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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO

ANDRÉ RICARDO ARAUJO VIRGENS

IMAGENS DO RECÔNCAVO:
MEMÓRIA, PATRIMONIO E AUDIOVISUAL

Memorial

Salvador
2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DO COMUNICAÇÃO

ANDRÉ RICARDO ARAUJO VIRGENS

IMAGENS DO RECÔNCAVO:
MEMÓRIA, PATRIMONIO E AUDIOVISUAL

Memorial

Trabalho de conclusão de curso apresentada ao


colegiado de Comunicação da Faculdade de
Comunicação da Universidade Federal da Bahia,
como requisito para obtenção de título de
Bacharel em Comunicação Social com
habilitação em jornalismo.

Orientador: Prof. Dr. José Roberto Severino

Salvador
2011

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RESUMO

Este projeto tem como objetivo estabelecer uma interface entre os campos da
comunicação, memória e patrimônio a partir da estruturação de uma proposta de plano
de comunicação que potencialize e valorize a história e a cultura do recôncavo, e tendo
como pano de fundo a reconstituição de sua memória audiovisual. Assim, a partir de um
diagnóstico prévio, apresentaremos propostas que poderão ser avaliadas e reconstruídas
pela comunidade local de forma a estabelecer estratégias para a preservação de sua
memória audiovisual local.

Palavras-chave: patrimônio, educação patrimonial, acervos audioviosuais, memória,


recôncavo.

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AGRADECIMENTOS

Finalizar este trabalho é uma mistura de emoções. Por um lado, sinto um grande alívio e
alegria de ter chegado ao final desta etapa, e apresentando um produto fruto de
inquietações que já me acompanham há alguns anos, e que conseguiram finalmente
tomar forma. E, por outro, sinto que este ainda é um trabalho inacabado. Que possui um
grande potencial de aplicabilidade prática, mas que necessita de aprimoramentos e uma
maior busca por dados. De toda forma, é uma etapa que se cumpre, outras certamente
virão.

Pelo cumprimento desta etapa devo agradecer, em primeiro lugar, a minha família, pela
paciência e suporte na tentativa de me fazer não tentar abraçar o mundo de uma só vez.
Afinal, vários abraços são melhores que um só.

Em segundo lugar, agradeço fortemente ao meu orientador, José Roberto Severino, por
ter acreditado nessa idéia, incentivado a sua realização, e pela paciência com o
orientando rebelde que teve enormes dificuldades em cumprir prazos.

Agradeço também à Laura Bezerra e Sérgio Sobreira, que tão prontamente aceitaram
participar desta banca. Acredito que suas contribuições irão enriquecer e amadurecer
muito mais este trabalho.

Agradeço aos amigos/as do recôncavo, que participaram deste trabalho cedendo dados
de forma indireta, em conversas de corredor, em almoços, e por aí vai... Esses amigos/as
que tem apenas duas mãos e o sentimento do mundo...

E, por fim, depois de sete anos e duas graduações, devo agradecer muito à Faculdade de
Comunicação da UFBA, seu corpo docente, discente, técnico-administrativo. Pessoas
que se configuraram em parte importante de minha vida, com as quais muito aprendi e
muito experimentei não só em relação ao “ser comunicólogo”, mas ao “ser humano”.
Nesse universo chamado Facom, deixo um agradecimento especial àqueles que

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acreditaram no espaço da Agência Experimental em Comunicação e Cultura, criada a
partir de um sonho que hoje é compartilhado por muitos. Foi muito bom ser, e continuar
sendo, parte dessa trajetória.

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“A memória é uma ilha de edição”.

Waly Salomão

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DIMAS – Diretoria de Audiovisual

FUNCEB – Fundação Cultural do Estado da Bahia

IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico-Cultural do Estado da Bahia

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico-Artístico Nacional

ONU – Organização das Nações Unidas

SECULT – Secretaria de Cultura do Estado da Bahia

SIBIA – Sistema Brasileiro de Informações Audiovisuais

SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 01. INTRODUÇÃO, ou do surgimento da idéia à sua execução ... 09

CAPÍTULO 02. INQUIETAÇÕES, ou “do lugar do patrimônio audiovisual e


das definições acerca deste trabalho” .................................................................... 11

CAPÍTULO 03. OUTRAS INQUIETAÇÕES, ou “das relações memória,


cinema e história”..................................................................................................... 16

CAPÍTULO 04. AS ÚLTIMAS INQUIETAÇÕES, ou do lugar da educação 19


neste trabalho ...........................................................................................................

CAPÍTULO 05. A PESQUISA (RE)COMEÇA..................................................... 22

CAPÍTULO 06. POR DENTRO DAS CINEMATECAS INEXISTENTES E 26


DO AUSIOVISUAL ENQUANTO DOCUMENTO .............................................

CAPÍTULO 07. O FUTURO DA MEMÓRIA E DAS CONCLUSÕES À


PRÁTICA ................................................................................................................. 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 31

ANEXOS ................................................................................................................... 34

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1. Introdução, ou do surgimento da idéia à sua execução

Este memorial apresenta as etapas de realização do projeto “Imagens do


Recôncavo: Memória, Patrimônio e Audiovisual”, realizado enquanto trabalho de
concurso de curso para obtenção do título de bacharel em comunicação com habilitação
em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
O projeto foi realizado em três momentos, que se entrecruzaram a todo
momento, sem uma distinção temporal entre eles. O primeiro foi a realização de um
mapeamento de produções cinematográficas que foram realizadas no recôncavo baiano;
o segundo, um mapeamento de atores/atrizes/projetos/ iniciativas que atuam, de alguma
forma, dentro do campo de ação do patrimônio e/ou audiovisual na região; e, por fim, a
partir da sistematização desses dados, pensar propostas que articulem audiovisual,
memória e patrimônio no campo das políticas públicas.
A idéia para a realização deste projeto surgiu a partir de uma grande
inquietação: enquanto profissional do campo do audiovisual, como poderia contribuir
para a realização de ações de valorização do patrimônio histórico no recôncavo, região
onde atualmente resido?
Ao mesmo tempo, busco trabalhar com a idéia de memória e patrimônio
entendendo sua interface com outras dimensões humanas e sociais, especialmente do
ponto de vista da identidade e do ponto de vista do desenvolvimento local. E, tendo
como mediador, a construção de processos que valorizem o campo da educação
patrimonial, desenvolvidos seja em espaços formais ou informais, que são o objetivo
último deste trabalho.
Inicialmente, minha intenção era trabalhar, apenas, em contexto escolar,
tentando discutir como esses filmes poderiam ser trabalhados numa perspectiva
pedagógica. O mote para isso foi a aprovação da lei municipal nº. 818/20091, que tornou
obrigatório o ensino da disciplina educação patrimonial na rede de escolas públicas da
cidade da Cachoeira e que passou a ser colocada em prática a partir de 2011.
Entretanto, após conversa com o prof.º José Roberto Severino, esse trabalho
tomou um outro norte, aumentando o seu escopo, mas também se preocupando com
uma fase previa de planejamento e reflexão antes da realização de ações práticas.

1
Sua versão integral está disponível nos anexos deste trabalho

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Certamente, essa mudança (ou ampliação) de objeto me proporcionou ter uma
visão mais abrangente sobre o que significa a realização de políticas públicas integradas
e dentro de uma perspectiva interdisciplinar, já que estamos trabalhando com diferentes
campos do conhecimento. Algo que anima, ao mesmo tempo que preocupa. Será que
dei conta de tudo?
Dentro dessa perspectiva, este memorial não será apresentado em forma
cronológica. Mas sim, a partir de pontos que foram considerados cruciais durante a
execução desse trabalho de pesquisa-ação. E, trazendo em paralelo, as reflexões teórico-
conceituais que balizaram (e nortearam) sua realização.
Propositadamente, escrevo o memorial em primeira pessoa do singular. Isso
dará um caráter mais pessoal a este relato e poderei tentar demonstrar, assim, de forma
mais direta, as principais etapas, inquietações, frustrações, expectativas e resultados
deste trabalho que, certamente, não consideramos concluso. Mas que pretende, ainda
assim, dar sua contribuição enquanto possibilidade de reverberação dentro do campo
concreto de ações realizadas no recôncavo.

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2. Inquietações ou “do lugar do patrimônio audiovisual e das
definições acerca deste trabalho”

Essa inquietação sobre o lugar que ocupa o nosso patrimônio audiovisual


começou, na verdade, a partir de uma outra inquietação: a metodologia a ser usada
durante o trabalho, mais especificamente no processo de inventariamento dos filmes que
fossem encontrados.
Como a proposta é que este trabalho sirva, ao mesmo tempo, como
diagnóstico, base de dados, e documento propositivo de ações de salvaguarda dessas
produções, e de unir isso a ações de educação patrimonial, a primeira idéia que me veio
á cabeça foi a de utilizar uma metodologia semelhante às usadas por organismos como o
IPHAN e o IPAC para o inventariamento do patrimônio cultural nacional. Mas logo de
cara, me esbarrei numa questão: que tipo de metodologia seguir: a referente à
patrimônio tangível (material), ou a patrimônio intangível (imaterial)?
Esta inquietação foi tão grande que este memorial começou a ser escrito no dia
06 de agosto de 2011, dia em que várias inquietações sobre o tema vieram a minha
cabeça a partir da leitura de referências bibliográficas sobre o tema. Então, duas grandes
questões passaram a circular em minha cabeça, insistentemente, e me acompanharam
por todo o trabalho:

01 – Qual o lugar das políticas de preservação de acervos audiovisuais dentro


das suas especificidades e tendo em vista que a preservação desses acervos possui um
caráter hibrido entre a preservação de patrimônios materiais e imateriais?

02 – Tendo esse problemática maior, não caberia, então, tornar como objetivo
desse trabalho problematizar esse lugar e tornar como produto do mesmo não mais um
plano de comunicação, mas sim um plano de salvaguarda do acervo audiovisual sobre o
recôncavo?

Questões colocadas, passei a tarde e a noite deste sábado, dia 06, vasculhando
na internet, e nos anais do VII Enecult, artigos que abordassem esses três temas:

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políticas de patrimônio; a relação entre memória e audiovisual; e planejamento de
comunicação. Pesquisa feita, materiais impressos, a partir daí a leitura foi intensa.
Mas, antes de continuar essa questão especifica, vale retomar a discussão geral
sobre patrimônio para depois entrarmos num nível pormenorizado pois, no fundo, não
se trata apenas de definir o lugar que ocupa o patrimônio audiovisual entre as esferas do
material e do imaterial. Mas se trata de problematizar os próprios limites existentes
entre esses dois campos.
Inicialmente é importante delimitar, então, o que entendemos como patrimônio.
Podemos tomar como ponto de partida o conceito trazido pela Constituição brasileira de
1988, quando, em seu artigo 216, a define como

os bens de natureza material e imaterial, tomados


individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira.

Assim, já em finais dos anos 80, essa é uma idéia que localiza a noção de
patrimônio para além do ponto de vista tradicional, reducionista, como um conjunto de
bens móveis, ou mesmo abrangendo apenas o ponto de vista material. E, se
aproximando dessa idéia, entendemos patrimônio como um legado histórico,
construídos a partir de relações simbióticas/ dialéticas entre materialidade e
imaterialidade, e que representam o legado simbólico-cultural de uma comunidade
(entendendo comunidade a partir de seu ponto de vista tradicional, como um conjunto
de pessoas que compartilham bens, hábitos, símbolos em comum; uma comunidade de
sentidos).
De toda forma, do ponto de vista das políticas institucionais de patrimônio, a
relação material x imaterial foi uma polêmica por muito tempo, dicotomia que aos
poucos foi sendo reduzida, até o entendimento da necessidade de se pensarem ações
para salvaguardar, igualmente, o patrimônio imaterial. Conforme aponta SIMÃO (2005,
p. 17), quando relata como essa discussão se deu no nível do Conselho Consultivo do
Patrimônio, vinculado ao IPHAN,

Cunhou-se a expressão “patrimônio imaterial” para que este


pudesse se contrapor ao “patrimônio material”. Assim, aos
bens móveis e imóveis, conjuntos arquitetônicos e sítios
urbanos, onde a presença da materialidade é indiscutível,

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dever-se-iam acrescentar os repertórios invisíveis, tais como as
histórias, as narrativas, as lendas e as festas. Porém, não terão
esses outros bens novos suportes e materialidades dos quais
lhes são próprios? Afinal, uma celebração ou um ritual não se
faz sem indumentárias e objetos cerimoniais. Discutiu-se,
portanto, a dificuldade semântica do termo “imaterial” ou
“intangível” e os desafios de superação dessa dicotomia.

Então, dentro das classificações clássicas, patrimônio material se refere,


basicamente, a edificações, imóveis e outros bens materiais considerados de alta
relevância para uma determinada comunidade. Enquanto o patrimônio imaterial se
localizaria na esfera do subjetivo, das partilhas simbólicas, das trocas e
compartilhamentos a partir de ritos, festas e tradições que tem no ser humano o seu
lócus de origem e transmissão.
Então, a questão continuava: como enquadrar o patrimônio audiovisual? A
conclusão acabou sendo a mais óbvia, que é a que segue por uma linha alternativa entre
um campo e outro. Por um lado, temos um suporte (em película ou digital) que guarda
em si esse acervo e que demanda um tipo específico de preservação. Especialmente os
arquivos em película demandam um tipo de acondicionamento e manuseio que torna
essa preservação mais cara e especializada. E, de outro lado, temos uma série de
imaginários e bens simbólicos presentes nesses filmes, e que contribuem para a
construção de um imaginário social coletivo, partilhado. Ou seja, em último grau, acaba
contribuindo, também, para a formação de identidade(s).
Essa inquietação, e a ausência de discussões a esse respeito, acabou me
levando a problematizar que os acervos audiovisuais ainda não são dotados de políticas
autônomas e consistentes. O que se percebe é uma utilização instrumental de recursos
audiovisuais para o registro dos chamados “patrimônios”, mas, a produção audiovisual
em si ainda carece de ser pensada enquanto patrimônio em si.
Mas como poderíamos, então, conceituar a idéia de “patrimônio audiovisual”,
dentro das especificidades que esse campo possui? Para tal, recorremos a SOUZA
(2009, p.6), quando afirma que será entendido como:

O conjunto dos procedimentos, princípios, técnicas e práticas


necessários para a manutenção da integridade do documento
audiovisual e garantia permanente da possibilidade de sua
experiência intelectual. (...) A preservação engloba a
prospecção e a coleta, a conservação, a duplicação, a
restauração, a duplicação, a reconstrução (quando necessária),
a recriação de condições de apresentação, e a pesquisa e a

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reunião de informações para realizar bem todas essas
atividades.

E, para a execução de ações desta natureza, as principais instituições


responsáveis por isso são as cinematecas. Como abordaremos melhor em outro ponto
deste memorial, o país possui, apenas, duas grandes cinematecas: a Cinemateca
Brasileira, em São Paulo, e a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Além delas, existem outros órgãos estaduais responsáveis pela guarda e preservação
desse tipo de acervo, como o Núcleo de Memória da Diretorias de Artes Visuais e
Multimeios da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, mas que está longe de oferecer
as condições ideais para a sua conservação plena. O resultado disso é que muitos dos
filmes rodados na Bahia antes dos anos 50 já se perderam, seja por falhas no processo
de conservação, ou mesmo por terem sido literalmente perdidos pelos seus realizadores.
Diante dessas dificuldades e inquietações, nossa opção foi por construir uma
metodologia de inventário baseada numa mistura de modelos já adotados no país,
especialmente por órgãos estaduais de cultura e pelo próprio IPHAN. Não chegamos a
consultar a metodologia do INRC (Inventário Nacional de Referências Culturais), mas
consultamos uma série de produtos frutos de pesquisas realizadas pelo país, em estados
como São Paulo, Pernambuco e Bahia.
Essa preocupação sobre esse processo prévio de criação de um método de
catalogação e inventariamento é importante pois, conforme aponta FONSECA,

“(...) é necessário que a função de „proteger‟ seja precedida


pelas ações de „identificar‟ e „documentar‟ – bases para a
seleção do que deve ser protegido - , seguida pelas ações de
„promover‟ e „difundir‟, que viabilizam a reapropriação
simbólica e, em alguns casos, econômica e funcional dos bens
preservados (2003).

Algo que também não pretendia fazer era utilizar um modelo igual ao já
realizado por iniciativas que buscaram catalogar acervos nacionais, tais como o banco
de dados da Cinemateca Brasileira, ou mesmo o projeto Filmografia Baiana. Traços em
comum foram inevitáveis mas, a partir desse cruzamento de dados e métodos, e
entendendo a especificidade dos acervos audiovisuais e a finalidade desse trabalho,
chegamos a um modelo de ficha de inventariamento.
Ela se divide em quatro partes: na primeira, os dados gerais tais como ano de
realização, diretor(a), produtora responsável e sinopse, dentre outras informações

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básicas que oferecem uma síntese do filme; na segunda, são pormenorizadas as suas
questões técnicas (equipe, formato de gravação, etc); já a terceira parte é o que
consideramos nosso diferencial, pois nesse item é feita a relação do filme com os
referenciais históricos do recôncavo, a partir da descrição da forma de abordagem, dos
sítios históricos e das personagens retratadas; no quarto item são colocadas imagens do
filme e, por fim, uma listagem de referenciais e fontes complementares de informação.
O modelo final encontra-se nos anexos deste trabalho.

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3. Outras inquitações, ou “das relações memória, cinema e
história”

É impossível se falar de patrimônio sem discutir a idéia de memória. Ainda


durante a realização da estruturação do pré-projeto em que pude planejar a realização
desta pesquisa, tive os primeiros contatos com autores como Bergson e Marc Ferro, que
trazem uma série de reflexões especialmente sobre o lugar da memória, e sobre o
cinema e sua relação com a história. Assim, realizar esse trabalho sem um retorno a
esses autores e aprofundando a compreensão de suas concepções seria um equivoco.
Até porque, como diria Paulo Freire, “a reflexão crítica sobre a prática se torna uma
exigência da relação teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá, e a
prática ativismo” (FREIRE, 1996, p. 11).
Mesmo que seja quase um clichê essa afirmação, o novo contexto social
contemporâneo, marcado pela proliferação, cada vez mais rápida e através de diferentes
suportes midiáticos, de conteúdos informacionais e simbólicos, tem trazido implicações
para diferentes campos da vida humana, dentre eles, o processo de construção da
memória e do patrimônio cultural.
Nesse contexto, um dos principais autores que pensaram essa questão foi o
filósofo Henri Bergson. Para o desenvolvimento da proposta trazida por esse trabalho, é
importante mencionarmos três idéias defendidas por esse autor: a imagem-lembrança;
imagem-ação e duração.
Mesmo sob o risco de cair em apresentações simplistas, nos arriscamos a
abordar essas três categorias de Bergson da seguinte forma: as imagem-lembrança são
aquelas memórias vividas, que ficam guardadas na memória, mas que, para além de
serem apenas elementos do passado, aparecem, influência e surgem no presente a partir
das imagens ação. E isso graças ao processo de duração, que reconfigura nossas
experiências passadas em presente.
Essas concepções do autor podem ser sintetizadas, então, na citação abaixo,
quando ele afirma que

na verdade, não há percepção que não esteja impregnada de


lembranças. Aos dados imediatos e presentes de nossos
sentidos misturamos milhares de detalhes de nossa experiência
passada. Na maioria das vezes, estas lembranças deslocam
nossas percepções reais, das quais não retemos então mais que

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algumas indicações, simples „signos‟ destinados a nos trazerem
à memória antigas imagens (Bergson, 2006, p. 22).

Durante o processo de pesquisa, percebi que alguns autores tem se apropriado


dessas idéias a partir de uma visão com forte influência da economia política, gerando
como resultado reflexões complementares. Para esses autores, o acesso (ou a falta de) a
acervos históricos, em diferentes suportes (dentre eles, o audiovisual) acaba gerando um
processo de “esvaziamento da memória”.

Por isso, mais do que ter acesso às produções audiovisuais e


analisar os formatos semiológicos e suas estruturas
comunicacionais, um Banco Público de Imagens permite
potencialmente transgressão em relação às formas midiáticas
de produção audiovisual pelo re-conhecimento da matéria
memória. (PELLENZ e SILVA, 2006)

Nesse sentido, é impossível não trazer à tona, também, refletir essa questão à luz
da noção de hegemonia trazida por Antonio Gramsci, e outros que foram influenciados
por ele, como Raymond Williams e E. P. Thompson, ambos integrantes dos primórdios
dos estudos culturais ingleses e que entendem a cultura enquanto um campo de disputa
por hegemonias entre diferentes discursos que refletem distintas construções de mundo,
e que, por diferentes fatores, podem se tornar hegemônicos.
Essa é uma estratégia bastante utilizada por diferentes regimes políticos em todo
o mundo, e não deixou de fazer parte da história do Brasil. Como forma de construir
uma identidade nacional, foram sendo forjadas idéias do que se constituiria o que é
nacional, como o que é genuinamente brasileiro, e, a partir daí, o que deve ser
salvaguardado como patrimônio histórico. Assim, as primeiras políticas de patrimônio
se desenvolveram no país, valorizando determinadas manifestações folclóricas e o
patrimônio arquitetônico colonial e clássico.
Assim, nesse processo de “escolha”, outras memórias foram deixadas de lado,
processo que traz implicações diretas na relação imagem-lembrança e imagem ação. Se
uma imagem já não se conforma mais como imagem-lembrança, logo não poderá se
configurar como imagem-ação e ter implicações na vida presente.
Outro autor que deve ser lembrado neste momento é Marc ferro e suas reflexões
em torno da relação cinema e história. Conforme aponta MORETTIN (2003, p. 12) a
partir dos anos 70, o cinema, elevado à categoria de “novo objeto”, é definitivamente

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incorporado ao fazer histórico dentro dos domínios da chamada História Nova, sendo
ele um dos principais responsáveis por isso.
Dentre outras questões, em seu clássico artigo “O filme: Uma contra-análise da
sociedade”, ele comenta da importância do cinema enquanto fonte histórica, tão
legitima quanto às fontes documentais tradicionais, e tendo em vista que o que é
mostrado por esse tipo de produção audiovisual também é, por si só, o retrato de uma
época.
Assim, a partir das idéias apresentadas pelos autores e por seus comentadores,
podemos chegar a algumas questões-chave, e que se relacionam diretamente com a
natureza deste trabalho. Em primeiro lugar, como aponta Bergson, a memória não está
no passado, ela está no presente, seja enquanto lembrança, seja enquanto ação concreta.
Conforme aponta Ferro, o cinema vai além de uma reprodução ilusório de realidades, se
configurando, por si só, enquanto manifestação de formas e expressões de uma época.
E, por fim, vale mencionar uma citação de François Hartog, quando alia memória e
patrimônio. Conforme aponta o autor,

Nesta nova configuração, o patrimônio se encontra ligado ao


território e à memória, que operam um e outro como vetores da
identidade: a palavra-chave dos anos 1980. Mas, trata-se menos
de uma identidade evidente e segura dela mesma do que de uma
identidade que se confessa inquieta, arriscando-se de se apagar
ou já amplamente esquecida, obliterada, reprimida: de uma
identidade em busca dela mesma, a exumar, a “bricoler”, e
mesmo a inventar. Nesta acepção, o patrimônio define menos o
que se possui, o que se tem e se circunscreve mais ao que somos,
sem sabê-lo, ou mesmo sem ter podido saber. O patrimônio se
apresenta então como um convite à anamnese coletiva. Ao
“dever” da memória, com a sua recente tradução pública, o
remorso, se teria acrescentado alguma coisa como a “ardente
obrigação” do patrimônio, com suas exigências de conservação,
de reabilitação e de comemoração (HARTOG, 2006, p. 266).

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4. As últimas inquietações, ou do lugar da educação neste trabalho

Por fim, mas não menos importante, por conta da natureza transdisciplinar
desse trabalho, ainda tinha que tornar mais clara a relação que seria possível estabelecer
entre o campo da educação, mais precisamente com o campo da educação patrimonial,
com o audiovisual.
Para iniciar essa discussão, apresento uma idéia trazida por SABALLA (2007,
p. 23), quando afirma que a educação patrimonial “trabalha no sentido de que os
sujeitos tomem contato com os patrimônios de suas localidades, a fim de assentar em
bases sólidas a identidade cultural, com apropriação e valorização de heranças”.
Todo processo educativo assenta bases para a formação e conformação de
identidades. Entretanto, partindo dessa idéia, estamos partindo do principio que essas
bases podem, e devem, ser consolidadas a partir da (re)apropriação e (re)significação de
elementos da história e da memória locais.
Conforme aponta HORTA, GRUNBERG e MONTEIRO apud TEIXEIRA
(1999, p. 200),

O Conhecimento crítico e a apropriação consciente pelas


comunidades do seu patrimônio são fatores indispensáveis no
processo de preservação sustentável desses bens culturais,
assim como no fortalecimento dos sentimentos de identidade e
cidadania.

Aqui, nos referimos então ao desenvolvimento de processos de


(auto)reconhecimento histórico, mediado por processos dialógicos de contatos críticos
com legados e processos históricos.
Mas, especialmente em processos educativos, de forma que sejam evitadas
concepções tradicionalistas da educação como mera transmissão de um conhecimento
dado como “verdadeiro”, o patrimônio não pode ser discutido de um ponto de vista
estanque, que reproduza aquelas idéias já tratadas anteriormente de uma concepção
tradicional, única. Os legados são re-apropriados, re-significados, se transformam com o
tempo.
Atualmente, existem inúmeros projetos, em contextos de educação formal e
informal, que buscam inserir o audiovisual em sala de aula. Alguns buscam levar para o
contexto escolar a discussão sobre a inserção dessas mídia no mundo contemporâneo. Já

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outras iniciativas vão mais além, e, para além de inserir uma perspectiva crítica da
mídia, busca aliar essa apropriação com outras questões, como a formação de
identidades individuais e coletivas.
Eu mesmo já pude trabalhar em algumas experiências realizadas em bairros
periféricos de Salvador, especialmente no contexto do terceiro setor, que buscavam
resgatar a auto-estima de jovens a partir da construção de outros olhares sobre a região
onde viviam. E é justamente com essa perspectiva que estamos trabalhando aqui.
Assim, enxergo a possibilidade de inserção dessas produções em contexto
escolar, para além de um uso instrumental para aulas de história ou artes, enquanto
possibilidade de estabelecer contatos e conexões com memórias adormecidas, ou
transmitidas apenas pela história oral.
Do ponto de vista da educação patrimonial enquanto política pública, procurei
pesquisar como as instituições públicas responsáveis pelas políticas de patrimônio em
âmbito federal e estadual trabalham com essa questão, e uma análise de seus relatórios
de gestão não apresentam dados muito animadores.
Pegando o caso do Programa Monumenta do IPHAN, responsável pelas
intervenções em bens móveis na cidade da Cachoeira nos últimos anos, por exemplo,
conforme aponta o relatório referente ao orçamento executado em 2010, apenas 1,32%
do montante gasto no programa foram aplicadas em ações de educação patrimonial, ou
seja, pouco mais de R$ 900.000 (novecentos mil reais).
Já quanto ao IPAC, a existência da Coordenação de Ações Educativas não
garante uma política plena na área. O seu relatório de gestão referente ao ano de 2010
traz, apenas, as seguintes ações: a realização de oficinas de educação patrimonial
voltadas para dirigentes municipais, tendo em vista “a elaboração de planos de
salvaguarda municipais. Foram realizadas 18 oficinas, envolvendo cerca de 400
pessoas, além da realização de um I Encontro de Educação Patrimonial na região do
Baixo Sul da Bahia e a realização de visitas guiadas no centro histórico da cidade do
Salvador. Ou seja, ações ainda bastante incipientes.
Como dissemos anteriormente, o município da Cachoeira começou a
implementar, a partir desse ano, a obrigatoriedade do ensino da educação patrimonial na
sua rede pública de ensino. Não chegamos a apurar profundamente como esta
“novidade” estava sendo aplicada nas escolas da região. Entretanto, a partir de
conversas informais com alguns professores e estudantes, percebi que a medida não
veio acompanhada de um processo mais consistente de formação de professores, ou

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mesmo de estruturação de materiais e projetos pedagógicos de forma que a temática
possa ser trabalhada de maneira ampla. Valeria, sem duvidas, a realização de uma
pesquisa específica sobre a aplicação prática desta medida na cidade e como ela será
desenvolvida enquanto prática pedagógica nos próximos anos em Cachoeira.

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5. A pesquisa (re) começa

Passadas as inquietações iniciais, passamos a estabelecer uma estratégia


concreta para a realização deste trabalho. Assim, como prioridades, estabeleci as
seguintes ações:

a) Estabelecimento de uma parceria com a Dimas, no sentido de ter acesso ao seu


acervo, avaliar o estado de conservação das obras que são objeto de estudo deste
trabalho, e verificar a existência de políticas específicas para essa área;
b) Coleta de dados sobre os órgãos que atuam nessa área, ou que tem uma relação
direta com a implementação de políticas dessa natureza na área de abrangência
deste trabalho. Então, elenquei como prioridade a busca por dados junto aos
seguintes órgãos: Superintendência Regional do IPHAN; Coordenação de Ações
Educativas do IPAC; Secretaria de Cultura e Turismo da Cachoeira; Núcleo de
Memória da DIMAS/ SECULT; Cinemateca Brasileira e UFRB;
c) Continuar o processo de busca por filmes que foram rodados na região;
d) Mapear e caracterizar atores e atrizes que atuam na região em processos que
tenham relação direta com os campos do patrimônio, da memória e do
audiovisual.

Traçadas essas prioridades, o trabalho acabou sendo retomado. O primeiro


passo, então, se deu com o estabelecimento de uma parceria com a Dimas. Após contato
por e-mail com Sofia Federico, sua diretora geral, fui encaminhado para o Núcleo de
Memória da instituição, onde fui atendido por sua coordenadora, Simone Lopes. No dia
15 de setembro fui até a Dimas conversar pessoalmente com a mesma, e tive acesso
liberado ao acervo de DVD‟s da instituição.
Nessa conversa, Simone comentou comigo que a Dimas possuía um acervo
de mais de 2000 DVD‟s (2.147 pra ser mais exato), cerca de 700 películas e outra
quantidade, a qual ela não soube me informar com exatidão de imediato, de fitas Beta
Cam. O meu acesso, inicialmente, se restringiria ao acervo de DVD‟s, mas, em breve,
também pretendia ter acesso às películas, mesmo que fosse apenas para ter uma
dimensão de como essas peças eram acomodadas e o seu estado de conservação geral.

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Enquanto isso, foi enviada para mim a listagem do acervo geral de DVD‟s da
instituição, a qual utilizei para atualizar a minha listagem de filmes feita inicialmente.
Apesar de ainda ser necessária a conferência do conteúdo, apenas pelos títulos a lista foi
incrementada de 42 para 53 filmes.
De forma paralela, tentei agendar as entrevistas com alguns dos gestores já
citados. E, por incrível que pareça, esta se tornou a parte mais difícil do trabalho, seja
pela falta de retorno, seja pela incompatibilidade de agendas. Com a prefeitura da
Cachoeira o contato parecia, inicialmente, tranqüilo. Entretanto, após diversas tentativas
frustradas de agendamento, e uma confirmação que culminou com uma ida frustrada à
sede da secretaria de cultura e turismo da cidade no dia 05 de outubro (quando cheguei,
o secretario e seu assistente não estavam presentes), a entrevista não foi feita.
Ainda no mesmo dia dessa ida frustrada à sede da Secretaria de Cultura e
Turismo, vim descobrir o motivo de ter encontrado a mesma de portas fechadas:
Acessando o site do Jornal A Cachoeira (jornal on line da cidade), me deparei com a
seguinte matéria: “DENÚNCIA: Iphan acusa prefeitura de degradação do patrimônio”2.
Curioso sobre a questão, fui até o site do IPHAN onde estava disponibilizada uma nota
completa sobre a questão. Nela, o IPHAN fazia uma série de denuncias sobre
intervenções realizadas pela prefeitura em sítios históricos tombados sem a autorização
do órgão.
Além da informação de que já haviam sido investidos na cidade, nos últimos
10 anos, cerca de R$ 55 milhões, e que, através do programa PAC Cidades Histórias, a
meta seria investir mais R$ 105 milhões (números bem superiores ao que imaginava que
tivesse sido investido no local), me causou surpresa o tom da nota, bastante duro com a
administração municipal:

Apesar de todo o exposto, e por absurdo, a Prefeitura Municipal tem adotado


uma conduta irresponsável e desidiosa, se configurando como uma das
principais ameaças à preservação do Patrimônio Cultural de Cachoeira. Além
de se furtar a cumprir o seu dever constitucional de preservar o patrimônio
cultural local, não fiscalizando e permitindo a disseminação de intervenções
ilegais na cidade, o Poder Público Municipal tem pregado sistematicamente a
desobediência aos diplomas legais de proteção do Patrimônio Cultural. Os
danos cometidos contra o acervo histórico, cultural e artístico nacional se

2
A matéria pode ser lida através do link: <http://www.acachoeira.com.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=1895:iphan-cidade&catid=294:comunidade&Itemid=567>,
acessada em 06 out 2011

23
constituem em crimes cometidos contra o Patrimônio Nacional, sendo
submetidos ao juízo da Justiça Penal Federal3.

Ou seja, esse seria um ponto extremamente importante para se questionar à


administração municipal, e especialmente num contexto de comemoração pelos 40 anos
de tombamento da cidade e de discussão sobre a implementação de ações de educação
patrimonial no âmbito da rede publica de ensino. Entretanto, desde então, não
conseguimos mais retorno da prefeitura para agendamento de conversa a respeito do
trabalho.
Por outro lado tanto o IPHAN como o IPAC deram retorno relativamente
rápido acerca da solicitação. O primeiro recomendou a consulta a uma série de
documentos existentes no site antes da marcação da entrevista e, com o IPAC, a
responsável pela coordenação de ações educativas, Ednalva Queiroz, acabou entrando
de férias logo depois do primeiro contato realizado. Entretanto, continuamos a nos falar
por e-mail.
Nesse contexto, a principal fonte de dados sobre os órgãos foram seus
relatórios de gestão dos últimos três anos. A partir da leitura deles procurei, então,
verificar a existência (ou não) de ações de impacto na área de educação patrimonial,
algo que já comecei a comentar no capítulo anterior. Me impressionou a ainda pouca
importância que políticas dessa natureza possuem dentro das políticas públicas de
patrimônio, e que as ações de tombamento e registro ainda não vem devidamente
acompanhadas de ações educativas e de divulgação/reconhecimento desses diferentes
saberes, expressões e bens, mesmo numa perspectiva local.
No final das contas, os dados presentes nos relatórios sintetizavam bem o que
a educação patrimonial representava dentro do escopo de ação desses órgãos.
Entretanto, admito que a ausência de entrevistas com um nível maior de detalhamento
acabou fazendo falta para uma melhor compreensão da concepção com as qual essas
ações eram colocadas em prática, e para tentar entender as razões do pouco espaço para
os projetos dessa natureza.
Também em paralelo, dei continuidade ao processo de pesquisa de filmes. E
novas informações chegavam a todo momento. No início de novembro, atingi a marca
de 73 filmes catalogados, mas o desafio maior que seria encontrar cópias desses filmes

3
A nota na íntegra pode ser conferida no site oficial do IPHAN, através do link:
<http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=16250&sigla=Noticia&retorno=detalhe
Noticia>, acessada em 06 out 2011

24
ainda estava longe de ser alcançado, pois tinha notícias de, apenas 30 deles. E, para
minha surpresa, os dois últimos produtos encontrados, e que são dois dos filmes mais
antigos catalogados, não encontrei no acervo da Dimas, mas sim publicado no youtube:
o primeiro se trata de um registro de imagens de Maragojipe realizado pelo alemão
Gunther Plüschow em 1927; e, o segundo, se trata do registro do Mestre Pastinha em
ação, no ano de 1948. Duas pérolas encontradas por acaso nesse canal de
compartilhamento de vídeos.
Por fim, o mapeamento dos atores/ atrizes e das iniciativas realizadas na
região que tem uma relação direta (ou indireta) com a área do patrimônio também foi
sendo realizada aos poucos. A paralisação das atividades da Universidade federal do
recôncavo da Bahia durante todo o mês de setembro e parte do mês de outubro acabou
atrapalhando um pouco a coleta de dados sobre os projetos realizados pela instituição, e
que seria a principal atriz a ser mapeado pela quantidade de ações realizadas.
Mas, com informações coletadas em seu site oficial, e no banco de dados dos
diretórios de grupos de pesquisa do CNPQ pudemos dar inicio a essa sistematização. Da
mesma forma, o acesso a outros sites institucionais como o da prefeitura da Cachoeira,
da Cinemateca Brasileira e de instituições privadas e do terceiro setor que atuam na
região nos deram algumas informações iniciais significativas.
Dentro dessa sistematização de atores/ atrizes/ iniciativas, optamos por dividi-
las em cinco categorias: as de responsabilidade do poder público; as realizadas pela
iniciativa privada; as realizadas pelo terceiro setor; as redes e articulações; e outras que
não se enquadravam ou que se diferenciavam, em algum ponto, das categorias
anteriores.
Essa foi, certamente, a etapa mais tranqüila do trabalho, seja pela
proximidade que já tinha com boa parte dos mesmos (aqui, a vivência como cidadão
sanfelista4, certamente, foi fundamental para a realização de um mapeamento mais
completo), ou pelo acesso facilitado às informações disponibilizadas virtualmente,
através da internet.

4
Aquele que nasce na cidade de São Félix.

25
6. Por dentro das cinematecas inexistentes e do audiovisual
enquanto documento

Como já pude afirmar anteriormente, o Brasil possui duas grandes


cinematecas: A Cinemateca Brasileira, com sede em São Paulo; e a Cinemateca do
MAM-RJ, espaços que preservam boa parte da produção cinematográfica brasileira que
está disponível para o grande público. Entretanto, a carência de espaços
descentralizados, que dêem conta da preservação das produções regionais, é algo que
preocupa aqueles que se interessam pela conservação de acervos de som e imagem.
A preservação de acervos audiovisuais ainda é um tema pouco pautado dentro
do âmbito das políticas culturais no Brasil, tanto no âmbito do planejamento, criação e
implementação de políticas públicas, quanto em pesquisas acadêmicas em torno dessa
temática (BEZERRA, 2010). Nesse contexto de ausências, muitas obras produzidas,
especialmente, nos primórdios do cinema no Brasil, já foram perdidas em definitivo.
Conforme aponta a mesma autora, apenas nos últimos anos começou a se
esboçar a construção de políticas públicas para o setor, a partir o incremento do papel de
órgãos como a Cinemateca Brasileira, e de programas de restauro e conservação do
cinema brasileiro no âmbito da Cinemateca. Entretanto, o Estado ainda carece de um
plano efetivo para a área da memória audiovisual (BEZERRA, 2010).
A Cinemateca, inclusive, dentro do âmbito da SIBIA 5 - Sistema Brasileiro de
Informações Audiovisuais, já apresenta, desde 2008, a meta de construção de uma
política unificada de preservação, a partir das experiências adotadas pelas instituições
que integram o sistema. Algo que está explanado na carta síntese do I Encontro
Nacional do SIBIA, em 2008. E isso vinculado ao processo de criação de uma lei, de
um fundo e de uma escola técnica voltada para as especificidades da preservação
audiovisual. Boas idéias, mas ainda existentes apenas como planos.
É justamente a Cinemateca Brasileira o principal organismo responsável pelas
políticas de preservação do acervo nacional. Criada no formato de fundação privada
ainda nos anos 40, e tendo como embrião o Clube de Cinema de São Paulo. Ela foi

5
Proposta criada pela Secretaria do Audiovisual, através da Cinemateca Nacional, no ano de 2005, de
estruturação de um Sistema Brasileiro de Informações Audiovisuais, com o objetivo de coletar dados
sobre acervos dispersos em todo o país. Atualmente, compõem o SIBIA 41 instituições de 15 estados
brasileiros. Da Bahia, integram o Sistema a Dimas e Arquivo Histórico Municipal de Salvador / Fundação
Gregório de Mattos – FGM.

26
incorporada à administração pública, dentro da estrutura do IPHAN, a partir de 1984, e,
a partir de reforma administrativa promovida na gestão do ex-ministro Gilberto Gil
(2003-2008), foi transferida para a Secretaria do Audiovisual.
Já em âmbito estadual, a Secretaria de Cultura, através da sua Diretoria de
Audiovisual (Dimas), é a responsável pela manutenção do acervo baiano. Apesar de
iniciativas recentes como o BOX 100 anos de cinema da Bahia e Memória em 5
Minutos6, e do financiamento da restauração de filmes como “Redenção”, “A Grande
Feira”, ambos de Roberto Pires, e “O Leão de Sete Cabeças”, de Glauber Rocha, a
Bahia carece, igualmente, de políticas para a preservação de seu acervo.
Durante a III Conferência Estadual de Cultura realizada em 2009, dentro das
prioridades eleitas para o campo do audiovisual, estava o

apoio a iniciativas e projetos de preservação e transmissão da


mamória material e imaterial artístico-cultural, não só através
da preservação de suas obras, dos espaços físicos,
equipamentos, monumentos arquitetônicos, mas também da
história oral e dos saberes e fazeres, patrimônio humano vivo,
inclusive no interior do estado.

E, também, o

Incentivo à criação e contínua atualização de acervos públicos


e centros de referência, a exemplo de cinematecas, pinacotecas,
banco de textos dramatúrgicos, partituras, vinis, memoriais de
dança, capoeira, entre outros, para a salvaguarda e difusão de
bens materiais e imateriais dos diversos segmentos artístico-
culturais

Diante dessa demanda que engloba, também, o campo do audiovisual, a


diretora da Dimas, Sofia Federico, anunciou, durante a Conferência Setorial do
Audiovisual, etapa integrante da Conferência Estadual de Cultura da Bahia, em
novembro de 2011, a criação da Cinemateca da Bahia. Esta era uma ação que já
constava como uma meta da atual diretoria da Dimas em seus últimos relatórios de
gestão, especialmente a partir do estreitamento de laços entre a Cinemateca Brasileira e
a Dimas, que culminou com a sua entrada no SIBIA.
Segundo Sofia, neste momento, está sendo realizado o projeto final para a
instalação da Cinemateca em acomodações que serão implantadas na antiga sede do
6
Duas iniciativas realizadas no âmbito da Dimas, a primeira consistiu na produção de uma caixa com 30
filmes de filmes produzidos no estado; e, a segunda, consiste na produção de um Box com os curtas-
metragens premiados em todas as edições do festival “Imagem em 5 Minutos”.

27
Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, no Pelourinho. E, a base do acervo da cinemateca
baiana será o próprio acervo atual da Dimas.
Assim, diante desse contexto, passamos a nos perguntar: que papel podem
cumprir as cinematecas para a preservação de acervos audiovisuais? Seria o caso de
pensar na possibilidade de criação de uma cinemateca do recôncavo, apoiada pela recém
anunciada cinemateca baiana?
Manter um equipamento como esse não é, certamente, uma ação de baixo
custo. E, uma vez iniciada, não pode ser interrompida sob o risco de perda de todo o
acervo ali depositado. De toda forma, independentemente da estrutura que seja
responsável pela salvaguarda de patrimônios dessa natureza, o fundamental é que
existam recursos humanos (profissionais) e técnicos (equipamentos e mobiliário)
adequados para este fim.
Outro desafio das cinematecas é semelhante aos enfrentados, por exemplo,
pelos museus, que é o de ultrapassar o imaginário de um “deposito de coisas antigas”,
para a construção de um imaginário enquanto espaço potencialmente dinâmico. Mas,
obviamente, que a construção de um imaginário desta natureza perpassa pela
dinamização desses espaços e desses acervos, buscando a implementação de ações de
democratização do acesso às obras ali salvaguardadas.
Na própria Faculdade de Comunicação vivemos um problema semelhante, em
que dezenas de filmes que compunham o acervo do Setor de Cinema da instituição
encontrava-se com sérios problemas de registro e acomodação.
Durante o processo de pesquisa, ainda encontramos algumas iniciativas que
pretendem contribuir para uma melhor preservação do acervo audiovisual nacional, tais
como o já mencionado Sistema Brasileiro de Informações Audiovisuais (SIBIA); a
Associação Brasileira de Preservação Audiovisual que realiza, anualmente, dentro do
Festival de Cinema de Ouro Preto, o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos
Audiovisuais Brasileiros; e o projeto Filmografia Baiana 7.
Essas iniciativas visam ampliar o acesso a informações sobre a filmografia
brasileira espalhada pelo país, e, em relação às duas primeiras, tentar articular o diálogo
inter-institucional para a realização de ações conjuntas na área da preservação
audiovisual. E, no que diz respeito ao projeto Filmografia Baiana, vale mencionar que
esta foi uma das principais fontes de dados para a realização deste projeto de pesquisa.

7
Projeto coordenado pela professora Laura Bezerra que apresenta mapeamento de produções
cinematográficas realizadas no estado da Bahia. Disponível em: www.filmografiabaiana.com.br

28
7. O Futuro da Memória e das Conclusões à Prática

Uma forte marca deste trabalho é que, pelo caráter da sua proposta, e pelo
pouco tempo de realização, praticamente todos as suas etapas foram sendo realizadas
aos poucos, e paralelamente, possibilitando que o diálogo entre essas diferentes etapas
gerasse um processo de reflexão continua sobre cada passo do trabalho, e como uma
etapa interferia na outra. E com essa etapa “final” não foi diferente. Desde o inicio do
projeto já tínhamos algumas propostas pré-concebidas mas que, aos poucos, tiveram de
ser repensadas e/ou amadurecidas a partir da realidade com a qual tomávamos contato.
Durante esse processo, buscamos desenvolver idéias a partir do critério básico
da “aplicabilidade”, ou seja, idéias que, a partir de uma avaliação prévia, tenham
condições, de fato, de se tornarem concretas. Assim, conforme pôde ser conferido no
produto deste trabalho, buscamos desenvolver as propostas que podem funcionar
autonomamente mas que, dentro de uma perspectiva sistêmica e integrada, certamente
teriam maior êxito.
Apesar da idéia de “aplicabilidade”, não deixamos de “pensar grande”, pois
acreditamos que o potencial deste tipo de ação na região é grande o suficiente para a
realização de ações de maior escala. A mais ambiciosa delas talvez seja a proposta de
criação de uma “Cinemateca do Recôncavo”, mas que pode ser plenamente realizável a
partir de uma gestão conjunta entre entes públicos e privados que atuam na região.
Em principio, tentamos organizar as propostas em torno de três linhas de ação:
pesquisa, organização, conservação e restauro; sensibilização e disseminação; e
reflexão. Entretanto, pelo próprio caráter interdisciplinar das mesmas, esse tipo de
categorização se tornaria bastante difícil.
Assim, elencamos propostas diversas, passando pela continuidade de
organização do acervo inventariado e da realização de ações mais fortes de conservação,
e, além disso, também elencamos aqui propostas que ressaltam a necessidade de se
continuar a pesquisa por filmes considerados “perdidos”.
E, ao mesmo tempo, sem deixar de lado processos de sensibilização e reflexão
sobre a importância desse acervo, e da necessidade de disseminação de seus conteúdos,
seja através da realização de mostras, de exibições públicas pontuais, e de ações mais
efetivas junto às escolas, dentro da proposta de se inserir esses filmes enquanto material

29
pedagógico a ser trabalhado durante as aulas da disciplina educação patrimonial em
cachoeira, ou enquanto conteúdo transversal na rede das outras cidades do recôncavo.
Chegamos às conclusões mas, de forma alguma, consideramos este trabalho
concluído. Ainda enxergamos nele importantes lacunas que poderão ser aprimoradas.
Alguns desses dados que salientamos que devem ser ainda aprofundados dizem
respeito, especialmente, a dados de alguns filmes, e seu respectivo estado de
conservação, informações fundamentais para os fins desta pesquisa, algo que ainda
pretendemos aperfeiçoar para a entrega da versão final do produto, ou mesmo quando
da aplicação prática de suas propostas.

30
8. Referências bibliográficas

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Preservação de Identidade na Comunidade do Chapéu Mangueira.

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Planos Diretores Participativos. Bahia. Cachoeira. 2008. Disponível em:
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Disponível em: <http://www.cult.ufba.br/arquivos/politicas_culturais_1964_
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32
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2009/06/projeto-de-lei-n-dispoe-sobre-implantar.html

Cinemateca Nacional: <www.cinemateca.com.br> Acesso em 21 jul 2011.

Diretoria de Audiovisual/ Secretaria de Cultura da Bahia: <www.dimas.ba.gov.br>


Acesso em 21 jul 2011.

Prefeitura Municipal da Cachoeira: http://www.cachoeira.ba.io.org.br/

Programa Monumenta: http://www.monumenta.gov.br/site/?p=5227

UFRB: http://www.ufrb.edu.br/reverso/2011/11/04/cine-teatro-gloria-passa-por-
restauracao/

UFRB: http://www.ufrb.edu.br/cahl/index.php/component/content/article/402-13-de-
janeiro-de-2011-solenidade-para-os-40-anos-do-tombamento-de-cachoeira-como-
monumento-nacional

33
Anexo I

PROJETO DE LEI N°:

Dispõe sobre implantar o programa de Educação patrimonial no calendário letivo da


rede municipal de Cachoeira como matéria básica.

Art. 1° - A rede municipal de Ensino do município de Cachoeira implantará como


matéria básica o programa de Educação Patrimonial no calendário letivo de cada ano.

Art. 2° - O poder executivo do município de Cachoeira viabilizará a contratação dos


profissionais educadores da matéria de educação patrimonial.

Art. 3° - O poder executivo junto com a secretaria de educação do município de


cachoeira capacitará os professores para que seja desenvolvido o projeto com êxito.

Art. 4° - O poder executivo Municipal regulamentará a presente lei já no ano de 2010.

Art. 5° - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Sala de Sessões, 23 de Março de 2009.


Autor: Vereador Carlos Menezes pereira

JUSTIFICATIVA

O programa de educação patrimonial como matéria básica no município de cachoeira,


foi pensado com propósito de buscar soluções por meio de ações educativas, que
possam reverter o quadro de pouco conhecimento e ausência de discussões da temática,
patrimônio cultural nos currículos escolares, na prática pedagógica dos professores e no
cotidiano escolar das escolas da rede municipal de ensino de Cachoeira. Esta
problemática revelou-se em pesquisa de campo realizada com este objetivo.
Conhecer, valorizar e preservar o patrimônio cultural é compreender o universo
sociocultural. Participar da historicidade que está inserido, elevar a alto-estima, exaltar
saberes e fazeres, participar dos direitos e deveres de cidadania e fortalecer a identidade
cultural de nossa cidade dona de tantos títulos de Honra no nosso País.

OBJETIVOS:

Interação do universo escolar, da população e da Educação Patrimonial nas ações e


atividades voltadas às questões do Patrimônio Cultural.

Participação ativa das escolas, dos educadores, dos educandos e da comunidade


cachoeirana nas políticas educacionais e culturais da cidade Monumento Nacional.

34
Reconhecimento da importância de se conhecer, apropriar para observar o patrimônio
cultural e a identidade cultural.

Recursos necessários

A secretaria municipal de educação possui recursos destinados a projetos dessa


natureza, e podemos também partir para parcerias entre instancias federais, estaduais e
municipais, universidades e empresas que demonstrarem interesse e vontade política e
cultural pela temática Patrimônio cultural.

Sala de sessões, 23 de Março de 2009.

CARLOS MENEZES PEREIRA


VEREADOR

35
ANEXO II

Modelo de Ficha de Inventariamento

Ficha Numero____ Filme:

Parte 01: Dados gerais:

Cartaz Nome Original:


Ano de lançamento:
(não possui) Direção:
Produtora responsável:
Cidade de Realização:
Origem:
Sinopse:

Cor:
Duração:
Gênero:

Parte 02: Dados técnicos/ históricos da obra

Formato de gravação
Equipe técnica
Cópias localizadas
(quantd/formato/ local)
Estado de conservação
(ótimo, bom, regular, ruim)
Descrição geral da obra/
observações
Premiações:

Parte 03: Referênciais históricos-culturais

Descrição qualitativa
Sítios históricos utilizados/ retratados
Personagens históricos retratados
Atores/atrizes locais utilizados/as (nome
completo e notoriedade)

Parte 04: Referências bibliográficas

36

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