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SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

MECÂNICA DOS
SOLOS
Série construção Civil

MECÂNICA
DOS SOLOS
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional
Robson Braga de Andrade
Presidente

SENAI – Departamento Nacional


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série construção civil

MECÂNICA
DOS SOLOS
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional da Bahia

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Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação à Distância do SENAI
Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos
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SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Núcleo de Educação à Distância - NEAD

FICHA CATALOGRÁFICA

S491m

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Mecânica dos solos / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional da Bahia. − Brasília : SENAI/DN, 2012.
120 p. : il. (Série Construção Civil)
ISBN 978-85-7519-547-5
1. Mecânica dos Solos. 2. Construção Civil. II. Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Regional da Bahia III. Título
IV. Série.

CDU: 624.131

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Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto


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Departamento Nacional Fax: (061) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - Imagem de um solo.....................................................................................................................................17
Figura 2 - Corte esquemático com diversas aplicações do solo......................................................................18
Figura 3 - Canal do Panamá...........................................................................................................................................19
Figura 4 - Imagem contendo as camadas da terra................................................................................................20
Figura 5 - Imagem mostrando solo e pedregulhos..............................................................................................20
Figura 6 - Imagem exibindo erosão da rocha pela água....................................................................................21
Figura 7 - Geleira transportando solo........................................................................................................................22
Figura 8 - Rochas sendo degradadas pela água....................................................................................................23
Figura 9 - Desenho representando solo com rocha, ar e água.........................................................................23
Figura 10 - Desenho representando solo transportado e solo residual........................................................25
Figura 11 - Ilustração da distribuição dos grãos em uma mostra de solo....................................................27
Figura 12 - Ilustração delimitando o lençol freático Aquífero Guarani..........................................................29
Figura 13 - Desenho representando lençol freático.............................................................................................29
Figura 14 - Recalque no solo abaixo da Torre de Pisa..........................................................................................30
Figura 15 - Sondagem em campo...............................................................................................................................32
Figura 16 - Equipe de operários executando o serviço de sondagem..........................................................38
Figura 17 - Exemplo de uma escavação começando com trado-cavadeira................................................40
Figura 18 - Operário retirando amostra do solo que ficou presa à hélice do trado..................................40
Figura 19 - Amostras do solo armazenadas e identificadas por metro de escavação.............................41
Figura 20 - Escavação exploratória de um solo para identificar as propriedades.....................................42
Figura 21 - Escavação de sondagem tipo trincheira............................................................................................42
Figura 22 - Operário fazendo levantamento geofísico elétrico........................................................................44
Figura 23 - Processo inicial de perfuração para sondagem...............................................................................46
Figura 24 - Equipamentos individuais de segurança...........................................................................................47
Figura 25 - Terreno com máquinas fazendo terraplenagem.............................................................................51
Figura 26 - Pá carregadeira executando serviço de limpeza.............................................................................53
Figura 27 - Máquina retirando árvores......................................................................................................................54
Figura 28 - Máquina retirando tocos e raízes..........................................................................................................54
Figura 29 - Máquina passando lâmina......................................................................................................................55
Figura 30 - Máquina passando a lâmina...................................................................................................................55
Figura 31 - Desenho com exemplo de corte...........................................................................................................56
Figura 32 - Desenho com exemplo de aterro.........................................................................................................57
Figura 33 - Desenho com corte e aterro simultaneamente...............................................................................57
Figura 34 - Máquina trabalhando com escavação................................................................................................59
Figura 35 - Draga executando escavação................................................................................................................60
Figura 36 - Perfuratriz......................................................................................................................................................62
Figura 37 - Explosivo usado nas escavações de rochas.......................................................................................63
Figura 38 - Explosão de rochas....................................................................................................................................64
Figura 39 - Remoção de rochas....................................................................................................................................64
Figura 40 - Escavadeira de colher................................................................................................................................65
Figura 41 - Escavo-carregadeira..................................................................................................................................66
Figura 42 - Retroescavadeiras.......................................................................................................................................67
Figura 43 - Draglines........................................................................................................................................................67
Figura 44 - Escavadeira clamshell...............................................................................................................................68
Figura 45 - Desenho de uma plataforma com aterros e cortes do terreno..................................................68
Figura 46 - Desenho representando plataforma para estrada.........................................................................69
Figura 47 - Pirâmides construídas com terraplenagem e operários...............................................................70
Figura 48 - Desenho de dois homens numa prancheta com um projeto....................................................71
Figura 49 - Operário especializado para manobrar a máquina........................................................................71
Figura 50 - Retroescavadeira executando escavação e depositando solo na caçamba..........................72
Figura 51 - Operário escavando um tubulão..........................................................................................................74
Figura 52 - Escavação de talude..................................................................................................................................75
Figura 53 - Equipamentos de EPI mais usados na construção civil.................................................................76
Figura 54 - Consulta médica no canteiro de obras...............................................................................................77
Figura 55 - Esquema de um conjunto de estrutura..............................................................................................83
Figura 56 - Representação de distribuição de cargas..........................................................................................84
Figura 57 - Fundação baldrame...................................................................................................................................85
Figura 58 - Fundação bloco...........................................................................................................................................86
Figura 59 - Fundação sapata.........................................................................................................................................87
Figura 60 - Fundação sapata corrida..........................................................................................................................87
Figura 61 - Fundação sapata corrida de alvenaria................................................................................................88
Figura 62 - Fundação de radier....................................................................................................................................89
Figura 63 - Estacas de madeira.....................................................................................................................................92
Figura 64 - Estacas metálicas........................................................................................................................................93
Figura 65 - Estacas de concreto pré-moldado........................................................................................................94
Figura 66 - Representações de estaca Franki e estaca Strauss.........................................................................95
Figura 67 - Contenções por talude.............................................................................................................................97
Figura 68 - Contenção por madeira............................................................................................................................98
Figura 69 - Contenção com aço e madeira..............................................................................................................99
Figura 70 - Perfis metálicos justapostos ou estacas-prancha........................................................................ 100
Figura 71 - Estacas de concreto justapostas......................................................................................................... 101
Figura 72 - Exemplos de contenções de muro de arrimo................................................................................ 102
Figura 73 - Contenção por tirantes.......................................................................................................................... 104
Figura 74 - Esquema de um tirante......................................................................................................................... 104
Figura 75 - Perfuração da encosta........................................................................................................................... 105
Figura 76 - Cabos já concretados na encosta...................................................................................................... 106
Figura 77 - Fundação reforçada por estacas raiz................................................................................................ 108
Figura 78 - Prédio com recalque do solo............................................................................................................... 109
Figura 79 - Bate-estaca................................................................................................................................................. 111
Figura 80 - Equipamentos de segurança............................................................................................................... 113

Quadro 1 - Quadro de granulometria.........................................................................................................................26


Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Solos....................................................................................................................................................................................17
2.1 Origem e formação .....................................................................................................................................18
2.1.1 Origem do solo...........................................................................................................................19
2.1.2 Forma de decomposição.........................................................................................................21
2.1.3 Normalização...............................................................................................................................24
2.2 Classificação...................................................................................................................................................24
2.2.1 Classificação do solo quanto a sua origem ......................................................................24
2.2.2 O solo orgânico...........................................................................................................................25
2.2.3 Classificação por granulometria...........................................................................................26
2.3 Características físicas do solo...................................................................................................................27
2.3.1 Textura...........................................................................................................................................27
2.4 Lençóis freáticos...........................................................................................................................................28
2.4.1 Formas de rebaixamento de lençol freático.....................................................................31
2.5 Investigação geotécnica............................................................................................................................31
2.5.1 Tipos de investigação do solo...............................................................................................32

3 Sondagem.........................................................................................................................................................................37
3.1 Processos de execução de sondagem..................................................................................................39
3.1.1 Por amostras deformadas ou simples reconhecimento..............................................39
3.1.2 Trado...............................................................................................................................................40
3.1.3 Poço exploratório.......................................................................................................................41
3.1.4 Trincheira......................................................................................................................................42
3.2 Programação de sondagens.....................................................................................................................43
3.3 Levantamento geofísico............................................................................................................................43
3.3.1 Elétrico...........................................................................................................................................44
3.3.2 Radiométrico...............................................................................................................................44
3.3.3 Radar de penetração................................................................................................................45
3.4 Perfil geotécnico...........................................................................................................................................45
3.5 Normas técnicas...........................................................................................................................................46
3.6 Aspectos relativos à segurança, saúde, meio ambiente e qualidade........................................47

4 Terraplenagem.................................................................................................................................................................51
4.1 Serviços preliminares..................................................................................................................................52
4.2 Escavações em solos não rochosos.......................................................................................................58
4.2.1 Tipos de escavações em solos não rochosos ..................................................................59
4.3 Escavações de rochas..................................................................................................................................61
4.4 Equipamentos utilizados nas escavações de solos não rochosos..............................................64
4.5 Plataformas horizontais.............................................................................................................................68
4.6 Capacidade de produção..........................................................................................................................70
4.7 Normalização técnica.................................................................................................................................73
4.8 Aspectos relativos à segurança do trabalho.......................................................................................74
4.9 Saúde ocupacional......................................................................................................................................77
4.10 Meio ambiente............................................................................................................................................79

5 Infraestrutura...................................................................................................................................................................83
5.1 Tipos de distribuição de carga.................................................................................................................84
5.2 Tipos de fundações......................................................................................................................................84
5.2.1 Fundações rasas.........................................................................................................................85
5.2.2 Fundações profundas...............................................................................................................90
5.3 Contenções.....................................................................................................................................................96
5.3.1 Contenções por talude............................................................................................................96
5.3.2 Contenções provisórias...........................................................................................................97
5.3.3 Contenções definitivas.......................................................................................................... 100
5.3.4 Muros de arrimo...................................................................................................................... 101
5.4 Drenagem.................................................................................................................................................... 102
5.5 Tirantes.......................................................................................................................................................... 103
5.6 Reforço de fundações.............................................................................................................................. 107
5.7 Equipamentos, máquinas e instrumentos para infraestrutura................................................. 110
5.8 Normalização técnica.............................................................................................................................. 112
5.9 Aspectos relativos à segurança, saúde ocupacional, meio ambiente e qualidade........... 112

Referências

Minicurrículo do autor

Índice
Introdução

Bem-vindo(a) aos Fundamentos para a Construção Civil! Estamos iniciando uma caminhada
pelo processo de aprendizagem técnica industrial na área de Edificações. Essa unidade curri-
cular tem como objetivo geral promover a aquisição de fundamentos técnicos e científicos
referentes à identificação dos diferentes tipos de solo, suas propriedades e comportamen-
tos mecânicos, a fim de reconhecer os tipos de fundações, capacidade de carga do sistema
fundação-solo, principais métodos para prospecção, ensaios do solo, boletins de sondagem e
resultados de ensaios.
Para dar conta de tantas competências, serão potencializadas as capacidades sociais, orga-
nizativas e metodológicas descritas a seguir:
a) Gerenciar equipes de trabalho;
b) Liderar equipes e ter bom relacionamento interpessoal;
c) Atuar com efetividade nas relações com o cliente;
d) Projetar e analisar resultados;
e) Apoiar as decisões organizacionais, buscando a participação dos demais membros da
equipe;
f) Aplicar princípios de qualidade, saúde, segurança do trabalho e ambientais.
E as seguintes capacidades técnicas:
a) Aplicar conceitos referentes a fenômenos físicos;
b) Identificar metodologias de classificação de solos;
c) Identificar os tipos, características dos solos e infraestrutura aplicáveis à execução de cada
edificação.
Neste livro didático, conheceremos inicialmente informações sobre o solo, a sua origem e
sua formação, como classificar e conhecer as normas técnicas para sua utilização, que, mesmo
estando presente em nossa vida, pouco sabemos. Falaremos sobre as suas características físi-
cas, já que estamos trabalhando com material usado para a engenharia, e o domínio deste
conteúdo é de grande importância; aprenderemos mais sobre lençóis freáticos, como eles são
importantes reservas de água e como interferem nas construções, além de conhecermos o
Mecânica dos Solos
14

processo de investigação geotécnica para analisá-lo e prepará-lo para receber as


construções.
Daremos sequência desenvolvendo, no terceiro capítulo, o conhecimento
sobre sondagens, as quais provavelmente todos já viram em alguma obra da
construção civil. Neste capítulo, saberemos como realizar os experimentos de
campo, quais os tipos de sondagens e seus processos, quais os equipamentos,
instrumentos e aparelhos, as normas técnicas e os cuidados com a saúde ocupa-
cional e o meio ambiente.
No quarto capítulo, entraremos em contato com a terraplenagem, com os
serviços preliminares para iniciar as obras, falaremos de escavações, equipamen-
tos e máquinas. Conheceremos também um pouco mais sobre meio ambiente
e qualidade e saúde ocupacional, cujo entendimento hoje é importante para o
profissional.
Para finalizar a nossa caminhada neste livro, falaremos sobre a infraestrutura
com suas distribuições de cargas e tipos de fundações, falaremos sobre conten-
ções de encostas que, para o nosso cotidiano, é muito importante; descobriremos
sobre drenagem e suas aplicações na construção civil, fundações, equipamentos
e maquinários.
Enfim, nesta unidade disciplinar, entraremos no universo da Ciência de Enge-
nharia, conhecimento presente desde os primórdios da humanidade baseado
em experimentos e observações. No século XVII, os estudiosos introduziram os
cálculos matemáticos, e a partir do século XIX, chegamos aos atuais conceitos da
Mecânica dos Solos.
Lembre-se de que você é o principal responsável por:
a) Sua formação;
b) Estabelecer e cumprir um cronograma de estudo realista;
c) Separar um tempo para descansar;
d) Não deixar as dúvidas para depois;
e) Consultar seu professor/tutor sempre que tiver dúvida.
Sucesso e bons estudos!
Solos

Neste capítulo, você vai conhecer um pouco mais sobre o solo. Você já teve contato com o
solo? Pois bem, tenho certeza de que quando você ouviu a palavra “solo” logo imaginou um
terreno, com areia, pedras, vegetação, como na Figura 1, não foi?

Figura 1 - Imagem de um solo


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

Mas solo é muito mais do que normalmente se imagina. Solo é também o componente que,
de forma direta ou indireta, fará parte de alguma construção da indústria, ou seja, o solo será
o material que receberá a construção. Como exemplo, o solo é que apoiará o edifício, “sus-
tentando” as fundações dele e a própria construção, a exemplo do caso de barragens, diques,
canais de drenagem, etc. Veja a Figura 2 de um corte esquemático com as possibilidades de
obras de construção civil no solo.
Mecânica dos Solos
18

1 Heterogêneo:

É o conjunto formado por


elementos diferentes.

Corte do terreno Fundação para


Pavimentação edificação
estrada Solo decomposto
2 Homogêneo:
Dique em solo
É o conjunto formado por
elementos iguais ou de Escavação
mesma natureza. Túnel

Solo rocha-matriz

3 geologia:
Figura 2 - Corte esquemático com diversas aplicações do solo
Estudo científico da origem, Fonte: SENAI, 2012.
história e estrutura da Terra.

É preciso dizer que os terrenos, onde ficarão apoiadas as obras da construção


civil, precisam ser muito bem conhecidos. Devemos avaliar o comportamento do
solo quando este recebe as tensões de carga da obra e também do alívio das ten-
sões quando o solo é escavado.
Surge, então, a Mecânica dos Solos, ciência que estuda o seu comportamento.
Chamada também de Ciência de Engenharia, é a etapa na qual o engenheiro civil
realiza os cálculos para solucionar os mais diversos problemas apresentados para
tornar a construção mais segura e estável, prevendo, inclusive, situações de risco
para estas construções.

2.1 Origem e formação

No passado, os estudos sobre o comportamento do solo já aconteciam com


alguns cientistas que se destacaram com seus conhecimentos aplicados como
Coulomb em 1773; Rankine em 1856; e Darcy em 1856. No entanto, alguns acon-
tecimentos em construções ocorridos por falhas de cálculos, como por exemplo,
as rupturas no canal do Panamá e algumas obras na Europa, fizeram com que
novos estudos fossem realizados e com observações mais detalhadas, inclusive
levando-se em consideração a natureza do material que era heterogêneo1.
Destacou-se, nestes novos conceitos de mecânica dos solos, o engenheiro Karl
Terzaghi em 1936. Para muitos, é considerado o “pai da Mecânica dos Solos” por-
que foi o primeiro a perceber as diferenças de materiais e a pressão exercida pela
água no solo quando este é empregado em construções de taludes e barragens.
2 Solos
19

Antes de Karl Terzaghi, aplicavam os cálculos de tensões ao solo como se fosse


um material homogêneo2.

Figura 3 - Canal do Panamá


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

2.1.1 Origem do solo

Vamos ver agora o solo estudado pela geologia3? Mas antes, vamos definir a
geologia. Esta é a ciência que estuda a origem, história e estrutura do solo.
A norma NBR 6502 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1995)
fala dos conceitos e terminologias que são aplicados aos solos e rochas que ser-
vem para o nosso estudo focado na construção civil. Assim, começamos com a
Pedologia, que é a ciência na qual se estuda a formação dos solos e a sua origem
a partir do estudo das camadas mais superficiais da crosta terrestre.
Você sabe como é formado o nosso planeta?
O planeta é formado por algumas camadas sobrepostas:
a) O núcleo sólido o núcleo sólido, o mais interno, que, apesar da altíssima
temperatura, acaba tornando-se uma massa sólida pela pressão;
b) O núcleo externo, formado por uma massa líquida também de alta tempe-
ratura. Sua composição química de maior predominância é o ferro, seguido
de outros elementos como enxofre, silício, oxigênio, hidrogênio e potássio;
c) O manto inferior, que fica posicionado logo abaixo da crosta terrestre, na
qual encontramos o magma, material formado por rocha derretido expelido
pelos vulcões. Em seguida, vem a crosta terrestre que é o foco deste estudo.
Mecânica dos Solos
20

4 Fissuras: Crosta Terrestre

Manto
Pequena fenda ou greta; Núcleo Externo
rachadura.
Núcleo Interno

Figura 4 - Imagem contendo as camadas da terra


Fonte: SENAI, 2012.

A crosta terrestre é a camada que contém o solo formado por partículas sólidas
(formadas por rochas decompostas e matéria orgânica, ou seja, restos de vege-
tais e animais), água e ar que preenchem os espaços vazios. Este tipo de solo é
muito encontrado no Brasil e seu conhecimento é muito importante porque suas
deformações são significativas quando submetidas a esforços de compressão.
Devemos lembrar que a parte orgânica que compõe o solo é muito importante
para a agricultura.
A matéria inorgânica do solo é, na verdade, o resultado da decomposição ou
desintegração de uma rocha maior a qual denominamos de rocha original ou
rocha-mãe. Aqui no nosso estudo, sempre a chamaremos de rocha-mãe.

Figura 5 - Imagem mostrando solo e pedregulhos


Fonte: DREAMSTIME, 2012.
2 Solos
21

A desintegração da rocha-mãe pode ser de dois tipos:

2.1.2 Forma de decomposição

a) Mecânica ou física
Este processo se origina pelo movimento da água, pela ação das raízes das
árvores, pela temperatura, pelas geleiras e pelo vento.
Quando falamos que a água é um agente de decomposição, basta lembrarmos
que a correnteza de um rio com a sua força vai deslocando as rochas menores, as
quais, ao se chocarem umas nas outras, se quebram.

Figura 6 - Imagem exibindo erosão da rocha pela água


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

Você conhece o velho ditado: “água mole em pedra dura tanto bate até
que fura”?
Então, este é o processo. Não só a água, mas também as raízes das árvores
são agentes que provocam a quebra da rocha, principalmente quando nela existe
uma rachadura, por onde a raiz entra, encontra espaço e, ao crescer, parte a rocha.
A temperatura também tem este poder de transformação, causando rupturas
nas rochas. Quando a temperatura varia muito rápido, ou seja, cai muito e em
pouco tempo, aquece ao Sol, ocorrem os choques térmicos que são estas mudan-
ças rápidas da temperatura, acelerando as fissuras4 das rochas.
O gelo é um agente que também colabora para a desintegração da rocha à
medida que a água, que penetra nas fissuras das rochas, ao congelar com a baixa
temperatura, se expande e rompe a rocha. Outro exemplo são as próprias gelei-
Mecânica dos Solos
22

ras, que são massas de gelo que, ao se deslocarem, acabam quebrando as rochas
com o atrito da movimentação. Veja na Figura 7 a formação de uma geleira.

Figura 7 - Geleira transportando solo


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

Aqui no Brasil, uma região tropical, as geleiras não ocorrem. Na era Glacial, este
fenômeno ocorreu e contribuiu para a formação de alguns solos.

Em países de inverno rigoroso, o gelo formado nas fis-


VOCÊ suras de estruturas e/ou mesmo nas rochas gera proble-
SABIA? mas em estruturas e pavimentações e o técnico tem que
saber identificá-los para corrigi-los.

O vento é o agente que contribui para a desintegração da rocha, mas ele atua
mais em rochas de consistência mais frágil e o seu resultado são as partículas
menores, as areias, que possuem o formato mais arredondado que só é visível
através de microscópio.
Da decomposição da rocha, resultam 3 tipos diferentes de partículas, classifi-
cadas de acordo com o tamanho:
a) Pedregulhos e areias: são os solos constituídos de partículas grossas;
b) Siltes: são os solos que são constituídos de partículas de tamanhos interme-
diários;
c) Argila: são os solos com partículas finas, o menor grão.
2 Solos
23

Figura 8 - Rochas sendo degradadas pela água


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

b) Química
Este é o processo que acontece na estrutura mineral da rocha original. A água
é o mais importante agente modificador, permitindo a oxidação, hidratação e os
efeitos químico-biológicos.
A oxidação ocorre quando a rocha em contato com a água provoca uma rea-
ção com o oxigênio e, dessa reação, resulta uma cor avermelhada ou amarelada.
A hidrólise ocorre a partir de uma reação química gerando uma mudança na
estrutura do mineral.
Químico-biológicos ocorrem por reações provocadas por ataques de micro-
-organismos, como fungos, que alteram a estrutura do mineral.

Água

Ar

Rocha

Figura 9 - Desenho representando solo com rocha, ar e água


Fonte: SENAI, 2012.
Mecânica dos Solos
24

5 Intempéries: 2.1.3 Normalização


Todo fenômeno climático Para a definição de solo, temos que seguir as determinações da NBR 6502
muito acentuado, severo.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1995) que explica os termos
relacionados. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) determinou
várias normas sobre o solo. Nestas normas, temos os conceitos e informações
6 várzeas: para orientar os estudos.
É terreno plano à margem
de rios e córregos.

SAIBA É sempre bom estudar as normas para ficar ciente das pos-
sibilidades, obrigatoriedades, ensaios e conceitos que são
MAIS recomendados pela ABNT.

2.2 Classificação

A classificação do solo para a engenharia significa identificar os diversos tipos


de solo e enquadrá-los num grupo específico em relação às suas propriedades
geotécnicas. Tem a função também de decifrar seus prováveis comportamentos
quando submetidos a esforços de carga e saber quais as medidas necessárias
para a utilização deste solo na construção civil.

2.2.1 Classificação do solo quanto a sua origem

a) Solo residual:
Constitui-se do solo resultado da decomposição da rocha-mãe e que se encon-
tra no mesmo local de sua origem. Esse solo ocorre quando a rocha se degrada
radipamente e a ação dos agentes externos como intempéries5, chuvas e ventos
não fizeram nenhum transporte deste material.
b) Solo sedimentar ou transportado:
É o solo formado pelo resultado da decomposição da rocha-mãe, e que não
está no mesmo local de sua origem, pois foi transportado para outra área.
O solo transportado se divide em 4 grupos:
Transportados pela água:
a) Solos aluvionares: são os solos depositados, dependendo da velocidade das
correntezas;
b) Solos lacustres: são os solos resultantes do depósito no leito de lagos;
2 Solos
25

c) Solos marinhos: são os solos resultantes de depósitos no mar.


Transportados pelos ventos:
São os solos transportados pelo vento e este dá uma forma arredondada às
partículas pelo constante atrito.
Transportados pela gravidade:
São chamados solos coluvionares, que podem ser chamados de talus quando
são blocos de pedras na base da encosta, e de solo colúvio quando se dá o escor-
regamento de massa de solo da encosta.
Transportados pela ação de geleiras:
São os solos que foram transportados pelas ações das geleiras e são chamados
de drifts.

Solo Transportado Solo Residual

Figura 10 - Desenho representando solo transportado e solo residual


Fonte: SENAI, 2012.

2.2.2 O solo orgânico

O solo orgânico é caracterizado por um grande número de material prove-


niente da decomposição de vegetais e animais. Este tipo de solo é facilmente
identificado pelo seu odor e sua cor que são bem característicos. O solo orgânico
ocorre no Brasil principalmente nas faixas litorâneas e em regiões de várzeas6 de
rios e córregos.
Uma característica física deste material é que ele possui uma grande quan-
tidade de vazios entre as suas partículas, e isto o transforma num material que
apresenta uma grande deformidade quando exposto às cargas, gerando recal-
ques.
Existem ainda solos com grande quantidade de caules e folhas ainda em pro-
cesso de formação, são os chamados de turfas.
Mecânica dos Solos
26

2.2.3 Classificação por granulometria

Granulometria é a classificação de acordo com as medidas dos tamanhos das


partículas do solo. E elas podem ser classificadas, conforme determina a NBR 6502
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1995):

MATAÇÃO 200 < O < 1000mm

PEDRA DE MÃO 60 < Ø < 200mm

PEDREGULHO 200 < Ø < 60mm

GROSSA 20 < Ø < 60mm


G
MÉDIA 6,0 < Ø < 0,06mm R
O
S
FINA 20 < Ø < 2,0mm
S
O
AREIA 2,0 < Ø < 0,06mm

GROSSA 0,6 < Ø < 2,0mm

MÉDIA 0,2 < Ø < 0,6mm

FINA 0,06 < Ø < 0,2mm

SILTE 0,002 < Ø < 0,06mm F


I
N
ARGILA Ø < 0,002mm O

Quadro 1 - Quadro de granulometria


Fonte: SENAI, 2012.

Para se fazer a análise granulométrica do solo, existem dois processos, o de


peneiramento e o de sedimentação, como determina a norma NBR 7181 (ASSO-
CIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1984). Esta norma especifica quais os
procedimentos, considerações e equipamentos para a realização de uma análise
granulométrica.
Peneiramento é feito com uma amostra de solo onde o material é colocado
para secar em uma estufa e depois depositado num conjunto de peneiras de
malhas diferentes, através do qual se obtém uma distribuição do material. Este
ensaio é utilizado para pedregulhos e areias.
Sedimentação é feita em meio líquido onde o material fino, siltes e argilas, é
colocado no compartimento para ensaios e, a partir do tempo de sedimentação,
ou seja, da velocidade em que o material chega ao fundo do recipiente deter-
mina-se o diâmetro das partículas. Este experimento é baseado na LEI DE STOKES,
que analisa a relação do movimento de um corpo em baixa velocidade num meio
fluido.
2 Solos
27

2.3 Características físicas do solo

Outra forma de identificação do solo é através de suas características físicas,


e você agora vai saber como identificá-lo a partir da sua textura e compacidade.

2.3.1 Textura

A análise da textura é feita depois da análise granulométrica do solo e, assim,


chega-se a dois conceitos:
a) Solo grosso no qual você pode observar que mais de 50% do material é
visível a olho nu, ou seja, não será necessário o uso de equipamentos como
microscópios. É formado por areia e pedregulhos.
b) Solo fino no qual você vai observar que mais de 50% do material não será
visível a olho nu.
Com esta análise, podemos ainda distinguir três tipos de solo com relação a
sua distribuição dos grãos. Veja, na Figura 11, a distribuição dos grãos em uma
mostra de solo. Perceba que, no solo graduado, existe uma variação uniforme do
tamanho do grão; já no solo uniforme, não temos variação de tamanho; enquanto
que num solo de graduação aberta, observa-se que não temos continuidade dos
tamanhos.

Solo bem graduado

Solo de graduação uniforme

Solo de graduação aberta

Figura 11 - Ilustração da distribuição dos grãos em uma mostra de solo


Fonte: SENAI, 2012.
Mecânica dos Solos
28

7 Saturadas: 2.4 Lençóis freáticos


O que está cheio, que não Você já viu anteriormente que o solo é formado de partículas sólidas e de
pode conter mais nada.
espaços vazios que são preenchidos pela água e pelo ar. Esta água que compõe
o solo vem dos rios, das chuvas, da neve, que vai se infiltrando no solo, através
das rochas superficiais, formando, então, bolsões d’água e, consequentemente, o
8 Entornos: lençol freático.
Área adjacente, área em Como as rochas superficiais são mais porosas e permitem uma maior infiltra-
volta de um determinado
ponto. ção da água, em alguns casos, surge o afloramento do lençol. Este acontecimento
chama-se nascente de rio ou lago.
Por que o lençol freático não continua se infiltrando mais profundamente?
9 Cota: Porque as rochas abaixo do lençol freático são mais impermeáveis e satura-
Medida determinada em das7, fazendo com que a água fique acumulada, gerando assim os bolsões.
projeto, levando-se em
consideração um nível zero, Com certeza, você já ouviu falar no lençol freático, mas sempre associado ao
podendo ser cota negativa abastecimento de água, já que boa parte da água potável se encontra nestes
abaixo do zero e positiva
acima do zero. compartimentos alagados. No entanto, para a construção civil, o lençol freático é
parte integrante do solo e necessita de uma análise cuidadosa de implantação da
edificação, principalmente nos entornos8.
É comum, nas construções, encontrarmos a necessidade de rebaixar o lençol
principalmente quando a edificação possui pavimentos abaixo do nível da rua,
isto é, os subsolos, mas não só para fazer os subsolos, mas também as fundações,
pois a água dos lençóis exerce pressão nas estruturas dos edifícios.
A execução de outras obras de engenharia, como barragens, diques e escava-
ções, também dedicam atenção especial às águas subterrâneas.
O lençol freático é de fundamental importância já que são extraídas de suas
reservas as águas potáveis que servem para abastecer as comunidades. Fique
sabendo que a segunda maior reserva de água potável subterrânea do nosso Pla-
neta se encontra na América do Sul e unifica os países Brasil, Uruguai, Argentina
e Paraguai, estando no Brasil sua maior concentração, numa região conhecida
como Aquífero Guarani, nome em homenagem aos índios que ali viviam.
2 Solos
29

AQUÍFERO
GUARANI

Figura 12 - Ilustração delimitando o lençol freático Aquífero Guarani


Fonte: SENAI, 2012.

FIQUE Cuidado com os poços artesianos, eles devem ser feitos


por pessoas especializadas e devem ser autorizados pelos
ALERTA órgãos competentes.

Em algumas situações, o nível da água está acima da cota9 mais baixa da obra
que vai ser construída. Neste caso, o lençol freático causa uma série de problemas
para o projeto que vai desde a execução, por causar instabilidade no terreno para
fazer as escavações das estruturas, até os desmoronamentos de contenções de
terrenos.
Observe, na Figura 13, a necessidade de rebaixar o lençol freático para a cons-
trução do subsolo da edificação maior:

Lençol freático normal Lençol freático rebaixado


Figura 13 - Desenho representando lençol freático
Fonte: SENAI, 2012.
Mecânica dos Solos
30

10 Recalques: A construção civil busca solucionar este problema do rebaixamento através de


bombeamento mecânico, de onde se retira a água do terreno.
Recalque ou assentamento
é o processo onde a No entanto, quando se faz o rebaixamento do lençol freático, é necessário
construção sofre um rebaixo
por causa do ajuste às novas fazer o levantamento deste lençol em todo o entorno da obra e não somente
cargas sobre o terreno.
na área do terreno, uma vez que o lençol pode se estender muito mais do que
o limite do terreno, e o rebaixamento ocasionar vários problemas como recal-
ques10 em prédios vizinhos e danos à vegetação que utiliza a água do lençol, pois
11 Escoramentos: é comum jardins e bosques sofrerem e as árvores morrerem.

Sustentação ou proteção.

Quando se faz o rebaixamento do lençol freático, a


VOCÊ estrutura e características do solo se modificam e é in-
SABIA? teressante que as modificações sejam muito bem anali-
sadas antes da execução do projeto.

Um bom exemplo de obra que sofreu recalque é a Torre de Pisa na Itália, cons-
truída em 1174. Este recalque se deu por causa do adensamento do solo, que
antes era cheio de água nos espaços vazios, os quais desestabilizaram a edifica-
ção. Na cidade de Santos, alguns prédios também apresentam esta inclinação por
causa de recalques.

Figura 14 - Recalque no solo abaixo da Torre de Pisa


Fonte: DREAMSTIME, 2012.
2 Solos
31

2.4.1 Formas de rebaixamento de lençol freático

Você conhece alguma forma de rebaixamento de lençol freático?


Vamos ver três formas de rebaixamento para aprimorar o seu conhecimento:
a) Bombeamento diretamente da escavação
Como o nome já diz, a água é retirada de dentro da própria escavação por uma
bomba que puxa a água que aflora no fundo do buraco e é jogada para fora da
região da obra, através de valas ou dutos de drenagem. Deve-se ter o cuidado,
neste procedimento, de verificar o tipo de solo, pois quando o nível da água vai
baixando pode ocorrer desabamento das laterais da parede escavada e, para que
isto não ocorra, é necessário fazer os escoramentos11 destas paredes;
b) Sistemas de poços filtrantes
Este procedimento requer um maior estudo e mais equipamentos, uma vez
que será necessário cercar toda área da obra com tubos metálicos chamados de
rede coletora e que, desta rede, descem tubos penetrando o solo até a profun-
didade que se deseja rebaixar o lençol. Na extremidade desses tubos, ficam as
ponteiras que permitem à água ser aspirada enquanto filtram as partículas sólidas
maiores. Estes são os poços filtrantes e ligados à rede coletora. Na superfície fica
a bomba aspirante que retira a água e a elimina em local afastado, geralmente na
rede pluvial. Este procedimento facilita o rebaixamento pela grande quantidade
de poços filtrantes, tornando mais rápido o rebaixamento;
c) Bombas de profundidade
Neste processo, introduz-se um tubo metálico ou ponteira de 15 a 30cm de
diâmetro até a profundidade desejada e, dentro do tubo, coloca-se uma bomba
com eixo vertical que retira a água, jogando-a para a superfície.

FIQUE Use os equipamentos de proteção individual, pois eles são


necessários para sua saúde, e siga corretamente as deter-
ALERTA minações técnicas para a execução das escavações.

2.5 Investigação geotécnica

Todo projeto de engenharia necessita do estudo de geotécnica da área onde


vai ser construído. A investigação geotécnica tem como objetivo estudar o ter-
reno a partir de uma análise científica, na qual serão observados o tipo de solo
e a interação deste com a estrutura que ele o apoiará. Tudo isto no intuito de
Mecânica dos Solos
32

12 Negligenciado: descolar e de adotar medidas para eliminar possíveis recalques ou rupturas deste
terreno quando submetido a uma carga, atingindo, assim, a estabilidade do ter-
Mal cuidado, mal elaborado.
reno e com o menor custo.
Quando se faz a investigação, leva-se em consideração que o estudo do solo é
um recurso também associado aos custos e rapidez, uma vez que o estudo deter-
mina qual a melhor solução para a construção e a qualidade no projeto. Assim,
os engenheiros irão saber mais rapidamente qual a solução ideal para resolver o
problema e ou prever os problemas.
O tipo de obra com suas estruturas e a sua dimensão é que vai determinar a
quantidade de furos para sondagem, a disposição e a profundidade dos reconhe-
cimentos geológicos, e estas posições e números devem estar bem definidos em
plantas.

Figura 15 - Sondagem em campo


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2012.

2.5.1 Tipos de investigação do solo

Vamos ver os tipos de investigação do solo?


a) Observar as dimensões dos tipos de solos, a sequência em que eles ocorrem,
determinando a altura do nível do solo;
b) Identificar e classificar os tipos de solos a partir de amostras retiradas na
investigação;
c) Localizar o lençol freático, sua altura e extensão.
2 Solos
33

Na construção civil, a investigação deve ser muito cautelosa e não se resume


somente ao solo de onde será levantada a obra, mas também toda a área vizinha,
inclusive edificações e estruturas já existentes. Com isto, saberemos qual tipo de
método será adotado para execução da obra sem danificar as que já são existen-
tes, levando em conta os possíveis recalques que podem ocorrer. Hoje, algumas
obras são executadas sem estes devidos cuidados o que é um erro e muito
arriscado. Algumas empresas que se limitam à investigação dentro do limite do
terreno favorecem, assim, um maior risco para a segurança e estabilidade da obra.
Por que é tão necessária a investigação geotécnica?
A investigação do solo serve para diminuir os riscos e os custos do projeto, os
riscos e custos do projeto, e entenda por projeto desenhos, plantas e a obra a ser
executada. Ele já deve ser concebido com base num estudo detalhado do solo,
que não deve ser negligenciado12. A investigação é um compromisso de respon-
sabilidade muito séria com a sociedade.

CASOS E RELATOS

Vamos analisar este caso fictício: “O recalque do solo.”


Suponhamos que exista um terreno com área suficiente para um prédio de
25 andares e com 4 apartamentos por andar com uma área social bem equi-
pada com piscina, clube, academia, salão de festas, tudo que o mercado
imobiliário exige para oferecer um bom empreendimento. Uma determi-
nada construtora organiza a investigação do terreno, mas, ao invés de fazer
o procedimento mais preciso, resolve diminuir os cuidados, porque, nesta
mesma região, ela já tinha feito um estudo mais detalhado e aproveitou os
resultados como se o solo fosse o mesmo.
Com o resultado dessa investigação incompleta, a equipe de engenharia
começa o projeto baseada nas informações contidas no estudo e deter-
minam quais os tipos de fundações e quais as estruturas que devem ser
feitas para este edifício e, então, a obra é iniciada, finalizada e entregue sem
problemas.
Passado um bom tempo após a ocupação do edifício por suas 100 famílias,
num dia qualquer, os moradores começam a perceber algumas rachaduras
até que, em dado momento, o pior acontece: a estrutura do prédio entra
em colapso e se rompe, deixando dezenas de vítimas, tanto do edifício
quanto da vizinhança, que sofrem com os destroços do desabamento.
Mecânica dos Solos
34

Depois de todo o ocorrido, as vítimas começam as investigações e desco-


brem que o problema foi ocasionado porque o solo não tinha condições de
receber aquela fundação e que deveria ter sido feita outra estrutura, mais
apropriada para receber a carga. Na verdade, houve um recalque da estru-
tura.
Esta estória é para você ter noção do quanto é necessário dar a devida
importância ao processo de investigação geotécnica para não colocar em
risco vidas, assumindo sua responsabilidade com a sociedade.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu sobre os tipos de solos, teve uma breve
noção do conceito de Mecânica dos Solos, aprofundou os conhecimentos
sobre classificação do solo para a engenharia e identificou os diversos tipos
de solo e seu enquadramento em grupos específicos em relação às suas
propriedades geotécnicas. Você pôde, ainda, decifrar os comportamentos
do solo quando submetidos a esforços de carga sobre sua formação, além
da sua composição em partículas, ar, água e sua forma de decomposição,
mecânica ou química.
Você conheceu também a classificação dos solos quanto a sua origem, resi-
dual ou transportada, além do que se entende por solo orgânico quanto as
suas características de deformabilidade, quanto a sua granulometria e seus
processos de análise. Conheceu, ainda, as características do solo de acordo
com a sua textura, se é bem graduado, se bem uniforme ou de graduação
aberta,tendo, assim, a possibilidade de reconhecer um tipo de solo.
Além disso, aprendeu mais sobre lençóis freáticos, suas características e
interferências nas obras com suas problemáticas e soluções; sobre a neces-
sidade de fazer um rebaixamento e suas complicações para o entorno; e
sobre a investigação geotécnica dos solos, sua necessidade de uma análise
bem feita e a responsabilidade do profissional.
2 Solos
35

Anotações:
Sondagem

Sondagem? Exatamente! Você vai conhecer o serviço de sondagem na construção civil.


Você sabia que é um serviço muito importante e que ajuda bastante ao engenheiro nos
cálculos das estruturas e nas fundações?
A sondagem é o procedimento realizado para analisar e conhecer o tipo de solo. E inicia-se
com a perfuração do solo, seguida da coleta de amostras e, em seguida, é feito o estudo crite-
rioso desse material extraído da área onde a obra será edificada. A quantidade de amostragem
vai depender do volume do projeto, da área e do tipo de solo. Como temos algumas formas
de fazer a sondagem no solo, a escolha do tipo de sondagem ocorrerá de forma a atender à
empresa que solicita o estudo, obtendo informações necessárias para a execução do projeto.
De maneira geral é feito um furo no solo, no qual é introduzido um tubo. Cada amostra retirada
do solo vai sendo registrada e levada para um laboratório de análises. Em seguida, faz-se um
relatório informando o tipo de solo, a granulometria e profundidade do solo resistente.
Algumas sondagens são feitas sem precisar retirar material de amostragem, mas que for-
nece, através de leituras eletromagnéticas ou elétricas, um perfil mapeado do solo.

Que o serviço de sondagem do solo pode determinar o


tipo de projeto a ser seguido pela equipe de engenhei-
VOCÊ ros? As informações obtidas na sondagem ajudam a
SABIA? definir os cálculos estruturais, indicando o tipo de fun-
dação que mais se adequa para distribuir as cargas da
edificação e ainda reduzir os custos da obra.
MECÂNICA DOS SOLOS
38

Figura 16 - Equipe de operários executando o serviço de sondagem


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2011.

O mais importante é que a sondagem nunca deve ser considerada como uma
etapa sem importância em uma obra. Ela é muito importante, pois um serviço
de sondagem bem realizado vai dizer aos engenheiros que tipo de fundação vai
se adequar ao edifício, além do fato de que a identificação do solo é feita para
conhecer as suas propriedades, evitando problemas futuros como o de recalques.
Todo serviço de sondagem é orientado pelas normas da ABNT, a qual determina a
quantidade de furos mínimos necessários por metro quadrado e o espaçamento
dos furos no local da construção.

CASOS E RELATOS

“Os problemas de sondagens de solo”


Um engenheiro, ao receber a encomenda de um projeto de um edifício,
solicitou a uma empresa de sondagem que fizesse o levantamento do solo
para identificação do solo e de suas profundidades.
A empresa contratada, então, começa o serviço e vai verificando que as
coletas das amostras eram as mesmas e, no terceiro e último furo, a son-
dagem não foi realizada corretamente, sendo parada antes de atingir a
profundidade necessária para atingir o solo resistente.
Assim, o engenheiro recebe os dados da empresa de sondagem e começa
a fazer o projeto, determinando as fundações e o seu dimensionamento a
partir dos dados coletados.
3 SONDAGEM
39

Tudo certo. O projeto foi concluído e começa o serviço de fundação. Logo


percebe que, em determinada parte do solo, a resistência não está de
acordo com o que deveria para aquela fundação. Então, o engenheiro sus-
pende a obra até verificar o que aconteceu.
Descobre-se, então, que a sondagem foi inadequada e, por conta disso,
todo o projeto de fundação teve que ser refeito, criando não somente
atraso na obra, como também, um maior custo para o empreendimento.
É importante observar que a sondagem é usada para informar o que está
no subsolo para segurança da obra e para evitar acidentes com consequ-
ências trágicas.

3.1 Processos de execução de sondagem

Divide-se em dois tipos:

3.1.1 Por amostras deformadas ou simples reconhecimento

A sondagem começa com a realização do furo no solo, com um equipamento


chamado de trado-cavadeira como na Figura 17. Em seguida, a sondagem é feita
introduzindo um tubo de 2” com a ajuda de um peso de 65 kg, a uma distância de
75 cm semelhante ao processo de um bate-estaca, no qual o tubo vai descendo e
coletando, no interior, amostras do solo. Essa amostra vai sendo deformada pelos
golpes e pela vibração. Neste procedimento, mede-se também a resistência do
solo, registrando a quantidade de golpes em relação à profundidade de 1,00m.
Este procedimento é conhecido também por sondagem STP, que é a sigla de
Standart Penetration Test.
MECÂNICA DOS SOLOS
40

1 afloramento:

Surgimento da água na
superfície.

Figura 17 - Exemplo de uma escavação começando com trado-cavadeira


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2012.

3.1.2 Trado

Consiste no processo de coleta de amostra de solo, fazendo um furo com o


equipamento chamado trado. O furo começa com o trado-escavadeira manual
que desagrega o solo e, ao encontrar um solo resistente, muda o equipamento
para o trado helicoidal, que é acionado por uma máquina perfuratriz.

Figura 18 - Operário retirando amostra do solo que ficou presa à hélice do trado
Fonte: SENAI, 2012.
3 SONDAGEM
41

A cada metro de escavação, faz-se o armazenamento do material em caixotes


com separações como pode ser visto na Figura 19 e, quando no mesmo metro
escavado possuir diferença de solo, é interessante armazenar em outro compar-
timento, separando o solo e anotando a profundidade da alteração do solo. A
escavação é interrompida assim que alcança o lençol freático, anotando essa pro-
fundidade. Neste procedimento, não se registra a resistência do solo.
Suspende-se a escavação e se verifica o afloramento1 da água.

Figura 19 - Amostras do solo armazenadas e identificadas por metro de escavação


Fonte: SENAI, 2012.

Toda vez que utilizar os equipamentos numa escavação,


FIQUE eles devem ser lavados para retirar qualquer impureza
ALERTA do solo escavado, pois a análise do material não pode ser
misturada.

3.1.3 Poço exploratório

São as sondagens feitas a partir de poços escavados por operários com equipa-
mentos manuais como pás, picaretas e escavadores. Estes poços têm o diâmetro
de, no mínimo, de 0,60m, espaço suficiente para o trabalho do operário. Com este
processo, pode-se ter uma visualização do perfil do solo e observar a sua resis-
tência no próprio local, no entanto a sua profundidade vai ser determinada pelo
lençol freático não o ultrapassando devido à presença da água, que desestabiliza
a parede de escavação.
MECÂNICA DOS SOLOS
42

Figura 20 - Escavação exploratória de um solo para identificar as propriedades


Fonte: SENAI, 2012.

3.1.4 Trincheira

É o procedimento de sondagem feito com máquina, geralmente uma esca-


vadeira, obtendo, assim, como nos poços exploratórios, uma visualização das
camadas do solo e de sua resistência com a vantagem de ser uma análise mais
contínua e não pontual como nos poços. Outra vantagem é a possibilidade de
obter amostras deformadas do material e indeformadas para análise em labora-
tório.

Figura 21 - Escavação de sondagem tipo trincheira


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2012.
3 SONDAGEM
43

Que a sondagem com trincheiras é feita para grandes


VOCÊ áreas, mas que a sua utilização é muito pouco aprovei-
SABIA? tada para a construção civil porque sua análise é super-
ficial?

3.2 Programação de sondagens

Programação de sondagem é o que determina a quantidade de furos para


coleta de material e análise do solo, a fim de determinar o tipo de fundação de
um prédio ou de solução para estabilizar o solo.
Para cada tipo de edificação ou empreendimento, há um número mínimo
específico para uma correta análise do perfil do solo e das camadas resistentes, as
quais são determinadas pela norma da ABNT.
O procedimento escolhido para fazer a sondagem depende do vulto da obra e
do tipo de solo, mas, de uma forma geral, as empresas optam pelo procedimento
que une praticidade, custo e, acima de tudo, que consiga atender às exigências
para obter um resultado fiel do solo.
A quantidade de furos para sondagem segue o que diz a norma:
a) Para uma área de 1200m², faz um furo para cada 200m²;
b) Para uma área de 1200m² a 2400m², faz-se um furo a cada 400m²;
c) Acima de 2400m², a quantidade de furos depende também do que a cons-
trução vai necessitar.
Sendo sempre dois furos para a projeção da planta do edifício até 200m², e três
furos caso seja acima de 200m² até 400m².
E quando não houver a planta, devem ser feitos os furos sempre com uma
distância de 100m entre eles.

3.3 Levantamento geofísico

O levantamento geofísico é todo levantamento de informações sobre o solo.


Conseguindo obter as características físicas, as propriedades, a origem e a forma-
ção desse solo. Pode ser realizado de três maneiras que você verá agora.
MECÂNICA DOS SOLOS
44

2 eletrodo: 3.3.1 Elétrico


Haste metálica que recebe O levantamento geofísico elétrico é um mapeamento do perfil do solo, abran-
carga elétrica.
gendo uma área maior de pesquisa, não ficando somente restrito aos furos de
sondagem. É feito introduzindo sempre duas hastes no solo, servindo de eletrodo2
que, ao receber uma corrente elétrica, emite sinais elétricos, transmitindo-os a um
equipamento leitor que traduz esses impulsos elétricos. Este processo é chamado
também por eletrorresistividade. A distância entre as hastes ou eletrodos varia de
acordo com a necessidade do projeto a ser implantado na área.

Figura 22 - Operário fazendo levantamento geofísico elétrico


Fonte: SENAI, 2012.

3.3.2 Radiométrico

Este levantamento radiométrico é para fazer o perfil do solo através da medi-


ção de radiação emitida por elementos como urânio, toro e potássio que são
radioativos. A leitura é feita por equipamentos que transformam os resultados
em um mapa, determinando um perfil geofísico.

O serviço de sondagem radiométrico, apesar de ser feito


FIQUE através de medições radiotivas, não apresenta risco para
ALERTA quem manuseia o equipamento, pois este não usa radia-
ção que ofereça perigo ao operário.
3 SONDAGEM
45

3.3.3 Radar de penetração

É o procedimento semelhante ao radiométrico, só que é feito através de pro-


pagação de ondas de rádio eletromagnéticas que são emitidas para o solo na
faixa de 10MHz até 1GHz. Estas ondas penetram o solo, atingindo as diferentes
camadas do perfil. As mudanças das características do solo são interpretadas
quando as ondas retornam para superfície e são captadas pela antena receptora
que, conectada a um aparelho, consegue codificar as ondas, transformando-as
em uma imagem. Todo o processo consiste em fazer um mapeamento do solo a
partir de uma leitura feita por ondas eletromagnéticas.

3.4 Perfil geotécnico

Como o próprio nome já sugere, o perfil geotécnico é a identificação das


camadas do solo. Ele não somente determina que existe uma camada diferente
da outra, mas também as características físicas do solo.
Este perfil é importante porque ele faz uma leitura mais precisa do solo, assim
os engenheiros podem determinar qual o tipo de fundação que ele pode supor-
tar e o tipo de estrutura que deve ser feita para a segurança da edificação.
A sondagem é o procedimento responsável pela elaboração do perfil deste
solo. Jamais deve ser começada uma obra ou até mesmo um projeto sem saber o
tipo de solo que está embaixo e que tipos de cargas este solo suportará para que
não tenha recalques.
Com os processos de sondagem mais conhecidos, percussão e poços explo-
ratórios, o engenheiro faz um mapeamento do solo, mostrando as camadas que
podem receber as estruturas (fundações, pilares e vigas), prevendo os comporta-
mentos do solo e evitando, assim, os recalques.
A sondagem é um investimento necessário para o correto andamento do pro-
jeto. Mesmo tendo um custo alto, é mais uma garantia de evitar problemas como
recalques, rachaduras nas estruturas, evitando o colapso da edificação.
O perfil geotécnico de um solo é, então, um mapeamento da área de um pro-
jeto de engenharia, que contém informações técnicas e características físicas
daquele solo, as quais são importantes para o início dos cálculos de engenharia,
tanto para fundações quanto estruturas.
MECÂNICA DOS SOLOS
46

Figura 23 - Processo inicial de perfuração para sondagem


Fonte: SENAI, 2012.

3.5 Normas técnicas

As normas técnicas que orientam os trabalhos de sondagens são:


NBR 8036 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1983) que tem
como objetivo determinar a programação de sondagens, informando a quanti-
dade e a distribuição dos furos para a realização da sondagem.
NBR 9604 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1986b) , que
determina como deve ser o procedimento para sondagem através de poços e
trincheiras.
NBR 9603 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1986a), a qual
discorre sobre escavações de trado e coletas de amostras de solo.
NBR 6484 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001), que des-
creve os procedimentos de sondagem de simples reconhecimento, determinação
dos tipos de solos e suas profundidades, o nível do lençol d’água e os índices de
resistência à penetração.
NBR 9820 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1997), a qual
estabelece o procedimento para coletar, transportar e acondicionar amostras de
solo indeformadas.
3 SONDAGEM
47

Leia as normas regulamentadoras sobre o serviço de sonda-


SAIBA gem. Pela internet, você consegue ter acesso a esse material.
MAIS O estudo da norma é importante para você se familiarizar
com regras e como proceder no canteiro de obra.

3.6 Aspectos relativos à segurança, saúde, meio ambiente e


qualidade

Como todo serviço, inclusive da área de construção civil, temos que ter o cui-
dado necessário com relação à saúde dos operários. Devemos lembrar que o
serviço de sondagem geralmente é a primeira frente de trabalho a comparecer
na área e os cuidados devem ser redobrados, inclusive com relação a animais
peçonhentos como cobras e aranhas. E como a sondagem necessita de alguns
equipamentos como tripé, bombas e geradores, os operários devem ser bem
orientados com relação ao manuseio correto e quanto às medidas de segurança
no campo.

Figura 24 - Equipamentos individuais de segurança


Fonte: SENAI, 2012.

Geralmente, os serviços de sondagens não envolvem um grande número de


operários, tendo uma média de três operários: um técnico mais especializado para
supervisionar e coletar os dados para a análise, e dois outros operários realizando
serviços auxiliares. Não é comum a presença de uma equipe ou de um técnico
de segurança no momento dos trabalhos. Neste caso, as orientações devem ser
passadas antes do início dos trabalhos para garantir a segurança dos operários.
MECÂNICA DOS SOLOS
48

Quanto ao meio ambiente, em qualquer serviço, deve-se ter uma maior aten-
ção. Mas, de uma forma geral, a sondagem não causa quase nenhum impacto ao
meio ambiente, pois a área de execução é bem restrita, exceto quando a sonda-
gem é feita através de poços exploratórios e trincheiras. E neste caso, devemos
lembrar que, em qualquer escavação, devemos ter cuidado com relação ao local
onde será depositado o material removido do solo. Isto porque, a princípio, não
sabemos qual o impacto que pode ocasionar ao meio ambiente.
Observe que você conheceu a mecânica dos solos. Ficou claro que o cuidado
com relação à sua saúde e à segurança foi abordado em quase todos os capítulos?
Isso mesmo! Você percebeu o quanto isto é importante?
Então, fique atento e leve a sério a sua saúde e a sua segurança no canteiro de
obra.

RECAPITULANDO

Neste último capítulo, você conheceu mais sobre a sondagem e a sua


importância no processo de execução de um projeto para diminuir os cus-
tos e indicar os tipos de fundações e estruturas para o empreendimento.
Viu os tipos de sondagem mais utilizados aqui no Brasil pelos engenheiros
e empresas, seguindo a necessidade da obra e a sua viabilidade. Além de
ter visto alguns equipamentos que são usados nos serviços de sondagem.
Você ficou sabendo que o processo de sondagem é o primeiro a ser execu-
tado e que acontece antes mesmo de qualquer serviço a ser realizado no
local da obra.
Estudou também que os cuidados com a segurança e a saúde devem ser
tão importantes quanto qualquer serviço realizado em canteiros de obra,
preocupando-se sempre com a saúde ocupacional dos operários.
Agora que você já viu todos os assuntos desta unidade curricular, você já
tem condições de fazer acompanhamentos de análises de solos, serviços
de terraplenagem e serviços de fundações e de sondagens de solos.
3 SONDAGEM
49

Anotações:
Terraplenagem

Figura 25 - Terreno com máquinas fazendo terraplenagem


Fonte: SENAI, 2012.

O que você entende por terraplenagem? Com certeza, você já ouviu falar e muito nessa
palavra, mas agora vai aprender mais profundamente sobre o assunto. E é fácil, pois terraple-
nagem é todo procedimento no qual há movimentação de solo, através de carga e descarga
e compactação do solo, seja para fazer um aterro, nivelar um terreno, eliminar ondulações do
terreno ou escavações de uma área ou seja para atingir a cota determinada no projeto. E toda
terraplenagem envolve o manuseio de máquinas pesadas como pá carregadeira, retroescava-
deira e compactadoras.
MECÂNICA DOS SOLOS
52

1 Partido: 4.1 Serviços preliminares


É o conceito que damos ao O serviço preliminar em terraplenagem se refere aos trabalhos iniciais de
formato estético do projeto.
execução de movimentação de terra, conforme a necessidade do projeto de
engenharia.
Antes de tudo, a terraplenagem de um determinado terreno vai começar
2 Escoramento:
depois de uma análise bem detalhada do projeto, a fim de minimizar os custos da
Apoiar, sustentar alguma obra. Agilizando o tempo de serviço, definir quais serão os serviços, equipamen-
coisa ou volume.
tos, e assim como a contratação da equipe ou empresa executante dos serviços
de terraplenagem. Todo esse estudo deve ser uma análise feita em conjunto pelas
várias equipes contratadas.
Sabe quais pontos devem ser analisados? Vamos conhecê-los:
a) Partido1 do projeto a ser executado: Cada projeto terá o seu partido
diferenciado e este também vai influenciar nos tipos de fundações e de
formas para se estabilizar o terreno;
b) Cotas mais baixas do projeto: uma edificação pode ser construída acima
do solo e só as fundações ficarão dentro do solo, pode ser uma edificação
onde tenha algum pavimento abaixo da superfície, o qual denominamos
de subsolos, estes, hoje em dia, são muito comuns devido à necessidade
de espaço para garagens;
c) Sondagens do terreno para se determinar a constituição deste solo, veri-
ficando-se as camadas de solo, os tipos de solos, a existência de rochas
grande ou matacões, o nível de lençol freático, o nível dos terrenos vizi-
nhos;
d) A verificação do solo do entorno e suas edificações para, no momento
de movimentação de terra com cortes e aterros, não interferir na esta-
bilidade das edificações, movimentação, locais de armazenagem do
material escavado para também não interferir em outros serviços que
podem ocorrer simultaneamente ao de movimentação de solo, tais
como: escavações de fundações e rebaixamento de lençol freático;
e) Determinação dos tipos de equipamentos e máquinas para a execução
dos serviços de terraplenagem, tanto para escavação, aterro e carrega-
mento do material, além da determinação de como iniciar o processo
de escavação, como viabilizar os acessos através de caminhos e rampas
para as máquinas pesadas;
f) O escoramento2 do terreno através de placas metálicas e ou execuções
de taludes, seguindo as determinações técnicas pelo tipo de solo e pela
carga desse solo;
4 TERRAPLANAGEM
53

g) Estudo do projeto de canteiro de obra para melhorar a eficiência dos


serviços de terraplenagem, que vai determinar os acessos para os equi-
pamentos de terraplenagem.

Em áreas urbanas, os caminhões carregados de pedras e


FIQUE areia terão que circular por ruas e avenidas em horário de
trânsito, e todo cuidado com as manobras e o respeito às
ALERTA leis de trânsito são de máxima necessidade para seguran-
ça de todos.

Figura 26 - Pá carregadeira executando serviço de limpeza


Fonte: SENAI, 2012.

É bom lembrar que, nas áreas urbanas, onde a maioria das edificações é execu-
tada, os espaços são bem restritos e estes procedimentos citados anteriormente
são de vital importância para um bom andamento da obra.
Nestes casos, você deve ficar atento a situações que parecem sem impor-
tância, mas são fundamentais como saída e entrada de caminhões, tráfego de
máquinas pelas vias de circulação, ou seja, ruas e avenidas, os horários de trânsito,
principalmente quando há necessidade de empréstimo de material para aterro e
ou expurgo de material escavado que não será utilizado na obra.
Você viu até aqui o estudo preliminar da obra para determinar os procedimen-
tos a serem executados. Agora você realmente vai conhecer os procedimentos
iniciais para os serviços de terraplenagem que são:
a) O desmatamento: é a retirada da vegetação de grande porte, usando
equipamentos como a motosserra, e máquinas pesadas como pá-car-
regadeira. O desmatamento deve ser feito com o cuidado para não
precisar retirar árvores que não interferem na obra e nem no projeto.
Hoje em dia, os estudos ambientais são mais criteriosos para propiciar
um melhor conforto ambiental para os usuários;
MECÂNICA DOS SOLOS
54

Figura 27 - Máquina retirando árvores


Fonte: SENAI, 2012.

b) O destocamento é o procedimento geralmente realizado quando a


motosserra corta o tronco da árvore, mas o resto do tronco, próximo ao
chão, ainda fica e é retirado com máquinas pesadas. No terraplenagem,
é necessário deixar o terreno livre de qualquer tipo de resíduo vegetal.
As raízes, por tornarem-se matéria orgânica ao apodrecerem, deixam
espaços vazios no solo que podem originar problemas de pequenos
recalques, os quais devem ser evitados;

Figura 28 - Máquina retirando tocos e raízes


Fonte: SENAI, 2012.

c) Limpeza e retirada de toda a vegetação rasteira, neste processo, retiram-


-se os entulhos e pedregulhos, além da vegetação rasteira. É considerada
vegetação rasteira aquela composta por arbustos de pequeno porte,
4 TERRAPLANAGEM
55

como matos e gramíneas. Esta vegetação geralmente se retira para


facilitar os serviços tanto de terraplenagem como de medições e esta-
queamento para verificação de níveis e cotas;

Figura 29 - Máquina passando lâmina


Fonte: SENAI, 2012.

d) Remoção da camada vegetal a camada retirada, nesse procedimento,


é a que ainda pode ter a reincidência da vegetação, e ela geralmente é
desprezada em aterros. A retirada desta camada que, normalmente, tem
a espessura de uns 20cm é importante porque, como é rica em matéria
orgânica, não tem finalidade para a construção.

Figura 30 - Máquina passando a lâmina


Fonte: SENAI, 2012.
MECÂNICA DOS SOLOS
56

Qualquer área a ser desmatada, mesmo que para algum


FIQUE projeto de estrada ou mesmo urbano, deve ter a autori-
ALERTA zação dos órgãos responsáveis pelo controle ambiental e
devem ser seguidas as recomendações legais.

Nas construções de edifícios, os serviços de terraplenagem são mais simples,


consistindo em movimentação de solo para fazer um corte no terreno, geral-
mente para os subsolos e garagens. O mais corriqueiro em obras de edifícios é
ter, simultaneamente, a escavação e o aterro do solo para chegar ao nivelamento.
Em outros casos, a própria máquina que executa o corte do terreno faz também
a compactação do solo movimentado, já fazendo o aterro da área. Quando a área
aterrada é pequena, pode-se utilizar de ferramentas artesanais como os “sapos”
que são feitos na própria obra ou os “sapos mecânicos” que são um equipamento
individual.
Veja o exemplo de um corte feito em terreno, na figura 23, o qual dispõe de
serviços possíveis em apenas um projeto.
Veremos alguns tipos de movimentação de solo em terrenos urbanos ou em
áreas de edificação:
Corte: quando só há retirada de parte do solo pra atingir a cota e terraplenar
o terreno, deixando-o o mais nivelado possível. Este procedimento é executado
por máquinas pesadas.

Corte de terreno

Figura 31 - Desenho com exemplo de corte


Fonte: SENAI, 2012.

Aterro: quando há movimentação de solo, colocando material com máquina e


nivelando para atingir a cota necessária.
4 TERRAPLANAGEM
57

Aterro de terreno

Figura 32 - Desenho com exemplo de aterro


Fonte: SENAI, 2012.

Mista: quando se tem movimentação de solo, tanto para o corte quanto para
o aterro e, assim, atinge o nível determinado pelo projeto. Este é muito comum.

Terraplanagem mista

Corte
Aterro

Figura 33 - Desenho com corte e aterro simultaneamente


Fonte: SENAI, 2012.

Nestes casos de movimentação de terra, o próprio material do corte já é utili-


zado no aterro, sem haver a necessidade de material de empréstimo.
MECÂNICA DOS SOLOS
58

CASOS E RELATOS

“A terraplenagem e a drenagem”
Todo serviço de construção civil tem sempre um fato interessante.
Vamos ver este que aconteceu em uma empresa que foi contratada para
o serviço de terraplenagem em uma área fora dos limites urbanos, na qual
seria implantado um conjunto habitacional popular. O projeto, como de
costume, foi solicitado pela administração pública, assim, ele foi elaborado
atendendo às exigências da lei e a partir de então começou a terraplena-
gem. No entanto, uma etapa do projeto foi esquecida, a sondagem da área,
mas assim mesmo, os serviços foram começados.
Nesta área, havia uma depressão no terreno que, em períodos de chuva,
a água depositava, mas o projeto determinava que essa depressão dei-
xasse de existir, ficando com uma cota mais elevada e, portanto, foi feita
a terraplenagem. Mas depois de todo o serviço feito e iniciada a fase de
macrodrenagem, começou o período de chuvas, e os engenheiros desco-
briram que a macrodrenagem não estava resolvendo o escoamento das
águas pluviais, pois com a retirada da inclinação natural do terreno, as
águas ficaram retidas em outros locais, ocasionando sérios problemas de
erosão.
Na verdade, o que aconteceu foi falta de um estudo mais detalhado da
macrorregião, não devemos apenas nos deter a uma investigação do limite
da área, mas sim do entorno. E outro detalhe: a inclinação natural do ter-
reno em muitos casos deve ser respeitada para evitar os problemas de
drenagem e custo muito elevado com movimentação de terra para deixar
apenas uma plataforma uniforme. O projeto de terraplenagem precisa ser
muito bem feito e acompanhado para ter um resultado satisfatório.

4.2 Escavações em solos não rochosos

O serviço de escavação de solos é um processo da terraplenagem. Em alguns


casos, quando vemos uma máquina escavando o solo, ficamos sem saber se ali é
somente escavação do solo ou se já é um serviço de terraplenagem por estar tra-
balhando com o mesmo tipo de material, o solo. No entanto, a escavação difere
por ser apenas o serviço de extração do solo para se atingir uma determinada
cota e que tem como serviços complementares o transporte desse material. Às
4 TERRAPLANAGEM
59

vezes, a confusão é feita devido ao uso do mesmo equipamento, tanto para a


escavação, quanto para a terraplenagem.

4.2.1 Tipos de escavações em solos não rochosos

Figura 34 - Máquina trabalhando com escavação


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

a) Escavações de grandes volumes em áreas limitadas


São escavações geralmente feitas para as obras de edificações, as quais neces-
sitam da retirada do solo para atingir uma cota inferior, a fim de abrigar subsolos
de garagens, podendo chegar a 10m de profundidade. Consiste, no emprego de
equipamentos dentro da própria área escavada na obra, e o material escavado
será transportado por caminhões que terão acesso por meios de rampas;
b) Escavações de grandes volumes em grandes áreas
Esse tipo de escavação é muito usado em terraplenagem quando temos uma
grande extensão de área. Para esta terraplenagem com escavação do solo, é
necessária a construção de rampas suaves, que têm pouca inclinação, facilitando
o acesso de caminhões, transportando o material escavado que será desprezado
em outra área;
c) Escavações de solos não consolidados
Este tipo de escavação é para solos que ficam à margem de rios, lagos, canais
e margens marítimas, geralmente solos com grande quantidade de água em sua
constituição. Observamos que, neste tipo de escavação, o equipamento fica do
lado de fora da área escavada;
d) Escavações verticais em áreas limitadas
MECÂNICA DOS SOLOS
60

Este tipo de escavação é feita em solo com presença de água e não coesivo, ou
seja, em leitos, e é denominado vertical por causa da sua configuração de esca-
vação onde há a necessidade de contenção das paredes; e o equipamento assim
como em solos não consolidados, também fica fora da escavação;
e) Escavações para abertura de valas
São as escavações usadas para abrir valas, que se caracterizam por apresentar
uma grande dimensão de comprimento e largura e altura pequenas. Geralmente
servem para trabalhos de drenagem e esgotamento com tubulações. Em alguns
casos, há a necessidade de contenção das paredes laterais;
f) Escavações para abertura de túneis
Quando há necessidade de vencer e ultrapassar uma barreira, para a união de
dois pontos;
g) Escavações por dragagem
É, na verdade, a escavação que é realizada no fundo de um leito onde se faz a
retirada do material através de sucção por dragas. As dragas são equipamentos
formados por bombas de sucção que puxam o solo do leito do mar ou do rio. Este
solo tem uma consistência pastosa, semelhante à lama.

Figura 35 - Draga executando escavação


Fonte: SENAI, 2012.
4 TERRAPLANAGEM
61

O solo, quando em seu estado original, apresenta-se


mais coeso, unido, onde suas partículas estão mais
VOCÊ agregadas umas as outras e, quando ele é removido,
SABIA? escavado, ele apresenta um aumento de volume devido
ao processo de movimentação, que é chamado de em-
polação.

4.3 Escavações de rochas

O primeiro passo para a escavação em rochas é a limpeza do terreno, retirando


a camada de terra que as cobre para, em seguida, realizar-se a remoção de rochas
menores soltas da rocha-mãe. Para os casos de rochas fissuradas, utiliza-se um
equipamento pesado para fazer o desmonte e, quando alcança a rocha maior,
conforme a necessidade do projeto, utilizam-se explosivos para quebrá-la.
A execução do desmonte de rocha é formada por quatro procedimentos:
a) Perfuração
Consiste no processo de sucessivos furos na rocha que podem ser feitos manu-
almente com equipamentos menores ou mecanicamente com equipamentos
mais pesados como as perfuratrizes. Estes furos, a depender da necessidade do
projeto e ou do tipo de rocha a ser desmontada, apresentarão diferentes tama-
nhos, tanto no diâmetro como na altura, e também serão diferenciados quanto à
disposição destes furos, da quantidade e da distância entre eles.
Para rochas menores, geralmente é usada uma perfuratriz menor, que pode
ser manuseada pelo próprio operário. Já em situações de rocha com uma área
grande, a utilização de um equipamento robusto é mais indicada pela facilidade
em executar o serviço em menor tempo;
MECÂNICA DOS SOLOS
62

3 Detonações:

Acionar, iniciar uma


explosão.

Figura 36 - Perfuratriz
Fonte: SENAI, 2012.

b) Carga
A carga é a instalação de material explosivo dentro dos furos feitos na rocha,
os quais são detonados, liberando uma força na explosão que rompe a rocha,
fragmentando-a em menores tamanhos, realizando aos poucos a sua escavação.
Por se tratar de um trabalho arriscado, o uso do explosivo exige uma série de
cuidados que devem ser observados: manuseio do explosivo, armazenagem, ins-
talação e, na hora da explosão, além da atenção dobrada no canteiro de obras
quanto à segurança dos operários, é necessário ter cuidado com o entorno, a
exemplo das edificações.
Em áreas urbanas, o uso de explosivo é muito limitado, exatamente pelo risco
oferecido às edificações vizinhas, tanto pelos resíduos, quanto pelos abalos pro-
vocados pela onda de choque da explosão;
4 TERRAPLANAGEM
63

Figura 37 - Explosivo usado nas escavações de rochas


Fonte: SENAI, 2012.

O trabalho com explosivo é bastante perigoso e só deve


SAIBA ser feito por profissionais preparados e capacitados para
MAIS executá-los, visando sempre ã segurança de todos que estão
no canteiro de obras.

c) Detonação
É o procedimento para acionar o explosivo que foi colocado nos furos feitos
na rocha através de dispositivos que são chamados de acessórios. Os dispositivos
mais usados na construção civil são as espoletas comuns e elétricas, cordel
detonante e acendedores. Hoje, alguns detonadores possibilitam fazer várias
detonações3 em intervalos programados, conforme a necessidade da obra;
MECÂNICA DOS SOLOS
64

Figura 38 - Explosão de rochas


Fonte: SENAI, 2012.

d) Remoção de rochas
Depois da explosão das cargas, a rocha é quebrada em vários pedaços de
tamanhos diversificados. Faz-se necessária, assim, a remoção dessas rochas para
limpeza do canteiro e liberação da área para recomeçar o processo de perfurar a
rocha, colocar a carga e detonar os explosivos, em um processo contínuo.

Figura 39 - Remoção de rochas


Fonte: SENAI, 2012.

4.4 Equipamentos utilizados nas escavações de solos não


rochosos

a) Escavadeira de colher:
4 TERRAPLANAGEM
65

É a máquina que pode ser montada, tanto sobre esteiras, quanto sobre pneus.
Em esteiras, há algumas vantagens, pois estas máquinas são mais estáveis na
hora do serviço, sem apresentar sobrecarga no solo, além da facilidade em vencer
rampas. Porém, quando montadas sobre pneus, apesar de maior velocidade, eles
perdem a estabilidade quando o equipamento faz o giro da pá para escavar e
ao carregar o caminhão com o material escavado. Com essa máquina, a concha
executa o trabalho de baixo para cima, facilitando o corte vertical do solo, sendo
inclusive favorável para escavações de grande profundidade. Por outro lado, é
desvantagem utilizá-la em solos não coesivos como areia, sendo ideal para solos
mais coesos. Além disso, a ferramenta é vantajosa para transportar o material
escavado até o caminhão ou caçamba. Esse equipamento é usado em escava-
ções de grandes volumes em áreas limitadas. E é comum dentro das áreas de
escavações, onde o acesso sempre se dá por rampas, geralmente construídas no
processo da escavação;

Figura 40 - Escavadeira de colher


Fonte: SENAI, 2012.

b) Escavo-carregadeira:
É o equipamento usado em quase todos os tipos de solos, servindo tanto
para solos argilosos como arenosos. Sua pá serve tanto para escavar como para
carregar o material. No entanto, seu uso é mais destinado para escavações onde
a profundidade não ultrapasse 2,0m, sempre utilizado dentro da própria área da
escavação.
Geralmente são montados sobre pneus, facilitando muito o serviço de car-
regamento. Não possui sistema de giro vertical para facilitar a escavação e o
carregamento é diferente da escavadeira de colher.
Usado em escavações de grandes volumes em áreas limitadas;
MECÂNICA DOS SOLOS
66

Figura 41 - Escavo-carregadeira
Fonte: SENAI, 2012.

c) Retroescavadeira:
Este equipamento talvez seja o mais conhecido de todos nós pela sua ver-
satilidade e facilidade de execução de serviços de escavação. No entanto, pela
sua estrutura, ele também tem limites, um deles é não apresentar o giro vertical
em cima da base, o que torna mais frequente o seu emprego para escavações
lineares, principalmente para execução de valas, canais. Esta ferramenta pode ser
usada em quase todos os tipos de solos, mas o seu uso se restringe a pequenas
escavações e apresenta uma dificuldade para carregamento do material em cami-
nhões pelo próprio formato da concha.
É muito usado também em escavações de grandes áreas limitadas;

A retroescavadeira é a máquina mais usada nos cantei-


VOCÊ ros e nos serviços de terraplenagem, pois com ela se
SABIA? realiza muitos serviços em vários tipos de solo, bastan-
do apenas ser manobrada por pessoal bem treinado.
4 TERRAPLANAGEM
67

Figura 42 - Retroescavadeiras
Fonte: DREAMSTIME, 2011.

d) Pás de arrasto ou draglines:


Este equipamento não é tão usual como os anteriores, mas, em determinadas
situações, ele é bem empregado. Consiste de uma concha que chamamos de pá.
Essa concha fica pendurada por cabos através de uma haste, a qual balança até
o ponto desejado, preenche a concha com solo, levanta-se o material e depois o
despeja em caminhões ou em áreas próximas. Esse é um tipo de escavação, a qual
a profundidade é sempre pequena devido ao próprio sistema do equipamento e
é mais usada nos serviços de aberturas de canais, valas e trincheiras;

Figura 43 - Draglines
Fonte: SENAI, 2012.
MECÂNICA DOS SOLOS
68

e) Escavadeira de concha ou clamshell:


Este equipamento é muito usado para escavações em solos com água, mas
também é usado em solos compactos de características argilosas. Consiste de
uma haste e um conjunto de duas conchas em forma de mandíbula, a qual desce
até o solo aberta e escava, fechando as mandíbulas, depois sobe fechada, abrindo
só para descarregar no caminhão ou em área próxima. Esse utensílio é mais usado
para escavações verticais em áreas limitadas e o equipamento sempre fica fora da
área de escavação.

Figura 44 - Escavadeira clamshell


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

4.5 Plataformas horizontais

As plataformas horizontais constituem um dos processos de terraplenagem


feito para nivelar e planificar as superfícies irregulares. Esse processo pode ser
feito através de aterro, quando há falta de material, ou escavação, quando precisa
chegar a uma cota mais inferior, ou ainda misto, aterro e escavação.

Corte
Aterro

Figura 45 - Desenho de uma plataforma com aterros e cortes do terreno


Fonte: SENAI, 2012.
4 TERRAPLANAGEM
69

Este serviço dentro de terraplenagem é, com certeza, o mais frequente, pois,


para toda obra, faz-se necessária a regularização da superfície do solo. Inicia-se,
como vimos anteriormente, depois dos serviços preliminares e, em alguns casos
mais simples, no próprio serviço preliminar já se faz a regularização das cotas do
terreno onde ficará a edificação.
Quando o projeto exigir uma cota mais alta do que a do terreno, será necessá-
rio colocar mais solo de outra região que possua boa qualidade e que seja de uma
região próxima para diminuir os custos da obra, para, a partir de então, começar
o serviço de compactação no solo emprestado.
No caso de precisar rebaixar a cota, será necessário o serviço de escavação
para atingir a cota do projeto, no entanto os projetos já devem começar depois
de analisada a movimentação de terra para evitar uso do solo emprestado. Mas,
mesmo depois da escavação, faz-se necessária a compactação do solo, pois, após
a escavação, fica sempre material empolado.
Alguns serviços de plataforma são utilizados em construções de rodovias, nas
quais as plataformas são a base da estrada, respeitando as cotas e todas as incli-
nações necessárias para a execução de uma estrada, para, em seguida, receber o
capeamento asfáltico. A plataforma da estrada já é executada com processos de
compactação bem definidos para poder suportar as cargas dos veículos, princi-
palmente dos caminhões.

Estrada Estrada
Plataforma compactada Plataforma mal compactada

Figura 46 - Desenho representando plataforma para estrada


Fonte: SENAI, 2012.

Toda estrada é construída e calculada para receber os veícu-


SAIBA los transitáveis e as respectivas cargas; caso contrário, o ex-
cesso de peso danifica a estrada, deixando-a com deforma-
MAIS ções e consequentemente gerando falhas no recapeamento
de asfalto.
MECÂNICA DOS SOLOS
70

4.6 Capacidade de produção

Vale lembrar que os serviços de terraplenagem existem desde a antigui-


dade quando as ferramentas eram bem rudimentares com tração animal. Com
o desenvolvimento industrial, surgem as máquinas a vapor até chegar aos atuais
equipamentos que temos no mercado. E lógico que a produção de terraplena-
gem foi aumentando com o uso das novas tecnologias e com a vantagem de
redução do número de operários para executar a mesma quantidade de serviço.

Figura 47 - Pirâmides construídas com terraplenagem e operários


Fonte: SENAI, 2012.

Esta produção de terraplenagem pode ser manual ou mecanizada. A manual


é executada por operários e feita com instrumentos manuais, tais como: pá,
picaretas, enxadas e sapos. Já a terraplenagem mecanizada é executada por tra-
tores, escavadeiras e carregadeiras.
Apesar de reduzir os custos com mão de obra, a mecanização em terraple-
nagem eleva os custos iniciais para aquisição dos equipamentos que têm custo
elevado. No entanto, pela agilidade no planejamento, na execução e na quanti-
dade de serviços em menos tempo, os custos finais dos serviços são reduzidos,
havendo uma compensação no orçamento.
A capacidade produtiva vai depender de alguns fatores como:
a) Planejamento: todo e qualquer serviço deve ser planejado, ou seja,
tem que elaborar um projeto que será executado, avaliando-se o tipo
de solo, de equipamento e o tempo necessário para a execução. Lem-
bre-se de que a terraplenagem é uma movimentação de terra para se
atingir determinadas cotas previamente vistas no projeto de engenharia
daquela obra;
4 TERRAPLANAGEM
71

Figura 48 - Desenho de dois homens numa prancheta com um projeto


Fonte: DREAMSTIME, 2008.

b) Mão de obra especializada: apesar da redução da quantidade de ope-


rários no serviço, a terraplenagem mecanizada, por usar equipamentos
motorizados, e pelo seu porte, geralmente grande, necessita de um
operador capacitado e devidamente treinado para manobrar os equi-
pamentos. A capacitação é fundamental para eficiência do serviço,
evitando-se perda de tempo. O operário especializado será responsável
por manobrar as máquinas de escavação, os caminhões ou caçambas de
transporte de material e, além de realizar os serviços de medição da área
e verificar o nível das cotas de aterro e escavação;

Figura 49 - Operário especializado para manobrar a máquina


Fonte: DREAMSTIME, 2012.
MECÂNICA DOS SOLOS
72

c) Equipamentos adequados: existem no mercado vários tipos de


máquinas, como visto anteriormente, que servem para serviços de terra-
plenagem e para escavação. Para saber qual máquina será mais eficiente
no serviço, é preciso considerar o tipo de solo, projeto, a dimensão da
área e o volume da obra. Como esses fatores determinam a viabilidade
dos serviços, é comum termos em uma mesma obra máquinas execu-
tando escavação e terraplenagem ao mesmo tempo.
Algumas máquinas de escavação permitem adaptar colheres e pás de tama-
nhos variados, o que facilita a produtividade da escavação, pois quanto maior
a colher do equipamento, maior será a retirada do solo e, consequentemente,
maior o rendimento do serviço.
É comum denominarmos as máquinas que executam os serviços como equi-
pamentos ou equipamentos pesados;

Figura 50 - Retroescavadeira executando escavação e depositando solo na caçamba


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

d) Tipos de solos: o solo é um determinante na produtivi-


dade do serviço, pois um solo não rochoso, apesar de não
apresentar resistência à escavação, quando encharcado de água pode
atrapalhar o andamento do serviço por deslizamento ou desmorona-
mentos de encostas, uma vez que a água deixa o solo menos compacto.

Ainda assim, é na maioria das vezes um serviço menos complexo do que


um solo rochoso, no qual, além da escavação e do carregamento, existe
a perfuração e explosões para desmontar a rocha, transformando em
rochas menores para facilitar o serviço de escavação;
4 TERRAPLANAGEM
73

e) Tipos de projetos: algumas obras, a depender da sua complexidade e do


seu tamanho, influenciam na produtividade. Por exemplo: numa obrade
um edifício em um terreno de pequenas dimensões e com pouca área
de manobra para as máquinas, o melhor será a utilização de um tipo
de equipamento para realizar o serviço. Fica claro que apenas um equi-
pamento levará mais tempo de serviço para movimentar determinado
volume de terra. No entanto, sendo a área da obra com uma dimensão
maior, podemos utilizar mais máquinas que farão o mesmo volume de
movimentação de solo em menos tempo, agilizando os serviços de ter-
raplenagem.
Vistos todos os fatores citados, podemos concluir que a produtividade não
pode ser avaliada por apenas uma situação, mas por um conjunto delas.
O importante é que, em qualquer obra de edificação, o cronograma é um fator
predominante porque ele vai interferir nos custos da obra, e o tempo está asso-
ciado à produção dos serviços no canteiro de obra.

4.7 Normalização técnica

As normas que atendem aos serviços de terraplenagem tratam não somente


dos trabalhos executados nos canteiros de obras como também das questões
relacionadas à segurança do trabalho.
Outro ponto que a norma trata é com relação ao meio ambiente. O serviço de
terraplenagem, como foi visto, começa com o desmatamento, retirando toda a
vegetação existente no local para depois fazer a movimentação de terra e, por se
tratar de meio ambiente, merece cuidados para a sua preservação, portanto, tem
normas regulamentadoras.
Para a conservação do meio ambiente, além das normas regulamentares, há
também as leis ou códigos de cada município, estabelecidas a partir de leis fede-
rais e estaduais que devem ser obedecidas para qualquer serviço que venha a ser
feito.
A norma NBR 9061(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1985)
fala claramente sobre escavações, definindo todos os termos empregados e que
foram vistos anteriormente, as condições gerais, projetos, tipos de escavações,
proteções de escavações e proteções de operários.
Outra norma reguladora importante para conhecimento é a NR 19 (BRASIL,
1978c), que trata sobre explosivos, determinando como fabricar, manusear,
armazenar e utilizar o explosivo de maneira adequada para não causar riscos e, se
houver algum incidente, qual a melhor forma de solução para o problema.
MECÂNICA DOS SOLOS
74

SAIBA Desenvolva mais o seu conhecimento, estudando sobre es-


cavações e as normas regulamentadoras da ABNT. E também
MAIS se informe sobre a preservação do meio ambiente.

4.8 Aspectos relativos à segurança do trabalho

Um dos fatores preocupantes na construção civil, hoje em dia, está relacio-


nado à segurança do trabalho, por isso existem normas para determinar quais os
procedimentos devem ser seguidos pelos operários durante os serviços no can-
teiro de obra.

Figura 51 - Operário escavando um tubulão


Fonte: SENAI, 2012.

Alguns aspectos são interessantes observar para segurança na obra, como:


a) Saber que o acidente, na maioria dos casos, pode ser evitado pelo pró-
prio trabalhador se este tiver os devidos cuidados e a atenção necessária
na execução do serviço;
b) Treinar os operários numa obra, orientando-os para o respeito e aten-
ção às normas de segurança através de palestras educativas oferecidas
por técnico ou engenheiros de segurança;
c) Instruir os operários em relação ao mapa de riscos, determinando quais
os procedimentos a serem executados pelos operários em suas ativida-
des e quais as medidas de segurança;
4 TERRAPLANAGEM
75

Figura 52 - Escavação de talude


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

d) Ensinar o conhecimento exato ao operário do que é acidente e o que é


um quase acidente. Este que, apesar de o nome induzir algo não preocu-
pante e, em muitos casos, ter importância nula, é frequente em obras e
gera, em muitos casos, acidentes graves.
Entende-se por quase acidente a situação de perigo que o trabalhador passa
em que não necessariamente ocorreu um dano a sua saúde, como por exemplo,
uma peça que cai de um andaime, atinge o solo, mas não o operário. Não se carac-
teriza, portanto, um acidente, no entanto determina uma situação de risco ou
de alerta. Estes alertas ou quase acidentes não devem ser negligenciados pela
equipe de segurança do trabalho nem pela administração da obra, pois são eles
que determinam as ações de prevenção mais enérgicas, evitando acidentes mais
graves.
As empresas devem ter a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA), a qual serve para ajudar e orientar os trabalhadores dentro do ambiente
de trabalho, a fim de prevenir acidentes. Compete a CIPA, treinar, gerenciar os
procedimentos relacionados aos acidentes e fiscalizar os serviços quanto à segu-
rança do trabalho. Essas informações são regulamentas pela norma NR 5 (BRASIL,
1978a) do ministério do trabalho.

Você sabe o que é EPI?


O EPI é a sigla de Equipamentos de Proteção Individual e tem o objetivo de
garantir a segurança do trabalhador. Para cada tipo de serviço a ser executado,
existirão os equipamentos próprios. Na construção civil, usamos alguns mais
conhecidos como: capacetes, luvas, óculos, protetor auricular, botas e máscaras.
MECÂNICA DOS SOLOS
76

4 ergonomia:

Estudo das relações


homem e máquinas para
melhor desempenho e
sem prejudicar a saúde do
homem.

Figura 53 - Equipamentos de EPI mais usados na construção civil


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

Cada tipo de serviço exige a utilização de equipamentos individuais de segu-


rança, de acordo o risco do serviço. É importante que cada trabalhador tenha
sempre em mente que o mais importante é a sua própria saúde e que ele é o
único a ganhar com a prevenção do acidente. As normas estabelecem quais são
os EPIs que devem ser usados e são os empregadores que devem fornecê-los, e a
utilização será fiscalizada por profissionais designados para a função, geralmente
os técnicos em edificações.
Nos serviços de terraplenagem, o trabalhador deverá ter atenção a situações
de perigo como soterramentos em escavações de tubulações, acidentes de queda
em desníveis de taludes, acidentes com as máquinas pesadas como escavadeiras
e tratores.
Um aspecto com relação à segurança no ambiente de trabalho é o canteiro,
pois se deve ter atenção à sinalização para melhor informação e fluxo dos traba-
lhadores, inclusive as saídas de emergências.

O Brasil, na década de 70 e 80, ocupava o primeiro lugar


VOCÊ no ranking mundial em acidentes de trabalho e, depois
de 1985 com a implantação da lei que regulariza a pro-
SABIA? fissão do engenheiro de segurança do trabalho, passa-
mos para o décimo quinto no ranking.
4 TERRAPLANAGEM
77

4.9 Saúde ocupacional

Saúde ocupacional é a ação que as empresas oferecem aos seus trabalhadores


na prevenção de doenças relacionadas ao trabalho e na qualidade do ambiente
de trabalho, além de atendimentos médicos logo após o acidente como os pri-
meiros socorros.
Assim como existe um equipamento de segurança para cada atividade, existe
também uma série de cuidados médicos para cada atividade.
Em empresas maiores, existe hoje um departamento com uma equipe médica
e de enfermagem na própria empresa, podendo oferecer também serviços médi-
cos conveniados para este tipo de atendimento.
Os cuidados com a saúde ocupacional vão desde a saúde física até a psicoló-
gica, uma vez que o ambiente de trabalho pode gerar complicações por causa de
estresses e até mesmo pela tensão do serviço.
Alguns cuidados mais frequentes são os relacionados a traumas por quedas,
audição, problemas respiratórios, ergonomia4 e problemas psicológicos.
É dever de toda empresa orientar e instruir os seus trabalhadores com relação
à importância dos cuidados com a saúde, mostrando ao trabalhador que a pre-
venção é a melhor solução para manter a saúde perfeita, promovendo consultas
médicas periódicas e palestras sobre as doenças mais comuns.
Os operários, que manobram os equipamentos pesados de terraplenagem,
devem ter uma atenção maior quanto aos problemas auditivos e ortopédicos.

Figura 54 - Consulta médica no canteiro de obras


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

A saúde ocupacional é determinada e regularizada através da norma regu-


lamentadora NR 7 (BRASIL, 1978b). O investimento das empresas na saúde
MECÂNICA DOS SOLOS
78

ocupacional surgiu obrigatoriamente pela regulamentação, mas, com o tempo,


os resultados obtidos com essa preocupação da saúde possibilitaram às empre-
sas melhores resultados na produtividade e na satisfação de muitos empregados.
Ainda falta muito para chegar a um resultado desejável e não só por culpa das
empresas, mas também por parte dos trabalhadores que, em muitos casos,
mesmo sabendo dos benefícios e mesmo sendo bem orientados, ainda insistem
em não seguir as determinações.

CASOS E RELATOS

“O tubulão e os acidentes”
Em uma obra, acidentes podem acontecer e, para isto, existem cuidados e
medidas como implantação de CIPA, no intuito de evitar ou minimizar os
acidentes. Mas em serviços de escavação, principalmente de tubulões, os
acidentes são uma preocupação a mais.
Um operário, devidamente orientado e treinado para o serviço, começou
a escavação de um tubulão onde seria concretado uma fundação de um
edifício. Passados vários dias de serviço manual com um cavador articulado
e depois de ter atingido uma altura de 4 metros, a parede do tubulão des-
morona com o operário dentro.
A equipe de primeiros socorros logo entrou em ação para o resgate do ope-
rário e, por sorte, ele ficou apenas parcialmente soterrado. Foi socorrido
sem maiores consequências e, quando houve a investigação do acidente,
descobriu-se que não houve o cuidado necessário para evitar o acidente do
operário. Isto porque foi permitido o trânsito de máquinas e pessoas perto
da área da escavação. O espaço tem que estar isolado, para evitar trânsito
que possa trepidar e provocar o desmoronamento do tubulão. Para sorte
do operário, a escavação não era profunda, o que possibilitou o socorro.
4 TERRAPLANAGEM
79

4.10 Meio ambiente

Em terraplenagem, nos primeiros serviços, que são os de desmatamento e des-


tocamento, há uma agressão ao meio ambiente, por destruir alguma cobertura
vegetal que é de grande importância para o seu equilíbrio. Para este desmata-
mento, toda a obra regularizada tem que apresentar alguma documentação
onde o engenheiro ou técnico se responsabilize pelo serviço. Hoje, com os novos
conceitos de meio ambiente e qualidade, existem legislações e departamentos
responsáveis pelo controle e fiscalização destes projetos.
Ultimamente, as áreas urbanas estão sendo ampliadas e, como as ocupações
dos solos na construção civil estão invadindo as matas circundantes das cidades,
são nestas áreas que o controle dos departamentos tem que ser mais eficaz para
evitar ou minimizar os danos provocados por estes desmatamentos e ocupações.
Outros serviços como, por exemplo, escavações, onde há um resíduo de mate-
rial escavado e que não vai ser aproveitado no local da obra também deve haver
um controle maior por parte dos responsáveis pelo projeto e pelos órgãos com-
petentes. E ainda em escavações, principalmente de tubulões para fundações, às
vezes, há a necessidade de se rebaixar o lençol freático e, como vimos no capítulo
anterior, o rebaixamento pode ocasionar problemas futuros para a vegetação ou
para a comunidade que se abastece deste lençol freático.
Devemos ter em mente que, na natureza, tudo existe em harmonia num ecos-
sistema bem equilibrado, onde vegetação, animais e recursos hídricos fazem
parte de um único sistema. Quando se faz um desmatamento que agride o meio
ambiente, no qual árvores e arbustos são derrubados, solos são movimentados
e, às vezes, surgem solos de outra região, trazendo vegetação que não pertence
àquele ecossistema que, no futuro, causará um desequilíbrio na área.
Hoje em dia, existem organizações que já têm a preocupação com a qualidade
dos serviços na construção civil, fornecendo certificações para o projeto. Essas
organizações, além de controlar, têm a função primordial de orientar através de
consultorias para um melhor aproveitamento do serviço para que este não pre-
judique o meio ambiente. Uma dessas certificações é a AQUA que significa Alta
Qualidade Ambiental.
Cabe salientar também que nós, cidadãos, somos parte integrante do ecos-
sistema e somos os que mais prejudicam o meio ambiente. Hoje a preocupação
com o meio ambiente é crescente no mundo inteiro, pois estamos nos conscien-
tizando da importância de preservação dos recursos naturais.
MECÂNICA DOS SOLOS
80

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você aprendeu sobre terraplenagem, vendo todas as etapas


desde processo de desmatamento, destocamento, limpeza e remoção da
camada vegetal. Viu também os tipos de movimentação de solo como
corte e aterro, além dos equipamentos usados em terraplenagem.
Você viu os processos de escavação, tanto em solos não rochosos, com os
equipamentos específicos para cada tipo de solo e situação de terraplena-
gem, quanto dos solos rochosos que precisam do desmonte de rochas com
cargas de explosivos e a remoção das rochas soltas, além da capacidade
de produção do serviço de terraplenagem que depende de vários fatores.
Entendeu um pouco mais sobre segurança do trabalho no canteiro de
obras relativo aos serviços de terraplenagem, pricipalmente no processo
de escavação, onde há necessidade de maior atenção e de treinamento por
parte da equipe de engenharia de segurança. Conheceu um pouco mais
sobre a normatização em terraplenagem e sobre os cuidados com relação
à preservação do meio ambiente, uma vez que o desmatamento ocasiona
um dano à natureza e ao equilíbrio do ecossistema na área do projeto.
4 TERRAPLANAGEM
81

Anotações:
Infraestrutura

Você já ouviu falar em estrutura? Provavelmente, sim.


Associamos estrutura aos elementos de sustentação das construções.
Toda edificação é formada por um conjunto de estruturas formado por pilares, vigas e fun-
dações. Este conjunto denomina-se esqueleto estrutural.
A estrutura acima da superfície é chamada de supraestrutura e a que fica abaixo da super-
fície, infraestrutura.
Neste capítulo, você conhecerá sobre infraestrutura.
O esqueleto estrutural tem a finalidade de segurar e manter em pé a edificação e também
distribuir as cargas da edificação para as camadas mais resistentes do solo através das funda-
ções, garantindo, assim, a segurança da edificação, evitando os recalques e rupturas.

VIGA:
Elementos horizontais

SUPRAESTRUTURA

PILARES:
Elementos verticais

FUNDAÇÕES:
Estrutura no subsolo
INFRAESTRUTURA

SOLO RESISTENTE

Figura 55 - Esquema de um conjunto de estrutura


Fonte: SENAI, 2012.
mecânica dos solos
84

5.1 Tipos de distribuição de carga

Já sabemos que, na construção civil, todas as construções possuem uma carga


específica e que estas são transmitidas para o solo.
Temos, então, dois tipos de distribuição de cargas: as diretas e indiretas.
Diremos que a distribuição direta é aquela na qual a carga é transferida para a
camada mais superficial do solo. Portanto, dizemos que as diretas são as funda-
ções rasas de que falaremos adiante.
A distribuição indireta é aquela na qual a carga da edificação é transferida para
o solo através de fundações profundas, como: tubulões e estacas. Geralmente
vemos este tipo de distribuição indireta associada a edificações de grande porte
ou verticais, que são os prédios de mais de seis pavimentos.

DIRETA
DIRETA INDIRETA

Figura 56 - Representação de distribuição de cargas


Fonte: SENAI, 2012.

5.2 Tipos de fundações

As fundações são elementos estruturais que recebem as cargas dos pilares e


das vigas da construção e as transfere para o solo rígido e resistente. Apesar de
unida aos pilares, as fundações são estruturas diferentes dos pilares. Cada um terá
o seu comportamento e a sua função para manter a construção estabilizada.
As fundações podem ser de dois tipos: as fundações rasas e as profundas, que
você conhecerá mais detalhadamente agora:
5 Infraestrutura
85

5.2.1 Fundações rasas

Este tipo de fundação também pode ser chamado de direta. É usada para edifi-
cações de pequeno porte como residências ou prédios de dois pavimentos onde
as forças de distribuição de suas cargas podem ser facilmente suportadas pela
camada do solo logo abaixo da edificação e, geralmente, estão a uma distância
inferior a 3,0m. Temos sete tipos de fundações rasas:
Viga de fundação ou viga baldrame é uma viga que já é a própria fundação.
Muitos a confundem com uma viga de amarração de parede, mas ela é uma peça
estrutural, geralmente está acompanhando as paredes da edificação e construída
no próprio terreno. Sua aplicação está associada a um terreno firme e a uma edi-
ficação de carga pequena. Não tem profundidade e sua vala para execução não
ultrapassa os 50 cm.
Veja o exemplo de uma viga baldrame na Figura 57.

Figura 57 - Fundação baldrame


Fonte: SENAI, 2012.

Fundação bloco é uma fundação de distribuição pontual de carga através de


um bloco com formato retangular onde se apoia um pilar; assim, para cada pilar
da construção existirá um bloco. Esse bloco pode ser de pedra, de concreto sim-
ples (sem ferragens) ou concreto armado (com as ferragens).
mecânica dos solos
86

Figura 58 - Fundação bloco


Fonte: SENAI, 2012.

Sapatas é um tipo de fundação que distribui a carga de maneira pontual ao


solo, ela se assemelha ao bloco com a diferença de ter menor altura e ser sem-
pre de concreto armado, ou seja, existe uma malha de ferragem para ajudar no
esforço de tração.
Pode ser sapata isolada, quando apoia apenas um pilar ou sapata corrida,
quando apoia uma parede inteira.

Nos canteiros de obra, acidentes com pregos são muito


FIQUE comuns e, nos serviços de carpintaria para execução de
formas de concretagem, este cuidado deve ser maior. Por-
ALERTA tanto, deve-se ter atenção quanto ao uso dos EPIs, como
luvas e botas.

Sapata isolada como o nome já diz, é a fundação de apenas um pilar sem cone-
xão ou ligação com mais nenhuma outra fundação. Seu formato difere do bloco
porque tem semelhança com um tronco de pirâmide.
5 Infraestrutura
87

Figura 59 - Fundação sapata


Fonte: SENAI, 2012.

Sapata corrida é a fundação contínua que fica logo abaixo das paredes e, em
toda extensão delas, segue quase o mesmo formato da sapata isolada com uma
seção em forma de tronco de pirâmide.

Figura 60 - Fundação sapata corrida


Fonte: SENAI, 2012.
mecânica dos solos
88

Sapata corrida de alvenaria é o tipo de fundação usado ainda em construções


de pequeno porte e de custo menos elevado, assim como na fundação de sapata
corrida, é feita abaixo da parede e, em toda sua extensão, é formada por pedras
calcárias fixadas com argamassa.

Figura 61 - Fundação sapata corrida de alvenaria


Fonte: SENAI, 2012.

Que, em muitas regiões do Brasil, as fundações são fei-


VOCÊ tas em pedra calcário, já que este material tem custo
muito baixo? O único problema do calcário é que ele
SABIA? absorve a umidade do terreno e transfere para as pare-
des do prédio.

Fundação de radier é o tipo de fundação que consiste em uma laje única de


concreto armado onde a edificação vai ser inteiramente construída. Elimina qual-
quer tipo de fundação pontual ou de baldrame, já que ela própria já é construída
para receber as cargas da edificação.
5 Infraestrutura
89

Figura 62 - Fundação de radier


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

Em algumas edificações, pode existir mais de um tipo de


fundação associando fundação de sapata com baldrame. Em
SAIBA algumas regiões, é comum ver edificações com sapata para
receber a carga dos pilares, e também os radiers ou alicerces
MAIS de pedra para receber a carga das paredes; assim, além de
distribuir a carga das paredes uniformemente, deixa a cons-
trução mais firme, evitando os recalques.

CASOS E RELATOS

“Construções sem profissionais especializados”


No Brasil, devido à desigualdade social, muitas construções são realizadas
sem um projeto ou acompanhamento técnico especializado, e isso pode
ser visto mais claramente em bairros onde a população menos favorecida
está presente.
Vamos ver este caso:
Um rapaz, estudante de edificações, ao passar por uma obra de uma resi-
dência, observou uma série de erros na execução das fundações. O primeiro
deles foi o uso de uma sapata com dimensões exageradas para o tamanho
mecânica dos solos
90

1 concretagem: da casa, o segundo foi o procedimento errado com relação ao concreto que
estava com o traço muito fraco e a ferragem também inferior ao necessário.
Colocar concreto numa
forma de madeira, num Então perguntou ao pedreiro da obra se ele e os operários sabiam como
tubo escavado.
executar o serviço, e a resposta do pedreiro foi: sim, sabemos. Fazemos isso
desde os 15 anos de idade.
Realmente, a experiência do pedreiro não pode ser desconsiderada, mas
2 apiloando: a experiência deve ser somada aos conhecimentos de um técnico que
Batendo, socando, poderá dimensionar com mais precisão e, assim, evitar gastos desneces-
compactando. sários. Isso nos mostra o quanto a construção civil no Brasil está perdendo
com a falta de mão de obra especializada de um técnico em edificações.
Neste caso, o técnico poderia fornecer o conhecimento necessário para a
execução do serviço.
O estudante, então, aconselhou o pedreiro a obter mais informações técni-
cas sobre as fundações para aquela construção, assim, ele poderia diminuir
os gastos de materiais e o tempo do serviço dele.

5.2.2 Fundações profundas

Este tipo de fundação ocorre quando a carga da edificação precisa ser dis-
tribuída para um solo mais resistente, e este estiver a mais de 3,0 metros de
profundidade. Geralmente são usadas em edificações mais elevadas que pos-
suem um peso maior.
Podem ser de dois tipos: estacas e tubulões.
a) Estacas são fundações verticais longas que penetram no solo até atingir
a rocha mais resistente. São classificadas pelo seu processo de execução,
podendo ser de deslocamento ou escavada. As de deslocamento são as
estacas que são introduzidas no terreno através de equipamentos mecâni-
cos como bate-estacas e podem ser de madeira, de aço e concreto armado.
Já as estacas escavadas são aquelas que são executadas no local, “in situ”,
depois de ser feita uma escavação profunda e retilínea, podendo ser manual
ou mecânica, que depois se introduzir o concreto, formando assim a estaca,
pode ser feitas em madeira, concreto e aço.
As estacas podem ser divididas em dois tipos: as pré-fabricadas e as escavadas:
Pré-fabricadas ou pré-moldadas: são as estacas que são cravadas no solo com
o auxílio de equipamentos que podem ser:
5 Infraestrutura
91

a) Percussão: equipamento que crava a estaca no solo por meio de um pilão


que desce em queda livre e bate na escada, fazendo-a penetrar no solo. É a
forma de cravação mais usada, porém causa muito barulho na sua execução.
É também conhecido como bate-estaca;
b) Vibração: este sistema é feito com uma máquina que provoca uma vibração
intensa e contínua na estaca, fazendo-a penetrar no solo. Possui uma des-
vantagem, que é a transferência dessa vibração para o solo próximo;
c) Prensagem: feito com uma máquina semelhente a um macaco hidráulico
que pressiona a estaca no solo, fazendo-a penetrar. É geralmente utilizada
quando não pode haver vibração e nem impactos provocados pelo bate-
-estaca.
Escavadas: são as estacas que são escavadas no solo por equipamentos. Em
algumas situações, é feita a escavação e, simultaneamente, é introduzido o con-
creto que será a estaca da fundação.
a) Estaca Franki: é introduzido um tubo com a ponta inferior fechada para não
permitir a entrada de solo no interior do tubo. Em seguida, introduz areia
e brita por cravação, compactando o material na base. Em seguida, intro-
duz-se a armação de aço e despeja o concreto, fazendo a concretagem1 da
estaca, com o rompimento da base inferior do tubo espalhando a brita areia
e o concreto criando um bulbo dentro do solo;
b) Estaca Strauss: é feita uma escavação com um tubo que serve de camisa e
formato da fundação. Em seguida, limpa-se o interior do tubo, para depois
colocar a armação de aço no seu interior e inserir o concreto, apiloando-o2
dentro do tubo. A seguir, faz-se a retirada deste tubo com cuidado para não
romper a parede do solo e interferir na largura da fundação;
c) Hélice contínua: é feita uma escavação com um equipamento com broca
em formato de hélice que penetra o solo, escavando e retirando o solo, ao
mesmo tempo em que injeta o concreto no furo escavado;
d) Estacas-raiz: é feita com uma perfuratriz que escava o solo com uma broca,
introduzindo depois o concreto com a armação de aço. É de fácil execução,
pois pode ser utilizada em superfícies inclinadas;
e) Estaca barrilete: é feita a escavação para fundação e se introduz uma lama
betonítica que impede as paredes do furo desmoronarem e, em seguida, é
introduzido o concreto que expulsa a lama do furo. Essa lama é um fluido
composto por água e betonita, que é uma argila. Quando agitada, ela fica
em estado bem fluido, mas quando em repouso, torna-se um gel.
As estacas podem ser de madeira, aço ou concreto:
mecânica dos solos
92

3 pêndulo: As estacas de madeira: são utilizadas desde a antiguidade, mas seu uso hoje
em dia vem diminuindo cada vez mais, tanto pela escassez de encontrar madei-
Peso suspenso por cabos
que ao cair em queda livre ras resistentes, as chamadas “madeira de lei”, quanto pela inovação tecnológica
gera força de impacto. que favorece o uso de materiais mais resistentes. Com relação à durabilidade
da madeira, se ela for bem preparada com substâncias que anulem os efeitos
corrosivos de fungos e pragas, como o cupim, ela passa a ter uma grande resis-
tência. É bom saber que o emprego da madeira deve ocorrer em terrenos livres
de lençol freático, pois a presença de água no solo aumenta a probabilidade de
aparecimento de fungos. A madeira é um material de pouca durabilidade por sua
composição orgânica e, por isso, é usada para fundações de prédios temporários.

ESTACA DE MADEIRA

40cm

100cm

SOLO BASE DE CONCRETO


Figura 63 - Estacas de madeira
Fonte: SENAI, 2012.

As estacas metálicas são muito utilizadas na construção civil pela sua facili-
dade, e normalmente, são perfis de aço laminado no formato de “L” e de “H”.
A empregabilidade das estacas metálicas é grande devido ao seu processo de
execução, pois ela resiste bem ao mecanismo de bate-estaca e, pela sua forma,
acaba cortando as camadas de terreno sem apresentar resistência. Apesar de o
aço sofrer corrosão pelo oxigênio, já se sabe que quando a estaca está inteira-
mente no interior do solo, a presença do oxigênio é tão baixa que a corrosão não
acontece a ponto de prejudicar a sua resistência. E mesmo assim, a norma técnica
determina a espessura de 1,5mm em toda sua extensão, ou seja, uma capa com
espessura de 1,5mm não deve ser considerada nos cálculos de carga.
5 Infraestrutura
93

Figura 64 - Estacas metálicas


Fonte: SENAI, 2012.

Cuidado com o manuseio dos perfis metálicos, tanto para


o transporte, como para o armazenamento. Como são
FIQUE peças alongadas e pesadas, podem ocasionar acidentes
ALERTA quando giram ou quando são armazenadas no solo. A
equipe de segurança do trabalho deve prevenir acidentes
com orientações e proteção do perímetro do transporte.

Estacas de concreto pré-moldado são muito utilizadas na construção civil,


consiste de uma peça vertical de concreto armado ou protendido que pode ter a
seção arredondada quadrada ou hexagonal. Elas são muito usadas pela facilidade
de obter o traço do concreto para atingir a resistência adequada, uma vez que é
produzida fora do solo e o seu processo de execução no terreno é feito através
de um bate-estaca com pêndulo3 de queda livre. Na utilização do bate-estaca,
coloca-se no topo da estaca uma peça metálica com um pedaço de madeira a
fim de receber o impacto do martelo e distribuir mais uniformemente a força na
estaca, e na parte inferior uma ponteira também metálica para facilitar a pene-
tração no solo. As estacas de concreto têm a sua altura média de 12m, mas se
precisar atingir uma profundidade maior, pode-se fazer emendas com anéis
metálicos com formato de “macho e fêmea” ou podem ser soldadas.
mecânica dos solos
94

4 apilolado:

Que é batido, socado,


compactado.

5 cebolão:

Bulbo ou balão formado na


base inferior da estaca.

Figura 65 - Estacas de concreto pré-moldado


Fonte: SENAI, 2012.

CASOS E RELATOS

“O barulho do bate-estaca”
Em uma determinada obra de um prédio de 18 pavimentos em plena área
urbana, depois de ter toda a implantação do canteiro de obras, começa o
serviço de bate-estaca que, pelo projeto do empreendimento, seria o mais
viável.
No entanto, a cravação das estacas com o bate-estaca causa vibração do
solo e é sentida pelos prédios vizinhos. Neste caso, estas vibrações provo-
caram algumas avarias nas estruturas e paredes destes prédios.
Antes de começar o serviço, os engenheiros deveriam ter feito uma vistoria
em todas as edificações, mas não a fez. Algum tempo depois do serviço de
fundação ter começado, os vizinhos começaram a reclamar das rachaduras
e fissuras, consequentemente, a empresa responsável teve que arcar com o
prejuízo, mesmo sem saber se era verdade ou não.
Portanto, a empresa tem que fazer a vistoria com cuidado para não ser res-
ponsável por danos anteriores ao início da obra.
5 Infraestrutura
95

Estacas concretadas “in loco” são também muito usadas na construção civil, e
sua execução ocorre basicamente introduzindo um tubo circular de aço e, dentro
desse tubo, deposita-se o concreto que é apiloado4 e, depois, se retira o tubo de
aço, ficando somente o concreto. Existem dois tipos de concretagem com o tubo:
as Estacas tipo Franki e tipo Strauss.

cabo

ariete concreto
Estacas Franki

camisa
bulbo
concreto

roldana

cabo
tripé

balde
sonda Estacas Strauss

escavação armadura de
aço concreto

Figura 66 - Representações de estaca Franki e estaca Strauss


Fonte: SENAI, 2012.

As estacas Franki são executadas, cravando no solo um tubo de aço, com a


ponta lacrada por uma bucha de areia e brita até atingir a cota necessária para a
fundação. Em seguida, se introduz o concreto que é apiloado até romper o lacre,
criando um volume, o qual se aglomera na base da estaca, parecendo um cebo-
lão5. Já as estacas tipo Strauss são mais usadas quando não deve haver nenhum
tipo de vibração proporcionado pelo bate-estaca, evitando trepidações nas edifi-
cações vizinhas e recalques no solo. Este tipo é executado por meio da introdução
de tubos que são rosqueáveis até se alcançar a cota necessária e, em seguida,
mecânica dos solos
96

lança-se o concreto na tubulação com apiloamento para então se retirar a tubu-


lação de aço.
b) Tubulões de fundações são as fundações profundas com a base alargada,
que são escavadas no solo a céu aberto com ou sem proteção das paredes
laterais em concreto ou em tubos metálicos.

5.3 Contenções

Você conhece ou já ouviu falar em contenções?


Você pode ter visto, nas encostas dos morros, uma parede de pedra ou de
concreto pra evitar o desmoronamento dessa encosta.
As contenções são serviços bastante utilizados nas obras e principalmente nas
escavações. Seu objetivo maior é, sem dúvidas, evitar acidentes. As contenções
servem para estabilizar tanto taludes quanto escavações de valas e tubulações.
As contenções podem ser provisórias ou definitivas.

5.3.1 Contenções por talude

Entende-se por talude o plano inclinado que separa os planos horizontais e,


com níveis diferentes, podem ser naturais como as encostas ou escavados para
vencer desníveis. Os taludes têm inclinações que são variáveis de acordo com o
tipo de solo. A contenção por talude pode ser entendida também como proteção,
uma vez que a criação do talude ajuda a conter deslizamentos de terra e, com um
estudo detalhado do ângulo inclinado do talude, evita-se o rompimento deste
solo.
5 Infraestrutura
97

Figura 67 - Contenções por talude


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

5.3.2 Contenções provisórias

São as contenções usadas para estabilizar temporariamente as paredes das


escavações e podem ser de três tipos:
a) Madeira usada para escoramentos de paredes de pequena altura, não ultra-
passando 2,5m de altura. Quando a escavação for de uma vala que tenha
pequena distância entre as paredes, é comum usar pranchões verticais, segu-
rando as paredes, e escoras horizontais, fazendo o travamento das escoras
de uma parede para outra. Mas quando não for uma escavação de vala, e sim
um vão maior, a solução é substituir a escora horizontal por escoras inclina-
das, que seguram os pranchões, fincando-os no chão;
mecânica dos solos
98

Figura 68 - Contenção por madeira


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

b)Perfis metálicos cravados e madeira são usados também como segurança


de paredes de solos escavados onde são cravados perfis em forma de “H”
a uma distância de 1,50m e, neles, são encaixados pranchões de madeira
horizontalmente, segundo mostra a Figura 69. A depender do solo, os perfis
são cravados com auxílio de bate-estaca e os pranchões fixados através de
cunhas de madeiras;
5 Infraestrutura
99

Figura 69 - Contenção com aço e madeira


Fonte: SENAI, 2012.

FIQUE Nos serviços de contenções, acidentes podem acontecer,


portanto, siga as determinações técnicas para evitar desa-
ALERTA bamentos das paredes.

c) Perfis metálicos justapostos ou estacas-pranchas são usados de forma con-


tínua e alinhados. São chapas metálicas com dobras, as quais aumentam a
sua resistência, funcionando como prancha e estaca ao mesmo tempo. Para
suportar as forças horizontais originadas pelo solo, eles são usados em esca-
vações de grande profundidade. Existem vários modelos de pranchas com
dobras diversas para cargas específicas. As dobras possuem encaixes late-
rais, ajudando na sua fixação e no travamento. Depois do serviço feito, as
estacas podem ser retiradas e reaproveitadas em outra contenção. As esta-
cas pranchas podem ser utilizadas para contenção definitiva, mesmo sendo
produzidas com aço galvanizado, pois são muito resistentes à corrosão.
mecânica dos solos
100

6 in locus:

Feito no local.

Figura 70 - Perfis metálicos justapostos ou estacas-prancha


Fonte: SENAI, 2012.

5.3.3 Contenções definitivas

São empregadas quando não vai haver a reutilização das estacas em outras
contenções e quando tem a necessidade de uma contenção mais resistente e,
algumas vezes, mais profunda.
Podem ser dois tipos:
a) Estacas de concreto justapostas são estacas moldadas “in locus6” e esperam
o concreto adquirir resistência suficiente para, então, se fazer a escavação.
Outra forma de se realizar este tipo de contenção é com a cravação de esta-
cas circulares, de maneira alternada, deixando um espaço entre elas menor
do que o diâmetro da estaca. Então o espaço será totalmente preenchido e
sem deixar vazios. Este método é mais aconselhável para solos menos resis-
tentes e ou com presença de água;
5 Infraestrutura
101

Figura 71 - Estacas de concreto justapostas


Fonte: SENAI, 2012.

b) Paredes diafragma é um processo semelhante às estacas de concreto justa-


postas, substituindo estacas circulares por estacas retangulares de concreto
armado, formando paredes com 0,60 a 1,00m de comprimento e 0,40 a
0,60m de larguras. Escava-se o solo, em seguida, coloca a armação de aço
para depois introduzir o concreto através de funis. Outra diferença do pro-
cesso é a utilização da lama bentonítica que tem a função de estabilizar o
solo. As paredes diafragmas são um sistema prático, pois permitem rapidez
e evita as vibrações provocadas pelo bate-estaca, sem causar danos a outras
edificações vizinhas. Outra diferença do processo é a utilização da lama ben-
tonítica que tem a função de estabilizar o solo.

5.3.4 Muros de arrimo

São estruturas de porte pesado usadas para estabilizar taludes e sua execução.
É um processo simples, embora tenha a sua dimensão bem maior do que a das
contenções vistas anteriormente.
Pode ser de duas maneiras:
a) Por gravidade, quando é executado com pedras e concreto simples, cujo
próprio peso exerce uma força no solo, impedindo esse muro de se deslocar
com o peso do solo;
b) Por flexão, quando é executado um processo mais elaborado, no qual existe
uma sapata na base, em forma de um “T” invertido, em que o peso do solo
já produz o travamento e, consequentemente, a estabilidade do talude ou
do solo.
mecânica dos solos
102

7 íngremes:

Inclinação muito grande,


dificultando a subida ou
descida.

Figura 72 - Exemplos de contenções de muro de arrimo


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

SAIBA Faça uma pesquisa sobre as contenções de encostas e veja


sobre as causas, as soluções mais viáveis para a execução e
MAIS as prevenções para evitar desabamentos.

5.4 Drenagem

Você sabe o que significa drenagem?


Drenagem pode servir para as seguintes funções na engenharia: drenar ou
direcionar um fluxo de água, esgoto pluvial para escoar essa água do local; ou
para retirada de água de um determinado local por meios de bombas de sucção.
É muito usada para fazer o rebaixamento do lençol freático a fim de permitir a
execução de fundações ou qualquer obra de engenharia que esteja abaixo da
superfície.
A drenagem do solo tem como objetivo redirecionar as águas da chuva e,
assim, evitar inundações no terreno. Para isto, é necessário um estudo detalhado
da área a ser drenada, assim como da área do entorno, pois a água direciona-se
sempre para a cota mais baixa do terreno. Outro aspecto que temos que ter em
mente é que, no período das chuvas, o lençol freático sobe, ficando mais próximo
da superfície. No período das chuvas, pelo aumento da precipitação, o solo fica
encharcado e, junto com o aumento do lençol freático, dificulta mais o escoa-
mento da água da superfície e a drenagem tem por objetivo direcionar a água
para regiões de fácil escoamento.
5 Infraestrutura
103

Hoje, na construção civil, a drenagem, quando bem executada, vem tendo


uma atenção especial por conter parte da erosão em taludes, tanto pela preocu-
pação ambiental, uma vez que as águas podem ser reaproveitadas, como uma
condição de sustentabilidade. E destaca-se também pelo aspecto de controle da
poluição, uma vez que as águas pluviais não devem ter contato com águas de
esgotos domésticos.
Em obras de prédios, em que existem pisos que estão abaixo do nível da
rua, a drenagem só poderá ser feita com o auxílio de um sistema de bomba que
possa fazer a elevação da água para o seu escoamento para a rede de drenagem
que conduzirá a água para a rede coletora das vias públicas. Para edificações de
pequeno porte, como residências, a drenagem de esgotos e de águas pluviais são
destinadas para à de drenagem pública da cidade.
Em todos os casos de drenagem para edificações, é necessário saber que o
importante da drenagem é o rápido escoamento das águas de chuvas ou mesmo
de esgotos. Para eficiência dessa drenagem, devemos fazer um projeto com o
estudo perfeito de topografia, projetar o sistema de drenagem, respeitando a
inclinação e facilitar o rápido escoamento da água para o destino final com a cota
de menor altura em relação ao início da drenagem.
Em casos de drenagem de terrenos, a preocupação é também para evitar ero-
sões e infiltrações que venham a prejudicar as construções vizinhas. Para terrenos
inclinados, onde existe a utilização de taludes para contenção de encostas ou de
planos, é necessária a criação de valas de drenagem chamadas também de sar-
jetas. Estas sarjetas captam as águas de chuvas e as direcionam para regiões que
possam receber esse volume de água sem prejudicar a obra ou os taludes.

5.5 Tirantes

Tirantes para você é um nome novo? Pode ser que sim, mas pessoas que
moram em centros urbanos com grande adensamento populacional talvez já
tenham visto alguns tirantes nas encostas.
Então, tirantes são os procedimentos adotados para contenção de encostas
muito íngremes7 ou em encostas onde há edificações no topo.
mecânica dos solos
104

8 solo do maciço:

É uma grande área formada


por um tipo de solo ou de
rocha.

Figura 73 - Contenção por tirantes


Fonte: SENAI, 2012.

Consiste na perfuração do terreno da encosta com 15 a 20m de profundidade,


geralmente em inclinação que varia de acordo com o tipo de solo e de carga a
ser vencida para a estabilização da encosta. Nesta perfuração, é introduzido um
tubo por onde passarão cabos ou barras de aços que serão fixados a um bulbo
concretado na extremidade interna do furo, dentro da encosta. E na extremidade
externa, os cabos são fixados por um sistema de chapas e cunhas, fixando as cor-
tinas concretadas na fachada da encosta. Observe, pela Figura 74, que existe um
conjunto fazendo o travamento dos tirantes e veja as placas no item 5, que per-
mitem fazer a tração dos cabos ou tirantes que estão dentro dos furos na encosta.

1 - Perfuração de terreno 5 - Chapas de apoio


2 - Bainha 6 - Cunha de grau
8 3 - Trecho ancorado 7 - Bloco de protensão
4 - Bulbo de ancoragem 8 - Cortina de contenção

5
6
7

1
2

3 4

Figura 74 - Esquema de um tirante


Fonte: SENAI, 2012.
5 Infraestrutura
105

Em geral, os tirantes podem ser passivos e ativos.


Os tirantes passivos são aqueles nos quais são feitas as ancoragens das cortinas
concretadas, e a força de tensão destes tirantes acontece quando o solo começa
a se movimentar, exercendo a pressão suficiente para se estabilizar. Nota-se que
este serviço é estrutural e existe um cálculo e um dimensionamento predetermi-
nado, no qual se leva em consideração a carga do solo e o tipo de solo do maciço8
para ser estabilizado.
Os tirantes ativos ou protendidos têm o processo semelhante ao ativo, no
entanto neste tipo de tirante, é adicionada uma tensão que é exercida por uma
tração feita na extremidade externa e, depois, é feito o processo de travamento
dos cabos tracionados.
As cortinas atirantadas são executadas no local e começa pela perfuração
do maciço com uma perfuratriz que consegue a inclinação, o espaçamento e a
profundidade necessária para fazer os furos de acordo com a exigência do pro-
jeto que determina o ponto ideal que tenha uma boa resistência deste maciço e,
assim, conseguir estabilizar a encosta.

Figura 75 - Perfuração da encosta


Fonte: SENAI, 2012.
mecânica dos solos
106

9 macacos hidráulicos: Depois de perfurado, começa o serviço de limpeza dos furos para eliminar o
resíduo da escavação, para então introduzir os tirantes ou cabos, o que é feito
São máquinas que
funcionam através do com muito cuidado, evitando atritos. Em seguida, é injetada a nata de cimento
sistema hidráulico e têm para servir de ancoragem, assim que o concreto tiver a cura suficiente para rece-
finalidade de executar
serviços de força como ber a tração dos tirantes. Perceba que o nome desse tipo de contenção é tirantes
tração.
por ser feita com tirantes de aço.

Figura 76 - Cabos já concretados na encosta


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

Esta tração é feita com a ajuda de macacos hidráulicos9 que são travados
por pedaços de chapa e cunhas para sua fixação. E por fim, é feita a proteção da
cabeça do tirante com concreto, evitando, assim, a entrada de ar e água e, conse-
quentemente, a corrosão dos tirantes de aços.

Os tirantes têm a finalidade de fazer tração no solo e são


VOCÊ de aço. Com isto, para não serem corroídos pela ferru-
SABIA? gem, recebem um tratamento antes de serem introduzi-
dos nos furos, ficando com uma vida útil prolongada.
5 Infraestrutura
107

A vantagem deste tipo de contenção é que permite ser mais esbelta, ou seja,
mais fina do que, por exemplo, os muros de arrimo.
As obras de atirantamentos de encostas são sempre acompanhadas de um
serviço de drenagem por canaletas na parte superior das cortinas atirantadas
para ajudar no redirecionamento das águas de chuva, evitando que se infiltre em
excesso no solo, prejudicando todo o serviço com tirantes.

5.6 Reforço de fundações

Já se perguntou o que acontece quando todas as medidas corretas para fazer


uma fundação são realizadas e, mesmo assim, ela ainda apresenta algum pro-
blema?
Pois bem. Alguns desses problemas podem ocorrer porque as fundações pre-
cisam de reforços estruturais por sobrecarga de peso, por solo pouco resistente
ou acomodação do solo por rebaixamento do lençol freático.
O reforço de fundações acontece quando algumas fundações foram feitas
inadequadamente sem estudo correto e, por consequência, com os cálculos de
esforços insuficientes para a carga do edifício. Outra situação acontece quando há
mudança no uso da edificação que pode gerar um aumento da carga desse edi-
fício, ocasionando um colapso da estrutura da edificação, saindo da margem do
coeficiente de segurança da edificação. O coeficiente de segurança é um índice
que faz parte do cálculo dos esforços e cargas para a edificação, garantindo que,
mesmo havendo uma carga a mais que o calculado, nada interfira na estrutura.
Mas quando se ultrapassa esse coeficiente, temos um sério problema de sobre-
carga, podendo ocasionar o colapso da estrutura.
mecânica dos solos
108

Muro existente

Alargamentos

Apoio

Fundação antiga
a demolir

Estacas de madeira

Microestacas

Estacas

Figura 77 - Fundação reforçada por estacas raiz


Fonte: SENAI, 2012.

Quando as fundações são inadequadas resultam em dois tipos de situações


para a edificação, como veremos. A primeira é o recalque total, no qual o edifício
por inteiro cede alguns centímetros, mas não danifica a estrutura. O edifício pode
ceder de maneira simétrica, mantendo a sua verticalidade ou cedendo apenas
para um lado, deixando o edifício inclinado. Alguns prédios na cidade de Santos,
em São Paulo, apresentam este tipo de recalque.
5 Infraestrutura
109

Figura 78 - Prédio com recalque do solo


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

Veja algumas reportagens ou artigos que falam sobre os edi-


SAIBA fícios do litoral de São Paulo e veja como fica a situação dos
moradores, quais as providências para solucionar os casos,
MAIS quais os direitos dos moradores com relação aos seus imó-
veis.

A segunda forma seria o recalque diferencial. Neste caso, há sérios problemas


de estrutura, pois é comum apresentar rachaduras em vigas, pilares e até pare-
des. As rachaduras são um sinal bem claro de que a estrutura entra em colapso
por ter excedido o seu limite de resistência, podendo gerar um desabamento da
edificação.
Em alguns casos de recalque diferencial, a situação é tão grave que, em pou-
quíssimo tempo, detectam-se fissuras e rachaduras de grandes espessuras.
Muitas vezes, estas fissuras acontecem logo ao final da obra concluída, também
ocorrendo bem mais tarde, principalmente quando se muda o uso da edificação,
aumentando a carga usual ou por movimentação do solo promovido por alguma
obra vizinha.
Devemos saber que os problemas com as fundações podem ser dos mais
variados e que, algumas vezes, podem ocorrer de maneira simultânea, e a iden-
tificação destes problemas nos permite analisar e buscar a melhor solução para
resolvê-los.
mecânica dos solos
110

10 coroamento: As soluções para reforçar as fundações vão depender de tempo, de custos e,


até mesmo, das condições da edificação. Os reforços de fundação são executados
É a união das estacas,
a existente com a nova com bastante cuidado através da criação de uma nova estrutura de fundação,
construída.
que pode ser através de tubulão escavado, onde se concreta a fundação no local,
ou por meio de estacas cravadas. Mas em qualquer escolha do tipo de nova fun-
dação para fazer o reforço, deve ser respeitado: o tipo de fundação existente, o
11 betoneiras: tipo de solo e a carga da edificação.
Máquina com tambos Se escolher reforçar com estacas de concreto, estacas pré-fabricadas, elas
giratório, usada para fazer
concreto na obra. serão cravadas para fazer um novo apoio ou reforçar a fundação existente, e uni-
das, à fundação com cunhas e calços nas cabeceiras para, então, serem soldadas
com concreto. Em estacas de concreto armado, o processo é semelhante com a
diferença de que a estaca possui uma armadura de aço em seu interior, mas tem
12 cravação:
a mesma finalidade. Estacas metálicas que têm a finalidade de reforçar ou de criar
Ato de cravar, enfiar haste um novo apoio para a fundação deficiente, sendo que é de perfil metálico e tem a
em algo.
vantagem de poder ser soldada à medida que as peças de 0,60 a 1,00m vão sendo
cravadas no solo.
Reforço de fundação por tubulão é empregado sempre quando tem fundações
feitas com tubulões, e o procedimento é fazer dois tubulões ao lado da fundação
já existente e, depois, é feito o coroamento10 com um bloco de concreto unindo
as três fundações.

Os problemas de recalques estão sendo frequentes,


VOCÊ mas, muitas vezes, poderiam ter sido evitados se, antes
SABIA? de iniciar a obra, o serviço de sondagem fosse realizado
mais seriamente pelas empresas.

5.7 Equipamentos, máquinas e instrumentos para


infraestrutura

Para cada tipo de fundação, teremos um equipamento e maquinário próprio


para sua execução e, assim, veremos:
Fundações rasas: para as fundações rasas, as utilizações de equipamentos se
resumirão em pás, escavadores manuais e picaretas, uma vez que a sua execu-
ção é sempre de pequeno porte, não havendo a necessidade de equipamentos
pesados, como retroescavadeiras na sua confecção. Teremos alguns materiais
imprescindíveis como tábuas para fazer os moldes e barras de aço para a arma-
dura de aço. A mão de obra é a peça fundamental para a execução das fundações
5 Infraestrutura
111

rasas e, em alguns casos, teremos a utilização de betoneiras11 para a agilidade na


hora de fazer o concreto das fundações.
Fundações profundas: neste caso, por se tratar de uma fundação para obras
de grande porte, já precisamos de um maquinário e de equipamentos mais pesa-
dos como, por exemplo, bate-estacas para a cravação12 de estacas de concreto ou
metálica, perfuratrizes em casos onde seja necessária a perfuração em solo mais
resistentes para, dessa foma, agilizar o serviço da escavação, sendo necessário
também o uso de betoneiras e até caminhões usina para a confecção do concreto
em grande quantidade. Em alguns casos, haverá a possibilidade de ter algum
equipamento, guindaste para retirada de tubos metálicos, em que será injetado
o concreto nas estacas tipo tubulão.

Figura 79 - Bate-estaca
Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2006.

Alguns tubulões são escavados manualmente e, para esse procedimento,


geralmente só é utilizado um escavador manual e será necessária uma máquina
que faça o transporte do operário da superfície até o fundo do buraco e também
para resgatá-lo à superfície.
Em algumas situações de serviços de contenções, será necessário o uso de
bate-estacas para cravar os perfis metálicos, estacas-pranchas e estacas de con-
creto, e este procedimento é semelhante ao utilizado nas estacas de fundações.
mecânica dos solos
112

Teremos, nos serviços de contenções por tirantes, a utilização de perfuratrizes


para fazer os furos onde serão introduzidos os cabos que servirão de tirantes. As
perfuratrizes, como já foi visto no item 4.5, são as máquinas exclusivas para fazer
furos em solos e rochas.

5.8 Normalização técnica

Como qualquer serviço a ser executado , os serviços de fundações em que


serão necessárias escavações e cravações de estacas, seguem a norma da ABNT. A
norma que nos orienta em relação a fundações é a NBR 6122 (ASSOCIAÇÃO BRA-
SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010) que tem como objetivo normatizar todo o
procedimento para fundações de edifícios, pontes e outras estruturas, orientados
pelos projetos específicos.
A norma NBR 8681 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2003)
vem orientar sobre a resistência das estruturas das edificações e da segurança
das estruturas.
A NBR 9061 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1985), que já
foi abordada, orienta sobre a segurança nas escavações a céu aberto para as fun-
dações.
A NBR 9062 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006) fala sobre
a produção do concreto armado e quais as exigências a serem adotadas para sua
funcionalidade.

SAIBA É aconselhável que você estude as normas citadas acima,


pois elas, além de oferecer os dados necessários para sua
MAIS profissão, complementam seus conhecimentos.

5.9 Aspectos relativos à segurança, saúde ocupacional, meio


ambiente e qualidade

Neste capítulo, muitos assuntos sobre a questão de segurança e saúde ocu-


pacional já foram comentados e, como os serviços são semelhantes e até mesmo
pelo fato de serem executados no mesmo ambiente de trabalho, o conceito é o
mesmo.
Nos casos de fundações rasas:
5 Infraestrutura
113

Os serviços são praticamente executados por operários, sendo serviços braçais


e os cuidados com relação à segurança estão inteiramente ligados ao uso dos
EPIs, como: capacetes, luvas, óculos de proteção e botas. É claro que a devida
funcionalidade destes equipamentos tem relação direta com a orientação dos
técnicos de segurança para o uso correto dos EPIs pelos operários na execução
do serviço. Lembre que o operário tem muita responsabilidade na forma que usa
os EPIs, garantindo a sua segurança.

Figura 80 - Equipamentos de segurança


Fonte: DREAMSTIME, 2012.

Nos serviços de fundações profundas onde há necessidade tanto da escava-


ção, quanto da cravação de estacas, teremos equipamentos a mais para garantir
a segurança do operário, como por exemplo, cintos de segurança e cabos de aço,
fazendo a segurança do operário que desce para realizar a escavação do tubulão.
Devemos também ter em mente que os cuidados com relação a desabamentos
de parede das escavações terão atenção importante por parte da equipe de segu-
rança do trabalho, assegurando que o operário tenha maior segurança.
Para os serviços de contenções principalmente de encostas, os cuidados e
equipamentos são, na prática, os mesmos, inclusive por se tratar, muitas vezes,
de um solo que já está instável e o risco de desmoronamento é sempre presente
até realmente a obra de contenção ficar concluída. É de fundamental importância
também a orientação e fiscalização do engenheiro ou técnico de segurança na
obra.
Fica claro que hoje em dia a importância está sendo maior para o meio
ambiente e a qualidade, pois quase todas as empresas estão buscando certi-
ficações, e os pré-requisitos são a real preocupação com o meio ambiente e a
qualidade no canteiro de obra.
mecânica dos solos
114

Os serviços de contenção de encostas surgem, em muitos casos, por causa da


degradação da cobertura de vegetação que existia e servia de proteção contra a
erosão dessas encostas, criando a necessidade de fazer a contenção para estabi-
lizar e impedir esta erosão. Estas contenções servem tanto para encostas naturais
quanto para as que surgiram na realização de taludes para se atingir uma deter-
minada carga.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você estudou sobre infraestrutura, conhecendo os tipos de


fundações e seus conceitos teóricos e como são utilizadas dentro do uni-
verso da construção civil. Aprendeu sobre reforços de fundações, quando
sofrem recalques, e conheceu a drenagem e sua finalidade na construção
civil.
Observou também como fazer contenções de encostas e de escavações
para fundações. Além disso, aprendeu como fazer as contenções com per-
fis de madeira, perfis metálicos ou até mesmo com estacas pré-moldadas
de concreto e ver onde deve ser utilizada para seu melhor desempenho.
Dentro dos tipos de contenções, há um caso específico que são os tirantes,
que por ter um procedimento mais elaborado com cálculos e equipamen-
tos, foi visto mais detalhadamente.
Pôde estudar novamente a importância dos equipamentos de segurança
individual, da sua utilização. Também conheceu a importância do cui-
dado com a sua saúde que está envolvida com a segurança do trabalho.
E também viu o controle de qualidade nos serviços do canteiro e do meio
ambiente nas execuções dos serviços.
5 Infraestrutura
115

Anotações:
Referências
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de Janeiro, 2010.
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______. NBR 7181: solo: análise granulométrica. Rio de Janeiro, 1984.
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fundações de edifícios: procedimento. Rio de Janeiro, 1983.
______. NBR 8681: ações e segurança nas estruturas: procedimento. Rio de Janeiro, 2003.
______. NBR 9061: segurança de escavação a céu aberto: procedimento. Rio de Janeiro, 1985.
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2006.
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em: 25 maio 2012.
______. ______. San Francisco, 2012. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/>. Acesso
em: 25 maio 2012.
Minicurrículo do autor
Sérgio Brito Rolemberg
Sérgio Brito Rolemberg, graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia.
Pós-graduando no Curso de Especialização em Tecnologia e Gerenciamento de Obras.
Desde 2000, atua com Projetos de Arquitetura e Interiores e Gerenciamento de Obras. Foi fundador
e sócio gerente da Academia de Arte & Design e do Curso Técnico de Design de Interiores. Atuou como
coordenador e docente das disciplinas de Desenho, História da Arte e Projetos de Interiores e como
supervisor de projetos de instalações de sistemas de refrigeração.
Atualmente, ministra as disciplinas Desenho de Croqui e Princípios de Mecânica dos Solos e Funda-
ções, e é membro do grupo de Pesquisa do CNPq/SENAI.
Índice
A
Afloramento 28, 41
Apiloando 91

B
Betoneiras 108, 109

C
Cebolão 94
Concretagem 86, 94, 91
Coroamento 108
Cota 29, 51, 55, 56, 57, 58, 59, 67, 68, 69, 70, 71, 95, 101, 102
Cravação 91, 94, 99, 109, 111

D
Detonações 63

E
Eletrodo 44
Entornos 28
Ergonomia 77
Escoramento 52
Escoramentos 31, 97

F
Fissuras 21, 94, 107

G
Geologia 19

H
Heterogêneo 18
Homogêneo 19
I
In Locus 99
Íngremes 101
Intempéries 24

M
Macacos Hidráulicos 105

N
Negligenciado 33, 75

P
Partido 52
Pêndulo 93

R
Recalques 25, 30, 32, 33, 38, 45, 83, 89, 95, 108, 112

S
Saturadas 28
Solo do Maciço 104

V
Várzeas 25
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – Departamento Regional da bahia

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Sérgio Brito Rolemberg


Elaboração

Carla Carvalho Simões


Revisão Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Costa
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto

Vanessa de Souza Lemos


Design Educacional

Iranildes Cerqueira
Joseane Maytê Sousa Santos Sousa
Revisão Ortográfica e Gramatical
Antônio Ivo Lima
Fabio Passos
Natália Coelho
Ricardo Barreto
Rodrigo Lemos
Vinícius Vidal
Diagramação e Fechamento de Arquivo

Valdiceia de Jesus Cardoso Pinheiro


Normalização

FabriCO
Ilustrações

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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