 busca o aperfeiçoamento da sistemática de garantia (Lei n.º 8.069, 1990). Trata-se de um artifício regulamentado, com o objetivo
do direito à convivência familiar à criança e adolescente prevista pelo ECA. de atender as necessidades essenciais ao desenvolvimento da criança ou
Determina que a intervenção estatal, em observância à Constituição Federal, adolescente que não conta com a guarda de sua família natural ou extensa.
deve priorizar abordagens de orientação, apoio e promoção social voltadas Todavia, o processo de adoção não começa no momento em que a família
à família natural, junto a qual a criança ou adolescente deve permanecer, natural ou extensa é afastada de sua função de guardiã da criança ou adoles-
salvo em caso de absoluta impossibilidade, provada em decisão judicial. cente; tampouco começa logo que os adotantes declaram a sua intenção de
Essa assistência prioritária estende-se inclusive às gestantes e puérperas, e adotar. A adoção é o desfecho de um longo processo no qual, tanto a criança
também àquelas pessoas que manifestarem o seu interesse de entregar os ou adolescente aptos à inclusão em família adotiva quanto os pretendentes
filhos à adoção; estas últimas, devem ser obrigatoriamente encaminhadas à à adotantes, terão passado por complexos procedimentos prévios, que os
Justiça da Infância e da Juventude (Lei n.º 12.010, 2009). Quando esgotadas qualificaram para tal.
as possibilidades de manutenção da criança ou adolescente na família natural
A adoção requer, em primeiro lugar, a conclusão do processo de
ou extensa, a instância judicial poderá tomar como medida o seu encami-
destituição do poder familiar, que define a perda da guarda por parte da
nhamento à adoção. Contudo, antes que isso aconteça, um longo percurso

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família natural. Posteriormente a criança ou adolescente serão inscritos no extensa, assim como dos profissionais envolvidos no atendimento da criança
cadastro oficial de crianças e adolescentes aptos à adoção. A partir de então ou adolescente e família. A morosidade desse processo é um dos motivos
eles poderão passar por uma série de avaliações institucionais e de saúde, que pode retardar ou impedir a adoção fazendo com que muitas crianças e
consultas e oitivas interprofissionais e judiciais, que definirão o seu perfil, a ser adolescentes permaneçam grande parte de suas vidas nas instituições que
proposto aos pretendentes à adotantes. Os adotantes, por sua vez, mediante as acolhem, alcançando uma idade avançada, o que dificulta a sua colocação
a entrega dos documentos exigidos, comunicarão ao poder judiciário o seu em família substituta, cujos interesses predominantes centram-se em crianças
interesse em adotar; eles participarão de entrevistas em que serão avaliadas menores.
as suas condições físicas, socioeconômicas e psicológicas para assumir a
A dificuldade de compatibilizar as características das crianças ou ado-
guarda de uma criança ou adolescente, e finalmente, após a sua participação
lescentes aptos a adoção com o perfil desejado pelos adotantes também é
nas atividades preparatórias, poderão ser considerados aptos a se inscrever
um dos fatores que pode dificultar ou mesmo inviabilizar a adoção. Em geral
no Cadastro Nacional de Adoção como pretendentes à adoção (Lei n.º 8.069,
as instituições acolhem crianças e adolescentes cuja situação jurídica está
1990). Segundo a Lei n.º 12.010 (Lei n.º 12.010, 2009), além do trabalho
definida e portanto teriam disponibilidade legal para inclusão em família
preparatório à adoção, deverá haver um acompanhamento posterior, a ser
adotiva. Contudo, a sua idade avançada (acima de 7 anos), as suas caracterís-
realizado pelos serviços ligados à Justiça da Infância e Juventude e à execução
ticas físicas ou de saúde impedem que isso aconteça devido a inexistência de
das políticas de direitos, especialmente no estágio de convivência.
adotantes interessados no seu perfil. Nos últimos anos muitos esforços têm sido
As leis nacionais de adoção preveem que a manutenção dos irmãos empreendidos na tentativa de viabilizar que a adoção aconteça a um número
numa mesma família adotiva deverá ser priorizada sempre que esta medida maior de crianças e adolescentes. As ações visam estimular a adoção tardia
for benéfica às crianças ou adolescentes envolvidos (Lei n.º 8.069, 1990), ou a adoção de crianças especiais, buscando aproximar os critérios exigidos
evitando-se impetrar novas perdas e sofrimentos aos mesmos. Da mesma pelos adotantes à realidade das crianças e adolescentes que aguardam pela
forma, está previsto em lei que a adoção nacional terá prioridade sobre a adoção nas instituições.
adoção internacional, essa última somente ocorrerá quando estiverem esgo-
A espera por uma adoção, que poderá ou não ser efetivada, determina a
tadas as possibilidades da adoção por famílias brasileiras (Lei n.º 8.069, 1990;
longa estadia da criança ou adolescente em acolhimento; enquanto a adoção
Lei n.º 12.010, 2009). Essa medida visa favorecer a preservação dos vínculos
não ocorre é necessário que sejam ofertados cuidados físicos e emocionais
legais e culturais da criança ou adolescente para com o seu país de origem,
a essa população, para preservar a sua saúde física e mental. A criança ou o
evitando dificuldades de adaptação decorrentes de mudanças complexas,
adolescente necessita ser amparado por cuidadores substitutos que desem-
tais como língua e costumes.
penhem suficientemente bem os cuidados parentais. Esse cuidado, quando
Quando a adoção acontece e a família adotiva obtém a guarda definitiva satisfatório, será responsável pelo desenvolvimento das suas habilidades
da criança ou adolescente, finda um processo, por vezes, moroso; alcançada cognitivas e socioafetivas, próprias dessas fases (Albornoz, 2006).
essa condição, a adoção torna-se irrevogável. Entretanto, o estabelecimento
Bowlby (l990) e Winnicott (l987) consideram que para preservar a
de um vínculo de parentalidade e afeto realmente constituído entre a criança
criança dos efeitos negativos das perdas sofridas nas relações parentais deve
ou o adolescente e os adotantes depende de muitas outras condições que
ser oferecido a ela um substituto, para quem ela transferirá seus anseios e
podem interferir significativamente no desenlace desse processo, e suplantam
sentimentos frustrados. Segundo Albornoz (2006), para que a criança possa
as garantias legais; dentre elas, destacam-se os aspectos socioemocionais, que
elaborar a perda sofrida, reorganizar a sua vida, desenvolver e manter a ca-
têm papel decisivo no sucesso ou fracasso da adoção.
pacidade de amar e ser amada, ela deve ser cuidada por pessoas continentes
e afetivas. A autora afirma que enquanto estiver no acolhimento, mesmo que
A adoção e suas vicissitudes temporariamente, a criança precisa se ligar emocionalmente aos seus cuida-
dores para garantir o seu processo de humanização e sobrevivência psíquica.
A adoção adequada e saudável, do ponto de vista psicológico, poderá ser O acolhimento institucional em abrigos residenciais (ARs) é a moda-
um evento restaurador na vida da criança ou adolescente e também na vida lidade de cuidado que melhor se propõe a atender as necessidades físicas
dos adotantes. Quanto mais cedo a adoção acontecer na vida da criança, mais e emocionais da infância e adolescência. Trata-se de uma das medidas de
precocemente a sua história estará vinculada à história de sua nova família e a proteção propostas pelo ECA (Lei n.º 8069, 1990). Os ARs possuem uma
constituição de sua identidade terá as suas bases assentadas na relação com estrutura física semelhante a de uma moradia comum, geralmente composta
os adotantes (Albornoz, 2001). Contudo, apesar das boas intenções das leis por quartos, banheiros, sala e cozinha, lembrando um ambiente familiar. Nos
brasileiras vigentes, diferentes motivos fazem com que nem sempre a adoção ARs os papéis e funções familiares são desempenhados pelos cuidadores, que
aconteça cedo na vida de muitas crianças e adolescentes. assumem a responsabilidade pela criança ou adolescente buscando atender
A legitimidade da adoção requer o andamento de processos judiciais suas necessidades de higiene, saúde, vestuário, lazer e escolarização. Os
que nem sempre são rápidos, como a tramitação do processo de destituição esforços para aproximar a vivência nos ARs à vida em família visam atender
do poder familiar, em que os pais biológicos ou responsáveis legais perdem os às necessidades desenvolvimentais integrais da criança e do adolescente e
seus direitos e responsabilidades sobre o filho, possibilitando a inclusão deste favorecer o seu desenvolvimento, garantias previstas na Lei n.º 13.257 (Lei
em uma nova família. Trata-se de um processo bastante complexo e delicado, n.º 13257, 2016).
pois requer a apresentação de provas cabíveis da incapacidade dos guardiões Albornoz (2006) explica que as vivências nos ARs propiciam à criança e ao
para manterem essa responsabilidade, tais como relatórios e testemunhos adolescente as condições essenciais para que eles desenvolvam, para além das
de pessoas relacionadas ao caso, entre elas os próprios guardiões e a família suas potencialidades físicas e intelectuais, um psiquismo capaz de estabelecer

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relações afetivas mais saudáveis. Essa relação de cuidado e de garantia de A identidade antiga necessita ser reeditada e ampliada, configurando a
direitos promove o estabelecimento de uma relação de proximidade e afeto inclusão das novas categorias: ‘ter filhos’e ‘ter pais’. Essa tarefa não é fácil, pois
entre cuidadores, crianças e adolescentes, minimizando os efeitos negativos requer uma série de adaptações até que se constitua uma nova identidade
dos cuidados impessoais e estigmatizantes das grandes instituições. As rela- individual e familiar, com uma funcionalidade adequada. O papel de cada
ções substitutas temporárias estabelecidas entre os acolhidos e os cuidadores um e de todos juntos, ou seja, a representação de cada membro, do pai, da
dos abrigos poderão promover o sucesso da adoção, pois com base nessas mãe, do filho ou filha, e da própria família como uma unidade, precisam ser
vivências a criança ou adolescente poderá desenvolver capacidades psíquicas ressignificados por todos. Trata-se de um processo complexo, restaurador, mas
e habilidades afetivas essenciais à construção de vínculos. Posteriormente, que não ocorre sem sofrimento.
essas habilidades serão exercidas na relação com os adotantes, favorecendo
A reação inicial da criança ou adolescente pode surpreender, sendo
o desenvolvimento do apego junto à nova família (Albornoz, 2006).
contrária ao que se espera, ao recusar os pais que tanto solicitou. Essa reação
Segundo Winnicott (1987), a esperança e a persistência da criança pode ocorrer pelo medo de se ligar e vivenciar uma nova perda (Albornoz,
em buscar gratificação emocional levam-na a transferir os seus desejos e 2001). No entanto, assim como um recém-nascido se liga aos pais biológicos
os seus anseios frustrados nas relações anteriores aos novos cuidadores. O devido a sua impotência para satisfazer as suas próprias necessidades, a
autor enfatiza que a resposta do ambiente será decisiva para o resultado criança ou adolescente se ligará aos adotantes pelo desejo de ter atendidas
desse esforço. Quando a resposta do ambiente a essa demanda for atenciosa, as suas necessidades não satisfeitas, especialmente as suas necessidades de
continente e suficientemente boa, o novo vínculo estabelecido terá um efeito afeto. No inicio do vínculo com os adotantes a criança ou adolescente podem
reparador do passado. Para Albornoz (2006), a lógica que rege tanto as relações regredir e reviver etapas anteriores do seu desenvolvimento, buscando satis-
substitutas temporárias estabelecidas com os cuidadores dos ARs quanto as fazer, através dos novos pais, necessidades até então não satisfeitas. Neste
relações estabelecidas na adoção, evidencia a grande importância do cuidado caso podem inclusive adotar comportamentos de etapas anteriores, como
ambiental para o desenvolvimento das potencialidades relacionais da criança necessitar tocar no corpo da mãe, mamar, chupar o dedo, ganhar colo. Podem
e do adolescente. A criança terá boas chances de minimizar as suas carências também demonstrar características de voracidade, mostrando-se insatisfeitas
afetivas, preencher os seus vazios psíquicos e desenvolver a sua subjetividade, e solicitantes mesmo quando as gratificações são satisfatórias. A medida que
se transferir os seus desejos de afeto aos cuidadores substitutos temporários a criança gratifica-se com o novo vínculo ela substitui as necessidades antigas
ou aos adotantes e receber deles uma resposta suficientemente adequada. pelas necessidades próprias da fase de desenvolvimento em que se encontra
Por outro lado, a falta de cuidadores substitutos adequados nos abrigos ou e pode evoluir no seu desenvolvimento emocional.
na adoção poderá ser desfavorável ao desenvolvimento das potencialidades
As privações de diversas formas e intensidades tais como o abandono,
da criança, tornando-a muito limitada ou mesmo incapaz de estabelecer
a negligência ou os abusos; assim como as vivências pouco favoráveis em
relações afetivas no futuro.
situação de rua ou mesmo durante o acolhimento institucional, anteriores à
Outrossim, o estabelecimento de relações suficientemente boas, tanto adoção, são extremamente onerosas ao psiquismo infantil e podem resultar em
no acolhimento quanto na adoção, não apagará totalmente os registros das sequelas comprometedoras dos seus relacionamentos posteriores, inclusive na
vivências frustrantes do passado da criança ou adolescente. As dificuldades adoção. Eles carregam o peso dessas vivências de frustração do passado e nem
precocemente vividas, quando não elaboradas, produzem intensos sentimentos sempre têm a capacidade de deixar no passado o que é do passado. Além da
de descrença e de insatisfação. Os anseios e os desejos não satisfeitos do passado, tarefa psicológica de elaboração da própria adoção a criança ou adolescente
assim como as expectativas negativas e os sentimentos de ódio, tenderão a ser precisa lidar com a realidade do seu passado, o que nem sempre é possível.
transferidos aos novos cuidadores em busca de gratificação. Esses sentimentos
O psiquismo das crianças que vivenciaram privações pode envolver
traduzem-se em sentimentos e comportamentos por vezes intoleráveis para as
diversas fantasias inconscientes sobre o abandono e os abusos. Muitas vezes,
pessoas que os cercam, sejam cuidadores substitutos provisórios ou adotantes
devido à onipotência infantil e aos intensos sentimentos de angústia e de culpa
(Albornoz, 2014). Contudo, essa será uma oportunidade para que as experi-
vivenciados pelas crianças, elas apresentam fantasias de maldade com relação
ências passadas sejam revividas e obtenham respostas diferentes de outrora,
a si mesmas, acreditando que são as responsáveis pelo abandono ou abuso
resultando em novos e positivos registros psíquicos (Albornoz, 2006).
vivenciado. Elas acreditam que fizeram alguma coisa que motivou o afasta-
mento ou a crueldade dos pais biológicos. Em decorrência dessas fantasias,
A dinâmica psicológica da adoção apresentam baixa autoestima e um sentimento de incapacidade de ser amado
por alguém (Albornoz, 2001, 2014). Segundo Lisondo (1999), as experiências
Apesar de ser muito desejada pela criança, adolescente e pelos adotantes, frustrantes vivenciadas pelo bebê adotado o colocam em maior risco psíquico
a adoção poderá envolver uma série de conflitos psicológicos. No momento para alcançar a subjetividade e o desenvolvimento mental. Diferentes estudos
em que a adoção ocorre, tanto a criança ou o adolescente, assim como os confirmam essa ideia e vão além, afirmando que não somente os bebês, mas
adotantes, já têm uma identidade constituída; portanto, a adoção causa um também as crianças e adolescentes que vivenciaram privações e vivem em
grande impacto na personalidade e na vida de todos os envolvidos, pois gera acolhimento, apresentam maior potencial para doenças mentais e sintomas
uma crise de identidade. A “criança sem pais” passa a ser uma “criança com psicológicos do que as crianças que não passaram por essas experiências
pais”, o “adulto sem filhos”passa a ser um “adulto com filhos”. Esse processo de (Albornoz, 2006; Amir & Lev-Wiesel, 2007; Erol, Simsek & Munir, 2010).
constituir uma nova identidade desestabiliza as defesas até então estabelecidas O comportamento da criança, segundo a psicanálise, não é determinado
para garantir uma certa tranquilidade para levar a vida; a nova realidade expõe pela sua herança genética, mas pelas suas experiências mais precoces, que
a falta, o vazio anterior. Além disso, impõe uma porção de afeto “grande” ficam impressas na memória e fazem parte da sua identidade. Os sentimentos
demais para um “recipiente” que estava acomodado a uma falta.

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relacionados às vivências passadas constituem o psiquismo infantil e podem necessidade do adulto de estabelecer trocas afetivas com uma criança ou
ser revividos inconscientemente nas relações estabelecidas posteriormente adolescente. Nesse caso, os adotantes apresentam uma identificação com os
pela criança, mesmo que a situação atual com os adotantes seja diferente das seus próprios pais e desejam retribuir o cuidado recebido deles, o que favo-
relações do passado. Os conflitos não elaborados do passado tendem a ser rece a formação de um vínculo positivo na adoção. Entretanto, os adotantes
repetidos, podendo ser transferidos para a relação da criança com a sua família também podem apresentar motivações distorcidas para a adoção, tais como
adotiva. Mesmo diante de um bom cuidado oferecido, aos adotantes será des- o desejo de salvar o casamento, a necessidade de negar a impossibilidade de
locada a frustração dos relacionamentos pregressos, determinando situações ter filhos biológicos, o desejo de substituir um filho perdido ou a alguém, ou
difíceis de serem suportadas. As experiências passadas contaminam os novos a necessidade de compensar a desvalia pela esterilidade. A adoção também
vínculos, seja através de transferências inconscientes - como desconfianças e pode ser motivada por um desejo impulsivo ou por uma necessidade de
exigências excessivas, expressas na interação com os pais adotivos - ou através amenizar sentimentos de culpa inconscientes. Nesses casos, há uma tentativa
de comportamentos atípicos, aparentemente imotivados, como crises de birra, de colocar a criança num lugar impróprio e desfavorável a ela, desconsiderando
atitudes opositoras, auto ou heteroagressões, como comportamentos rebeldes as suas reais necessidades de cuidado e de afeto, pois nestes casos a adoção
e agressivos, e sexualização exacerbada, entre outros sintomas (Sampaio, visa satisfazer a uma demanda frustrada do adulto. As motivações distorcidas,
Magalhães & Féres-Carneiro, 2018). quando predominantes, tornam-se nocivas e colocam em risco a adoção.
A criança transferirá aos pais adotivos as expectativas de gratificação, Os adotantes podem estar repletos de sentimentos negativos, decorren-
até então frustradas, com a esperança de satisfação, seja na forma de tes de experiências prévias, que podem interferir no sucesso da adoção. Muitos
cobranças, agressões ou extenuantes solicitações, iniciando com eles uma adotantes podem estar sobrecarregados com sentimentos desencadeados
nova relação com base nessas demandas. Porém, ao mesmo tempo em que pelas inúmeras tentativas frustradas de gerar um filho através de dolorosos
almejam alguém idealizado que venha a preencher todas as suas carências processos de reprodução assistida; podem também estar transbordando de
e faltas, quando isso acontece as crianças temem não ser suportadas por angústia produzida pelos estressantes trâmites necessários para ingressar no
ele. Não é incomum que as crianças testem muito os adotantes para ver se cadastro oficial para adoção; podem também apresentar intensos sentimentos
eles conseguirão suportar o peso e a demanda do seu mundo interno, ou se de desconforto despertados pelo longo tempo na fila de pretendentes à espera
sucumbirão e desistirão de cuidá-las, assim como os pais biológicos o fizeram, da chegada de uma criança. Todos esses sentimentos podem ser inconscien-
na sua fantasia (Albornoz, 2001). Nesse caso é importante que os adotantes temente transferidos à relação dos adotantes com a criança ou adolescente,
compreendam que se trata de uma transferência de sentimentos do passado dificultando a interação e colocando em risco o sucesso da adoção.
para a atualidade, que não são decorrentes da relação com eles, de modo que
Na pesquisa realizada por Abreu (2016), a maioria dos entrevistados
não tomem para si as agressões e não respondam retaliatoriamente.
(73%) acreditava que a carga hereditária da criança não tem influência na
A tarefa de cuidar de crianças que sofreram privações exige muitas formação da sua personalidade, apenas na definição de seus traços físicos.
habilidades (Sampaio, Magalhães & Féres-Carneiro, 2018), pois requer Esses achados se aproximam da teoria psicanalítica, que enfatiza que o am-
atenção constante para lidar com os próprios sentimentos e também para lidar biente vivenciado pela criança desde os seus primeiros dias de vida é decisivo
com os sentimentos da criança, entre outras pessoas envolvidas na relação. para a formação de sua personalidade, enquanto que a carga hereditária tem
Lisondo (1999) enfatiza que a estrutura mental dos adotantes será crucial ênfase nas características físicas, como estatura e cor. A pesquisa evidencia que
para o destino do bebê, podendo favorecer ou não o desenvolvimento de suas nem sempre as fantasias relacionadas à origem da criança dominam o ima-
potencialidades. É necessário que a pessoa tenha um ego forte, muita tole- ginário dos adotantes. Ainda assim, a literatura aponta que alguns adotantes
rância à frustração, adequada capacidade de controle de impulsos, adequada apresentam fantasias quanto à herança genética da criança (Levinzon, 2005).
percepção da realidade, boa capacidade empática e muita capacidade afetiva.
Levinzon (2005) refere que os medos mais comuns nos adotantes dizem
Segundo Winnicott (1997), os pais adotivos precisam estar dispostos a respeito ao potencial da criança para doenças físicas, para loucura e para
cumprir uma função terapêutica junto aos seus filhos. Além de dar conta dos a criminalidade. Nesse caso, os adotantes podem apresentar sentimentos
seus próprios sentimentos, por vezes ambivalentes, os adotantes tem que dar conflituados com relação à própria adoção, que se traduzem em preconceitos
um suporte emocional a um ser ainda fragilizado pelas vivências passadas, geradores de fantasias negativas com relação à criança ou adolescente. Tais
o que demanda muito esforço. Os pais adotivos precisarão dar respostas fantasias podem ser reforçadas quando o filho recebido na adoção não cor-
adequadas aos comportamentos infantis decorrentes dos fracassos das rela- responder à imagem do filho idealizado pelos adotantes, gerando conflitos
ções do passado da criança, contribuindo dessa forma para a reparação das difíceis de superar, caracterizando mais uma problemática na adoção.
difíceis histórias do passado, o que segundo o autor, não é uma tarefa fácil. A
Outro fator bastante mobilizador na adoção, tanto para a criança ou
transferência dos desejos frustrados do passado, bem como a esperança de
adolescente quanto para os adotantes, é a relação com a verdade. Muitas
satisfazê-los na nova relação de adoção, é o que fundamenta a possibilidade
vezes as fantasias de rejeição, de ambos os lados, fazem com que a verdade
de saúde mental dessas crianças e adolescentes. Desta forma, é possível que
seja temida e ocultada. Segundo a pesquisa realizada por Abreu (2016), a
as marcas das experiências adversas do passado não determinem neces-
revelação ao filho de sua condição de adotado é uma das maiores preocupações
sariamente um futuro irremediavelmente traumatizado e infeliz, conforme
dos pais adotivos; outros temores também apontados referem-se ao receio
aponta Cyrulnyk (2004).
quanto à aceitação de familiares e à adaptação familiar. Essa mesma pesquisa
No caso dos adotantes, diferentes fatores podem ser favoráveis ou identificou que 100% dos entrevistados acreditam não haver diferença na
desfavoráveis à adoção (Levinzon, 2005; Weber, 2011). A motivação dos educação de filhos adotados e biológicos e que em ambos os casos a educação
adotantes, por exemplo, pode favorecer a relação quando é movida pela deve ser regida pelo amor, carinho, respeito, compreensão, reconhecimento

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de direitos, deveres e limites. Os entrevistados consideram que a sinceridade Albornoz, A. C. (2014). Manifestações da agressividade em crianças acolhidas
e a franqueza são indispensáveis ao sucesso da adoção (100%), inclusive no em instituições. In J. C. Borsa & D. R. Bandeira (Orgs.). Comportamento
que tange à própria adoção. Eles acreditam que a história de vida da criança, agressivo na infância: da teoria à prática. (pp. 239-254). São Paulo: Casa
a verdade sobre os pais biológicos e o processo legal de adoção devem ser do Psicólogo.
revelados à criança, desde que observadas a sua idade e a sua capacidade de Amir, G., & Lev-Wiesel, R. (2007). Dissociation as depicted in the traumatic
event drawings of child sexual abuse survivors. The Arts in Psychotherapy,
compreensão e desde que seja aguardado o momento certo para a revelação.
34, 114–123.
Como decorrência da revelação, 18% dos entrevistados temem que a criança Bowlby, J. (1990). Formação e rompimento dos vínculos afetivos (2a ed.). São
sofra rejeição social devido a sua condição de adotada. Cabe salientar que Paulo: Martins Fontes.
não é possível estabelecer uma relação sólida com base em inverdades ou Cyrulnik, B. (2004). Os patinhos feios. São Paulo: Martins Fontes.
ocultamentos. A verdade é uma realidade conhecida por todos, que precisa Erol, N., Simsek, Z., & Munir, K. (2010). Mental health of adolescents reared
ser enfrentada, mesmo quando ela não está disponível à consciência. Apro- in institutional care in Turkey. European Child and Adolescent Psychiatry
ximar-se da verdade, naturalmente e cuidadosamente, fortalece os vínculos 19, 113-124.
e contribui para uma relação mais saudável. Lei n.º 8069, de 18 de julho de 1990. (1990). Dispõe sobre o estatuto da criança
e do adolescente e dá outras providências. Recuperada de http://www.
Os sentimentos negativos presentes na adoção, quando devidamente planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8069.htm
identificados e trabalhados num contexto apropriado, poderão fazer parte do Lei n.º 12.010, de 13 de agosto de 2009. (2009). Dispõe sobre adoção; altera
processo de adoção sem comprometê-lo. O período de preparação para a ado- as Leis n.ºs 8.069 e 8.560; revoga dispositivos da Lei n.º 10.406 e da
ção e o acompanhamento posterior, medidas obrigatórias determinadas pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT; e dá outras providências. Recu-
lei (Lei n.º 12.010, 2009), podem auxiliar na resolução de muitas angústias e perada de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/
expectativas distorcidas, tanto da parte dos adotantes como da parte da criança Lei/L12010.htm
ou adolescente, cumprindo um papel essencial na prevenção de desajustes e Lei n.º 13.257, de 08 de março de 2016. (2016). Dispõe sobre as políticas
públicas para a primeira infância e altera a Lei n.º 8.069, o Decreto-Lei
favorecendo o desfecho da adoção. A ajuda terapêutica psicoterápica também
n.º 3.689, o Decreto-Lei n.º 5.452, a Lei n.º 11.770 e a Lei n.º 12.662.
poderá contribuir para a resolução dos conflitos envolvidos, contribuindo para Recuperada de http://www.planalto.gov.br/CCIVil_03/_Ato2015-
o estabelecimento de uma vinculação mais saudável na adoção. 2018/2016/Lei/L13257.htm
Levinzon, G.K. A (2005). A criança adotiva na psicoterapia psicanalítica. São
Paulo: Escuta.
Considerações Finais Lisondo, A B. D. de. (1999). A travessia da adoção – a ferida na alma do bebê.
Revista Brasileira de Psicanálise, 33(3), 495-514.
Todos - crianças e adultos - carregam as marcas das suas vivências Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. (2018). Recuperado
passadas no seu psiquismo, e as transportam de alguma forma aos seus de https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portu-
relacionamentos atuais, tornando-os sobrecarregados por um peso difícil de gues-brasileiro/ado
ser suportado. São muitos os sentimentos positivos e negativos envolvidos Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009. Aprova a Tipificação Nacional
na relação adotiva, algo difícil de suportar e organizar. Diversos artigos das de Serviços Socioassistenciais. Recuperado http://www.assistenciasocial.
leis brasileiras (Lei n.º 8069, 1990; Lei n.º 12010, 2009) têm como finalidade al.gov.br/sala-de-imprensa/arquivos/folder.2010-11-23.9973739377/
regular a constituição da relação de parentalidade e filiação através da adoção. Tipificao.pdf
No entanto, a inclusão de uma criança ou adolescente em uma família adotiva Sampaio, D. S., Magalhães, A. S., & Féres-Carneiro, T. (2018). Pedras no
caminho da adoção tardia: desafios para o vínculo parento-filial na per-
é um processo muito complexo, que envolve não apenas questões formais
cepção dos pais. Temas em Psicologia, 26(1). Recuperado http://dx.doi.
e jurídicas, mas também questões de ordem afetiva, moral e social. Quando org/10.9788/TP2018.1-12Pt.
bem sucedida, a adoção poderá ser o melhor acontecimento na vida de uma Vasconcelos, K. de O. (2015). O instituto da família substituta e a adoção.
criança ou adolescente que não pode estar com seus pais. No entanto, mesmo Âmbito Jurídico (XVIII), 141. Recuperado <http://www.ambito- ju-
nesses casos, assumir o papel de pai ou mãe de uma criança ou adolescente ridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&arti-
que carrega consigo uma história de perdas nem sempre é uma tarefa fácil, o go_id=15560&revista_caderno=12>.
que requer habilidades afetivas e empáticas dos adotantes mas também de Weber, L.N.D. (2011). Adote com carinho: um manual sobre aspectos essenciais
todos os cuidadores da vida prévia à adoção. da adoção. Curitiba: Juruá Editora.
Winnicott, D. (1987). Privação e delinqüência. São Paulo: Martins Fontes.
Winnicott, D. W. (1997). Armadilhas na adoção. In R. D. W. Shefferd & D. W.
Referências Winnicott (Eds.), Pensando sobre crianças (pp. 126-130). Porto Alegre:
Artes Médicas.
Abreu, F. M. S. (2016). Pais adotivos: percepção sobre o processo de adoção.
Recuperado https://www.newpsi.bvs-psi.org.br/tcc/FernandaMaria-
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Albornoz, A. C. (2001). Adoção: aspectos psicológicos. PSICO, 32(2), 195-206.
Albornoz, A. C. (2006). Psicoterapia com crianças e adolescentes Instituciona-
lizados. São Paulo: Casa do Psicólogo.

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