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RESUMO
Este trabalho está dividido em seis capítulos, no primeiro capítulo é abordada a forma
em que a mente humana trabalha. Em seguida, analisa-se como funcionavam as
programações televisivas nos anos 90. No terceiro capítulo, vê-se a estruturação de
um roteiro publicitário. Nos capítulos quarto e quinto, alguns comerciais televisivos dos
anos 90 são relembradas e pontuadas suas características mais marcantes. No
capítulo seis diferenciam-se as campanhas de 1990 para as de hoje, além de pontuar
de que forma as agências e marcas conseguem estar dentro das regulamentações de
publicidade, mas mantendo a essência divertida e marcante da década de 90.
INTRODUÇÃO
Academia.
3 Professor Mestre do curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda do Centro
Universitário Academia.
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Dessa forma, a televisão é quem exercia a função que hoje a internet exerce de
entreter toda a família.
Além da programação dos canais existentes na época, como novelas e
programas de auditório, é possível considerar os comerciais televisivos como parte
desse entretenimento, parte da programação do dia. Eram comerciais criativos e
animados, que tinham o poder de contagiar quem os assistiam. Jingles animados,
coreografias marcantes e piadas que arrancavam risadas espontâneas, repercutindo
depois nos grupos de amigos e familiares.
Mas o que mudou com o passar dos anos? Por que é dito que naquela
época era assim e hoje não se escuta o mesmo dos comerciais? O que fez as
campanhas de tevê mudarem e adotarem outro padrão? É fato que o mundo mudou,
algumas “piadas” hoje não têm a mesma graça, uma vez que a preocupação e a
discussão sobre atingir e ofender grupos de pessoas ficou maior e mais evidente.
Entretanto, o que se pretende demonstrar neste trabalho é a diferença entre como os
comercias dos anos 90 conseguiam prender a atenção do público com mais facilidade
e conseguiram marcar toda uma geração
pessoa. Assim, a afetividade está ligada à memória do ser, uma vez que ela ocupa as
lembranças dele, sejam tristes ou felizes. Wallon (2015) afirma que o afeto é um dos
principais aspectos para o desenvolvimento humano. O autor defende que a evolução
de uma pessoa depende tanto da sua capacidade biológica quanto do ambiente em
que ela evolui. Wallon divide esse desenvolvimento humano em cinco etapas:
impulsivo-emocional; sensório-motor e projetivo; personalismo; categorial; e
puberdade e adolescência, e complementa dizendo que, ao longo dessas etapas,
afetividade e inteligência se alternam.
Sabendo disso, é possível entender como a Publicidade pensa ao realizar
o planejamento e a criação de uma campanha, o que a marca deseja atingir e como
ela deseja alcançar esse objetivo. As empresas desejam estar presentes na mente do
consumidor para que ele possa optar por ela na hora compra sem pensar duas vezes.
Há, ainda, um desejo maior do que apenas ser Top of Mind. As empresas almejam a
afetividade do consumidor, que ele tenha um certo “carinho” para com a marca e o
produto.
Para isso, as campanhas publicitárias são pensadas de forma que o público
possa assistir, uma ou mais vezes, e se identificar afetivamente com aquele produto
ou marca. Obtendo sucesso nessa etapa, os anunciantes conseguem ganhar a
atenção e a preferência do consumidor, fazendo com que ele compre o
produto/serviço anunciado.
A memória humana funciona a partir de conexões neuronais que atingem
a memória, tornando algo que o homem se lembrará automaticamente ou que poderá
acontecer por meio de um gatilho para que a lembrança apareça. Sendo assim, se
utilizar dessa fisiologia humana, se tornará uma excelente estratégia para que as
marcas alcancem seu objetivo.
Para falar de comerciais televisivos dos anos 90, é preciso entender como
era a televisão nessa década, como ela era importante, e de que maneira ela
participava e influenciava as famílias brasileiras na época. Segundo a PNAD -
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2001), a mudança do rádio pela TV
ocorreu nos anos 90. Em 1996, 84,4% das moradias possuíam televisão em casa.
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podem ser citados Washington Olivetto, Júlio Cosi Jr. e Alex Periscinoto. A partir dessa
mudança na forma de criar, a evolução foi contínua e cada vez mais perceptível.
Na década de 80, as agências já haviam deixado por completo a influência
musical do rádio e as imitações de campanhas estrangeiras e criaram peças históricas
para o mundo publicitário. Exemplos memoráveis são as campanhas da Casas
Pernambucanas, que mostravam o que a marca tinha de melhor e que a concorrência
não tinha.
necessita, antes de tudo, de um ótimo roteiro, que não seja confuso, não dê espaço
para ambiguidades e que entretenha os possíveis compradores.
O humor é um dos recursos mais usados para cumprir esse objetivo. No
entanto, este recurso deve ser dosado para que não torne o comercial improdutivo e
massante. Madden e Weinberger (1984) e Weinberger e Gulas (1992) diziam que não
existem provas definitivas demonstrativas de um comparativo onde se mostra a maior
eficiência da mensagem humorada daquela que não possui senso de humor. Um
comercial com muitas piadinhas pode se tornar chato, indo contra todo o objetivo da
campanha.
Outra forma estratégica de persuasão linguística é mostrar que o
produto/serviço anunciado pode mudar a rotina do potencial comprador, de alguma
forma inovadora e avançada, ao mesmo tempo que passa a sensação de familiaridade
e aceitação. Loewy (1986) chamava essa estratégia de MAYA - Most Advanced Yet
Acceptable (mais avançado, ainda sim, aceitável).” Trata-se de algo novo, desafiador
e surpreendente que abre uma porta para a sensação de conforto, significado ou
familiaridade. Isso se chama aha estético.” (Thompson, 2017, p. 52).
para solucionar o problema. Mais clara de ser percebida sozinha uma vez que,
segundo Barreto, as outras acontecem de forma quase simultânea. O autor também
diz que essa estrutura não é um padrão, ela é mutável e pode ser posta de formas
diferentes durante a apresentação do filme com a solução. Por exemplo, a solução do
problema pode ser a primeira parte do filme publicitário, fazendo uma ordem invertida
dos elementos.
Os comerciais possuem uma linguagem mais dinâmica e que se comunica
melhor com o público, uma vez que ele precisa se identificar com o problema para que
o produto também seja uma solução para ele. O roteiro precisa ser interessante para
que o espectador preste atenção, mesmo que ele esteja fazendo algo paralelamente.
E é o que diferencia um roteiro para cinema, por exemplo. Veja nas ilustrações abaixo
disponibilizados por Barreto em seu livro, as diferenças do desenvolvimento de um
roteiro cinematográfico de um publicitário:
muito felizes na captação das imagens para o comercial. Além das captações de forma
natural que transformaram a campanha, que na época eram feitas com películas, os
momentos precisavam ser gravados de forma certeira. Aqui, a espontaneidade e a
naturalidade das personagens principais deram o tom do sucesso,
Parmalat/Divulgação
Tanto o jingle como toda a cena dos alunos se contagiando com o sabor da
goma de mascar são, de fato, muito marcantes e permanecem facilmente na cabeça
de quem assiste ao comercial, mesmo que nos dias de hoje.
Dessa forma, é possível perceber de que forma as campanhas dos anos 90
foram pensadas e desenvolvidas. Eram bem animadas, com piadas, referências a
filmes, jingles marcantes (sendo eles originais ou paródias), diferente do que podemos
observar hoje, com comerciais mais “cleans”, que não trazem mais tanta informação
como traziam os da década de 90.
Seguindo a análise dos jingles dos comerciais televisivos da década, Pipoca
com Guaraná Antártica é um dos mais famosos. O jingle ainda é usado como exemplo
no estudo de construções dessa ferramenta comercial. A canção criada por Sérgio
Mineiro, César Brunetti, Sérgio Campanelli, Maurício Novaes e Lino Simão no ano de
1991, conta com uma melodia bem animada, usando o estilo que se via nos discos e
programas musicais que haviam em 1990.
O comercial contava com cenas de milho de pipoca sendo estourado e o
Guaraná Antártica sendo servido em um copo com gelo, o que deixava muito atrativo
e despertava a vontade de consumir o conjunto pipoca com guaraná. Além disso, a
letra do jingle era bem simples, indicando o processo da pipoca sendo estourada e
depois a sede de uma bebida para acompanhar. “Pipoca na panela/Começa a
arrebentar/Pipoca com sal/Que sede que dá/Pipoca e guaraná que programa legal”.
Percebe-se o convite ao consumo do produto e a intenção de despertar essa vontade
no telespectador
Essa campanha foi um sucesso grandioso, e teve sua versão atualizada no
ano de 2020, protagonizada e cantada pela cantora e atriz Manu Gavassi.
Compre Batom, de 1992, é um exemplo de campanhas que não devem ser
feitas nos dias de hoje. Entretanto, é inegável que é um dos comerciais mais
marcantes dos anos de 1990. O garotinho segurando o chocolate Baton, da marca
Garoto que balança por uma cordinha enquanto sugere estar hipnotizando o
telespectador ao mesmo tempo em que repete a frase “Compre Baton, Compre Baton”
repetidas vezes, é lembrado sempre em diversas situações, seja em discussões sobre
como esse comercial pode ser problemático ou em recordações nostálgicas de como
os produtos e as campanhas eram mais saborosos.
A campanha era finalizada com o slogan “Baton, o chocolate da Garoto que
não sai da boca e nem da cabeça”. De fato, a campanha cumpriu com sua palavra dita
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
ABSTRACT
This work is divided into six chapters, in the first chapter the way in which the human
mind works is addressed. Then, we analyze how television programming worked in the
90s. In the third chapter, we see the structuring of an advertising script. In the fourth
and fifth chapters, some television commercials from the 90s are remembered and
their most striking features are punctuated. In chapter six, the campaigns from the
1990s to those of today are differentiated, in addition to punctuating how agencies and
brands manage to comply with advertising regulations, while maintaining the fun and
striking essence of the 90s.
REFERÊNCIAS
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Disponível em: https://propmark.com.br/campanhas-que-amamos-mas-nao-
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