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Edificando a Igreja de Cristo no acolhimento, ensino e propagação da Palavra

Romanos 15.1-13

Ora, nós que somos fortes na fé temos de suportar as debilidades dos fracos e não agradar
a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação.
Porque também Cristo não agradou a si mesmo; pelo contrário, como está escrito: “Os
insultos dos que te insultavam caíram sobre mim.” Pois tudo o que no passado foi escrito,
para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das
Escrituras, tenhamos esperança. Ora, o Deus da paciência e da consolação lhes conceda
o mesmo modo de pensar de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que
vocês, unânimes e a uma só voz, glorifiquem o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto, acolham uns aos outros, como também Cristo acolheu vocês para a glória de
Deus. Pois digo que Cristo foi constituído ministro da circuncisão, em prol da verdade de
Deus, para confirmar as promessas feitas aos nossos pais e para que os gentios
glorifiquem a Deus por causa da sua misericórdia, como está escrito: “Por isso, eu te
glorificarei entre os gentios e cantarei louvores ao teu nome.” E também diz: “Alegrem-
se, ó gentios, com o povo de Deus.” E ainda: “Louvem o Senhor, todos vocês, gentios, e
todos os povos o louvem.” Também Isaías diz: “Virá a raiz de Jessé, aquele que se levanta
para governar os gentios; nele os gentios esperarão.” E o Deus da esperança encha vocês
de toda alegria e paz na fé que vocês têm, para que sejam ricos de esperança no poder do
Espírito Santo.

Introdução:

- Em 18 de fevereiro de 1678, o pastor Batista John Bunyan publicou um livro que


seria o segundo livro mais lido no mundo após a bíblia que o livro O Peregrino.

- Bunyan escreve este livro enquanto estava prisão sobre o crime de pregar o
evangelho na Inglaterra. Bunyan fazia parte do movimento que ficou conhecido na
história da igreja Movimento dos Puritanos. Movimento este que visava restaurar a pureza
espiritual da até então corrompida igreja Anglicana.

- Bom, a alegoria de Bunyan narra a história de Cristão, um homem que mora na


cidade da Destruição e carrega consigo um grande fardo. Este homem encontra um
livro que lhe diz que a cidade será destruída pela ira de Deus.
- Ao ler o livro, ele vê que sua vida e a vida da sua família correm perigo, pois a
cidade será condenada ao fogo. Então, desesperadamente ele tenta falar com sua
família a respeito do livro e da situação perigosa em que se encontram.

- Seus amigos a parentes o chamam de louco e ele decide sozinho sair da cidade rumo a
cidade Celestial, onde encontraria alivio do seu fardo e salvação. Então Cristão segue
como um peregrino rumo a cidade Celestial.

- Bunyan de forma maestral mostra como é a caminha cristã aqui na terra. Estamos numa
peregrinação rumo a Jerusalém celestial.

- Na história Bunyan mostra todos as lutas e dificuldades na vida de Cristão peregrinando.


Personagens que aparecem para ajudar cristão e para atrapalhar e impedir a
caminhada dele.

-Mas, o que a história de Bunyan tem a ver com o texto que lemos? Tem tudo a ver.

- Após sua exposição doutrina acerca do Evangelho, Paulo começa a agora a


trabalhar a parte prática tudo o que ele ensinou. E uma das coisas que o Evangelho
nos leva a comunhão.

- Veja, alguém certa vez disse que “Depois da comunhão com Deus, não existe
comunhão semelhante à dos santos”.

- À medida que fazemos a longa e difícil jornada para casa, Deus usa esta
“comunhão”, esse companheirismo cristão, para incentivar os desanimados,
restabelecer os instáveis, desafiar os desatentos, animar os aflitos, orientar os
confusos, revigorar os exaustos e proclamar a sua Palavra.

- Em outras palavras, Deus usa o companheirismo cristão para transmitir graça à


alma cansada de viajar, para ensinar da sua Graça e assim podermos transmitir a
mensagem do Evangelho.

- Isso parece maravilhoso, não é? Porém, infelizmente, não é algo fácil.

- Apesar de muitas vezes ser difícil manter a comunhão, isto não altera a realidade
da bênção que jorra do verdadeiro companheirismo cristão.

- A bíblica constantemente nos faz lembrar do nosso chamado para nos esforçarmos
“diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4.3).
- Vejamos como edificar a igreja através o acolhimento, ensino e propagação da
Palavra.

1. A edificação através do altruísmo e o exemplo de Cristo (v. 1-3)

- Para pensarmos em acolhimento, ensino e proclamação da Palavra, temos que ter


uma disposição altruísta. Por esta razão a primeira coisa que Paulo deixa claro é
que nós não devemos agradar a nós mesmo. Igreja não é self service.

- Veja, “nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar
a si mesmos.”.

- Note que Paulo se coloca no grupo dos crentes fortes, mas não no intuito de gabar
disto, mas para incentivar os leitores da carta a serem imitadores de Cristo tal como
ele é.

- “Nós que somos fortes”, a palavra que Paulo usa aqui, tem um sentido de alguém que é
capaz de suportar calamidades, sofrimentos com coragem e paciência ou alguém que
é firme nas virtudes cristãs ou forte na alma.

- Paulo então se dirige aqueles que conseguem viver uma vida cristã firme nas suas
convicções. Porém, esta força não é razão de se gabar ou de menosprezar o mais
fraco.

- Paulo segue dizendo que os fortes devem “suportar” as debilidades dos fracos.

- Mas o que Paulo quer dizer com devemos?

- Primeiro, a palavra “devemos” tem sentido de uma boa vontade devida, ou seja, é
uma obrigação pessoal para com algo. Por exemplo, no seu trabalho, você tem o
dever de tratar a bem a todos.

- Então, para o forte é algo que ele sabe que tem que fazer e deve fazer. E o que é
isto que ele deve fazer de boa vontade? Suportar a debilidade dos fracos.

- A palavra que Paulo usa para suportar, não deve ser entendida no sentido de
“tolerar”, ou seja, eu como forte tenho que tolerar tudo do meu irmão mais fraco.
Não. O sentido aqui é de pegar com as mãos, carregar, apoiar, colocar sobre si
mesmo. Então o forte tem o dever de ajudar o mais fraco na caminhada.
- Mas é ajudar ele a ficar do jeito que está? Não. Mas ajudando eles na sua
debilidade.

- A palavra debilidade, significa erro que provém da fraqueza da mente.

- E como eu os ajudo na sua debilidade? Primeiro, Buscando não agradar a nós


mesmo.

- Paulo quer deixar claro que o amor cristão não é egocêntrico, mas, como HDL diz,
“outrocentrico”. Ele não visa os próprios interesses, mas busca o interesse do
próximo.

- Então, Paulo ensina que o conhecimento e a maturidade espiritual dos crentes fortes
não devem leva-los à uma conduta arrogante para com o crente mais fraco. Antes,
o crente forte precisa de boa vontade suportar a debilidade do fraco.

-Veja, pegando o contexto do capitulo 14, Paulo está dizendo que os crentes fortes
não devem agradar a si mesmos, comendo e bebendo publicamente, sabendo que
isso irá causa tropeço aos crentes mais fracos. Antes, os crentes fortes, devem buscar
a edificação dos mais fracos.

- Agora, há um ponto importante aqui, disso, os fracos são apresentados como


pessoas que possuem “debilidades”, e a exortação de Gálatas 6.2 por certo se aplica
neste caso. “Cada um de nós agrade ao próximo” e “não nos agradar a nós mesmos”
não devem ser interpretadas no sentido de que sempre devemos ceder aos caprichos
e desejos alheios, embora sejam estes de irmãos na fé.

- Então, o crente fraco também não pode abusar deste principio para fazer com o
que o outro ceda aos seus caprichos.

- Esse agradar que Paulo fala é que manterá a paz de consciência que seria
perturbada e destruída pela conduta dos mais fortes.

- Agora, note que Paulo vai dizer que devemos agradar o próximo no que é bom para
a edificação. Significa que deve haver um crescimento mutuo de sabedoria cristã,
piedade e maturidade.

- Então veja que a edificação da igreja acontece quando crentes fortes ajudam os
crentes fracos a serem edificados a crescerem na fé. E quando os crentes fracos se
dispõem em aprender e crescer junto com os fortes na fé.
- Note que Paulo não está exortando que os fracos na fé deverão ser fracos na fé a
vida toda.

- Note que não somente Paulo, mas Pedro também, sempre exorta o crescimento na
fé, nunca você verá alguma exortação para que fique estagnado naquilo ali. E esse
crescimento se dá por meio desta edificação, onde os mais fortes suportam a
debilidade do mais fraco para que aja edificação mutua entre eles.

- Então Paulo evoca o exemplo de cristo para exortar os seus leitores (v.3)

- E porque Paulo vai usar o exemplo de Cristo para exortar os fortes a suportarem
os fracos?

- Bom, é fácil de responder, visto que somos pecadores, nossa tendencia é achar tudo
isto um peso, um fardo muito complicado de levar. Alguém poderia dizer: Mas Paulo,
porque eu tenho que suportar o mais fraco a ponto até de tolher a minha liberdade
em certos momentos?

- Então, Paulo lança luz sobre o altruísmo de Cristo, que nunca buscou o interesse
próprio, mas os dos outros.

- Note que Paulo faz seus leitores olhar para a vida de Jesus nos evangelhos. Talvez
alguns tenham até sido testemunhas oculares de Jesus.

- O que Paulo está dizendo é o seguinte, olhe, pode parecer duro e difícil suportar o
mais fraco na fé e buscar agrada-lo, porém, temos um exemplo supremo, Jesus
Cristo. Sendo assim, como discípulos deles e como mais fortes na fé, precisamos
seguir seus passos neste tipo de conduta.

- Eis aqui uma boa diferença entre um discípulo e um mero seguir de Cristo.

- Isto é um princípio valido para vários outros momentos da nossa caminha cristã, tomar
Cristo como modelo.

- O amor a Cristo e a sua igreja deve superar nossa vontade de agradar a nós mesmo.

- Paulo quer mostra que, assim como Cristo não se esquivou dos golpes, injurias e
humilhação, tudo isto para mostrar o zelo pela honra de Deus e o cumprir a vontade
do Pai, assim nós, os fortes, não devemos no esquivar do dever de suportar os fracos
na fé para edificação do corpo de Cristo.
- Agora, note mais uma vez que em nenhum momento Cristo exorta que as pessoas
permaneçam do jeito que estão. É preciso amadurecer e crescer na fé.

2. A edificação através do ensino das Escrituras (v.4-6)

- Paulo agora busca apoio nas Escrituras para sustentar sua exortação.

- Aqui Paulo elenca a razão destes ensinos. Veja, “Tudo quando, outrora, foi escrito
para o nosso ensino foi escrito”.

- Pergunta: O que foi escrito e o porquê foi escrito?

- Note que na carta aos Romanos, Paulo com muita frequência recorre às Escrituras.
E que Escrituras? Antigo Testamento. Ele demonstra aqui que o AT tinha o proposito
de fornecer a instrução necessária para o cumprimento da fé.

- Este ensino dado pelas Escrituras tem como finalidade promover perseverança
(paciência) e consolo. E onde enxergamos isto no AT? Através da relação de Deus
com o povo.

- Note a construção: Irmãos mais fortes devem suportar os mais fracos; por que?
Para que estes não se entristeçam na fé com alguma conduta dos mais fortes. Certo
Paulo, mas qual o fim disto? Para que aja a edificação mutua, onde ambos são
edificados e crescem na fé. Certo Paulo, mas você sabe que isto nem sempre é fácil,
e aí, qual o exemplo que devo tomar como base de como fazer isto? O exemplo de
Jesus. Certo, e onde podemos sustentar essa afirmação? Nas Escrituras, elas têm por
finalidade prover a instrução necessária para se viver de forma a edificar uns aos
outros. Certo, e o que a instrução das Escrituras me levam a construir? Paciência e
consolo. Para que paciência e consolo? Para que tenhamos esperança. Esperança no
que Paulo? Na volta de Cristo que virá buscar a sua igreja.

- Veja, a instrução, a perseverança e o consolo derivados das Escrituras são


apresentados como elementos que contribuem para este exercício da esperança,
demonstrando assim para o crente e para a comunhão dos santos a importância do
alcance implícito na esperança (cf. Rm 8.23-25).

- Veja, o apóstolo assevera que a paciência e o consolo são os meios para atingirmos
um alvo mais final, ou seja, a esperança. Neste caso, a esperança deve ser entendida
como algo que o crente cultiva.
- Não pode haver o exercício da esperança, a menos que esta seja dirigida a um objeto,
aquilo que se espera. Porém, “ter esperança” significa viver na prática da esperança
(cf. At 24.15; Ef 2.12; 1 Ts 4.13; 1 Jo 3.3).

- Note como a edificação da igreja e dos crentes é construída, através do amor mutuo,
altruísmo, tomando o exemplo de Cristo e meditando nas Escrituras.

- Veja, Paulo chama seus leitores a olharem para Deus e seu trato para conosco.
Diante dele todos nós somos fracos, e ainda assim ele é paciente com as nossas
fraquezas e nos consola em meio a elas. Sendo assim, este sentimento que deriva do
Pai, que foi vivido pelo Filho deve ser aplicado na vida da sua Igreja. E fazemos isto
com base no ensino da sua Palavra.

- “Segundo Cristo Jesus” poderia significar “em consonância com a vontade de


Cristo”.

- Mas, esse apelo é apenas para os crentes mais fracos se sentirem bem? Ou para
simplesmente tolher os fortes? Não!

- Verso 6 Paulo expressa o proposito disto tudo, glorificar a Deus. Edificar a Igreja
e glorificar Deus. Uma igreja edificada é uma igreja que vive para a glória de Deus.
Lembra-se que Jesus fala que a união do povo de Deus é a prova de somos do Pai e
assim o mundo irá crer na nossa mensagem.

- Quando a comunidade dos santos é maculada por suspeitas e dissensões e, neste


caso particular, pela arrogância dos crentes fortes e o tropeço dos fracos, Deus não
é glorificado.

- A glória de Deus é o propósito controlador de todas as nossas atitudes e ações.

3. A edificação através do acolhimento mutuo e da proclamação da Palavra


(v.7-13)

- Agora Paulo não somente foca em um grupo especifico, mas em ambos. A mesma
exortação agora ganha abrangência para forte e fracos.

- Paulo vai dizer, “acolhei-vos”, verbo proslambano, que significa tomar como
companheiro, receber em casa, acolher em amizade. Crentes fortes e crentes fracos
são chamados a se acolherem mutuamente, em confiança e amor.
- A base para isto é que Cristo também nos acolheu para a glória de Deus.

- O contra ponto que Paulo faz aqui é o seguinte: Se cristo nos acolheu, sendo nós fracos
e pecadores, porque nós então iremos rejeitar a comunhão com aqueles que Cristo
recebeu?

- Veja, se colocarmos limites à nossa aceitação dos crentes, estaremos violando o


exemplo daquele ato redentor sobre o qual fundamenta-se toda a comunhão da
igreja. Em 14.3, o fato de que Deus recebeu os crentes fortes é apresentado como
motivo pelo qual os fracos devem acolhê-los. O recebimento de todos por parte de
Cristo é o alicerce sobre o qual deve haver comunhão irrestrita.

- Verso 8 e 9 Paulo explica isto na prática. Ele vai falar da relação de que agora não
há nem judeu nem gentio, todos são um só povo, circuncidados no coração.

- Paulo conclui a parte exortativa da sua carta, mostrando que devemos acolher uns
aos outros na igreja, porque o próprio Senhor e cabeça da igreja se tornou servo
para salvar tanto judeus como gentios.

- John Stott diz que Paulo desliza quase imperceptivelmente da unidade dos fracos e
fortes por meio de Cristo para a unidade dos judeus e gentios por intermédio desse
mesmo Cristo. Em ambos os casos a unidade visa a adoração, a fim de que eles
glorifiquem a Deus juntos (15.9). Paulo afirma que o ministério de Cristo com os
judeus deu-se “por amor à verdade de Deus”, no propósito de demonstrar a sua
fidelidade às promessas da aliança, enquanto o seu ministério com os gentios foi
devido “à sua misericórdia”, uma misericórdia sem aliança.

- O argumento de Paulo é que podem existir muitas diferenças na igreja, mas há um


só Cristo, e o laço de unidade entre os crentes na igreja é a sua comum lealdade a
ele. A obra de Cristo foi a mesma para judeus e gentios.

- Paulo então encerra com uma breve oração. Paulo entende que de Deus é que procede
uma vida abundante, que essa vida abundante é alegria e paz, que obtemos ao crer
na sua Palavra, pois é resultado da fé, cujo o proposito é nos encher das virtudes
celestiais, está é a maior riqueza da igreja e que para podermos viver precisamos do
poder do Espirito Santo.
Conclusão

- À vista da tremenda bênção que procede da unidade, devemos ser zelosos em


protegê-la e preservá-la para que a Igreja de Cristo seja edificada.

- E que lições e aplicações podemos tirar deste texto?

- Primeiro, proclamando a verdade numa atitude altruísta.

- Apesar de ser impossível destruir nossa unidade, ela pode, com facilidade, ser
atrapalhada; daí a advertência de Paulo: “esforçando-vos diligentemente por preservar a
unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4.3).

- “... acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3.14). A.
W. Pink comenta: “O amor fraterno é uma plantinha delicada que requer muita atenção:
se não for cuidada e regada, logo ela murcha”.

- Segundo, proclamando a verdade pelo exemplo de Cristo.

- William Perkins explica: “Onde o Espírito de Deus opera a paz na consciência para com
Deus em Cristo, ali o mesmo Espírito leva o indivíduo a buscar paz com todos os homens;
bem como estabelecer a paz entre aqueles que se encontram em desarmonia”.

- Terceiro, proclamando a verdade pelo ensino da Palavra.

- Quarto, nos acolhendo mutuamente.

- Quando temos algum problema no nosso corpo, todo ele sofre. A mesma coisa
ocorre no corpo de Cristo quando uma parte não funciona de forma apropriada.

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