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Adoção E Os Fatores De Risco: Do Afeto À Devolução Das Crianças E Adolescentes

ADOÇÃO E OS FATORES DE RISCO: DO


AFETO À DEVOLUÇÃO DAS CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
Adopción y los factores de riesgo del afeto a la devolución de los niños o
adolescentes

RIEDE, J. E.
SARTORI, G. L. Z.

Recebimento: 12/04/2013 – Aceite: 27/07/2013

RESUMO: O objetivo científico do presente estudo foi verificar e analisar


quais os fatores de risco que podem levar uma pessoa ou um casal, após a ado-
ção, buscar os meios jurídicos para a devolução das crianças ou adolescentes
adotados. A adoção é uma medida judicial de colocação em família substituta
de criança ou adolescente, como solução para os casos de abandono, quando a
família original não se acha em condições de criá-la por não possuir recursos
materiais ou estrutura emocional e psicológica para uma adequada formação.
A intervenção do Estado passa a ser necessária para preservar o direito a uma
vida digna desta criança ou adolescente. Quando a adaptação não acontece,
por razões diversas, os adotantes acabam por tentar a devolução da criança ou
adolescente, mesmo depois de efetivada a adoção, resultando em um duplo
abandono, desrespeitando a dignidade das crianças e adolescentes e o que
prescreve o artigo 39, parágrafo 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente,
que a adoção é irrevogável. Concluiu-se que são vários os aspectos que pre-
dispõem à devolução: conflitos internos dos candidatos à adoção, o despreparo
psicológico, a não elaboração da existência da esterilidade ou infertilidade, a
motivação por caridade, o comportamento da criança oposto ao esperado, idade
da criança, entre outros. Dentre as medidas preventivas pode-se destacar uma
detalhada investigação ou exame psicológico a cerca dos adotantes e seus reais
interesses em relação à adoção, um acompanhamento por parte dos profissio-
nais técnicos no estágio de convivência, cada vez mais detalhado, para coibir
os casos de devoluções de crianças e adolescentes. Percebe-se a necessidade
de mais rigor nos processos de habilitação, fomentando a criação de outros
meios jurídicos além dos existentes ou aperfeiçoando-os para o sucesso da
adoção. A medida jurídica utilizada atualmente tem sido a indenização pelo
abandono e o pagamento de pensão alimentícia. A pesquisa usou o método

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indutivo, através do estudo bibliográfico, documental e jurisprudencial.


Palavras-chave: Adoção. Fatores de risco. Devolução. Indenizações.

RESUMEN: El objetivo científico de este estudio fué verificar y analisar


que situaciones llevan una persona o una pareja, después de finalizada la
adopción, buscar los medios para la devolución de los niños o adolescentes
adoptivos. Analizar los factores de riesgo y las medidas posibles para prevenir
su ocurrencia. La adopción es una acción judicial de colocación de una crianza
o adolescente en una família, como solución para los casos de abandono o
cuando la familia de origen no se siente capaz de crearlo, no tiene recursos
materiales y mucho menos psicológicos. La intervención del Estado se hace
necesaria para preservar el derecho de la crianza a una vida digna. Cuando la
adaptación no se produce por varias razones, los adoptantes terminan tratando
de devolver el niño o adolescente, incluso después de la efectividad de la adop-
ción, lo que resulta en un duplo abandono, falta de respeto a la dignidad de los
niños y adolescentes y la prescripción del artículo 39, párrafo 1º del Estatuto
del Niño y del Adolescente, que la adopción es irrevocable. Es importante
preservar y respetar la dignidad de los niños y adolescentes. Se concluye que
hay varios aspectos que predisponen a regresar: los conflictos internos de los
futuros padres adoptivos, la falta de preparación psicológica, no aceptación
de la existencia de esterilidad o infertilidad, la motivación para la caridad, el
comportamiento de niño contrário al esperado, la edad del niño, entre otros.
Entre las medidas preventivas se pueden destacar una investigación detallada
sobre los adoptantes y sus intereses reales en relación a la adopción. El trabajo
de los profesionales técnicos que acompañan a la etapa de convivencia es de
gran importancia, debido a que sus acciones pueden reducir los casos de devo-
lución de niños y adolescentes. Se percibe la necesidad de un mayor rigor en
los procesos de habilitación que fomenten la creación de otros medios además
de los existentes o perfeccionarlos para la adopción exitosa. La medida legal
que se usa actualmente ha sido la compensación por el abandono y el pago
de la pensión alimentícia y indemnización. La investigación utilizó el método
inductivo, mediante el estudio bibliografico, documental y jurisprudencial
Palabras-clave: Adopción. Factores de riesgo. Retorno. Indemnización.

representar a impossibilidade de criar, dar


Introdução afeto e condições de uma vida digna, situação
que merece ser vista como ato de amor. Cada
A adoção envolve, na maioria das vezes, vez mais em evidência nos estudos psicológi-
uma criança que foi abandonada pelos pais cos, sociais e jurídicos, a adoção vem sendo
biológicos e um casal que não conseguiu transformada em um meio mais simples e
gerar filhos biológicos. A noção de abandono completo para extirpar o abandono infantil na
é complexa, pois nem sempre entregar um sociedade atual. Em 2009 foi promulgada a
filho para adoção significa abandonar, pode Lei 12.010 que promoveu alterações junto ao

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Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Pouco se tem feito no sentido de prevenir


Lei 8.090 de 1990, no que se refere à adoção. o abandono de crianças adotadas. Identificar
Dentre as mudanças está a diminuição do as possíveis causas de perigo para a inclusão
tempo de duração do processo de adoção, a da criança na condição de filho deve ser re-
possibilidade da família biológica extensa quisito essencial e obrigatório ao momento
ser candidata à adoção, o direito a pleitear que antecede a adoção, ou seja, no pedido de
a identidade genética, além de alterações no habilitação dos candidatos.
período de convivência em casos de adoção A categoria “devolução” será utilizada
internacional, entre outras modificações. com o seguinte sentido: “destituição do poder
Quando não ocorre o estabelecimento familiar”.
de um vínculo afetivo familiar de fato entre A metodologia empregada na fase de
adotantes e adotado, poderá ocorrer um duplo investigação e de tratamentos de dados foi
abandono, ou a “devolução” da criança, que o método indutivo (PASOLD, 2008), nesta
passa a ser vista como ‘problema’ porque fase, o indutivo é combinado com o analítico,
nascido de ‘outra barriga’, de maneira que através das técnicas do referente, da catego-
os adotantes não a sentem como pertencente ria, dos conceitos operacionais, da pesquisa
à família. Para que se efetive com sucesso a bibliográfica, documental, jurisprudencial e
adoção, se faz necessário observar que é um do fichamento. E no presente relato em forma
processo de troca, de forte carga afetiva onde de artigo emprega-se a base lógica indutiva,
ambos se completam. Requer o conhecimen- com base em um caso julgado pelo Tribunal
to e a consciência dos direitos e deveres que de Justiça de Minas Gerais.
decorrem da relação estabelecida, uma vez
que a adoção é irrevogável, como prescreve o
artigo 39, parágrafo 1º do Estatuto da Criança Adoção no Brasil: Breves noções
e do Adolescente. Os candidatos a pais de-
vem compreender que embora eles desejem As pessoas embarcam na ‘viagem’ da
um filho, é a criança ou adolescente que tem maternidade e da paternidade com uma
a proteção e, por isso, requer a inserção em bagagem repleta dos mais variados sen-
uma família, não podendo eles imaginar a timentos” (MALDONADO, 2001, p. 9).
criança ou adolescente como um meio para Toda criança tem direito a um lar e uma
alcançar as suas expectativas ou resolver suas família e quando a família não tem condições
frustrações, e sim aceitar que a criança ou de criá-lá, não possui recursos materiais e
adolescente precisam desesperadamente de muito menos psicológicos, o Estado inter-
uma família que os recebam com amor. Aque- vém e encaminha a criança a uma Instituição
le que passar a condição de filho precisa sentir para posterior adoção. Essa é a finalidade da
que realmente assim será, independente das adoção: oferecer um ambiente favorável ao
condições que traz registrado no seu perfil. desenvolvimento de uma criança que, por
O desenvolvimento deste artigo é fruto algum motivo, ficou privada de sua família
de uma pesquisa monográfica que procurou biológica.
verificar e analisar quais os fatores de risco A adoção, como hoje é entendida, não
que levam uma pessoa ou um casal, depois de consiste em ter pena de uma criança, ou resol-
finalizada a adoção, buscar os meios jurídicos ver a situação de casais em conflito, remédio
para a devolução das crianças ou adolescentes para a esterilidade, ou, ainda, conforto para a
adotados. solidão, mas sim atender às reais necessida-

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des da criança, dando-lhe uma família onde com que o adotado passasse a ficar vinculado,
se sinta acolhida, protegida, segura e amada de modo irrevogável e definitivo à família dos
(GRANATTO, 2010). adotantes, o que gerava o rompimento dos
Guilherme Calmon Nogueira da Gama vínculos familiares anteriores à legitimação
(2003) menciona que o Código Civil de 1916 adotiva”.
disciplinou a adoção com um significativo Alguns anos se passaram e foi editada a
número de restrições previstas nos dispo- Lei nº 6.694, de 10 de outubro de 1979, um
sitivos legais, provocando uma redução no segundo Código de Menores, que aproveitou
número de adoções na época. vários princípios e regras da lei de 1965, mas
Posteriormente, no ano de 1957, em razão distinguiu as espécies de adoção: a) adoção
das críticas que eram feitas a respeito do simples; b) adoção plena.
modelo de adoção do Código de 1916, foi Já em 1988, diante do advento da Cons-
editada a Lei nº 3.133, de 08 de maio, que tituição Federal, a estrutura jurídica relativa
alterou vários dispositivos do texto codifica- às espécies de adoção, requisitos e efeitos
do, introduzindo importantes modificações, foi radicalmente alterada, reformulando os
como a diminuição do limite mínimo de idade princípios e regras essenciais da filiação,
do adotante para trinta anos e a redução na das famílias, o que repercute diretamente
diferença de idade entre eles de dezoito para na adoção.
dezesseis anos. Também houve a supressão A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, o
da restrição constante na redação original a Estatuto da Criança e do Adolescente, trouxe
respeito da adoção somente poder ser reque- fundamental tratamento jurídico a respeito da
rida em favor de casais estéreis, tornando adoção, em perfeita consonância com a Cons-
mais abrangente o instituto. Reconhecendo, tituição Federal, destacando o reconhecimen-
ainda que de forma atenuada, que o adotado to dos direitos fundamentais da criança e do
também é sujeito de direito, a Lei n° 3.133 adolescente, como o da convivência familiar.
de 1957 passou a estabelecer a necessidade As leis mais atuais no Brasil, especifica-
de consentimento do adotando, se maior mente o Estatuto da Criança e Adolescente
de idade, ou de seu representante legal, na (ECA)1, colocam os interesses da criança
eventualidade de ser menor ou nascituro. Mas como primeira preocupação.
ainda se manteve a restrição quanto aos bens De acordo com o Estatuto da Criança e
sucessórios, ou seja, a adoção não envolve- do Adolescente (1990), que define a família
ria direitos sucessórios na eventualidade da substituta como aquela que vem substituir a
procriação dos adotantes com o surgimento família biológica, a colocação de uma crian-
de filhos, legítimos, legitimados ou naturais ça, que está impossibilitada de conviver com
reconhecidos. a família de origem, poderá ocorrer através
Em 1965 sobreveio o primeiro Código de de algumas maneiras jurídicas contempladas
Menores, Lei nº 4.655, de 02 de maio, que no ordenamento jurídico brasileiro como a
foi considerado um marco no direito brasi- guarda, a tutela e a adoção.
leiro em matéria de adoção, pois instituiu a Neste sentido, a adoção é uma das for-
legitimação adotiva nos moldes do modelo mas de integrar as crianças e adolescentes
francês, reformado em 1939. Dentre as mu- ao seio familiar. Além disso é importante
danças, a mais importante foi a legitimação destacar que ela é uma medida excepcional
do instituto da adoção, como descreve Gui- e irrevogável conforme artigo 39, parágrafo
lherme Calmon Nogueira da Gama (GAMA, 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente
2003, p.514): “A legitimação adotiva fazia (1990).

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Diante da miséria da contemporaneidade, tem sentido” (MALDONADO, 2001, p.35).


vem aumentando o número de crianças órfãs A pessoa passa a viver a esterilidade existen-
e vítimas de abandono; e uma das formas cial, em que não adianta investir esforços em
de restabelecer a dignidade dessas crianças outras metas porque carecem de valor. Nesse
é promovendo sua inserção em uma nova contexto, a ideia da adoção surge como a es-
família através da filiação adotiva, prevale- perança da grande promessa de recuperação
cendo sempre a alternativa de reestruturar a do sentido da vida, pondo fim ao tédio, ao
realidade social, psicológica e econômica da vazio, à solidão e à sensação de inutilidade.
família biológica e em último caso a entrega Aí estão as raízes das grandes expectativas
em adoção, regido pela Lei de Adoção Na- com relação à criança adotada, colocada na
cional e pelo ECA (FREIRE, 1991). posição de herói-salvador (MALDONADO,
2001).
Frente a dificuldade ou a impossibilidade
A esterilidade, o sofrimento, a de gerar filhos, homens e mulheres precisam
esperança e o fracasso: alguns encarar o caminho bloqueado e entender que
fatores de risco. isso não representa um flagelo social.
Expectativas são criadas quando se pensa
Não se pode abandonar o fato de que pela em adotar uma criança, tanto pelos preten-
ordem natural da vida, a paternidade ocorre sos pais quanto pelo adotado; essas ilusões
pela fertilidade e, portanto, o conflito da podem levar a decepções que acarretarão
infertilidade pode levar a algumas situações infelicidades entre as partes. É preciso que os
de fracasso em adoções. adotantes tenham consciência de que para o
Em geral, a maioria dos casais, quando se Judiciário, o processo termina com a senten-
une, nunca imagina que poderá ser infértil, ça, mas na vida dos envolvidos está apenas
pois procriar parece ser algo inerente a todo começando. Importante acreditar que mesmo
ser vivo; assim, os casais acreditam que, tão que ela venha para a sua casa com dias, me-
logo suspendam o método contraceptivo, a ses ou anos, a vida dela começou no dia do
gravidez acontecerá; porém, os meses vão-se nascimento, e trará consigo uma história que
passando e nada sucede, colocando em dúvi- deverá ser respeitada. Saber que a criança
da toda a certeza que tinham anteriormente ou adolescente que você chamará de filho ou
(LEIS, 2011). Com relação ao aspecto da filha e que o chamará de pai ou mãe precisa
Infertilidade, ela pode ser feminina ou mas- sentir realmente que é pai ou mãe, abrindo
culina. A literatura médica a descreve como um espaço para que venha à tona o assunto
“doença do sistema reprodutivo definida da adoção com naturalidade, aceitando que
pela falha de se obter gravidez clínica, após fará parte da nova vida a dor do abandono
12 meses ou mais de coito regular desprote- e a alegria do encontro e percebendo que
gido” (REDLARA, 2012) e suas causas são as semelhanças e diferenças irão aparecer,
diversas. mas mesmo assim ele (a) será seu (a) filho
A esterilidade muitas vezes sentida como (a), uma vez que o amor supera ou deveria
castigo, é vivida com muita frustração e dor, superar todos os obstáculos.
com sentimentos de esvaziamento, improdu- As idealizações podem ser armadilhas,
tividade, inutilidade e humilhação [...] isso pois caso não atendidas podem causar
pode se estender para um vazio que ocupa decepção, frustração das partes, tornando
todo o espaço vital – “sem filhos a vida não impossível a tentativa de formar uma família

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principalmente porque “lar, família e afeto” de se tratar de uma pessoa que será adotada
não têm o mesmo significado para todas as e não um objeto de manipulação. Decidir
pessoas. ter um filho é muito mais do que decidir-se
É importante que se compreenda que a pela procriação: é dispor-se à criação de
paternidade/maternidade é muito mais do uma pessoa com tudo o que representa a sua
que a capacidade de procriação, uma vez que individualidade, mesmo que isto desagrade
nem sempre decorre da mesma. Diz Berthoud e/ou destrua parte dos sonhos alimentados no
(1997) que ser pai ou mãe não significa, a ní- decorrer da vida.
vel emocional e psicológico, conceber, gerar, Nas questões envolvendo a adoção uma
dar a luz a uma criança, mas sim um desejo e das situações mais difíceis é contar a ver-
uma capacidade de se envolver afetivamente, dade para a criança ou adolescente, o temor
em uma imensa profundidade, com outro ser da revelação sobre a adoção gera nos pais
humano que representaria a continuidade de uma insegurança emocional e afetiva que
seus pais. Destacando-se que a paternidade/ muitas vezes, acaba prejudicando o próprio
maternidade é essencialmente afetiva e pode desenvolvimento da família. Assim, no item a
ou não se estabelecer pelo origem biológica seguir alguns pontos serão levantados quanto
ou na adoção. ao medo da revelação.
Sobre a motivação para adotar, refere
Webber (2005) que as pesquisas apontam
um interesse primordial e pessoal dos pais O medo da revelação da adoção
adotivos como sendo de satisfazer o desejo
de ser pai/mãe. Outras motivações eviden- A adoção, não sendo mais um tabu so-
ciam a necessidade de preencher a solidão, cial, favorece a quebra dos segredos sobre a
proporcionar companhia a um filho único; filiação, mesmo que o segredo a respeito das
escolher o sexo do próximo filho; substituir origens ainda seja tão difícil de ser revelado.
o filho natural falecido, altruismo, entre ou- Falar sobre a história anterior e a família de
tros. Essas ‘motivações inadequadas’ trazem origem da criança ainda é um ponto de grande
grandes consequencias para a futura relação. inquietação, porém negar ao filho o direito
Ghirardi (2009) escreve sobre o filho de conhecer a sua verdadeira identidade ge-
sonhado e o filho escolhido, dizendo que nética, é negar-lhe o exercício pleno de seu
o cenário da adoção apresenta-se por essa direito de identidade.
dupla e ambígua vertente, na qual o desejo Maldonado (2001) menciona que as fa-
oscila entre a carência e a opção e abrir mão mílias temem revelar a realidade da adoção
do filho sonhado pode representar, para os pelo medo e pela insegurança de não serem
pais adotivos, um longo caminho de trabalho adotadas pela criança: é o temor de que a
psíquico permeado por conflitos e angústias. “voz de sangue” fale mais alto, fazendo com
A experiência clínica com as situações de que a criança queira sair pelo mundo afora à
adoção, prossegue Ghirardi, é reveladora de busca dos “verdadeiros pais”. Pena e medo
que a devolução, ou a fantasia subjacente agem como obstáculo à revelação da verdade,
quando intensificada, retira os adotantes dos contudo, é quase inevitável que, mais cedo ou
lugares identificados com a paternidade/ mais tarde, a criança sinta a necessidade de
maternidade daquela criança. identificar a verdadeira paternidade/materni-
Uma decisão que envolve a vida de tantas dade, pelas características pessoais e outros
pessoas não pode ser baseada em objetivos fatores ligados à família adotiva. Nada irá
e expectativas unilaterais, pelo simples fato detê-la nessa busca e, se houver obstáculo ao

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seu desejo, ela se rebelará de forma declarada impulso, foge à verdadeira relação adotiva.
ou reprimirá seu intento. Essa consciência implica a incorporação da
A difícil opção de silenciar, guardando criança ou do adolescente como expressão
segredos, deve ser encarada pelos adotantes da internalização do desejo e da decisão de
como uma porta aberta para que a criança tê-lo, pois filho é uma realidade irreversível.
venha a conhecer a realidade através de Conhecer o perfil dos adotantes e sua
impiedosas inverdades, contadas por quem preparação para adotar é uma questão que
pouco ou nada conhece do acontecido. O pode vir a evitar a devolução ou a frustração
temor vivido pelos casais antes da adoção, se da adoção. Geralmente são pessoas com ca-
manifesta após efetivada a mesma, de forma samento estável, classe média-baixa e idade
a prejudiciar o relacionamento, gerando con- entre 30 e 40 anos, com problemas de infer-
flitos na criança pela insegurança dos pais. tilidade ou esterilidade, mas que ainda não
A adoção é um ato jurídico gerador da conseguiram assimilar a impossibilidade da
relação de parentesco socioafetivo, é um via natural de ter filhos, e na adoção é buscada
procedimento que possui inúmeros passos e uma família para a criança e não uma criança
que se reveste de situações emotivas e racio- para resolver problemas de uma família.
nais, verificando-se que a adaptação entre a A adoção tardia é bastante comum, mas
criança e/ou adolescente e a família adotiva complicadora, pois a maioria dos casais ha-
é complexa e delicada. bilitados prefere bebês por julgar mais fácil a
Um dos meios de impedir que isso ocorra adaptação, o que efetivamente acontece, uma
é a efetiva participação da equipe interprofis- vez que com crianças acima de três anos de
sional de adoção. vida, o estabelecimento do vínculo familiar
é mais difícil.
A equipe interprofissional assume papel
Os adotantes e a equipe de relevante importância para o sucesso nas
interprofissional adoções. Ter boa formação, embasamento
psicológico que lhes permita compreender
O desejo de ter filhos surge, em geral, profundamente as emoções complicadas e
quando as pessoas iniciam um relaciona- conflitantes, valorizando o sentimento de
mento conjugal mais sério, através de uma gosto e de desgosto, bem como a angústia
união estável ou um casamento, até mesmo dos adotantes, tende a favorecer a abertura de
quando namoram ou estão noivos podem um campo de manifestações íntimas ligadas à
estar pensando nisso, uma vez que tal situção verdadeira motivação de adotar (GHIRARDI,
está ligada à própria natureza do ser humano 2008).
de buscar continuidade da família. Estudar o A “devolução” oficializada é uma experi-
perfil dos adotantes e o processo de prepa- ência que reproduz o estado de duplo aban-
ração para adotar é uma questão que poderá dono, com consequência de difícil reparação,
evitar a devolução, ou o insucesso da adoção. por isso a necessidade da mais absoltuta
Lembra Schettini Filho (2008) que adotar transparência em todo o trâmite do processo.
uma criança ou adolescente exige a consci- A exigência do profissionalismo da equipe
ência clara da maternidade/paternidade como envolvida é preconizada pelo ECA (1990) em
condição para que o sonho da procriação seu artigo 151. A autoridade da intervenção
afetiva se torne realidade na vida pessoal dos profissional é determinada pela necessidade
pais e filhos. Se a decisão de adotar ocorre por de prognosticar o êxito e prevenir dissabores.

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Porém, os tribunais de Justiça brasileiros definitiva de adoção de 1 ano e 7 meses,


já estão avançando no sentido da reparação aproximadamente.
civil, condenando os pais a pagarem um valor A devolução ocorreu sem nenhuma expli-
pelo abandono. A decisão a seguir demonstra cação aceitável, mas deixou claro que o meni-
esta situação: no estaria dando trabalho e que estiveram em
Trata-se de “Ação Civil Pública” ajui- crise conjugal, culpando a criança por isso.
zada pelo Ministério Público do Estado Queriam adotar a menina, mas como não foi
de Minas Gerais em face de M.P.S. e permitida a separação dos irmãos, adotaram
R.A.S., em favor de V.H.C.S, alegando também o menino, desenvolvendo por ele
que o menor, em 09 de março de 1999 sentimento de rejeição e hostilidade.
foi entregue aos requeridos, sob a forma
A determinação judicial de retorno à
de guarda, tendo sido ajuizado o pedido
de adoção no mês de outubro de 1999, instituição visava melhorar o relacionamen-
com deferimento em 26 de setembro de to familiar com o intuito de se possibilitar
2000. Afirma que, no dia 06 de julho de tratamento à toda a família, sendo certo que
2001, a criança foi devolvida à Institui- os pais deveriam acompanhar de perto o
ção Missão Criança, ressaltando que, se- menor, além de se sujeitarem a tratamento
gundo relatos de psicólogos e assistentes psicológico, mas não o fizeram. Ao contrá-
sociais, o menino era rejeitado, agredido, rio, as visitas além de escassas, impunham
humilhado por seus pais, além de ter angústia e humilhação, sendo que dirigiam
sido abandonado física, material e mo-
palavras depreciativas ao menor, como “bur-
ralmente, o que ensejou o ajuizamento
da ação de destituição do poder familiar, ro, retardado, moleque, você destruiu nosso
com sentença judicial publicada em 23 casamento, já está consertado?” (MINAS
de abril de 2009, sem a interposição de GERAIS, TJ, 2012).
qualquer recurso, postulando a conde- A criança não foi amada nem respeitada,
nação dos suplicados ao pagamento de serviu apenas de objeto descartável, usada
indenização por dano moral e material,
para a adoção de uma menina. Quando apa-
visto que agiram, “no mínimo de forma
reciam na instituição os pais se portavam
negligente, ao criar expectativa para o
adotando de que o mesmo seria aceito e de maneira grosseira e inadequada, sem de-
respeitado efetivamente como filho do monstração de afeto, o que causava revolta
casal, o que não ocorreu” (fl.08), com dos profissionais envolvidos na recuperação
fixação de alimentos até que a criança da família. Só visitavam porque estavam
complete vinte e quatro anos (MINAS respondendo ação penal por abandono e
GERAIS, TJ, 2012). temiam retaliação.
Da análise do acórdão se observa uma O laudo psicossocial foi importante por
situação extremamente complexa na qual o esclarecer que o casal não tinha interesse em
casal adotante, querendo uma criança do sexo retomar o convívio com o menor e sequer
feminino, encontra em um abrigo um casal de teria providenciado o registro de nascimento,
irmãos biológicos e, alertados da impossibili- uma vez concedida a adoção. Não possuem
dade de separá-los, para assegurar o convívio vínculo afetivo e se eximem de qualquer res-
dos irmãos, deliberadamente mantém seu ponsabilidade no que se refere ao compromis-
intento e dão seguimento ao pleito de adoção. so assumido de acolher e cuidar da criança
O menino foi adotado com 05 anos de ida- independentemente de suas características.
de e devolvido aos 07 anos, sendo o período O ato perpetrado pelos pais adotivos de
de convivência entre a guarda e a sentença devolver o menor traumatizou-o, já que esse

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passou a ter traços agressivos e de insubordi- zendo um curso de qualificação profissional,


nação, apresentando inclusive dificuldade no segundo informações do Promotor de Justiça
processo de aprendizagem, além de ser um responsável pela Ação Civil Pública e deverá
descumprimento da regra legal prevista no receber o auxílio financeiro dos pais enquanto
artigo 39, parágrafo 1 do Estatuto da Criança estiver se qualificando.
Adolescente (1990). Em razão da idade, fácil constatar que é
V., com tantos abandonos que sofreu, remotíssima a possibilidade desse adolescen-
sentia-se uma criança sem amor para te vir a ser adotado por outra família.
receber e para dar. Como no seu modo Recentemente, conforme publicação no
de pensar ninguém o amava, ele teve site do Conselho Nacional de Justiça e notícia
que se fazer valer criando sua própria divulgada pelo Jornal Estadão de São Paulo, a
identidade, mesmo que fosse inadequada Justiça de Santa Catarina condenou um casal
para os padrões aceitos pela sociedade.
que, após seis anos da adoção de um casal de
Nomeou-se “um menino mau”, na sua
irmãos biológicos, queria devolver o mais
forma de entender seria reconhecido e
respeitado. Era um título conquistado velho, o menino. Alegavam problemas de
Poe ele com muito orgulho (MINAS relacionamento e queriam devolver apenas
GERAIS, TJ, 2012). um. O Assistente Social que acompanhou o
caso informou que o casal mantinha atitudes
Menciona a relatora no acórdão: “o drama discriminatórias em relação aos filhos ado-
vivido pelo menor é de extrema relevância tados, pois são pais de um filho biológico.
porque, afinal de contas, foi vítima de um O garoto era tratado de maneira diferente da
ato impensado daqueles que postularam sua menina e do filho biológico. O caso também
adoção, restando comprovado nos autos o foi acompanhado por uma psicóloga que
drama vivencial que repercutirá para sempre considerou o casal despreparado para assumir
em sua vida” (MINAS GERAIS, TJ, 2012). a maternidade/paternidade. As testemunhas
Decidiu, por maioria, a Oitava Câmara foram enfáticas em dizer que o casal, prin-
Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Mi- cipalmente a mãe, agredia verbalmente a
nas Gerais, ratificando sentença monocrática, criança e a discriminava publicamente. O
condenar o casal por danos materiais e morais menino disse que não era amado.
em razão da adoção e posterior devolução do Em decisão de primeiro grau, confirmada
menor ao abrigo, a título de pensão alimentí- pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina,
cia a quantia de 15% do salário mínimo até foi determinada a retirada dos filhos adotivos
a idade de 18 anos ou 24 se estudante ou até do casal, e não apenas do mais velho. O casal
ser adotado e a reparar os danos morais na recorreu alegando que não foram esgotadas
quantia de R$15.000,00. as possibilidades de reinserção familiar
Concluindo, a ação civil pública foi pro- das crianças, não sendo provido o recurso.
posta em 2009, quando V. já tinha 15 anos O valor da indenização por danos morais,
de idade, sendo concedida medida liminar de R$ 80.000,00, será depositado em uma
obrigando o casal a depositar o montante de poupança vinculada ao juízo até as crianças
15% do salário mínimo em uma conta judicial completarem 18 anos quando será dividida
em nome do adolescente, que a ela terá acesso entre os dois. (BRASIL, CNJ, 2012).
quando completar 18 anos. As decisões judiciais condenando os pais
O adolescente ao completar 18 anos não adotivos a indenizarem as crianças e adoles-
terá que deixar o abrigo por conta de estar fa- centes vítimas de uma “devolução” ainda

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Jane Elisabete Riede - Giana Lisa Zanardo Sartori

são incipientes, em número inexpressivo, motivação, conscientizá-los de que estão


porém extremamente relevantes para punir assumindo uma criança com suas caracterís-
os que descumpriram as normas jurídicas e, ticas específicas e que talvez não seja aquela
principalmente, desrespeitaram a dignidade esperada, a fim de ajudá-los a compreender a
humana destas crianças e adolescentes. responsabilidade existente sobre as relações
afetivas a serem estabelecidas. Ainda, antes
do contato inicial com a criança, tenham os
Considerações finais pretendentes a consciência de que não podem
agir impulsivamente, considerando que o
Através de estudos, percebe-se que, den- primeiro contato físico representa a emoção
tre as facilidades e dificuldades no processo do parto que não aconteceu, e que daquele
adotivo, o período de estágio de convivência ato fazem parte pessoas fragilizadas, a fim de
é uma das mais importantes condições, prin- evitar que aquela criança sofra com a discre-
cipalmente para romper falsas expectativas pância que ocorre entre o idealizado e o real.
das partes. Os grupos de apoio à adoção e as A capacidade de lidar com a infertilidade
modificações na lei de adoção estão entre os deve ser olhada de forma especial, a criança
mais facilitadores. não pode ser colocada no lugar de algo que
A grande burocracia, a longa fila de representa fracasso e assim gerar sentimentos
espera, os medos e preconceitos a respeito autodepreciativos. O investimento dos pais
da adoção são fatores que dificultam o pro- em relação ao filho adotivo agravados pela
cesso e causam frustrações. Neste contexto dor da infertilidade sinalizam conflito. Outra
encontra-se o exame psicológico como situação que deve ser evitada é utilizar a crise
determinante para o sucesso da adoção, familiar como fator para buscar a adoção e
bem como o acompanhamento e o preparo que na verdade é uma motivação inadequada
emocional aos adotantes e, quando possível, e que poderá trazer consequente prejuízo na
dependendo da idade, do adotado, a fim de relação pais e filhos.
evitar insucessos e até mesmo uma possível Motivação religiosa ou altruísta pode vir a
devolução da criança. Deve haver prepa- comprometer a estabilidade da família consti-
ração e capacitação de todos os servidores tuída, pessoas que se consideram “bondosas”
envolvidos no atendimento dos adotantes, ou que estão bem economicamente merecem
principalmente precisa ser feito investimento ser melhor avaliadas, pois, muitas vezes, esse
na formação de equipes interprofissionais a sentimento altruísta esconde uma enorme
fim de auxiliar os candidatos à adoção na frustração e uma baixa autoestima que irão
compreensão da necessidade do tempo de interferir futuramente na relação, culminando
espera, compreender o desejo de ser pai/mãe, com a “devolução“.
e qual a exata motivação para adotar. Quando o vínculo da filiação não ocorre,
Os profissionais que trabalham com colo- pequenas dificuldades tornam-se grandes
cação de crianças em famílias substitutas, em problemas e os adotantes devem ter em mente
todas as áreas, jurídica, social e psicológica, que os filhos biológicos, também apresentam
tendo em vista que concepções pessoais são problemas de adaptação aos pais, às regras
utilizadas para fundamentar decisões, devem e limites do lar, contudo, não são devolvi-
passar por constantes reciclagens, apontando- dos porque são entendidos como “seus”, e,
se como sugestão, que haja um maior rigor quando se diz filhos adotivos, cogita-se a
por parte das autoridades quanto à habilitação possibilidade repugante da “devolução”, a
dos pretendentes à adoção, conhecer sua real qual deveria ser abolida, mas na preservação

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Adoção E Os Fatores De Risco: Do Afeto À Devolução Das Crianças E Adolescentes

do interesse da criança a melhor solução é não Criança e do Adolescente, lei n. 8.069 de 13


mantê-la em uma família, na qual não exista de julho de 1990. Assim, evidencia-se que
mais espaço para ela, situação que gera uma a regra legal existe e deve ser cumprida e
nova destituição do poder familiar. A criança não descumprida, porém os casos que estão
ou adolescente ficará novamente à espera de acontecendo, mesmo em desacordo com o
uma família para acolhê-la e amá-la de ver- que está prescrito em lei, não poderão ficar
dade. O abandono experimentado uma vez sem a tutela jurídica, uma vez que as crian-
tem consequências psicológicas dolorosas e ças e adolescentes devem ser protegidos
a reincidência será de impossível reparação integralmente, neste sentido as decisões de
ou deixará marcas para toda a vida. indenização e condenação ao pagamento de
Cabe ressaltar que a adoção é medida alimentos devem ser um dos caminhos utili-
excepcional e irrevogável conforme arti- zados para coibir situações de “devolução”.
go artigo 39, parágrafo 1º. do Estatuto da

NOTA
1
Estatuto da Criança e do Adolescente. (ECA). Lei n. 8.069 de 1990. No texto será utilizada a forma
abreviada ao referir o Estatuto da Criança e do Adolescente.

AUTORES

Jane Elisabete Riede - Bacharel em Direito pela URI - Erechim, Advogada. E-mail: janerpai-
va@bcnet.com.br
Giana Lisa Zanardo Sartori - Bacharel em Direito e Especialista em Direito Civil, pela Uni-
versidade de Passo Fundo. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Doutora em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí, SC e em Giurisprudenza
pela Università di Perugia, Itália. Professora do Curso de Direito e Coordenadora da Área de
Conhecimento da Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Regional Integrada do Alto
Uruguai e das Missões, Campus Erechim, RS. E-mail: sgiana@uri.com.br

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