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ISSN: 2525-8761
Marcio Trevisan
Dr
Docente no Curso de Farmácia na Faculdade de Palmas – FAPAL
Endereço: Quadra 402 Sul - Conjunto 2 - Lotes 7 e 8 – Palmas, TO, CEP: 77000-000
E-mail: marciotrevi@gmail.com
RESUMO
O tratamento farmacológico da onicomicose é complexo e necessário, realizado com
medicamentos antifúngicos orais, tópicos ou com terapia combinada, podendo ser
estendido por períodos de até um ano e meio. Esse trabalho se trata de uma revisão
integrativa sobre o tratamento farmacológico das onicomicoses e a contribuição das
orientações farmacêuticas como parte fundamental do tratamento. Com isso, realizou-se
pesquisas nos bancos de dados e coleções online do Scientific Electronic Library Online
(Scielo), da biblioteca virtual de saúde do National Institutes of Health (PubMed) e do
Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
do Ministério da Educação (CAPES/MEC), no período de 2011 a 2021. Inicialmente
foram catalogados 76 artigos e após uma análise minuciosa do material foram
selecionados 24 artigos para embasamento científico. Os resultados demonstraram que
existe uma gama de medicamentos eficazes como a terbinafina oral e ciclopirox tópico,
que são alguns dos mais utilizados. Com isso, concluiu-se que na grande parte dos casos
o tratamento é eficaz e que o farmacêutico pode contribuir bastante para o sucesso do
tratamento com orientações ao paciente.
ABSTRACT
The pharmacological treatment of onychomycosis is complex, necessary and current.
Treatment is with oral or topical antifungal drugs or combined therapy, which can be
understood for periods of up to a year and a half. This work deals with a bibliographic
review that aims to present, based on current literature, the pharmacological treatment of
onychomycosis and the contribution of pharmaceutical guidance as one of the pillars of
treatment. As a result, it conducted a search in the online databases and collections of the
Scientific Electronic Library Online (Scielo), the virtual health library of the National
Institutes of Health (PubMed) and the Journal Portal of the Coordination for the
Improvement of Higher Education Personnel of the Ministry of Education
(CAPES/MEC), from 2011 to 2021. The review aimed to address the most current aspects
that include pharmacological treatment, the adverse effects of drugs used and the
importance of the pharmacist as an adjuvant in the treatment of infection.
1 INTRODUÇÃO
Onicomicose são infecções fúngicas que podem acometer essencialmente às
unhas (LEUG et al, 2019). A prevalência desta infecção, no aspecto global, se aproxima
a 50% entre as onicopatias e estima-se que mundialmente de 2% a 8% da população seja
atingida por ela. (KIMURA, 2018). Seu agente etiológico mais frequente é o
Trichophyton Rubrum, que procura pelas regiões das unhas e cabelos para se alimentar
de queratina (DALLA LANA et al, 2016).
No contexto dermatológico está inserida no grupo das dematofitóse (Doenças
causadas por fungos dermatófitos) que pode ser classificada em quatro tipos:
Onicomicose subungueal distal, sendo a de maior ocorrência, onicomicose branca
superficial que ocorre mais em crianças, onicomicose subungueal proximal sendo a
menos comum e, a mais grave de todas, onicodistrofia total que causa a destruição das
unhas infectadas. (SCHALKA et al, 2012).
O tratamento dessa patologia envolve medicamentos da classe dos antifúngicos e
geralmente é bastante complexo devido a fatores relacionados ao hospedeiro como a
idade avançada, sexo, diabetes, tempo prolongado de infecção, percentual de
envolvimento do agente etiológico com a placa ungueal e imunodepressão.
(GUIMARÃES, 2014)
Essa doença pode evoluir para casos mais graves e repercutir, inclusive, em
sintomas associados de dor, desconforto, limitações físicas e ocupacionais. No que se
refere ao diagnóstico da doença, segundo Leug (2019), ele é específico para cada tipo de
alteração e é necessário que seja feito o exame clínico médico e o micológico.
2 MATERIAIS E METODOS
Realizou-se um estudo de revisão bibliográfica integrativa baseada em pesquisas
em bancos de dados e coleções online do Scientific Electronic Library Online (Scielo),
da biblioteca virtual de saúde do National Institutes of Health (PubMed) e do Portal de
Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do
Ministério da Educação (CAPES/MEC), no período de 2011 a 2021. Os termos utilizados
nas buscas eletrônicas foram termos em inglês “onicomicoses/onychomycosis”,
“tratamento/treatment”, “farmacológico/pharmacological”, “antifúngicos/antifungal” e
“terapêutica/therapy”. As buscas foram realizadas nas bases de dados utilizando o
operador boleano ‘and” especificando a pesquisa com seguinte combinação: onicomicose
AND tratamento AND farmacológico AND antifúngico AND terapêutica.
Os artigos foram catalogados preliminarmente após a leitura do título, objetivos, palavras
chave e resumo. Após a análise desses indicadores, foram selecionados os artigos que
abordavam mais claramente a temática. Foram selecionados inicialmente 76 artigos que
após a leitura do resumo, palavras chave, resultados e discussão foram reduzidos para 43.
Desse número foram escolhidos os artigos que minuciavam os objetivos desse trabalho,
resultando no total final de 24 artigos. Foram excluídos artigos com data inferior a 2011,
artigos que descreviam outras formas de tratamento senão a farmacológica, artigos que
não continham data e os que não haviam autoria.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 TERAPIA SISTÊMICA
A terapia farmacológica de onicomicose pode ocorrer de três formas diferentes, a
saber, pode ser sistêmica, tópica ou terapia combinada – uso concomitante de antifúngicos
orais e tópicos. (TABARA et al, 2015; DHAMOON et al, 2019). O tratamento está
diretamente ligado a natureza da infecção, da quantidade de unhas contaminadas e grau
de deterioração das unhas. (PIRRACINI e ALESSANDRINI, 2015).
Para o tratamento sistêmico é necessário que seja identificado o tipo clinico da
infecção, pois a onicomicose subungueal distal e lateral (DLSO), onicomicose
subungueal proximal (PSO) e onicomicose superficial branca respondem muito bem a
esse tipo de tratamento. (PIRACCINI E ALESSANDRINI, 2015). Quando comparada a
outras terapias, a sistêmica, é a que se mostra mais eficaz e tem demonstrado altas taxas
de cura. Os antifúngicos orais mais amplamente utilizados são os antifúngicos da classe
azol, sendo os principais itraconazol e fluconazol, e alilaminas estando representada pela
terbinafina. (WESTERBERG E VOYACK, 2013; MAXFIELD et al, 2021; PIRACCINI
et al, 2020).
O fluconazol é um Antifúngico fungistático, azólico de terceira geração que inibe a
produção de ergosterol fazendo com que a fluidez da membrana plasmática seja alterada
e a ação do fungo reduzida. (ZANE et al, 2016). O seu uso para o tratamento de
onicomicose é aprovado na Europa como opção de tratamento sistêmico devido a
capacidade do medicamento de alcançar concentrações fungicidas na vagina, saliva, pele
e, principalmente, nas unhas. (RANG & DALE 7° edição pag. 652, 2012).
No Brasil, autores como Kimura (2018), indica o fluconazol para o tratamento
dessa micose na posologia de 150 mg/semana até que a cura seja alcançada. Ele possui
taxas moderadas de sucesso se comparado com o itraconazol e terbinafina, sendo utilizado
quando há necessidade de uma terapia mais longa e financeiramente menos custosa.
(DHAMOON, 2019). Em contra partida, a medicação é bem tolerada por pessoas
incapacitadas de usarem a terbinafina e o itraconazol. (LEUG et al, 2019).
Com o uso do fluconazol, os principais efeitos adversos que podem ocorrer são
dores de cabeça, reações gastrointestinais como vômitos e náuseas, síndrome de Stevens-
Johnson e erupções na pele. (WESTERBERG et al, 2013). O fígado é um órgão nobre
que está envolvido na biotransformação do fluconazol, sendo assim, há o risco de
ocorrerem lesões hepáticas devido ao uso desse medicamento, gerando problemas
secundários ao tratamento. (SANTOS E DUARTE, 2019)
O tratamento tópico para onicomicose pode ser feito com o uso de ativos na forma
de esmaltes, vernizes e soluções para as unhas. (LEUG., et al, 2019). Para que haja mais
eficácia no tratamento tópico a forma farmacêutica deve ser elaborada para administração
transungueal. (PIRACCINI E ALESSANDRINI, 2015). Está preconizado por Rosso
(2014), que a terapia tópica está indicada nos seguintes casos: para profilaxia pós
tratamento, quando há riscos de interações farmacológicas graves com os antifúngicos
orais e outros medicamentos, quando o paciente não tolera o tratamento oral e quando há
riscos de lesão hepática grave.
Cabe acrescentar que o tratamento com formas farmacêuticas tópicas, especialmente
aquelas à base de verniz, apresentam alta capacidade de penetração, maior tempo de
contato com o fármaco e a unha fazendo com que o medicamento se torne mais eficaz.
(LEELAVATHI E NOORLAILY, 2014).
Os medicamentos mais amplamente utilizados no brasil para o tratamento tópico
da onicomicose são ciclopirox (Loprox, fungirox, micolamina), amorolfina (Loceryl).
(TABARA., et al, 2015). A terapia tópica se faz importante devido ao fato de ser uma
opção para pacientes que precisam do tratamento, porém não podem utilizar outras
terapias devido a comorbidades. (ZANE., et al, 2016).
O ciclopirox é um medicamento de ação fungicida e inibe a atividade das enzimas
dependentes de metais ocasionando uma deficiência no transporte de íons através da
membrana citoplasmática fúngica, dificuldade na ingestão de nutrientes, síntese de
proteínas e ácidos nucleicos. (PERUCINHA., et al, 2019).
Devido à complexidade do seu mecanismo de ação o ciclopirox detém ação
antibacteriana, contra bactérias gram positivas e gram negativas, ação anti-inflamatória e
antialérgica. ligado a esse fato os fungos desenvolvem pouca resistência, além disso, esse
fármaco se liga de forma irreversível em estruturas intracelulares impedindo que a
molécula farmacológica seja usada pelo fungo como modelo de resistência, mantendo a
eficácia do medicamento. (PIRACCINI., et al, 2020).
A posologia indicada para o tratamento com ciclopirox é a aplicação uma vez ao
dia por um período de quatro meses ou até a cura clínica, podendo durar até 48 semanas
dependendo da quantidade de unhas afetadas, constância de aplicação e condições de
higiene. (LEUG., et al, 2019; LEELAVATHI., et al, 2014). A formulação mais eficaz do
ciclopirox é em verniz solúvel em água que aumenta a permeabilidade do fármaco nas
unhas, ele também está disponível em solução e esmaltes mais acessível, porém menos
eficaz que o verniz. (SCHALKA., et al, 2012)
terapias combinadas apresentam taxas de cura de até 94% usando 200 mg/dia de
itraconazol (por três meses) e a aplicação semanal de amorolfina esmalte por seis meses.
Outro estudo realizado com a combinação de terbinafina a 250 mg/dia (três meses) e
amorolfina 5% semanal por um período de 15 meses demonstram taxas de curas de 72%,
apresentando taxas de superiores a monoterapia com terbinafina por três meses (37,5%).
(LEELAVATHI., et al, 2014).
Outrossim, estudos com ciclopirox associado com terbinafina apontaram altas
taxas de cura clínica e micológica. No aspecto profilaxia de recorrência, pós tratamento
com monoterapia de terbinafina, a amorolfina utilizada uma vez a cada duas semanas
apresenta resultados satisfatórios. (TABARA., et al, 2015).
Importância das orientações do farmacêutico
Segundo a RDC 44/2009, o farmacêutico possui a capacidade técnica para exercer
funções imprescindíveis nas farmácias e drogarias, uma dessas funções é a atenção
farmacêutica. O farmacêutico como profissional de atenção primária, devido ao fato dele
está presente em drogarias e farmácias onde o acesso da população é maior e mais
facilitado e na maioria das vezes é o primeiro lugar que o doente recorre. Isso mostra que
o farmacêutico, juntamente com a toda a equipe de saúde, está relacionado com o sucesso
do tratamento da onicomicose ao dispensar o medicamento correto, analisar a
assertividade da posologia, analisar as prováveis interações medicamentosas, alertar o
paciente sobre o risco-benéfico do tratamento farmacológico e explicar para o paciente a
importância da adesão ao tratamento. (REIS E SILVA, 2018).
Estudos sugerem que um em cada quatro pacientes não conseguem completar a terapia
por completa, ou seja, até estar totalmente curado. (ELEWSKI., et al, 2016). A falta de
adesão ao tratamento contribui intensamente para a falha da terapêutica, esse fator pode
ser evitado se houver a presença do farmacêutico acompanhando o tratamento e
orientando o paciente. (WESTERBERG., et al, 2013).
Os fungos se desenvolvem melhor em ambientes quentes e úmidos, à vista disso, esse
profissional deve aconselhar o paciente, no ato da dispensação, a usar sapatos não
oclusivos, manter sempre os pés secos, usar meias de algodão e sempre manter as unhas
cortadas. (KIMURA, 2018).
As reincidências estão associadas a pacientes que possuem algum tipo de
comorbidade como diabetes, hipertensão e dislipidemias, além de fatores genéticos.
Nesses casos é necessário que esses comórbidos sejam educados, isso porque a educação
do paciente para o pós tratamento é tão importante quanto o tratamento. É necessário que
4 CONCLUSÃO
Conclui-se que essa doença de prevalência global, produz notáveis prejuízos na
saúde da população acometida refletindo inclusive na qualidade de vida das pessoas.
Embora o tratamento esteja disponível no Sistema Único de saúde e nas farmácias a busca
pelo mesmo ainda é muito tímida. O maior objetivo do tratamento farmacológico da
doença é deixar as unhas crescidas e livre da presença de fungos patogênicos. Espera-se
que, futuramente, novas opções de tratamento e novas vias de administração sejam
inseridas na medicina para um tratamento mais eficaz, seguro e rápido.
Portanto, uma vez que os tratamentos farmacológicos disponíveis, são
comprovadamente seguros e eficazes, e aliados as inovações que chegam ao mercado
farmacêutico, espera-se que, pela qualificação dos profissionais, e a divulgação de
conhecimento sobre o manejo desta doença, em destaque o farmacêutico, no atendimento
de farmácia, passe a repercutir positivamente com a redução dos casos e minimização das
sequelas envolvidas nesta enfermidade.
REFERÊNCIAS
ELEWSK, B. et al. Tratamento tópico para onicomicose: é mais eficaz que do que os
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GUPTA, A. K; STEC, N. Avanços recentes nas terapias para onicomicose e seu manejo
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MONOD, M.; et al. Descobertas recentes em onicomicose e sua aplicação para tratamento
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PIRACCINI, B. M.; et al. Onicomicose: uma revisão. Bolonha – Itália: Jornal of Fungi,
2015.
SPRENGER, A. B; et al. Uma semana de regime de pulso terbinafina oral a cada três
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2019.