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UNESPAR -Universidade Estadual do Paraná

Acadêmicas: Camila Cristina Ramos


Isabella Giraldi Dias
Jesli Karana Rodrigues

História Moderna II

2021
Material didático produzido a partir das ideias
presentes no Livro “Mercantilismo e transição “,
de Francisco Falcon. Para ele, o estudo do
mercantilismo só adquire seu sentido verdadeiro
quando o situamos no interior do contexto da
transição entre o Feudalismo para o
Capitalismo.

Ademais, ele dividiu o período do


mercantilismo em quatro tópicos para melhor
compreensão: econômicos, políticos, sociais e
ideológicos.
A estrutura econômica se subdivide em três
grupos:
O aforamento conserva as
relações do trabalho feudal.
O arrendamento aproxima-se bastante
das relações contratuais capitalistas.
A parceria enquadra-se no meio das duas
outras modalidades já mencionadas,
caracterizando- se por uma transição.
Nas estruturas políticas a relação próxima entre o
rei, comerciantes e banqueiros privilegiava
ambos. Nesse sentido, os príncipes dependiam
de empréstimos dos banqueiros e havia um
favorecimento da soberania dos comerciantes. A
riqueza do povo, portanto, era a riqueza do rei
Neste caso, o Estado absolutista é visto como
resultado de vários séculos de formação e de luta
desde o final da Idade Média, havendo o objetivo
de combater os universalismos ,tanto da igreja
quanto do império. O Estado moderno,portanto, é
entendido enquanto um Estado monárquico
absolutista, o qual foi capitalista e também feudal.
Já as estruturas sociais desse período eram
“sociedades antigas” as quais provinham do
Antigo Regime, em que tentavam mascarar a
existência de classes sociais (dominantes e
dominados) e na perspectiva de Falcon, esse
Estado não é nem feudal nem capitalista, porém
não deixa de ser nenhum deles, existe uma busca
pelo equilíbrio entre esses poderes.
Tratava-se assim , de uma sociedade de ordens
e estamental, caracterizando-se por grupos
sociais bastante separados,sem a possibilidade
de mudar de classe.
Quanto às estruturas ideológicas, houveram muitas
mudanças neste período, as quais se caracterizam
pelo sucesso ou fracasso de alguns “Estados”. É
possível observar aqui o surgimento de uma
visão/ou conceito de modernidade

Ainda em relação às estruturas ideológicas, é possível


observar que há uma mudança na busca por
explicações que já não são mais abstratas,mas sim
imanentes,ou seja ,em relação ao que existe dentro da
terra,e não em seu exterior.

O Estado passa a adquirir então uma realidade


própria,em que as teorias científicas e filosóficas
passam a ser fundamentadas no humanismo e o
racionalismo, deixando de lado questões teológicas.
AS IDEIAS MERCANTILISTAS:
As ideias mercantilistas formaram-se ao longo
dos séculos XV, XVI, XII e XIII, a base moderna
dessas ideias consistiam na atuação de dois
novos fatores: o primeiro eram os Estados
modernos nacionais, isto é, as monarquias
absolutas, e em segundo lugar, os efeitos
provocados pelas grandes navegações e
descobrimentos, principalmente na África e na
América.

Contudo, essas ideias não se articulam a partir


de um princípio explicativo universal porque os
discursos que as explicavam eram muito
diversificados, tanto nos objetos que abordam
quanto nos fatores determinantes. Outro sim,
faltava uma visão da totalidade dos fenômenos
ao analisar, pois eram limitadas apenas a
setores particulares da realidade.
Assim sendo, vamos adentrar, de maneira
sucinta segundo as explanações do Falcon, nos
principais tópicos observados nessas ideias
O valor/preço/moeda: As análises e
discussões sobre a moeda, sua
natureza, importância, papel real ou
fictício, estão presentes em quase
todos os textos mercantilistas, que
não produzindo efetivamente uma
teoria de formação dos preços,
ativeram-se às tentativas destinadas
a explicar as suas oscilações,
ademais mantiveram-se a maior
parte do tempo fiéis à teoria
quantitativa da moeda, aperfeiçoada,
no início do século XVIII.
Tratava-se, o tempo todo, de saber se a moeda
é, também, ou é, acima de tudo, uma
mercadoria, ou se devia ser vista apenas como
um signo de riqueza, ou mesmo um mero
padrão de valor.
Para os metalistas a moeda é uma
mercadoria, sendo fundamental a relação
nela existente entre o seu valor de troca
e o valor efetivo da quantidade de metal
precioso nela existente. Assim, adulterar
a moeda, diminuindo-lhe o valor
intrínseco em metais correspondia a
diminuir também, na prática, o seu valor
de troca e provocar com isso uma
elevação geral dos preços de todas as
mercadorias a serem trocadas por essa
moeda.
Para os antimetalistas; prevalecia na
moeda o seu valor nominal a sua maior
ou menor credibilidade e aceitação, não
haveria nenhuma necessidade ou
relação unívoca entre o seu valor de
troca e o valor do material de que fosse
constituída, metal ou papel, pouco
importa, pois o que vale é o fato de ser
ou não aceita pelo valor que ostenta.
A balança comercial: A balança
comercial implica uma identificação
entre a economia de um país como
um todo e a economia de uma empresa
mercantil. O importante é que o país venda mais
ao exterior do que compre, pois haverá aí um
saldo favorável que se traduzirá no ingresso de
riqueza expressa em entrada de moeda
metálica. Do contrário, será o empobrecimento.
O industrialismo: Aparecendo sempre
associado à teoria da balança comercial, o
chamado industrialismo mercantilista deve ser
visto como um elemento dos mais típicos no
interior dessa ideologia. A mola mestra do
industrialismo é a ideia de que os produtos
manufaturados, por exigirem maior arte, são os
mais valorizados e por isso capazes de
proporcionar maior margem de lucro aos seus
empresários e comerciantes.
O elemento que de fato articula industrialismo e
balança comercial é o conjunto de medidas que
formam a política protecionista.
Ou seja, é preciso facilitar a entrada das
matérias-primas necessárias para a produção
das manufaturas existentes no país, ou, se for o
caso, dificultar ou impedir a sua exportação,
caso essa saída vá provocar elevação dos
preços internos ou, pior ainda, falta para o
consumo interno das manufaturas. E necessário
também elevar os direitos cobrados sobre as
manufaturas importadas, a fim de atingir dois
objetivos: reduzir-lhes o consumo e permitir a
venda dos artigos similares produzidos no
próprio país

O luxo: Na visão mercantilista tende-se a


aceitar o luxo quando se trata de justificar a
produção de artigos desse tipo para fins de
exportação e não no interior do país, pois traz a
degeneração dos costumes, a quebra das
hierarquias, os vícios. Contudo essa visão é
imparcial, há também aqueles que defendem o
consumo interno, por ser este um meio de
garantir emprego e sustento a vários sujeitos do
país.
A agricultura: Para os mercantilistas haviam duas
agriculturas: a dos gêneros de subsistência e a
comercial. A primeira é necessária, pois é quem
garante a subsistência dos povos e a ordem das
repúblicas. A segunda é desejável, pois assegura
matérias-primas para os insumos das manufaturas
existentes no próprio país, ou se transforma em
valiosas mercadorias de exportação. Assim sendo,
se deve estimular ao máximo o segundo tipo,
dando-lhe auxílios e garantias de preço e de
mercado, enquanto que a primeira deve constituir
preocupação constante dos governos, a fim de
que não falte o pão aos habitantes do país.
A população: Mais importante uma grande
população é ter a maior parte destes empregados
nas atividades manufatureiras, pois assim a
riqueza produzida é bem maior. Na mentalidade
da época misturam-se as preocupações
assistenciais para com os necessitados e a
condenação à vagabundagem e à ociosidade, e
isso de uma forma tal que, frequentemente, o
auxílio tem como contrapartida o trabalho
obrigatório, ao mesmo tempo que a recusa a
trabalhar oferece a justificativa para a repressão
mais violenta e desumana
O sistema colonial: A conquista e exploração
de colônias é um ponto essencial das ideias
mercantilistas. A expressão clássica desse fato
em nível ideológico é a teoria do pacto colonial,
onde se trai a falsa suposição de que haveria de
fato um pacto ou acordo tácito entre metrópoles
e colônias. Na realidade, porém, a colônia existe
em função e para a metrópole, estando suas
relações definidas através do chamado
“exclusivo colonial”
Afinal, as colônias têm um papel único a
desempenhar, no sentido de garantir às suas
metrópoles os meios de obterem uma balança
comercial favorável nas trocas com outros
países. Na prática, as colônias constituem uma
espécie de território privilegiado, reservado, já
que o exclusivo assegura ao comércio
metropolitano a prática mercantil mais cara à
ética mercantilista: comprar pelo preço mais
barato possível e vender pelo preço mais
elevado que se pudesse conseguir.
Características e evolução
das práticas mercantilistas
Nos séculos XV e XVI podemos atribuir duas
características principais às práticas
mercantilistas: O monopolismo de exportação e
o monetarismo.
Monopolismo: Ocorre a transferência,para o
Estado absolutista, das práticas politico-
econômicas. Há, portanto, um controle, por
parte do Estado, do comércio exterior.

Monetarismo: É uma consequência das


descobertas do novo mundo, pautando-se no
afluxo dos metais preciosos e na exploração
colonial.
Em decorrência da significativa evasão de
metais preciosos e do objetivo de atraí-los para
dentro das próprias fronteiras, criaram-se
medidas para fiscalizar e regulamentar o
comércio exterior.
As práticas político-econômicas adotadas no século
XVI pelas principais monarquias europeias nos
mostram algumas características em comum,tais
como as medidas de controle e proibição em relação
a saída dos metais preciosos, bem como algumas
medidas de incentivo que buscavam proibir ou pelo
menos diminuir as importações de mercadorias que
vinham do exterior.

Na França e na Inglaterra,por exemplo, foram


tomadas medidas para reafirmar a proibição e a saída
da moeda. Já o caso espanhol,apresentou alguns
elementos específicos, uma vez que além da
abundância de metal precioso também há uma certa
concorrência em relação a produção artesanal,que
apresentava um papel importante, e as mercadorias
que eram importadas a preços mais baixos.
Ja no século XVII é possível observar que as
práticas dos séculos anteriores não foram
deixadas de lado. Neste século, os Estados
europeus utilizaram-se do princípio da balança
comercial favorável , a qual busca sempre obter
um saldo comercial positivo.
O objetivo seria de estimular
as exportações,limitando ou
até mesmo proibindo certas
importações, sobretudo de
mercadorias manufaturadas,
justamente devido ao fato do
peso desses produtos na
balança serem muito altos.
Desenvolveu-se então um sistema fechado de
relações entre a metrópole e suas colônias,
buscando-se impedir de todas as formas que
navios e produtos de outros países chegassem
diretamente aos portos coloniais.
Por fim,no século XVIII não há novidades e sim,
permanências das práticas mercantilistas já
analisadas. Seu princípio é dado pelo modelo
colbertista,variando de acordo com cada
Estado.
O que podemos concluir ?
Falcon nos mostra que o mercantilismo é um
produto resultante de transição,em que as
práticas mercantilistas modificaram-se ao
longo dos séculos,ou seja, elas não se
apresentaram de maneira homogênea, o que
nos faz pensar que o mercantilismo não deve
ser entendido de forma única e singular em
todos os espaços e tempos.
Com o objetivo de complementar esse material
didático ,produzimos um podcast que pode ser
acessado pelo seguinte código QRcode, basta
apontar a câmera do celular.
Referências bibliográficas

FALCON, Francisco. Mercantilismo e Transição. São


Paulo, Brasiliense, 1981, 11a ed., 1990.

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